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Em primeiro lugar, quero referir que o ProjectoSeixal Saudável não nasceu do nada. Quando iniciámosum Projecto desta natureza, que exige a mobilização dacomunidade, já contávamos com a comunidadeseixalense, caracterizada por uma forte intervenção navida social. Somos um concelho com tradições do pontode vista do associativismo popular e do associativismooperário, que vem de há longas décadas e que defineuma cultura. Nós beneficiámos desse ponto de partida.

Um 2º aspecto a referir é o estilo de trabalhoinstaurado no Poder Local com o 25 de Abril. Emboratenha ocorrido há 25 anos, convém lembrar que até essaaltura o Poder Local não era eleito, era nomeado.

Esta nova situação, criada com a instauração dademocracia, dá início a uma relação diferente entre oPoder Local e a comunidade.

Um 3º aspecto é o estilo concreto do Poder Localque temos tido ao longo destes anos no Seixal, queprocurou promover as parcerias e a participação daspopulações na linha da cultura de intervenção que jávinha de trás.

Outro aspecto importante para este Projecto é ofacto de a Câmara Municipal se ter assumido comoentidade promotora. Isso deu ao Projecto, às parcerias eà participação das populações dois elementos funda-mentais que era necessário assegurar: a coberturapolítica e jurídica e a garantia dos meios.

No seu desenvolvimento o Projecto teve no Seixalvários momentos importantes. De entre eles sublinho adecisão de adesão ao Projecto tomada em 1991 e,sobretudo, a alteração qualitativa que se deu a partir doano passado com a decisão da candidatura à III Fase daRede Europeia.

A decisão da candidatura à III Fase da RedeEuropeia de Cidades Saudáveis representou um estímuloe uma necessidade. Para que a candidatura fosselevada a bom termo, era necessário que fosse elaboradoum Inquérito sobre o Estado de Saúde no concelho, ouvira comunidade sobre como sentia a saúde do concelho, oque pensava sobre o seu estado de saúde. Era necessá-ria a elaboração de um Perfil de Saúde, juntando osdados objectivos disponíveis sobre o que tem reflexo nasaúde. Era necessária a elaboração do Plano de Desen-volvimento de Saúde.

Do Plano de Desenvolvimento de Saúde decorreu

alguns aspectos importantes. Trata-se de um Plano para5 anos. Passamos a ter um horizonte temporal de 5 anospara organizar as coisas e para desenvolver o nossotrabalho o que exige uma mudança e uma elevação donível organizativo.

Ao pensarmos na organização do Projectoprocurámos definir objectivos e estratégias baseados nanossa experiência concreta. O que temos está à vossavista, por exemplo, no levantamento que foi feito paraeste Fórum dos projectos parcelares que se desenvolvemno concelho e que de alguma forma têm impactos emsaúde. Encontramos neste primeiro levantamento, ealguns faltarão, 95 projectos. Não são projectos de igualdimensão, há projectos de pequena, de média e degrande dimensão, mas são 95 projectos. Tudo istoenvolve um número muito grande de áreas de interven-ção e de entidades.

Tivemos que ter isso em conta ao desenvolver onosso trabalho.

Por outro lado queríamos reduzir o espaço detempo entre o detectar dos problemas e a sua resolução.Na base dos recursos de que dispomos temos queconjugar esforços para que as coisas se resolvam o maisdepressa possível. Portanto o Projecto deverá facilitar aintegração e a racionalização das acções, assegurar queo Projecto seja sustentado, que a concretização de cadaacção tenha continuidade.

A nossa estratégia assentou no apelo à participa-ção dos directamente interessados. Àquelas pessoasque já estão envolvidas em acções, que estão nasinstituições, que actuam junto das populações. Natural-mente, temos em conta as competências de cada um, oseu nível de actuação e, sobretudo, uma coisa extrema-mente importante, que é a sua complementaridade.

Procurámos tornar evidentes as vantagens daadesão ao Projecto, mostrar o que ganhamos ao aderir aum Projecto desta natureza. Numa mensagem funda-mentalmente dirigida aos líderes de opinião do nossoMunicípio procurámos evidenciar a vantagem de:racionalizar as intervenções e de potenciar os resultados.

