EXPERIENCIAS E PROJETOS PARA A ESCOLA DO CAMPO PROJOVEM CAMPO – SABERES DA TERRA
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Universidade Federal de Santa Catarina. .. a tarina
Centro de Ciências da Educação e Especialização:
Ensino de Ciências Humanas e Sociais
em Escola do Campo
Florianópolis SC.
UFSC – 2011 .
Filosofia em Escola do Campo
SIDNEI VARGAS
Resultados Apresentados! Colégio Estadual Santa Luzia
Lindoeste – PR.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC)
CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E ESPECIALIZAÇÃO:
ENSINO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS EM ESCOLA DO
CAMPO
COLÉGIO ESTADUAL SANTA LUZIA.
ORIENTADOR: CARLOS ANTONIO BONAMIGO
EDUCANDO: SIDNEI VARGAS
LINDOESTE, PR.
2011
Filosofia em Escola do Campo .
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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SIDNEI VARGAS
FILOSOFIA EM ESCOLA DO CAMPO:
COLÉGIO ESTADUAL SANTA LUZIA
Pesquisa a ser apresentada na
Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). No Curso de
Especialização e Ensino de Ciências
Humanas e Sociais em Escolas do
Campo. Como Requisito parcial para
Obtenção de Título de Especialista
em Educação do Campo.
Professor Orientador: Dr. Carlos
Antonio Bonamigo
LINDOESTE PR
2011
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Não há nada que mais contradiga
e comprometa a emersão popular
do que uma educação
que não jogue o educando
às experiência do debate e da analise
dos problemas e que não lhe propicie
condições de verdadeira participação‖
(PAULO FREIRE)
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus; Condição ou Ser
superior, que possibilita a minha existência e à de tudo mais.
Ao meu querido Professor e Orientador Carlos Antonio Bonamigo
que sabiamente conduziu meus pensamentos para a realização desta tarefa.
A minha família; companheira Viviane e filho Cezar, Mãe, colegas
de turma, que me incentivaram e deram animo e apoio na minha jornada.
Como também a todos os colegas da Turma que conseguiram superar
as dificuldades e concluíram a Pós-Graduação e também aqueles que por
um motivo ou outro, ficaram pelo caminho. Atribuo um grande abraço e a
certeza que sempre seremos a Turma Moisey Pistrak.
Por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina) Que me possibilitaram através de
parceria firmada junto ao ministério da Educação e Pronéra, as reais
condições para a existência do Curso de Pós Graduação Lato Sensu Ensino
de Ciências Humanas e Sociais em Escolas do Campo.
Como também, aos professores Roseli Salete Caldart, Célia Regina
Vendramini, Bernadete Wrublevski Aued, Adriana D‘Agostini, Jéferson
Dantas, Clécio Azevedo da Silva, Edna Garcia Maciel Fiod, Idaleto Aued,
Ilma Machado, Luis Carlos de Freitas, Paulo Pinheiro Machado, Nise
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Jinkings, Aliysio Marthins Araújo Junior, Ligia Regina Klein, Carlos
Eduardo dos Reis, Doroti Martins, Nazareno José de Campos, Magaly
Mendonça, Romir Rodrigues, Marly de Almeida G. Vianna e tantos outros
professores e militantes que contribuíram para a proposição e realização
deste curso. Ou seja, de certa forma, gostaria de agradecer a todos e todas
as pessoas que compartilham e propiciam a vida no planeta terra.
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RESUMO
O presente trabalho ocorreu com objetivo de pesquisar sobre o ensino de
Filosofia no Colégio Estadual Santa Luzia, Ensino Fundamental e Médio.
Analisando as particularidades de uma Escola do Campo. Onde iniciamos
os trabalhos com pesquisa bibliográfica, entrevistas e questionários,
realizados em 2011, apresentando um referencial teórico em diversos
autores como Pistrak, Caldart, Mészaros, Frigotto, Bonamigo entre outros,
buscando pelas categorias e concepções, da educação, analisando as
categorias da educação. Observando também as diretrizes sobre o ensino da
filosofia contidas na LDB (Leis de Diretrizes de Base) como parâmetros
escolares Nacionais. Seguiremos a analise pelas condições do ensino de
filosofia e as proposições, Estaduais, Regionais e Locais. Observando
como o ensino de filosofia está alicerçado na rede Pública de Ensino,
principalmente como ocorre o ensino de filosofia no Colégio Estadual
Santa Luzia, no Município de Lindoeste, no estado de Paraná.
Analisando as Diretrizes sobre o ensino de Filosofia nas Escolas do Campo
e, Compreendendo a Filosofia trabalhada nesses espaços como processo de
emancipação política e social dos estudantes oriundos de um processo
especial de educação e formação, devido questão social, vivenciada pelos
estudantes de assentamento da Reforma Agrária, sendo a tentativa de
inclusão social e defesa de seus direitos.
Buscaremos ainda um breve histórico sobre a constituição e consolidação
do Movimento Sem Terra (MST), do município de Lindoeste, do
assentamento Colônia Vitória, como também, a criação e formação do
Colégio Estadual Santa Luzia dentro do assentamento. Passando pela
caracterização dos sujeitos do processo de ensino e aprendizado,
desvelando quem são os educandos e os educadores, percebendo os laços
que os envolvem; como ainda o PPP (Plano Político Pedagógico) da escola
sobre o ensino da filosofia, suas características, metodologias, conteúdos e
referências, explicitando o desempenho da disciplina de filosofia no
currículo escolar. Compreendendo o ensino de Filosofia como sendo de
extrema importância para a formação dos sujeitos, principalmente quando
nos referimos a jovens educandos e educandas de assentamentos da
Reforma Agrária. Demonstramos através de alguns de seus escritos,
apresentados como avaliação de Filosofia em sala de aula, percebendo o
processo filosófico e evolutivo dos educandos.
Palavras chaves; Filosofia, Ensino de Filosofia, LDB, PPP, MST, e Escola
do Campo.
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ABSTRACT
This work has occurred in order to research the teaching of philosophy at
the State College Santa Lucia Elementary and Secondary Education:
analyzing the characteristics of a School Field. Where to begin work with
literature, interviews and questionnaires conducted in 2011, presenting a
theoretical framework in several authors as Pistrak, Caldart, Mészaros,
Frigotto, Bonamigo among others, seeking the categories and concepts,
education, analyzing the categories of education .Noting also the guidelines
on the teaching of philosophy contained in the LDB (Law-Based
Guidelines) National school as parameters. We will continue to analyze the
conditions of teaching philosophy and propositions, State, Regional and
Local. Watching how the teaching of philosophy is founded on the Public
Education Network, occurs primarily as the teaching of philosophy at the
State College in the municipality of Santa Luzia Lindoeste in the State of
Paraná. Analyzing the Guidelines on the teaching of philosophy in the
School Field, Understanding Philosophy worked in these spaces as a
process of political emancipation and social development of students from
a special process of education and training because social issues
experienced by students from the settlement of Agrarian Reform, and the
attempt to include social and defense of their rights. Still seek a brief
history of the formation and consolidation of the Landless Movement
(MST), the municipality of Lindoeste, Nesting Colony Victoria, as well as
the creation and formation of the State College Santa Luzia in the
settlement. Passing through the characterization of the subjects of teaching
and learning, revealing who are the learners and educators, realizing the
ties that involve, but also PPP (Pedagogical Political Plan) on the school's
teaching philosophy, their characteristics, methodologies, content and
references, explaining the performance of the discipline of philosophy in
the school curriculum. Understanding the teaching of philosophy as being
of extreme importance for the formation of subjects, especially when
referring to young students and educandas settlement of Agrarian
Reform. We demonstrate through some of his writings, presented as an
assessment of Philosophy in the classroom, noting the philosophical and
evolutionary process of the students.
Keywords, Philosophy, Teaching Philosophy, LDB, PPP, MST, and the
Field School.
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Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 9
1 - CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO .......................................................................................... 12
1.1. O que é Educação ............................................................................................................. 13
1.2. O que é Educação do Campo ........................................................................................... 18
1.3. O que é Filosofia ............................................................................................................... 23
1.4. O ensino de Filosofia ........................................................................................................ 27
1.5. Características do ensino de Filosofia na escola pública do Paraná ................................ 31
2 - COLÉGIO ESTADUAL SANTA LUZIA: ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO ........... 36
2.1 Breve históricos ................................................................................................................. 37
2.1.1 Constituição do Assentamento Colônia Vitória ......................................................... 39
2.1.2 Colégio Estadual Santa Luzia ...................................................................................... 42
2.2 PPP (Projeto Político Pedagógico) Santa Luzia .................................................................. 43
2.3 Quem são os sujeitos. ....................................................................................................... 43
2.3.1 Educandos .................................................................................................................. 44
2.3.2 Educadores ................................................................................................................. 48
3 - O ENSINO DE FILOSOFIA NO COLÉGIO ESTADUAL SANTA LUZIA ....................... 55
3.1 Filosofia no PPP Santa Luzia .............................................................................................. 55
3.2 Plano de ensino de filosofia .............................................................................................. 56
3.2.1 Características do ensino de filosofia ......................................................................... 58
3.2.2 Metodologia de ensino de filosofia ............................................................................ 60
3.2.3 Referências bibliográficas para o ensino de filosofia ................................................. 63
3.3 O papel da Filosofia na formação humana ....................................................................... 66
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 77
ANEXOS..................................................................................................................................... 81
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INTRODUÇÃO
O tema proposto como ―Colégio Estadual Santa Luzia Ensino
Fundamental e Médio: Filosofia em Escola do Campo.‖ Onde iniciamos os
trabalhos apresentando um referencial teórico, analisando as categorias da
educação. Como os diversos autores se apropriam dessa discussão.
Aprofundando a pesquisa nas concepções de escola; analisando
também as diretrizes sobre o ensino de filosofia contidas na LDB (Leis de
Diretrizes de Base) como parâmetros escolares Nacionais. Seguiremos a
análise pelas condições do ensino de filosofia e as proposições, Estaduais,
Regionais e Locais.
