Fonética e fonologia

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Por que estudar fonética e fonologia?

• Ensino de L2• Ensino de L1 – AL (aquisição fonológica)• Atividades clínicas – fonoaudiologia (sem esses

conhecimentos, as terapias seriam muito longas e sem grandes resultados)

• Conhecimentos sobre o desenvolvimento da escrita e concepções de ‘erro’

• Conhecimentos dialetais – amenizar o preconceito lingüístico.• Análises históricas mudança sonora• Tecnologias de reconhecimento de fala (ASR)• Perícia...

Fonética e Fonologia

SONS

Estudo dos sons

PRODUÇÃO articulaçãoCOMPOSIÇÃO formaçãoDISTRIBUIÇÃO lugar na palavraFUNÇÃO vogal ou consoante

Fonética

• Propriedades (físicas) dos sons da fala percepção e produção.

• Plano concreto/físico/tangível/motor da fala – performance.

• Identifica, descreve e classifica os sons articulados.

• Unidade mínima = [fone]

Fonologia

• Plano abstrato, subjacência (inconscientes, mentais) – competência.

• Organização dos sistemas de sons das línguas através da representação e formalização de modelos/processos sonoros.

• Dá conta do conhecimento (implícito) que os falantes têm das unidades mínimas sonoras da sua própria língua.

• Explica o funcionamento dos sistemas de sons das línguas

• Unidade mínima /fonema/

Fonética vs. Fonologia

Fala Descritiva Fisiológico FONES Performance ou

desempenho Geral

Língua Explicativa Valor distintivo FONEMAS Competência

Particular

Fonologia

Fonética

FONÉTICA

• Fonética articulatória descreve e classifica os sons da fala a partir de como são produzidos;

• Fonética acústica o estudo das propriedades físicas dos sons e do percurso que as ondas trilham;

• Fonética auditiva como os sons são captados pelo aparelho auditivo e interpretados pelo cérebro humano.

SISTEMA FONATÓRIO

SISTEMA ARTICULATÓRIO

SISTEMA RESPIRATÓRIO

• Alfabeto Fonético Internacional (IPA)

Associação internacional de Fonética, em

Paris-1886.

• Notação padrão - representação fonética.

Articulação da fala. Qual é o modo de saída do ar?

• Após completa oclusão –sons oclusivos que saem como uma explosão, de uma só vez: [p, b]; [t, d]; [k, g]

• Com oclusão parcial –sons fricativos, emitidos enquanto há ar nos pulmões [θ,ð]; [f, v]; [s,z]; [,]; [X, ]; [h, ], [, ]

• Com passagem até pelo nariz: provoca sons nasais: [m, n, ]

• Com oclusão evoluindo para soltura do ar: provoca sons africados []

• Após a batida da língua no palato: tepe alveolar [], retroflexo []

• Com passagem de ar pelas laterais da língua: [l, , ]

Vogais e consoantes

• Consoante - movimento de cerramento- abrimento, com um máximo articulatório, enquanto

• Vogal - movimento de abrimento-cerramento, com um mínimo articulatório, sem esforços.

Escala de estreitamento

Oclusiva Nasal Vibrante Fricativa Lateral Aproximante Vogal

+ -

SISTEMA CONSONANTAL

• Modo de articulação

Oclusivas – Fricativas – ,

Africadas -Líquidas – Nasais –

• Ponto de articulação

Bilabiais – p, b, m, , Labiodentais – f, vAlveolares – t, d, n, s, z, l, Alveolopalatais - Palatais - Velares – k, gGlotal -

Pontos ou zonas de articulação

• Pontos móveis + estacionários

• Determinados a partir dos movimentos dos órgãos móveis em relação aos estacionários

Articuladores ativos e passivos

»Ativo: lábio inferior»Passivo: lábio superior

»Ativo: lábio inferior»Passivo: dentes incisivos

superiores

»Ativo: lâmina da língua»Passivo: alvéolos

Bilabiais

Labiodentais

Alveolares

Articuladores ativos e passivos

»Ativo: língua»Passivo: palato duro

»Ativo: parte posterior da língua»Passivo: véu palatino

»Ativo: músculos ligamentais da glote»Passivo: músculos ligamentais da

glote

Palatais e Alveolopalata

is

Velares

Glotal

Fases das plosivas (oclusivas)

• Oclusão• Manutenção ou hold• Soltura ou release

Ex.: [b], [p] ~ [t]

* Não temos consoantes nasais finais, como em ‘spin’. Essas nasalizam as vogais, mas não são articuladas com manutenção, como em “canto”.