É importante fazer com que aquilo que se obtenhanum determinado nível, se possa reflectir noutros níveis.É importante dar sustentabilidade aos projectos parcela-res. Com a adesão ao Projecto Seixal Saudável, asinstituições adquirem uma nova plataforma de diálogo e

SEIXAL SAUDÁVEL - UM PROJECTO EM MOVIMENTO

SEIXAL SAUDÁVEL -UMA EXPERIÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO DE PARCERIA

Dr. Joaquim Judas

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de intervenção na vida da comunidade, podem fazerrepercutir de uma forma mais ampla o seu pensamentosobre os problemas e sobre a sua solução.

Para dar forma a esta adesão, elaborámos umaDeclaração de Compromisso e foi proposto às institui-ções do concelho.

É um compromisso com as metas de Saúde paraTodos para o Século XXI, com o Projecto das CidadesSaudáveis e com a sua aplicação no concelho do Seixal.Numa primeira fase 62 entidades, instituições do conce-lho, ou com políticas e acções com impacto no concelho,aderiram ao Projecto. Procurou-se também com aDeclaração de Compromisso dar resposta ao importanteproblema da instabilidade da liderança. Um Projectodesta natureza não pode ter a sua continuidade inteira-mente dependente da mudança das pessoas que têm aresponsabilidade de conduzir os destinos das institui-ções. Com a Declaração de Compromisso procuramosfacilitar o desenvolvimento das parcerias na medida emque há um documento escrito, assinado, com ela procu-ramos também estimular a participação na elaboraçãodos documentos que dão forma ao Projecto.

A estrutura organizativa que temos resulta de tudoisto. Procuramos que a estrutura assegure uma parceriaque corresponda às necessidades do Plano, umaestrutura para funcionar durante os 5 anos do Plano.

Nessa estrutura organizativa um papel central éocupado pelo Fórum. Um Fórum das instituições queaderiram ao Projecto, que subscreveram a Declaraçãode Compromisso com Projecto e que têm o dever deavaliar se o Plano de Desenvolvimento de Saúde está aser bem aplicado.

Este primeiro Fórum, pelas circunstâncias da suarealização, tem dificuldades em cumprir este objectivo,trata-se ainda de um Fórum de divulgação do Plano e doProjecto, mas os próximos, que se realizarão no ano2000 e 2002, deverão estar em condições de avaliar ocumprimento do Plano.

Outro órgão fundamental é a Comissão Directiva,que estabelece a ligação entre todas as áreas deactividade e as várias instituições aderentes e a quemestá atribuída a responsabilidade de dirigir o Projecto. AComissão Directiva integra cerca de 40 pessoas. Nelaestão representantes de várias entidades oficiais, ligadasao poder central e ao poder local e também representan-tes de vários sectores da comunidade. Com a evoluçãodo Projecto, será eventualmente necessário encarar aparticipação na Comissão Directiva de outros sectoresque até agora não foram considerados.

Um outro órgão de grande importância é a Comis-são Coordenadora. Uma Comissão onde estão represen-tadas as áreas da saúde, da acção social, do emprego,da comunidade educativa e a Câmara Municipal.

Esta Comissão deve reunir mensalmente e garantiro acompanhamento próximo da execução do Plano.

A estrutura inclui ainda o Gabinete do Projecto quegarante o suporte técnico e administrativo à execução doPlano. É um órgão assumido pela C.M.S, cujos meios e

funcionamento são assegurados por esta.A constituição de Grupos de Trabalho para acom-

panhamento dos programas do Plano é uma tarefa quetemos em mão. Esta questão já foi colocada na reuniãoda Comissão Directiva que realizámos no âmbito dapreparação deste Fórum. Era nosso desejo que desteFórum saísse a constituição dos principais grupos detrabalho. Dificilmente o vamos conseguir, mas é umatarefa que temos de cumprir o mais depressa possível.

É importante também em termos organizativos aquestão da formação dos agentes promotores de saúde.

Tudo o que se tem passado neste Fórum tem muitode formação para todos nós. Saber o que é o Projectodas Cidades Saudáveis, o que é a saúde tal como éentendida hoje em dia e definir algumas pistas sobre anossa intervenção é importante, mas temos muitocaminho a fazer para adquirir a nova consciência e anova cultura de saúde que o Projecto exige de nós.