Observando como o ensino de filosofia esta alicerçado na rede
Pública de Ensino, principalmente como ocorre o ensino no Colégio
Estadual Santa Luzia no Município de Lindoeste no Estado de Paraná.
Analisando as Diretrizes sobre o ensino de Filosofia na situação de Escola
do Campo, Compreendendo a Filosofia trabalhada nesses espaços como
processo de emancipação política e social dos estudantes.
Propomos apresentar resultados da pesquisa sobre ensino de filosofia
como uma questão que acreditamos ser pertinente, ao debate sobre
ensino/aprendizagem em escola do campo, para sermos mais explícitos,
analisando como é o ensino de filosofia no Colégio Estadual Santa Luzia.
Compreendendo como é possível perceber o processo evolutivo dos
estudantes, oriundos de um processo diferenciado de educação e formação,
devido questão social vivenciada pelos estudantes dos assentamentos da
Reforma Agrária, de exclusão de muitos de seus direitos.
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Para tal especificidade dividimos o trabalho em três capítulos e seus
sub capítulos, para ficar mais explícito o que ora investigamos e
acreditamos que irá contribuir para uma melhor compreensão das diretrizes
sobre o ensino de filosofia: Suas peculiaridades, dificuldades e
potencialidades da escola do campo e o que a modalidade de ensino oferece
aos envolvidos.
Iniciamos o trabalho apresentando um referencial teórico sobre a
educação, a análise em diversos autores como Pistrak, Caldart, Mészaros,
Frigotto, Bonamigo entre outros, buscando pelas categorias e concepções, o
que se entende por educação; analisaremos a concepção de escola, o
conceito de filosofia. Como também analisando as diretrizes escolares que
envolvem o ensino de filosofia na rede publica do estado.
No segundo capitulo, buscaremos mais informações sobre o histórico
do Colégio, inserido num contexto social de lutas e conquistas.
Discorrendo sobre o município de Lindoeste. Um breve histórico sobre a
constituição e consolidação do Movimento Sem Terra (MST), do
assentamento Colônia Vitória, como também, a criação e formação do
Colégio Estadual Santa Luzia dentro do assentamento.
Passando pela caracterização dos sujeitos do processo de ensino e
aprendizado, Revelando que são os educandos; como também quem são os
educadores, percebendo os laços que envolvem a causa camponesa. Como
ainda organizando uma pesquisa que caracteriza que são os estudantes;
educandos e educadores.
Na sequência, pretende-se fazer análise sobre o ensino de filosofia na
Escola do Campo, o que consta no Plano Político Pedagógico (PPP) da
escola sobre o ensino da filosofia. Plano de ensino com suas características,
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metodologias e referencias. Para explicitar o desempenho da disciplina de
filosofia no currículo escolar. Investigando a questão teórica dos materiais,
métodos e conteúdos utilizados para o ensino de filosofia no Colégio
Estadual Santa Luzia.
Apresentando algumas considerações finais compreendendo que o
ensino de Filosofia é de extrema importância para a formação dos sujeitos,
principalmente quando nos referimos à situação de jovens educandos de
assentamentos da Reforma Agrária. E demonstramos isso através de alguns
de seus escritos, apresentados como avaliação de Filosofia em sala de aula,
percebendo e demonstrando seu processo evolutivo.
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1 - CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO
A educação institucional, últimos 150 anos, serviu no seu todo
ao propósito de não só fornecer os conhecimentos e o pessoal
necessário à máquina produtiva em expansão do sistema do
capital, como também gerar e transmitir um quadro de valores
que legitima os interesses dominantes. (MÉSZAROS, 2005, p.
37)
A alternativa criada para os trabalhadores foi à educação
institucional, onde os filhos dos trabalhadores que permaneciam ociosos
enquanto os pais trabalhavam. Agora deveriam frequentar escolas
profissionalizantes situadas nas paróquias, como também, deveriam
frequentar a igreja todos os domingos para fortalecer os valores morais.
Analisando o papel da escola tradicional, de acordo com Luis Carlos
de Freitas, ―a escola surge com a tarefa de excluir e subordinar, não se
prestando a outro papel‖ (PISTRAK, 2009, p.15). Mesmo que existam
diversas tentativas de humanizar essa relação da escola com a educação e a
inclusão. ―Seus conteúdos são pensados por uma elite burguesa, que
emitem manuais explicativos dos conteúdos e formas de aplicação para ser
seguido pelos professores, com propósito de permitir apenas
conhecimentos superficiais e supérfluos‖ (Ibid.).
No entanto, em alguns momentos a escola permite um conhecimento
cientifico eficaz, mas geralmente deslocado da realidade.
Segundo Mészaros, as instituições formais de educação devem
induzir os indivíduos à aceitação dos princípios reprodutivos orientadores
dominantes na sociedade, adequado a sua posição na ordem social, e de
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acordo com as tarefas, que lhes foram atribuídas, a partir de seus próprios
limites institucionais legalmente.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB,
Lei n. 9.394/1996), em seu artigo primeiro define que a
educação em sentido amplo ao estabelecer que ―abrange os
processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na
convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais‖. (BONAMIGO, 2002, p.47)
Para Mészaros, as propostas educacionais, permanecem dentro dos
limites da conservação do sistema, como modo de reprodução social.
Sendo uma das principais funções da educação formal conformidade e
consenso. Mantendo as formas estruturais do sistema, em conformidade
com as exigências da lógica global de produção e reprodução da educação.
1.1. O que é Educação
Educação é um direito social e não uma questão de mercado. A
educação enquanto organizadora e produtora da cultura de um
povo e produzida por uma cultura, [...] A educação recria o
campo porque por meio dela se renovam os valores, atitudes,
conhecimentos e práticas de pertença a terra. Ela instiga a
recriação da identidade dos sujeitos na luta como um direito
social. (SANTA LUZIA, 2010 P.29)
De acordo com Abbagnano (2000, p.305), educação em sentido
amplo, ―designa-se com esse termo de transmissão [do conhecimento] e o
aprendizado de técnicas culturais [...], uma sociedade humana não pode
sobreviver se sua cultura não for transmitida de geração para geração‖;
existem, três formas de transmissão: a educação advinda dos nossos pais; a
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educação que recebemos dos nossos mestres e a educação adquirida pela
nossa interpretação e conhecimentos no contato com o mundo.
A educação pode definir-se em desenvolvimento contínuo da
consciência humana, que é integrada a transformação social. Com vista a
uma relação de mudança. Não apenas ao desenvolvimento pessoal dos
indivíduos, mas simultaneamente as determinações estruturais, vitais da
sociedade. Segundo Mészaros: ―Hoje a principal função da educação
formal é agir como um cão de guarda ex-oficio e autoritário para induzir
um conformismo generalizado em determinados modos de internalização,
de forma a subordiná-los às exigências da ordem estabelecida.‖ (2005,
p.55).
O papel da educação é fundamental para a transformação da
sociedade, para a elaboração de estratégias adequadas, para mudar as
condições de educação e reprodução do conhecimento. Para autores de
concepção marxista, à auto alienação do trabalho deve ser caracterizada
como uma tarefa inevitavelmente educacional. Pois Segundo Frigotto,
―Estreita-se ainda mais a compreensão do educativo, do formativo e da
qualificação, desvinculando-os da dimensão ontológica do trabalho e da
produção, reduzindo-os ao economicismo do emprego‖. (FRIGOTTO,
1998, p. 14).
O processo de formação esta centrada na educação e no
desenvolvimento do ser humano, a formação de sujeitos só se concretiza, se
levado em considerações á formação humana em todas as dimensões
sociais, culturais, políticas, portanto:
Educação não é sinônimo de escola. Ela é muito mais ampla
porque diz respeito à complexidade do processo de formação
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humana, que tem nas práticas sociais o principal ambiente dos
aprendizados de ser humano. A escolarização é um componente
fundamental nesse processo e um direito de todas as pessoas.
(MST, 2001, p.126)
Formação humana em todas as dimensões
É necessária a escola, a formação social e educacional, para a
superação do sistema capitalista. A alternativa concreta a essa forma de
controlar a produção social, é a auto realização através da liberdade e da
igualdade, numa ordem social conscientemente e regulada pelos indivíduos
―livremente associados‖ (Marx). Onde somente a educação emancipa e
prepara os jovens para a vida.
De acordo com Roseli Caldart, não há como pensar a educação
desconsiderando as concepções formuladas pelo capitalismo. Segundo
Kohan, o professor possui um papel importante no processo de ensino e
aprendizagem. E sua responsabilidade a constituição de sujeitos ativos na
sociedade. Tarefa esta que por sua vez merece reconhecimento devido sua
importância.
Onde: A tarefa principal do professor é transmitir os
conhecimentos de forma ordenada do mais simples ao mais
complexo, de modo tal que conduzam o aluno, sem desvios, e
direção ao seu próprio saber; em poucas palavras, que explicar é
ato essencial que constitui o ensinar. (KOHAN, 2002, p. 179)
Outro modelo de educação Foi a ―Escola Comuna‖ 1 apresentado por
Freitas, como uma forma de compreender todas as dimensões da formação
1 O termo Escola Comuna foi usado entre os anos de 1917 1931 na deliberação sobre a escola única do
trabalho, no período da chamada revolução russa, onde a Rússia vive o período fértil da Revolução Socialista, de inicio da esta escola tinha a tarefa de provocar inovações a serem generalizadas para as escolas regulares. PISTRAK, 2009.
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humana com uma educação centrada no trabalho como principio
pedagógico. ―A finalidade destas escolas era criar coletivamente, na prática
e junto às próprias dificuldades que a realidade educacional da época
impunha a nova escola, guiada pelos princípios básicos da escola única
posta do trabalho‖ (PISTRAK, 2009 p 11) Foram várias escola comunas na
União da Republicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Formulada predominantemente partindo das relações de organização
do trabalho, possibilitando um olhar para a escola e para a educação com
novos valores, um pensar projetando novos horizontes verificando os níveis
de acesso ao conhecimento universal disponível para a população.
