Folha Carioca / Agosto 2011 / Ano 10 / nº 91

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Saúde Cuidados paliativos 23 18 Arlanza Crespo O homem, a barata e o caramujo 4 Quem é quem Marco Rodrigues Agosto 2011 Ano 10 N o 91

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Edição agosto 2011

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Saúde

Cuidados paliativos

2318 Arlanza Crespo

O homem, a barata e o caramujo

4 Quem é quem

Marco Rodrigues

Agosto 2011 Ano 10 No 91

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editorial

Numa sociedade a vida fica mais fácil se entendermos que dependemos uns dos outros para viver melhor. Sabe aquele ditado “A união faz a força”? Pois bem, faz tempo que os moradores do Rio saíram de sua passividade, se mobilizaram e começaram a lutar por seus direitos. Uniram-se em associa-ções de moradores, grupos estudantis, instituições civis, militares e ONGs. A população reivindica que seus direitos sejam atendidos, que os serviços urbanos sejam oferecidos a todos os cidadãos, que os recursos públicos sejam bem aplicados, que os setores populares tenham participação nas decisões políticas. Reivindicam direito a não ter bares e restaurantes barulhentos como vizinhos, a um transporte coletivo decente, a praias despoluídas, a andar nas ruas com segurança e assim por diante. Embora seja um processo lento, cujos resultados demoram a aparecer, os movimentos sociais produzem efeitos positivos para todos. A Folha Carioca traz em sua matéria de capa um texto de Lilibeth Cardozo sobre os movimentos populares na cidade e algumas de suas conquistas.

Dando continuidade à nossa proposta de mostrar eventos interessantes pela cidade, apresentamos na página 10 desta edição o projeto Hub. Criado em Londres em 2005, e desde então presente em mais de 25 cidades pelo mundo, o Hub é um espaço de trabalho colaborativo que conecta empre-endedores com ideias inovadoras. Seus negócios têm a missão de gerar, paralelamente ao retorno financeiro, impacto social, ecológico e econômico positivo. O Hub será oficialmente lançado durante a Hub Escola que acontece no período de 21 a 28 de agosto, na rua das Palmeiras, 35, em Botafogo.

Ainda temos uma excelente entrevista de Maria Luiza de Andrade com o médico Antonio Egidio Nardi sobre depressão na terceira idade e as di-ficuldades e preconceitos que os idosos enfrentam ao buscar ajuda para o tratamento dessa doença.

Esta edição ainda traz outros textos de nossos colunistas sobre saúde e qualidade de vida. Uma matéria de Ana Cristina de Carvalho sobre como os exercícios nos aparelhos de Pilates podem deixar você com movimentos elegantes e uma postura saudável. Linda Lerner descreve os benefícios de se fazer uma alimentação saudável através da ingestão de alimentos crus, transfor-mados em suco, como hortaliças, legumes, grãos germinados, brotos, frutas e castanhas. Sandra Jabur mostra por que as atividades aquáticas, como natação e hidroginástica, são recomendadas para pessoas com sobrepeso, sedentárias ou até recém-submetidas à cirurgia bariátrica (redução do estômago).

Boa leitura!

Sem pressão, sem solução

FundadoraRegina Luz

EditoresPaulo Wagner / Lilibeth Cardozo

DistribuiçãoGratuita

JornalistaFred Alves (MTbE-26424/RJ)

Revisão Petippa Mojarta e Marilza Bigio

ColaboradoresAlexandre Brandão, Ana Cristina de Car-

valho, Arlanza Crespo, Gisela Gold, Haron

Gamal, Lilibeth Cardozo, Linda Lerner,

Oswaldo Miranda, Maria Luiza de Andrade,

Sandra Jabur Wegner, Sil Montechiari, Suzan

Lee Hanson

Captação de AnúnciosAngela: 2259-8110 / 9884-9389 Marlei: 2579-1266

O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Capa Renan Pinto sobre foto de Evandro Teixeira publicada pelo Jornal do Brasil que registrou a “Passeata dos Cem Mil” ocorrida em 26 de junho de 1968, na cidade do Rio de Janeiro

Projeto gráfico e arteVladimir Calado ([email protected])

índice

colunas

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06 Suzan Lee Hanson08 Ana Cristina de Carvalho09 Sandra Jabur Wegner11 Lilibeth Cardozo 12 Linda Lerner13 Alexandre Brandão

18 Arlanza Crespo19 Sil Montechiari20 Oswaldo Miranda 24 Tamas24 Haron Gamal25 Gisela Gold

2295-56752259-81109409-2696

ENTRE EM CONTATO CONOSCOLeitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.

[email protected]

Quem é quem

Marco Rodrigues

Passa-tempo

100 perguntas

Saúde e bem-estar

Movimentos elegantes e postura saudável

Saúde e bem-estar

Atividades aquáticas para obesos

Pela cidade

Hub Escola

Capa

Movimentos populares

Perfil

Antonio Egidio Nardi

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Arlanza Crespo

Surfando sobre o tempo

Marcamos primeiro no domingo, mas fui logo avisando que de manhã eu tinha um com-promisso inadiável com o sol. Ele riu e disse que também. Combinamos então para o dia seguinte, às duas da tarde. Não sei como, me confundi, e cheguei dez minutos antes, uma gafe que acabou dando certo. Ele abriu a porta, pediu desculpas por estar à vontade e com a barba por fazer e sorriu com os olhos azuis. Mas um encontro com uma pessoa verdadeira era tudo que eu queria para a minha entrevista! O apartamento desarrumado (ele já está se mudando), os livros em cima da mesa, aquela desordem que deixa as pessoas à vontade era o que eu precisava para sentir o momento que ele estava vivendo.

Entrei e ele foi logo mostrando o corpo sarado e me disse que tinha 66 anos (parece ter 50). Depois foi logo contando que vai casar, e da sua paixão por Alicinha Silveira, com quem namora há um ano e meio. “Tive a sorte de

encontrar minha alma gêmea e parceira pra toda vida”, me fala mostrando a foto da Alicinha, que aliás é linda!

Descobri que não sabia quase nada da sua vida, a não ser que era fotógrafo. Me contou que estudou Direito na PUC,foi comissário de bordo da Braniff (na época que os uniformes eram desenhados por Emilio Puc-ci), é jornalista, sociólogo e também fotógrafo, claro. Conheceu Jorginho Guinle no Zeppelin, apresentado pelo Alexandre de Aquino. Foi paixão à primeira vista. Moraram em Paris algum tempo onde fizeram grandes amigos, como Gláuber Rocha e também abrigaram muita gente na época da revolução. Ficaram juntos por 18 anos e Jorge morreu em 1987. Com a morte de Jorge, Marco foi despejado. O apartamento em que eles moravam estava em nome do companheiro e a mãe entrou na justiça contra ele. Hoje, passados mais de

Meus amigos Antônio e Catarina da Garapa Doida sempre dão ótimas dicas para entrevistas. E quando me falaram do Marco Rodrigues lembro que disseram o seguinte: “Aproveita que ele acabou de ganhar uma grande batalha judicial e conseguiu de volta o apartamento em que vivia com o companheiro”. Na hora não liguei o nome à pessoa, mas depois lembrei que na época o assunto tinha sido muito comentado, foi um escândalo. Marco Rodrigues, fotógrafo, companheiro por 18 anos de Jorginho Guinle, pintor, falecido em 1987. A história tinha tudo pra ser notícia: alta sociedade, homossexualismo e muito dinheiro. Aliás, quem quiser saber a história é só acessar a internet; lá tem tudo. Mas não era isso que eu estava procurando, queria mesmo era conhecer o Marco e ouvir suas histórias.

vinte anos, ele ganhou. “Tirei o Brasil de um sombrio século 19 e alinhei-o com a Noruega e a Dinamarca”.

Agora ele está voltando para casa, e foi nes-se momento maravilhoso que eu tive a sorte de entrevistá-lo. Jovem, feliz e apaixonado ele me contou dos próximos projetos. Quer es-crever três livros: o primeiro chamado “Minha vida com Jorge” que vai virar um lindo musical; o segundo, um livro de autoajuda onde quer transmitir às pessoas sua experiência com o despejo, e a violência que sofreu; e o terceiro que vai ser metade “Minha vida com Jorginho” e a outra metade “Minha vida com Alicinha”, porque “O homem é mais que o sexo, não precisamos cair em divisões que nos sufocam”.

Não preciso dizer mais nada.

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Cem perguntas

1. Para encurtar a distância entre dois lugares, deveremos ru-mar em linha: A. sinuosa B. parabólica C. curva D. reta

2. Qual destes países tem em sua bandeira uma estrela de 6 pontas – a estrela de Davi? A. Israel B. Iraque C. Japão D. Argentina

3. O taxidermista se ocupa de: A.consertar taxímetros B.curtimento de couro C. empresariar taxi-girls D.empalhamento de animais

4. Como chamamos o animal que tem rabo curto? A. pitoco B. pinóquio C. pateta D. pixoxó

5. Que nome damos ao animal de chifres quando não os tem?A. mocho B. moço C. mascate D. mascote

6. A menor fração de um bilhete de loteria, como é popular-mente conhecida?A. manuelino B. manolita C. unidade D. gasparino

7. Nos tempos do Brasil Colônia, que nome os índios davam aos portugueses?A. patrão B. senhor C. portuga D. pêro

8. Beneditinos são os frades da Ordem de: A. São Bento B. São João Evangelista C. São Miguel Arcanjo D. São Benedito

9. Que nome tem o natural ou habitante de Manaus, capital do Amazonas?A. potiguar B. manauara C. marajoara D. manauense

10. Papa-goiabas são os habitantes do interior de qual Estado brasileiro?A. Acre B. Rio de Janeiro C. Rondônia D. Espírito Santo

Cirurgiã-Dentista

OrtodontistaCRO-RJ 25.887

passatempo

11. Quem são os coxas-brancas? A. os manauaras B. os paulistanos C. os marajoaras D. os curitibanos

12. Que nome possuía o território que hoje é o Estado de Rondônia? A. Rio Brando B. Rio Bravo C. Mamoré D. Guaporé

13. Ludovicense é quem nasce em: A. São Luís do Maranhão B. São Luís de Paraitinga C. Santana de Parnaíba D. São Vicente

14. O sericicultor se ocupa da: A. criação de bichos-da-seda B. extração da seringa C. plantio de alfazemas D. pesca de siris

15. Na gíria, que nome se dá ao ladrão que age a bordo de em-barcação?A. pirata B. lalau C. rana D. mão-leve

16. O kiwi, além de uma fruta, o que também é? A. rio do Sahara B. ave da Nova Zelândia C. peixe do rio Tamanduateí D. bairro do Vaticano

17. Segundo a Bíblia, que alimento Deus mandou em forma de chuva aos israelitas no deserto? A. maná B. toró C. cacau D. menu

18. Que nome tem o natural ou habitante do principado de Mônaco? A. monarca B. monegasco C. monesco D. monange

19. Que nome possuía o cavalo de Alexandre, o grande? A. Bucéfalo B. Tranqueira C. Molóide D. Punga

20. Qual o nome da embarcação com que Amyr Klink cruzou o Atlântico? A. Titanic B. Paraty C. Santa Maria D. Mayflower

Demonstre seus conhecimentos gerais respondendo a essas perguntas. Serão 100 perguntas apresentadas em cinco edições. As respostas estão na página 25. Boa sorte!

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te, e em geral meio alto, com vários cruzamentos entre as conversas – as sardinhas são passadas na farinha de trigo e fritas, dos dois lados, em óleo em fogo baixo para médio. Quando estiverem douradas, é só secá-las num prato com papel-toalha e servi-las.

Agora, na cena 3, a parte pesada, o preparo do bobó de camarão. Não é comida carioca, mas podemos considerar que já faz parte da nossa família. A essa altura pelo menos um dos 3 cozinheiros já se aposentou das tarefas culinárias e se juntou aos demais na sala. O cice-rone toma a iniciativa de arrumar a mesa do almoço e pergunta quanto tempo falta pra comida ficar pronta. Tem

também a atenção de garantir que os cozinheiros estão bem servidos de bebida e sardinhas.

Na cozinha agora rola um clima industrial: a mandioca descascada está cozinhando na água fervente, as cebolas, tomates e cheiro verde estão sendo picados, os dentes de alho espremi-dos e os camarões sem casca estão descansando no mesmo tempero das sardinhas: alho, sal, limão e pimenta do reino. Como a ideia é co-zinhar apenas com ingredientes frescos, o coco ralado é batido no liquidificador com um copo de água, e depois, com um paninho limpíssimo, esse suco é espremido de forma que apenas o leite de coco seja extraído e reservado. O coco sequinho que fica no pano pode ser congelado para uso em outra ocasião.

