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Finanças pessoais: um estudo com militares da 13º Companhia Depósito de
Armamento e Munição1
RAVANELLO, Jozemar da S2; TRETER, Jaciara3
Resumo
A contabilidade e suas áreas desempenham papel fundamental na vida econômica da
população, bem como a gestão financeira pessoal. Essa por sua vez se faz importante, pois é
nela que se aprende a estruturar as finanças de cada indivíduo ou grupo familiar. O presente
trabalho possui o objetivo de identificar o perfil de gestão financeira pessoal dos militares da
13ª Companhia Depósito de Armamento e Munição, de Itaara-RS, buscando verificar como
eles gerenciam suas dívidas e como poupam ou investem seu dinheiro. O método de pesquisa
é básico e consiste em uma pesquisa aplicada, quanto aos objetivos é uma pesquisa descritiva,
com a forma de abordagem qualitativa dos dados. Para os procedimentos técnicos optou-se
por uma abordagem bibliográfica com pesquisa de campo, com coleta de dados a partir de
questionário. Como resultados da pesquisa, se têm o perfil dos militares da companhia, na sua
maioria homens, com idade entre 18 e 25 anos, com estabilidade temporária na sua maior
parte e com menos de 5 anos de carreira, mesmo que não possuam uma forma definida de
gerir seu dinheiro, contam com objetivos a curto, médio e longo prazo, porém não costumam
investir, e quando investem é em títulos sem rentabilidade. O que leva a se concluir que uma
educação financeira seria o melhor caminho para que se consiga ter uma melhor gestão
financeira pessoal.
Palavras-chave: Educação Financeira; Contabilidade; Investimentos.
Abstract
Accounting and its areas play a key role in the economic life of today's population, as well as
personal financial management. This, in turn, is important, because it is here that one learns
how to structure the finances of each individual or family group. The objective of this work is
to identify the personal financial management profile of the military personnel of the 13th
Armament and Ammunition Depot Company, fron Itaara-RS, seeking to verify how individu-
als manage their debts and how they save or invest their money. The research method is basic
and consists of an applied research, as for the objectives is a descriptive research, with the
form of qualitative approach to the data. For the technical procedures it was opted for a bibli-
ographic approach with field research, with data collection from the questionnaire. As a result
of the survey, if they have the profile of the company's military, mostly men, aged between 18
and 25, with temporary stability for the most part and with less than 5 years of career, even if
they do not have a defined way of managing their money, they have short, medium and long
term objectives, but they do not usually invest, and when they do, it is in savings accounts.
This leads to the conclusion that financial education would be the best way to achieve better
personal financial management.
Keywords: Financial Education; Accounting; Investments.
1 Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Ciências Contábeis, da Universidade de Cruz Alta, como
requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. 2 Acadêmico do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Cruz Alta – UNICRUZ. Email: joze-
[email protected] 3 Professora do curso de Ciências Contábeis da UNICRUZ, bacharel em Ciências Sociais e Jurídicas e em Ciên-
cias Contábeis – UFSM e mestre em Desenvolvimento, Gestão e Cidadania – UNIJUÍ. Email: jtre-
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1 INTRODUÇÃO
A contabilidade e suas ferramentas possuem um papel fundamental para a organização
das finanças pessoais, pois são elas que auxiliam no gerenciamento e na realização de projetos
individuais. O cenário aponta que existem indivíduos que possuem dificuldades em controlar
suas finanças, ocasionando problemas na administração e planejamento de sua vida
financeira. Normalmente, uma das prováveis causas é a falta do saber, e a outra é a falta da
aplicabilidade do saber (OTANNI et al, 2016).
De acordo com Ferreira (2008), finanças pessoais é a disciplina que estuda a aplicação
de conceitos financeiros e empresariais nas decisões financeiras de uma pessoa ou de uma
família. Essas finanças englobam conceitos e ferramentas como: taxa de juros, inflação e
poupança, que muitas vezes não são conhecidos pela maioria das pessoas, mas que são
informações necessárias para tomar decisões corretas em relação aos seus recursos.
Embora a boa gestão do dinheiro seja fundamental para alcançar uma vida financeira
equilibrada e conquistar objetivos, o brasileiro não possui o hábito de cuidar de suas finanças.
Dados apurados pelo Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas CNDL, em 2018, e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostram que o
Brasil encerrou o ano de 2018 com um avanço de 4,41% na quantidade de consumidores com
contas em atraso, na comparação com 2017.
Além da inadimplência, outro dado que mostra como o brasileiro não tem por
convenção administrar suas finanças, é a rotina de poupar. Segundo dados do Banco Central
do Brasil (BCB), no último levantamento feito em 2018, 69% dos entrevistados afirmaram
não ter poupado nenhuma parte da renda recebida nos últimos 12 meses.
A tomada de empréstimos, pessoais ou consignados, para pagar outros empréstimos e
prestações atrasadas, também é um fator que demonstra como os brasileiros agem em relação
às suas finanças. Em um levantamento de dados conduzido pela CNDL, em 2018, mostrou
que 22,7% dos consumidores brasileiros recorreram a esse tipo de serviço nos últimos 12
meses. Essa atitude, geralmente, é tomada quando não se tem mais controle sobre suas
próprias finanças, uma vez que contrair uma dívida para quitar outras não resolve o problema.
O funcionalismo público é alvo constante de ofertas desses tipos de contrato. Devido à
estabilidade que os profissionais dessa área possuem, presume-se que esse pessoal tem sua
gestão de finanças mais organizada. No entanto, pelo fato de dispor do salário em dia, alguns
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podem ceder à tentação de assumir mais uma dívida sem necessidade, devido à facilidade de
contratação e formas de pagamentos atrativas.
