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www.revistaraca.com.br Jô volta ao Timão e exalta sua família preta FUTEBOL E CONSCIÊNCIA 120 ANOS DA PONTE PRETA Dos 40 maiores clubes, o único presidido por um negro PAIXÃO CORINTHIANA André Negão destaca questão racial no Coringão MAURO SILVA Um gestor no topo do futebol E OS COLUNISTAS: CARLOS MACHADO CAROL BARRETO ELÓI FERREIRA FERNANDA ALCÂNTARA RACHEL QUINTILIANO SANDRO ALOÍSIO TADEU KAÇULA ZULU ARAÚJO NÚMERO 216 - PREÇO R$ 14,90

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Jô volta ao Timão e exalta sua família preta

FUTEBOL E CONSCIÊNCIA

120 ANOS DAPONTE PRETADos 40 maiores clubes, o único presidido por um negro

PAIXÃO CORINTHIANA André Negão destaca questão racial no Coringão

MAURO SILVAUm gestor no topo do futebol

E OS COLUNISTAS: CARLOS MACHADO CAROL BARRETO ELÓI FERREIRA FERNANDA ALCÂNTARA RACHEL QUINTILIANO SANDRO ALOÍSIO TADEU KAÇULA ZULU ARAÚJO

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No Carrefour, valorizamos

a diversidade e a inclusão.

Cuidamos da relação entre todos,

promovendo o respeito no convívio diário.

Treinamos líderes e equipes

para garantir um ambiente de

trabalho respeitoso e com igualdade

de oportunidades, sem distinção

de raça, cor e etnia.

Acreditamos no valor das pessoas.

E estamos aqui porque

valorizamos todas as histórias.

Estamos aqui porque respeito

é o valor que nos une.

#TODXSMERECEMRESPEITO

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SATO

Mauricio PestanaJornalista, publicitário, cartunista, escritor e roteirista [email protected]

OPINIÃO DE RAÇAColuna

O PREÇO DORACISMO

iscriminação, inclusão, exclusão, diversidade e justiça, palavras que não param de ser ecoadas mundo afora deixando de ser apenas pronúncias de ativistas de direitos humanos, desde que George Floyd foi brutalmente assassinado e seu algoz, um policial branco, foi � lmado com o joelho no pescoço de George e de todos nós que assistimos às impactantes cenas.

As imagens circularam por todo o planeta eclodindo uma série de questões mal resolvidas, tirando várias pessoas da zona de conforto, tensionadas por uma frase que ganhou força por aqui: “Não basta não ser racista, tem que ser ANTIRRACISTA” e, em meio a este questionamento pandêmico, muitos criaram coragem, romperam o silêncio e até o con� namento e foram para as ruas para dizer: chega de racismo.

Acompanhando de perto esses acontecimentos, nas imagens das manifestações nos Estados Unidos, Europa, Ásia e até mesmo aqui, como espectador ou analista de diversidade e inclusão na CNN-Brasil, pude perceber uma evolução nessa discussão do antirracismo; uma mudança de patamar que, talvez, jamais havíamos atingido. As ruas, foram tomadas não apenas e somente as vítimas deste mal, negros e negras, mas também brancos que de braços unidos disseram: essa é uma luta muito maior, é a luta pela dignidade humana.

Mas, quando olhamos para o maior país negro fora da África, onde as desigualdades são gritantes, onde o racismo expõe suas garras, não só na polícia, mas também em todas as estruturas de poder e que, diferente dos Estados Unidos, não temos um negro no alto escalão do governo federal, também não temos um governador ou governadora negra, onde é ín� ma a representação política no legislativo, nenhum negro no Supremo Tribunal Federal e apenas 4.6% em cargos estratégicos das 500 maiores empresas, é de se perguntar: e nós, como � camos nessa história? Poderíamos nos inspirar nas várias ações que estão sendo adotadas em outros países?

Seguir exemplos como:

Questionamento da conduta da abordagem policial nos Estados Unidos, doações como a de Reed Hastings, cofundador e CEO da Net� ix, juntamente com sua esposa, Patty Quillin, que disponibilizaram contas pessoais de 120 milhões de dólares à formação universitária de negros e negras; ou investimentos como da Apple, que lançou uma iniciativa de 100 milhões de dólares, para promover a igualdade racial, isso só para citar alguns.

Aqui no Brasil não houve nenhuma ação nesse sentido. Limitamo-nos a emprestar contas em redes sociais, criar eventos na semana da consciência negra, criar grupos de a� nidades nas empresas - que são essenciais e muito importantes também, mas não dão conta - e sabe por quê? Porque o racismo e os privilégios que ele sustenta têm um preço, é lucro para quem se bene� cia e prejuízo para quem é discriminado. É chegada a hora de perguntarmos: o que você, sua família ou sua empresa estão fazendo ou investindo, verdadeiramente, na inclusão de negros e negras no Brasil, para a construção de um mundo melhor?

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Mauro Silva,único dirigente negro na linha

SuceSSória daS federaçõeS

de futebol

Vpor maurício pestana

fotos rodrigo corsi/FpF e alexandre BattiBugli/FpF

ice-presidente da Federação paulista de Futebol, o tetracampeão mundial mauro silva não se deixou abater pela adversidade, ao perder o pai aos 12 anos. incentivado pela mãe, luzia, Foi atrás do sonho de se tornar jogador, sem deixar o estudo de lado – até porque era exigência da matriarca! treinava nas categorias de base do guarani

e cursava processamento de dados no colégio técnico. em seguida, Formou-se na Faculdade de inFormática. a Formação, complementada por especializações em Finanças e gestão no Futebol após encerrar a carreira nos gramados, Foi Fundamental para que ele assumisse o cargo que hoje ocupa. mauro silva entende que a escassez de negros em posições de comando está associada à desigualdade social e chama a atenção: a capacitação deve se sobrepor à vivência em campo.

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Você nasceu em São Bernardo do Campo, ABC Paulista, perdeu o pai aos 12 anos numa fatalidade. Como foi sua infância?Tive uma infância muito feliz até perder o meu pai em um acidente de lancha na represa Billings, em São Bernardo do Campo, São Paulo. Adorava estudar, jogar futebol e brincar com os meus amigos. Meu pai sempre foi muito rigoroso e correto. Ele era o meu herói. Onde ele ia, eu ia atrás. Foi uma relação de poucos anos, porque o perdi com 12 anos, mas foi muito intensa. Sou e serei grato a meus pais pelos ensinamentos que me deram e que me fi zeram, como eles, uma pessoa correta, íntegra, honesta e sensível às questões dos outros. Embora não tenha atuado em grandes clubes do futebol, você se tornou ídolo no esporte nacional, símbolo de determinação, raça e técnica. Essa postura se deve à sua atuação na seleção brasileira?Acredito que não apenas à seleção brasileira, mas pela entrega e pela luta que sempre procurei mostrar em campo, seja qual fosse a camisa. No Brasil e no exterior, joguei apenas em times que não são considerados grandes, mas que têm uma identifi cação e uma química enorme com seus torcedores. Foram clubes que me deram todas as condições necessárias, e eu precisava retribuir em campo. No

La Coruña, onde joguei por mais tempo, criei uma identifi cação especial com a cidade e a torcida. Como foi jogar na seleção tetracampeã brasileira, na Copa do Mundo de 1994?Eu me considero um privilegiado. O Brasil não ganhava uma Copa do Mundo desde 1970. Não há palavras para descrever a sensação de ser campeão do mundo, de escrever seu nome na história do futebol brasileiro e mundial, de ter conquistado algo que grandes jogadores não tiveram a oportunidade. Uma das suas grandes façanhas foi o fato de ter recusado um convite milionário para jogar no Real Madrid. O dinheiro não é tudo na vida de um profi ssional?Cheguei a recusar proposta do Real Madrid, pois era muito feliz na cidade e muito grato ao Deportivo La Coruña [clube espanhol, atualmente na segunda divisão.] (Em 2018, foi eleito pelos torcedores como o maior nome da história do clube, que defendeu entre 1992 e 2005). O clube que sempre investiu e acreditou em mim. Acho que decisões como essa fortalecem essa identifi cação e a ligação entre atleta e torcedor. Não há dinheiro que pague o carinho e o prazer de ser sempre tão bem recebido em La Coruña até hoje. É comum os jogadores, quando deixam de jogar futebol, virarem ou técnicos ou empresários de outros jogadores. Você fez uma trajetória diferente, seguiu a carreira de gestor. Por que a opção?Eu sempre busquei me qualifi car, desde quando era atleta na base e o Guarani me proporcionou acesso a estudos de qualidade. O conhecimento empírico não é sufi ciente para atuar no futebol, ou em qualquer outra área. Quando parei, fi z cursos de fi nanças, gestão, e ainda hoje procuro fazer ao menos dois cursos por ano.

Por que no Brasil, e talvez até no mundo

inteiro, existem poucos gestores de futebol negros?

Não apenas no futebol, mas em todas as áreas. Há uma escassez de negros

entre gestores, líderes, empresários e cargos de alto escalão em

várias áreas. É um problema estrutural do Brasil, institucionalizado após tantos anos de escravidão, descaso e abandono. O futebol é um refl exo desse abismo social da sociedade brasileira. Os negros

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possuem menos oportunidades, menor nível de escolaridade, são maioria na população carcerária e morrem mais por homicídios e crimes violentos. Você já sofreu racismo na carreira de jogador ou de dirigente de futebol?Aconteceu apenas uma vez num estádio de forma mais direta. Existe ainda o racismo velado cotidiano que acontece em hotéis e restaurantes de luxo. Mas já presenciei situações de racismo entre colegas, amigos, situações cotidianas que mostram o racismo enraizado, estrutural, não apenas dentro de campo, mas também fora dele. Você é vice-presidente da maior federação estadual de futebol do Brasil. Quais são as ações realizadas no combate ao racismo ainda frequente no ambiente esportivo?Acredito que acabar com a sensação de impunidade e adotar medidas punitivas exemplares são os caminhos. Temos as leis, é preciso executá-las com rigor, e isso vale não apenas para casos de racismo, mas também de fascismo, casos de violência entre torcedores, homofobia, xenofobia. O futebol não pode mais aceitar a intolerância e o ódio, não é um espaço onde vale tudo. Precisamos ir além das campanhas de conscientização, educar desde cedo as crianças, mostrar aos jovens

jogadores das bases, de 11 anos, 13 anos, que o caminho não é o ódio nem a intolerância. E punir com rigor todo e qualquer caso que surgir, não apenas na esfera esportiva, mas também na esfera criminal. Em tempos de pandemia, o que a federação tem realizado para amenizar esse grave problema de saúde pública e econômica?É um problema grave, sem precedentes e que afeta a todos, clubes, atletas, profissionais direta e indiretamente ligados ao futebol, e também federações. A FPF tem buscado manter uma forte união com os clubes, sempre sob a premissa do bom senso, da saúde em primeiro lugar. Há um alinhamento muito forte entre os clubes, e felizmente notamos que há um entendimento, uma compreensão dos torcedores após mais de cem dias de paralisação de futebol. O futebol não será mais o mesmo, mas o mundo não será mais o mesmo. Precisamos nos antecipar e aprender a fazer um novo futebol, com menos custos, sem aquelas cifras e valores absurdos. Nós vamos voltar, todos voltaremos, e vamos sempre nos ajudar. Mas acredito que este momento é para se ter excesso de cuidados, e não excesso de confiança. Mauro Silva por Mauro Silva?Um brasileiro simples, trabalhador, determinado, organizado e comprometido, paciente, bem-humorado e atento aos detalhes.

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SUMÁRIOMATÉRIAS

SEÇÕES

58DISCRIMINAÇÃO

NO FUTEBOLCLUBES FAZEM

CAMPANHA

LARISSA NUNESMÚSICA E ARTE EM CENA

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18

26

38

030410162428364446525461

63

EDIÇÃO 216 | REVISTARACA.COM.BR

HOME OFFICEESTILO NA QUARENTENA

QUESTÃO RACIALCNN DEBATE RACISMO

CABELO EM CAMPODICAS DE LOOK

Opinião de RaçaPáginas PretasInterativaLivrosServiçosZuluSéries BelezaCarol BarretoRachel QuintilianoTadeu KaçulaEloi FerreiraSandro Aloísio

22PAIXÃO

CORINTIANAANDRÉ NEGÃO,

DIRETOR-GERAL

40PONTE PRETA

120 ANOS DO CLUBE

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lgumas vezes, na caminhada pro� ssional, misturamos vida pessoal e o ofício. Quando o CEO da RAÇA, Maurício Pestana, acenou para a possibilidade de uma edição praticamente temática, voltada para o futebol, não pensei duas vezes: essa capa merece meus

a� lhados! Sou madrinha do segundo casamento de Jô e Claudia Silva. Sim, segundo. A empolgação com a promissora carreira, cercada de facilidades, dinheiro, mulheres, bebidas e, consequentemente, mau rendimento em campo, fez com que eles, casados, se divorciassem. Em meio a várias situações, reataram, buscaram amparo na fé e, daqui pra lá, de lá pra cá, Jô está de volta ao Timão.

E é lá que André Negão, diretor-geral, coloca em prática muito mais que uma gestão administrativa. Da mesma forma que Sebastião Arcanjo, o popular � iãozinho, alia seu ativismo à gestão da Ponte Preta, que este ano completa 120 anos.

Esta edição destaca ainda o único negro em vias de ocupar o posto máximo na administração do futebol, Mauro Silva, vice-presidente da Federação Paulista de Futebol. A bola rola para os colunistas, Eloi Ferreira, Sandro Aloísio e Tadeu Kaçula, que também discorrem sobre assuntos em torno das quatro linhas.

Ainda envoltos pela atmosfera da quarentena, por conta da pandemia do coronavírus, seguimos trabalhando em home-o� ce, ávidos por estarmos novamente em campo. Já está mais do que na hora de darmos uma goleada em tudo isso!

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lgumas vezes, na caminhada pro� ssional, misturamos vida pessoal e o ofício. Quando o CEO da RAÇA, Maurício Pestana, acenou para a possibilidade de uma edição praticamente temática, voltada para o futebol, não pensei duas vezes: essa capa merece meus

a� lhados! Sou madrinha do segundo casamento de Jô e Claudia Silva. Sim, segundo. A empolgação com a promissora carreira, cercada de facilidades, dinheiro, mulheres, bebidas e, consequentemente, mau rendimento em campo, fez com que eles, casados, se divorciassem. Em meio a várias situações, reataram, buscaram amparo na fé e, daqui pra lá, de lá pra cá, Jô está de volta ao Timão.

