Filosofia, Retórica e Democracia

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Ordem democrática – estabelecida em Atenas (séc. V a.C.) com o objetivo de preparar os jovens para a vida política. Educação virada p/ o respeito Tornou-se então necessário, para a conquista do poder, uma formação que desenvolvesse a capacidade de discursar nas assembleias de cidadãos; uma arte que permitisse convencer e persuadir o auditório. SOFISTAS (professores itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos mediante remuneração) Dominavam a arte de persuadir pela palavra, tinham habilidade linguística e estilo eloquente além de surpreenderem pela sua vasta erudição. Centravam o seu ensino na forma do discurso, ensinando a técnica do discurso. (em função da conveniência de cada um). Relativistas em relação à verdade. Procura o discurso eficaz, retórica (como arte de bem falar ou a técnica de persuadir para ganhar um dado auditório) do discurso argumentativo Detrimento da sabedoria (Protágoras e Górgias) Filosofia, retórica e democracia

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11º ano

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• Ordem democrática – estabelecida em Atenas (séc. V a.C.) com o objetivo de preparar os jovens para a vida política. Educação virada p/ o respeito

• Tornou-se então necessário, para a conquista do poder, uma formação que desenvolvesse a capacidade de discursar nas assembleias de cidadãos; uma arte que permitisse convencer e persuadir o auditório.

SOFISTAS (professores itinerantes que se dedicavam ao ensino dos jovens cidadãos mediante remuneração)

• Dominavam a arte de persuadir pela palavra, tinham habilidade linguística e estilo eloquente além de surpreenderem pela sua vasta erudição.

• Centravam o seu ensino na forma do discurso, ensinando a técnica do discurso. (em função da conveniência de cada um).

• Relativistas em relação à verdade.• Procura o discurso eficaz, retórica (como arte de bem falar

ou a técnica de persuadir para ganhar um dado auditório) do discurso argumentativo

• Detrimento da sabedoria• (Protágoras e Górgias)

Filosofia, retórica e democracia

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• Sócrates e Platão (filosofia socrático-platónica) não aceitam o relativismo da verdade.

• Para estes a argumentação (uma boa argumentação – retórica digna) só pode servir a busca da verdade

• Centram-se no conteúdo do discurso• Procuram um discurso verdadeiro (sabedoria)• Entendem a verdade como existente em si mesma• Baseiam o discurso na VERDADE e no BEM ideias que

convém à filosofia• Procuram a verdade absoluta

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Amantes; desinteressados do saber

FILÓSOFOS

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• Para Sócrates, a arte implica um conhecimento racional enquanto a adulação é uma atividade empírica que visa apenas o agradável e o prazer.

Artes:– Relativas ao corpo:

• Ginástica e medicina visam o verdadeiro bem do corpo

– Relativas à alma:• Legislação e justiça visam a verdade, procuram tornar

o ser humano melhor

Atividade empírica:– Relativas ao corpo:

• Cosmética e cozinha procuram apenas o prazer imediato

– Relativas à alma:• Sofística e retórica procuram apenas o interesse

individual

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Estrutura do ato de conhecer

• Gnosiologia (teoria do conhecimento) – disciplina filosófica que estuda o conhecimento e procura esclarecer e analisar os problemas que as relações suscitam (relativos à origem(de onde nasce), à natureza(no que consiste), à possibilidade e aos limites(conhecemos o que acontece e até onde o conhecemos)

• CONHECIMENTO Relações entre o SUJEITO e o OBJETO• O conhecimento é o que acontece quando um sujeito

apreende um objeto• Para que este exista são necessários 2 elementos:

– Sujeito – aquele que conhece (o sujeito só é sujeito em relação a um objeto)

– Objeto – aquilo que é conhecido (o objeto só é objeto em relação a um sujeito)

Os problemas do conhecimento

CORRELAÇÃO

Sujeito

Objeto

Saí de si

Entra na esfera do objeto

Regressa a si com uma imagem, a do objeto

CRIA O CONHECIMENTO

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• Não existe de um lado o sujeito absoluto e, do outro, uma realidade que ele irá conhecer objetivamente.

• O sujeito interage com a realidade e é desse percurso que conhecimento emerge.