Tendo em vista ser um assunto de extrema relevância, pois atinge todas as pessoas,
independentemente de classes sociais, uma maior produção de estudos e conteúdos sobre
gestão de finanças pessoais é um importante processo de transformação que começa na
academia e estende seus reflexos para a realidade social. Para o curso de Ciências Contábeis e
a área de conhecimento que envolve pesquisas científicas, são cada vez mais necessários e
pertinentes.
Diante do exposto, este estudo, buscou responder, por meio de pesquisa de campo, a
seguinte questão: Qual o perfil de gestão financeira pessoal dos militares da 13ª Companhia
Depósito de Armamento e Munição (13ª Cia DAM)?
Como objetivo geral do estudo tem-se identificar o perfil de gestão financeira pessoal
dos militares da 13ª Cia DAM, dimensionando o percentual de dívidas em relação ao salário e
verificando se os militares possuem o hábito de poupar, e se poupam qual o percentual em
relação ao seu salário.
A importância desse estudo com os militares da 13ª Cia DAM deu-se em função de
que, apesar de possuírem características semelhantes em relação à estabilidade salarial, tanto
militares de carreira quanto temporários podem apresentar características diferentes no que
tange a administração das suas finanças pessoais. E os resultados desse estudo poderão
contribuir para qualificar esta gestão.
Este artigo conta com quatro capítulos, inicia-se com essa introdução, a qual contem-
pla a problemática da pesquisa, bem como os objetivos, geral e específico, e as justificativas
do estudo. Depois se tem o referencial teórico. O terceiro capítulo contempla a metodologia,
contendo a classificação da pesquisa e os instrumentos utilizados para a realização da pesqui-
sa de campo com os militares da 13ª Companhia Depósito de Armamento e Munição (13ª Cia
DAM). No quarto capítulo são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa, dispondo
a seguir das considerações finais no capítulo cinco e as referências utilizadas no decorrer da
pesquisa.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesse capítulo serão abordados os principais conceitos relacionados ao patrimônio, às
finanças pessoais, como renda, gastos, empréstimos, financiamentos e investimentos.
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2.1 Patrimônio
Normalmente a palavra patrimônio é associada somente aos bens materiais. No
entanto, além desses bens materiais como imóveis e automóveis, abrange também direitos a
receber e obrigações como contas a pagar. Ribeiro (2018, p.09) define patrimônio como um
conjunto de bens, direitos e obrigações avaliado em moeda e pertencente a uma pessoa.
Padoveze (2000) define o patrimônio como conjunto de riquezas de propriedade de alguém ou
de uma empresa. As obrigações têm relevância significativa para saber o real valor do
patrimônio mensurado. Marion (2006, p. 37) esclarece que as obrigações “são dívidas com
outras pessoas”. Sendo assim, o indivíduo ou empresa deve confrontar seus bens e direitos
com suas obrigações para descobrir se seu patrimônio é excedente ou não cobre suas
obrigações.
Marion (2006, p. 34) explica que “em contabilidade, a palavra patrimônio tem sentido
amplo: por um lado significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou
empresa; por outro lado inclui as obrigações a serem pagas”. Sendo definido por Padoveze
(2000, p. 37) “como conjunto de bens direitos e obrigações”.
Um dos componentes do patrimônio seja de um indivíduo ou de uma empresa, que
representa os bens e direitos é chamado de ativo. Já as obrigações são chamadas de passivo. E
segundo Marion (2006, p. 54) “significa as obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as
dívidas que serão cobradas, reclamadas a partir da data de seu vencimento”. Na diferença
entre o ativo e o passivo é que se encontra o patrimônio líquido, conceito que traduz a riqueza
de uma empresa ou indivíduo. Contudo, nem sempre a diferença entre ativo e passivo o
resultado é positivo. Por vezes as obrigações de uma empresa ou indivíduo são tão grandes
que ultrapassam a quantidade de bens e direitos que possui.
Um dos componentes do patrimônio seja de um indivíduo ou de uma empresa, que
representa os bens e direitos é chamado de ativo. Conforme Marion (2006, p.52) “é o
conjunto de bens e direitos de propriedade da empresa. São itens positivos do patrimônio;
trazem benefícios, proporcionam ganhos”. O ativo representa todas as aplicações de recursos
em determinada atividade.
Já as obrigações são chamadas de passivo. E segundo Marion (2006, p. 54) “significa
as obrigações exigíveis da empresa, ou seja, as dívidas que serão cobradas, reclamadas a partir
da data de seu vencimento”. Segundo Padoveze (2000, p. 39) “o passivo compreende os
elementos patrimoniais negativos (as obrigações) e também evidencia a riqueza efetiva, o
Patrimônio Líquido”.
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Na diferença entre o ativo e o passivo é que se encontra o patrimônio líquido, conceito
que traduz a riqueza de uma empresa ou indivíduo. Contudo, nem sempre a diferença entre
ativo e passivo o resultado é positivo. Por vezes as obrigações de uma empresa ou indivíduo
são tão grandes que ultrapassam a quantidade de bens e direitos que possui. O Patrimônio
líquido é conceituado por Padoveze (2000) como o resultante da soma dos bens e direitos
(Ativo) subtraindo-se a soma das obrigações (Passivo).
A riqueza, portanto, não se mede pelo patrimônio. Na verdade, é necessário
conhecer a riqueza líquida da pessoa ou empresa: somam-se os bens e os direitos e,
desse total, subtraem-se as obrigações: o resultado é a riqueza líquida, ou seja, a
parte que sobra do patrimônio para a pessoa ou empresa. (MARION, 2000, p.39).