E é lá que André Negão, diretor-geral, coloca em prática muito mais que uma gestão administrativa. Da mesma forma que Sebastião Arcanjo, o popular � iãozinho, alia seu ativismo à gestão da Ponte Preta, que este ano completa 120 anos.

Flavia CirinoEditora chefe [email protected]

EDITORIAL

AVENCEREMOS ESSE JOGO!

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INTERATIVA | ESPAÇO DO LEITOR

Só quem já viveu uma vida como a nossa, sabe o quanto lutamos, o

quanto nossa mãe foi guerreira. O mundo pode estar reconhecendo

o teu talento e sensibilidade agora, mas a gente já sabia do teu

tamanho. Meu mentor, o cara que cuida de mim desde os meus três

dias de vida. Te amo.Paulo Santos Daniel - @santos877

Acabei de ler a matéria de capa da revista Raça com o nosso querido

Manoel Soares e fi quei ainda mais seu fã ao conhecer sua trajetória. Tá

esperando o quê para conferir?

Adriano Moreira - @adrianomoreirabr

A primeira coisa que fi z quando vi esse sorriso estampado na revista

Raça foi mandar mensagem pra um parceiro, E ele logo respondeu:

“Já estava mais que na hora”. Pois é, não tinha momento melhor pra

jornada desse homem ser direcionada até a um dos veículos que mais

enaltece a cultura negra e sua representatividade.

Narrador Kanhanga - @kanhangao� cial

www.revistaraca.com.br

A voz negra em prol das

periferias na vênus platinadaMANOEL SOARES

PÁGINAS PRETAS COM JHON DRAYER

Racismo no Brasil e EUA

por ativistas de lá e de cá

HARRY POTTER e personagens negros

HACKER DO BEM: empoderamento digital

O MAIOR TIME DE CONTEÚDO ESCALADO PELA RAÇA: CARLOS MACHADO CAROL BARRETO EVALDO VIEIRA

HÉDIO SILVA JR MÁRCIO BARBOSA RACHEL MAIA RAQUEL QUINTILIANO THÉO VAN DER LOO ZULU ARAÚJO

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MODA ATIVISTASou fã da criatividade e

sensibilidade da Carol Barreto.

As paginas fi cam mais bonitas

e inspiradoras com os ensaios

fotográfi cos ativistas que ela nos

mostra.

Cláudia Farias – Campo Belo (SP)

SALVE!Rapaz, quem cresceu nos anos

90-2000 sabe da importância da

revista RAÇA, que nossas mães

compravam na construção de

nossa autoestima, nos mostrando

histórias nossas de sucesso,

divulgando nossa cultura e dando

visibilidade à nossa beleza.

Lucas Davison - @lucasvalle2

RELAÇÕES AFROCENTRADASGostei muito da refl exão sobre relacionamento entre pretos. Acho

importante manter o amor afrocentrado, embora não seja possível

mandar em nosso coração.

Fernando Pinheiro Chagas – São Paulo (SP)

Em preto se amando! Tem preto valorizando os seus!

Heloisa Cunha – Santarém (PA)

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A REPRESENTATIVIDADE NA FOTOGRAFIA STOCK

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CULTURA

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falta de fotos de alta qualidade que re� itam diversidade é um desa� o que os publicitários e pro� ssionais de marketing enfrentam diariamente. Mesmo quando as imagens parecem

cumprir estes critérios, muitas vezes parecem clichês, estereótipos ou meio forçados. E isso não é diferente com a representação dos pretos na fotogra� a stock – termo usado para de� nir imagens que podem ser livremente licenciadas para uso criativo.

Ao pensar em representatividade neste setor, geralmente nos referimos a quem vemos na frente da lente. No entanto, quem está por trás é igualmente importante. De acordo com o estudo da World Press Photo, � e State of News Photographt, realizado em 2018, com fotojornalistas de todo o mundo, mais da metade dos fotógrafos participantes se identi� caram como “caucasianos/brancos”, enquanto apenas 1% se classi� cou como “preto”.

Membros do ShADEs (Shutterstock Afro-Descendant Employees), Andrew James, Amber Nobles, Steven Russell e Kevin Patrick, compartilham algumas ideias sobre a representação negra na fotogra� a stock, após observarem a disparidade nas fotos durante a Semana de Moda Outono/Inverno 2020, no início deste ano, com maciça maioria de top models fotografadas na passarela, brancas. Contudo, de acordo com o � e Fashion Spot, a temporada da Primavera 2020 foi a que mais apresentou diversidade étnica na história. Dos 7.390 modelos escalados para os des� les principais, mais de 40% não eram brancos.

Eles destacam que algumas dicas são necessárias na hora de criar ou escolher imagens que apresentem diversidade e inclusão: apoiar a diversidade no mercado de modelos; entender que mais imagens não signi� cam boas imagens; ressaltar que a diversidade é importante também por trás das lentes; e saber usar palavras-chave e descrições certas na plataforma stock.

A REPRESENTATIVIDADE NA FOTOGRAFIA STOCK

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A segunda temporada da série “Coisa Mais Linda”, estreou em junho na Netflix, destacando o trabalho de Larissa Nunes. Atriz, cantora e compositora, ela dá vida a Ivone, a irmã mais nova de Adélia (Pathy de Jesus).

“Ivone terá sua história mais desenvolvida, com mais conflitos. Mesmo sendo a caçula, ela tem personalidade forte, é ousada, rebelde e um pouco despreparada. Embora a trama se passe nos anos 1960, há traços muito marcantes e atuais nesta personagem, que carrega uma certa ‘inconformidade’ com a situação dela e da irmã. A série levanta debates sobre a luta das mulheres em diversas instâncias sociais, cada uma na sua luta específica, e todas estão buscando espaço – em especial as mulheres negras, que já trabalhavam pra conseguir sobreviver, enfrentando machismo, racismo e falta de apoio”, destaca.

Atriz formada pela Escola de Arte Dramática (USP), a paulistana de 24 anos já foi dirigida no teatro por Lee Taylor, Tiche Vianna, Sérgio de Carvalho, Sidney Santiago Kuanza e Isabel Setti, e participou do espetáculo-show “Ícaro and The Black Stars”. Vivendo seu primeiro papel de

destaque no audiovisual, Larissa fez sua estreia no streaming numa participação na série “3%”.

“Foi importante porque nunca havia entrado num set. Embora rápido, foi muito bom conhecer o funcionamento de uma produção de cinema”, relembra ela, que na ocasião deu vida a Carmem, uma candidata para o Mar Alto.

Antes mesmo de desejar ser atriz, a veia musical já pulsava. “Canto desde os cinco anos, mas só comecei a escrever música aos 12. Quando a carreira no teatro começou, deixei de lado o sonho de ser cantora. Porém, em 2017, eu encontrei a Carranca Records, um coletivo de rap paulistano, e eles me convenceram a gravar “LARINU”, meu primeiro EP, com três faixas autorais. Foi aí que me dei o apelido Larinu, pra diferenciar a carreira de atriz com a de cantora”, diverte-se a artista, que compõe todas as suas canções.

O segundo EP, “Quando Ismália Enlouqueceu...”, surgiu recentemente – é uma mixtape de confinamento, gravada em casa durante a quarentena. Sem nunca ter feito aulas de canto, Larissa passeia entre estilos musicais variados, como o Pop, o Hip Hop e o Neo-Soul. “Eu sempre tive a arte como um refúgio e, aos poucos, fui querendo levar isso mais a sério. Gosto de dizer que nasci com essa vontade e fui só desenvolvendo”, ressalta.

Mas afirmar a arte como caminho não foi fácil. Antes de se formar atriz, ela passou pela faculdade de jornalismo e trabalhou em banco.

“Minha mãe teve muita resistência em me aceitar como artista. Foi difícil pra minha família. Hoje entendo que o mercado reflete muito a sociedade que vivemos. Os artistas negros têm tido novas conquistas, surgiram oportunidades nos grandes meios e a galera também está se produzindo de forma autônoma. Porém, o espaço dado é muito pouco perto da quantidade de negros no país e na arte. Sinto que a cada conquista que tenho, mais e mais preciso conquistar, porque tudo parece escasso. No final das contas, eu quero apenas mostrar meu trabalho e ser reconhecida por ele”, finaliza.

Foto CAIO OLIVIEDO

Larissa NunesA horA e A vez de

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NÃO PARAREI DE GRITARCarlos de Assumpção

Antes de os protestos antirracistas explodirem no fi nal

de maio nos EUA, e, a partir daí, em todo o mundo, já

havia na mídia um interessante movimento de resgate

de um de nossos poetas pretos mais vibrantes: Carlos

de Assumpção. Os protestos fi zeram com que a grande

mídia começasse a dar mais espaço para temas afro-

brasileiros e Assumpção teve uma série de reportagens

do canal Globo News dedicadas a ele. Aos 93 anos de

idade (ou 39 ao contrário, como ele costuma dizer),

Assumpção é um exemplo de lucidez e sua poesia é

inspiradora. Parte de sua obra pode ser encontrada

nos Cadernos Negros. Agora o livro Não Pararei de

Gritar reúne poemas já publicados, além de inéditos,

desse escritor, que é uma grande referência desde a

concepção do seu antológico poema “Protesto” (de

1956), de onde foi retirado o título do livro. Assumpção

carrega a ancestralidade dentro do peito: “Tenho um

tambor / Dentro do peito / Tenho um tambor”. Ele

se reconhece como um descendente de Zumbi, isto

é, herdeiro de sua luta: “Zumbi é meu pai e meu guia

/ Me envia mensagens do orum”. Sua sensibilidade

para os temas cotidianos torna seus textos ao mesmo

tempo acessíveis, tocantes e atuais. Embora só agora

o restante do Brasil esteja descobrindo poetas como

Carlos de Assumpção, nós, que temos o privilégio de

conviver com escritorxs pretxs, devemos lê-los sempre.

Maiores informações: www.companhiadasletras.com.br

O PROTESTO PRETOMartin Luther King, James Baldwin, Malcolm XEntrevistas com Kenneth B. Clark

Este pequeno volume, com as entrevistas que o psicólogo e

educador Kenneth Clark fez com três gigantes do movimento

negro norte-americano em 1963, é um achado, especialmente

tendo-se em conta a discussão sobre por que as mobilizações

contra o racismo nos EUA são tão mais intensas do que as que

ocorrem no Brasil. O livro, em formato de bolso e rápido de se

ler, traz muita luz sobre a posição de cada um dos entrevistados.

Kenneth indaga sobre as origens e formação de cada um, mas

pode-se dizer que as posições antagônicas de Martin Luther King

e Malcolm X é que acabam catalisando o interesse. Enquanto

Martin explica sua fi losofi a de não-violência, aceitando-a como

um modo de vida, Malcolm a critica afi rmando que ela desarma

a população negra diante da violência da população branca. Mas,

para King, a resistência não-violenta, baseada na boa-vontade

que aceita todos os seres humanos, é que desarma o adversário.

Malcolm, no entanto, acha que ela impede o homem negro de se

defender. Por outro lado, James Baldwin concentra-se em afi rmar

a sua humanidade e indagar se o povo americano será capaz de

aceitar o negro, mas é otimista em relação ao futuro. Percebe-

se, pela lucidez e convicção dos três ativistas, a profundidade

e seriedade com que encaram a luta pela cidadania. Tendo

uma tradição sólida de luta por direitos civis e referências tão

inspiradoras, não surpreende que a comunidade negra norte-

americana se mobilize tão rapidamente quando ocorre uma

injustiça ou um crime, como após o assassinato de George Floyd.

Maiores informações: http://territorioafricano.blogspot.com.br

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LIVROS | por MÁRCIO BARBOSA

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CRÔNICAS DE UM PELADEIROMichel Yakini

“Os boleiros, assim como os escritores, aplicam sua magia

com a caneta, um debaixo das pernas de um João, o outro

costurando palavras como num gol antológico.” Este trecho

de um texto em que Michel Yakini traça um paralelo entre

os gênios Garrincha e Lima Barreto nos diz muito sobre o

livro Crônicas de um Peladeiro. Michel emenda textos como

se fossem dribles e passes cheios de veneno. Ele parte das

peladas jogadas nas ruas dos bairros de periferia e vai até

os clássicos disputados nos grandes estádios, passando

pelos campos de várzea. Nesse percurso fala de amizades,

mulheres e namoros. Olha ainda, com fi na ironia, para o

processo de mercantilização do futebol. Tanto na escrita

quanto no futebol é preciso ser criativo. No texto “Coração

feito à mão”, por exemplo, o narrador, cheio de ginga, dribla

o leitor. O protagonista do texto, depois de marcar três gols

num jogo, terá à sua disposição todos os microfones e a

atenção. Mas em seu momento de glória surpreenderá todo

mundo ao dizer a quem dedica seus beijos, coraçõezinhos

feitos com a mão e gols. O futebol é esse campo mágico

onde se pode vislumbrar as contradições de um Brasil ao

mesmo tempo grande e desigual, mas construído por um

povo criativo e resiliente, povo de maioria negra e mestiça

que imprimiu ao futebol as marcas indeléveis de sua

africanidade. Falam que “os melhores perfumes vêm nos

menores frascos”. Este livro, pequeno no tamanho e grande

no conteúdo, é um bom exemplo disso.

Maiores informações: www.michelyakini.com

O PRIMEIRO LIVRO DE MARCELINAElaine MarcelinaIlustrações de Gleiciane Dias

Um livro permite vários diálogos. Por meio de um

livro, o autor ou autora pode dialogar com os leitores

e leitoras e também com outros autores e autoras,

tanto do passado quanto do presente. Leitorxs podem

estabelecer conversas a partir de um livro. Elaine

Marcelina, neste pequeno volume, dialoga também

com a pureza das crianças. Seu texto expressa essa

pureza com uma poesia direta, que se dirige aos

pequenos leitores e leitoras com muita simplicidade.

A história passa pelo tema do prazer da leitura e da

importância dos livros. A protagonista, a pequena

Marcelina, vibra ao ganhar um livro num sorteio de

sua escola. Ela gosta de ler e sua alegria é tanta que

ela sonha com a história que o livro conta. Em seus

sonhos, Marcelina é uma princesa. A autora sabe

que é importante apontar, para as nossas crianças,

caminhos que reforcem a autoestima delas, mas com

sensibilidade e imaginação. O imaginário é algo que vai

sendo construído por toda a vida. Quando Marcelina

consegue se imaginar atuando, de forma positiva, para

além do seu mundo, isso pode lhe dar instrumentos e

motivação para ser o que quiser na vida. Ela pode voar

até seu castelo nas asas de seu primeiro livro.

