Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos · Segundo CEMPRE E IPT: Segundo o Manual de...
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Prof. Dra. Rosângela Mendanha da Veiga
Gerenciamento Integrado de
Resíduos Sólidos
Engenharia Ambiental e Sanitária
IFG- Campus Goiânia
Módulo II
Definição, origem, classificação e caracterização dos
resíduos sólidos
DEFINIÇÃO DE LIXO E RESÍDUOS SÓLIDOS
Dicionário Aurélio
Lixo é tudo aquilo que não se quer mais e se joga fora; coisas inúteis,
velhas e sem valor.
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)
Restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como
inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no
estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível de
tratamento convencional."
Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
Resíduo sólido ou lixo é todo material sólido ou semi-sólido indesejável
e que necessita ser removido por ter sido considerado inútil por quem
o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato.
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as
possibilidades de tratamento e recuperação por processos
tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem
outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente
adequada;
Resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado
resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação
final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder,
nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em
recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu
lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em
face da melhor tecnologia disponível;
CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Quanto aos riscos potenciais de contaminação
do meio ambiente;
Quanto à sua natureza ou origem.
QUANTO AOS RISCOS POTENCIAIS DE CONTAMINAÇÃO DO MEIO
AMBIENTE (ABNT NBR 10.004:2004)
CLASSE I (PERIGOSOS)
São aqueles que apresentam periculosidade ou uma
das seguintes características: inflamabilidade,
corrosividade, reatividade, toxicidade ou
patogenicidade, portanto, apresentam riscos à saúde
pública e provocam efeitos adversos no meio
ambiente quando manuseados ou dispostos de
forma inadequada.
CLASSE II A (NÃO – INERTES)
São os resíduos que não se enquadram nas classificações Classe I
(Perigosos) ou Classe II B (Inertes). Podem ter propriedades tais
como: biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.
CLASSE II B (INERTES)
São aqueles que quando amostrados de forma representativa,
segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente,
conforme a ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus
constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões
de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza
e sabor.
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à
qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma
técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.
Parágrafo único. Respeitado o disposto no art. 20, os resíduos
referidos na alínea “d” do inciso I do caput, se caracterizados como
não perigosos, podem, em razão de sua natureza, composição ou
volume, ser equiparados aos resíduos domiciliares pelo poder
público municipal.
RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS
(RSU)
DOMICILIAR
COMERCIAL
PÚBLICO
SERVIÇO DE SAÚDE E HOSPITALAR
PORTOS, AEROPORTOS,
TERMINAIS RODOVIÁRIO E
FERROVIÁRIO
INDUSTRIAL
AGRÍCOLA
RESÍDUO DE CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO (RCD)
QUANTO À SUA NATUREZA OU ORIGEM
Fonte: D’almeida e Vilhena (2000).
Segundo CEMPRE E IPT:
Segundo o Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos
Lixo doméstico ou residencial
Lixo comercial
Lixo público
Lixo domiciliar especial:
• Entulho de obras
• Pilhas e baterias
• Lâmpadas fluorescentes
• Pneus
Lixo de fontes especiais
• Lixo industrial
• Lixo radioativo
• Lixo de portos, aeroportos e terminais rodo ferroviários
• Lixo agrícola
• Resíduos de serviços de saúde
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências
urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros e
vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas
atividades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industriais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do SISNAMA e do
SNVS;
h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e
silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, terminais
alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou
beneficiamento de minérios;
CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Físicas;
Químicas;
Biológicas.
Características físicas
• Geração per capita;
• Composição gravimétrica;
• Peso específico aparente;
• Teor de umidade;
• Compressividade.
GERAÇÃO PER CAPITA
Relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente e o número de
habitantes de determinada região.
Faixa de variação média para o Brasil: de 0,5 a 0,8kg/hab./dia
Importância:
• Fundamental para projetar as quantidades de resíduos a coletar e a dispor.
• Importante no dimensionamento de veículos.
• Elemento básico para a determinação da taxa de coleta, bem como para o correto
dimensionamento de todas as unidades que compõem o Sistema de Limpeza Urbana.
COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA
Traduz o percentual de cada componente em relação ao peso total da amostra de
lixo analisada.
A escolha dos componentes da composição gravimétrica é função direta do tipo de estudo
que se pretende realizar e deve ser cuidadosamente feita para não acarretar distorções.