Sendo a educação sempre expressão de determinadas forças que
organizam a sociedade, sem duvida o primeiro desafio é
avançar na compreensão de quais concepções de mundo, de
vida, de sociedade e de trabalho estão presentes e guiando o
jeito de ser da população que vive no campo. (ARTICULAÇÃO
b, 2000 p.25)
Para que haja uma nova forma de educação, devem ser usados alguns
princípios básicos, como superação dessa educação. Os seus membros
devem conhecer todo entorno físico e estrutural da escola, para que
compreendam as correlações de força a qual a escola está inserida.
Como também, as contradições que estão submetidas, para
conscientizar todos os envolvidos nesse processo de construção da escola,
lançada nesse contexto social voltado a educação com dinâmica própria
centrada na vivência social de uma realidade presente. Criando novos
métodos de ver e encarar os problemas da Sociedade.
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Método que contribui juntamente com outros métodos para a
formação e consolidação das escolas. Servindo de referência ao processo
educacional brasileiro, principalmente para as escolas do campo e ao
processo formativo dos trabalhadores, jovens e adultos desprovidos do
letramento. De acordo com Fernandes.
Em 1986, o desenvolvimento dessa atividade [educação]
acumularam diversas experiências nos estados, demandando
uma forma de organização das atividades. Em 1987, foi
realizado o Primeiro Seminário Nacional de Educação, no
município de São Mateus do Sul (ES), que reuniu
representantes de sete estados. (FERNANDES, 2000, p.176).
O Modelo de Escola que surge a partir das dificuldades e anseios da
população no que se refere à educação. Esta mais apta a intervir na
realidade dos educandos. Na qual se fundamentou um novo modelo de
escola, como: As instituições de ensino com novo tipo de enfoque
pedagógico, escolas de comunidades constituídas por princípios de auto
direção, auto serviço, e auto organização de uma forma inteligente de
trabalho. ―Para construir e consolidar a nova sociedade não basta alterar os
conteúdos de aula, mas sim a transformação da própria escola, sua
organização como um todo.‖ (PISTRAK, 2000, p.89).
Reconhecendo o ―Campo‖ como um lugar específico e com sujeitos
que lhe são próprios. A escola deve ser diferente, valorizando o educando e
suas vivencias pessoais e profissionais para partilhar com os demais, pois a
educação precisa recuperar a tradição pedagógica de valorização do
trabalho como principio educativo. Portanto, A ―Escola do Campo‖ é
construída a partir das diferentes experiências vivenciadas pelos educandos
e educadores, que são os sujeitos da historia.
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1.2. O que é Educação do Campo
Educação do Campo é um direito social, enquanto organizadora e
produtora da cultura de um povo e produzida por uma cultura, (a cultura do
campo). A educação recria o campo porque é por meio dela que se
renovam os valores, atitudes, conhecimentos e práticas de pertença a terra.
Ela instiga a recriação da identidade dos sujeitos na luta como um
direito social, possibilitando a reflexão na práxis da vida e da organização
social do campo. ―A designação ‗educação do campo‘, que emerge no final
dos anos de 1990, sintetiza o movimento nacional por uma educação do
campo, em contraposição a educação rural‖ (AUED, 2009, p.19).
A Educação do Campo possui confrontos e tomam posições de
enfrentamento com outros pólos, do conceito Educação do Campo. Esses
conceitos são derivados da interpretação sobre o processo de interpretação
da emancipação humana, com uma Educação radicalmente diferente da
sociedade capitalista a qual vivemos. Segundo Bonamigo:
Assumir uma concepção ampliada de educação (escolar ou
não), antes de mais nada, é romper com as concepções e
práticas educativas reduzidas e limitadas as exigências de um
‗mercado seletivo‘; é distanciar-se e contrapor-se as limitações
impostas pelo modelo dominante, o qual não poupa esforços
para separar a compreensão da educação da compreensão de
mundo produtivo. (BONAMIGO, 2002, p.48).
As diretrizes operacionais para a educação do campo referendado na
Lei n° 9131/95 e Lei n° 9394/96 – LDB estabelece normas que implica
respeito às diferenças e a política de igualdade, tratando a qualidade da
educação escolar na perspectiva da inclusão. E propõem medidas de
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adequação da escola à vida no campo, estabelecendo uma inversão de
conceitos. Conforme apontam Arroyo, Caldart e Molina.
A educação do campo tratada como educação rural na
legislação brasileira, tem um significado que incorpora os
espaços da floresta, da pecuária, das minas e da agricultura, mas
os ultrapassa ao acolher em si os espaços pesqueiros, caiçaras,
ribeirinhos e extrativistas. O campo neste sentido [...]
dinamizam a ligação dos seres humanos com a própria
produção da condição da existência social e com as realizações
da sociedade humana. (ARROYO; CALDART; MOLINA,
2004, p.176)
Sendo que a identidade da Educação do Campo é definida pelos
sujeitos sociais que participam, de acordo com a temporalidade, espaço
geográfico ocupado e saberes próprios dos estudantes e membros das
comunidades, a quem se destina: agricultores, familiares, assalariados, os
assentados e assentadas, ribeirinhos, caiçaras, extrativistas, pescadores,
indígenas, remanescentes de quilombos, enfim, todos os povos do campo
brasileiro.
Vinculada a uma cultura que produz por meio de relações mediadas
pelo trabalho. E associadas na memória coletiva disponível na sociedade e
nos movimentos sociais em defesa de projetos que visem soluções exigidas
por questões ligadas à qualidade social da vida coletiva do país.
Especificidades da Educação do Campo
No contexto de escola do campo, com suas determinantes e variações
conceituais distintas de outras formas escolares; a tradicional, a rural, a
indígena, a quilombola e tantos outras, presentes na modernidade com suas
diversas manifestações e formas de pensares. Com suas próprias realidades,
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mas inseridas num contexto de observação dos resultados, oferecem outros
parâmetros como resultado final, devido sua proposta inicial de
reconhecimento da identidade e das adversidades inseridas, onde:
A Educação do Campo teve início com propostas dos
movimentos sociais (MST), e outras entidades, que perceberam
que os educandos do campo precisavam ter uma educação
diferenciada, que a prática de ensino fosse de forma mais
aproximada de sua realidade e que contrapusesse a hegemonia
do sistema capitalista (Carta de Porto Barreiro, 2000) (MST
2006).2.
Em novembro de 2000, em Porto Barreiro, Estado de Paraná,
aconteceu a II Conferencia Estadual ―Por uma Educação básica do Campo‖
―contando com 450 educadoras e educadores, dirigentes e lideranças de 64
municípios, representando 14 organizações (movimentos socais populares,
sindicatos, universidades, ONGs e prefeituras)‖ (ARTICULAÇÃO b, 2000
p.54), para trocar experiências e refletirem sobre processos educativos.
Onde foram socializadas diversas experiências educativas dos povos do
campo e atreladas à falta se políticas públicas do Estado, e construídas
propostas de uma educação do campo.
Desta conferência resultaram escritos três cadernos: Por uma
Educação Básica no Campo [...] os quais foram organizados e
escritos por Edgar Jorge Kolling, Irmão Israel José Nery da
―Fatelli delle Scuele Cristiane‖- FSC – Lasalliani Monica
Castagna Molina; Miguel Gonsales Arroyo e Bernardo
Mançano Fernandes e César Benjamin e Roseli Salete Caldart.
(ARTICULAÇÃO a, 2000 p.18)
Por isso, o grande anseio desse trabalho é entender como isso ocorre,
e como essa educação está sendo desenvolvida nos acampamentos e
2 A Carta de Porto Barreiro ficou conhecida nacionalmente como sendo as diretrizes que norteavam as
novas formas de organização e luta pela educação. Sendo publicado em vários materiais e cartilhas das
organizações que discutem a questão da educação do campo. Como este: MST: Dossiê MST Escola:
Documentos de Estudos 1990 – 2001 (ITERRA) Secretaria de Estado e Educação Curitiba PR. 2006
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assentamentos do MST. Onde a definição de educação sempre esteve
presente nos princípios formativos do Movimento desde sua formação e
consolidação. Pois se acreditava que; ―não basta ter escolas no
assentamento; ela tem que ser uma escola de assentamento. Não basta ter
escola no campo; ela tem que ser uma escola do campo, que assuma as
causas e culturas de quem ali vive e trabalha‖ (MST) Portanto, a escola
surge em um momento crucial para a formação educacional dos estudantes
do assentamento.
Características da Educação do Campo
Tendo como base nas Diretrizes Operacionais para a Educação
Básica nas Escolas do Campo (2002) Artigo 10. O projeto institucional das
escolas do campo, considerado o estabelecido no Art. 14 da LDB, garantirá
a gestão democrática, constituindo mecanismos que possibilitem
estabelecer relações entre a escola, a comunidade local, os movimentos
sociais, os órgãos normativos do sistema de ensino e os demais setores da
sociedade.
A Escola do Campo se caracteriza pelo incentivo à cultura e
atividades recreativas e diferenciadas, sendo metas que têm sido perseguida
pela equipe pedagogica da escola. Fazendo a escola trabalhe com todas as
dimenssões da educção e formaão humana.
Onde parte das atividades do planejamento da escola esta resevado
para a realização de atividades culturais em que educadores e educandos se
mobilizem e movimentem a comunidade para apresentação de diversas
atividades culturais como:
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Apresentações de teatros, dramatizações, místicas, a realização de
Festivais de musicas e danças, Confecções de poesias, musicas e paródias,
Exposicão peças de esculturas e artes palticas, entre outras. Nesse aspecto,
a Escola do Campo deve realizar uma interpretação da realidade que
considere as relações mediadas pelo trabalho no campo, como produção
material e cultural da existência humana.
E partindo dessa perspectiva, deve se construir conhecimentos que
promovam novas relações de trabalho e de vida para os povos no e do
campo. Conforme Arroyo, Caldart; Molina.