Maiores informações: www.facebook.com/nandyalalivrariaeditora

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H� e OfficeN

Use roupas apropriadas para o expediente em casa

o início da pandemia, a revista acadêmica “Social Psychological and Personal Science” publicou o resultado de uma pesquisa com um experimento realizado com dois grupos de pessoas: o primeiro utilizou looks sociais e o segundo estava vestindo roupas casuais. Ao � m do estudo, as pessoas que estavam usando roupas adequadas à função renderam mais.

Em tempos de coronavírus e incentivo ao home o� ce, é importante saber que o segredo para fazer o seu expediente mais produtivo começa pela escolha do que vestir. “Como a pesquisa revelou, é de extrema importância saber o que usar para trabalhar em casa, pois não é qualquer roupa que vai ajudar na produtividade. Se a pessoa não tirar o pijama, por exemplo, terá di� culdade em se adequar a uma rotina. É preciso ter disciplina”, relata a stylist Ana Paula Fernandes.

“Escolha roupas leves e faça combinações de looks que priorizem o conforto e bem-estar. Para as mulheres também é importante usar acessórios, como colares e brincos. Em tempos de home o� ce, as reuniões audiovisuais se tornam comuns, e é sempre importante estar preparado para a ocasião”, � naliza Ana Paula Fernandes.

Para inspirar e ajudar você a passar por esse momento, � zemos esse editorial – respeitando todas as normas de saúde - em parceria com a agência de modelo Max Fama. Con� ra!

ESTILO

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ROUPA: MARIA MARIÁ FEITO A MÃOACESSÓRIOS: ATELIER CHILASETÊNIS: ACERVO

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MÃE VESTE: BLUSA E BERMUDA: MÃOS DA TERRA; ACESSÓRIOS: ATELIER CHILAZE; SANDÁLIA: MORENA ROSAMÃE VESTE: BLUSA E BERMUDA: MÃOS DA TERRA;

MÃE VESTE: CAMISA E BERMUDA: MÃOS DA TERRA; TAMANCO: ALME; BRACELETE: ATELIER CHILAZE

ESTILO

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MÃE VESTE: CALÇA: REVANCHE; MOLETOM: BY MP; BRINCOS: ATELIER CHILAZEBEBÊ VESTE: CAMISETA: BY MP

FICHA TÉCNICAMODELOS: AGÊNCIA DE MODELOS MAX FAMAFOTÓGRAFO: VINICIUS HAWKSTYLIST: ANA PAULA FERNANDESMAQUIADORA: KAROLINE SCHMITTCABELO: ESTÚDIO MANGA ROSA INSTAGRAM @MANGAROSAW - WHATS 11 - 980107049PRODUÇÃO EXECUTIVA: PAULO HENRIQUE ALBUQUERQUECOORDENAÇÃO GERAL: FELIPE MONTEIRO

PAI VESTE: CAMISETA FILA; JAQUETA E CALÇA: LEVIS; CHINELO: HAVAIANAS; RELÓGIO: ACERVO

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NEGROS NO FUTEBOL

iretor administrativo do Sport Clube Corinthians Paulista, André Luiz de Oliveira é um dos poucos negros que alcançaram projeção como dirigente no futebol brasileiro. Popularmente

conhecido como André Negão, ele já contabiliza mais de 30 anos de ativa participação no clube, dono de uma das maiores torcidas do futebol nacional.

Em virtude da participação de operários e negros no futebol, o Corinthians sempre foi chamado de “Time do Povo”. Negão costuma dizer que nasceu corintiano. Sem dinheiro para se associar ao clube, frequentava jogos e atividades sociais. No � nal dos anos 80, passou a integrar o quadro associativo, depois ocupou cargos de diretor do futebol amador, foi por duas vezes diretor administrativo, chegando até à vice-presidência do alvinegro. Negão também participou das maiores glórias do Corinthians, entre elas o Mundial de Clubes do Japão, entrega da Arena e ainda integrou a comissão técnica da Seleção Brasileira.

“Não foi fácil chegar até aqui, mas também nunca tive moleza na vida. Fui um dos primeiros negros a ocupar uma diretoria do clube e o único negro a ocupar uma sala no 5º andar, onde está a diretoria”, conta.

DAndré Negão: “Negros ainda têm pouco espaço fora das quatro linhas”

Ele relembra trajetória de jogadores no Corinthians

por MAURÍCIO PESTANA

fotos DIVULGAÇÃO

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Foi ele também quem ajudou a ampliar o espaço dos negros na instituição.

“Quando o Andrés Sanchez me chamou para montar a chapa ‘Renovação e Transparência’, minha condição foi termos 10 negros e 10 mulheres na composição, o que ele prontamente aceitou”, revela.

A participação dos negros fora das quatro linhas do futebol ainda é uma bandeira para André Negão.

“Temos muitos jogadores negros, mas nenhum técnico de futebol no comando de times da Série A ou em qualquer outro país do mundo. Também não temos presidentes ou dirigentes nos grandes clubes, nas Federações, nem muitos árbitros. Os negros têm que ocupar esse espaço, sair de dentro das quatro linhas, das arquibancadas e do quadro associativo para funções executivas, temos esse potencial”, destaca.

NEGROS PARTICIPARAM ATIVAMENTE DA HISTÓRIA DO CORINTHIANS

André Negão conta que o primeiro emblema do Corinthians foi bordado por uma mulher negra.

“Antônia Perrone, esposa de um dos fundadores do clube, Rafael Perrone. Bordadeira de mão cheia, fez a junção das iniciais de Corinthians Paulista, criando em 1912 o emblema CP na camisa da equipe de atletismo. No ano seguinte, em 1913, o Corinthians entrou na Liga Paulista de Futebol, usando a mesma camisa. Parte dos atletas participava simultaneamente das duas atividades”, recorda.

Antes de ser aceito na Liga Paulista de Futebol, entre 1910 e 1913, ainda na época da várzea, o elenco já contava com um jogador negro, Davi, que veio do Botafogo do Bom Retiro, bairro onde o Corinthians foi fundado. Em fevereiro de 1913, o time participou e venceu as eliminatórias passando a integrar o campeonato o� cial. Infelizmente, por regulamento, negros não eram permitidos no campeonato e Davi não pôde seguir atuando, segundo revela a pesquisa do historiador do clube, Fernando Wanner.

Anos depois, em 1919, o Corinthians inscreveu o� cialmente o primeiro atleta negro no Paulistão.

”Bingo participou de 9 jogos o� ciais, mas, devido às ameaças de des� liação do clube a sua participação no Campeonato Paulista foi interrompida. Depois de muita pressão, em 1920, negros foram o� cialmente

aceitos e o time ganhou um novo jogador: Tatu. A partir daí metade do elenco alvinegro passou a ser composto por negros, o que os outros times demoraram a aceitar e contratar.”

Na década de 1930, um novo capítulo marcou a história do clube: o zagueiro Jaú introduziu o candomblé no futebol paulista. Ele acumulava funções, era atleta e também o Pai de Santo do clube, posicionando o Corinthians como o primeiro clube paulista a aceitar a matriz africana no futebol.

Nos anos 1980 surgiu uma nova liderança negra no período da Democracia Corinthiana: o lateral esquerdo Wladimir. Para André Negão, foi líder e ídolo dentro e fora das quatro linhas.

“O Corinthians é um dos poucos, se não o único clube a realizar eventos para negros, a dar espaço para eles fora das quatro linhas, incluindo a posição de técnico, assim como de dirigentes, isso

deveria ser seguido por todos os clubes. Não somos melhores e nem exemplo para ninguém, mas nós somos o Time do Povo e ajudamos a fazer a história do futebol. E ela tem sangue negro”, dispara.

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e amor próprio associado à estética negra. As linhas são distintas. Uma direcionada aos Dreads com Shampoo Removedor de resíduos e

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ALIADO PARA OS CRESPOSPara descomplicar a rotina de cuidados com os � os, garantindo a praticidade no dia a dia e ajudando as mulheres que querem assumir o cabelo natural, a Nazca Cosméticos lança “O Incrível 2 em 1 para cabelos crespos” da linha Origem. A marca, que já conta com as versões para lisas e cacheadas, agora traz a novidade para os � os com curvatura dos tipos 4A, 4B e 4C, que necessitam de mais hidratação e nutrição.O produto multifuncional pode ser usado nos cabelos como hidratante, deixando agir entre 3 e 5 minutos para garantir um efeito mais duradouro e ajudar na nutrição dos � os e no combate ao ressecamento, ou como creme de pentear sem enxágue, para dar um equilíbrio perfeito entre volume e de� nição. Outra opção é deixar menos tempo nos cabelos e usar o item como condicionador, dando maciez e emoliência aos � os.

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“Nós negros estamos ocupando espaços e o mercado não percebe que somos diferentes e precisamos de produtos que atenda toda essa rica diversidade, a DaMinhaCor® ocupa esses espaços”, destaca Maurício Del� no, proprietário da marca.

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Diversidade e equidade

racial na CNNMaurício Pestana, CEO da revista RAÇA,

fez análises diárias sobre as maiores manifestações raciais dos últimos 50 anos

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m janeiro de 2019 a CNN americana - uma das empresas de comunicação mais importantes do mundo – anunciou a chegada por aqui. O lançamento da CNN Brasil, efetivamente em 15 de março deste ano, movimentou o mercado do jornalismo. A empresa contratou nomes de peso da

televisão brasileira e relevância no jornalismo nacional, exaltando, entre os negros, âncoras Luciana Barreto, ex-TV Brasil; e Diago Sarza, ex-Globo News, gerando debate sobre o compromisso com a diversidade e o quanto isso impacta a promessa de imparcialidade por parte desses canais. No final de maio, com o assassinato brutal de George Floyd, a emissora entendeu a necessidade de um negro, com conhecimento de causa, falar sobre o assunto, de maneira analítica e crítica. Foi assim que Maurício Pestana, CEO da revista RAÇA, juntou-se ao time de comentaristas, somando-se à pluralidade de opiniões.

Ao longo do mês de junho, o jornalista conciliou o desafio de – mais uma vez, em meio à pandemia do novo coronavírus - colocar a RAÇA nas bancas, com a função de comentarista da CNN Brasil.

“Nossa equipe toda trabalhou em home-office; o mercado de ponta-cabeça, e mesmo assim encarei o novo desafio. Algo semelhante ao que aconteceu em 2007, quando assumi a Revista RAÇA, e em 2015, quando me licenciei para assumir a Secretaria da Igualdade Racial de

E São Paulo, a maior cidade da América Latina. O desafio agora era traduzir na tela da maior emissora de jornalismo do mundo, a CNN, o que estava acontecendo no mundo no âmbito do racismo”, destacou Pestana.

Para ele, exercer o papel de analista político, social e também racial, algo inédito na televisão brasileira, foi uma tarefa honorífica.

“Foram inserções quase diárias, registrando um mês que, sem dúvidas, entrará para a história como aquele em que o planeta resolveu encarar o racismo de frente”, disse.

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zulu araújo, Presidente da Fundação Pedro Calmon (FPC), vinculada da Secretaria de Cultura do Estado da

Bahia, graduado em arquitetura e urbanismo e Mestrando em Cultura e Desenvolvimento pela uFBa

“Organizadas” pela democracia

mês de maio trouxe uma grande novidade para o cenário político brasileiro: a entrada em “campo” das torcidas organizadas do futebol nas manifestações políticas. Lideradas

pela primeira torcida organizada do país, a Gaviões da Fiel, do Corinthians Paulista, fundada em 1969, foi a pioneira a ir às ruas com duas bandeiras muitos distintas: o antifascismo e a democracia. Na sequência, tivemos as torcidas do Palmeiras, Santos e São Paulo, juntando-se à Gaviões, deixando de lado as rivalidades históricas.

Esta manifestação deixou o mundo político perplexo, visto que o histórico delas não é lá muito apreciado na sociedade, embora suas origens estejam nos anos 40, quando eram conhecidas como “torcidas uniformizadas” e representavam a elite dos clubes esportivos nos campos de futebol. Somente na década de 60, quando o futebol passou a ser paixão nacional, enraizado nas camadas populares, migraram para as chamadas “torcidas organizadas” compostas basicamente por pretos e pobres das grandes cidades.

Para muitos, tais torcidas são sinônimo de violência e confusão, compostas por “bandos de arruaceiros” que fazem do futebol seus territórios para o exercício de práticas, no mínimo nebulosas, quando não criminosas. Mas, segundo estudiosos do tema, elas expressam vontades coletivas para muito além do campo de futebol e da violência. O formato atual se estruturou em plena ditadura militar e possuía um traço de rebeldia àquela situação política que afetava mais diretamente a juventude. As organizadas também defendiam interesses desses grupos sociais e lutaram a fim de que o regime militar da época acabasse e a sociedade pudesse ter o direito ao voto. A “Democracia Corintiana”, liderada pelo Dr. Sócrates,

nos anos 80, é o exemplo mais vistoso dessa versão de que era possível aliar a paixão pelo clube do coração à luta pelos direitos do torcedor e do cidadão.

A ida das torcidas às ruas, em defesa da democracia, não é algo novo, apenas reflete o novo momento. Por isso mesmo, suscitou uma grande discussão: estariam elas ocupando o vácuo político deixado pela oposição? Seria ou não perigosa a politização das “organizadas” do futebol?

Emparedadas pelo compromisso com o isolamento social, por conta da pandemia, a oposição brasileira, em particular os partidos de esquerda, dividiram-se. Uns apoiaram incondicionalmente a ousadia dessas torcidas e até se juntaram a elas nas manifestações subsequentes; outros foram cautelosos e recearam não só a politização do futebol, como a possibilidade de uma armadilha para justificar o uso da violência contra os apoiadores da democracia, por parte da extrema direita.

O fato é que as manifestações se alastraram pelo país e foi fixado esse novo papel das torcidas organizadas no cenário político brasileiro. É importante dizer que essa presença, embora discreta no campo da esquerda, existe há muito na direita e tem sido usada largamente pelos cartolas do futebol para se elegerem no legislativo ou no executivo.

Portanto, sejamos generosos e humildes ao mesmo tempo. Em tempos de pandemia, nada melhor do que novidades em defesa da democracia.

Toca a zabumba que a terra é nossa!

