Gestão para a organização da copa 2014

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Gestão para a organização da Copa 2014 em Porto Alegre/RS Fonte: Camila Domingues/Palácio Piratini A organização de um evento do porte da Copa do Mundo é, seguramente, um dos maiores desafios de gestão que se possa imaginar. Além dos complexos requisitos da FIFA, que incluem instalações esportivas de classe mundial, infraestrutura para mídia, autoridades, parceiros FIFA e turistas, é necessário preparar as cidades, qualificar seus serviços e, principalmente, assegurar que este mega evento deixe legados, ou seja, um conjunto de benefícios duradouros que ficarão para a cidade. O desafio de planejar uma Copa do Mundo Os desafios acima relatados ficam mais evidentes à medida que saímos do nível do planejamento e avançamos para onde efetivamente está a execução dos projetos. O que nos leva a entender a importância de modelos de gestão para endereçar esses desafios. Contudo, antes de refletirmos acerca dos diferentes modelos de Gestão utilizados, é importante entendermos um pouco mais sobre este evento. A Copa do Mundo gira em torno de, basicamente, duas categorias de eventos: as partidas e as FanFests. As partidas são atividades que movimentam diretamente, em média, 60 mil pessoas, e evidentemente, devem ser realizados em instalações modernas, com avançados requisitos de segurança, conforto para o público, iluminação, estrutura adequada para o trabalho da imprensa, estacionamentos, contingências de Sinopse 1

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A organização de um evento do porte da Copa do Mundo é, seguramente, um dos maiores desafios de gestão que se possa imaginar. Além dos complexos requisitos da FIFA, que incluem instalações esportivas de classe mundial, infraestrutura para mídia, autoridades, parceiros FIFA e turistas, é necessário preparar as cidades, qualificar seus serviços e, principalmente, assegurar que este mega evento deixe legados, ou seja, um conjunto de benefícios duradouros que ficarão para a cidade. O desafio de planejar uma Copa do Mundo Os desafios acima relatados ficam mais evidentes à medida que saímos do nível do planejamento e avançamos para onde efetivamente está a execução dos projetos. O que nos leva a entender a importância de modelos de gestão para endereçar esses desafios. Contudo, antes de refletirmos acerca dos diferentes modelos de Gestão utilizados, é importante entendermos um pouco mais sobre este evento. A Copa do Mundo gira em torno de, basicamente, duas categorias de eventos: as partidas e as FanFests. As partidas são atividades que movimentam diretamente, em média, 60 mil pessoas, e evidentemente, devem ser realizados em instalações modernas, com avançados requisitos de segurança, conforto para o público, iluminação, estrutura adequada para o trabalho da imprensa, estacionamentos, contingências de

Sinopse

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energia elétrica, instalações para autoridades, convidados e patrocinadores. De acordo com a Matriz de Responsabilidades do Governo Federal, o investimento previsto em estádios e arenas é de R$6,5 bilhões. Além da organização do cenário das partidas, é fundamental, que em seu perímetro preferencial seja instalada uma estrutura adequada para que os parceiros comerciais da FIFA. Já as FanFests (que movimentam diretamente, em média 150 mil pessoas) são eventos oficiais da FIFA organizados ao ar livre onde os jogos do Mundial são transmitidos ao vivo através de telões e espaços para exposição dos parceiros FIFA, além de shows ao vivo. Desta forma, o desafio é garantir que os eventos transcorram com as condições de segurança, acesso, atendimento a emergências adequadas e que os impactos da cidade em relação ao trânsito e comércio sejam minimizados. Atividades centrais, viabilizadoras e geradoras de legado para o evento Qualquer que seja o modelo de gestão, o mesmo deve considerar uma ampla gama de atividades (onde a infraestrutura esportiva e as FanFests são atividades centrais). Porém há outros pontos a serem endereçados. A eles segue um segundo grupo de atividades que devem viabilizar e assegurar que os eventos transcorram de maneira organizada e que o conforto, deslocamento e a segurança de visitantes e profissionais envolvidos no evento estejam garantidos. Assim, infraestrutura de serviços, mobilidade urbana, infraestrutura aeroportuária e hotelaria têm a missão de fazer da Copa um sucesso dentro e fora de campo. Há ainda um terceiro grupo de temas com menor impacto nos eventos em si, mas com grande impacto na geração de legados, os chamados potencializadores. Neste grupo estão qualificação de profissionais para melhor atender os visitantes durante o evento, disponibilização de uma gama de atrativos para os turistas, ações de promoção da economia local e marketing para capitalizar oportunidades geradas pelo evento, promoção de eventos que promovam a cultura local além de práticas ambientais que demonstrem o compromisso da cidade-sede com a sustentabilidade e a transparência no acompanhamento do uso dos recursos públicos para a Copa. Estima-se em 500 mil o número de turistas estrangeiros que visitarão o Brasil, com um gato médio de U$350 por dia e tempo médio de permanência de 10 dias. Além disso, espera-se a circulação de mais 3 milhões de turistas nacionais, injetando na economia R$5,5 bilhões. De acordo com o SEBRAE 684 atividades econômicas nas áreas de Construção Civil, TI e Turismo serão impactas diretamente pelo evento.