O futuro do Projecto começa neste Fórum, queestava previsto ser uma reunião dos aderentes, mas queentendemos por bem tornar numa reunião aberta a todaa comunidade.

Falámos há pouco em 62 instituições aderentes,mas mais 52 instituições aderiram e assinaram a Decla-ração de Compromisso com o Projecto durante a prepa-ração deste Fórum, são agora 102 instituições aderentes.

Tudo isto envolve novas responsabilidades emrelação ao futuro.

O que estamos aqui a fazer é um compromissocom a comunidade acerca do desenvolvimento doProjecto.

Há um grande potencial na nossa comunidade euma grande capacidade para o conseguir levar a cabo.

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COMO SURGIUNo período de Fevereiro a Abril deste ano decorreu

a III Fase de Candidatura à Rede Europeia de CidadesSaudáveis da Organização Mundial de Saúde - OMS - àqual o Município do Seixal se candidatou.

Um dos requisitos de candidatura foi a elaboraçãode um diagnóstico do estado da saúde no Municípiodo Seixal, ao qual denominamos “Perfil de Saúde doSeixal”.

O Perfil de Saúde foi elaborado segundo objectivosmuito específicos.

OBJECTIVOS•Identificar os problemas e as necessidades desaúde da população•Identificar os serviços e recursos disponíveis edefinir prioridades•Apresentar um retrato sociodemográfico dapopulação e dar informações sobre os estilos devida, o ambiente, os factores sociais e de saúdeque afectam o status de vida•Ser um importante documento de discussão sobreos principais problemas que afectam a saúde dapopulação•Ser um instrumento que permita avaliar as mu-danças

COMO FOI ELABORADOO Perfil encara o conceito de saúde de uma forma

holística. É um conceito que implica o bem-estar não sófísico, psicológico e social do indivíduo, mas tambémtodos os aspectos relacionados com o ambiente que orodeia.

Em torno deste conceito e para o caracterizarconstruiu-se, com base nas Metas da Saúde para Todosna Região Europeia e na lista de indicadores dasCidades Saudáveis (MCAP Indicators - Multi City ActionPlan), a grelha de indicadores a partir daqual se fundamentou a estrutura orgânica do Perfil deSaúde.

DIFICULDADES SENTIDASNa fase de recolha e tratamento dos dados:-dificuldades em obter dados desagregados porconcelho ou a um nível mais local (freguesia,bairro...)

- inexistência de dados para alguns indicadoresque consideramos importantes-relativamente aos serviços de saúde, diferentescritérios estatísticos e administrativos dificultaram aanálise comparativa

FONTES•Instituto Nacional de Estatística:-O último Recenseamento Geral da Populaçãode 1991 foi o documento mais actualizadopara muitos indicadores, o que levantao problema da desactualização dos dados•A Direcção-Geral de Saúde•A Sub-Região de Saúde de Setúbal•A Delegação de Saúde do Seixal•Os Centros de Saúde do Concelho•Centro de Emprego do Seixal•Gabinete de Planeamento e de Coordenação docombate à droga•Diversos serviços da Câmara Municipal do Seixal(Divisões de Ambiente, Água, Esgotos, Salubridade,Desporto, Educação, Redes Viárias, Plano DirectorMunicipal, Urbanismo, Habitação, Acção Social,Saúde...)•Projecções Demográficas da Marktest•Alguns estudos e inquéritos realizados no âmbitode Programas/Projectos. Destaca-se o Inquérito deopinião sobre o Estado de Saúde da População doSeixal, no âmbito do Projecto Seixal Saudável

Fazemos notar que este documento é uminstrumento de trabalho que requer umapermanente actualização, devendo esta reflectir,por um lado, uma melhoria nos processos de recolhados dados e sua fiabilidade e, por outro,monitorizar as mudanças operadas nos diferentesindicadores.