Representar o objeto = possuir a imagem do objeto = construí-lo

• Conhecer é integrar novos elementos no conjunto de significados e referências que fazem parte de uma determinada visão do mundo. (experiências vivências, reflexões, modos de pensar, sentir, agir e conhecer ≠ de sujeito para sujeito)

• A 1ª forma de apreender a realidade é a experiência, só depois o pensamento.

• Existem diferentes tipos de conhecimento. Enquanto ser no mundo o ser humano encontra-se exposto a uma pluralidade de experiências.

• A experiência pode ser definida como a apreensão, por parte de um sujeito, de uma realidade, um modo de fazer, uma maneira de viver…

Estrutura do ato de conhecer

Constituí um modo de conhecer algo imediatamente antes de todo o juízo que se formula sobre aquilo que se apreende.

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Estrutura do ato de conhecer

Tipos de conhecimento Exemplos

Saber-fazer(conhecimento por aptidão ou saber-como)

É o conhecimento prático de atividades, ligado à capacidade para fazer alguma coisa

Saber cozinhar, conduzir, dançar, …

Objeto:Atividades

Saber-que*(conhecimento proposicional)

É o conhecimento de proposições ou pensamentos verdadeiros

Saber que: 2+2=4; a lua gira em torno da Terra;….Objeto:

Proposições verdadeirasConhecimento por contacto

É o conhecimento direto de alguma realidade (pessoas, lugares, …)

Conhecer Veneza( ter visitado a cidade); Conhecer Obama (conhecê-lo pessoalmente)

Objeto: Realidades concretas

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Estrutura do ato de conhecer

• A noção de experiência permite-nos diferenciar:– O conhecimento ligado de modo direto e imediato à experiência– Do conhecimento baseado em juízos ou proposições

*Saber-que = conhecimento factual (sei onde está o livro; sei quando ele joga; sei quem disse)

• A realidade é:• O que efetivamente existe ou é (o ser; o existente)• O que se opõe ao aparente/ilusório• O que existe de facto (é atual e não fictício ou apenas possível)• O que se opõe ao nada• O que existe independentemente do sujeito que o pensa ou

conhece• O que nos é dado na experiências (das coisas) em geral• O que é ou pode ser esclarecido pelo conhecimento científico

(é empírica)

• Pode designar um ser particular (uma realidade) ou um ser geral (a realidade)

• Um outro conceito inseparável dos conceito de realidade e conhecimento é o de linguagem

• Todo o conhecimento é expresso e transmitido pela linguagem. Esta permite-nos organizar o pensamento. (Ling. Verbal – permite emitir sons articulados e exprimir por escrito.)

• O pensamento e a linguagem são elementos indissociáveis (não se pensa sem palavras)

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Definição tradicional de conhecimento

• A maioria dos nossos conhecimentos são do âmbito do saber-que (2+2=4)

• Em todo o conhecimento proposicional/conhecimento das verdades há uma relação sujeito objeto.

• Esta relação é também uma CRENÇA – (atitude de adesão a uma determinada proposição, tomando-a como verdadeira.

• Saber é acreditar no que se sabe• O conhecimento parte de uma convicção do sujeito relativamente ao

objeto.

A CRENÇA É UMA CONDIÇÃO NECESSÁRIA DO CONHECIMENTO• Mas, também se pode acreditar em falsidades as crenças podem

ser V ou F.• O verdadeiro e o falso destas dependem de algo exterior à própria

(uma fundamentação) Saber que Lisboa é a capital de Portugal = acreditar que Lisboa é a capital de Portugal Crença VERDADEIRA Acreditar que Paris é a capital de Portugal Crença FALSA

• Não corresponde a qualquer conhecimento, apesar de iludir que se o tem.

• O CONHECIMENTO NÃO É UMA MERA CRENÇA• Logo, a crença embora seja uma condição necessária p/ o

conhecimento, não é suficiente.

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• Para além da crença, a VERDADE é igualmente uma condição necessária do conhecimento.

• Mas o conhecimento não se reduz à mera crença verdadeira. Por conseguinte, a JUSTIFICAÇÃO é também uma condição necessária do conhecimento.