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Zulu Araújo

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APAiXONAdO e de vOLTA

“A eSSe BANdO de LOucOS”

por FLAVIA CIRINO | fotos GUILHERME SILVApor FLAVIA CIRINO | fotos GUILHERME SILVAfotos GUILHERME SILVAfotos

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Quando pensamos num jogador de futebol, preto, a imagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à cabeça. Mesmo que “sem querer”. Culpa da colonização? É cultural? O que acontece? Seja como for, entre os jogadores de destaque, atualmente, no Brasil, somente dois são casados com mulher preta. Um deles, João Alves de Assis Silva. O atacante de 33 anos está de volta ao Brasil para jogar no Corinthians, time do qual fez parte do elenco em outras duas temporadas. Na contramão da esmagadora maioria, Jô formou uma família preta, e costuma receber elogios pelo fato de não “ter fi sgado uma loura”, destacando a mítica do jogador de futebol preto que opta pela relação inter-racial. Casado há 13 anos com a carioca Claudia Silva, 36, mãe de seus dois fi lhos, Pedro e Miguel, Jô contou detalhes de sua trajetória, e comemora a volta ao Timão após uma difícil adaptação no Japão. Ele destaca ainda como a fé reestruturou sua vida, sem esconder turbulências que envolveram relações extraconjugais, separação e até um divórcio com Claudia. Superadas as difi culdades, ele relembra o forte preconceito racial sofrido na Rússia e se afi rma estar focado na família e nas quatro linhas de Itaquera. Bola em jogo!

“Desde que me conheço por gente, meus pais colocaram na minha cabeça que a gente não pode ter diferença em nada.” Foi assim que João Alves de Assis Silva, o Jô, iniciou um amistoso bate-papo com a reportagem da RAÇA, em sua casa, no Rio de Janeiro, às vésperas da mudança para São Paulo, onde se reintegrou ao Corinthians, clube no qual começou sua trajetória. Após morar em seis países, Jô se consolida como um homem realizado pessoal e profi ssionalmente, e atribui à família o seu êxito. Em especial, à mulher, Claudia Silva.

“Sou um dos poucos jogadores de futebol a formar uma família preta. E isso é algo que sempre é citado por meus fãs e seguidores nas redes sociais. Que eu conheça, aqui no Brasil, somente eu e o Cortez, do Grêmio, somos casados com uma preta. Tinha o Ramirez, do Palmeiras, mas se separou.”

Jô enfatiza que, em sua casa, a questão racial sempre foi muito debatida.

“Na minha criação, aprendi que não temos que ter preconceito de nada, tanto sexual, quanto racial, classe social, nada! Minha família é de origem pobre e isso sempre foi conversado em casa, não

foi depois que virei jogador. Eu não coloquei isso na cabeça de repente. E sempre vi minha família indo por esse lado, de se juntar à pele negra.

O casal se conheceu quando Jô pertencia à equipe do CSKA, da Rússia. Claudia, à época passista da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, cuja comunidade ela nasceu e foi criada, viajara com o grupo-show para uma temporada em Moscou. Foi uma fase difícil, em que Jô sentia na pele o preconceito por jogadores de futebol, no país. Claudia foi um grande alicerce para superar os ataques racistas.

“Na Rússia tem muito preconceito racial. Eu joguei contra um time que até hoje não tem aceitação, negro não é bem visto no time. Agora tem o Malcom, que foi muito rejeitado pela torcida. O treinador e o presidente intercederam, a cidade inteira reclamou, mas ele começou a jogar bem e as coisas melhoraram. Eu e Vagner Love éramos do mesmo time (CSKA) e quando a gente entrava para aquecer, jogavam casca de banana. Outro jogador, Welington, de outro time, nunca foi aceito. No último ano dele, a torcida colocou uma faixa no estádio, escrita “vai embora, seu macaco, seu lugar não é aqui”. Ele jogou quatro anos no mesmo time. Eu fi quei três anos. Quando a gente chega lá, já sabemos dessas histórias, mas constatar é bem pesado. Ficava pensando: pra que aquilo? A gente relevava, mas é triste!”, lembra.

Persistir foi algo que ele aprendeu cedo. Na casa de Jô, o sonho de ser jogador era de seu irmão, que morreu antes de concretizá-lo. Os pais, então, incentivaram-no a trilhar o caminho, sempre o preparando para os eventuais contratempos por conta da cor da pele. E fi zeram de tudo para que ele tivesse a autoestima elevada, com segurança e orgulho de sua origem.

“Comecei a jogar cedo no Corinthians e tinha que conviver com pessoas de condições melhores que

a gente; eles sempre me prepararam pra eu não me

deslumbrar, nunca almejar o que não é meu, não invejar. Diziam ainda que, se eu fosse ofendido, deveria entender que

existem pessoas más.”

Por conta do clube Jô estudou numa escola particular, Alvorada,

na Vila Formosa, onde só havia ele e outro aluno negro.

“Eu jogava, essa escola tinha uma equipe de futsal, eles formavam equipe com jogadores de cada clube e davam bolsa de estudos pra gente formar um time e competir com as

qQuando pensamos num jogador de futebol, preto, a

qQuando pensamos num jogador de futebol, preto, a imagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à qimagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à cabeça. Mesmo que “sem querer”. Culpa da colonização? É qcabeça. Mesmo que “sem querer”. Culpa da colonização? É imagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à cabeça. Mesmo que “sem querer”. Culpa da colonização? É imagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à qimagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à cabeça. Mesmo que “sem querer”. Culpa da colonização? É imagem de uma mulher branca ao seu lado logo vem à

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outras escolas. Eu lembro que era eu e mais um, na escola toda. E ali, na minha cabeça e na cabeça dos meus pais, eu ia sofrer muito. Mas fui muito acolhido. Lembro até hoje que a diretora e os professores, com medo de eu me acanhar, de me sentir diminuído, eles sempre me deram força.”

Com seus dois fi lhos, Pedro e Miguel, de cinco e dois anos, respectivamente, o jogador faz de tudo para repetir os ensinamentos dos pais. E Claudia mantém com as crianças uma relação de intensa troca, colocando limites e enfatizando a importância do diálogo e do afeto.

“Temos muito diálogo em casa. Eu e a Claudia conversamos muito com os meninos, sempre. Outro dia o Pedro perguntou se ele era marrom. Expliquei que a cor é linda, que ele tem que ter orgulho, que pode ser que alguém não admire, mas ele é lindo marrom. Sempre vou encaixando maneiras dele se defender. O que a criança vê e pergunta, os pais têm que ter a sabedoria de saber ensinar. Hoje é tudo muito exposto. Em casa, temos uma conta nas redes sociais, pra todo mundo e coloco notifi cações. Tudo o que eles veem, chega pra mim. O acesso à tecnologia, hoje, tem uma dualidade grande”, enfatiza.

Jô ressalta que não mais se deslumbra com a ascensão fi nanceira em sua vida, que no passado causou “muito estrago”. E lembra que, nos tempos de escola, seus principais dribles eram justamente para fazer a grana render.

“Com o dinheiro que meu pai me dava, eu tinha que pegar a condução, comer, ir pro treino no Corinthians e voltar pra casa. Às vezes eu não tinha para a merenda na escola e não queria me sentir inferior. Um dia eu comia, no outro eu passava por baixo na condução. Se eu desse uma de coitadinho, fi casse pelos cantos, não ia ser legal. E assim eu comecei a ganhar respeito, os meus amigos me ofereciam lanche, queriam pagar, eu aceitava. Quando fui pra outra escola, Carlos Drumond de Andrade, no Tatuapé, tinha outros negros.”

vOLTA AO BrASiLApós 18 meses no Japão, Jô se desvinculou do Nagoya Grampus pouco antes da pandemia e foi para o Rio de Janeiro com a mulher e os dois fi lhos do casal. De lá, o centroavante acertou seu retorno – pela terceira vez - ao Corinthians. Até voltar ofi cialmente ao CT, treinou em casa, sob orientação do departamento físico do Corinthians, com quem fez contato quase que diariamente.

“que eu cONHeÇA, Aqui NO BrASiL, SÓ eu e O cOrTÊZ, dO GrÊMiO SOMOS cASAdOS cOM uMA PreTA”

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Com o novo contrato fi rmado até 2023, o novo camisa 7 do Timão não entra em campo desde dezembro de 2019, ano em que marcou apenas oito gols em 37 partidas. Com o mesmo número de atuações, em 2018, foram 24 gols, no Japão.

O retorno ao Brasil era algo que Jô planejava há tempos. Ele contou que a experiência mais recente, no Japão, foi a que mais demorou a se adaptar.

“Morei em 5 países antes do Japão e achei que era só mais um, que tiraria de letra, mas não foi... uma cultura oposta à nossa, foi muito difícil entender como viver num país onde as pessoas são muito frias e fechadas pelo fato deles serem oprimidos por perder a guerra para os Estados Unidos, eles não têm o entusiasmo e a alegria que o nosso povo tem. Você chega num lugar e eles estão sempre desconfi ados. Acostumamos, passamos difi culdades no idioma, ninguém falava inglês, pensei que seria mais fácil. Demoramos quase um ano para nos adaptarmos. O lado bom: segurança impecável, higienização fora do normal, organização, muita coisa diferente do Brasil.”

Quando estava se habituando, foi a hora de voltar.

“A gente acostuma com as coisas de lá, e após dois anos e meio, voltei pra cá e tive que cortar alguns costumes. Horário, por exemplo, já sou chato com horário, fi quei mais chato ainda porque lá é tudo certinho. Com a pandemia, as pessoas aqui, agora, deixam o sapato do lado de fora, o que já fazia lá. Japão é o oposto do que a gente vive aqui. Lá não tem classe baixa, é da média pra alta, porque o salário mínimo é muito alto, equivale a R$ 6 mil, todos têm uma vida boa. Mas há lugares e lugares. Temos que virar essa chave, sabemos como é difícil aqui.”

APAiXONAdOFalar em Claudia, a esposa, é algo que deixa Jô com os olhos lacrimejados, num misto de amor, respeito e, acima de tudo, gratidão. Com ela, o atleta viveu diversas fases. Algumas, quer esquecer. Prefere a plenitude que veio com a chegada dos fi lhos. É à esposa a quem Jô atribui sua recuperação nas quatro linhas. Segura de si, Claudia conta que não foi fácil.

“Quando nos conhecemos, na Rússia, em 2006, Jô tinha 18 anos e eu, 22. O samba era tudo pra mim, eu estava numa turnê com o grupo Explode Brasil. Ele foi assistir ao show com os amigos e nos apaixonamos. A turnê durou seis meses. Voltei para o Brasil, fi quei um mês e quando retornei à Rússia para outra temporada de seis meses, ele me pediu em noivado. Éramos jovens e nossas atitudes contrastavam muito. Eu não ouvia, ele também não. Com o passar dos anos, uma tia me disse que só pela fé eu teria como salvar a nossa relação”, conta.

“Ela tem uma personalidade muito forte e era esse o motivo de nossos atritos, embora hoje eu veja como

grande qualidade. Ela era muito radical, queria me moldar ao jeito dela. Mas foi uma mulher guerreira, que suportou uma série de coisas, bombardeios, problemas meus extraconjugais, que se fosse o contrário eu não sei se enfrentaria. Ela foi fantástica, melhorou ainda mais com a chegada do nosso primeiro fi lho. Ela sempre me ajudou muito. Eu chegava do treino, com dores e queria esconder, mas ela já sabia o que eu estava sentindo, só em me olhar. Se eu estava chateado, ela sabia. É uma mulher que conhece o homem que tem. É virtuosa, entrega-se de verdade. Não só como mulher, é assim com os amigos, com a família, ela toma as dores, ela chora, quer abraçar o mundo”, diz, orgulhoso.

O casal, convertido à religião evangélica, atribui à fé a harmonia que hoje existe entre eles. Foi desta maneira que Jô superou a má fase profi ssional.

“Claudia coloca Deus em primeiro lugar, cuida da família como ninguém. Ela sofreu muito, calada. Difi cilmente ela divide as angústias, mas aprendeu muito. E eu aprendi muito com ela, principalmente a não desistir. Muitas vezes eu desistia, falava que não queria mais, que ia viver minha vida. E ela, pelo orgulho dela e a personalidade forte, dizia, ok, então cada um vai pro seu lado. Mas não era o que ela queria. Eu sempre fui o cabeça dura, o cabeça ruim. O que ela já passou comigo, no nosso casamento, acredito que nenhuma outra mulher passaria, conseguiria superar. Ela superou e com classe. Tenho muito orgulho dela, da família

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que ela formou comigo e dar esse testemunho dela é muito interessante, orgulho-me de como ela ficou forte. Lutou e hoje tem a família. Acho fantástico como ela se encorajou. Quando ela se batizou, eu falava que ela estava chata e nisso crescia espiritualmente”.

Apesar de ter alcançado um grande feito em 2013, sendo artilheiro da Libertadores e entrando para a Copa do Mundo em 2014, a vida do atacante não ia bem. Além das brigas em casa, ele ficou um ano sem fazer gol.

“A gente se separou pela última vez (foram duas separações). Quando a gente voltou no final de 2014, eu achei que estava na hora, tanto profissional quanto pessoalmente, o melhor caminho seria seguir a fé, seguir a Deus, o que fortaleceu ainda mais nosso casamento, nossa família.”

A verdAdeirA crAqueTodos os que conhecem Claudia Silva são unânimes: ela tem a personalidade forte, mas desarma qualquer um com seu sorriso. Aos 36 anos, a carioca nascida e criada no Morro do Salgueiro, na Tijuca, bairro da Zona Norte

do Rio de Janeiro, driblou com sabedoria a fase mais difícil ao lado do marido, época em que ele perdia noites entre bebedeiras e mulheres, o que o levou a ficar um ano sem fazer gols. A separação foi inevitável e eles acabaram casando duas vezes.

“Nos separamos a primeira vez, voltamos e na segunda separação eu pedi o divórcio. Reatamos e casamos novamente, no papel. Temos duas certidões”, conta com sua gargalhada inebriante.

“Quando coloquei Deus no topo, tudo mudou. Percebi que precisávamos caminhar sempre juntos, olhando para mesma direção. É importante amadurecer e entender que é preciso respeito mútuo. Deixei de dar ouvidos ao que não existe e hoje seguimos nossa vida com amor, respeitando o espaço de cada um e enchendo nossos filhos de amor”.

A expectativa é que, agora, feliz na vida pessoal e na profissional, Jô repita o êxito de suas temporadas anteriores no Timão e esteja ainda melhor.