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PERFIL DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DO SEIXALDr.ª Mirieme Coelho

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INQUÉRITO DE OPINIÃO SOBRE O ESTADODE SAÚDE DA POPULAÇÃO DO SEIXAL

POPULAÇÃO-ALVODirigentes das Escolas, Colectividades de Cultura e

Recreio, de Instituições Particulares de SolidariedadeSocial, de Farmácias, responsáveis de Estruturas doPoder Central de acção local nas áreas da Saúde, daAcção Social, do Emprego, da Formação Profissional, doEnsino e da Segurança dos Cidadãos.

OBJECTIVONão foi recolher uma amostra representativa da

população do concelho, mas sim questionar a popula-ção- alvo sobre:

-Os factores com maior impacto na Saúde doindivíduo, da família e da comunidade/concelho-Os grupos-alvo de intervenção prioritária-As situações mais preocupantes na população doconcelho, em termos de saúde/doença

RESULTADOS•São factores com maior impacto na saúde doindivíduo os estilos de vida e comportamentos, apobreza (incluindo o desemprego) e os serviços desaúde•São factores com maior impacto na saúde dafamília as condições de habitação, a pobreza e osestilos de vida e comportamentos•Na saúde da comunidade os factores apontadoscomo tendo maior impacto foram o ambiente, osserviços de saúde e a pobreza (incluindo o desem-prego)•Como grupos de intervenção prioritária surge em1º lugar as crianças, em 2º lugar os deficientes,seguindo-se com valores próximos entre si, osidosos e os jovens•Como 1ª preocupação, surge a questão doconsumo de drogas/toxicodependência

DADOS DO PERFIL DE SAÚDESalientam-se alguns indicadores que nos poderão

dar uma visão global de como nos encontramos, emtermos de saúde, no Município do Seixal.

QUANTOS SOMOS•Segundo uma estimativa de 1997, a população doConcelho do Seixal ascendia a cerca de 140000habitantes.

O SEIXAL NA AML•Concelho do Seixal tem o maior crescimentodemográfico na Área Metropolitana de Lisboa, comas maiores taxas de crescimento efectivo e natural,representando um importante pólo de atracçãodemográfica.

GRUPOS ETÁRIOS•Segundo Projecções Demográficas a populaçãodo concelho com menos de 25 anos tem tendênciapara diminuir•O número relativo de idosos tende a aumentar

OS DEFICIENTES•Em 1996, 7,54% da população do concelho tinhaalguma incapacidade/deficiência

OS ISOLADOS•Em 1991, 9% da população eram isolados, dosquais 34,5% tinham idade igual ou superior a 65anos

DESEMPREGO•Taxa de desemprego registado em 1997:-12,02%-8,75% de desempregados do sexo masculino-16,48% de desempregados do sexo feminino

Esta percentagem deve ser relativizada por-que:-Refere-se unicamente ao universo de inscritosno Centro de Emprego para efeito de subsídiode desemprego e de procura de emprego;-A população activa de referência para o seucálculo foi a de 1991

COMO ESTAMOS•A qualidade da água que bebemos é boa:-Apenas 0,7% das medições, em 1997, excederamos zero coliformes fecais-Nas análises aos parâmetros de nitratos e flúor,nenhuma excedeu os valores máximos admissíveispor lei-Cerca de 100% da população abrangida comabastecimento de água canalizada.•O ar que respiramos também é de boa qualida-

de:-Os índices calculados a partir dos valores dedióxido de enxofre (SO2), medidos (pela Comissãode Gestão do Ar do Barreiro e Seixal) entre 1992 e1996, são iguais a 0%.-As Partículas Totais em Suspensão (PTS) nãoultrapassam os valores máximos previstos nalegislação em vigor.•Drenagem e tratamento de águas residuais:-Cerca de 96% da população dispõe de sistemasde drenagem de esgotos, representando umamelhoria muito considerável em relação à últimadécada•Recolha de resíduos sólidos urbanos (RSU), em

1997:-foram recolhidos em contentores 80,49% do totalde RSU recolhidos-Registou-se, ainda, recolha selectiva voluntária de:vidro, papel/cartão, pilhas, monos, pneus, entulho,

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ramagem, radiografias e materiais ferrosos•Tratamento dos RSU, em 1997:-A totalidade dos lixos recolhidos foram deposita-dos em aterro sanitário-A totalidade dos chamados resíduos valorizáveis(vidro, papel/cartão) recolhidos foram reciclados•Espaços Verdes:-Em 1992, a área total de espaços verdes nomunicípio era de 4334 hectares, correspondendo a46,6% da área do município