Importância:
Indica a possibilidade de aproveitamento das frações recicláveis para comercialização e da
matéria orgânica para a produção de composto orgânico. Quando realizada por regiões da
cidade, ajuda a se efetuar um cálculo mais justo da tarifa de coleta e destinação final.
PESO ESPECÍFICO APARENTE
É o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente, sem qualquer
compactação, expresso em kg/m³.
Na ausência de dados mais precisos utiliza-se os seguintes valores:
• 230 kg/m3 para o lixo domiciliar;
• 280 kg/m3 para o os resíduos de serviços de saúde;
• 1.300 kg/m3 para o entulho de obras.
Importância:
Fundamental para o correto dimensionamento de equipamentos e instalações e
da frota de coleta, assim como de contêineres e caçambas estacionárias.
TEOR DE UMIDADE
Representa a quantidade de água presente no lixo, medida em percentual do
seu peso. Este parâmetro se altera em função das estações do ano e da
incidência de chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando em
torno de 40 a 60%.
Importância:
• Afeta diretamente a velocidade de decomposição da matéria orgânica no
processo de compostagem.
• Influencia diretamente o poder calorífico e o peso específico aparente do lixo,
concorrendo de forma indireta para o correto dimensionamento de
incineradores e usinas de compostagem.
• Influencia diretamente no cálculo da produção de chorume e no correto
dimensionamento do sistema de coleta de percolados.
COMPRESSIVIDADE
É o grau de compactação ou a redução do volume que uma massa de lixo
pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4 kg/cm², o
volume do lixo pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu
volume original.
Analogamente à compressão, a massa de lixo tende a se expandir quando é
extinta a pressão que a compacta, sem, no entanto, voltar ao volume anterior.
Esse fenômeno chama-se empolação e deve ser considerado nas operações
de aterro com lixo.
Importância:
Fundamental para o dimensionamento de veículos coletores, estações de
transferência com compactação e caçambas compactadoras estacionárias.
Características químicas
• Poder calorífico;
• Potencial hidrogeniônico (pH);
• Composição química;
• Relação carbono/nitrogênio (C:N).
PODER CALORÍFICO
Indica a capacidade potencial de um material desprender
determinada quantidade de calor quando submetido à
queima. O poder calorífico médio do lixo domiciliar se situa
na faixa de 5.000 kcal/kg.
Importância: influencia o dimensionamento das instalações
de todos os processos de tratamento térmico (incineração,
pirólise e outros).
POTENCIAL HIDROGENIÔNICO (pH)
Indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resíduos. Em
geral, situa-se na faixa de 5 a 7.
Importância: indica o grau de corrosividade dos resíduos
coletados, servindo para estabelecer o tipo de proteção
contra a corrosão a ser usado em veículos, equipamentos,
contêineres e caçambas metálicas.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
Consiste na determinação dos teores de cinzas, matéria
orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo,
resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras.
Importância: ajuda a indicar a forma mais adequada de
tratamento para os resíduos coletados.
RELAÇÃO CARBONO/NITROGÊNIO (C:N)
Indica o grau de decomposição da matéria orgânica do lixo
nos processos de tratamento e disposição final. Em geral,
essa relação encontra-se na ordem de 35/1 a 20/1.
Importância: fundamental para se estabelecer a qualidade
do composto produzido.
Características biológicas
CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS
São aquelas determinadas pela população microbiana entre os quais
os agentes patogênicos presentes no lixo que, ao lado das suas
características químicas, permitem que sejam selecionados os métodos
de tratamento e disposição final mais adequados.
Importância:
• Fundamentais na fabricação de inibidores de cheiro e de aceleradores
e retardadores da decomposição da matéria orgânica presente no lixo,
normalmente aplicados no interior de veículos de coleta para evitar ou
minimizar problemas com a população ao longo do percurso dos
veículos.
• Desenvolvimento de processos de destinação final e de recuperação
de áreas degradadas com base nas características biológicas dos
resíduos.