Na cena 4 o último solitário na cozinha ter-mina a tarefa: refoga o alho e a cebola no azeite

e depois acrescenta o tomate. O cicerone, penalizado, encosta na janela da cozinha e bate um papo com o mestre-cuca. Em seguida, este retira as linhas que ficam no meio das mandiocas, que já estarão cozidas e em temperatura ambiente – e com sorte, macias, já que nem sempre isso acontece –, e bate-as no liquidificador com o refogado e o leite de coco natural. Por fim, colo-ca tudo na panela, até esquentar bem, e acrescenta os camarões crus (escorrido o caldo de limão) por cerca de 3 minutos, para que fiquem bem crocantes. Salpica com o cheiro verde e avisa: “Tá na mesa!”.

A sobremesa é o tiro de misericórdia nas barrigas já bem cheias.

O turista infiltrado passeia por todas essas etapas, às vezes se perde um pouco na bagunça organizada e ao final lhe oferecem um descanso numa rede. Ele tira uma soneca feliz e, se ainda tiver energia, sai pra conhecer a noite carioca.

O final do filme eu deixo em aberto para vocês.

Há anos vi um filme chamado “O Turista Acidental”, cujo protagonista era um homem que escrevia guias de viagem para pessoas que queriam viajar sem sentir que saiam de casa. Foi um filme marcante pela estranheza que me causou o fato de que alguém pudesse ter interesse em viajar justamente sem aproveitar o que o lugar oferece de diferente.

Acho a ideia de ser um “turista infiltrado” bem mais divertida, aquele que experimenta a vida local em suas várias tonalidades. Daí me vi num filme recepcionando um turista no Rio de Janeiro, alguém que tivesse pouca informação não só sobre o Rio, como sobre a cultura brasileira em geral.

Quando a gente visita uma cidade pela primeira vez, não tem como escapar de alguns programas que são marcas registradas, daí nos tornamos turistas tradicionais. Dentro dessa perspectiva, não há como não fazer o passeio do bondinho que leva ao Morro da Urca, com di-reito à extensão até o Morro do Pão de Açúcar, ir ao Cristo Redentor, de preferência pelo trem que sai do Cosme Velho, andar de jipe pela Rua Dona Castorina para apreciar a mata Atlântica, a Vista Chinesa e a Mesa do Imperador, tomar um chope no Bracarense ou na Cobal de Bo-tafogo, tomar um lanche na Colombo do Forte de Copacabana naquelas mesinhas à beira-mar, passar uma manhã de sol na Prainha ou um pôr do sol no Arpoador, enfim, visitar esses clássicos imperdíveis, que nunca perdem seu charme.

Mas como minha especialidade não é turismo, o filme que roda na minha cabeça é um em que o Rio, e de certa forma o Brasil - considerando a vocação de nossa cidade para representar o resto do país - são mostrados através da culinária, desde a apresentação de alguns de seus pratos mais representativos, passando pela forma como recebemos amigos para um almoço e finalmente pelo preparo de um cardápio de forma compartilhada.

O programa começaria com um café da manhã numa padaria ou botequim tradicional: uma média com pão e manteiga. Continuaria com uma volta a pé ou de bicicleta na Lagoa e depois uma passada na feira para comprar ingredientes frescos para preparar um almoço para uma meia dúzia de bons amigos, além do turista. Essa pequena amostra de pessoas misturaria aquele que só chega com umas cervejas geladas ou ingredientes para uma caipirinha, outro que traz novidades musicais, outro que é um cicerone, mesmo na casa dos outros, e mais três que vão ajudar a colocar a mão na massa na cozinha.

Turista infiltrado

Suzan Lee [email protected]

Só o passeio na feira já é uma experiência de co-res, cheiros e uma amostra do jeitinho carioca de ser, através das abordagens dos feirantes. O cardápio teria que ser sem grandes elaborações, senão o jeitinho informal do carioca de receber visitas ficaria prejudicado. Então, proporia comprar sardinhas frescas já limpas, alho, limão, camarão médio, com casca e pedir para o peixeiro retirar as cascas na hora, enquanto o resto das compras seria finalizado: cebola, tomate, coco ralado na hora, mandioca, cheiro verde, maracujá, e por fim, morangos e mexericas de casca fina, já que ambos estão em plena temporada no inverno.

Então, na cena 1, a rapaziada da bebida garante que terá cerveja suficiente e estupidamente gelada para todos, mesmo que esteja frio, e oferece preparar caipirinhas de limão ou maracujá para os interessados. O pessoal da música faz aos poucos a seleção e administra o volume e a sequência, conforme o ritmo do encontro.

Em paralelo, na cena 2, a galera da cozinha, para a entrada, tempera as sardinhas com alho, limão e sal, e deixa descansar um pouco. Em seguida, para a sobre-mesa, os morangos são lavados, secos e dispostos num prato fundo enquanto as mexericas simplesmente são distribuídas com casca mesmo em outro prato. Frutas frescas, sem qualquer preparo extra ou adição de in-gredientes cairão super bem, já que o que vem a seguir não é nada leve. Aliás, comida regional dificilmente é leve, podem reparar.

Antes que a bebida suba à cabeça – a essa altura estão todos com seus respectivos copos, mesmo os que bebem apenas refrigerantes, falando animadamen-

Nada melhor que um encontro culinário para reunir amigos e

apresentar a cultural local

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novidades serviços e entregas

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saúde e bem-estar

Movimentos elegantes e postura saudável com Pilates

Respire e solte todo o ar, sentindo seu ab-dome encolher ao máximo - como se o umbigo fosse colar nas costas - e as costelas fechando em direção ao centro. Sua barriga fica retinha, a cintura afina... pena que dure só até a próxima respiração! Você pode, porém, preservar esse momento mágico para sempre, pois o método ensina a respirar, ativando a musculatura inter-na do abdome, criando o gesto automático de manter a musculatura do assoalho pélvico sempre ativado, independente do que você esteja fazendo. Seja nos aparelhos inventados por Joseph Pilates - estruturas de madeira e metal, com molas e tiras de couro - como nos movimentos feitos no chão - técnica conhecida por Mat Pilates -, os músculos são trabalhados duplamente, ou seja, são tonificados e alongados ao mesmo tempo, mas dentro do limite de cada praticante. “Os corpos treinados pelo método ficam fortes, alongados, flexíveis e saudáveis. A postura melhora muito e os movimentos se tornam elegantes”.

Corpo trabalhado sem musculação

Para quem não gosta do ambiente agitado das academias, praticar Pilates é ideal, pois per-mite um corpo malhado sem riscos de lesão e com muita variedade de movimentos durante os treinos. De uma barriga mais definida ao autocontrole, passando por músculos firmes, fortes e alongados, ótima postura, articulações mais saudáveis, melhor capacidade de respira-ção e maior tolerância ao stress. Ufa!

Definição do Método Pilates pelo próprio Joseph H. Pilates:

• “Pilates é na cultura física a forma de uma nova arte e ciência. É a completa coordenação de corpo, mente e espírito”.

• “Com 10 sessões você perceberá a diferença, com 20 sessões os outros irão perceber a diferença e com 30 sessões você terá um novo corpo”.

• “Pilates não é mente ou corpo, mas sim mente e corpo”.

• “Hábitos incorretos são responsáveis pela maioria de nossas doenças, se não por todas elas”.

• “O sistema humano depende da vitalida-de do corpo, da harmonia entre corpo-mente que resulta no equilíbrio perfeito”.

• “Pilates desenvolve um corpo uniforme, corrige posturas erradas, restaura a vitalidade física, vigora a mente, e eleva o espírito”.

• “Poucos movimentos bem feitos, reali-zados de forma correta e equilibrada, valem por muitas horas de ginástica”.

Ana Cristina de Carvalhowww.pilatesvilla90.blogspot.com

[email protected]

• “Se aos 30 anos você está sem flexibilida-de e fora de forma, você é um velho. Se aos 60 anos você é flexível e forte, você é um jovem”.

• “Sempre mantenha sua mente concen-trada no objetivo do exercício que você está executando”.

Não é à toa que o Pilates conquista novos adeptos. Pratique Pilates e tenha movimentos elegantes e postura saudável no seu dia a dia!

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ainda problemas cardiorespiratários, deverá primeiro procurar um médico especialista para ser inicialmente submetido à hidroterapia e, posteriormente, praticar outras atividades aquáticas.

Dúvidas sobre o assunto podem ser esclarecidas através do e-mail: [email protected]

Sandra Jabur Wegner

Benefícios das atividades aquáticas para obesosO conceito de estarmos no peso ideal é relativo,

dependendo da referência que usarmos. O desejo extremado de atingir uma aparência saudável pode ser nocivo a nossa saúde. Aqueles últimos quilinhos, que normalmente nos esforçamos em perder e nor-malmente falhamos em conseguir, são prejudiciais, no máximo, a nossa autoestima.

O excesso de peso real ocorre quando é conside-rada obesidade e, nos casos mais críticos, obesidade mórbida, aquela que sobrecarrega os órgãos e a es-trutura óssea com tal intensidade que pode acarretar prejuízos à saúde.

Quando estamos em pé, a gravidade atua sobre todo o corpo, atraindo órgãos, músculos, ossos, pressionando-os contra os membros e articulações inferiores. Por isso atividades físicas aquáticas são reco-mendadas para pessoas com sobrepeso, sedentárias ou até recém-submetidas à cirurgia bariátrica (redução do estômago). Na água, dependendo da profundidade e imersão atingidas, é possível reduzir quase totalmente a ação da gravidade e o peso corporal, sem reduzir a

efetividade do exercício e a perda calórica resultante. A atividade física no meio líquido resulta, inclusive,

em um aumento de esforço se comparado com as atividades de solo, quando bem executadas. A água oferece uma resistência bem maior do que o ar, for-talecendo os músculos, aumentando sua tonicidade, sem sobrecarregar suas articulações, uma vez que o peso corporal foi reduzido ou anulado, além do gasto calórico, intenso e permanente.

A pressão hidrostática atuante na imersão auxilia o sistema circulatório, massageando os gânglios linfáticos e realizando drenagem, além de estimular a diurese, que estimula o corpo a eliminar mais água, diminuindo edemas.

A natação é o esporte mais recomendado para pessoas com sobrepeso, uma vez que o impacto do corpo com o solo não ocorre. Reduzindo gradualmente esse excesso, é possível iniciar a hidroginástica, onde existe impacto, apesar de reduzido. Caso o pratican-te possua outros comprometimentos, como dores musculares, lesões na musculatura ou esqueleto ou

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Em tempos de repensar o modelo econômico global, buscando alternativas sustentáveis e o consumo consciente, chega ao Rio o Hub - ou The Hub, como é internacionalmente conhecido. Criado em Londres em 2005, e desde então presente em mais de 25 cidades pelo mundo, o Hub é um espaço de co-working que conecta empreendedores com idéias inovadoras. Seus negócios têm a missão de gerar, paralelamente ao re-torno financeiro, impacto social, ecológico e econômico positivo. Uma grande comunidade/rede com o desejo de atuar por um mundo radicalmente melhor. Ambicioso? Sim. Possível? Também – e já está acontecendo!

Recém-chegado ao Rio, o Hub será oficialmente lançado durante a Hub Escola - um festival de “em-preendizagem” (aprender empreendendo) e troca de conhecimento entre 21 e 28 de agosto, em Botafogo. Diversas oficinas, palestras e ferramentas inovadoras (ou reinventadas) - como Teoria U, Jogo do Negócio Sustentável, Storytelling digital, Planejamento Ágil, Co-aching, Comunicação Não-Violenta, Design Thinking, Permacultura, entre outros, tornarão acessíveis co-nhecimentos de que você já ouviu falar, mas não sabia onde encontrar. Neste ano, os Hubs de Curitiba e Belo Horizonte também realizaram as primeiras edições do festival. O Hub São Paulo - o primeiro no Brasil, aberto em 2008, encerrou em julho sua terceira edição, com 20 dias de duração e 49 atividades.

Sintonizada com os potenciais e demandas dos pró-ximos anos da cidade, sediando eventos importantes como o esperado Rio + 20 (matéria de capa da edição anterior), a Hub Escola de Inverno no Rio tem como tema central a “Ética do Cuidado”, do filósofo-educador colombiano Bernardo Toro. Apresentada durante o TEDx Amazônia, ela baseia-se em três princípios: saber cuidar de si, do outro e do planeta, saber conversar e estabelecer relações “ganha-ganha” (em que todas as partes são beneficiadas).