DO QUE SE MORRE•Taxa de mortalidade geral por todas as causas,

em 1996:-Era de 663,6 por 100 000 habitantes, sendosuperior nos homens em relação às mulheres.Analisando os óbitos por grupos etários no

concelho do Seixal, em 1996, verificamos que 84,1%ocorrem em indivíduos com 50 e mais anos

•Principais causas de morte, em 1996:-doenças do aparelho circulatório – 274,01-tumores malignos – 132,40-Os óbitos por acidentes são a principal causa demorte até aos 24 anos.-Para além dos acidentes e dos suicídios, ostumores malignos e as doenças do aparelhodigestivo são aquelas que provocam os númerosmédios de anos de vida perdidos mais elevados noconcelho do Seixal, pois são a causa de morte depessoas mais jovens.

DO QUE SE SOFRE•Morbilidade-Por doenças cardiovasculares: elevadamorbilidade no Concelho do Seixal em 1996.-Por tumor maligno, segundo o Registo OncológicoRegional (ROR), no período de 1989 a 1997:

1. Tumor maligno da mama – 16,75%2. Tumor maligno do cólon e recto – 13,93%3. Tumor maligno dos pulmões e brônquios –13,61%

-O cancro da mama é o mais frequente na mulhere o cancro dos pulmões e brônquios no homem•Doenças Transmissíveis de Declaração Obriga-

tória, em 1996:-Tuberculose pulmonar com uma taxa de incidên-cia de 54,3% por 100000 habitantes, sendo a taxanacional de 46,9%.O maior número de casos registam-se entre os 15 eos 34 anos.-Hepatites com uma taxa de incidência de 29,83%por 100000 habitantes.Na hepatite B e C os valores mais elevados apre-

sentam-se nos grupos etários mais jovens, fenómenoque alguns estudos tendem a relacionar com aprevalência de toxicodependências.

-SIDA – Não dispomos de dados do concelhoO número de diagnósticos de novos casos a nível

nacional tem vindo a aumentar gradualmente. Do totalde casos notificados de 1983 a Setembro de 1997, 84%são do sexo masculino e 69% situam-se nos gruposetários dos 20 aos 39 anos. Quanto aos factores detransmissão, 42% são toxicodependentes.

COM QUE SAÚDE SE VIVE•Em 1996, 6,5% dos nascimentos no concelho

deram-se com mães com idade menor ou igual a 19anos.

•Segundo um estudo por amostragem, em 1997 ataxa de crianças com peso baixo à nascença era de5300 por 100 000 nados-vivos.

•Saúde Ocupacional:-Em 1995, apenas 3,8% de 475 empresas doconcelho têm médico de trabalho.•Uso de Drogas ilícitas:

-Quanto ao consumo e tráfico os dadosexistentes referem-se à repressão-Presumíveis infractores por tráfico e/ouconsumo de droga em 1996, no concelho doSeixal, foram 141-Destes 52,5% são presumíveis consumidores,34,7% traficantes/consumidores e 12,8%presumíveis traficantes-Não temos dados referentes ao número depessoas do Seixal em tratamento no CAT deAlmada e nas Unidades Terapêuticas

COMO SÃO OS CUIDADOS DE SAÚDE•A cobertura da população pelo Serviço Nacional

de Saúde no concelho do Seixal foi feita até Janeiro de1998 por dois Centros de Saúde (Amora e Seixal) e asrespectivas sete extensões. A partir desta data entrou emfuncionamento o Centro de Saúde de Corroios. A unidadehospitalar é o Hospital Garcia de Orta em Almada,estando o concelho integrado na Sub-Região de Saúdede Setúbal.

•Rácios dos profissionais de saúde – dadosreveladores das carências existentes:

-Existe 1 médico de família para 1651 utentes noCentro de Saúde do Seixal e 1/2454 no Centro deSaúde da Amora-Existe 1 enfermeiro para 1706 utentes no Centro deSaúde do Seixal e 1/2521 para o Centro de Saúdeda Amora.•A cobertura em planeamento familiar das

mulheres inscritas nos centros de saúde em idade fértil(15 aos 49 anos) situa-se nos 32,4%.