FUNGOS
pH abaixo de 5,0
BACTÉRIAS
pH entre 5,5 a 9,0
2 3 124
5
6
7
8
9
10 11
Relação entre o crescimento de microrganismos e o valor do pH
Fatores que influenciam as
características dos resíduos
sólidos
4. Socioeconômicos (continuação)
Processos de determinação
das principais
características físicas
• Coletar as amostras iniciais, por exemplo, com cerca de
8 m3 de volume, a partir de lixo não compactado (lixo
solto). Preferencialmente, as amostras devem ser
coletadas de terça a quinta-feira e selecionadas de
diferentes setores de coleta, a fim de se conseguir
resultados que se aproximem o máximo possível da
realidade;
• Colocar as amostras iniciais sobre uma lona, em área
plana, e misturá-las com o auxílio de pás e enxadas, até
se obter um único lote homogêneo, rasgando-se os sacos
plásticos, caixas de papelão, caixotes e outros materiais
utilizados no acondicionamento dos resíduos;
PREPARO DA AMOSTRA
• Dividir a fração de resíduos homogeneizada em quatro
partes, selecionando dois dos quartos resultantes
(sempre quartos opostos) que serão novamente
misturados e homogeneizados;
2 m3 2 m3
2 m3 2 m3
2 m3 2 m3
2 m3 2 m3
8 m3
• Repetir o procedimento anterior até que o volume de
cada um dos quartos seja de aproximadamente 1 m3.
Esse processo se chama quarteamento;
1 m3
1 m3
4 m3
1 m3
1 m3
1 m3 1 m3
1 m3 1 m3
Observação: 1 m3 = 1000 litros
• separar um dos quartos e encher até a borda,
aleatoriamente, cinco latões de 200 litros, previamente
pesados;
Observação: 5 x 200 litros = 1000 litros = 1 m³
• Levar para o aterro todo o lixo que sobrar.
DETERMINAÇÃO DO PESO ESPECÍFICO APARENTE
• Pesar cada um dos latões cheios e determinar o peso
do lixo, descontando o peso do latão;
• Somar os pesos obtidos;
• Determinar o peso específico aparente através do valor
da soma obtida, expresso em kg/m³.
DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA
• Escolher, de acordo com o objetivo que se pretende
alcançar, a lista dos componentes que se quer determinar;
• Espalhar o material dos latões sobre uma lona, em uma
área plana;
• Separar o lixo por cada um dos componentes desejados;
• Classificar como "outros" qualquer material encontrado
que não se enquadre na listagem de componentes pré-
selecionada;
• Pesar cada componente separadamente;
• Dividir o peso de cada componente pelo peso total da
amostra e calcular a composição gravimétrica em termos
percentuais.
DETERMINAÇÃO DO TEOR DE UMIDADE
• Separar 2 Kg de lixo de um dos tambores e pesar a
amostra;
• Colocá-la em um forno (preferencialmente uma estufa)
a 105ºC por 24 horas ou a 75ºC por 48 horas
consecutivos;
• Pesar o material seco;
• Subtrair o peso da amostra úmida do peso do material
seco e determinar o teor de umidade em termos
percentuais.
Observações:
A coleta de amostras, assim como a medição do lixo encaminhado
ao aterro, jamais deve ser realizada num domingo ou numa segunda-
feira;
Em cidades turísticas, jamais efetuar a coleta de amostras em
períodos de férias escolares ou de feriados, a não ser que se queira
determinar a influência da sazonalidade sobre a geração de lixo da
cidade;
Jamais efetuar determinações de teor de umidade em dias de chuva;
Preferencialmente as determinações devem ser feitas de terça a
quinta-feira, entre os dias 10 e 20 do mês, para evitar distorções de
sazonalidade.
BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos – classificação.
Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
D’ALMEIDA, Maria Luiza Otero; VILHENA, André (Coords.). Lixo Municipal: manual de
gerenciamento integrado. 2ª ed. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo; Compromisso Empresarial Para Reciclagem, 2000.
MONTEIRO, José Henrique Penido et al. Gestão integrada de resíduos sólidos: manual de
gerenciamento integrado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: IBAM, 2001.
PINTO, Tarcísio de Paula; GONZÁLES, Juan Luís Rodrigo (Coords.). Manejo e gestão de resíduos
da construção civil. Volume 1 – Manual de orientação: como implantar um sistema de manejo e
gestão nos municípios. Brasília: Caixa Econômica Federal, 2005.
PINTO, Tarcísio de Paula. Metodologia para a gestão diferenciada de Resíduos sólidos da
construção urbana. 1999. 189 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999.
SANTOS, Fernanda. Sousa dos; VEIGA, Rosângela Mendanha da; MELO, Tatiane Medeiros. Sistema
de gestão ambiental para o setor da construção civil. 2004. 124 f. Trabalho de Conclusão
(Graduação em Tecnologia em Gestão Ambiental) – Centro Federal de Educação Tecnológica de
Goiás, Goiânia, 2004.
Prof. Dra. Rosângela Mendanha da Veiga
Gerenciamento Integrado de
Resíduos Sólidos
Engenharia Ambiental e Sanitária
IFG- Campus Goiânia