Exemplos de diferentes articulações

• Fricativas bilabiais - b -

Como ocorrem no PE e no espanhol.

• /t/ e /d/ = alveolares (PB).

• Inglês /t/ e /d/ = retroflexos (dark)

• Assim como o /p/ pode ser aspirado (p) pot

• Possibilidade de alveolar em línguas germânicas, como esquilo em alemão.

Eichhörnchen

Fonética possibilidades articulatórias

FALA

Fonologia sistema contrastivo

LÍNGUA

Representação subjacente x

forma fonética

/bolo/‘bolo‘bolu

[‘bolu]

FONOLOGIA

Evidências para a existência do nível subjacente (fonológico)

• Diferentes produções para /s/ em diferentes contextos: asas pretas, asas brancas, asas amarelas.

• Implica que se considere a existência de um nível que reconhece semelhanças entre os vários ‘s’ e que modifica a sua produção, conforme o contexto.

• Fonologia: processo de abstracção das regularidades comuns a determinados sons co-ocorrentes e mas em variação

• Noção de fonema como unidade contrastiva

zelo / selopato / gato

Arquifonema e Alofonia

/gaRfo/ - [‘garfu]

Arquifonemas do PB

/S//R//L//N/

• Arquifonema /R/ - sofre alofonia, manifestando-se, foneticamente, como:

– Alofones: diferentes realizações do mesmo fonema – como é que se sabe que é o mesmo fonema? -> sempre que for possível extrair uma regra que dê conta dos vários contextos.

– Arquifonema: neutralização de fonemas.

– Distribuição complementar (ou variantes contextuais) – os alofones dependem da posição do fonema na palavra – é necessário determinar uma regra que descreva o contexto de um fone ou de outro.

Ex.: tia – ‘tia (depende de contexto interno)

pata ~ dedi

– Variantes livres – variantes dialetais – não há qualquer regra que determine o seu uso (o seu uso é generalizado).

Ex.: ‘vezgu x ‘vegu ~ /veSgo/

/S/ Arquifonema

Alofones [] [] [z]

asas pretas asas brancas asas amarelas

Variação

O sistema vocálico• As vogais do PB caracterizam-se, fonologicamente, por ocuparem

a posição de núcleo silábico, necessariamente.

• Não é permitido, na LP, haver uma consoante ocupando o núcleo, como ocorre no inglês, como no caso da palavra /botl/ (bottle).

• Só essa restrição de natureza fonológica já estabelece uma diferenciação, em termos de sistema, entre vogais e consoantes.

• A LP constitui um sistema que reputa ideal para a aplicação do critério distribucional, uma vez que suas consoantes não exercem função silábica, pois o núcleo da sílaba sempre é uma vogal.

• Isso quer dizer que, na língua portuguesa, o conceito de vogal, fonologicamente, coincide com o de “silábico”.

O sistema vocálico

• Câmara Jr. (1970)

Classificou quanto à articulação (altura da língua):

− vogal baixa (a)− vogais médias de primeiro grau (, )− vogais médias de segundo grau (e, o)− vogais altas (i, u)

• Leva-se também em consideração o movimento da língua em relação às porções da cavidade bucal. A vogal mais posterior e mais arredondada é a /u/ e a mais anterior e menos arredondada é a vogal /i/.

• A vogal /a/ fica em uma posição central, e as médias ficam em uma posição intermediária, tanto em termos de altura, quanto em relação à anterioridade alvos comuns de processos e regras fonológicas.