Portanto para medir efetivamente a riqueza de um indivíduo é necessário conhecer não
só os bens e direitos de que ele dispõe, mas sobretudo, também suas dívidas, tanto em
quantidade quanto em qualidade, função esta que a gestão financeira deve cumprir.
2.2 Finanças pessoais
Para explicar o que são finanças pessoais, Ferreira (2006) faz uma comparação entre
os conceitos de finanças empresariais e pessoais. Para o autor, finanças empresariais são a arte
e a ciência de gerenciar o dinheiro que tem relação com a empresa e finanças pessoais
representa arte e a ciência de gerenciar o dinheiro que as pessoas possuem.
Ferreira (2006, p.17) define finanças pessoais como:
O processo de planejar, organizar e controlar nosso dinheiro, tanto em curto quanto
em médio e longo prazo. Planejar finanças pessoais significa determinar
antecipadamente o que pretendemos com nosso dinheiro e detalhar os planos
necessários para alcançar o(s) objetivo(s) definido(s). Organizar nosso dinheiro
significa organizar nossos hábitos de consumo e investimento visando o alcance
do(s) nosso(s) objetivo(s) definido(s). Controlar significa assegurar que os
resultados do que foi planejado se ajustem tanto quanto possível aos objetivos
previamente estabelecidos.
Já Frankenberg (1999, p. 31) explica que:
Planejamento financeiro pessoal significa estabelecer e seguir uma estratégia preci-
sa, deliberada e dirigida para acumulação de bens e valores que irão formar o patri-
mônio de uma pessoa e de sua família. Essa estratégia pode estar voltada para curto,
médio ou longo prazos, e não é tarefa simples atingi-la.
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Neto e Lima (2017) dizem que o conceito de planejamento financeiro é discutido há
muito tempo, sendo definido como o processo de gerenciar finanças a fim de se atingir a
satisfação pessoal visando não apenas ao sucesso material, e sim o pessoal e profissional.
Para maior conhecimento do que são finanças pessoais é essencial entender dois
conceitos que são primordiais nessa área, as rendas e os gastos.
Na contabilidade fala-se muito em receita e despesa os quais são termos ligados às
empresas num geral. No entanto, na área financeira pessoal, esses termos são substituídos por
rendas e gastos para facilitar a compreensão e a aplicação desses conceitos no seu cotidiano.
De acordo com Ferreira (2006), as rendas representam o dinheiro recebido em um
determinado período. Essas podem ser fixas (empregado formal), variáveis (trabalhadores
autônomos), podem ser lucros (empresários) ou retorno de investimentos (investidor).
O Quadro 1 mostra exemplos de origens de renda:
Quadro 1- Origem da Renda
1º Grupo 2º Grupo
Empregado Autônomo Empresário Investidor
Eles trabalhando pelo dinheiro O dinheiro trabalhando por eles
Fonte: Ferreira (2006, p. 18)
Dessa maneira, a realização de determinado tipo de atividade irá trazer um tipo de
renda diferente. E caso o indivíduo aumente sua renda, irá aumentar consequentemente seu
poder aquisitivo. Paralelo a isso, irá aumentar suas responsabilidades em relação aos seus
rendimentos.
Dantas (2012) no site Brasil Escola define os gastos como todo, um dispêndio
financeiro. Já Ferreira (2006) existe muitos itens no dia-a-dia que podem ser dispensados em
uma situação de emergência, haverá uma queda no padrão de vida, mas por outro lado será
possível o pagamento de todas as contas, e isso deve ser o principal.
Orienta que gastar com prudência significa saber diferenciar o que é essencial do
que é supérfluo. Avaliar com cuidado se determinado eletrodoméstico, uma roupa,
um produto alimentício é necessário ou apenas capricho dispensável é uma
capacidade que nem todos possuem. Quem não sabe fazer isso pode se arrepender
algumas horas após a compra, mas o estrago estará feito (FRANKENBERG, 1999,
p. 39):
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Para se atingir uma vida financeira onde as rendas sobressaem às despesas, os
indivíduos devem se policiar para não ultrapassar seus próprios limites. Caso os gastos
pessoais são essenciais para o indivíduo, uma forma de não cortar suas necessidades é
aumentar suas rendas.
2.3 Empréstimos e financiamentos
Neste tópico abordar-se-á os conceitos de empréstimos e financiamentos e seus
principais produtos. Para Girardi (2019) a definição de financiamento é como uma compra
parcelada de um produto ou serviço, em que se acrescenta uma taxa de juros ao montante
inicial, que variará conforme o tempo de duração do mesmo. Já para o site do Governo do
Brasil (2017), empréstimo é um contrato que o cidadão faz com uma instituição financeira
para receber uma quantia em dinheiro que deverá ser devolvida ao banco em prazo
determinado, acrescida de juros e encargos.
Uma das modalidades mais comuns e utilizadas na atualidade é o cartão de crédito.
Devido a sua praticidade de utilização e dispensa de burocracia como na abertura de crediário,
muitas pessoas recorrem a essa opção de tomada de crédito.
O cartão de crédito é extremamente prático e útil para quem sabe usá-lo. Por outro
lado, para aquelas pessoas que não sabem controlar seus impulsos de gastar, o cartão
de crédito torna-se uma perigosa armadilha e a melhor coisa que uma pessoa com
essa característica pode fazer é inutilizá-lo (PASCHOARELLI, 2006, p. 76).
Dessa forma, a utilização do cartão de crédito deve ser feita com cautela. Caso o clien-
te opte pelo pagamento parcial da fatura deverá estar ciente dos transtornos que podem ocor-
rer. Uma vez que não consiga pagar a fatura do mês atual, possivelmente não conseguirá pa-
gar a fatura do mês seguinte acrescida com o valor restante, acarretando o efeito “bola de ne-
ve” nas dívidas.