O evento está sendo criado de forma co-labor-ativa por uma rede de agentes transformadores. Boa parte deles fez o primeiro contato com o Hub durante os Hub Labs - laboratórios abertos de co-criação da Hub Escola, realizados semanalmente no Instituto Pares (parceiro da iniciativa junto à OSSMM - Obra Social Santa Maria Margarida), com sede no Solar das Palmeiras, casarão que hospedará o evento à Rua das Palmeiras 35, em Bo-tafogo. Às quartas-feiras de manhã, pessoas interessadas em conhecer e participar deste movimento conectam-se

Você sabe o que é Hub?

e experimentam protótipos das atividades que acontece-rão no evento de agosto. Os encontros trazem também novos parceiros, como a Luz Consultoria.

Também de forma colaborativa e ganha-ganha acontece a captação de recursos para o festival na Ben-feitoria (www.benfeitoria.com/hubescola), plataforma brasileira de crowdfunding voltada para projetos que gerem impacto positivo (a única do mundo que não cobra comissão). Todos podem conhecer melhor o projeto e contribuir com a quantia que desejarem e puderem (de R$10 a R$2.000) para tirá-lo do papel. Para cada faixa de colaboração há uma recompensa disponível, que varia entre horas para participar das atividades da Hub Escola, consultorias na empresa do “benfeitor”, livros com ferramentas inovadoras para empreendedores sociais até um jantar para quatro pessoas no restaurante do chef Claude Troisgros (afinal, transformar a cidade tem um gosto único!). O projeto tem uma meta de captação de R$12.000 para cobrir os custos básicos da escola e estará no ar até 15 de agosto.

Então, o convite é: conecte-se, colabore, inspire-se! Participe deste festival e ajude a transformar o Rio e - por que não? - o mundo!

Hub ParesRua das Palmeiras, 35

Hub chega ao Rio para conectar e inspirar agentes de mudança

Festival de empreendizagem de 21 a 28 de agosto

Para conhecer mais, acompanhar e se inscrever

No facebook: hub@rio

No twitter: @hubrioiniciativa

www.hubrio.com

www.benfeitoria.com/hubescola

www.tedxamazonia.com.br/tedtalk/bernardo-toro

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Lilibeth Cardozo

Passei minha infância brincando. Éramos muito mais que os oito filhos da minha mãe. Na minha casa tinha sempre primos, tios, amigos, vizinhos, amigos e amigos dos amigos. Dizem que onde brigavam dois ou dez eu era sempre um deles. Brincávamos, brigávamos, inven-távamos e crescíamos. Fui sempre barulhenta e, embora muito baixinha, eu aparecia, ou fazia tudo para aparecer. Era questão de sobrevivência: se ficasse quieta demais, no meio de tantos, quem iria olhar pra mim? Quem disse que eu não tinha medo ou alguma timidez? Tinha muito, mas fui escolhendo um caminho e achava tudo meio esquisito. Eu queria mudar o mundo desde menininha. E não ficava quieta. Estava sempre falando e até cantar na rádio local, depois das missas de domingo, depois de ouvir aqueles sermões horríveis do padre, eu cantava. Era tão pequena que subia numa caixinha de madeira, daquelas de Coca-Cola, para alcançar o microfone. Uma vez ganhei uma lata de goiabada porque tirei o primeiro lugar na cantoria. Eu tinha um vestido azul-marinho com sianinhas brancas e ficava uma bonequinha com aquele vestido lindo. Fui crescendo devagar, mas não sabia ficar mais quieta ou calada. Fui menina-moça (ainda existe isso?), uma moça, mulher e agora sou uma senhora. Canto só falando, tagarelando, porque nunca fui de

Quero brincar de ficar quietinha

cantar bem. Nem tenho voz bonita! Mas continuo fala-deira, brigona, questionadora, indignada até. Na semana passada minha irmã (como amo esta irmã!) me contou uma história linda de um menininho de 5 anos de idade. Ela estava brincando com as mãos fazendo barreira na água do mar enquanto caminhava pela praia. Encontrou um menino e seu pai. O menino admirou a brincadeira dela e comentou a beleza do mar dizendo: “A água está rosinha, não é?” Ela retrucou: “Não está rosinha, está clarinha”. Ele, convencido de sua percepção reafirmou: “Está rosinha!”. Minha irmã, terapeuta e muito ligada às crianças, parou para conversar com o menino e ele a convidou: “Vamos brincar?”. Imediatamente ela aceitou e perguntou do que poderiam brincar. O menino suge-riu: “Vamos brincar de ficar quietinho?”. E ela: “Como é brincar de ficar quietinho?”. Ele respondeu: “É só ficar parado, olhando os pés na água”. Eu, ouvindo essa história e cansada de tanto falar, brigar, me indignar, ando bem ostra ultimamente. Fico dias em casa, namorando a mim, me percebendo e até avaliando a menina de vestido de sianinhas brancas que cantava na rádio e foi tão rebelde. Estou cansada e agora resolvi que vou brincar muito e ser feliz na brincadeira, igualzinho ao menino da praia: quero brincar de ficar quietinha!

Peço pela nossa vida

A dois

Peço por tudo que veio

Antes de nós

Menos o que virá

Depois.

Pois se agora está bom

Não virá daqui pra frente

Uma nova cor

Um novo tom?

Não virá, pois,

Depois,

Tudo de bom?

É justo o que capto

Desta nossa realidade

A imagem de dois amantes

Livres

Vivendo a pura verdade.

Nada menos do que nossa singela

Realidade

Vida plena

De duas crianças

Pelo todo, e não pela metade.

Pelo todo, não pela metade

Eduardo Piereck

espaço do leitor

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A alimentação viva tem como princípio a ingestão de alimentos crus (excluindo carnes): hortaliças, le-gumes, grãos germinados, brotos, frutas e castanhas.

Por que comer os alimentos crus? Porque o cozi-mento acima de 45 graus Célsius destrói os nutrientes, reduzindo a imunidade do organismo causando tam-bém a obstrução dos intestinos e do colo. Reações químicas e elétricas ocorrem dentro de uma célula viva graças a ação das enzimas que são proteínas respon-sáveis pelas atividades de construção e reconstrução dos tecidos de todo o nosso organismo. Possuímos dois tipos de enzimas: as metabólicas responsáveis pelo funcionamento de órgãos e as enzimas digestivas responsáveis em quebrar as partículas de comida e transforma-Ias em energia na reconstrução do corpo. Sem enzimas, essas reações não ocorrem ou ocorrem muito divagar para se obter uma boa saúde. A única fonte natural externa de enzimas é a comida viva crua.

Com uma sociedade de hábitos alimentares e estilo de vida completamente distante de uma vida harmônica, vemos as pessoas padecerem de doenças sem nome e/ou cura. Nada que um retorno às origens e sabedoria ancestrais não possa reequilibrar. Estamos na verdade reaprendendo a comer. À medida que o corpo vai experimentando uma alimentação mais pura os pensamentos, emoções e atitudes também vão modificando. A consequência é um corpo mais vigoroso, mais alerta e livre de doenças degenerativas.

Todo o foco da alimentação está no aparelho diges-tivo, intestinos e colo, pois intestinos obstruídos geram doença. Como o organismo não é capaz de eliminar todos os resíduos vindos de uma alimentação tradicional pobre em nutrientes (produtos enlatados contêm conservantes e estabilizantes, a carne contém hormônios e remédios, as farinhas processadas o açúcar, as hortaliças não orgânicas os pesticidas), es-tes resíduos vão gradativamente sendo acumulados em todos os órgãos e tecidos, já que uma das características de nosso organismo é o armazenamento. Como estes depósitos são nocivos, eles mais cedo ou mais tarde aparecem sob a forma de tumores, cânceres, alergias, pedras etc. Isso decorre

Alimentação viva crua e a sobrevivência no século 21

do nosso organismo tentando se livrar de lixos tóxicos, que não puderam sair pelas fezes, urina e suor.

Mas quando estes sinais aparecem, tendemos a nos intoxicar ainda mais ingerindo drogas com efeitos colaterais ao invés de escutar o grito do nosso corpo e fazer as pazes com ele. A ingestão continua da comida viva traz uma regeneração no nível celular de órgãos e tecidos, promovendo a reversão do quadro de doenças.

Eu mesma presenciei no instituto a modificação em três semanas de pessoas que estavam dentro da dieta, todas elas vinham de processos dolorosos e de desengano por parte dos médicos da medicina tradicional. Todas sentiam uma melhora abrupta e visível, mas é claro a reversão total só ocorre com a permanência na dieta durante um período de tempo indicado para cada caso.

Para quem é saudável a ideia de ter a vida prolonga-da, cheia de vitalidade e livre de doenças é Iibertadora!

O suco da luz do sol é a base de uma alimentação saudável. Com a correria do dia a dia não ingerimos a quantidade suficiente de folhas verdes escuras, res-ponsáveis pela proteção das células no combate ao processo degenerativo. Muitas pessoas com diabetes, câncer, problemas intestinais e anemia são beneficiadas com o consumo diário do suco.

L inda [email protected]

Linda Lerner, adepta da alimentação vegetariana, foi estudar no Instituto Hippocrates Health, na Flórida, onde a alimentação viva foi originada para trazer uma nova cultura de cura e estio de vida saudável

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Alexandre Brandão

Pão cântabro

[email protected]

Importante empresa brasileira varejista tem merecido destaque no noticiário por pretender associar-se a grupo multinacional atuante há anos aqui nos trópicos. A coisa até parece novela, haja vista que uma terceira empresa, tam-bém multinacional, noiva ou ex-noiva do grupo brasileiro, digamos assim, está se sentindo traída.

É briga de cachorro grande, quiproquó que envolve dinheiro público, concentração econômica, portanto, potencial penalização do consumidor, além da decantada criação de uma forte empresa, capaz de concorrer não só no Brasil, mas mundo afora.

Se posso dizer alguma coisa a respeito do grupo brasi-leiro, e espero que não interfira em negociações cuja con-sequência soa tão importante para a economia planetária, é que ele, apesar de carregar doçura no nome, trata mal seus vizinhos. Afirmo isso a partir de experiência recente, ocorrida ali na Voluntários da Pátria, uma das artérias principais de Bo-tafogo, bairro do Rio, cidade do Brasil, país da América do Sul.

Pois bem, resolveram, a partir da estratégia de mudar o selo (muda-se de nome, de roupa, mas não de jeito, coisa assim), fazer uma reforma na referida instalação - merecia, a loja estava uma caca. Só que a obra foi feita com o negócio funcionando (como uma empresa desse porte pode deixar de ganhar seus trocados, não é?). Isso acarretou o seguinte fato: os operários trabalhavam noite adentro. Claro, tirando o sono dos vizinhos.

Cheguei a escrever num “Fale conosco” disponível no site da empresa. Não é que o gerente da loja - vendendo experiência (na matriz em São Paulo, na loja de Copaca-bana), dez anos no grupo - me ligou? Deitou promessas. Nenhuma delas se concretizou. Concluo que as mentiras dele, de fato, traduzem as mentiras da empresa. Não à toa o homem é gerente.

Reclamei na Defesa Civil (não havia, em lugar visível, uma placa dizendo qual empresa de engenharia respondia pela reforma), que foi lá, mas chegou à conclusão de que não era assunto de sua alçada. Faço uma confidência: não liguei direto para a Defesa Civil, foi direcionamento dado pelo atendente da Prefeitura (telefone 1746), alguém que deveria entender do riscado.

Um dia chamei a polícia. Era meia-noite e a turma mandava ver na serra elétrica e na furadeira. De casa, pude ouvir a PM chegar uma hora depois da denúncia (muito bom o atendimento do 190). Durante a próxima hora, reinou o silêncio, graças ao qual, dormi, exausto. Todavia, em seguida, quem acordou foi minha mulher. Os caras deram uma meia-trava, mas retomaram os trabalhos, certos de que a polícia não voltaria ou, se voltasse, tudo ficaria na mesma. Noutra noite, quem fez a denúncia foi minha filha.

No Osso

A história se repetiu.Desdém e incompetência não estão reservados ao se-

tor varejista. Veja este meu caso com um banco de origem espanhola que faz pouco tempo adquiriu outro do qual fui cliente até abril de 2010. A conta foi encerrada na mais ab-soluta normalidade, com assinaturas minha e do gerente da agência à qual estava ligado. Todavia, no mesmo período em que ocorriam as batidas de martelo e o escândalo da serra elétrica - sob o patrocínio do mercado brasileiro enrolado com dois franceses -, os correios me entregaram carta, envia-da por esse banco, com cobrança de não sei que débito. Eu não honrava a dívida havia 12 meses; assim, graças ao passo alto de nossos juros trôpegos, a mesma eneplicara de valor. O que você faria numa situação dessas? Eu liguei pro banco.