•As sessões de preparação para o partotiveram uma taxa de cobertura de 31,3%, a nível doconcelho.

•Em relação ao Plano Nacional de Vacinações(PNV), em 1996 atingiu-se uma taxa de 94,9% nascrianças até aos 12 meses e uma taxa de 94,8% dascrianças aos 24 meses.

•Saúde Escolar-existem acções ligadas à saúde oral.

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O QUE TEMOS•Base de dados com todas as instituições, nas

áreas da educação, cultura, desporto, infância, juventu-de, idosos, deficientes, minorias étnicas, centros comuni-tários e associativismo, estando em permanenteactualização.

•Cartas de Equipamentos (Carta Escolar, Carta doInvestidor, Carta dos Equipamentos Desportivos, Carta daSaúde,…) já elaboradas ou em fase de execução,através das quais é feito o planeamento dos equipamen-tos.

•Outros instrumentos de planeamento estratégicode que se destacam: o Plano Director Municipal, Planode Circulação Viária e Transportes, Plano para umSistema Integrado de Resíduos Sólidos, Plano Geral deSaneamento, Plano de Valorização da Baía Natural doSeixal, Plano Verde do Concelho, Plano de Desenvolvi-mento Desportivo, Planos Anuais de Acção Escolar

•Temos uma página na Internet, a funcionar noâmbito do Fórum “Juntos pela Saúde”, com informaçãodo Projecto Seixal Saudável

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O Plano de Desenvolvimento do Seixal representa,durante cinco anos até 2002, uma estratégia para aimplementação da saúde e qualidade de vida no Seixal,um concelho que em poucos anos se transformou numcentro urbano com todas as complexidades inerentes.

O Plano de Saúde significa novas ideias de traba-lhar e de promover a saúde no Seixal onde a principalpreocupação é a melhoria do seu ambiente interno eexterno de forma a que o Seixal se torne numa cidadesaudável onde apeteça viver.

Todos juntos construímos o nosso Plano de Saúde.Este assenta conceptualmente nas linhas de

orientação das Metas de Saúde para Todos da Organiza-ção Mundial de Saúde e nos Princípios da Carta deOtawa, nas Prioridades de Promoção de Saúde definidaspela Declaração de Jakarta e no Programa das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento Sustentado - Agenda 21.No quadro nacional e regional articulam-se com asEstratégias de Saúde do Ministério da Saúde e com asEstratégias Regionais de Saúde da A.R.S. Setúbal.

Para a sua construção partimos de uma grandeexperiência local de Planeamento, como são exemplos oPlano Director Municipal, outros planos específicos comoa Carta Escolar, o Plano Integrado de Tratamento deResíduos Sólidos e o Plano Geral de Saneamento eTratamento de Águas Residuais, a Carta Verde Municipale tantos outros cujo efeito tem um impacto importante nasaúde.

Partimos também de profundas raízes na tradiçãosociocultural do Município através de formas de auto--organização de participação dos cidadãos, na vidacultural, política, associativa do Município, através deserviços e outros agentes da Comunidade Educativa, daSaúde, do Emprego, de Projectos em Parceria de Promo-ção de Saúde, cuja participação da comunidade éfundamental no respeitante às escolhas dos estilos devida, de utilização dos serviços e na própria influênciadirecta nas decisões do Projecto.

E por último aprofundámos e investigámos oestado de saúde da população, ponto de partida para adefinição de prioridades e programas de intervenção.Este estudo consiste na realização de um inquérito àpopulação, na realização de análise de dados e tambématravés do levantamento dos problemas de saúde.

O prosseguimento de auscultação e da recolha decontribuições junto das Organizações Locais, Regionais e

Nacionais e de Investigação assegurará o processo dequalificação do Plano.

Perguntarão agora então o que nos propomosfazer?

Estamos a trabalhar juntos para que a saúde e obem-estar no Seixal seja colocado como alta prioridadena agenda de cada Serviço Municipal, de cada Institui-ção, de cada Cidadão.