Outra forma de financiamento é o cheque especial, que pode ser entendido como um
empréstimo automático do banco para as pessoas que precisam de um valor maior do que
possuem na conta. Segundo Frankenberg (1999) trata-se de um instrumento utilizado para que
a conta corrente possa trabalhar com saldo negativo, tendo uma cobrança de juros significan-
tes.
Fortuna (2005, p. 185) explica que “os juros sobre esse produto são calculados
diariamente sobre o saldo devedor e cobrados, normalmente, no primeiro dia útil do mês
seguinte ao de movimentação”. Diante do exposto, é aconselhável que o cheque especial seja
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utilizado somente para emergências. Seu uso descontrolado pode acarretar uma série de apu-
ros para quem o utiliza.
Já uma das formas mais utilizadas por aposentados e pensionistas para obter crédito, é
o empréstimo consignado. Devido ao seu pagamento, onde as parcelas são descontadas
diretamente na folha de pagamento, essas duas classes a utilizam com mais frequência do que
outras classes que estão na ativa.
O empréstimo em consignação, com desconto das prestações diretamente na folha
de pagamento, foi regulamentado por meio da Lei 10.820, de 17/12/03. O emprésti-
mo consignado tem a grande vantagem de oferecer taxas de juros baixas. O juro me-
nor é resultado do baixo risco de inadimplência assumido pelos bancos, já que o pa-
gamento é feito diretamente pela empresa (FORTUNA, 2005, p. 194).
Essa modalidade de empréstimo possui uma desvantagem com relação à impossibili-
dade de escolher o dia do vencimento das prestações, devido à ligação com o desconto direto
em folha (FORTUNA, 2005).
Outra modalidade de financiamento são os crediários, que são operações feitas direta-
mente com lojas comerciais, onde consumidores compram a prazo, por opção ou por não te-
rem condições de fazer o pagamento à vista. Normalmente, quem opta por essa forma de pa-
gamento paga um valor considerável de juros. De acordo com Paschoareli (2006, p. 21)
“quem compra bens à prestação paga em juros o suficiente para comprar duas ou três vezes o
que acabou de adquirir”.
Uma categoria utilizada na compra de um imóvel é o financiamento habitacional. Des-
sa forma, o financiado pode construir ou comprar seu imóvel através de recursos do banco e
efetuar o pagamento em parcelas mensais com o acréscimo de juros, taxas e seguros
pertinentes.
Mas para a realização desse tipo de financiamento Frankenberg (1999, p. 335)
aconselha que:
Deve-se conhecer bem as receitas brutas pessoais e/ ou da família, as despesas fixas
do orçamento existentes e as sobras mensais, para confrontá-las com as prestações a
serem pagas na aquisição do imóvel. O ideal seria que houvesse previamente uma
reserva substancial de dinheiro em caderneta de poupança ou outro tipo de
investimento de renda fixa de pequeno risco. Apenas uma parte desse capital seria
utilizado para a compra do imóvel, guardando-se o saldo para fazer face às presta-
ções em meses em que o salário não fosse suficiente.
Adquirir um automóvel sem recorrer a financiamento, seria o melhor, pois não se teria
as pesadas prestações. Mas se não for possível, é aconselhável dar uma entrada significativa
para diminuir o valor das parcelas, sendo assim diminuindo também o valor financiado
havendo o pagamento de menos juros (FRANKENBERG, 1999, p. 380).
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2.4 Investimentos
Uma forma de melhorar a renda familiar é multiplica-la a partir de investimentos. Des-
sa forma, o indivíduo aplica seus recursos em produtos oferecidos pelo mercado
financeiro com o objetivo de um retorno com juros.
Neste tópico serão demonstrados os tipos de investimento mais conhecidos, assim co-
mo, suas principais características. Além dos tópicos abordados, existem outros tipos de
investimentos como: Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio
(LCA), Mercado de Opções, Fundo de Investimentos e Previdência Privada.
A caderneta de poupança, por exemplo, é o investimento mais tradicional, conservador
e popular entre os brasileiros, principalmente entre os de menor renda. Qualquer cidadão mu-
nido de CPF, documento de identidade e comprovante de renda e residência pode se dirigir a
uma agência bancária para abrir a sua poupança (SANTOS, 2014).
Segundo Frankenberg (1999, p. 109) “praticamente em todo o mundo os primeiros
valores poupados são dirigidos para a caderneta de poupança de instituições financeiras [...].”
É conveniente que o investidor escolha instituições financeiras que tenham garantia do Fundo
Garantido de Crédito. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) protege o investidor do risco de
crédito dos depósitos bancários, limitado a R$ 250 mil por cliente. A garantia é concedida aos
credores de instituições financeiras em situação de intervenção, liquidação extrajudicial ou
insolvência (DESSEN, 2015).
Simplificando, a caderneta de poupança é uma forma de investimento de alta liquidez,
ou seja, o dinheiro não possui prazo mínimo para ficar investido e pode ser sacado em
qualquer momento. Além disso, sua rentabilidade é baixa, mas, não retém imposto de renda.
Outra forma de investimento é o tesouro nacional, e ele é explicado como:
Os títulos públicos são ativos de renda fixa, ou seja, seu rendimento pode ser
dimensionado no momento do investimento, ao contrário dos ativos de renda va-
riável (como ações), cujo retorno não pode ser estimado no instante da aplicação.
Dada a menor volatilidade dos ativos de renda fixa frente aos ativos de renda va-
riável, este tipo de investimento é considerado mais conservador, ou seja, de me-
nor risco (TESOURO NACIONAL, 2019).