Estamos entendendo como escola do campo aquela que trabalha
os interesses, a política, a cultura e a economia dos diversos
grupos de trabalhadores e trabalhadoras do campo, nas suas
diversas formas de trabalho e de organização, na sua dimensão
de permanente processo, produzindo valores, conhecimentos e
tecnologias na perspectiva do desenvolvimento social
econômico igualitário desta população. (ARROYO;
CALDART; MOLINA, 2004, p. 54).
O campo lugar de sujeitos que lhe são próprios ao ambiente. Propicia
demanda de uma educação do campo, com um projeto de educação
específica, formulada apenas por aquelas pessoas que já participam ou
participam de movimentos sociais. A escola do campo é construída a partir
das diferentes experiências vivenciadas pelos educadores do campo que são
sujeitos da história. Onde a escola educa para a vida e a vida educa para a
escola.
Promovendo uma dinâmica filosófica de interação e
complementação, com uma reflexão da realidade local e confecção da
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realidade que esta sendo construída. E será complementada a partir das
novas experiências que vão surgindo.
Nessa concepção de Escola do Campo, acredita-se que tanto o
educando, quanto o educador interage com o conhecimento, alterando sua
própria realidade, como também a realidade um do outro. Esse
comportamento contribui para a formação do educando e do educador,
fazendo que ambos sejam educados, pelo conhecimento do outro e pelo
próprio conhecimento, de forma dialética.
Outra característica marcante da Escola do Campo reside no fato dos
desafios encarados como possíveis lutas a serem travadas; de acordo com
Caldart, os desafios do MST como sujeito pedagógico com a tarefa de
educativa e formativa, deve:
―Primeiro: Olhar para si mesmo como um sujeito educativo;
Segundo: Compreender mais profundamente a sua pedagogia; Terceiro:
Ter mais claro qual o lugar da educação e da escola no projeto histórico do
Movimento; Quarto: Radicalizar o processo de ocupação da escola.‖
(CALDART, 2000, p.248): Ocupar a terra, lavrar a vida, produzir gente.
1.3. O que é Filosofia
A Filosofia é primeiramente, um modo de se colocar diante da
realidade, procurando interpretar e refletir sobre os acontecimentos a partir
de certas posições teóricas de alguns pensadores e seus discípulos. Essa
reflexão permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de
suas raízes e de sua contextualização em um horizonte amplo, que abrange
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os valores sociais, éticos, históricos, econômicos, políticos e estéticos, é um
modo de pensar, é uma postura do sujeito diante do mundo. Em seu sentido
Amplo, Marilena Chauí define a filosofia como:
Filosofia – Palavra grega composta de Philo e sofia. Philo quer
dizer ―aquele ou aquela que tem sentimento amigável‖, pois
deriva de philia, que significa ―amizade e amor fraterno‖.
Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos,
―sábio‖. Filosofia significa, portanto, ―amizade pela sabedoria‖,
―amor e respeito pelo saber‖, e filosofo, ―o que tem amizade
pelo saber‖. (CHAUI, 2011, p.28)
Em seu sentido estrito ―designa um tipo de especulação que se
originou e atingiu o apogeu entre os antigos gregos, e que teve
continuidade com os povos culturalmente dominados por eles [como] os
povos ocidentais‖. (REZENDE, 2005, p.12)
A filosofia não é e nem possui a pretensão de ser um conjunto de
conhecimentos prontos, ou um sistema acabado, fechado em si mesmo.
Mas sim uma análise sobre os problemas reais dos sujeitos reais. Inseridos
numa sociedade que necessita manipular e distorcer os fatos para manter
sua ordem social pré-estabelecida por valores incorporados.
A Filosofia não é ciência: é uma reflexão crítica sobre os
procedimentos e conceitos científicos. Não é religião: é uma
reflexão crítica sobre as origens e formas das crenças religiosas.
Não é arte: é uma interpretação crítica dos conteúdos, das
formas, das significações das obras de arte e do trabalho
artístico. Não é sociologia nem psicologia, mas a
interpretação... [...] Não é política. [...] Não é história...
(CHAUÍ, 2000, p. 17)
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Segundo Aranha e Martins, a Filosofia é ―portanto, a crítica da
ideologia, entendida como forma ilusória do conhecimento que visa á
manutenção dos privilégios.‖ (2005, p.91) A filosofia é o Amor para com a
verdade e o justo. Mas exige coragem para descobrir a verdade e aceitar o
desafio da mudança. Saindo das categorias da reflexão passando para a
ação, caso contrario isso é não filosofia.
Conceituando Filosofia
Na conceituação de filosofia, tem como expressões dos conteúdos
filosóficos. Mas, de acordo com as diretrizes escolares para o ensino da
filosofia, deve se compreender que a filosofia tal como conhecemos, teve
origem na Grécia antiga e foi se constituindo ou aperfeiçoando como
pensamento após varias gerações. Sujeito a varias interpretações.
Para Enrique Dussel, a filosofia nasceu na Grécia, mais precisamente
na periferia da Grécia como forma de pensar autêntico, com a missão de se
pensar quanto filosofia em relação ao centro, ou pensar em oposição frente
ao poder grego, aonde vão se tornando ou incorporando ao centro e
assumindo como poder central.
Constituindo uma filosofia clássica. Dussel afirma: ―a filosofia
clássica de todos os tempos ê ao acabamento e a realização teórica da
opressão pratica das periferias‖ (DUSSEL, 1997, p.8).
Com esse incorporar ao pensamento central, as filosofias perdem
suas características de autenticidade. Ou seja, de filosofia critica,
questionadora da realidade para se tornar uma reprodução da ideologia
dominante, marcado por desejos e vontades de um determinado grupo
sobre os demais.
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Conteúdos filosóficos
Quanto aos conteúdos filosóficos, nos restam inúmeras duvidas,
Como delimitar o que é conteúdo filosófico ou não filosófico? Ou ainda, o
que é conteúdo de filosofia. Se considerarmos a filosofia como um modo
de pensar e agir. Então, somos levados a crer que o conteúdo da filosofia é
a reflexão, porque se refletimos sobre algo, estamos de certa forma
―apalpando‖ o conteúdo da filosofia.
Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou
movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento
pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a
si mesmo. A reflexão filosófica é radical porque é um
movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para
conhecer-se a si mesmo, para indagar-se como é possível o
próprio conhecimento. (CHAUI, 2000, p.14)
Para ficar mais explicito sobre o conteúdo da filosofia, é a ato de
filosofar, dando significado a reflexão como delineadora de nossas dúvidas
e certezas. Quando olhamos ao nosso redor e não conseguimos entender de
fato o que estamos fazendo aqui? Caímos no ―modismo‖ de afirmar que
são as dúvidas ou as perguntas que movem o mundo. Ou ainda pior,
deixamos as inquietações para que os ―Filósofos‖ se ocupem disso. Muitas
vezes inibindo nossa curiosidade e nossa vontade de conhecer.
Principalmente quando somos bem jovens e não entendemos os reais
significados das coisas, nos pomos a perguntar: O que é Isso? O que é
aquilo? Percebendo que o conteúdo da filosofia, de forma alguma esta na
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dúvida ou na pergunta para esclarecer o que não sabemos. Mas, está no
―cogito ergo Sun‖3 cartesiano.
As diretrizes de Filosofia do Paraná estabelecem como
conteúdos estruturantes para o ensino de Filosofia: Mito e
Filosofia; Teoria do Conhecimento; Ética; Filosofia Política;
Filosofia da Ciência e Estética. Desses conteúdos estruturantes
derivam os conteúdos básicos, que constituem um Corpus
Minimum a ser ensinado aos estudantes. (PARANÁ, 2009, p.6)
1.4. O ensino de Filosofia
‗Ensinar‘ vem do latim insignare, textualmente ‗colocar um
signo‘, ‗colocar um exemplo‘. O ‗signo‘ é ‗o que se segue‘. De
modo que o que brinda no ensinar é um signo que deve ser
seguido, um sinal a ser decifrado. Há muitas formas de ensinar.
Um livro ensina. Provê signos. É questão de ver como e onde
segui-los. [Grifos do autor] (KOHAN, In PIOVESAN, 2002,
p.178)
Considerando que um livro ensina, é possível ensinar filosofia? Será
que alguém ensina algo para outro alguém? Ou ainda, apreende alguma
coisa com outros? Parafraseando Paulo Freire; ―Ninguém educa ninguém,
ninguém se educa sozinho, os homens se educam entre si‖, mas o ensino
faz parte da educação ou a educação faz parte do ensino?
Considerando esse pensamento dialético e concordando com Silvio
Gallo onde ele afirma: ―Estou, pois, convencido de que é possível ensinar
filosofia, que é possível aprender filosofia‖ (In PIOVESAN 2002, p.194)
Mas para que isso ocorra, é necessário um doar se para o ato filosófico,
desconsiderando a relação existente entre o ensino e o aprendizado. Pois o
ensino está condicionado a uma sensação de superioridade.
3 O “penso logo existo” de Descartes. Existo como ser pensante e consciente de sua condição humana.
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A função dos jovens para atuarem na sociedade como cidadãos
autônomos reconhecendo suas potencialidades e fragilidades, conseguindo
fazer leituras da realidade para exercerem seus papeis de construtores do
futuro é uma tarefa árdua que requer tempo, empenho e uma infraestrutura
com pessoas capacitadas para exercer funções de educadores e educadores.
Mas de acordo com Piletti educar exige seguir um percurso, onde:
O primeiro passo para educar a Filosofia consiste em admitir
que a prática da Filosofia não é privilégio dos filósofos. ‗Todos
os homens filosofam quando interrogam sobre a finalidade de
seu trabalho, das implicações de sua vida em sociedade, das
condições de sua existência. [...] Filósofo é o homem atento. É
atento porque acolhe, dá guarida às questões, aos problemas
freqüentemente distorcidos, manipulados ou simplesmente
esquecidos. (PILETTI. 1990, p.117)
O ensino de filosofia exige promover a interdisciplinaridade entre as
disciplinas na escola e a vida cotidiana; Trabalhar e introduzir
interpretações básicas a conceitos utilizados pelos indivíduos, pela
sociedade e grupos sociais; Contribui para que o estudante interaja com a
realidade promovendo a interpretação da realidade, sempre com olhares
críticos filosóficos.