• Condições do conhecimento S sabe que P sse– Crença S acredita em P– Verdade P é verdadeira– Justificação S dispõe de

justificação ou provas p/acreditar que P

Para saber algo não basta acreditar que se sabe, é preciso que isso seja verdade e é preciso saber porque se sabe

*Sofistas não têm conhecimento*Onde não há explicação, não há conhecimento

Definição tradicional de conhecimento

Platão, Teeteto o conhecimento é uma crença verdadeira justificada

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Críticas à definição

• Edmund Gettier contestou a definição tradicional de conhecimento, apresentando contraexemplos que revelam a possibilidade de termos uma crença verdadeira justificada (c/ as 3 condições) sem que esta equivalha a conhecimento.

– Exemplo: a relação da justificação com a crença verdadeira não é adequada, sendo a verdade da crença apenas o resultado da sorte, acaso ou mera coincidência.

• Definir conhecimento como uma crença verdadeira justificada não é apresentar uma definição com todas as condições suficientes.

(Sem negar a pertinência da contestação de Gettier podemos afirmar que a definição tradicional de conhecimento é bastante aceitável)

– Para que a crença de Antonieta a respeito do golo de Portugal estivesse justificada, tal crença devia ter sido causada por esse evento e não pelo concurso de karaoke. Como não foi, a crença não está justificada e este caso não constitui um verdadeiro contraexemplo.

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Fontes de ConhecimentoConhecimentos

Fontes / Origem

Razão/Pensamento (a priori) Experiência (a posteriori)

JUÍZOS a priori – independentemente de qualquer experiência, tendo origem no pensamento/razão.

– São universais – não admitem qualquer exceção sendo sempre verdadeiros

– São necessários – são verdadeiros em quaisquer circunstâncias e negá-los implica entrar em contradição

• Relacionam-se com o modo de conhecimento:– a priori – baseia-se em juízos a priori, tendo origem/fonte

no pensamento/razão. Justifica-se pela razão. (2+2=4; A=A;…)

2+2=4

O rio é caudaloso – sentidos da visão e da audição experiência sensível

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Fontes de Conhecimento

JUÍZOS a posteriori – a verdade só pode ser conhecida através da experiência sensível.

– Não são estritamente universais – admitem exceções , não são sempre verdadeiros

– São contingentes são verdadeiros mas podem ser falsos e negá-los não implica entrar em contradição.

• Relacionam-se com o modo de conhecimento:– a posteriori – baseia-se em juízos a posteriori, tendo

origem/fonte na experiência. É um conhecimento empírico justificado pela experiência. (A chuva molha; O Manuel é alto;…)

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Origem do conhecimento

• Racionalismo– O modelo do conhecimento é dado pela matemática, que

obriga a sua aceitação– A razão é a principal fonte do conhecimento –

conhecimento universal e necessárionão significa que este negue a existência do

conhecimento empírico (experiência) apenas não o consideram um conhecimento universal e necessário.– O racionalismo moderno é otimista partindo dos

princípios evidentes da razão e seguindo um determinado método(inspiração matemática) é possível conhecer toda a realidade. Há uma correspondência entre o pensamento e a realidade.

– Segundo Descartes, a razão possuí em si ideias inatas (claras e distintas).

– Intuindo tais ideias e raciocinando (ideias fundamentais descobrem-se por intuição intelectual )a partir delas se constrói o conhecimento (por dedução).

– O Sujeito impõe-se ao objeto através das noções e princípios que já contém.

Sujeito

Objeto

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Origem do conhecimento• Empirismo

– A experiência é a principal fonte de todo o conhecimento– Não existem ideias, conhecimentos ou princípios inatos.

Afirma que o conhecimento humano deriva principalmente da experiência.

É nesta que o conhecimento tem o seu fundamento e os seus limites.– O entendimento assemelha-se a uma página de branco

Teoria da tábua rasa ou da folha em branco o nosso pensamento é a folha, à medida que se ganha experiência vai-se escrevendo na folha o conhecimento.– O objeto impõem-se ao sujeito– De acordo com John Locke a experiência :

• Externa – capta os objetos exteriores e sensíveis• Interna – capta as operações internas da mente que

marca os limites do conhecimentos

O conhecimento está duplamente limitado pela experiência ao nível da sua:• Extensão – o entendimento é incapaz de ultrapassar os limites

impostos pela experiência• Certeza – as certezas de que dispomos referem-se apenas

àquilo que se encontra dentro dos limites da experiência.