“Voltar para a minha casa, junto desse bando de loucos, é uma grande presente”, afirma.

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STE ANO AS COMEMORAÇÕES DO MÊS LGBTQI+ FORAM FEITAS DE UMA FORMA INÉDITA E DIFERENTE, CADA UM DA SUA CASA. SEM AS TRADICIONAIS

PARADAS PELO MUNDO, A COMUNIDADE TEVE QUE PROMOVER O DEBATE SOBRE O ORGULHO LGBTI+ E A INTERSECCIONALIDADE DE RAÇA A PARTIR DE VÍDEOS, LIVES E MUITAS OUTRAS FORMAS.

Uma pesquisa recente com a organização internacional GLAAD, a Netflix mostrou que 81% dos entrevistados que não são LGBTQI+ no Brasil relataram que assistir a personagens LGBTQI+ na tela os fizeram se sentir mais confortáveis com as pessoas da comunidade que eles conhecem.

Este número me chamou a atenção para a coluna deste mês, aproveitando as lembranças de 51 anos da rebelião (ou revolta) de Stonewall. A série de manifestações espontâneas que deu origem ao Dia do Orgulho LGBTQI+ começou com a resistência à invasão da polícia, na manhã de 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, em Nova Iorque (EUA).

Como acontece até hoje, principalmente com a juventude negra, as forças policiais perseguiam e realizavam frequentes batidas em bares como Stonewall. Ao longo das últimas décadas, o ativismo LGBT teve avanços signi� cativos a partir da resistência dos atos em Nova Iorque, tendo

a cultura hoje considerada queer, tendo seu ápice retratado em diversas produções.

Uma das mais importantes e icônicas é o documentário Paris is Burning. A produção é uma espécie de crônica da cena de Nova York na década de 1980, com foco em bailes e vogues. Ali conhecemos e nos apegamos a diversas personagens, conhecemos suas ambições e sonhos daqueles que deram à época seu calor e vitalidade.

Paris is Burning é uma referência para muitas das séries que seguiram com a temática dos bailes. A mais recente - e notória - é a série Pose, que se passa no mundo de 1987 e “olha para a justaposição de vários segmentos da vida e da sociedade em Nova York: a ascensão do universo do luxo, a cena social e literária do centro da cidade e o mundo da cultura do baile”, nas palavras dos criadores.

Em ambas as produções, as personagens principais em que os diretores se inspiram são negras, e chamam a atenção porque, além do preconceito racial que já sofreriam pela cor de sua pele, ainda são vitimizadas pelas diversas adversidades por externalizar suas identidades.

Paris is Burning e Pose são indispensáveis para a cultura pop como um todo, e ambas podem ser acessadas hoje na Net� ix. Enquanto Paris is Burning traz a dimensão documental da classe baixa de Nova York, Pose, por seu caráter � ccional, traz textos e histórias que podem abordar diferentes tons, do mais profundo como o HIV e transsexualidade até as várias modas fashionistas.

É triste perceber que ainda são poucas as produções que trazem este debate na linha de frente. Na defesa de que a representação nas telas importa mais do que nunca quando falamos das LGBTQI+ negras, os criadores destas produções têm a oportunidade de aumentar a aceitação e aproximação da comunidade LGBTQ+ por meio do entretenimento, tornando a sociedade menos heteronormativa.

Por enquanto, comemoramos daqui de casa todas estas formas de amor.

E

FERNANDA ALCÂNTARA É jornalista, pesquisadora de quadrinhos e mestre em Comunicação pela USP. Desde 2014 realiza palestras sobre comunicação, diversidade e igualdade racial e de gênero. Especialista em cultura pop, e universo nerd

os criadores destas produções têm a oportunidade de aumentar a aceitação e aproximação da

O FATOR RACIAL DENTRO NA

a cultura hoje considerada queer, tendo seu ápice

ELUTA LGBTQI+

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aixão Mundial, e especialmente aqui, o brasileiro ama futebol! E tudo que nossos atletas sugerem, vira gosto popular! Tanto para o futebol masculino, como para o futebol feminino, os penteados usados pelos nossos esportistas sempre viram notícias e

criam tendência.

Quando falamos do futebol feminino, vemos que a mulherada realmente capricha para se destacar em campo!

Aqui entre as brasileiras, as tranças fazem muito sucesso! Tanto para quem tem cabelo crespo ou liso, elas são sempre uma escolha, desde as mais simples às mais elaboradas.

A árbitra de futebol Jô Bispo destacou que, pelas leis do futebol e até mesmo por questões de segurança e desenvoltura, a única regra é ter cabelo preso ou curto. O resto, está liberado.

Em campo, Jô escolheu as tranças como seu penteado. Além de dar estilo ao seu visual, é uma forma de expressar sua ancestralidade.

Uma boa alternativa para os curtinhos são as cores. As meninas escolhem cores alegres e fortes, como azul e platinado, para se destacar.

P

E FUTEBOL!Estética

O mesmo uniforme, tudo padrão: a forma de se expressar, dentro do campo de futebol, é um bom penteado.

por LÉIA ABADIA | fotos SUELEN LIMA | produção CAROL ROSA/SUELEN LIMA

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ponte pRetA 120 Anos

o único presidente negro entre os grAndes clubes de Futebol do brAsil

Sebastião Arcanjo

por maurício pestana

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undada em 1900, doze anos depois do fim da escravidão no Brasil, a ponte preta é o cluBe mais antigo de são paulo ainda em atividade.

tamBém foi o primeiro cluBe do Brasil a contar com um negro em sua equipe de futeBol, o atleta miguel do carmo, que fez parte do primeiro time ponte-pretano, daquele mesmo ano de 1900. por essa razão, alguns torcedores defendem que a ponte receBa o título de “primeira democracia racial no esporte do Brasil”.

Em 11 de agosto, a Ponte Preta completa 120 anos. Desde novembro do ano passado, o time é presidido por Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, único presidente negro nos clubes de futebol, entre os 60 dirigentes das Séries A, B e C.

Com um histórico pessoal de luta política contra o racismo, Tiãozinho assumiu a Ponte Preta após a renúncia do antecessor, José Armando Abdalla, e é consciente da responsabilidade histórica que tem em suas mãos. Antes de assumir o clube, ele foi membro do Sindicato dos Eletricitários de Campinas e militante do PT da cidade por vários anos, chegando a ser vereador em Campinas e até deputado estadual, cargos pelo qual sempre se destacou por projetos sobre a luta contra o racismo e a homofobia e pela defesa dos serviços públicos, do meio ambiente e do direito à moradia.

À revista RAÇA, o dirigente destacou a importância da questão racial e, sua trajetória.

“Minha história é idêntica à maioria dos jovens negros, cujas famílias vieram em busca de oportunidades em uma cidade que estava em processo de industrialização. Meus pais vieram de Minas e se estabeleceram na periferia de Campinas, onde cresci com meus quatro irmãos. Tive o primeiro contato com o racismo na escola, quando por ter pele escura invariavelmente a gente é associado a estereótipos que ainda persistem na mente dos brasileiros. E um episódio marcante no qual, quando estava no segundo ano, fui impedido de entrar porque meu uniforme, que passava de irmão para irmão, estava desbotado. Fui me descobrir para o Movimento Negro, como boa parte da minha geração, através da música, da dança, daquele movimento que veio dos EUA para o Brasil, de que o negro é lindo, do cabelo Black Power etc. Mais para frente houve um assassinato de um irmão de um colega de trabalho por violência

F policial e os salões de cabeleireiros de Campinas nos ajudaram a organizar uma passeata contra a violência policial - foi minha primeira manifestação contra o racismo, contra a intolerância. Não por acaso, como deputado estadual, uma das principais batalhas do meu mandato foi esclarecer o assassinato de outro jovem negro, o dentista Flavio, assassinado nos arredores do aeroporto Viracopos. Contribuímos para elucidar os fatos e levar os assassinos à cadeia, foi um dos momentos mais importantes da minha carreira.”

Em sua diretoria executiva há outras três pessoas negras, sendo uma mulher, o que também é algo raro de se ver nos clubes brasileiros. Tiãozinho sabe exatamente a relevância de estar em espaços que historicamente são ocupados por brancos, desde a escalada na política.

“Minha trajetória na vida pública começou em 1997, como vereador. Depois fui reeleito, fui deputado estadual, secretário de trabalho, de serviços públicos. São duas questões: como disputar esses espaços, e como se constituir e se qualificar para ocupá-los. O que marcou a diferença nesse processo foi a minha trajetória histórica como militante. Sempre fui muito engajado e com uma liderança muito forte nas funções que ocupo. Fui me qualificando nos processos de formação e, depois de atuações que me deram legitimidade, buscando novos espaços. Como dizem os negros americanos, precisamos contar no mínimo até doze. Se contarmos até dez apenas, estamos fora do processo de disputa política.”

Ele ainda destacou o DNA de inclusão racial da Ponte Preta.

“Isso remete à história da fundação do clube, formado pelo povo, por pessoas que não tinham poder aquisitivo e enfrentaram muita dificuldade. Desde o início, no ano de 1900, a Ponte tinha negros na diretoria e no elenco. Esse é o grande elemento que permite ter perenidade ao longo desses 120 anos. E logo nas primeiras décadas

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do clube, quando pejorativamente começaram a chamar nossa torcida de macaca, macacos, por serem de uma maioria operária, pobre, negra, abraçamos o apelido e o transformamos em símbolo. Daí vem a nossa origem, nosso DNA, resistência: é esse processo histórico que nos orgulha por estarmos liderando hoje a Ponte Preta.”

Tiãozinho ressalta que o fato de ser o único negro entre 60 dirigentes de futebol é algo a se refl etir, questionar e mudar.

“Em uma certa ocasião estava debatendo sobre as cotas com um general em Campinas, e ele me questionava falando que as tropas são compostas majoritariamente por negros. Eu dialogava com o general no sentido que estamos na base da pirâmide das instituições, mas falta a inclusão da população negra no topo das carreiras, no topo dos espaços de decisão. Não me surpreende que não haja quase nenhum negro na foto dos clubes: esta é realidade que queremos mudar. Essa é provocação que temos que fazer ao ministro da Educação, no sentido de que todas as qualifi cações, todo o acúmulo técnico e teórico é insufi ciente, porque não queremos apenas um. Não queremos ser exceção, queremos ser regra. E hoje a regra no Brasil é a negação do espaço de poder, de pertencimento e de tomada de decisão da população negra, de afrodescentes e das mulheres”, afi rma o mandatário ponte-pretano.

Em épocas de protestos e ânimos afl orados, em virtude do assassinado de George Floyd e o movimento Black Lives Matter ganhar ainda mais força, Tiãozinho chama a atenção para a resistência de atletas e agremiações brasileiras que, ao contrário de profi ssionais e instituições no exterior, não se posicionam em relação ao racismo.

“A história de sofrimento, de resquícios do processo de mais de 350 anos de escravidão desse país, a violência cometida com os milhões de negros que cruzaram o Atlântico e que aqui aportaram, o processo de genocídio

da população indígena e a forma com que o Brasil encara as populações mais pobres criou um conjunto de homens e mulheres que muitas vezes não encontram amparo, sustentação política do estado para lutar pelos seus direitos. Acho que é essa combinação de uma sociedade extremamente violenta, que nega o racismo, que nega a desigualdade e que alguns conseguem nesse mundo enfrentar de frente os problemas. Diria que não é um problema dos negros e atletas brasileiros, mas do sistema capitalista que acaba impondo uma posição de subalternidade e às vezes se

entra em alguns espaços em que o silêncio signifi ca a sobrevivência profi ssional, política e até social. No Brasil o silêncio signifi ca a vida. É compreensível a atitude e comportamento e cabe a nós estarmos na linha de frente e enfrentar esse processo na condição em que estamos hoje, assim como alguns atletas que alcançaram o patamar diferenciado. Puxar a fi la e pensar que outros poderão no futuro construir com perspectivas melhores em relação ao racismo, sexismo, machismo e, sobretudo à homofobia, que é um tema delicado, mais difícil de lidar em um ambiente de futebol, até mais que a questão racial, na minha opinião.

Com seu nome fi ncado na história do clube, Tiãozinho quer deixar um legado positivo.

“Penso que, óbvio, todo presidente de clube quer elevá-lo a um maior patamar possível. No nosso caso são as grandes competições, objetivos de conquistar títulos, de revelar jogadores e vejo que é um legado tangível. Mas outro legado que gostaria de deixar é de uma presidência, uma liderança que teve coragem histórica de enfrentar os problemas de fundo da sociedade brasileira, de realizar um combate duro, fi rme e consistente a qualquer tipo de discriminação, preconceito e intolerância. Me orgulha muito a Ponte Preta estar lutando lado a lado com homens e mulheres que sonham com um mundo sem nenhum tipo de discriminação.”

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Carlos Machado / GyasiKweisi

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VITóRIAS MIlITARES AfRIcAnAS conTRA AS InVASõES ESTRAngEIRAS: AshAnti x GRã-BRetAnhA

Guerra do Banco Dourado, ou Revolta Ashanti, foi a guerra final de uma série de conflitos entre o governo imperial britânico da Costa do Ouro (atual Gana) e o Império Ashanti, um estado autônomo na África Ocidental que coexistia com os britânicos e

povos costeiros vassalos.

Quando os Ashantis começaram a se rebelar contra o domínio britânico, os invasores tentaram conter a agitação. Além disso, o governador britânico, Sir Frederick Mitchell Hodgson (1851-1925), exigiu, em 28 de março de 1900, que os Ashantis entregassem aos britânicos o Banco Dourado (em Ashanti e Twi: Sika dwa; título completo, Sika Dwa Kofi “o tamborete de ouro nascido na sexta-feira”), o trono e símbolo da soberania Ashanti.

A guerra durou de março a setembro de 1900. Yaa Asantewaa (17 de outubro de 1840 - 17 de outubro de 1921) foi a Rainha Mãe de Ejisu na África Ocidental, nomeada por seu irmão Nana Akwasi Afrane Opese, o Edwesuhene (governador) de Edwesu.

Nascida por volta de 1840 na cidade de Besease, sua mãe se chamava Ata Po e seu pai Kwaku Ampoma, foi agricultora e teve um casamento com um homem de Kumasi, com quem teve uma filha.

Sua vida mudou decisivamente quando os seus pais morreram. O seu irmão Kwasi Afrane se tornou líder de Ejisu e a nomeou Rainha Mãe. No entanto, Kwasi Afrane morreu pouco tempo depois, em 1894. Seguiu-se um novo líder, um dos dez netos dela, que acabou por ser exilado pelos britânicos em 1896, junto com o rei de Asante, Prempeh I, para as Ilhas Seychelles. É aí que Yaa Asantewa se torna regente de Ejisu-Juaben.