Fui atendido por um sujeito bem treinado (nem fez uso do gerundismo da moda nos atendimentos coorporativos). Confesso que perdi a paciência muito rápido, deixei-o no meio de uma frase pronta e liguei direto para a Ouvidoria. Qual o quê! A Ouvidoria só atende se o reclamante tiver um número de protocolo. Enfiei o rabo entre as pernas e dei um redial para o primeiro número. Surpresa: eles não dão número de protocolo, as conversas são gravadas, logo, antes de falar com a Ouvidoria, bastava ligar para o SAC e pedir a gravação. Gozavam da minha cara ou o tratamento dispensado expressa a legítima cultura do norte da Espanha?

Escrevi para um e-mail corporativo contando meu drama. Em resposta, mandaram-me – como, aliás, já o tinha feito o bom funcionário que não tem estado recorrendo ao gerundismo - ir... (ufa! Nessa hora pensei no pior.) à agência. Será que acham que estou desempregado (pensando a partir da conjuntura da Espanha) ou que sou vagabundo (pensando como brasileiro esnobe)? Vai saber. Respondi que não iria, não tinha tempo para isso. Anexei à mensa-gem cópia de parte da documentação de encerramento da minha relação com a instituição adquirida pelo banco das cantábrias. Disse-lhes que seria minha última cartada amistosa. Alguns e-mails depois e outra carta de cobrança enviada pela instituição financeira, pulei nos braços da justiça — antes gritei no “Reclame aqui” (http://www.reclameaqui.com.br). O que será que vai dar? Na dúvida, rezo.

Santo André do Pão Docinho, que estais no varejo e no setor financeiro, espero a glória do bom funcionamento do capitalismo e não a farsa do caipiritalismo, isso que apela mais pro jeito do que pro direito. Não santifico teu nome, muito pelo contrário, ao passar em frente a teus estabe-lecimentos, faço figa e esconjuro, satanás. Não acredito apenas em teus concorrentes, por isso torço para que, como efeito colesterol, teu negócio afunde na gordura de tua abundância. Amém!

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capa

Lilibeth Cardozo

Você tem alguma coisa a ver com isso?Em nossa cidade, como em quase todas do mundo, ainda existe uma grande população vivendo nas ruas, muitos em condições de pobreza extrema e muitas crianças fora de casa, da escola, longe de seus direitos mínimos. Todos sabem disto, mas estamos sempre mais preocupados com nossas vidas. Há que se pensar como podemos contribuir para mudar essa situação...

Quando um carioca vê nas ruas as cenas tristes de abandono de crianças e idosos, vê a mendicância, as transgressões a ordem e ao estado de direito, as notícias diárias de corrupção e roubo do dinheiro público surge uma pergunta: “Você tem alguma coisa a ver com isso?” A Folha Carioca resolveu dar uma ligeira pincelada na palheta de cores e nuances que tais situações provocam nas pessoas, nas políticas sociais e, principalmente nos movimentos populares que surgem cada vez mais fortes com o crescimento dos meios de comunicação.

Sem dúvida todos têm alguma coisa a ver com crianças que dormem nas ruas cobertas por finas folhas de jornal ou caixas de papelão. Temos tudo a ver com nossas atitudes de que a ética e a moral são fundamentais, mas sempre para “os outros”.

Temos tudo a ver com isso quando não ensinamos a nossos filhos os mais básicos princípios de igualdade humana e rimos ou repassamos com humor as mais agressivas piadinhas em que são execrados pobres, negros, mulheres, homossexuais, judeus e tantos outros povos ou grupos sociais.

Tem a ver com isso a sociedade hedonista, insensí-vel e de valores morais e éticos tão frágeis quanto teias de aranha. Tem a ver com isso a conduta individual e coletiva das menores organizações sociais voltadas exclusivamente para seus interesses, seus fins mais imediatos. Tem a ver com isso a nossa atitude de, com a desculpa de estarmos nos protegendo, fecharmos nossas casas, nossos carros, nossos sorrisos, nossos abraços, nossos braços. Tem a ver com isso aquele nosso olhar de desprezo e confusas emoções, quando nos afastamos das crianças de rua como se estivésse-

mos nos protegendo de moléstias infectocontagiosas. Temos a ver com isso quando escondemos nosso rosto para não sermos vistos ou vê-los, para que não possamos ouví-los, para que não os identifiquemos como da mesma idade de nossos filhos, irmãos, netos, sobrinhos. Temos a ver com isso quando não queremos que nossos filhos pequenos os vejam sempre com a desculpa absurda de que são pequenos para entender. Quando não trazemos para casa o debate franco e ver-dadeiro sobre a imensa e perversa desigualdade social que provoca tais agressões ao ser humano. Temos tudo a ver com isso quando nossas atitudes são tímidas e nossas culpas enormes. Quando, ainda deitados em berço esplêndido, queremos um estado paternalista que tudo resolva e a nós não cobre nada. Temos tudo a ver com isso quando, piedosos ou culpados, atribuí-mos a Deus, nas diferentes igrejas, cultos ou credos, a redenção da cruel escravatura da pobreza e injustiças. Temos tudo a ver com isso, quando continuamos olhando assustados para o outro lado. Quando não mais nos comovemos com a pobreza, atribuindo-lhe sempre uma marca da violência e da agressão. Quando culpamos os políticos, como se fossem eles abstrações ou criações de nosso imaginário mágico, sem lembrar que nós os elegemos. Temos tudo a ver com isso quando continuamos achando que crianças nas ruas são como o lixo: que o estado limpe!

Não, ninguém escolhe dormir na rua! É possível ficar na rua por falta de opção.

E ninguém se despe de toda sua dignidade e sai mendigando pelo prazer de fazê-lo. É difícil convencer alguém de que uma criança protegida, acarinhada,

desejada, com alimentação, uma mãe, um pai, uma família, por mais pobre que seja, troque o aconchego de um lar, por uma calçada fria e nua, coberta por folhas de jornais. Essas crianças há muito foram ex-pulsas da vida digna, da sociedade, de casa, do amor, da educação. Seus sonhos continuam. E seus sonhos são como de qualquer criança: proteção, carinho, alimento, estímulos, brincadeiras, conhecimento. E o que elas assistem? Assistem à gritante desigualdade de oportunidades, escancarando seus dentes afiados, quando dá muito a tão poucos, e tão pouco à maioria. Quando seus pais e mães trabalham feito escravos e recebem miseráveis salários. Quando seus vizinhos na cidade ostentam carros de luxo, roupas de grife, brinquedos encantadores e eles dormem embalados nos mesmos sonhos de qualquer criança e não podem ter quase nada. E na escola? São matriculados quando existem vagas, mas, pobres coitados, não têm estímulo, faltam professores, faltam encantos, faltam e faltam... E quando eles faltam, não mais frequentando a escola, deixam lá, no início, o brilho de suas inteligências, a beleza de suas curiosidades, saindo em busca de renda extra para suas famílias. Se conseguem continuar, são heróis. Se não resistem, viram bad-boys!

E nós, todos os cidadãos desta cidade, temos muito a ver com isso. Talvez não tenhamos prontas as soluções, mas sabemos que temos muitas e mui-tas opções. Faltam-nos atitudes para que possamos sair da cômoda e confortável posição de estarmos do lado de cá da câmera. Andamos fotografando a realidade que nos choca. Precisamos de fotos que nos mostrem o que transforma.

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A cidade do Rio de Janeiro historicamente tem sido vitrine para o país, expondo grandes e aceleradas transformações. Os cariocas vibram com as conquistas da cidade, mas também exibem suas insatisfações em organizações que buscam mobilizações populares com intuito de transformar e garantir melhores condições de vida para todos. E a cidade tem, sem dúvida, um grande potencial transformador. Os movimentos sociais têm um papel imprescindível na democratização brasileira, e os movimentos populares cariocas vêm provocando mudanças nas legislações e políticas públicas em busca de melhores condições de vida e de acesso a direitos sociais básicos, abrindo espaços para a participação das classes populares nas decisões da governança.

As associações de moradores, grupos estudantis, instituições civis, militares, organizações não gover-namentais e outras têm disseminado pelo país suas propostas, dificuldades e conquistas. E não existem grandes transformações sem a contribuição dos povos, dos cidadãos. Deste modo, o carioca tem mostrado mais que generosidade, tem mostrado tomada de cons-ciência e participado muito mais ativamente nas grandes polêmicas que envolvem o bem-estar da população e conquistas coletivas. Como exemplo, pode ser citada a recente articulação dos homens e mulheres do Corpo de Bombeiros, que reivindicando melhores salários e dignas condições de trabalho, mostrou o quanto a população carioca se junta ao que considera justo e democrático. O movimento da corporação tomou a cidade e, em manifestações públicas ganharam o apoio da população de todo o estado do Rio de Janeiro. Tal mobilização popular deu ao Corpo de Bombeiros do estado confiança e força pra o pleito pelo qual lutavam.

A opinião pública com o inegável e valioso apoio da mídia, que informa amplamente as apropriações indevidas do que é do povo, utilizando a acelerada comunicação virtual, tem ganhado robustez e a cada dia faz mais pressão nos governos em suas três instâncias.

Assim, nossa cidade tem montado palcos com cenas que a cada ano ganham mais público, e dessas manifestações saem grandes debates estimulantes para o pensar dos cidadãos e conquistas para a coletividade. As associações de moradores, nascidas há muitas décadas, foram crescendo em número e atuação no Rio de Janeiro configurando um novo e eficiente canal de comunicação entre a população e os governantes da cidade.

No Rio de Janeiro as associações de morado-res têm obtido grandes êxitos políticos em prol do bem-estar coletivo. As associações, independente do tamanho do espaço urbano que representam são as células de organização coletiva e estão mais próximas para conhecer e interpretar as reais necessidades das comunidades. Consequentemente buscam encaminhar

vitrine de movimentos populares e suas conquistas

e cobrar ações do governo que sejam importantes para elas e para toda a cidade. Cada local da cidade possui as suas demandas específicas e as mesmas podem diferir diante das suas características socioeconômicas e cultu-rais. As lutas de uma associação de moradores da Zona Sul da cidade não são menos importantes que as das demais zonas da cidade, no entanto o poder de mídia das áreas mais ricas alcança muito mais visibilidade para as suas reivindicações, embora o poder de mobilização das comunidades mais pobres seja considerado pela Federação das Associações de Bairros, muito maior.

A união de associações, ou o trabalho individual de cada uma delas, tem conseguido marcar, na história do Rio de Janeiro, grandes conquistas que sedimentaram a importância das organizações populares e dos gritos de desacordo com os cursos dados por ações políticas de órgãos públicos.

Grandes vitórias recentes, tal como o recuo da Prefeitura em relação ao aumento do IPTU na cidade e a batalha contra as empresas de ônibus que atendem de forma deficiente os bairros da zona suburbana foram ganhos das lutas populares. Em todas as comunidades onde há um grupo organizado e quando ocorre um fato que “ameace” a comunidade, todos se mobilizam, participam, opinam e se manifestam. Manifestações de associações de bairros ganham a simpatia da população por trazer benefícios ao todo da cidade; funcionam como aliados importantes que nunca devem ser desprezados pela administração municipal, estadual ou federal. No entanto, embora de suma importância que os cariocas se mobilizem, há que ampliar discussões das obras de cada prefeitura de modo que o poder municipal e moradores não fiquem reféns de interesses que não sejam para a cidade como um todo. A prefeitura tem como sua autoridade maior o prefeito, eleito pelo povo e portanto, legítimo representante da população. Além do prefeito, a constituição do poder municipal conta com vereadores que, uma vez eleitos são os interlocutores da população. Vereadores atuantes na cidade buscam se aproximar das reinvidicações de diferentes áreas da cidade e muitos se engajam nas lutas por barrar projetos de obras que prejudiquem o movimento da cidade. Existem vários exemplos de atuação de alianças entre grupos organizados e políticos da câmara municipal que resultaram em ganhos substanciosos para a ambiência urbana. Outras grandes lutas foram ganhas com o apoio popular e grandes complexos comerciais, escolas ou casas de espetáculos deixaram de ser construídos em áreas residenciais protegendo o cidadão de grandes aglomerações de veículos.

Segundo o presidente da ALMA – Associação dos Morados da Lauro Miller e entorno, Abillio Tonizzi, a importância dos movimentos conquista parceiros priva-

Rio:

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dos que, se convencidos dos ganhos para a população, apóiam e aplicam recursos que viabilizam ganhos em causas ambientais e urbanísticas. Esta foi uma expe-riência muito rica vivida por diferentes organizações populares a exemplo do conquistado pela ALMA que conseguiu um investimento de mais de um milhão de reais em recuperação ambiental, plantando e cuidando de milhares de mudas nos morros da Babilônia, São João e Leme, além de investir centenas de milhares de reais em benfeitorias de recuperação paisagística e sinalização de trânsito, no entorno do shopping.