• Apesar de negarem os conhecimentos inatos, os empiristas não negam necessariamente o conhecimento a priori.

Impr

essõ

es

sens

oria

is

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Possibilidade de Conhecimento

• Será o conhecimento possível? – o dogmatismo responde que sim; o ceticismo radical, nega tal possibilidade.

• Dogmatismo tem como definição 3 sentidos1º - como posição própria do realismo ingénuo – entende que as coisas são exatamente como as captamos; considera o conhecimento como um espelho fiel do real, não o colocando em causa; admite a possibilidade de conhecer as coisas no seu ser verdadeiro e a efetividade deste conhecimento no trato diário e direto com as coisas; nem se quer se põe o problema de saber se o sujeito apreende ou não o objeto.2º - confiança absoluta de que a razão pode atingir a certeza e a verdade3º - como a completa submissão – sem crítica, a alguns princípios ou à autoridade que os impõe ou revela.

Em filosofia entende-se o dogmatismo como uma atitude adotada no problema da possibilidade do conhecimento compreendendo as 2 primeiras interpretações.Na filosofia o realismo ingénuo não existe (propriamente) pois este busca a aparência enquanto a filosofia busca a essência

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Possibilidade de Conhecimento

• Ceticismo – contrariamente ao dogmatismo, este é uma corrente filosófica que afirma não ser possível ao sujeito apreender, de um modo efetivo ou de um modo rigoroso o objeto (mas há formas localizadas de ceticismo: incidem sobre um conhecimento determinado. P.e conhecimento metafísico – ceticismo metafísico)

• Ceticismo absoluto ou radical – (fundador Pirro de Élis) Segundo este, é impossível ao sujeito apreender o objeto, não sendo, por isso, possível qualquer conhecimento. O cético pirrónico nega que haja justificações suficientes para as nossas crenças.– Sexto Empírico, cético pirrónico, compilou as diversas

abordagens do ceticismo, apresentando os argumentos que conduzem à dúvida e levam os céticos à suspensão do juízo (estado de neutralidade em nada se afirma e nada se nega). Esta conduz à ataraxia (ausência de perturbação serenidade de ânimo)

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Argumentos para a suspensão do juízo Exemplos

A existência, relativamente ao mesmo objeto, de sensações e perceções diferentes, e até incompatíveis, para diferentes pessoas ou em circunstâncias diversas, não havendo assim a possibilidade de distinguir o que é verdadeiro do que é falso

Um barco ao longe parece pequeno e imóvel mas ao perto parece grande e em movimento

O facto de os objetos, pelas diversas formas como se nos apresentam, desencadearem ilusões e aparências.Daí que os sentidos muitas vezes nos enganem a respeito das coisas, não havendo possibilidade de decidir qual a verdadeira realidade dos objetos

Parece que o sol se move, quando somos nós que nos movemos; parece que uma vara, na água, está torta

A existência de opiniões divergentes a respeito de variados assuntos, tornando impossível que nos decidamos por uma ou outra.

Há quem afirme a existência de Deus e há quem negue, não havendo consenso

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Possibilidade de Conhecimento

• Ceticismo mitigado ou moderado – (ceticismo mais moderado que o radical) Não estabelece a impossibilidade do conhecimento, mas sim a impossibilidade de um saber rigoroso. Apenas podemos dizer se um juízo é ou não provável ou verosímil, não podemos ter a certeza da sua verdade. (conhecimento sem rigor)

• O ceticismo radical anula-se a si próprio a afirmar que não há conhecimento (afirmar exprime um conhecimento)

• Ceticismo mitigado renuncia ao conceito de verdade tem de abandonar o de probabilidade.

É provável que seja verdade• O ceticismo adquire um papel importante no nosso

desenvolvimento intelectual. É quando se começa a adotar uma postura cética perante determinado problema que se procede com maior prudência. Só desse modo é possível o inconformismo perante as soluções move a buscar nos soluções.