Pois, no modelo educacional considerado como ―tradicional‖, o
conhecimento se manifesta quase sempre de forma fragmentada, onde o
estudante tem a tarefa de juntar esse conhecimento, completando as partes
falhas e realizando esta tarefa por meio de questionamentos.
Buscando articular seu conhecimento no espaço-temporal e sócio-
histórico através da experiência. Portanto para que haja uma completa
simetria no aprendizado de filosofia, uma aula deve percorrer
indispensavelmente os ―quatro momentos: a sensibilização, a
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problematização, a investigação e a criação de conceitos‖. (SANTA
LUZIA 2011). De acordo com Manacorda, podemos compreender o ensino
como sendo três coisas distintas:
Primeira: ensino intelectual; Segunda: educação física, dada nas
escolas através de exercícios militares; Terceira: adestramento
tecnológico, que transmita os fundamentos científicos gerais de
todos os processos de produção e que, ao mesmo tempo,
introduza a criança e o adolescente no uso prático e na
capacidade de manejar os instrumentos elementares a todos os
ofícios. (MANACORDA, 2007, p.44)
A Filosofia constituída como pensamento há mais de 2600 anos,
segundo Chauí. Tendo sua origem na Grécia antiga, traz consigo o
problema de seu ensino a partir do embate entre o pensamento de Platão e
as teorias dos sofistas. Naquele momento, tratava-se de compreender a
relação entre o conhecimento e o papel da retórica no ensino.
Marilena Chauí (1986, p. 59) afirma que a filosofia antiga possuía
grande distinção desta concepção de filosofia atual. ―No começo, na
Grécia, a filosofia tratava de todos os temas, já que ate o sec. XIX não
havia uma separação entre ciência e filosofia‖ onde a tarefa do filosofo
consistia na amplitude da filosofia em todos os campos do conhecimento,
se atento a distintos conceitos tais como bem, beleza, verdade, justiça, amor
entre tantos outros.
Com isso, acreditamos que a filosofia na educação possui um
processo dinâmico e que, o educador, na convivência com os educandos,
cultive a capacidade de: ensinar e aprender; de perguntar e responder, de
ouvir e ser ouvido, ou seja, ser um agente social, inserido na comunidade,
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estudando e compreendendo a evolução da sociedade e da filosofia, como
também contribuindo para formação e constituição dos estudantes.
Para que serve a Filosofia (utilidade)
Para definirmos a utilidade da filosofia devemos considerar em quais
aspectos estamos nos referindo, se considerarmos a questão do servir para
algo como: Fama, retorno financeiro, prestígio político, ―levar vantagem
em tudo. Desse ponto de vista a Filosofia é inteiramente inútil e defende o
direto de ser inútil‖ (CHAUÍ, 2000, p. 18) não serve para nenhuma
alteração imediata e ainda reivindica o seu direito de ócio. Pois ela não se
resume em resultados, mesmo que almeje por eles.
Segundo Aranha e Martins, (2005, p.90) A filosofia ―é semelhante à
arte. Se perguntarmos qual a finalidade de uma obra de arte, veremos que
ela tem um fim em si mesmo e, nesse sentido inútil. Entretanto, não ter
utilidade imediata não significa ser desnecessário. A filosofia é necessária.‖
Devido proporcionar reflexão, permitir uma analise da situação, reúne
pensamentos e argumentos fragmentados. A filosofia só tem utilidade se
possuir um fim em si mesmo, com a tarefa de recriação de si.
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum
for útil; se não se deixar guiar pela submissão das idéias
dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se compreender
o significado do mundo for útil; [se...; se...;] se dar a cada um de
nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e
de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade
para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais
útil de todos os saberes que os seres humanos são capazes.
(CHAUÍ, 2000, p.18)
A proposta da educação básica é propor um compreender e aplicar as
categorias de educação como processo de formação da sociedade para que
ocorra uma sociedade com cidadãos mais preparados. Para serem sujeitos
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de suas próprias historias. Criando uma concepção de interação e inter-
relação entre estudo, trabalho, condições de vida, cidadania e ações
humanas.
Portanto, a filosofia cumpre um papel de extrema importância,
principalmente de tentar formar sujeitos autoconscientes e enraizados nas
suas condições sociais. Como disciplina na matriz curricular do Ensino
Médio, considera-se que a Filosofia pode viabilizar a ligação entre o
conhecimento das outras disciplinas para a compreensão do individuo
frente a sua situação no mundo, através da linguagem, da literatura, da
história, das ciências e da arte.
A retórica, o dialogo e conceitos filosóficos tratados no período antigo
da filosofia foram evoluindo e criando consistência, junto com isso, todo o
conhecimento foi evoluindo se refazendo e aperfeiçoando. Mantendo os
filósofos clássicos sempre atuais, por trazerem elementos ainda pertinentes
para a compreensão do passado, presente e futuro. Servindo de alicerces
para o novo filosofar que surge com os novos filósofos. Proporcionando o
surgimento de varias concepções de educação, que partem da própria
realidade dos sujeitos envolvidos com esse processo de educativo ou de
formação.
1.5. Características do ensino de Filosofia na escola pública do Paraná
De acordo com o Ministério de Educação MEC, o estudante ―deve ter
acesso e as condições de permanência na escola durante as três etapas da
educação básica – educação infantil, ensino fundamental e médio‖
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(BRASIL, a 2006, p. 5). A qual está dividida em três fases justificando as
diversas áreas e formas de contatos, aquisição dos conhecimentos
elaborados, divididos por faixa etária para facilitar a dispersão de
conteúdos e formas. E assim possua uma determinada estrutura
representando certa qualidade na atividade realizada pela instituição de
ensino.
A qualidade da escola é condição essencial de inclusão e
democratização. Das oportunidades no Brasil, e o desafio de
oferecer uma educação básica de qualidade para a inserção do
aluno, o desenvolvimento do país e a consolidação da
cidadania, é tarefa de todos. (BRASIL b, 2006, p. 5)
Uma escola publica ou particular que segue as definições
regulamentares estão sujeitas as classificações individuais. Podendo ser
considerada uma ―boa‖ escola quando atinge índices relevantes em relação
ao conjunto de escolas da mesma região. Mas em muitos casos
desconsiderando seu entorno. Ou seja, o publico alvo, localidade,
problemas da comunidade, como também os problemas e incentivos da
própria escola sobre seus respectivos participantes, que em muitos casos
são considerados como ―clientela‖. Sendo esses índices geridos pelo MEC.
Cabe a SEED, Sistema Estadual de Educação, a
responsabilidade de definir e propor às instâncias do Executivo
e Legislativo, programas e ações que se concentrem nestas
prioridades, além de estudar meios de suportá-las
financeiramente — com base nos recursos orçamentários
disponíveis, nas leis que os regulam, na capacidade de
investimento atual e projetada e, principalmente, na capacidade
de investimento necessária aos avanços que se quer alcançar.
(Ibid.)
As diretrizes escolares são de extrema importância para a unificação
da educação de uma região, estado ou nação, possuem a tarefa de ser o
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―caminho ou a direção‖ que a educação deve trilhar para alcançar seus
melhores resultados. A princípio uma direção a ser seguido que guia o
pensamento dos professores e profissionais da educação. Criando ou
recriando os desejos de uma educação igualitária, sem distinções de raça,
etnia ou credo religioso, desconsiderando formações pessoais, sociais e
políticas comuns em muitas regiões.
Conforme consta nas Diretrizes Curriculares Estaduais de Filosofia
para a Educação Básica Escolar. (DCE).
As Diretrizes Curriculares para a Educação Pública do Estado
do Paraná chegam às escolas como um documento oficial que
traz as marcas de sua construção: a horizontalidade, que
abraçou todas as Escolas e Núcleos Regionais de Educação do
Estado e a polifonia, que faz ressoar nelas as vozes de todos os
professores das Escolas Públicas paranaenses. (PARANÁ,
2008, p.5)
Documento pensado por alguns profissionais da área, com a tarefa de
levar esclarecimentos e uniformidade da educação para os diversos pontos
do Estado, com suas diversas realidades, mas criando um ambiente de
homogeneidade superando as dificuldades e diversidades regionais.
Possibilitando uma tentativa da criação de um conhecimento básico que
deve ser acessado por todos os estudantes com a mesma profundidade.
Analisando a LDB, de 1996, no ART 36. Complementado em
1999 o ―projeto da obrigatoriedade do ensino da filosofia e
sociologia‖ em 2006 sai ―parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE) a definição da obrigatoriedade do ensino de
filosofia e sociologia em todos os estados‖ Já no ano de 2008,
―Substituição do ART 36 da LDB pela Lei 11.694/2008 que
estabelece que o ensino das disciplinas de filosofia e sociologia
é obrigatório em todo ensino Médio.‖ (BRASIL, b 2009, p18).
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Com o objetivo de formar e fortalecer uma consciência critica dos
estudantes em relação à sociedade. Contribuindo pedagogicamente para a
consolidação de uma sociedade com valores mais humanos. Com objetivo
de compreender a linha de raciocínio, argumentos e expressões dos
estudantes. Identificando a importância da Filosofia para a vida pessoal do
estudante, como também para a sociedade onde o indivíduo esteja inserido.
Metodologias do ensino de Filosofia no Paraná
As perguntas certas podem obter respostas reflexivas. Portanto, o
método filosófico exige que saibamos questionar no momento certo e calar
no momento oportuno. Para chegarmos nessa conclusão mais acertada
possível, precisamos experimentar muitas vezes diversos métodos, até
encontrarmos algum que se adéque ao nosso estilo de trabalho, onde
acreditamos ser mais eficiente. Portanto, o método deve ser avaliativo
consiste de análises em todas as etapas da realização desse método
filosófico.