Definimos os seguintes objectivos:A igualdade no acesso à saúdeCada homem, cada mulher, cada criança, deveráter igualdade de acesso à saúde.Combater as desigualdades provocadas pormanchas de pobreza e exclusão social, por falta deinformação, por falta de recursos, é o que nospropomos fazer.Igualmente promover a saúde e prevenir asdoenças. A noção de que não basta tratar asdoenças. É preciso evitá-las e sobretudo promovero bem-estar de uma forma positiva.Para melhorar a saúde é fundamental intervir nos

factores que a condicionam eliminando ou reduzindoaqueles que a prejudicam como a poluição, o stress, asmás condições de habitação e reforçar todas aquelasque a facilitam como respirar ar puro, ter um ambientesaudável, hábitos alimentares saudáveis e tantos outros.

E, como é óbvio, quer a participação da comunida-de no sentido da auto-responsabilização quer a colabo-ração intersectorial são fundamentais em todo esteprocesso.

Para o desenvolvimento do Plano contamos com oacompanhamento pelos órgãos de coordenação, sendonecessário identificar as actividades de cada sector quecontribuem para melhorar a saúde numa perspectivapolítica, forte componente de imaginação e visão paranovas formas de criar saúde e finalmente o focus no “oquê“ ou seja, nos ganhos em saúde.

O Plano de Saúde propõe-se desenvolver cincoáreas fundamentais, que não se excluem mas que seinterligam:

Actuar nos condicionantes de saúde, melhorar aqualidade de vida urbana, elevar o nível de saúde,diminuir a prevalência de doenças, viver mais e melhor,ou seja, aumentar a esperança de vida com melhorqualidade de vida.

Vamos dar alguns exemplos de programas em

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Dr.ª Celeste Gonçalves

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO SEIXAL

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desenvolvimento:No Plano da Redução das Desigualdades em

Saúde uma atenção especial para as manchas depobreza de exclusão como a intervenção nos bairrosdegradados de minorias étnicas existentes no Seixal, acobertura de famílias abrangidas pelo RendimentoMínimo Garantido, o desenvolvimento de programas deapoio alimentar a alunos carenciados, a elevação donível de educação, quer através da Escola de 2ª Oportu-nidade quer a criação de cursos de alfabetização deadultos.

Relativamente à melhoria da qualidade de vidaurbana e ambiente físico, como uma das áreas funda-mentais na saúde dos indivíduos, a aposta na necessi-dade de aumentar os espaços verdes, a criação de umprograma de controlo de resíduos industriais, resíduosclínicos e resíduos sólidos, a garantia de uma água deboa qualidade.

Nesta área é fundamental a Educação Ambiental apartir das Escolas, mas também a sensibilização de todaa comunidade na preservação e conservação do meioambiente.

Uma boa rede de transportes leva a uma reduçãodo tráfico automóvel, encoraja a marcha, reduz osacidentes e a poluição aérea com reflexos positivos paraa saúde.

A execução do Plano de circulação viária e trans-portes, o aumento de capacidade de estacionamento euma melhor oferta de transportes públicos são algunsexemplos previstos no Plano.

Os comportamentos e estilos de vida interferem emquase 50% do padrão de saúde das populações.

A prática do exercício físico, o combate ao tabagis-mo, nomeadamente nos grupos de jovens, a higiene equalidade alimentar nas escolas, nos estabelecimentosde indústria alimentar e cantinas são projectos dedesenvolvimento.

Combater o stress, um flagelo das sociedadesurbanas actualmente, de modo a que haja uma boasaúde mental assim como promover a saúde no local detrabalho, são acções previstas no Plano em que ascomponentes de informação, educação, mudança deatitudes a partir dos mais jovens são fundamentais parao seu incremento.

Gozar de boa saúde é também não estar doente.No Seixal já foram identificadas as principais patologias.É preciso controlar, prevenir e baixar a sua taxa deincidência e prevalência. São exemplos as doençascardiovasculares, os cancros, os acidentes, as doençastransmissíveis e as toxicodependências, através de umaadequada articulação com os serviços de saúde, odiagnóstico precoce e os comportamentos de risco.

Ao longo do ciclo da vida existem determinadasdoenças que podem ser prevenidas se tiverem umavigilância adequada numa perspectiva de promoção desaúde.