A Associação dos Moradores do Morro Santa Mar-ta, fala da sua importância para as conquistas da comu-nidade. Hoje, a voz dos moradores chega através das inúmeras ONGs que estão trabalhando no morro, mas quando há convocação de assembléias gerais os mora-dores comparecem. Recentemente, com a presença do Estado e as Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs -, a participação dos morados vem ganhando força e eles são consultados e discutem ações que estão sendo ou serão implantadas. Os exemplos são vários, como o projeto da Light que instituiu a “Tarifa Social” de 15 reais para uso de energia até 80kw em cada domicílio. A decisão foi um ganho substancial na qualidade de vida dos moradores, gerando um consumo mais ordenado e consciente, uma vez que qualquer excesso para além da tarifa é assumido pelo morador.

Uma das maiores conquistas da Amagávea – As-sociação dos moradores e amigos da Gávea, foi o fechamento do viaduto que fazia a ligação da autoes-trada Lagoa-Barra com a rua Marquês de São Vicente e, também, o zoneamento do bairro que impediu a especulação imobiliária ao determinar parâmetros restritivos de construção e uso do solo. Outra con-quista importante foi a campanha contra a conhecida “Segunda Sem Lei” cobrando a ordem urbana no bairro e principalmente no Baixo Gávea. A lei é clara quando limita os serviços de comércio somente nas dependên-cias dos estabelecimentos. O que se conseguiu com mobilização foi valer a lei.

No momento em que a prefeitura prepara a cidade para a realização dos grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016,

as obras em curso, ou se iniciando serão o legado para o carioca. Neste sentido, to-dos os cariocas estão atentos às perdas e ganhos dos feitos e a utilidade para a vida cotidiana do cidadão.

Preocupados com a descaracterização do plano metro-viário imaginado para a cidade e com o obvio fato de que a Linha 1 assim esticada não terá capacidade para absorver o volume adicional de usuários que passarão a vir da Barra, Jacarepaguá e Recreio, formou-se, em meados de 2010, um movimento constituído de 30 Associações de Moradores das áreas a serem servidas por esse novo traçado. Juntamente com especialistas em transporte, engenheiros e profissionais de várias especialidades o grupo tem se dedicado a estudar a melhor solução para o complexo problema metro-viário do Rio de Janeiro. No final do ano passado esse Movimento protocolou um ofício endereçado ao governador manifestando posição claramente favorável à manutenção de um traçado para a Linha 4 independente da Linha 1. A população dos bairros representados pelo Movimento pode ser estimada em cerca de 1,5 milhão de habitantes – crescentemente preocupados com o legado danoso de um traçado metroviário que sirva predominantemente a duas ou três semanas de jogos olímpicos, mas que não atenda às necessidades de transporte rápido e confortável nos anos subsequentes a 2016.

O Movimento propõe como solução mais eficaz em termos do interesse público a implantação do conceito de rede, mantendo o traçado original da Linha 4. O movimento reconhece os benefícios esperados

A população do

Rio apoiou as

reivindicações

salariais do Corpo

de Bombeiros

como resultado dos Jogos olímpicos e considera que a premência de tempo para executar a ligação Zona Sul-Barra deva ser levada em conta. Porém, afirmam que essa premência não deve servir como justificativa para a implantação de atalhos que venham a prejudicar o plano metroviário previsto para a cidade e a perfeita integração da Linha 4 original com as Linhas 1 e 2 já existentes. Argumentam que, se a Secretaria Estadual de Transportes, apesar de admitidamente não dispor atualmente de estudos de demanda atualizados nem de projetos detalhados de traçados e custos, está op-tando por prolongar a Linha 1 na direção da Gávea, que o faça de maneira a manter a integridade da Linha 4, garantindo a possibilidade de sua extensão futura. O movimento popular reinvidica pré-requisitos indis-pensáveis para atender o interesse público que são: Estação Gávea em dois níveis – para o cruzamento da linha 1 com a linha 4 com um nível para receber os

O movimento

“Metrô que o

Rio Precisa”

defende a

construção da

Estação Gávea

com duas

plataformas

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trens vindos de São Conrado e já apontando na direção Jardim Botânico para permitir a continuidade da Linha 4, e outro nível para receber a Linha 1, cuja estação final será Gávea. O movimento ainda sugere que a estação Antero de Quental deva ser ligada à Gávea como originalmente previsto. E argumenta que não faz qualquer sentido econômico a construção de um “by-pass” entre a Antero de Quental e São Conrado e nem um suposto “triângulo” para ligar esse desnecessário desvio à estação Gávea. A proposta do movimento é que a estação General Osório deva ser somente uma estação de passagem da Linha 1 em direção à estação Gávea. O projeto de construir uma nova plataforma na mesma estação para servir de ponto final dos trens da Linha 2 é contrário ao interesse público. Além de cara, a obra vai fazer com que a estação General Osório fique fechada por, pelo menos, seis meses. Finalmente, o movimento das associações de moradores defende que a estação final do lado oeste da Linha 4 deva ser a

Alvorada. Argumentam que em função do elevado volume de usuários de Barra, Recreio e Jacarepaguá, e para eliminar baldeações intermodais, o trecho de 6 km entre Jardim Oceânico e Alvorada deve ser feito por metrô e não pelo sistema BRT (ônibus articulado). O custo inicial menor de implantação do BRT é injustificável como alegação para que o metrô não chegue até Alvorada. Para reduzir custos, seriam concluídas até final de 2015 apenas as estações Jardim Oceânico e Alvorada. A implantação das 4 ou 5 estações de permeio seria con-cluída após a realização das Olimpíadas.

Tal qual a mobilização e sérias considerações sobre a malha metroviária da cidade, outras lutas têm unido várias associações de bairros. O aumento do movimento do aeroporto Santos Dumont trouxe a vários bairros transtornos que podem prejudicar irremediavelmente a saúde de muitos cariocas. A união de forças de moradores de Santa Tereza, Bo-tafogo, Flamengo, Laranjeiras e Urca conseguiu um parecer do INEA em que ficava proibido a utilização de uma das pistas que desviavam a rota dos aviões, forçando o voo muito perto dos bairros. Pensou-se em problema resolvido. Infelizmente, como previsto em lei, houve um recurso da decisão e o barulho ensurdecedor dos aviões voltou a incomodar a vida dos referidos moradores. A luta das associações dos bairros continua, com a certeza de que invenções do homem para servir bem a humanidade, como aviões e aeroportos, jamais podem lesar a saúde humana.

Na Urca, bairro de exemplar preservação (foi o primeiro bairro carioca a ter um Plano de Estruturação Urbana - PEU), com características ambientais de rara

beleza e eminentemente residencial, teve sua estrutura ameaçada por desmandos e interesses particulares quando o antigo cassino da Urca foi cedido por meio século ao Instituto Europeu de Design - IED. Moradores militantes da preservação do recanto carioca protestaram, foram às ruas, gritaram em alto e bom som a impropriedade de tamanha insensatez e transgressões às leis com cessão ilegal de um bem público. O IED, com o propósito de trazer a famosa escola de design para o Rio de Janeiro traria à Urca milhares de alunos, professores e técnicos que causariam transtornos incontornáveis ao bairro e, consequentemente a seu entorno. De posse de vários estudos e documentação comprobatória dos danos ao bairro e à cidade, a associação de moradores foi buscar na lei a garantia de seus direitos. Através do Ministério Público, comprovadas as ilegalidades, a luta dos moradores da Urca valeu a proibição legal de funcionamento da referida escola. Mais uma vez a cidade ganhou através de mobi-lização popular e a prefeitura teve esclarecidas questões da administração anterior que procedeu de forma ilegal, prejudicando o estado de direito e bens públicos cedidos ilegalmente a particulares. Mais uma vez o Rio ganhou dos cariocas o apoio pela preservação de nossa cidade.

A Folha Carioca tem orgulho de ser carioca, ter como colaboradores cidadãos que têm amor pela cidade e fazem da Folha um veículo que encanta a quem nasceu ou escolheu o Rio de Janeiro para viver. Os movimentos populares são disseminadores do pensamento dos cidadãos do Rio e, independente da diversidade e pluralidade das lutas no tecido urbano, ganham força e se mostram ao país e ao mundo. O Rio tem demonstrado que a vida nas cidades é de res-ponsabilidade de todos os seus cidadãos que respeitam leis, cobram dos governantes e sabem, como poucos, lutar por liberdade e democracia. No Rio todo mundo tem a ver com tudo!

Com o intuito de preservar a estrutura urbanística

e ambiental da Urca, moradores protestam contra

a instalação do IED. O instituto traria diariamente

para o bairro milhares de alunos, professores e

técnicos causando transtornos incontornáveis ao

trânsito do bairro

A versão carioca da Marcha da maconha, uma

das pioneiras do Brasil

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Arlanza [email protected]

(ou: o homem, a barata e o caramujo)

Estou escrevendo essa crônica hoje, 23 de julho, dia do meu aniversário. Por isso não levem em conta os meus delírios, nem levem em consideração nada do que eu escrevi. É que todo aniversário é assim, eu faço meio que um “flash back” da minha vida, e às vezes junto histórias que me contaram há muito tempo com fatos recém-acontecidos tentando sempre um elo de ligação entre os dois. Vocês vão entender lendo o meu texto.

Sabe aquela história do homem que estava preso numa solitária há 30 anos e só tinha a companhia de uma barata? E aí ele ensinou a barata a dar cambalhota, ficar de pé só em duas patinhas, virar a cabecinha, piscar os olhinhos, enfim, transformou-a numa barata amestrada? E depois ele pensou: “Quando eu sair daqui vou ficar milionário, vou pra televisão, vou ter meus quinze minutos de fama...” e se imaginou com carrões, mulheres, viagens? Pois é, a ba-

rata por sua vez também sonhou com a fama: Guiness, fotos, capas de revistas, um grande amor e tudo o mais com que sonha uma barata, afinal foram 30 anos de obediência!

Só que a vida está sempre nos surpreen-dendo. Chegou o dia de sair da cadeia e o único amigo que sobrou estava na porta da prisão esperando por ele. O homem, todo feliz, colocou a barata no bolso (queria fazer uma surpresa) e mandou ela ir descendo devagarinho por dentro da roupa até o seu pé. Mas o amigo quando a viu, gritou: “UMA BARATA!” pisou nela e ela morreu! E um sonho alimentado por trinta anos acabou esmigalhado em um segundo.

Por que eu me lembrei disso? É que eu estava no Rio Grande do Norte, mês passado, e quando sai para jantar meu amigo me mos-trou um caramujo no meio da rua. Ele era tão lindo que eu parei e tirei três fotos. Continuei

andando mas de repente me deu uma pena enorme, não sei porque achei que ele ia ser atropelado. Voltei, e meu amigo já sem paci-ência com as minhas “criancices” disse: “Então bota ele na calçada!” Foi o que fiz, peguei o caramujo com todo o carinho e coloquei-o do outro lado. Agora estou aqui pensando se a calçada em que eu o coloquei foi a de onde ele saiu e não aonde ele queria chegar? Fiquei com isso na cabeça; às vezes alguém querendo ajudar, atrapalha!

Já me senti o dono da barata e acabaram com o meu sonho num segundo. Já me senti a barata e depois de trinta anos de obediência me mataram. Hoje me sinto um caramujo, só que sempre que chego no meio do caminho vem alguém e me leva para o outro lado, geralmente o lado de onde eu vim e não o lado para onde eu quero ir, e eu tenho que começar tudo de novo. Está difícil.

Sonhos interrompidos

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Sil Montechiari

[email protected]

O incontrável

Seguindo a tendência aqui da coluna de promover a simplicidade e em contraponto abordar a dificuldade em instituí-la e mantê-la em nossa rotina, podemos começar por uma observação (mesmo que ainda superficial) dos comportamentos afetivos entre sexos opostos ou “nem tanto” (quem sabe outra maneira de definir as preferências sexuais cada vez mais diversificadas).

Sempre me considerei uma mulher realizada afeti-vamente. Após o segundo casamento desfeito, porém, percebi que os assédios (as cantadas mesmo) num primeiro momento faziam festa total (ou não seria, uma bagunça geral?) na minha auto-estima. Aliás, na minha vida. As reu-niões e compromissos sociais eram frenéticos. E as escolhas das companhias? Totalmente nulas. Pretendentes? Sem noção. De gringo interessado em casar para tirar cidadania a homens que, digamos assim, ainda não saíram do closet.

Mas, ah! Tá, Pára! Quem não passou por isso que atire a primeira pedra.