As aulas de filosofia para haver aprendizados, devem ser organizadas
―como uma verdadeira ‗oficina de conceitos‘4, na qual professores e
estudantes manejem os conceitos criados na historia da filosofia como
ferramentas a serviço da resolução de problemas e, a partir de problemas
específicos, busquem também criar conceitos filosóficos‖. (GALLO In
PIOVESAN 2002, p.194) Quando o estudante busca interpretações e
soluções para seus problemas, a filosofia, o ensino de filosofia e o filosofar
acontecem.
4 Expressão oficina de conceitos utilizada por Silvio Gallo para designar uma aula de filosofia, onde o
educador manipula os conceitos utilizados pelos filósofos clássicos, criando e recriando novos conceitos e
significados. Proporcionando para a juventude o ato filosófico e criativo.
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O filosofo deve tornar-se não filosofo [...] É preciso que o
professor se apresente não como ―aquele que sabe‖, para
possibilitar o jogo do aprendizado. Buscar a linguagem dos
alunos e identificar-se com eles, sem tornar-se mais um deles,
sentir e pensar com eles, para que o ato filosófico se dê. (Ibid. p.
205)
A preocupação maior com a delimitação de metodologias para o
ensino de Filosofia é garantir que os métodos de ensino não lhe deturpem o
conteúdo. A idéia de que não existem verdades absolutas em conteúdos
como, por exemplo, moral e política, é tese defendida com freqüência por
filósofos. Diante dessa perspectiva, a história do ensino da Filosofia, no
Brasil e no mundo, tem apresentado inúmeras possibilidades de abordagem
filosóficas, dentre as quais se destacam como conteúdos estruturantes para
o ensino médio, segundo vários pensadores;
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2 - COLÉGIO ESTADUAL SANTA LUZIA: ENSINO
FUNDAMENTAL E MÉDIO
Apresentamos aqui um breve relato do Colégio Estadual Santa Luzia,
sobre sua formação, consolidação e suas condições atuais que com figura a
vida social, política e econômica das famílias e comunidades. Localizado
na comunidade Santa Luzia em um centro comunitário do Assentamento
Colônia Vitória, situado a cerca de doze mil metros da sede do município
de Lindoeste, atendendo em sua maioria crianças, jovens e adultos oriundos
desse assentamento e de seu entorno.
Como podemos avaliar a educação? Sendo que o resultado da
intervenção do professor muitas vezes é oriundo das salas de aulas da área
urbana. Os estudantes que vivem e moram nos Assentamentos do interior
de Municípios, com regime basicamente agrícola como de Lindoeste no
Paraná, principalmente ao que se refere à vivência prática dos estudantes
com os professores e comunidades escolares.
Hoje, existem matriculados aproximadamente 150 estudantes, sendo
que, cerca de 90% dos estudantes utilizam transporte escolar para seu
deslocamento para a escola percorrendo em media dez Km diariamente.
Sendo que alguns chegam a percorrer mais de 30 Km diariamente. E fazem
um percurso de aproximadamente tres Km a Pe. Quando hove, ha bastante
faltas dos esdtudantes devido a ma conservação das Estradas que
possibilitam acesso ao colegio.
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2.1 Breve históricos
As lutas populares sempre estiveram presentes na historia de
formação do Brasil, marcada pela invasão do território indígena, a luta pela
terra e pela consolidação da resistência camponesa e operaria. Destacando:
Sepé Tiaraju e os povos guaranis nos séculos XVI e XVII; Ganga Zumba e
Zumbi dos Palmares nos séculos XVII e XVIII; Canudos de Antonio
Conselheiro no final do século XIX e XX;
A Guerra do Contestado entre 1908 a 1914; O cangaço e seus vários
bandos, como de Lampião; As Ligas Camponesas por volta de 1945; A
criação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
(CONTAG) em 1962; O Golpe militar de 1964: o retrocesso; A eclosão da
luta camponesa consolidando o nascimento do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Janeiro de 1984.
A gestação e nascimento do MST
O MST é fruto das lutas de resistência dos trabalhadores, do campo
brasileiro contra a expulsão, exploração e expropriação de seus direitos. De
acordo com Fernandes
De 1979 a 1984 aconteceu o processo de gestação do MST. (...)
que reuniu e articulou as primeiras experiências de ocupação de
terra, bem como as reuniões e encontros que proporcionaram,
em 1984 o nascimento dos MST ao ser fundado oficialmente
pelos trabalhadores em seu Primeiro Encontro Nacional,
realizado nos dias 21 a 24 de janeiro em Cascavel, no Estado do
Paraná. (2000, p.50)
Encontro marcado pela presença de 1.500 trabalhadores e
trabalhadoras rurais, quando se reafirmou a necessidade da ocupação como
uma Ferramenta de luta dos trabalhadores, passando a construir um
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movimento social e de massa, com objetivos e linhas políticas definidas.
Segundo agenda MST 2006, ―Em 1985, em meio ao clima da campanha
‗diretas já‘, o MST realizou seu I Congresso Nacional, em Curitiba, Paraná,
cuja palavra de ordem: ‗Ocupação é a única solução‘‖ (MST, 2005)5.
Cascavel se torna alvo das ações planejadas do Movimento, pois
possuíam áreas com laudos de improdutividade e dezenas de famílias
dispostas à luta para a produção de alimentos. Que contribuíram para a
emancipação territorial de Lindoeste.
Dados do município de Lindoeste nesse contexto histórico.
Lindoeste foi desmembrado de Cascavel em primeiro de janeiro de
1990, unificando dois distritos de Cascavel: o Cielito Lindo e a Alvorada
do Oeste. Surgindo assim O Lindo Oeste, ou Lindoeste.
Hoje possui uma extensão territorial de 360.991 Km². Segundo dados
extraídos da pagina do IPARDES da internet. Com uma população de
5.361 habitantes, onde 57,88% estão em situação de pobreza. O Município
se encontra com um grau de urbanização de 44,47%, onde apenas 1.621
consumidores de energia elétrica e 937 residências possuem serviços de
água tratada, sem possuir rede de esgoto. Com uma Receita Municipal de
R$10.228 Milhões em 2010.
(IPARDES) ÁREA SOCIAL
INFORMAÇÃO FONTE DATA ESTATÍSTICA
População Censitária – Total IBGE 2010 5.361 Habitantes
Pessoas em Situação de Pobreza (2) IBGE/IPARDES 2000 3.103
Matrículas na Creche SEED 2010 101 Alunos
5 Segundo dados extraídos da publicação MST. Agenda 2006 da Secretaria Nacional do MST São Paulo
2005.
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Matrículas na Pré-escola SEED 2010 77 Alunos
Matrículas no Ensino Fundamental SEED 2010 910 Alunos
Matrículas no Ensino Médio SEED 2010 285 Alunos
Matrículas no Ensino Superior MEC/INEP 2009 - Alunos
(IPARDES 2011)6
Dados que contribuem para compreender a realidade do município
tendo como base produtiva a agricultura possuindo a maioria dos habitantes
vinculo direto com a produção agrícola e rural.
2.1.1 Constituição do Assentamento Colônia Vitória
O Assentamento Colônia Vitória se originou pelo resultado da luta
dos camponeses dentro de um contexto de mobilizações e ocupações
nacionais. Com a ocupação da Fazenda Vitória situada no Município de
Cascavel PR. Segundo o IPARDES, 1992, p.127 ―A área pertencia à
senhora Adla Ibrahim Abujamra, que a incorporou ao patrimônio da
empresa Cielito S.A. Administradora de bens e Empreendimentos, em
1973" (IPARDES, 1992, p. 127).
A Fazenda Vitória com área de 2.248 há foi indicada ao INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em março de 1985
devido a um laudo feito pelo ITCF (Instituto de Terras e Cartografia)
Apontando a como improdutiva.
Segundo esse relatório, residia na área um administrador que se
dizia encarregado de 1700 cabeças de gado, praticamente
abandonadas, pois a maior parte do imóvel era constituída de
pastagens invadidas por capoeiras. Observou-se ainda que um
6 IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Consultado na internet.
http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?Municipio=85826&btOk=ok acessado dia
15 de agosto de 2011 as 14.30 horas.
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percentual significativo da mata original já havia sido
explorado, estando à mesma devastada. (Ibid.)
Conforme relato de Jonas de Oliveira morador e assentado que
participou da ocupação da área em agosto de 1986. Relata que: Quando
chegaram a maior parte da área era capoeira o que deu trabalho para
preparar a terra já possuíam poucas ferramentas, que eram enxadas, foices e
facões, sendo que apenas alguns dos acampados possuíam maquina de
plantar manual (matraca).
Lembra que ―Havia bastante generosidade e companheirismo entre
os acampados, porque aqueles que tinham ferramentas como as matracas
[plantadeira manual] ou alguma variedade de semente, os outros
emprestavam‖, (entrevista de Assentado) o solo era fértil, sem necessitar de
adubo químico. O que mais se cultivava era feijão arroz, mandioca, batata,
milho com o tempo começaram a criar animais para carne e para leite e
produzir milho para a venda.
Ocupamos a área em de agosto de 1986 logo que chegamos
começamos a cultivar feijão, arroz, milho, etc. O fazendeiro
manteve os jagunços ali na esperança de ganhar a causa na
justiça. Mas o gado estava destruindo as lavouras quando
resolvemos expulsar os ―jagunços‖ e ocupar o pavilhão e as
casa da sede. Depois de um ano de luta e conflitos, no dia
primeiro de agosto de 1987 fomos assentados em lotes
individuais que variavam entre 10 e 16 há, definidos por sorteio,
obedecendo a um acordo feito um ano antes de respeitar os
parentescos, deixando as famílias mais perto umas das outras.
(OLIVEIRA, Entrevista, 2011)7
O assentado relata ainda algumas das dificuldades para se conquistar
o lote do assentamento. ―teve dias de nós [Família com três pessoas] não
7 Jonas de Oliveira, conforme entrevista cedida dia onze de agosto de 2011.
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termos nada para por na panela, não tinha serviço por perto e quando tinha
um servissinho, dava para poucos dias, porque tinha bastante gente para
trabalhar, passamos muita necessidade, minha filha foi a primeira criança
que nasceu no acampamento.‖ (Ibid.) Hoje quando perguntado sobre como
se sente após 25 anos de Assentamento, o senhor Jonas de Oliveira exibe
com orgulhos as suas conquistas.