Foi a partir de janeiro 2002, tornou-se possível a compra e a venda de títulos públicos
federais por pessoas físicas via internet, intermediadas por uma instituição cadastrada no Te-
souro, como Agente de Custódia (FORTUNA, 2005).
Assim como o banco cobra juros para emprestar dinheiro para a pessoa física, também
cobra para emprestar para outros bancos. Essa operação é chamada de certificado de depósitos
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interbancários (CDI) e também é uma forma de investimento. Arcuri (2018, p. 137) define o
(CDI) como “a taxa que os bancos utilizam quando fazem operações entre eles, de banco para
banco. Ou seja, é a taxa que os bancos usam como referência para emprestar dinheiro entre
si.”
Ferreira (2014) ainda afirma que são negociáveis apenas pelas instituições financeiras
nas operações de transferências de recursos entre as próprias instituições. Outras característi-
cas do CDI é que não há incidência de imposto de renda e nem imposto sobre operações fi-
nanceiras. Além disso, pode ser negociado a juros pré e pós-fixados.
Outra forma é o certificado de depósito bancário (CDB). Para este tipo de investimen-
to é entendido que da mesma maneira que uma pessoa necessita de dinheiro para financiar
suas atividades, sejam elas quais forem, os bancos possuem a mesma carência. E para capta-
rem mais recursos, optam por pagar juros para quem emprestar seu dinheiro para eles.
Segundo Sousa e Dana (2013, p. 52) “O CDB (certificado de depósito bancário) é uma
modalidade financeira em que você̂ empresta dinheiro para o banco, o que é difícil de acredi-
tar e, em troca, ele oferece remuneração com juros próximos ao CDI.”
A Toro Radar (2019) define o (CDB) “como um título de renda fixa extremamente
seguro, que é emitido pelos bancos como forma de captação de recursos com o objetivo de
financiar suas atividades.”
As ações são títulos de renda variável que representam uma fração do capital da
empresa emissora (sociedade anônima). Assim, ao adquirir uma ação, o investidor se torna
sócio ou acionista da companhia, participando de seus resultados (Brito, 2016). As ações po-
dem ser ordinárias ou preferenciais (FORTUNA, 2005).
De acordo com Frankenberg (1999, p. 145) “as ações ordinárias proporcionam
participação nos resultados da empresa e conferem ao acionista o direito de voto nas
assembleias gerais”. Ao contrário das ações ordinárias onde o investidor tem direito a voto,
quem compra ações preferenciais não tem essa prerrogativa. Segundo Brito (2016, p. 170) as
ações preferenciais garantem aos investidores direito de recebimento de dividendos e reem-
bolso de capital em caso de dissolução de sociedade. Como dito anteriormente, as ações são
títulos de renda variável.
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3 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia é um conjunto de técnicas e procedimentos utilizados para a construção
de trabalhos científicos. De acordo com Andrade (2005, p. 129) a “metodologia é o conjunto
de métodos ou caminhos que são percorridos na busca do conhecimento”.
3.1 Classificação da Pesquisa
Este estudo foi caracterizado pelo método de pesquisa aplicada, que pode ser entendi-
da como a necessidade de produzir conhecimento para a execução de seus resultados, com o
objetivo de contribuir para fins práticos, visando a solução mais ou menos imediata do pro-
blema encontrado na realidade (BARROS e LEHFELD, 2000).
Do ponto de vista da forma da abordagem do problema, a pesquisa se classificou como
qualitativa e quantitativa, a qual se deu por meio da análise do conteúdo que é um conjunto de
técnicas que analisam as comunicações, a pesquisa do sentido do texto, para o desenvolvi-
mento do método (CAMPOS, 2011). Além de considerar que há sempre uma relação dinâmi-
ca entre o mundo real e o sujeito. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o
pesquisador é o instrumento chave (GIL, 1999). E a pesquisa quantitativa é caracterizada pelo
emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no trata-
mento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média,
desvio-padrão, às mais complexas como coeficiente de correlação, análise e regressão
(MARCONI, LAKATOS, 2011).
A pesquisa descritiva delineia o que é o objeto dela, abordando assim quatro aspectos
fundamentais como descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos passados e atuais
(MARCONI; LAKATOS, 2010). Completando o conceito escrito pelos autores, Gil (2010)
relata que essa pesquisa tem como objetivo o delineamento das características de determinada
população, podendo ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações
entre variáveis. Geralmente ela salienta as características de um grupo, como sua distribuição
por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, entre outros parâmetros.
Como auxilio de conteúdo para a pesquisa descritiva, foi realizada também uma
pesquisa bibliográfica, Marconi e Lakatos (2010) descrevem a pesquisa bibliográfica como
um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, e por isso podem fornecer da-
dos atuais e de relevância para outras pesquisas. O estudo da literatura permite a planificação
do trabalho, auxiliando na contextualização do estudo de caso a ser feito.
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3.2 Plano de Coleta de Dados
Para o levantamento de dados foi realizada uma pesquisa de campo, que se assemelha
ao levantamento. Porém, os estudos de campo procuram muito mais o aprofundamento das
questões propostas e a interação de seus componentes (GIL, 2010).
Além de ter sido proposto um questionário, que foi adaptado de Ramos (2012). E se-
gundo Marconi e Lakatos (2010) os questionários consistem em uma série ordenada de per-
guntas, que devem ser respondidas por escrito, com ou sem a presença do entrevistador.
O questionário foi respondido por uma amostra de 133 (cento e trinta e três) militares
que servem ao Exército Brasileiro na 13ª Companhia Depósito de Armamento e Munição (13ª
Cia DAM), localizada no município de Itaara, na região central do estado do Rio Grande do
Sul. A amostra foi calculada considerando a população de 200 militares alocados nesta guar-
nição, com erro amostral de 5%, nível de segurança de 95% e distribuição da população em
50/50.