Tem mais, eu não sou moderna. Já disse que sou pós-moderna. E acredito que nossos valores e conceitos sofrerão uma inegável e necessária transformação para adequação à nova era. Um resgate, uma redenção liber-tadora e... curativa!

Quem sou eu pra questionar as mulheres super-resolvidas que conseguem lidar com todas estas questões. Que sabem que o amor não deveria ter preço, raça, credo, tempo, nem travas.

Publicamente declaro minha inveja.Mas só posso falar de minha própria experiência e, no

máximo, de um enorme esforço em escutar e observar o saber alheio. (E procurar a ajuda divina).

Mais doloroso, nem por isso menos imprevisível, é o tal relacionamento que o fulano ou beltrana te jurou amor eterno, te tratava como rei ou rainha, um ser único e insubs-tituível no mundo (acho que não existe maior aprisionamento sentimental). E te coloca aquele par coroado na cabeça. Quero dizer, ga-lha-da mesmo. E então, pode nos restar aquele sentimento mesquinho de “você vai me pagar”. E vamos identificando que quem está pagando somos nós, com o descrédito para novas propostas verdadeiras e mais sensatas e o pior, quando definimos utilizar várias máscaras além das inúmeras impostas pela sociedade. São as amarras que nós mesmos nos impomos. Tantos outros disfarces da possibilidade infinita de nos escondermos de nós mesmos.

Aceitamos interferências, opiniões, sugestões, críticas, palpites e,

principalmente, elogios

Dispa-se!

Tem outra circunstância, e esta é talvez a mais difícil, pela certeza da impotência diante da própria situação. É aquela em que o amor é retirado pela interrupção à qualquer tempo do tempo de vida da sua cara metade. Ou pelo menos, daquela relação em que a companhia, o respeito e a admiração foram uma constante.

A perda e o ganho. Lados estranhos de uma mesma moeda.

Ganhamos talvez quando nos permitimos parar para refletir, estar a sós com essas questões, olhar pra dentro e lamber as feridas.

É realmente normal, após uma grande frustração ou separação, recorrermos a uns tempos de típicas “rouba-das”. Alguns anos de festinhas loucas em casa de amigos de amigos, encontros em pé nos barzinhos pé-limpo (ou sujo mesmo), onde só se enche a cara, ri o mais alto possível (fico me perguntado se é pra demonstrar o quanto estamos felizes... (“saiba que rir é bom mas rir de tudo é desespero”) e, de vez em quando, levar uma cantada na night... no banheiro feminino... de uma menina.

Além do mais, o convívio social é identificado cientifica-mente como alívio dos sintomas do tratamento de diversas doenças, dentre elas depressão, síndrome do pânico, mal de Parkinson, Alzheimer, em tratamentos para drogados e alcoólatras. Só não sei se os transtornados compulsivos ou compulsivamente transtornados, entram nesta categoria. Provavelmente, todas estas patologias e as que ainda serão nominadas. E rotuladas.

Então, após o grande oba-oba que é se ver “livre” daquele período triste em que tivemos que nos confrontar com a perda, a frustração da não realização parcial ou total de sonhos e perspectivas, abrir mão do lar e da família constituída, do carinho compartilhado... surge a expectativa.

Uma megera indomada!Passaporte para o inferno, talvez um purgatório. Esta

praga que corroe em questões de segundos qualquer interação possivelmente saudável, é a quintessência da desculpa e do autoengodo.

Porque a expectativa nunca vem sozinha. Ela traz à reboque a nossa carência, o medo da solidão, da rejeição e do abandono.

Armadilhas que criamos pra nós mesmos. Quando, mesmo que a alma berre para não ficar só, mesmo que aquela pessoa especial tenha esbarrado de frente, que

Todo ser humano deseja e busca o amor. Deus nos criou assim mesmo

seu coração sôfrego obrigue você a se entregar, o maior engano é achar que o amor não precisa de tempo para construção e ainda assim, o mais fundamental: não observar que um ser humano como você, por mais bacana que seja, está vivendo num mesmo mundo real, que também não sabe o quê fazer com suas próprias questões. E que em seu universo particular, pode não saber como matar seus leões por dia, que não possa ou não queira nem dar conta de suas próprias demandas tantas vezes; que todos temos um tempo e um modo de fazer as coisas. E que as escolhas são pessoais e intransferíveis. E somos somente nós os responsáveis por elas.

E mesmo que o tempo leve... “amanhã será um outro dia“. Onde step by step, vamos construindo nossas próprias bases e sendo alicerçados e abençoados no amor em que acreditarmos.

No meu caso, aquele amor à moda antiga, “do tipo que ainda manda flores”.

Aquele que tudo suporta.O inconcebível e grandioso amor incondicional!Meu maior devaneio!Te desejo “doar todo amor que há nessa vida“. E se não

estiver encontrando o exato retorno que te interessa para estar feliz, é porque não chegou a hora, não era para ser...

Ou está procurando o ”incontrável“.Talvez sejamos todos delirantes nesta busca, com

maior ou menor consciência dela.Uma sugestão? Jamais desista! E sempre perceba que

o perfeito não existe.E me desculpem pela falta de simplicidade. Infelizmente

sou lotada de desejos maiores.Incontroláveis.

Inatingível - Greta Garbo

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Espaço Oswaldo [email protected]

O torto direito autoral e uma de estarrecer...

O que se gastou de centimetragem na mídia impressa nestes últimos dias sobre o insolúvel problema do direito autoral por aqui, não está no Gibi. Falou-se até em fraude no Ecad, e na criação pelo Ministério da Cultura de um órgão para fisca-lizar tal entidade, o que foi glosado por ninguém menos que Paulo Sérgio Valle, 45 anos de profissão, mais de 800 composições gravadas, vaticinando que o compositor vai ganhar ainda menos do que consegue hoje – outro cabide de empregos, disse.

Eu podia ir longe com o tema, ainda que meio ignorante em abordá-lo conscientemente. Só quero mesmo é trazer para este espaço algo cer-tamente pouco conhecido a respeito do assunto. Uma recuada aos vergonhosos anos em que nosso país esteve nas mãos da generalada que tomou o poder de assalto em 1° de abril de 1964.

Decreto 78.965, de 16 de dezembro de 1976, com as assinaturas do Ernesto Geisel, do Arman-do Falcão e do Ney Braga, aquele ditador, estes, ministros e mais outro subscritor, Carlos Alberto Menezes Direito. Estava instituído o Conselho Na-cional de Direito Autoral, com a criação do Ecad, Escritório Central de Arrecadação e Distribuição - do dinheiro, claro.

Quem me honra lendo meus modestos escritos nesta querida Folha – é de se estarrecer! Então, que, com licença, se estarreça, mas com cuidado...

Gigantesca comissão de funcionários recebeu a dura missão de levantar tudo quanto era música composta, cantada, instrumentalizada, gravada etc, até aquele instante de criação do ato oficial, com o cuidado de dar a cada uma um código composto de oito algarismos. Assim: Carinhoso de Pixinguinha e João de Barro, intérprete Baden Powell – 15189880. Entendido? Sim, Carinhoso, a música do século 20 tem, como se sabe, dezenas de gravações. e para cada uma, seu código numéri-co específico. Com Dalva de Oliveira – 15189490, com Milton Banana - 15189627. E assim por diante.

Não deu para contar. Creio que umas 400 mil composições musicais estão codificadas,·tudo im-presso em dois volumes pesadíssimos, totalizando quase três mil páginas, cada página com 120 títulos, autor e intérprete.

As estações de rádio eram obrigadas a pre-encher diariamente a relação de todas as músicas que foram ao ar, em planilhas fornecidas pela Caixa Econômica. Além disso, tinham de entregá-las na mesma repartição onde também efetuariam o pagamento.

Não sei quantos milhares de volumes do Có-digo foram confeccionados. Mas dá para imaginar o que foi a preparação dos ditos volumes imensos, a arte, a composição, a impressão, a encadernação e distribuição para as milhares de rádios do país, clubes, hotéis etc. Uma fortuna, sem dúvida, alguns bons milhões de cruzeiros -- fatalmente jogados fora, tal a impossibilidade total de o projeto ser realizado.

Imaginemos as emissoras tendo de montar verdadeiros departamentos, contratando funcio-nários exclusivamente para todos os dias baterem nas máquinas de escrever tudo o que esteve na programação! Um setor novo, novas despesas, espaço físico, o diabo a quatro! Nesse tempo eu dirigia a Emissora Metropolitana e seu proprietá-rio Guy Masset já se manifestara no sentido de não cumprir a absurda operação determinada pelo governo, o que também ocorria nas demais rádios de todo o pais.

A codificação das músicas, as planilhas, os vo-lumes, tudo acabou mesmo em mais um rotundo fracasso, dentre tantos outros que deixaram marcas indeléveis na história do país - naqueles tempos de ditadura - os chamados anos de chumbo que emporcalharam 21 anos da vida do povo brasileiro, e que são hoje ainda, terríveis lembranças no seio de tantas famílias.

Quando fui demitido da Metropolitana, por discordar do modo como então os incipientes pastores começavam a dar os ares de suas gra-ças, comprando horários para suas intoleráveis pregações ditas religiosas, tive o cuidado de trazer comigo dois desses inúteis volumes da Relação de Obras e Gravações Codificadas, mais uma das merdalhadas daquilo que Stanislaw Ponte Preta chamava de Redentora.

Entrementes, o direito autoral segue por aí, torto que só ele...

Reprodução de uma página da imensa

“Relação de Obras e Gravações Codificadas”.

Só o Carinhoso, exemplo de como era a

codificação. Favor observar os oito algarismos

que identificavam as gravações uma a uma

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míd

ia

Deu na

O GLOBO: “Dilma gasta bilhões para pagar PAC de Lula. Governo desembolsa valor recorde de 10,6 bilhões para obras da gestão passada”. Tem mais: “Dilma desmonta esquema de corrupção da época de Lula”. E ele, que tripudiava tantosobre a “herança maldita” do Fernando Henrique... // MÍDIA GERAL: “Marina deixa o Partido Ver-de”. Sirkis amarelou... // GLOBO NEWS - Leilane Neubarth: “Umidade do ar em Brasília chegou a 17%, das mais baixas já registradas nesta época.” Só não seca a voracidade deles no trato com o dinheiro público... // MÍDIA GERAL:”Murdoch fecha News of the World”. Que tal lançar New of the water closet, nem que seja só para inglês ver...// MÍDIA GERAL: “Bueiros, bueiros...” No Facebook inter-nauta diz ter medo até de passar na rua Bueiros Aires. // METRO: “Para tribunal da Bahia, empresa pode vetar funcionário com barba”. Atingidos que ponham as suas de molho... // CARTA CAPITAL: “Dilma busca seu governo. Palocci e Nas-cimento já se foram. Há outros na fila.” Ministério na corda bamba. // TRIBUNA DE PETRÓPOLIS: “Emoção na festa do centenário do petropolitano.” E vem à lembrança, meu saudoso primo Oscar Ferreira da Silva, o Oscar Maluco, que, como jogador e faz-tudo no querido clube, a ele deu muito de sua vida.

BodytechE então?·O deputado Aldo Rabelo pode ser

chamado de Zé Mané por causa do seu projeto proibindo estrangeirismo na nossa língua?

Itamar FrancoAinda em 1923, na morte de Ruy Barbosa, o

Correio da Manhã estampou a manchete: Morto era maior que vivo! É minha manchete, agora, para Itamar.

Dayse – 40 no arDayse Lucidi está completando 40 anos de micro-

fone a serviço de um público que a tem como um de seus principais símbolos culturais. Que todas as cerca de 50 rádios da cidade se juntem a nós, abrindo em sua programação pelo menos um minuto, um minutinho, em homenagem a esta exemplar profissional, patrimô-nio da classe. No estúdio da Nacional, onde ela atua sempre de segunda a sexta das 11 às 12 h, impecável em sua atuação, ei-la com Rosalina Rocha, assistente de produção, Fabio Luiz, operador de áudio e Claudio da Matta, coordenador de estúdio - bela equipe que ainda tem Fátima Bonfim na produção e Marcos Gomes, na coordenação geral. Benza Deus!

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perfil: Antonio Egidio Nardi

Maria Luiza de Andrade

Depressão na terceira idade

FC – Por que a resistência do idoso em consultar o psiquiatra?