Na reunião em 1900 o britânico, exigiu o Trono de Ouro que era o objeto mais sagrado da cultura Ashanti. Numa reunião secreta ela disse:

“Agora eu vi que alguns de vocês temem avançar para lutar por nosso rei. Se fosse nos dias corajosos de Osei Tutu, Okomfo Anokye e Opoku Ware, os líderes não se sentariam para ver

Carlos MaChado / GyasiKweisi, historiador e Mestre em história social pela Universidade de são Paulo, Professor da sMe-PMsP, autor do

livro Ciência, Tecnologia e inovação africana e afrodescendente. É ex-bolsista da Ford Foundation (Usa), articulista e Palestrante.

seu rei ser levado sem disparar um tiro. Nenhum homem branco poderia ter ousado falar com um líder dos Ashanti da maneira que o governador falou com você esta manhã. É verdade que a bravura dos Ashanti não existe mais? Eu não posso acreditar nisso. Não pode ser! Devo dizer isso. Se vocês, homens de Ashanti, não avançarem, então iremos. Nós as mulheres vamos. Convocarei minhas colegas. Nós lutaremos contra os homens brancos. Lutaremos até que o último de nós caia nos campos de batalha”.

Yaa Asantewaa foi escolhida por vários reis regionais para ser o líder de guerra da força de combate. Tinha 60 anos quando começou o conflito e esteve na frente da batalha. Este é o primeiro e único exemplo de uma mulher receber esse papel na história Ashanti. A Rainha Mãe liderou um exército de 5.000 soldados.

AKoo Koo hin Koo/ Yaa asantewaa ee!/obaa basia/ oGYina apreMo ano ee! /waYe be eGYae/ na wabo MMode

(Yaa asantewaa ê/ a Mulher que luta diante dos Canhões/VoCê realizou Grandes Coisas/VoCê fez beM)

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AUTO ESTIMA

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É A NOVA TENDÊNCIA: APRENDA A FAZER O PASSO A PASSO

Mais uma trend de maquiagem que surge com força, a Fox Eyes ou Olhos de Raposa. Ela é inspirada em uma cirurgia plástica que consiste na elevação do canto externo da sobrancelha, que causa um formato amendoado e alongado no olhar.Com o auxílio dessa técnica é possível chegar muito próximo ao resultado da cirurgia, que nada mais é que um efeito puxado no olhar.Muito usada no mundo dos famosos, ela vem tomando força ultimamente entre as blogueiras e in� uencers. Para você não � car de fora, a maquiadora da agência de modelos Max Fama, Cayhh Souza, fez esse lindo passo a passo para você arrasar. Con� ra!

É A NOVA TENDÊNCIA: APRENDA A FAZER O PASSO A PASSO

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5. Esfume com um tom de marrom mais quente sentido da têmpora

4. Esfume o traço com o mesmo tom da sombra, fazendo um leve degradê

6. Para fazer o canto do olho use tom de marrom, faça um triângulo com a ponta mais � na seguindo o do nariz

2. Para a base, use dois tons fazendo pontos de iluminação e contorno

8. Ilumine a pálpebra com tom dourado

11. Deixe a boca mais neutra com gloss

1. Após limpar e toni� car a pele, misture iluminador líquido com seu hidratante preferido e passe no rosto

7. Esfume na linha dos cílios com o mesmo tom de marrom que � zemos o “gatinho”

10. Máscara de cílio à vontade

3. Com um cartão ou � ta crepe faça um traço do � nal do olho com um tom de marrom pouco mais escuro que o tom da sua pele

9. Deixe a sobrancelha menos arqueada, use um máscara incolor pra deixar os pelo pra cima e preencha com uma sombra acinzentada

12. Blush iluminado vinho

PASSO A PASSO

F� Eyes

CRÉDITOS / MODELO: AGÊNCIA DE MODELOS MAX FAMA, MAQUIADORA: CAYHH SOUZA, FOTÓGRAFO: JORGE LUIZ GARCIA, PRODUÇÃO EXECUTIVA: PAULO HENRIQUE ALBUQUERQUE, COORDENAÇÃO GERAL: FELIPE MONTEIRO

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por CAROL BARRETO | Assistente de redação DAviD SAnTOS

O fOgO de umA epistemOlOgiA pretA está bAlAnçAndO A brAnquitude e suA estruturA

rAcistA. sempre esteve, mAs nOs perguntAmOs: pOr que sOmente nOs enxergArAm

AgOrA? sAbemOs que O silênciO é cúmplice dA viOlênciA, pOr issO precisAmOs refOrçAr

A nOssA OrgAnizAçãO cOmO pOvO pretO, pArA fAzer cObrAnçAs específicAs pOr áreA e

reivindicAr O que é nOssO, pOr direitO. nO períOdO que ApelidAmOs de “mês dA culpA

brAncA”, vimOs, num curtO espAçO de tempO, As vestes e As Artes pretAs gAnhArem O

fOcO dAs mídiAs hegemônicAs, O que tAmbém nOs cOnduziu AO feliz encOntrO cOm

nOssOs diversOs cOrpOs, lutAs e nArrAtivAs, que nuncA gAnhArAm esse destAque

nOs meiOs de cOmunicAçãO, O que cOntribuiu tAmbém pArA mApeAr e visibilizAr O

tAmAnhO dA nOssA pOtênciA.

Moda e organização

antirracistacArtA AbertA A brAncOs brAndOs de cOrAçãO:

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da escuta, sendo útil sem querer protagonizar; e, especialmente, reveja os princípios da sua cultura que já foi internalizada e normalizada como apropriadora, racista e misógina. Este é o verdadeiro caminho para um amanhecer onde todas as pessoas possam, de fato, compartilhar de oportunidades menos desiguais.

Nesse contexto, aqui destacamos a Célula Preta, como uma iniciativa criada por e para pessoas pretas, que surge para repensar a moda. Formada por sete marcas que participam da Casa de Criadores: Diego Gama (@y.diegogama), Th eo Alexandre (@thearvestuario), Gui Amorim (@estudiotraca), Weider Silveiro (@weidersilveiro), Fábio Costa (@notequal), Pedro Batalha e Hisan Silva (da @dendezeiro_) e Jal Vieira (@jalvieirabrand), única mulher do grupo e porta-voz de algumas ações em sites e outras mídias hegemônicas, como voluntária.

Fruto do grito “Vidas Negras Importam’’, a Célula Preta surgiu a partir de um encontro virtual proposto por Rafael Silvério, onde foram apontadas as necessidades de uma organização: “esse diálogo perdurou por alguns dias, culminando, então, em uma célula independente, respaldada pelo diretor criativo do evento, André Hidalgo”. O foco principal entre participantes pretxs, é desmistifi car conceitos enraizados na estrutura racista presente no universo da moda, e tentar abrir caminhos para uma nova construção, rica em pluralidade racial e de gênero. A garantia de representatividade, visibilidade e equidade são os princípios de luta da Célula. Compreendendo que o racismo foi criado pela branquitude, e como produtora e sustentadora de suas bases, as ações do coletivo buscam ir além de entender essa estrutura, mas se posicionar publicamente contra, elaborando e cobrando ações. O genocídio da população negra brasileira está presente na indústria da moda, em processos de apropriações onde designers brancos, usufruindo

Será que, entre os posts de quadrados pretos nas redes sociais, existem questionamentos sobre os privilégios simbólicos e materiais que integram a minoria numérica de pessoas brancas no Brasil? Nas várias entrevistas que me fi zeram nesse período, junto com pedidos de “ajuda”, eu me fi z várias perguntas. E, na principal delas, devolvi nas interlocuções:

“Qual preço de ser antirracista?”

No meu mundo, é a morte! Entre ironias de uma dor que nunca é realmente vista, reivindicamos nosso espaço, pois como a pesquisadora Joice Berth diz: “Não me descobri negra, fui acusada de sê-la”.

Para efetivar uma prática antirracista, as frases e ações emergenciais da rede social não são sufi cientes, pois, a real mudança se constrói com investimento - independentemente do aporte fi nanceiro disponível. Portanto, cara gente branca, em primeiro lugar, questione-se, repense seu status quo, procure compreender que a ideia de superioridade, pautada nos seus privilégios materiais, foi constituída a partir da violência, do genocídio e do etnocídio dos povos indígenas e descendentes de África. Se quer contribuir, leia escritoras pretas, compre nossa arte, fortaleça nossa luta se colocando na posição

“a célula preta é o inÍcio de uMa encruzilHada brilHante e contra-HegeMÔnica. viva a Moda preta e que exu toMe conta!”

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da nossa resistência cultural, esvaziam o sentido de símbolos sagrados e das nossas vestes ritualísticas e tradicionais. Abdias Nascimento reflete profundamente sobre este aspecto ao declarar: “Quando se mata uma cultura, se mata um povo”. Por isso, destacamos que o embranquecimento da nossa arte é uma estratégia do etnocídio que sustenta o genocídio, por isso fiquemos atentas com as propostas de “inclusão”. A Célula Preta é o início de uma encruzilhada brilhante e contra-hegemônica. Viva a moda preta e que Exu tome conta!

Quais as ações efetivas contra as dificuldades de marcas lideradas por pessoas negras?Começaremos com um mapeamento e uma ação de escuta, criando um canal de comunicação facilitador para isso. Um banco de dados em que possamos também contemplar profissionais de todas as áreas das indústrias, facilitando acesso de quem quer ter essa troca com os profissionais pretos. Busca de parceiros na indústria para a abertura de diálogo, efetivando articulações que promovam equidade, dando as mesmas oportunidades que são concedidas aos brancos. Faz parte das propostas da Célula, pensar em ações que mudem as estruturas dos eventos de moda e a forma como esta área se constrói. Pensar em castings diversificados e inclusivos, entender e humanizar as demandas de profissionais pretos dentro deste universo, também faz parte das ações da Célula.

“será que entre os posts de quadrados pretos nas redes sociais, existeM questionaMentos sobre os privilégios siMbólicos e Materiais que integraM a Minoria nuMérica de pessoas brancas no brasil?”

jal vieira

silvério brand

théo alexandre

weider silverio

notequal

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Quando as ações começarão e quem pode participar?Já estão em construção diariamente e temos sempre abertura com André Hidalgo para discutir questões internas da Casa de Criadores. A ideia é ampliarmos isso para outros espaços. O racismo estrutural não é um problema de pessoas negras e indígenas e nem responsabilidade das mesmas. Então, acreditamos que a luta antirracista é uma luta de todes, e assim pessoas realmente engajadas podem contribuir para a célula crescer dentro de suas ações, assim como podem usufruir dos conhecimentos que serão criados a partir dela.

“cara gente branca, eM priMeiro lugar se questione, repense seu status quo, procure coMpreender que a idéia de superioridade pautada nos seus privilégios Materiais, Foi constituÍda a partir da violÊncia, do genocÍdio e do etnocÍdio dos povos indÍgenas e descendentes de áFrica.”

estÚdio traÇa

dieGo GaMa

Quais ações vocês têm em mente para atingir os objetivos da Célula?Desenvolver uma rede de apoio e suporte a profi ssionais pretxs. Escalada através de redes sociais, pensamos em ações que impactem direto na emancipação destas pessoas através da criação de pontes que gerem acesso de diferentes formas: acesso à matéria-prima, locais de visibilidade, recurso fi nanceiro, parcerias benéfi cas, além de fomentar a discussão acerca da presença destes profi ssionais no mundo da moda, impacto do racismo e outras mazelas sociais. Queremos gerar acesso e conexões, sejam através de redes sociais ou ações diretas nas passarelas e em suas produções. Onde gostariam que a Célula chegasse?Queremos que a Célula se solidifi que como uma plataforma de inclusão e desenvolvimento de profi ssionais pretxs em toda a cadeia da moda. Que consigamos criar uma rede, desenvolver projetos e ações que permitam uma entrada efetiva desses profi ssionais nessa indústria que sempre se benefi ciou de nossa imagem, mas que tem tanta difi culdade em reconhecer nosso trabalho. Queremos e precisamos trazer reconhecimento, visibilidade e principalmente conseguir gerar trabalho.

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EU NA RAÇA

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GLORIA MARIACorretora de imóveis e turbantista, Glória Maria é muito conhecida no circuito black carioca, onde transita com sua marca, “Gloria Maria Turbantes e Estilos”. Neste período de pandemia, a cada quatro vendas de, fazia uma doação de máscara em tecido afro, o que resultou numa bela ação social em comunidades carentes, doando também cestas básicas.

FAMÍLIA CONRADORecebemos um pedido especial em nosso per� l no Instagram: “Imaginei essa foto como capa da revista RAÇA”. Atendemos parcialmente, ok? Linda família! O pequeno João Pedro, sortudo, entre a mamãe, Kelly, a avó e a bisavó!

TERESA CRISTINA CALDASPraticante de dança de salão, a advogada carioca Teresa Caldas, de 56 anos, é daquelas que não resiste ao som da black music e a um bom pagode. Na quarentena, mergulhou em palestras sobre causas raciais e sociais e destacou especial interesse pelo racismo estrutural.

MARIA CECÍLIA OLIVEIRAMineirinha do bairro Bandeirantes, a fofa Cissa Oliveira, de sete anos, está cursando o segundo ano do Ensino Fundamental. Neste período de quarentena, fez o que mais gosta: cantar e brincar.

REVISTARACA.COM.BRREVISTARACA.COM.BR

GLORIA MARIAGLORIA MARIACorretora de imóveis e turbantista, Glória Maria é muito conhecida no Corretora de imóveis e turbantista, Glória Maria é muito conhecida no circuito black carioca, onde transita com sua marca, “Gloria Maria Turbantes circuito black carioca, onde transita com sua marca, “Gloria Maria Turbantes e Estilos”. Neste período de pandemia, a cada quatro vendas de, fazia uma e Estilos”. Neste período de pandemia, a cada quatro vendas de, fazia uma doação de máscara em tecido afro, o que resultou numa bela ação social em doação de máscara em tecido afro, o que resultou numa bela ação social em comunidades carentes, doando também cestas básicas. comunidades carentes, doando também cestas básicas.

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Reflexão

tem coro amor

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uando o racismo estrutura praticamente tudo na nossa sociedade, é difícil acreditar que não define as relações

amorosas a ponto de, muitas vezes, ouvirmos ou falarmos que o amor não tem cor. será que é uma tentativa de negar que o racismo não interfere nas relações amorosas? penso que sim!