Trata-se, por exemplo, de proporcionar um desen-volvimento saudável e harmonioso às crianças, a

detecção de patologias na mulher, nomeadamente nagravidez e planeamento familiar assim como proporcio-nar uma melhor vida aos idosos, aos deficientes eminorias étnicas com grandes necessidades nas áreassociais e de saúde, como os Projectos “Incluir” e de“Cuidados Continuados”.

Os grupos de voluntariado e a colaboraçãointersectorial são fundamentais para o seu desenvolvi-mento.

Finalmente, os serviços de saúde são consideradospela comunidade o segundo factor com maior impactona saúde.

Estão em prática mecanismos de melhoria dosserviços que incluem a melhoria de acessibilidade,programas de articulação entre o Hospital e os Centrosde Saúde e que irão ser aprofundados noutro painel.

Sintetizámos alguns programas que se fundamen-tam nos impactos que para a saúde têm as actividadesde diferentes sectores. Todos eles têm as suas metas quedependem do nível de desenvolvimento à partida.

Os Projectos identificados foram definidos comoaqueles que têm um sentido colectivo.

São os que são capazes de permanecerem aolongo do tempo e reconhecidos pela comunidade comofundamentais, são os que favorecem a participação nasfases da concepção, decisão e execução e são finalmen-te os que se pensam ser possíveis de ser realizados,avaliados e acompanhados.

Pensar e construir o primeiro desenho do Plano deDesenvolvimento foi um objectivo conseguido com acerteza de que vários retoques, avanços e recuos serãonecessários ao longo do tempo, com muita humildademas também com muito rigor de modo a que seja umprocesso permanente de construção com as pessoas doSeixal.

Para isso foi necessário desenvolver áreas funda-mentais para a sua sustentabilidade.

A criação de uma base de dados do Projecto quedisponha de mecanismos de informação rápida eactualizada para acompanhamento dos indicadores deavaliação, o estabelecimento de protocolos com institui-ções universitárias para avaliação e investigação, demodo a que as nossas atitudes e práticas sejam funda-mentadas em suportes científicos.

A necessária articulação em rede com outrascidades do nosso país e a nível internacional para trocade experiências e aferir processos e resultados e final-mente a garantia do seu financiamento através dedotação específica do Orçamento Municipal e outrasfontes de financiamento dos Fundos Comunitários.

Em síntese, o Plano de Saúde desenvolve muitasdas linhas de actuação já em curso, agora de uma formaarticulada e integrada e reorientada para os ganhos emsaúde.

Porém muitas questões se nos colocam nestecaminho a percorrer.

- Que transformações sociais nos esperam a níveldo emprego, da economia, da educação e outras

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que se irão reflectir nos níveis de saúde?- De que modo os novos estilos de vida irão afectara saúde das populações?- Até que ponto o sistema de informação local nãoterá que ser redesenhado à luz da necessáriamonitorização do Plano e em que medida osdiferentes sectores estão preparados para taltransformação?- Até que ponto a articulação intersectorial estaráfacilitada em estruturas com uma hierarquia levadaao nível vertical? De que modo se ultrapassamesses obstáculos?- Como envolver, de facto, os órgãos de Comunica-ção Social como agentes fundamentais na divulga-ção, informação e sensibilização da comunidadeenquanto co-responsáveis no processo de promo-ção de saúde?- Como avaliar com objectividade os ganhos emsaúde e onde é que intervir provoca a mudança?Meus senhores e minhas senhoras, a Câmara

Municipal, os órgãos de gestão do Projecto, as váriasdezenas de instituições subscritoras do Projecto acredi-tam neste Plano de Desenvolvimento e reafirmaram asua vontade de participação activa no Projecto SeixalSaudável.

Nós reafirmamos a natureza global da saúde e sódesta forma articulada é que juntos construímos a saúdee qualidade de vida no Seixal.

O desafio que deixamos é que se juntem a nósneste movimento pela saúde, por todos nós, e pelamelhor herança que podemos deixar aos nossos filhos.

SEIXAL SAUDÁVEL - UM PROJECTO EM MOVIMENTO

FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

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FÓRUM SEIXAL SAUDÁVEL - JUNTOS PELA SAÚDE

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