Prof. Nardi – Apesar de ter diminuído nos

últimos anos, ainda existe certo desconheci-

mento do que é depressão. Muitas pessoas

com depressão acham que estão sofrendo

devido a um problema e que sofrer com os

sintomas da depressão, fazer tudo com grande

dificuldade, é parte da vida delas. Muitos indi-

víduos ainda têm dificuldade de procurar um

psiquiatra por preconceito. Sentir-se desanima-

do, triste quase sempre ou de forma excessiva,

sem prazer nas atividades habituais, com alte-

ração de sono e de apetite, pessimismo, entre

outros sintomas fazem parte da constelação de

sintomas da depressão. Pessoas que se sentem

assim devem procurar ajuda médica.

Depressão é doença de rico, “falta de um tanque de roupa para lavar”?

Claro que não. A depressão é uma doença

como qualquer outra. Como hipertensão ar-

terial ou diabetes. Ocorre em qualquer classe

social e em pessoas de todos os níveis de

educação. Provavelmente é uma doença he-

reditária e os fatores estressantes do ambiente

servem como gatilho para a depressão surgir.

Depois que ela aparece – primeiro episódio

depressivo – ela segue um curso próprio inde-

pendente dos estressores ambientais.

Quais os principais fatores que agra-vam o surgimento da depressão no idoso?

Autor de artigos científicos de impacto em revistas internacionais, Antonio Egidio Nardi é Professor Titular de Psiquiatria da Faculdade de Medicina – Instituto de Psiquiatria – da UFRJ e coordenador da sede Rio de Janeiro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina (INCT-TM). Casado, pai de dois filhos, mora no Flamengo.Nessa entrevista, ele nos fala das dificuldades e preconceitos que a terceira idade enfrenta ao buscar ajuda para a depressão.

Solidão, limitação física, outras doenças

crônicas concomitantes e o uso de medica-

mentos para outras doenças, mas que podem

facilitar o aparecimento de depressão.

Quando o idoso perde a indepen-dência com problemas de saúde, a medicação pode curar a depressão, já que não pode deter o envelhecimento?

A questão de cura da depressão é um

debate que está sempre presente. Existe

cura para um episódio depressivo, mas para

a doença depressão existe apenas um con-

trole e uma possibilidade de se evitar novos

episódios. No caso de idosos depressivos

com problemas de saúde que limitam sua

independência, o uso de antidepressivos

pode ajudar a aliviar os sintomas. A depressão

pode ser eliminada e o idoso viver melhor

apesar da limitação física. Não eliminamos a

tristeza, mas conseguimos eliminar a doença

depressão e melhorar a qualidade de vida.

Uma pessoa com problemas de saúde poderá

ficar sem a depressão e isto a ajudará a lidar

com os problemas da vida de uma forma mais

realista, natural e com menos sofrimento.

O isolamento dos idosos que moram sozinhos não seria aliviado pelo conví-vio numa residência geriátrica?

Sim. A vida social é importante em qual-

quer idade, e ainda mais na senectude. Um

ambiente acolhedor, agradável e tranquilo é

fundamental para a saúde mental do idoso.

Isto pode ser obtido em residências geriátricas

dignas. A solidão piora a depressão e aumenta

o risco de suicídio.

A medicação pode dispensar o apoio de uma terapia auxiliar?

Não. A medicação é uma ferramenta

importante e fundamental no tratamento da

depressão, mas não é a única. Uma terapia

auxiliar poderá trazer benefícios e ajudar a

recuperação. Atividade física regular e mode-

rada também poderá ser útil no tratamento da

depressão em idosos.

A depressão na terceira idade atinge mais o homem ou a mulher?

Na senectude a depressão atinge igual-

mente homens e mulheres. As diferenças

hormonais estão muito atenuadas.

Como reconhecer o surgimento da depressão e a necessidade de buscar ajuda psiquiátrica?

Ninguém pode diagnosticar em si ou

em um conhecido. Um médico psiquiatra

é o profissional indicado para o diagnósti-

co preciso. Todo o indivíduo com alguns

dos sintomas como tristeza exagerada e

constante, ausência de energia, diminuição

dos prazeres comuns da vida, pessimismo

exagerado, alteração de sono e apetite deve

procurar ajuda médica.

Médico psiquiatra, professor titular da

Faculdade de Medicina - Instituto de

Psiquiatria da UFRJ

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EMERGÊNCIA

Tel.:2529-4505

GERAL

Tel.:2529-4422

Dessa forma, o respeito pela autonomia do paciente fica bastante prejudicado, já que não se consegue discutir a melhor proposta do seu trata-mento ou recusar certas ações que podem trazer mais desconforto do que sua própria doença. É im-portante para o indivíduo e seus próximos saberem que SEMPRE haverá o que ser feito! O que muda é o objetivo do tratamento! Quando a cura não é

mais possível, deixamos de tratar a doença para INVESTIR na pessoa!

Essa pessoa tem uma história de vida e está repleta de necessidades e desejos. Ela sofre na alma e é rica em sintomas desconfortáveis como dor, falta de ar, cansaço, enjoo e ansiedade. Existe um conjunto de fatores estressantes que levam a muitos pacientes pedirem que se dê logo um fim.

Cuidados paliativos: prática necessária para a vida!

“Morrer faz parte da vida”. Apesar de parecer óbvia essa afirmativa, existe uma tendência atual em nossa sociedade a não encarar a finitude da vida. Parte de justificativas se dá por uma crença na imortalidade que acompanha o avanço da tecnologia na Medicina e uma cultura do imediato e descartável.

A expectativa de vida no Brasil e no mundo aumentou. O que era, no ano de 1940, 45,5 anos de idade, passou a 73,1 anos, segundo dados recentes do IBGE. Não existe mais dú-vida de que vamos envelhecer. Diante disso, vem o questiona-mento: estou me preparando para essa realidade?

Como vivemos mais, natu-ralmente mais temos chances de desenvolver doenças crônicas como Doença de Alzheimer, Doença de Parkinson, insufici-ências pulmonares, cardíacas e renais, além de muitos tipos de câncer. Condições clínicas que chegam a um determina-do momento de falência da terapêutica específica. O foco do tratamento, portanto, deve mudar, pois a doença continua presente e, apesar de não poder ser curada, a pessoa está viva e precisa de cuidados.

Exemplo: um câncer avança-do, onde já existem metástases que não apresentam boa res-posta à quimioterapia ou radioterapia. Muitas vezes é encarado como não havendo mais nada a fazer, mas, apesar disso o paciente é internado em CTI e subme-tido a procedimentos dolorosos que possivelmente não trarão nenhum benefício, além de postergar o momento de sua morte. O fim será adiado para um ambiente frio, inóspito, repleto de ruídos e luzes, sem a companhia de amigos ou familiares.

Reconhecer a morte como parte do enredo da vida e aceitar a doença, tratando de forma eficaz todos os sintomas desconfortáveis, são passos im-portantes para se viver intensamente até o último dia. Oferecer vida ao pouco tempo que resta será melhor do que mais tempo sem qualidade. Para isso, existem os Cuidados Paliativos.

Os Cuidados Paliativos utilizam um conjunto de intervenções que podem ou não dispor de medicamentos e contam com a participação de uma equipe multidisciplinar em grande sintonia. Entre eles estão o médico, o psicólogo, o enfermeiro, o fisioterapeuta, o nutricionista, o fonoaudiólogo, o farmacêutico, os assistentes social e espiritual, além do terapeuta ocupacional.

O Brasil conta com uma associação profissional criada em 2005, chamada Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP), que procura coordenar os profissionais de saúde desta área, buscando a integração e a capacitação contínua. Estar ao lado do paciente até seu último instante, mostrando-se cúmplice desse desfecho é a principal es-tratégia dos Cuidados Paliativos. A família e amigos são outros que precisam de apoio e serão acolhidos, principalmente após a

morte do ente querido, pois o luto também está no plano de abordagem.

O pavor da morte em nossa cultura se dá muitas vezes pelo medo do sofrimento e da solidão na fase final de vida. Sabendo que podemos mudar este cenário, será possível acompanhar melhor o curso natural, buscando a cada momento um sentido e compartilhando com as pessoas ao nosso redor.

Dr. Filipe Gusman é médico especialista

em Clínica Médica e Geriatria e

professor dos cursos de Medicina e

Enfermagem da Souza Marques-RJ e

Medicina da UNIGRANRIO-RJ

“The death of Mozart”, por Charles Edward Chambers (1883-1941), ilustra os

últimos dias de vida de Mozart envolvido em suas composições

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Pens

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Pró-

fund

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ante

Fug

az

Um texto torna-se literário, na maioria das vezes, ao refletir o estranhamento em que o ser humano se encontra. O ato de contar uma história não é necessariamente literatura. Mas quando nessa mesma história comparece algo inesperado, inusitado, quando essa estranheza torna-se contraponto e, a partir dela, se esta-belece um outro texto, pleno de variantes e muitas vezes polissêmico, aí está a literatura.

O cronista, primeiro livro de Bolívar Torres, tem essa característica. São seis contos de ex-tensão média, que prendem o leitor, sobretudo devido a soluções inesperadas para situações banais. É o que não nos deixa esquecer suas histórias. O autor além de, como todo aquele que se pretende a escritor, narrar e descrever situações diversas com muita habilidade, nos propõe personagens profundamente cindidos.

Na quarta capa do livro, alguns conhecidos especialistas em ficção elogiam em Bolívar o desconcerto que as situações, apesar de banais, apresentam. Flávio Braga chega a falar em Kafka e Nabokov. Estão corretos em suas avaliações. Mas há algo além. A originalidade do autor tam-bém está na construção desses personagens di-vididos, em conflito consigo mesmo, seres que, a todo momento, monologam nas entrelinhas, demonstrando a impossibilidade senão de uma ética, ao menos de uma inteireza.

Não é que se vá aqui retomar a tradição que a modernidade instaurou ao inaugurar o personagem fragmentado. A fragmentação do sujeito está presente na cultura ocidental desde a tradição helênica. Os personagens homéricos dialogam o tempo todo consigo mesmo, vivendo uma espécie de autopolêmica ao demonstrar a impossibilidade do sujeito ante o imponderável destino. Daí o conhecido culto à tragicidade. Como, no entanto, a cultura he-lênica não é unívoca, em Eurípedes o humano apresenta-se como insurgente ante a inexora-bilidade da existência. O autor de Medeia irá mais longe ao retratar o herói na tentativa de deixar essa subserviência. O herói euripidiano quer, desesperadamente, transformar-se em senhor do próprio destino. Não é à toa que Eurípides tornou-se um desconforto dentro da tradição clássica (quase apolínea), tradição esta

submissa a inexorável moira.Os contos de O cronista esbarram nes-

sas características insurgentes. São homens e mulheres que não desejam submeter-se. Mas, devido à intensa luta interior, acabam profundamente marcados. É impossível ver neles algum tipo de vitória. Sobressaem-se com mais destaque as cicatrizes.

Em “Aborto”, primeiro conto do livro, acompanhamos uma adolescente levada pela mãe a uma clínica onde fará a asséptica cirurgia que a livrará da gravidez indesejada. Mas a tal gravidez incomoda mais a mãe do que a ela. A jovem apaga ao ser anestesiada e sonha com a prima a lhe oferecer um berço que flutua numa pequena lagoa. Maria, assim chama-se a personagem, tenta chegar ao bebê, mas a corrente de água é mais forte.

Em “O Cronista”, conto que dá título ao livro, um famoso colunista social frequenta festas de casamento povoadas por “famílias” bem su-cedidas que desejam aparecer nas suas páginas festivas. Mas o personagem pede licença para ir ao toalete, e lá, devido à urina empedrada, sua diante do mictório. Urina e toalete acabam metáfora da hipócrita vida social para a qual ele precisa sorrir e da qual não consegue se livrar.

“Debutantes” focaliza o mundo festivo das patricinhas prestes a estrear na vida social. São tutoradas por senhoras tipo a tal Meneghetti, sempre a lhes lembrar que o sucesso depende delas e que um futuro cor de rosa as aguarda, basta que não desistam. Numa espécie de “country club”, experimentam o vestido da futura festa e agrupam-se para tirar fotos. Mas a pseudoplasticidade da imagem juvenil é ma-culada por duas jovens: uma se sente estranha e tenta escapar à artificialidade reinante corren-do através do clube; a outra foge para fumar maconha e diz à primeira já ter lido Nietsche.

“Homem de Jaqueta”, ao contrário da beleza resplandecente da alta sociedade, retrata a vida dos motoristas e cobradores de ônibus. Num final de domingo, durante a últi-ma viagem, enquanto seu time está perdendo, um cobrador luta para conter a ansiedade de chegar em casa para comer um bife preparado

Haron Gamal [email protected]

O cronista, Bolívar TorresOuço Clarice

e me falta:palavrassentidosrimasacentuação.

Ouço Claricee me falta:temporitmosilênciopontuação.

Ouço Claricee me falta:desejopurezasaudadepaixão.

“O sol determina o lugar da sombra.”