Os dados foram tratados e tabulados em planilha, utilizando o software Microsoft Of-
fice Excel® e geraram um banco de dados, que foram analisados posteriormente a partir de
modelagens estatísticas.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta parte do trabalho apresentam-se os resultados a partir dos dados coletados du-
rante a pesquisa de campo realizada na 13ª Companhia Depósito de Armamento e Munição no
município de Itaara-RS.
Para que se possa começar a explanar sobre os perfis de gestão pessoal dos responden-
tes desta pesquisa se faz necessário construir um perfil dos militares da companhia objeto do
estudo, assim será melhor compreendido o restante dos subitens deste trabalho.
4.1 Perfil dos Militares
Dos respondentes desta pesquisa, que foram exatamente 133 militares, apenas 3 (três)
são do sexo feminino, correspondendo a 2,3% do público. Estas ocupam cargos de carreira,
onde são subtenentes ou sargentos, solteiras e com idade entre 26 e 30 anos. O restante da
amostra, 97,7% é do sexo masculino.
No âmbito do estado civil dos respondentes tem-se que 60,9% são solteiros e 30,4%
casados, os restantes encontram-se em outro tipo de união ou são divorciados. Já quanto a
faixa etária dos militares é apresentada no Gráfico 1.
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Gráfico 1- Faixa Etária dos Militares do sexo masculino da 13ª CIA DAM
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
Como pode ser observada a faixa de idade entre os 18 e 25 anos é a predominante den-
tro da amostra masculina, sendo esta correspondente a 83,1% dos respondentes. Este fato po-
de ser explicado pela comparação do próximo gráfico, com o tipo de posto ou graduação que
estes ocupam dentro da companhia. Já que as porcentagens relacionadas à estabilidade dos
militares é de 78,5% para cargos temporários e 21,5% para cargos de carreira.
Gráfico 2 - Número de militares em cada posto de graduação do exército
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
O Gráfico 2 mostra que o maior número de militares da pesquisa ocupa os postos de
graduação de Cabo ou Soldado, com um percentual de 73,8%. Seguido da graduação de Sub-
tenente ou Sargento com 20,8%. Esses dados comparados ao do Gráfico a seguir, que de-
monstra o tempo de profissão auxiliam na construção do perfil dos respondentes desta pesqui-
sa, bem como explicam o motivo da faixa etária ser maior entre 18 e 25 anos de idade.
0
20
40
60
80
100
120
18 a 25
Anos
26 a 30
Anos
31 a 40
Anos
Acima de
40 Anos
Número de militares
0
20
40
60
80
100
120
Cabo/ Soldado Subtenente/
Sargento
Oficial
Número de militares em
cada posto ou graduação
14
Gráfico 3 - Tempo de profissão dos militares da 13ª CIA DAM
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
Observando-se o Gráfico 3, entende-se que o tempo de profissão dos militares com
maior número de indivíduos é o até cinco anos, ou seja, comparando-se com a informação de
que 78,5% dos entrevistados que são temporários, e que destes 73,8% ocupam postos de cabo
ou soldado, a porcentagem alta neste nível que é de 66,2% é confirmada e, ainda se tem o
outro índice alto na faixa entre 5 e 10 anos, que ainda pode ser ocupada pelos postos mais
baixos do exército.
Conclui-se, portanto, que o perfil dos militares da 13ª CIA DAM, respondentes desta
pesquisa, é em sua maioria homens, 97,7%, solteiros, com idade entre 18 e 25, em relação a
estabilidade são temporários em 76,5% dos casos, com menos de 5 anos de tempo de profis-
são e ocupam cargos de cabo ou soldado, o que explica o fato da maioria ser temporário.
4.2 Perfil de Renda x Gestão Pessoal
Após traçar o perfil dos militares da 13ª CIA DAM, nesta parte do trabalho será apre-
sentado o perfil econômico dos mesmos, bem como será demonstrado como eles administram
sua renda em relação às dívidas adquiridas e o salário recebido, a fim de que seja respondido
o primeiro objetivo específico deste trabalho. Neste momento, usou-se o total de respondentes
da pesquisa, ou seja, os 133 questionários recolhidos.
Quando questionados sobre sua principal fonte de renda, os militares responderam em
sua maioria que apenas o emprego seria a sua principal fonte, com 95,5%, em uma pequena
parcela de respondentes, 3,5%, acreditam que sua renda é obtida pela autonomia em outros
negócios gerenciados pelos mesmos. Para representar a faixa de renda mensal é apresentado o
Gráfico 4, a seguir.
0
20
40
60
80
100
Até 5
Anos
5 e 10
Anos
11 e 20
Anos
21 e 30
Anos
Número de militares
em relação ao tempo de
profissão
15
Gráfico 4 - Faixa de renda mensal auferida pelos militares da companhia
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
Ao se analisar o Gráfico, observa-se que a maior faixa de renda mensal é a de
R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 reais, contando com 60 militares, a segunda maior parcela de res-
pondentes é a de R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 reais, com um número de 37 indivíduos. Essa
faixa de renda é explicada pelos gráficos já demonstrados no subitem anterior, onde se de-
monstrou o tempo de profissão e o tipo de estabilidade, pois os menores salários encontrados
na companhia são de Cabos e Soldados.