Hoje tenho uma casa boa, um carro que comprei a quase dez
anos [Fusca ano 86], umas 40 cabeças de criação [gado leiteiro]
de manhã tiramos 16 vacas, com ordenhadeira mecânica, tem
um chiqueiro que não é muito grande, mas os porcos ficam
soltos na encerra [mangueira] deve ter uns 35 entre os grandes e
os pequenos, [...] tens uns 15 ou 16 cabritos, quero aumentar
ainda mais, eles tem a casinha deles para dormir a noite, têm um
cavalo para quando precisar, tem umas 150 a 200 cabeças de
galinha, bom, o que mais, [...] tem um motor forrageiro para
fazer silagem que uso para picar cana para tratar as vacas no
cocho, um triturador de milho, tem horta, tem pomar, tem açude
de peixe, ta precisando limpar [...] tem oito caixas de abelhas,
[...] também sou presidente de uma associação de agricultores
com uns 80 sócios, temos um trator com equipamentos que veio
do Rosinha [Deputado Federal, através de ementa] que saiu ano
passado, no valor de 120 mil. (OLIVEIRA, 2011)
Comenta ainda que o Assentamento foi efetivado com 152 famílias
provenientes de seis acampamentos, distintos, dois apenas do município de
Marmeleiro, outro de Quedas do Iguaçu, outros dois do Município de
Catanduvas, o último, proveniente do Município de Cascavel.
―Hoje eu tenho essas coisas, mas cheguei aqui há 25 anos, tenho seis
filhos, um morreu logo que nasceu, seria o segundo filho, quatro filhas
mulheres, um filho homem adotado e dois netos.‖ (Ibid).
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2.1.2 Colégio Estadual Santa Luzia
O Colégio Estadual Santa Luzia, esta situado na zona rural do
Município de Lindoeste PR. Mais precisamente na Comunidade Santa
Luzia, no Assentamento Colônia Vitoria há uma distancia de 12 km da
cede do Município.
O ensino primário teve início em novembro de 1988, devido à
necessidade surgida através da ocupação de terra na fazenda Vitória
ocorrida em 1986 com aproximadamente 152 famílias, ficando ela
subdividida em quatro comunidades, com um grande número de crianças,
teve início a grande luta de implantação de escolas. Foi a partir de 1990,
com a emancipação de Lindoeste, que as escolas passaram a ser
responsabilidade do Departamento Municipal de Educação do novo
município.
Em 1997, houve a nuclearização das escolas e todas juntaram-se
formando uma só [...] Neste mesmo ano (1988) é que se
constituiu a Escola Estadual Santa Luzia, situada na
Comunidade Santa Luzia, assentamento Vitória – município de
Lindoeste/Paraná. Entidade esta mantida pelo Governo do
Estado do Paraná que oferta curso de Ensino Fundamental (5ª a
8ª série) sob a resolução 3021/1997 de 01/10/1997. Em 11 de
agosto de 2003 o Ensino Fundamental foi reconhecido através
da Resolução 1894/2003. [...] A partir do ano de 2005 a escola
passa a ofertar o Ensino Médio de forma simultânea com a 1ª,
2ª e 3ª série, passando então a denominar-se Colégio Estadual
Santa Luzia – Ensino Fundamental e Médio, sob a autorização
2077/2005. [...] Ensino Fundamental (5ª à 8ª séries), com quatro
turmas totalizando 84 alunos no período diurno e o Ensino
Médio Regular (1ª à 3ª série), com três turmas somando um
total de 67 alunos no período noturno. (SANTA LUZIA, 2010,
p.5)
Assumindo as funções de Colegio Estadual, cumpre um importante
papel no processo formativo e educativo dos estudantes do assentamento.
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Contribuindo ainda mais para o exclarecimento da classe trabalhadora e
avanços dos indices nacionais. Principalmente por facilitar o acesso ao
ensino publico na area rural do municipio.
2.2 PPP (Projeto Político Pedagógico) Santa Luzia
[...] associada à construção do Projeto político Pedagógico da
escola, à implantação de Conselhos de Escola (Coletivo de
Educação) que efetivamente influenciem a gestão escolar como
um todo e às medidas que garantam a autonomia administrativa,
pedagógica e financeira da escola, sem eximir o Estado de suas
obrigações com o ensino público. (GADOTTI, 2003, p.96)
A escola tenta se fundamentar nos princípios pedagógicos da
educação do MST que é o vínculo orgânico entre educação e cultura,
apesar de suas dificuldades, considerando a cultura como tudo aquilo que é
produzido e utilizado pelas sociedades para expressar o seu jeito de viver e
entender o mundo.
Acreditamos que o processo formativo e educativo esteja alem das
salas de aula, no entanto o ensino das disciplinas, principalmente da
filosofia deve estar centrada na realidade do estudante, para que este possa
utilizar quando necessário. Entretanto a filosofia sendo algo importante e
necessário deveria propiciar ainda mais essa interação dos saberes, tanto os
adquiridos na escola quanto os conhecimentos acumulados nas atividades
da vida pratica, como também na prática de esportes por exemplo.
2.3 Quem são os sujeitos.
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Denominamos de sujeitos, os seres envolvidos no processo de
ensino e aprendizagem do Colegio Estadual Santa Luzia composto por
Professores, Educadores, Equipe pedagogica, Educando, Alunos, Pais,
Funcionarios, ou seja toda equipe de pessoas juntamente com a
comunidade e autoridades do município contribuem para a consolidação e
confirmação do processo de ensino e transmissao de conhecimentos.
Proporcionado pelo ambiente escolar, dentro e fora do colegio. Neste
momento centraremos mais energia na tarefa de tentar demonstrar que a
educação ocorre em todos os momentos o para com todos os envolvidos.
Com isso, buscaremos primeiramente saber quem sao os Educandos e os
educadores.
2.3.1 Educandos
Os educandos e educandas matriculados no Colegio Estadual Santa
Luzia são originados do meio rural, sendo agricultores e agircultoras, na
sua grande maioria ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), somando aproximadamente 150 Estudantes matriculados
para o ano de 2011. Destribuidos em quatro turmas ou series do ensimo
fundamental, tres turmas do ensino medio e uma turma de jovens e adultos
matriculados no Pro Jovem rural (programa do governo destinado ao
ensino fundamental de jovens e adultos do meio rural). Destes 150
estudantes, ―51 foram matriculados para o ensino medio, distribuidos em
uma turma de primeiro ano, uma turma de segundo e outra de terceiro
ano‖.8
8 Conforme listagem oficial do SERE. Acesso em 15 de outubro de 2011.
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Conforme pesquisa realizada com os estudantes, podemos destacar
que: ―mais da metade dos jovens afirmam terem nascido ou moram no
assentamento a mais de dez anos, sendo que a maioria afirma sempre ter
estudado no colégio do assentamento e outros um terço afirmam ter
estudado mais de cinco anos‖ (VARGAS, 2011).9
Talvez devido índices demonstrarem que a maioria dos pais dos
estudantes participa ativamente das tomadas de decisões referentes ao
assentamento. Participando das instancias deliberativas e associações,
transparecendo o compromisso individual dentro das ações coletivas.
Uma parte importante da pesquisa que vale a pena ser destacada esta
no fato relacionado ao estudo, pois mais da metade ou 53,3% dos jovens
pesquisados afirmaram que sempre estudaram no colégio do Assentamento
e outros 30 % afirmam que já estudam a mais de cinco anos. Talvez devido
índices demonstrarem que 60 % dos jovens nasceram ou moram no
assentamento a mais de dez anos.
Sendo que a maioria dos pais dos estudantes participam ativamente
das tomadas de decisões referentes ao assentamento. Transparecendo o
compromisso individual dentro das ações coletivas.
As turmas sao proporcionalente pequenas se compararmos com
outras turmas do municipio, mas possuem uma diversidade cultural e social
bastante complexa. Contendo jovens estudantes com idade entre 14 anos
ate pessoas com aproximadamente 50 anos que retornaram seus estudo
depois de muito tempo, devido as maiores facilidades de estudos ou a
comprovada necessidade individual de formação e qualificação pessoal.
9VARGAS, Conforme Pesquisa realizada com os estudantes.
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Mas, são pessoas: crianças, jovens e adultos que dividem seu tempo entre a
escola e o trabalho pricipalmente na lavoura.
Conforme índices do município e pesquisa, destacamos que a
maioria das famílias sobrevive apenas com as rendas provenientes da
produção agrícola do lote, caracterizando se assim como famílias de baixa
renda. Sendo que em sua maioria, a renda familiar é inferior a Mil Reais
por mês, e poucas famílias possuem valores mais elevados, quando
conseguem um complemento financeiro, este e advindo de trabalhos
terceirizados para empresas localizados fora do assentamento, possuindo
assim dois empregos.
Os jovens estudantes, mesmo sendo menores de idade contribuem
para a elevação da renda familiar, principalmente a busca de sua própria
independência financeira, hora ajudando nas tarefas do lote, outras vezes
trabalhando para vizinhos ou ainda para empresas fora do assentamento.
Sendo possível perceber claramente o cansaço e o desânimo de alguns
estudantes em relação aos estudos, talvez pela falta de perspectivas quanto
à colocação empregatícia em outros ramos da industrialização no município
e na região.
Na área dos esportes e lazer há uma carência grande de incentivos à
prática de esportes ou recreação, ficando os jovens quase sem atividades
saudáveis que lhes preencha o tempo nos finais de semana, salvos poucas
opções criadas por iniciativas isoladas. Contribuido para que as aulas de
educação fisica sejam bem mais apreciadas e concoridas que as demais
disciplinas no plano curricular da escola.