A minha hipótese é que, de forma subconsciente, buscamos não racionalizar as relações amorosas e isso faz com que muita coisa seja colocada debaixo do tapete. Entre essas coisas estão os atritos de origem racial. Seja um casal de pessoas negras, seja um casal inter-racial, vez ou outra, a questão vem à tona quando uma das pessoas é negra.

Sou uma mulher negra, hétero, chegando perto da meia-idade (nossa, como me custa dizer isso!) que já passou por um casamento e alguns romances

com pessoas negras e brancas, brasileiras e estrangeiras. Nessas relações, curtas ou mais longas, a questão racial, de alguma maneira sempre se colocou. Até porque os relacionamentos, na minha visão, pressupõem companheirismo, troca e cumplicidade.

Já perdi a conta dos momentos difíceis ao discutir sobre racismo com companheiros brancos, ou do quanto foi triste

Q

rachel quintiliano é jornalista, pós-graduada em comunicação e saúde, consultora na área de comunicação, planejamento e sistematização com foco em saúde, gênero e raça. foi sócia da iniciativa nina cosméticos, especializada em produtos de beleza para pessoas negras.

compartilhar da dor e da violência racial quando estava com um homem negro.

A maturidade está me fazendo perceber que relacionamentos amorosos estão muito além de “preferências”, de atração. Essa mesma experiência também tem me arrastado para um conforto desajeitado ao escolher me relacionar com negros, em detrimento do cansaço de ter que explicar a existência, as consequências e a perversidade do racismo enquanto estou com brancos.

Toda pessoa negra que já se relacionou com uma pessoa “branca” certamente sabe do que estou falando. - Uso as aspas para identificar pessoa branca, menos por conta da cor da pele (porque no Brasil, acho bem difícil encontrar pessoas brancas de fato) e mais por aquilo que se entende por pessoas brancas, no que diz respeito ao imaginário desse grupo e os privilégios que o racismo generosamente oferta para eles e elas.

Na mesma medida em que essa experiência e visão sobre como o racismo se manifesta também nas relações amorosas, não só afirmo que o amor tem cor, como também que o relacionamento entre pessoas negras no Brasil se configura como um ato político. Não à-toa, o Movimento Negro Unificado já nos convocou a beijar nosso preto e nossa preta em praça pública.

Companheirismo, troca, cumplicidade, carinho e amor, sem dúvida, são possíveis em qualquer contexto, em qualquer lugar do mundo e com e para todas as pessoas. Todas as escolhas individuais e livres devem ser respeitadas e garantidas. O bom seria se o racismo não nos empurrasse para escolhas que considerem sua existência, sofisticação e capacidade de estruturar nossa sociedade e todas as relações.

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Tadeu augusTo MaTheus (Tadeu Kaçula). sociólogo; Mestrando em Mudança social e Participação Política pela usP; membro do grupo de estudos sobre américa latina (CelaCC-usP), coordenador nacional da Nova Frente Negra Brasileira; fundador do Instituto Cultural samba autêntico e autor do livro Casa Verde, uma pequena África paulistana.

Futebol de várzea: reduto da resistência nas periferias de são paulo

ma das grandes paixões do povo brasileiro é, sem sombras de dúvidas, o futebol. O Brasil é conhecido e reconhecido mundialmente por revelar grandes

talentos com projeções internacionais e por criar uma maneira peculiar de praticar esse esporte que até parece ter sido criado por nós.

Quando falamos de futebol brasileiro, é importante tentar compreende-lo em suas dimensões fora dos grandes centros econômicos, que fizeram desse esporte um grande mercado financeiro que movimenta bilhões de dólares às vezes em apenas uma transação, quando se abre a janela de transferência de jogadores entre clubes. Fora desse mercado bilionário existe um “planeta” inteiro que orbita em torno desse sistema e que muitas vezes é invisibilizado para o grande público por se tratar de uma prática periférica movida apenas pela paixão pelo futebol. Refiro-me ao futebol de várzea.

Estruturalmente, é jogado de forma amadora, sem muita organização profissional, como vemos nos campeonatos administrados pelas federações de futebol. Várzea é uma gíria que designa algo informal, sem muita estrutura ou apoio, seja em relação aos jogadores ou aos campos onde os jogos ocorrem.

Segundo os “boleiros” veteranos que ainda praticam essa modalidade, o termo futebol de várzea surgiu em São Paulo, quando meninos jogavam futebol em campos feitos às margens do rio Tietê, antes mesmo do futebol se tornar um esporte profissional. O futebol de várzea é aquele praticado nos campos de bairros, vilas e favelas. Os times praticamente pagam para jogar. Quando tem campeonatos, como a maioria não possui nenhum patrocinador, os

jogadores desembolsam dinheiro para se manterem. Geralmente o jogador de futebol de várzea é aquele que utiliza o esporte apenas como diversão, que possui um trabalho fixo e faz do futebol apenas uma atividade física, alguns sem nenhuma pretensão de se tornar jogador profissional.

Em São Paulo existem alguns remanescentes que ainda resistem, mantendo essa tradição que é uma das principais características da formação do futebol no estado. Veteranos dizem do bairro da Lapa – Zona Oeste de São Paulo - à Penha – Zona Leste - existiam mais de 100 campos de futebol de várzea em São Paulo. Um dos principais espaços que compõem esse legado esportivo na cidade é o Grêmio Esportivo e Recreativo Cruz da Esperança. Nesse complexo existem seis campos de futebol construídos a partir dos anos 1930 e com infraestrutura para a realização de dezenas de jogos todos os finais de semana, espaços para o lazer das famílias dos jogadores, churrascos, festas e muitos eventos culturais. O enorme terreno, alvo de uma disputa judicial entre a União e a Prefeitura paulista, que dura 60 anos, faz parte da área do Campo de Marte, controlada pela Aeronáutica.

O Cruz da Esperança é um dos primeiros times negros de São Paulo e tem uma história cultural e de luta para manter aquele território que considero “o último reduto negro da várzea paulistana”.

U

tadeu kaçulaColuna

Tadeu Kaçula

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NEGROSem moVimenTo

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CHEFa luta diária em favor da

conscientização da população

em relação à importância da

gastronomia sustentável é o que

move maristella sodré. chef de

cozinha, e empreendedora social,

ela investiu na gastronomia

após ter sido desligada de uma

empresa na qual trabalhou por

11 anos. com bolsa integral,

maristella ingressou no curso chef

executivo de cozinha no senac

e fi cou entre os 12 melhores

alunos de todas as unidades. até

que foi aprovada para ingressar

na gastromotiva (iniciativa

que contribui na luta contra o

desperdício de alimentos, má

nutrição e exclusão social) e se

tornou professora de confeitaria

sustentável.

em 2019, a chef participou de

uma websérie de 16 episódios

sobre gastronomia social, numa

parceria entre a gastromotiva e

o carrefour. Também participou

do reality chef do sabor, este

ano, na TV globo, maristella,

com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no escuro”. incansável, trabalha como intérprete e já fez traduções para billy Paul, gloria gaynor, entre outros.

DE VENDEDOR DE COXINHAS A INTÉRPRETE DE CELEBRIDADES

e empreendedora social

com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, com apenas 10% da visão, por conta de uma toxoplasmose contraída na infância, natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha natanael Joaquim nunca se rendeu. nascido numa família humilde, vendia coxinha para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, para ajudar a mãe a alimentar os seis irmãos. na tentativa de voltar a enxergar, com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de com uma cirurgia nos eua, inscreveu-se em uma gincana de um programa de TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou TV. Venceu, viajou, mas não teve êxito. Ficou no exterior por três anos e voltou dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral dominando o inglês. natanael criou uma ong Visão do bem, com um coral composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem composto por defi cientes visuais. 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Paralelo a isso, escreveu dois livros – “sem sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas sacrifício não se alcança nada” e “Fale inglês e Português em Diversas situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no situações”, e ainda planeja produzir seu próprio fi lme, “enxergando no escuro”. incansável, trabalha como intérprete e já fez escuro”. incansável, trabalha como intérprete e já fez escuro”. incansável, trabalha como intérprete e já fez escuro”. incansável, trabalha como intérprete e já fez traduções para billy Paul, gloria gaynor, entre outros. traduções para billy Paul, gloria gaynor, entre outros. traduções para billy Paul, gloria gaynor, entre outros. traduções para billy Paul, gloria gaynor, entre outros.

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Vamos conVersar sobre seu negócio?com a suspensão dos seus contratos de trabalho, diante da pandemia, o publicitário Felipe monteiro e o diretor de arte Wesley alisson, tiraram do papel um velho projeto: montar uma produtora de conteúdo e marketing digital. assim nasceu a Ted-Pró Filmes, com soluções completas para a produção de cursos online, filmes corporativos, publicitários, animação e pós-produção.“somos apaixonados pelo mercado da publicidade e temos como objetivo apresentar as técnicas mais inovadoras do mercado digital e do design”, enfatiza Felipe monteiro.Wesley completa em tom entusiasmado que o planejamento de cada ação é feito de forma intensa para colaborar diretamente no resultado final dos clientes. a Ted-Pró Filmes aposta ainda em cursos à distância, afinal, não há melhor momento para investir em projetos online.

afropop preto

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o amor entre duas mulheres ganha destaque em “Pretinha”, segundo single/clipe da cantora afropop Taslim. rodado no maranhão, o trabalho foi feito por mulheres pretas, protagonistas não só da história, mas também de sua construção. apaixonada pela música negra africana e da diáspora, a carioca Tassia menezes, 28 anos, redescobriu-se em um intercâmbio para a África do sul. e renasceu Taslim, nome que significa felicidade. ainda para este ano, a artista prepara o lançamento de seu primeiro álbum “Pretambulando”, trazendo para o foco o movimento do povo preto no mundo ao longo da história.

e empreendedora social

reVisTaraca.com.br

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#PODERIASEREU

D ados da Organização das Nações Unidas (ONU) destacam que, no Brasil, um jovem negro morre assassinado a cada 23 minutos. A � m de alertar para esses números e conscientizar a população, o

Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em parceria com clubes, atletas e personalidades negras, criaram a campanha #PoderiaSerEu, buscando engajamento da população negra e protestando contra as mortes.

De acordo com Marcelo Carvalho, fundador do Observatório da Discriminação Racial no

CLUBES FAZEM CAMPANHA CONTRA

DISCRIMINAÇÃO RACIAL

Futebol, a ideia surgiu antes do caso George Floyd, morto asfixiado por um policial branco, em maio, nos Estados Unidos. O Observatório usou a força dos clubes de futebol para levar uma mensagem sobre o genocídio da população negra, na expectativa de mostrar para a sociedade que esses jovens não morrem porque estão no lugar errado ou porque têm antecedentes, e sim por serem negros.

O Grêmio contou com os zagueiros Paulo Miranda e David Braz e o lateral esquerdo Cortez; o Internacional deu voz ao meia Patrick; o Bahia foi representado pelo

#PoderiaSerEu

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REVISTARACA.COM.BR REVISTA RAÇA | 59

A bala perdida que

invariavelmente encontra um

corpo negro poderia abreviar

a minha vida, a vida de algum

familiar meu, de um amigo ou

amiga, ou de qualquer pessoa

que tem a pele preta. E nós

estamos aqui para denunciar

o genocídio da população

negra. Nós estamos aqui para

dizer que não queremos ter

nossa vida interrompida.;

não queremos chorar a vida

de quem se vai de forma

inesperada e abrupta.

Não queremos mais ouvir que

quem morreu estava no lugar

errado na hora errada, que

tinha antecedente, que foi um

acidente ou um engano.

Vidas Negras Importam! Então,

lembre-se: eu poderia não

estar aqui se uma dessas balas

que não são perdidas tivesse

encontrado meu corpo.

Manifesto ofi cial

#PoderiaSerEu

treinador Roger Machado e o volante Gregore; o Santos contou com o atacante Marinho; o Vasco deu voz ao meia Lucas Santos; o Paysandu foi representado pelo goleiro Paulo Ricardo; o Corinthians deu voz ao recém-contratado atacante Jô. Além desses todos, o goleiro Aranha - que já foi alvo de insultos racistas na Arena do Grêmio - também deu seu testemunho.

Além da campanha, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol ainda publicou um manifesto, que dá mais força à campanha, confira:

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ATUALIDADE

FOTO

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DUBLÊ DE AÇÃO FAZ SUCESSO NO CINEMA

abilidade, garra, força e superação. Foi com essas características que Bruno Santana ganhou destaque como dublê

e ator. Desde sua juventude, quando, na contramão dos outros jovens, dividia seu tempo entre frequentar aulas na Casa de Hip Hop de Diadema e se dedicava às atividades físicas, artes marciais, acrobacias e parkour, Bruno demonstrava que queria ir além. Cria de uma comunidade carente do Jaguaré, na Zona Oeste da cidade de São Paulo, ele viu a oportunidade ao ser selecionado para gravar um comercial de TV ao lado de Giulia Gam. A partir de seu primeiro contato com as câmeras, Bruno decidiu fazer cursos de teatro e aperfeiçoamento pro� ssional.

Em 2012 migrou para o Rio de Janeiro levando na bagagem o sonho de fazer cinema, enquanto também se dedicava ao teatro. Prosperou e, desde 2017, é sócio e coordenador de ação do Centro de Treinamento Tático Dublês e Atores, em São Paulo. A agência ensina diferentes vertentes artísticas, que vão muito além da interpretação tradicional de textos para a dramaturgia.

“Dependendo do objetivo do aluno, a agência desenvolve técnicas corporais, de dança, canto e até mesmo o aprendizado de esportes radicais como skate, patins, parkour, além de lutas. Todas as atividades são coordenadas por professores experientes”, destaca Bruno, de 30 anos.

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Eloi FErrEira dE araújo, ministro da igualdade racial no Governo do Presidente lula e presidente da Fundação

Cultural Palmares no Governo da Presidenta dilma rousseffé Vice-Presidente do Club de regatas Vasco da Gama

Vidas Negras Importamnfelizmente as ofensas racistas ainda são uma constante em nossos dias. É a confirmação da previsão dos abolicionistas do século XIX, que diziam que a escravidão racial, vivida pelo Brasil por

mais de 350 anos, deixaria suas marcas na sociedade brasileira por, pelo menos, 100 anos. Passados 132 anos da abolição, o racismo continua produzindo vítimas. A comunidade negra representa cerca de 54% da população brasileira, mas não tem acesso aos bens culturais e econômicos em igualdade de oportunidades. Basta ver que nos mais diversos postos e atividades a presença da comunidade negra ainda é muito reduzida, exceto nas favelas, nos presídios, nas tarefas de menor remuneração e no percentual de vítimas da violência policial. Os números de casos de racismo nos esportes são muito expressivos, e, no futebol, esporte que é paixão mundial, sempre há registros de ofensas no campo ou das arquibancadas.