A fim de que se saiba a relação entre a renda e a gestão financeira dos militares, foi
perguntado se os mesmos controlam e organizam os fluxos e movimentação do seu salário de
forma periódica, e em resposta a isto, obteve-se que na sua maioria, com 58,6%, eles contro-
lam. Porém quando questionados se em seu orçamento as receitas auferidas são suficientes
para suprir as despesas, os dados mostram que mais de 28% não conseguem pagar todas as
despesas mensais somente com o salário que ganham, tendo que buscar outras alternativas
para que isso ocorra, e estas formas de equilibrar o orçamento estão descritas no gráfico a
seguir.
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
45,0%
50,0%
R$ 1.001,00
a 2.000,00
R$ 2.001,00
a 3.000,00
R$ 3.001,00
a 4.000,00
R$ 4.001,00
a 5.000,00
Acima de
R$ 5.001,00
Porcentagem de militares em
cada faixa de renda
16
Gráfico 5 - Tipos de créditos extras buscados pelos militares a fim de equilibrar o orçamento
mensal
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
O Gráfico 5 mostra que a forma mais buscada de conseguir equilibrar o orçamento é o
cartão de crédito, ele foi citado por 71,1% dos entrevistados, demonstrando que mesmo que a
maioria ainda conseguia administrar suas finanças o cartão de crédito é uma alternativa, talvez
uma das mais onerosas, pois os juros geralmente são bastante altos. Para Zaremba (2000, p.
23) “[...] Nesse contexto, a falta de um planejamento financeiro consistente causa o uso de-
sordenado de empréstimos, financiamentos, cheque especial e cartão de crédito”.
Matta (2007, p. 125) aborda a seguinte questão sobre gestão financeira pessoal:
Na realidade todos devem se preparar para enfrentar uma vida economicamente ati-
va, tendo que lidar com suas finanças e administrá-las da melhor forma... Alfabeti-
zando-se financeiramente esta parcela da população, além de possibilitar melhores
condições para o início bem orientado na gestão financeira pessoal e uma potencial
vida com satisfação financeira (MATTA, 2007).
Para Braido (2014), muito embora os temas finanças pessoais e endividamento estejam
muito presentes em discussões e manchetes de jornais e revistas, ainda se entende que grande
parte da população não tem conhecimento suficiente acerca do assunto e acaba comprometen-
do a maior parte do seu salário com dívidas e aquisições de grande porte em diversas presta-
ções.
Outra forma de endividamento encontrada na pesquisa são os financiamentos, tanto de
imóveis quanto de automóveis, dos 133 questionários aplicados em quase metade deles há o
caso citado, com 46,6% de respostas sim para a questão de possuir ou não essa linha de crédi-
to. E quanto ao percentual de renda mensal destinado ao pagamento das parcelas destes finan-
0
5
10
15
20
25
30
Cheque
especial
Cartão de
Crédito
Empréstimo
consignado
Crédito em
Lojas
Outros
Tipos de créditos extras
17
ciamentos a maioria é de 30% da mesma, com um percentual de 48,4%, seguida de perto pela
parcela de 20% do salário, com 37,1%. Um fato sobre isto ainda a ser considerado é que em
alguns casos foi respondido que 50% da renda mensal é só para o pagamento de financiamen-
tos a bancos ou corretoras. Dados como este demonstram que mesmo que os militares contro-
lem seus orçamentos periodicamente, ainda há uma falta de gestão da renda pessoal.
Os controles financeiros buscam auxiliar em uma gestão coerente sobre os recursos
próprios dos indivíduos, principalmente em sua maneira de utilizá-los, tendo como objetivo
indicar ou mostrar o melhor momento para resguardar, investir ou acumular dinheiro ou ativos
(BRAIDO, 2014).
4.3 Poupar é um meio de planejar o futuro?
Para Matta (2007), o fato de poupar para a aposentadoria é raro entre a população bra-
sileira, pois os brasileiros não tem o hábito de executar uma poupança planejada, visando sua
utilização a médio e longo prazo, assim eles guardam e logo utilizam o dinheiro poupado, a
curto prazo. O planejamento pessoal está relacionado com os objetivos pessoais individuais,
tendo início com o planejamento estratégico pessoal, no qual se deve definir o que queremos
ser daqui a um, cinco, dez anos e para o resto da nossa vida (CHEROBIM; ESPEJO, 2010).
Zenkner (2012) considera que antes de utilizar qualquer ferramenta de economia, é
necessário entender e descrever quais são os objetivos de curto e longo prazo de qualquer fa-
mília ou indivíduo. Estabelecer objetivos ao longo do tempo é uma forma de conduzir a vida
econômica até eles, a maioria dos militares da companhia, por exemplo, com 78,4%, acredi-
tam que estabelecem planos financeiros com objetivos claros. Dentre os que projetam seu
futuro, encontram-se divididos em três tempos, curto, médio e longo prazo, onde curto prazo
representa até um ano, médio entre 1 e 5 anos e o longo prazo é acima de 5 anos, as porcenta-
gens deste item são demonstradas no gráfico 6, a seguir.
18
Gráfico 6 - Percentual de militares que projetam seu futuro financeiro em três níveis
temporais.
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
Ao analisar o Gráfico 6 obtém-se que os militares que projetam seu futuro financeiro
preferem um tempo mais curto, de até um ano, com 63,5% de porcentagem, em seguida o
médio prazo também aparece em uma boa parcela do gráfico, com 25,5%, este período refere-
se a projeções de até cinco anos, sejam elas com investimentos ou poupanças gerando lucros
em cima de juros acumulados. O planejamento financeiro oferece as diretrizes para orientar,
coordenar e controlar as iniciativas de uma empresa, de modo a atingir seus objetivos (GIT-
MAN; MADURA, 2003). Segundo esses mesmos autores, o processo de planejamento come-
ça com planos financeiros ou estratégicos de longo prazo que, por sua vez, orientam a formu-
lação de planos e orçamentos de curto prazo.