• Em sílaba tônica, encontram-se oposições entre os sons vocálicos /a/, //, /i/, // e /u/:

s[a]co, s[e]co, s[]co, s[o]co, s[]co, s[u]co

• Quando a sílaba tônica é seguida de consoante nasal, ocorrem as médias de segundo grau e as de primeiro grau não se aplicam.

• O quadro de vogais na posição pretônica se reduz a cinco fonemas. ???

• Em sílaba tônica, encontram-se oposições:

s[a]co, s[e]co, s[]co, s[o]co, s[]co, s[u]co

• Em posição pretônica neutralização

• Neutralização vocálica o traço distintivo é perdido na posição pretônica.

• Não há mais divisão entre /e/ e // e entre /e/ e // enquanto unidades fonológicas distintas, visto que, em posição pretônica, não há oposições entre esses fonemas.

• Além da neutralização, são alvo de harmonia vocálica

pepino > pipinu, coruja > curuja

“Mas esse fenômeno não possui o caráter fonológico da neutralização. Trata-se de variação, que não provoca alteração no sistema” (BATTISTI E VIEIRA, 2005, p. 173).

• Regra de elevação ou alçamento:

Leis fonéticas

• Força mecânica que rege a produção de sons leis que não admitem exceção.

• Lei do menor esforço assimilação, facilitação articulatória, saliência fônica.

Ex.: tia ~ t

tambor ~ dente

[ ‘] ~ [ ‘]

[‘] ~ [‘ahdo] / [‘]

Saliência fônica

• Lemle & Naro (1977): quanto menor a distinção, maior a tendência em neutralizar a oposição e prevalecer o uso de apenas uma das formas.

] ,]

acabou x acabei ~ meio x meia

• Em sílabas átonas finais - neutralização entre médias e altas, restando apenas 3 vogais, como em tir[u], tir[i], tir[a].

• Vogais em posição postônica não-final neutralização entre as posteriores.

• Câmara Jr. (1970): a oposição entre /o/ e /u/ é uma convenção da escrita, pois, na oralidade, em posição postônica, a média /o/ ocorre como /u/, sistematicamente.

• Em posição de sílabas átonas finais, ocorre neutralização entre as médias e as altas, restando apenas 3 vogais, como em tir[u], tir[i], tir[a].

• Em português, o arredondamento não é

distintivo, é redundante.

• Toda vogal posterior é arredondada, ao

contrário do francês.

Sistema vocálico da língua francesa

VOGAIS SECUNDÁRIAS:

MESMO PONTO COM INVERSÃO DO TRAÇO DE ARREDONDAMENTO

• Parte do nível fonológico para o fonético

/ [‘] [‘]

• Regras fonológicas – ambiente, contexto

• Classes naturais

Premissas da fonêmica

• Os sons tendem a ser modificados pelo ambiente em que se encontram (sons vizinhos ou precedentes, fronteiras de sílabas, morfemas, palavras e frases, posição do som em relação ao acento).

V___V - barata#____ - suco____# - bolu____+__ - mesmu____$__ - transporte

A SÍLABA

(C) (C) (G) V (G) (N) (C)

ONSET

(Ataque, cabeça ou margem inicial)

NÚCLEO CODA

(margem final)

A sílaba

Exercício

• Imagine que você sorteou as seguintes letras:

R, B, A, F, O, L , C, I, D

• Quantas palavras podem ser formadas?

Restrições combinatórias

• Intervocálica 19 segmentos

• Absoluta 16 segmentos

(, e não se aplicam, com exceção de lhama, por exemplo)

Onset complexo

• C1 – plosiva ou fricativa • C2 – [l] ou [r]

fruta, prato, planta, ...

Exceção:Vl – Vladimir (empréstimos)Tl – atlas (derivados do latim)Vr – vridu (interna à palavra é possível livro)

Coda

/S/ - /paSta/

/R/- /toRto/

/L/ - /boLsa/

/N/- /kaNto/

‘sali’

‘spali’

As línguas variam quanto aos seus inventários fonéticos e quanto à organização da estrutura silábica.

• Só mais tarde a criança alcança a coda que trava a sílaba

Carne, marmelada, porta