A presença do negro no futebol brasileiro é, contudo, fantástica. Pelé, Leônidas, Barbosa, Romário, Martha, Formiga... foram e são milhares de jogadores e jogadoras negros e negras que fazem história nos campos. Por vezes, fala-se que o clube A ou o clube B foram os primeiros a incluir negros no futebol, mas não se trata de um concurso para se saber quem foi o primeiro, pois é muito saudável que essa inclusão seja reivindicada por todos que têm esse registro. Por meio dessa reivindicação, é possível vincular a história dos clubes às mais belas tradições de inclusão de negros e de combate ao racismo, e incluir seus torcedores na primeira fila da luta antirracista. O Club de Regatas Vasco da Gama inscreveu de forma eterna, na sua história, a luta antirracista. Esse fato se deu em sete de abril de 1924, quando o Vasco da Gama disse “NÃO” à

Associação Metropolitana de Esportes Athléticos - AMEA - composta pelo América, Bangú, Botafogo, Flamengo e Fluminense, que exigia o afastamento dos atletas pretos, pobres, operários e analfabetos da equipe de futebol do Vasco da Gama. A Diretoria do Vasco da Gama disse “não”. Essa posição foi tomada por unanimidade e ficou conhecida como a “Resposta Histórica”, conforme demonstra o ofício, endereçado à AMEA, subscrito por José Augusto Prestes, presidente do Club, naquele período. Por assumir essa posição, o Vasco da Gama, mesmo como campeão carioca, afastou-se da AMEA. Como os demais Clubes possuíam instalações, impuseram que o Vasco da Gama, só seria readmitido se também tivesse instalações para receber os jogos. Assim, seus associados fizeram uma grande campanha e construíram, sem recursos públicos e por suas próprias mãos, o Estádio de São Januário, que foi o maior estádio do Brasil até a construção do Maracanã. Mais tarde as demais agremiações passaram a incluir os negros, analfabetos, operários e pobres nas suas equipes, mas, embora, como já dito, não se trate de um concurso, mas de uma conquista para todos e todas e para a luta antirracista, a história do Club de Regatas Vasco da Gama é inconfundível e motivo de orgulho de sua imensa torcida ao redor do mundo. Diversos marcos existem e esse, que honra o Vasco, é um deles, nesta luta antirracista, que precisa ser a bandeira comum de todos os esportistas, de todos os clubes e de todos nós, porque Vidas Negras Importam.

I

eloi ferreiraColuna

Eloi Ferreira

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RAÍZES

F

RESISTÊNCIA E RESILIÊNCIA

ilha de caribenhos, nasci nos Estados Unidos, de pais do Caribe e tive formação acadêmica no México, além de mais de 20 anos de estudos, convivência e experiências como mulher

negra no Brasil. Todas nós, mulheres negras das Américas, fazemos parte da Diáspora Histórica de pessoas cujas histórias têm muito em comum.

Entre 1503 e 1870, negros foram tirados contra a vontade de diversos locais do continente africano, trazidos para as Américas para trabalharem como escravos. A mulher africana não escapou a essa experiência desumana. Eram vistas como mercadorias, anônimas e indistintas. Apesar do espírito aguerrido, pertenciam até bem pouco tempo a um grupo de pessoas marginalizadas e invisíveis.

É justamente esse espírito e força de vontade de guerreira que nos leva a pensar em novos marcos civilizatórios, em um novo modelo de sociedade para nós, mulheres, na qual começamos a ter voz e vida. Quando falamos do “lugar da mulher” estamos falando de um “lugar” que serve para nos mostrar que desde muito tempo as mulheres negras vêm lutando para serem sujeitos políticos e produtoras de discursos anti-hegemônicos.

Mulheres como a ex-escrava americana Isabella Baumfree, conhecida como Sojouner Truth, ex-escrava americana, que viajou pelo país para ajudar nas causas abolicionistas e promover os direitos das mulheres; discursou na Convenção dos Direitos das Mulheres de Ohio, em 1851, além de ter recrutado soldados negros para a Guerra Civil; a jamaicana Amy Ashwood Garvey, dramaturga e ativista pan-africanista, uma das fundadoras da Associação Universal para Desenvolvimento Negro, presidiu a formação da Aliança das Mulheres de Barbados e da África, e até hoje é considerada um dos maiores nomes do movimento pan-africanista; a uruguaia Virginia

Brindis de Salas (pseudônimo de Iris Virginia Salas), ativista, escritora e a primeira mulher negra a publicar uma coletânea de poemas na América do Sul, considerada a principal poeta afro-uruguaia; e no Brasil, a líder quilombola símbolo da resistência contra a escravização, Teresa de Benguela, estrategista militar e dirigente política, que esteve à frente do Quilombo de Quariterê, são mulheres a serem exaltadas.

A escravidão no Caribe inglês resultou na opressão das mulheres negras, que eram delegadas ao trabalho sexual. A resiliência da mulher caribenha negra mudou o tom da história. Muitas se recusaram a se prostrar perante o colonialismo e usavam a escrita como um meio de criticar os impactos sociais. Provaram que a caneta é mais poderosa que a espada e ensinaram a suas compatriotas que a cor de sua pele não as tornava inferiores.

Lembrar a luta das mulheres negras latino-e caribenhas para uma sociedade mais justa, orgulha-nos. Mas a luta continua para que possamos romper as barreiras ainda existentes e o “silêncio ruidoso” frente às desigualdades.

por ALISSON CLAIRE MOSES

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Sandro aloiSio é jornalista e membro do Conselho Editorial da revista raça

FUTEBOL, é nóis!

futebol é um dos mais fiéis retratos da sociedade brasileira. Tem alegria? Tem. Tem corrupção? Opa, se tem! Genialidade, improviso, jeitinho? Sobram em campo. Racismo? Há

tempos. Poderíamos lembrar do Barbosa, goleiro da copa de 1950, que passou a vida com o carimbo da culpa pelo Maracanazo (termo usado em referência à partida que decidiu a Copa do Mundo a favor da Seleção Uruguaia, no estádio do Maracanã, e é considerada um dos maiores reveses da história do futebol). Esse estigma, que atravessou décadas e virou o século, transformou-se na lenda, segundo a qual, goleiro negro dá azar. Corintianos que o digam com Dida. Ou os botafoguenses com Jefferson que, aliás, sentiu o racismo na pele ao não ser convocado em 2003 para a Seleção Brasileira, conforme revelou no programa “Resenha”, da ESPN. Mais recentemente Jailson defendeu a meta dos palmeirenses. Aranha, Felipe, Sidão, Jairo... Aí a memória já começa a falhar e notaremos que a lenda pegou.

Mas, se é uma constatação a bobagem e, lógico, o preconceito explícito na ideia de que goleiro negro dá azar, não é absurdo afirmar que a valorização do jogador negro no Brasil está longe de ser razoável. A presença do negro no campo é ok. Em geral, os elencos assimilam e retratam com mais fidelidade a nossa sociedade. Mas invisível, ou quase, é sua representatividade, não apenas nos clubes, mas no esporte como porta-vozes de uma realidade que vivem desde sempre e que, na carona da fama, por algum tempo parecem se esquecer. Sim, porque depois que penduram a chuteira, a vida real bate à porta novamente. Às vezes na base da bicuda.

Muitos craques que exportamos e fizeram fama, não se assumem pretos, tampouco se identificam com a causa, a dor, o discurso, o lado. Isso quando não adotam o discurso da Casa Grande (e não o do Casagrande).

Exceto nos momentos mais agudos, que rendem likes, como no caso da banana do Daniel Alves, ou agora na onda do Black Lives Matter.

Se é fato que as “novas arenas” branquearam as torcidas ao tornar os preços proibitivos à presença do típico “maloqueiro e sofredor”, acostumados ao cimento frio das arquibancadas e que desde a Copa do Mundo de 2014 não encontram espaços nas cadeiras nomeadas e numeradas, é fato também que esse branqueamento já é, há tempos, uma dura realidade no entorno do esporte bretão. Técnico negro? Quase nenhum. Presidente de clube negro? Raro na história. Narrador de rádio ou TV negro? Difícil de lembrar. Repórteres e comentaristas negros? Conta-se nos dedos. Talvez de uma mão.

Num artigo publicado em junho de 2013, no Portal Geledés, Juca Kfouri alertava para esse fenômeno que ensaiava a expulsão dos pretos do futebol. “A várzea perdeu espaço para a especulação imobiliária”, escreveu sobre o avanço das Escolinha de Futebol. Essas pagas, que atraem os garotos da classe média e mandam pretos e pobres para longe, bem longe de suas metas. Sete anos depois, o artigo soa profecia.

O branco futebol daqui é caricatura mal-acabada do que um dia foi. Não é brasileiro na alegria, na cara ou no jeito. Não é europeu na organização, na disciplina ou na competitividade. Resume-se à frieza de números e estatísticas. Seus protagonistas são de pouco ou falso brilho. É uma triste confusão dentro e fora das quatro linhas. Não une e nem reúne, embora aqui e acolá torcidas tentem se organizar para defender a democracia tão surrada nos últimos tempos. O futebol é, de fato, dos mais fiéis retratos da sociedade brasileira que insiste em marcar gols contra.

O

sandrO aLOisiOColuna

Sandro Aloisio

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Conhecer o prório corpo.

Você não está sozinha.

#ElaDecide

E usá-lo como (bem) entender.Crescer é uma jornada cheia de desafi os: aceitar o seu corpo como ele é, ter inúmeras dúvidas sobre sexualidade, assédio ou como evitar uma gravidez não planejada.

Vem com a gente:

Saiba mais em:www.eladecide.org

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Jô volta ao Timão e exalta sua família preta

FUTEBOL E CONSCIÊNCIA

120 ANOS DAPONTE PRETADos 40 maiores clubes, o único presidido por um negro

PAIXÃO CORINTHIANA André Negão destaca questão racial no Coringão

MAURO SILVAUm gestor no topo do futebol

E OS COLUNISTAS: CARLOS MACHADO CAROL BARRETO ELÓI FERREIRA FERNANDA ALCÂNTARA RACHEL QUINTILIANO SANDRO ALOÍSIO TADEU KAÇULA ZULU ARAÚJO

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CAPA: JÔ, CLAUDIA SILVA, PEDRO E MIGUEL

FOTO: GUILHERME SILVA

CRIAÇÃO E ARTE: PAULO ALEXANDRE

LOJA RAÇACon� ra as ofertas e produtos da Raça

no site: www.revistaraca.com.br

Nota da redação: Algumas imagens desta edição, foram pesquisadas na internet. Não encontramos as fontes, que poderão ser creditadas na próxima edição.

RAÇA é uma publicação da Pestana Arte & Publicações. Não nos responsabilizamos por conceitos emitidos em artigos assinados ou por qualquer conteúdo publicitário e comercial, sen-do esse último de inteira responsabilidade dos

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Ano XXII – Edição 216

PESTANA ARTE & PUBLICAÇÕESRua Serra de Bragança, nº 66B

Vila Gomes Cardim, São Paulo - SPCEP: 03318-000 - Tel. (+55 11) 3476-1993

DIRETOR: Maurício Pestana

EDITORA ASSISTENTE: Hamalli Alcântara

REDAÇÃO

EDITORA-CHEFE: Flavia CirinoDIRETOR DE ARTE: Paulo AlexandreMÍDIAS SOCIAIS: Hamalli AlcântaraREVISÃO: Afonso LeiteCOLABORADORES: Augusto Baptista, Dione Rio, Emanuele Sanuto, Fernanda Alcântara, Fernando Ferraz e Márcio TellesCONSELHO EDITORIAL: Amarildo Nogueira, Carlos Machado, Carol Barreto, Dilza Muramoto, Evaldo Vieira, Hédio Silva Jr, Fábio Garcia, Fábio Pereira, Fátima França, Flávio Andrade, Francilene Martins, Jane Costa, Katleen Conceição, Mônica Faria, Olívia Santana, Petronilha Gon, Rachel Maia, Sandro Aloísio, Théo Van Der Loo e Uenia BaumgartnerDEPARTAMENTO JURÍDICO: Cleide Victorino

PARA [email protected]

SUGESTÃO DE PAUTASugestões, dúvidas e informações, escreva para: [email protected] ou com a editora-chefe: fl [email protected]

IMPRESSÃOGrafi lar - Tiragem 20.000

REVISTA RAÇA | 65REVISTARACA.COM.BR

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REVISTARACA.COM.BR

e profi ssionais citados nesta ediçãoe profi ssionais citados nesta ediçãoe profi ssionais citados nesta ediçãoAqui estão os endereços de lojas, escritórios e profi ssionais citados nesta ediçãoAqui estão os endereços de lojas, escritórios e profi ssionais citados nesta ediçãoAqui estão os endereços de lojas, escritórios e profi ssionais citados nesta ediçãoAqui estão os endereços de lojas, escritórios e profi ssionais citados nesta edição

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CAPA Produção: Paula Aprouch @paulaaprouch - CharloisAprouch (21) 99173-9039Maquiagem: Lucas Almeida - @bylucasalmeida - (21) 98099-6320Cabelos: Barbearia Puliceno - Barbearia Puliceno - @barbeariapulicenoo (21) 96528-9858� alita Mello - @imperioblacktranças - (21) 99948-0798Assistente de fotogra� a: Munique Barmasque

CAROL BARRETODendezeiro: @hisandeverdade & @prazerbatalha - Foto: Kevin OuxDiego Gama: @y.diegogama - Foto: Ramon Sousa � eo Alexandre: @thearvestuarioGui Amorim: @estudiotraca - Foto: Anthenor NetoWeider Silveiro: @weidersilveiro - Foto: Agência FotositeFábio Costa: @notequal - Foto: Samuel MendesJal Vieira: @jalvieirabrand - Foto: Camila RiveretoSilverio Brand: @silveriobrand - Foto: @telesari

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* NA EDIÇÃO 215, AS FOTOS DO EDITORIAL DE MODA ATIVISTA DE CAROL BARRETO SÃO DE JURANDY BOA MORTE (@CHEZBOAMORTE)

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