Como citado anteriormente investir é uma forma de poupar ou ganhar dinheiro, dessa
forma, o indivíduo aplica seus recursos em produtos oferecidos pelo mercado
financeiro com o objetivo de um retorno com juros (ASSAF NETO, 2007). Questionados os
militares da companhia se costumavam investir, obteve-se que 50,4% não investem em nada,
porém dos que costumam investir, a porcentagem de renda destinada a isto na maioria das
respostas é de apenas 10% da renda mensal, esse percentual representa 69,7% dos responden-
tes. E destes que poupam ou investem há uma gama de tipos de investimentos que eles cos-
tumam usufruir, assim o Gráfico 7, traz os fundos de investimentos com a porcentagem de
militares que costumam colocar seu dinheiro neste tipo de negócios.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Curto, até um ano Médio, entre 1 e 5
anos
Longo, acima de 5
anos
percentual
19
Gráfico 7 - Tipos de investimentos que os militares da 13ª CIA DAM costumam investir.
Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2019.
A forma de investimentos mais procurada pelos respondentes é a caderneta de poupan-
ça, com mais de 66% das respostas. Porém, ela não é exatamente um investimento e sim como
o nome já diz é uma poupança, assim, conceitualmente eles dizem investir, mas de fato não
estão fazendo isso. Os outros dois tipos de investimentos encontrados no Gráfico 7 são o te-
souro direto e as ações, com porcentagens parecidas, beirando os 15%. Um com renda fixa,
tesouro nacional, e outro com renda variável e outros tipos de privilégios dependendo da for-
ma com que a ação é comprada, distintos entre si, porém duas formas comuns de investir.
Um estudo feito pelo Credit Suisse nos países que integram os Brics (Brasil, Rússia,
Índia e China), divulgado pelo jornal O Globo em janeiro de 2016, concluiu que o brasileiro é
quem gasta mais com consórcios e financiamentos de veículos. A pesquisa demonstrou ainda,
que apenas 10% da população possui poupança, uma taxa muito pequena quando comparada
aos outros países estudados e aos desenvolvidos, e que 63% possui expectativa futura de au-
mento de renda, o que estimula ainda mais o consumo.
Braido (2014) apud Hanna, Hill e Perdue (2010), descreve que a educação financeira
pessoal se faz importante no entendimento das questões financeiras básicas, pois mesmo que
um indivíduo possua um plano de poupança, esperando que este possa atender à grande parte
das suas necessidades financeiras daqui algum tempo, essa pessoa ainda irá despender algum
tempo da sua vida lidando com questões relacionadas a financiamentos, seguros (automóvel,
casa, vida, etc.), gestão de créditos pessoais, impostos sobre os rendimentos e um conjunto de
outras considerações financeiras que fazem parte da vida moderna na sociedade atual.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Investimentos x porcentagem de
militares investindo
20
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com as diversas mudanças nos cenários econômicos do Brasil, a estabilidade econô-
mica, o incentivo do Governo com novos financiamentos e taxas de juros abaixo do mercado,
a liberação fácil de crédito, entre outras formas de movimentar a economia, o consumo está
aumentando e a população se endividando cada vez mais, chegando a comprometer mais da
metade do salário. É neste contexto que surge a importância do planejamento financeiro pes-
soal, a fim de tentar garantir a tranquilidade financeira-econômica de cada indivíduo.
O planejamento financeiro pessoal pode ser o primeiro passo para a conquista de uma
vida financeira mais tranquila, pois se torna fundamental estar consciente da importância des-
se planejamento e a disciplina para o alcance dos objetivos individuais, tanto a curto quanto
em longo prazo. As pessoas normalmente pensam que devem ganhar mais, independente de
sua renda, porém nunca se questionam se não devem, na verdade, gastar melhor o seu dinhei-
ro.
Sabendo da importância do planejamento financeiro esta pesquisa teve como objetivo
geral identificar o perfil de gestão financeira pessoal dos militares da 13ª Companhia Depósito
de Armamento e Munição (13ª CIA DAM), para alcançar o objetivo foi aplicado um questio-
nário em uma parcela de 133 militares desta companhia, posteriormente tabulados os dados.
O tema deste trabalho é relacionado com a gestão financeira pessoal, então o questio-
nário aplicado na pesquisa, foi voltado para que os respondentes pudessem descrever o seu
perfil financeiro, citando como é a gestão do seu salário e como podem aumentar a renda com
investimentos ou poupando. O estudo demonstrou que o planejamento financeiro pessoal tem
a mesma estrutura de um planejamento financeiro empresarial, onde a pessoa ou a família
define os objetivos a serem atingidos no curto, médio e longo prazo.
E ao fim da análise dos resultados tem-se que os militares da 13ª Companhia Depósito
de Armamento e Munição, conseguem gerenciar até certo ponto seu orçamento, conseguem
investir, porém, em sua maioria investem em algo que não gera grandes retornos. Além de
muitos adquirirem financiamentos ou linhas de crédito extras com juros abusivos, comprome-
tendo na maioria dos casos até 30% do salário mensal. Há a necessidade por parte destes de
que sejam escolhidas formas mais claras de gerenciar a renda e assim poder investir melhor e
com maior retorno.
Como sugestão tem-se a possibilidade de continuação deste estudo em outros quarteis
do exército, para que até mesmo seja analisado se o tipo de organização militar influencia no
perfil dos militares e de suas finanças pessoais. Outra possibilidade é a com a formulação de
21
ferramentas que auxiliam o controle financeiro destes indivíduos, como por exemplo, a utili-
zação de tabelas do Microsoft Office Excel®, ou até mesmo simples anotações das despesas
mensais, para que estas sejam mensuradas de forma correta.
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