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Descartes• A dúvida liberta-se da razão e é possível alcançar o

conhecimento – ceticismo metódico (usa a dúvida como método) ≠ ceticismo sistemático (dúvida como um princípio definitivo)

• O método de Descartes (regras) – inspirado na matemática:

1ª EVIDÊNCIA – nunca aceitar algo por verdadeiro sem o conhecer evidentemente como tal e não incluir nada mais nos juízos senão o que se apresenta claro e distinto ao espírito2ª ANÁLISE – dividir cada uma das dificuldades examinadas no máx. de parcelas que possibilitasse a sua resolução.3ª SÍNTESE - conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples até aos complexos.4ªENUMERAÇÃO – fazer sempre enumerações para garantir a que nada é omitido.

Estas regras permitem guiar a razão, orientando as operações fundamentais do espírito.

Intuição Dedução

Ato de apreensão direta e imediata de noções simples e indubitáveis (não levantam nenhuma dúvida)

Encadeamento de intuições, envolvendo um movimento do pensamento, desde os princípios evidentes até às consequências necessáriasPrincípios evidentes consequências necessárias

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Descartes

• Intuímos facilmente e a partir de conhecimentos evidentes, podemos deduzir consequências logicamente necessárias

• A existências de uma ordem entre os vários pensamentos radica no facto da sabedoria humana permanecer una e idêntica.

• Árvore Sabedoria humana una e idênticaA ela se reduzem todas as ciências

• A dúvida: traduz um momento importante do método, devido a esta recusamos todas as crenças em que notarmos a mínima suspeita de incerteza.

• A dúvida é posta ao serviço da verdade• É necessário colocar tudo em causa, no processo de busca

pelos princípios fundamentais e indubitáveis.

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Descartes• A dúvida justifica-se :

– Por causa dos preconceitos e dos juízo precipitados que formulámos na infância

– Porque os sentidos muitas vezes nos enganam e seria imprudência depositar uma confiança excessiva naqueles que nos enganaram, independentemente das vezes.

– Porque não dispomos de um critério que nos permita discernir o sonho da vigília (estado de consciência). Podemos estar a sonhar e não o sabemos: não temos justificação para acreditar que estamos despertos. Isso fará com que tudo o que julgamos saber seja ilusório.

– Porque alguns seres humanos se enganaram nas demonstrações matemáticas.

– Porque é possível que exista um deus enganador, ou um génio maligno, que nos ilude a respeito da verdade, fazendo com que estejamos sempre enganados.

• A hipótese da existência de um deus enganador parece condenar-nos a uma situação sem saída.

• Por outro lado não sabemos se o mundo exterior existe.• Por outro lado “2+2=4” não parece ser uma proposição falsa,

não deixando espaço a qualquer crença verdadeira.

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DescartesCaracterísticas da dúvidaMetódica e provisória

É um meio para atingir a certeza e a verdade, não constituindo um fim em si mesma

Hiperbólica

Rejeita tudo aquilo em que se note a mínima incerteza

Universal e radical

Incide não só sobre o conhecimento em geral, como também sobre os seus fundamentos e as suas raízes

A dúvida é um exercício voluntário e uma suspensão do juízo. Tem uma função catártica pois liberta o espírito dos erros que o podem perturbar ao longo do processo de indagação da verdade. Abre o caminho à possibilidade de reconstruir o edifício do saber.

Afirmação evidente e indubitável, de uma certeza inabalável, obtida por intuição, de modo racional e a priori. (pensar e dependente apenas da razão)“penso, logo existo” enquanto ser pensante; para duvidar tem de pensarÉ verdadeiro tudo o que concebemos muito claramente e muito distintamente.

Cogito fornece o critério de verdade clareza e distinção das ideias conhecimento evidente

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Descartes• A clareza diz respeito à presença da ideia ao espírito.• A distinção equivale à separação de uma ideia relativamente

a outras

• Crença fundacional ou básica serve de alicerce a todo o sistema do saber.

• O Cogito apresenta a condição da dúvida hiperbólica – existir é a condição para se poder duvidar e ao mesmo tempo impõe uma exceção à universalidade dessa dúvida – há pelo menos uma realidade da qual não se pode duvidar: a própria existência enquanto ser pensante.

• A apreensão intuitiva da existência mostra como a crença fundacional é indissociável do pensamento a natureza do sujeito consiste no pensamento.

• O pensamento refere-se a toda a atividade consciente. É equivalente à alma, a qual é distinta do corpo e é conhecida antes dele.