“Restos de alegria pela ruaA festa da vida continua.”

“Misturados pelo chão:Confete, serpentina e ilusão.“

“A mentira disfarçou-se de ilusões.”

“A máscara perdeu o mascarado.”

“O vinho que enaltece os deusesembebeda os homens.”

“Sapato tortoentorta os caminhos.”

“O jovem discípulo perguntou ao mestre:- Meu Mestre, porque tantas pessoas criticam a nossa eterna busca pela sabedoria?O mestre, que neste momento estava completamente absorto com a leitura do almanaque do Tio Patinhas, inter-rompeu sua leitura, olhou o discípulo nos olhos, contemplou a revoada de pássaros que pontilhava o céu e disse:- A sabedoria é como alpiste, insignifican-te aos olhos de alguns mas fundamental para aqueles que dela se nutrem.”

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Posologia para bons projetos

Dia de Santa Clara

Uma orquestra, ela precisa saber, uma orquestra dá trabalho. Não é ciência que prova se dá certo. Na posologia vem escrito: carece de intenção afetiva para timbrar.

Nenhum amor é besta, ele soprou, quando contava da poesia que a humanidade fica teste-munha quando a energia de um projeto é viva.

Volte aos alfarrábios, como fazem os bons de grafia, quando se debruçam sobre tema que exige pesquisa. E ela só prossegue se o afeto a persegue.

E quando for limpar o sal da saliva com biscoitinhos chineses da sorte, cace a resposta de seu êxito no papel que rabiscou lá atrás quando se lotava de afeto num desses projetos que querem acontecer, mas a gente traz o medo, entorpece de sono e tranca numa gaveta qualquer. Recorde e deixe que ele se pronuncie. Que a gente precisa acontecer.

É assim que se tira retrato na vida.

pela esposa que o aguarda, enquanto observa um passageiro desfocado, diferente dos outros, o próprio homem de jaqueta. De quem é a dis-torção, do cobrador que tem como perspectiva apenas o estômago e vê as cores do domingo se esvaindo ou do assustado personagem que irrompe ônibus adentro e salta no ponto final para desaparecer misterioso dentro da noite?

“Estrada do Mar” narra a viagem de um bem sucedido empresário no seu automóvel através do Rio Grande do Sul. Ele vê uma jovem à beira da rodovia, para o automóvel e lhe oferece carona. Daí em diante, numa rememoração proustiana, vai viver sentimentos que transitam entre o êxtase e o nojo.

No último conto, “Dona Eva”, uma senho-ra idosa, mostra um álbum que retrata toda a sua vida a uma criança cujos pais a visitam com o objetivo de ver o terreno que está à venda. Ele, o menino que a escuta e ainda não tem dez anos, virá a se tornar o narrador da trágica história desta mulher, uma colecionadora de perdas. O álbum apresenta o diálogo entre razão e paixão, mostrando que as pessoas são impotentes diante da ameaça de arrebatamento a que sempre estão sujeitas.

No final, chegamos à conclusão de que se ao ser humano não é permitido aproximar-se dos deuses, como já tinham constatado os gre-gos da antiguidade, ao menos lhe será tolerado experimentar – ainda que apenas através da literatura – algum tipo de imortalidade. Então, ao cronista e a seu fotógrafo, não caberia a missão de retratar as festas dos novos ricos e a destreza destes no mercado financeiro, mas a resistência humana, tendo como espelho a arte, ainda que fugaz, eterna enquanto dure.

Parodiando a frase presente no final da página em que aparece a ficha catalográfica desta bela edição de capa dura e com criativas gravuras de Carolina Veiga: que a literatura dure até antes do fim do mundo.

O cronistaBolívar TorresEd. Oficina Raquel, 115 páginas 01 - D 02 - A 03 - D 04 - A 05 - A 06-D 07-D 08 - A 09 - B 10 - B

11 - D 12 - D 13 - A 14 - A 15 - C 16 - B 17 - A 18 - B 19 - A 20 - B

passa-tempo respostas

As Irmãs Clarissas convidam a todos para participar das cerimônias religiosas em honra de Santa Clara que ocorrerão dia 11 de agosto, quinta-feira.

“Põe o teu coração Naquele em quem o vigor de Deus se tornou visível e transforma-te, pela contemplação, em imagem perfeita da própria divindade.”

Santa Clara

nota

Programa10h30min - Solene Concelebração Eucarística16h - Canto do Ofício de Vésperas17h - Bênção do Santíssimo Sacramento,

seguida da festiva comemoração do Trânsito da Virgem de Assis

18h - Missa

Mosteiro de Nossa Senhora dos AnjosRua do Jequitibá, 41 – GáveaTel.: 2274-3147

Page 26: Folha Carioca / Agosto 2011 / Ano 10 / nº 91

GÁVEABanca do CarlosRua Arthur Araripe, 1Tel.: 9463-0889

Banca Feliz do RioRua Arthur Araripe, 110Tel.: 9481-3147

Banca João BorgesClínica São Vicente

Banca MSVRua Mq. de São Vicente, 30Tel.: 2179-7896

Banca New LifeR. Mq. de São Vicente,140Tel.: 2239-8998

Banca Alto da GáveaR. Mq. de São Vicente, 232 Tel.: 3683-5109

Banca dos FamososR. Mq. de São Vicente, 429Tel.: 2540-7991

Banca SperanzaRua dos Oitis esq. Rua JoséMacedo Soares

Banca SperanzaPraça Santos Dumont, 140Tel.: 2530-5856

Banca da GáveaR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2294-2525

Banca Dindim da GáveaAv. Rodrigo Otávio, 269Tel.: 2512-8007

Banca da BibiShopping da Gávea 1º pisoTel.: 2540-5500

Banca planetárioAv. Vice Gov. Rubens BerardoTel.: 9601-3565

Banca pinnolaRua Padre Leonel Franca, S/NTel.: 2274-4492

Galpão das Artes Urba-nas Hélio G.pellegrinoAv. Padre Leonel Franca, s/nº - em frente ao PlanetárioTel: 3874-5148

Restaurante Villa 90Rua Mq. de São Vicente, 90Tel.: 2259-8695

MenininhaRua José Roberto Macedo Soares, 5 loja CTel.:3287-7500

Da Casa da TataR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2511-0947

Delírio TropicalRua Mq. São Vicente, 68

Chez AnneShopping da Gávea 1º pisoTel: 2294-0298

Super BurguerR. Mq.de São Vicente, 23

Igreja N. S. da Concei-çãoR. Mq.de São Vicente, 19Tel.: 2274-5448

Chaveiro pedro e CátiaR. Mq. de São Vicente, 429Tels.: 2259-8266 15ª Dp - GáveaR. Major Rubens Vaz, 170Tel.: 2332-2912

J. BOTâNICOBibi SucosRua Jardim Botânico, 632 Tel.: 3874-0051

Le pain du lapinRua Maria Angélica, 197 tel: 2527-1503

Armazém AgriãoRua Jardim Botânico, 67 loja H tel: 2286-5383

Carlota portellaRua Jardim Botânico, 119 tel: 2539-0694

Supermercado CrismarRua Jardim Botânico, 178 tel: 2527-2727

posto YpirangaRua Jardim Botânico, 140 tel:2540-1470

HUMAITÁBanca do AlexandreR.Humaitá esq. R.Cesário AlvimTel.: 2527-1156

LEBLONBanca ScalaRua Ataulfo de Paiva, 80Tel.: 2294-3797

Banca Café pequenoRua Ataulfo de Paiva, 285

Banca MeleRua Ataulfo de Paiva, 386Tel.: 2259-9677

Banca NovelloRua Ataulfo de Paiva, 528Tel.: 2294-4273

BancaRua Ataulfo de Paiva, 645Tel.: 2259-0818

Banca RealRua Ataulfo de Paiva, 802Tel.: 2259-4326

Banca TopRua Ataulfo de Paiva, 900 esq. Rua General UrquisaTel: 2239-1874

Banca do LuigiRua Ataulfo de Paiva, 1160 Tel.: 2239-1530

Banca piauíRua Ataulfo de Paiva, 1273 Tel.: 2511-5822 Banca Beija-FlorRua Ataulfo de Paiva, 1314 Tel.: 2511-5085

Banca LorenaR. Alm.Guilhem, 215 Tel.: 2512-0238

Banca Cidade do LeblonRua Alm. Pereira Guimarães, 65 Tel.: 8151-2019

Banca BB ManoelRua Aristides EspínolaEsq.R. Ataulfo de PaivaTel.: 2540-0569

Banca do LeblonAv. Afrânio M. Franco, 51 Tel.: 2540-6463

Banca do IsmaelRua Bartolomeu Mitre, 144Tel: 3875-6872

BancaRua Carlos Goes, 130Tel.: 9369-7671

Banca Encontro dos AmigosRua Carlos Goes, 263Tel.: 2239-9432

Banca LuísaRua Cupertino Durão, 84Tel.: 2239-9051

Banca HMRua Dias Ferreira, 154Tel.: 2512-2555

Banca do CarlinhosRua Dias Ferreira, 521 Tel.: 2529-2007

Banca Del SolRua Dias Ferreira, 617 Tel.: 2274-8394

Banca Fadel Fadel Rua Fadel Fadel, 200 Tel.: 2540-0724

Banca QuentalRua Gen. Urquisa, 71 BTel.: 2540-8825

Banca do Vavá Rua Gen. Artigas, 114 Tel.: 9256-9509

Banca do MárioRua Gen. Artigas, 325 Tel.: 2274-9446

Banca Canto LivreRua Gen. Artigas s/n Tel.: 2259-2845

Banca da Vilma Rua Humberto de CamposEsq. Rua Gen. Urquisa Tel.: 2239-7876

Banca Canto das Letras Rua Jerônimo Monteiro, 3010 esq. Av. Gen. San Martin

BancaRua José Linhares, 85Tel.: 3875-6759

BancaRua José Linhares, 245Tel.: 2294-3130

Banca GuilherminaR. Rainha Guilhermina, 60 Tel.: 9273-3790

Banca RainhaR. Rainha Guilhermina,155 Tel.: 9394-6352

Banca Rua Venâncio Flores, 255 Tel.: 3204-1595

Banca Miguel CoutoRua Bartolomeu Mitre, 1082Tel.: 9729-0657

Banca palavras e pontosRua Cupertino Durão, 219Tel.: 2274-6996

BancaRua Humberto de Campos, 827Tel.: 9171-9155

Banca da EmíliaRua Adalberto Ferreira, 18Tel.: 2294-9568

BancaRua Ataulfo de Paiva com Bartolomeu Mitre

Banca Novo LeblonRua Ataulfo de Paiva, 209Tel.: 2274-8497

BancaRua Humberto de Campos, 338Tel.: 2274-8497

BancaRua Alm. Pereira Guimarães, 65

Banca J LeblonRua Ataulfo de Paiva, 50Tel.: 2512-3566

BancaAv. Afrânio Melo Franco, 353Tel.: 3204-2166

BancaRua Prof. Saboia Ribeiro, 47Tel.: 2294-9892

Banca Largo da Me-mória Rua Dias Ferreira, 679Tel: 9737-9996

Colher de pauRua Rita Ludolf, 90Tel.: 2274-8295

Garapa Doida R. Carlos Góis, 234 - lj FTel.: 2274-8186

Banca do AugustoRua Humberto de Campos, 856Tel: 3681-2379

Sapataria Sola ForteRua Humberto de Campos, 827/ETel.: 2274-1145

Copiadora Digital 310

Loteria EsportivaAv. Afrânio de Melo Franco

Loteria EsportivaAv. Ataulfo de Paiva

Vitrine do LeblonAv. Ataulfo de Paiva, 1079

Café com LetrasRua Bartolomeu Mitre, 297

Café Hum LeblonRua Gen. Venâncio Flores, 300

Tel.: 2512-3714

Leblon Flat ServiceRua Almirante Guilhem, 332

EntreletrasShopping Leblon nível A 3

proforma Academia Rua Dias Ferreira, 33Tel: 2540-7999

BOTAFOGOBanca Bob’sRua Real Grandeza, 139 Tel.:2286-4186

FLAMENGORepública Animal pet-shopRua Marquês de Abrantes, 178 loja bTel: 2551-3491 / 2552-4755

URCABar e restaurante UrcaRua Cândido Gafrée, 205Próximo à entrada do Forte São João

Julíus BrasserieAv. Portugal, 986Tel.: 3518-7117

Banca do Ernesto

Banca da Teca

Banca da Deusa

Banca do EpV

CENTROFaculdade de São Ben-to do Rio de JaneiroRua Dom Gerardo, 42 - 6° andarTel.: 2206-8281 – 2206-8200

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