Figura 1: Ondas de organização para o evento Copa

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Modelos de Gestão de cidades-sede para a Copa Para endereçar os complexos desafios advindos da Copa os governos trabalham com estruturas que visam por um lado centralizar as informações recebidas do Comitê Organizador Local (COL-FIFA) e do Governo Federal, responsáveis pelas diretrizes para a realização do evento. Por outro lado, coordenar ações e interesses dos diversos stakeholders nos níveis federal, estadual e municipal, órgãos de fiscalização (a chamada rede de controle) além sociedade civil organizada. Cada cidade-sede estrutura-se de sua própria maneira. Uma análise das estruturas, ferramentas e processos de gestão utilizados nas cidades-sede permite identificar três modelos. Modelo Centralizado O Modelo Centralizado caracteriza-se por concentrar dentro da estrutura da Secretaria Extraordinária da Copa (SECOPA) todo o controle de ações institucionais e de execução de projetos relativos à Copa. A SECOPA conta com orçamento próprio e possui um Escritório de Projetos em sua estrutura. Ela centraliza também todas as informações relativas à Copa e reporta à rede de controle. A cidade-sede que aplica o Modelo Centralizado é bastante pragmática no que tange a legados e retornos de longo prazo, além de limitar a interação com a sociedade civil, pois foca o desafio interno da organização do evento Copa e suas variáveis. A participação da sociedade neste modelo é bastante restrita.

Figura 2: Estrutura do Modelo Centralizado Modelo Descentralizado Técnico O Modelo Descentralizado Técnico caracteriza-se por propalar o acompanhamento e execução das ações da Copa nas estruturas governamentais, onde a SECOPA desempenha o papel institucional, de prestação de contas do uso dos recursos públicos na Copa para a chamada rede de controle e envolvimento da sociedade civil organizada através das Câmaras Temáticas. Neste modelo, o orçamento dos projetos encontra-se nas secretarias executoras, e não é centralizado em um único órgão como no Modelo Centralizado. Existe também um Escritório de Projetos que opera fora da estrutura da SECOPA.

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Figura 3: Estrutura do Modelo Descentralizado Técnico

Modelo Descentralizado Estratégico O Modelo Descentralizado Estratégico caracteriza-se por propalar o controle e execução das ações da Copa em diversas estruturas governamentais. Nele, a SECOPA desempenha um papel institucional e de coordenação das Câmaras Temáticas, cuja função é a de envolver a sociedade civil organizada no evento. As secretarias executoras de projetos são responsáveis pelo reporte dos gastos dos recursos públicos da Copa para a rede de controle. Não há orçamento em sua estrutura para a execução de projetos. O Escritório de Projetos também encontra-se fora da estrutura da SECOPA. Foi realizado um planejamento estratégico. Seus pontos negativos são a pulverização de atribuições dentro da estrutura e o grande esforço de articulação que isto gera. Além disso, é preciso haver um equilíbrio muito grande para balancear as demandas FIFA e os projetos potencializadores de legados.

Figura 4: Estrutura do Modelo Descentralizado Estratégico

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Conclusões O sucesso na organização de uma Copa do Mundo depende de um misto de conhecimentos técnicos, ferramentas adequadas, grande capacidade de articulação política, sem perder de vista a gestão de recursos públicos, o engajamento da sociedade civil e os legados para as cidades-sede. O conjunto de práticas utilizadas na gestão do evento em cada cidade-sede é bastante diverso. No entanto, existem elementos comuns nas estruturas analisadas: Governança; Boas práticas em gestão de projetos através do Escritório de Projetos e; Transparência e envolvimento da sociedade. Cada cidade-sede possui sua própria abordagem, e esta depende de variáveis técnicas, políticas e culturais, mas a regularidade em algumas práticas e ferramentas de gestão é seguramente o melhor caminho para a organização de uma ótima Copa do Mundo, que traga consigo benefícios de longo prazo para a Sociedade.

Os grandes números da Copa

Fontes: Matriz de Responsabilidades Copa 2014, SEBRAE; MTUR, AB

Alexandre Bueno Antonio Sorbara Jr. Leonardo LeaI Rogério Caiuby

R$6,5 bilhões Orçamento previsto para em Estádios e Arenas da Copa.

684 Atividades econômicas nas áreas de Construção Civil, TI e Turismo serão impactadas diretamente pelo evento.

500 mil É o numero de turistas estrangeiros que deverão visitar o Brasil durante a Copa.

10 dias É a média de dias de permanência no país estimada para os turistas estrangeiros.

U$350 É o gasto médio diario per capta estimado para os turistas estrangeiros no Brasil durante a Copa

R$5,5 bilhões Devem ser injetados na economia por turistas brasileiros durante o evento.

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