• Características do Cogito:– Princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável– Obtém-se por intuição, de modo racional e a priori– Serve de modelo do conhecimento: fornece o critério de

verdade– É uma crença fundacional relativamente a todo o

sistema do saber– Apresenta a condição da dúvida e impõe um exceção à

universalidade– Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento

ou alma.

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DescartesTipos de ideias ExemplosAdventícias

Têm origem na experiência sensível

Barco, copo, cão

Factícias

São fabricadas pela imaginação

Centauro, dragão

InatasSão ideias constitutivas da própria razão

Pensamento, existência

Falsas

As ideias inatas (servem de base ao método cartesiano) são claras e distintasEntre as ideias inatas encontra-se a noção de ser perfeito, omnisciente, omnipotente e sumamente bom existência de Deus

A 1ª prova – na ideia de ser perfeito estão compreendidas todas as perfeições. A existência é uma dessas perfeições, logo Deus existe (se não existisse, não era perfeito pois não existia). O facto de existir é inerente à essência de Deus Argumento Ontológico

A 2ª prova – a ideia de ser perfeito está presente entre nós; representa uma substância infinita. Deus é uma realidade que possui todas as perfeições (ele é a perfeição e a causa da ideia de perfeição) Argumento da marca impressa

A 3ª prova – a causa da existência do ser pensante e imperfeito não é ele próprio. Doutro modo daria a si próprio as perfeições de que tem ideia. Além disso, como o sujeito finito não possui o poder de se conservar no seu próprio ser, o seu criador e conservador é Deus (causa sui = causa de si mesmo)

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Descartes• Deus é a garantia da verdade (das ideias inatas) objetiva =

Deus é o garante da verdade

• Importância de Deus no sistema cartesiano:– É perfeito e não é enganador– É a garantia da verdade objetiva das ideias claras e

distintas– É o criador das verdades eternas, a origem do ser e o

fundamento da certeza– Garante a adequação entre o pensamento e a

realidade– Legítima o valor da ciência e confere objetividade ao

conhecimento– É infinito, a fonte do bem e da verdade– É omnipotente, eterno e omnisciente – Embora criador do universo, não é autor do mal nem

responsável pelos nossos erros– É o princípio do ser e do conhecimento – Permite superar os argumentos dos céticos radicais e

provar a existência do mundo exterior

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Descartes• A teoria do erro e as 3 substâncias

– Entendimento – na formulação de juízos– Vontade – darmos consentimento aos juízos que o

entendimento formula.• Erramos quando se verifica uma precipitação da vontade,

quando usamos mal a nossa liberdade e damos consentimento a juízos que não são evidentes

• Descartes diz “Tenho no meu espírito a ideia clara e distinta de extensão”

• Os corpos (matéria) são substâncias extensas em comprimento, largura e profundidade o mundo real existe (mundo corpóreo – corpo) matéria é o mundo quantitativo – mundo das matemáticas

• A extensão fornece-nos um conhecimento claro e distinto• Qualidades objetivas – características de todos os corpos• Qualidades subjetivas – não estão presentes enquanto tais

no corpo.

3 tipos de substâncias

Atributos essenciais

Substância pensante (res cogitans)

Pensamento=alma

Substância extensa (res extensa)

Extensão = corpo

Substância divina (res divina)

Vários numa perfeição infinta

Ser humano- dualismo antropológico

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Descartes• As sensações não nos dão as verdades das coisas mas ideias

confusas e enganosas

• O fundacionalismo de Descartes (acentua a necessidade da razão para explicar o conhecimento)

• As ideias fundamentais são inatas• A razão é capaz de alcançar verdades universais, traduzidas no

conhecimento claro e distinto.– Existência de pensamento, traduzido no cogito– Existência de deus, ser perfeito com atributos perfeitos– Existência de corpos extensos em comprimento, largura e

altura• Para descartes, o fundamento do conhecimento é o

cogito(crença básica e 1ª vdd)• Descartes procurou combater o dogmatismo ingénuo mas ao

depositar grande confiança na razão e ao considerar ser possível alcançar a certeza e a verdade, a sua filosofia acaba por se enquadrar no âmbito do dogmatismo, opondo-se ao ceticismo– Itenerário de descartes

• Duvido• Penso, logo existo (res cogitans)• Deus existe (res divina)• O mundo existe (res extensa)