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Quando ao deslocamento para a escola, constatamos que quase todos
dos estudantes utilizam o transporte escolar, alguns chegam a percorrer
mais de 15 Km de distancia. Sendo que esse percurso demora mais de uma
hora, como o transporte percorre apenas as estradas principais e muitos
destes estudantes percorrem diariamente cerca de dois quilômetros a pé,
alguns chegam a percorrer mais de quatro quilômetros. Conforme consta no
PPP:
Nos dias chuvosos são poucos os alunos que conseguem chegar
até o colégio. A maior parte deles mora à aproximadamente
4.000 metros do colégio; as faltas são constantes fazendo com
que o aluno, ao retornar, não acompanhe com aproveitamento
os conteúdos. (SANTA LUZIA, 2010, p. 12)
Dificultando seu deslocamento principalmente nos dias chuvosos,
contribuindo ainda mais para a evasão escolar e o baixo rendimento
escolar.
Referente à renda familiar, destacou se que a maioria das famílias
sobrevive apenas com as rendas provenientes da produção agrícola do lote.
Sendo que em sai maioria, a renda apresentada e inferior a Mil Reais por
mês, caracterizando assim famílias de baixa renda. Poucos possuem valores
mais elevados, quando conseguem um complemento financeiro, este e
advindo de trabalhos terceirizados para empresas localizados fora do
assentamento.
Possuindo assim dois empregos para conseguir elevar a renda
familiar. Apresentamos ainda a questão do jovem referente a renda,
mesmo sendo menores de idade em muito dos casos abordados contribuem
para a elevação da renda familiar, principalmente a busca de sua própria
independência financeira.
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2.3.2 Educadores
O professor /Educador ―é o profissional do magistério que
desenvolve uma prática escolar que possibilita ao estudante domínio do
saber elaborado pela compreensão e atuação da sociedade‖ (SANTA
LUZIA, 2010, P. 20). Pois, as instalações por mais magníficas que sejam
com edifícios modernos e abundância de material didático, não conseguem
dar conta do ensino sem o espírito do professor. O professor/Educador
continua sendo o elemento indispensável e fundamental no processo
educativo, dele a tarefa de animar, dar vida e sentido aos estudos, de
propiciar o acesso formal e cientifico do conhecimento.
Segundo Caldart
A grande tarefa de educadores e educadoras Sem Terra que
querem ajudar a construir escolas do MST é se assumirem como
sujeitos de uma reflexão permanente sobre as praticas do MST,
extraindo delas as lições de pedagogia que permitem fazer (e
transformar) em cada escola, e do seu jeito, o movimento
pedagógico que esta no processo de formação da identidade dos
sujeitos Sem Terra, como está também na formação dos sujeitos
humanos, de modo geral. (BENJAMIN; CALDART, 2002,
p.32)
Os professores, educadores e equipe pedagógica sua maioria moram
longe do Colégio, alguns fora do município precisando se deslocar em
torno de 50 a 100 km diariamente para trabalhar no colégio. Participando
ativamente das discussões e encaminhamentos da escola e da comunidade.
Formação do professor/educador de Filosofia no Colégio Estadual
Santa Luzia.
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O professor/educador de filosofia atua como contratado em regime
especial, ou seja, é uma modalidade de contratação dos professores do
Estado do Paraná. Onde a Secretaria Estadual de Educação (SEED) faz um
processo de seleção simplificado para suprir as carências de professores de
Ensino Fundamental e Médio. O contrato se dá em regime especial, de um
ano, podendo ser prorrogado para no máximo dois anos.
Após esse período, o contrato é rescindido. Podendo ser iniciado
novo contrato com o professor/educador no inicio do novo ano letivo.
Obedecendo a nova lista de seleção de professores inscritos no
Departamento de Recursos Humanos da SEED.
O processo de seleção ocorre mediante a inscrição realizada pelo
candidato, onde, o mesmo inscreve-se na disciplina pretendida,
descrevendo suas capacitações profissionais, mediante inscrição de títulos.
A SEED organiza uma listagem desses profissionais da educação
para que em data posterior, apresente a comprovação dos títulos citados,
caso haja comprovação da documentação inscrita pelo candidato, a vaga
dele é suprida, sendo que o mesmo possui o direito de escolha das turmas e
horários que gostaria de assumir, levando em consideração a ordem de
―lotação‖ dos profissionais.
A classificação segue a seguinte ordem, primeiramente os
Concursados, CLT‘s e PSS (Processo de Seleção Simplificado). Conforme
nomenclatura atribuída pelo Núcleo de Educação do Estado para essa
modalidade de processo seletivo, que leva em consideração apenas a prova
de títulos. Classificando com uma ordem estipulada pela quantidade de
diplomas que o candidato possui.
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Após os professores concursados e efetivos terem seus suprimentos
de aulas organizados, conforme, ordem pré-estabelecidas pelos diplomas e
tempo de serviço, caso haja aulas daquela disciplina em ―abertas‖ inicia-se
o suprimento das aulas pela listagem do PSS. Sendo convocados os
mesmos para em data especifica apresentarem suas documentações
comprobatórias dos itens da inscrição.
Sendo chamado o primeiro da lista, que apresenta seus documentos
―diplomas‖, estando em conforme com a inscrição, suas aulas são supridas,
selecionando entre as aulas restantes, as quais turmas e horários vai
trabalhar. Passando imediatamente a ―vez‖ para o próximo candidato da
lista.
Que após comprovado a documentação, também seleciona suas
turmas, agora com menos possibilidades de escolhas das turmas e horários,
passando para o próximo, assim sucessivamente, até serem supridas todas
as aulas de todas as turmas daquela disciplina. Passando automaticamente
para o suprimento de aulas de outra disciplina, de outra, outra, até serem
supridas todas as aulas de todas as disciplinas.
Sendo bastante comuns nesse processo de seleção, alguns
professores se sentirem alterados no dia da distribuição de aula, devido ser
um momento decisivo para confirmação de trabalho ou emprego. Pois,
qualquer anormalidade provoca um sentimento coletivo de desconforto
pelo processo de seleção, escolha e distribuição de aulas.
Condições de trabalho.
Em sua maioria os professores/educadores são de uma realidade
distinta, tendo o deslocamento para o colégio como uma tarefa necessária
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para ―trabalhar‖. Pois, em alguns casos desconsideram a diversidade
existente. Tentando trabalhar com a mesma dinâmica e conteúdos das
escolas não rurais.
Talvez devido sua formação, ou acreditando na formação igualitária
onde todos deveriam ter os mesmos acessos a cultura e a educação.
Desconsiderando a questão cultural da realidade camponesa e suas lutas,
principalmente quando tratamos a questão do entorno da escola. Ou seja, a
luta histórica das famílias para a conquista da terra, sua permanência no
campo, como produtores de alimento.
Situação encarada hoje, por uma grande parcela da sociedade como
sendo atrasada e superada, reproduzindo uma sensação de inferioridade,
tanto para os estudantes, como para os professores/educadores desta
realidade.
Reforçada pelo Estado, devido desconsiderar a distância percorrida
pelos professores para realizar a tarefa de educar. Demonstrada pela não
aprovação do ―difícil acesso‖10
onde facilitaria o deslocamento e o trabalho
do professor. Devido, dispensar o pagamento particular desse
deslocamento, aumentando de certa forma o poder aquisitivo dos
professores, diminuindo as dificuldades para trabalhar em escolas do
interior e ampliando os desejos de trabalhar nesses locais. Em muitos casos,
a preferência de trabalhar nas escolas de centro esta atrelada as facilidades
do acesso.
10
Difícil Acesso – Pauta de reivindicação dos professores do estado do Paraná, para que o Governo do Estado reconheça a dificuldade de deslocamento pelas distancias e estradas rurais em más condições de trafego ou ainda falta de transporte coletivo. Contribuindo assim, financeiramente para que esse deslocamento seja realizado com veículos próprios.
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No Colégio Estadual Santa Luzia, que fica localizado em torno de 12
km de distância da cede do município os professores/educadores e equipe
pedagógica apresentam em sua maioria um desejo de trabalhar devida a
uma sensação de pertença a causa camponesa. E a luta Sem Terra. A qual
originou o colégio, o assentamento, as comunidades e a vida agrícola de
centenas de pessoas. Conforme relato do Educador Vilson Pruzak (letras
português e inglês), ele se desloca mais de 115 km no dia para trabalhar na
escola de assentamento.
Como nos demais ambientes escolares, a função de educar é de todos
e todas, porém, há divisões distintas e importantes para a formação do
estudante, contribuindo para isso, o diretor, o pedagogo, os professores e
equipe de apoio da secretaria ou do setor de serviços. Inclusive, podemos
afirmar que a relação existente entre o estudante com o conjunto do
ambiente escolar, contribui para a formação do mesmo.
As divisões de atividades na escola sugere uma divisão de tarefas,
sendo que, cada segmento possui suas atribuições e funções dentro do
mesmo objetivo comum, a de educar. Portanto, a função do diretor vai
além. É a de participar e estabelecer a rota, as ações da comunidade escolar
na busca dos meios mais razoáveis e objetivos.
Segundo diretor João Nilton de Rezende: ―Ao diretor cabe projetar a
escola como um modelo irradiador do conhecimento e da cultura.
Permitindo as relações com outras escolas, organização de serviço social e
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relação com sociedade e associações‖, (Entrevista, 2010)11
visando à
ampliação dos laços da comunidade educativa.
O professor pedagogo exerce uma função primordial na escola do
campo, que vai além da coordenação e orientação, ele é o elo entre o ensino
e aprendizagem, cabe a ele articular o processo educacional de forma
coletiva e buscar soluções para contribuir no ensino e aprendizagem,
contribuindo para o conjunto escolar. Sendo de sua competência:
Promover e coordenar reuniões pedagógicas e grupos de estudo
[...] Participar e intervir, junto à direção, da organização do
trabalho pedagógico escolar [...] Analisar e coordenar, junto à
direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas [...]
Implantar mecanismos de acompanhamento e avaliação do
trabalho pedagógico [...] Apresentar propostas alternativas,
sugestões e o plano de ação da escola e as políticas
educacionais da SEED; [...] Orientar o processo de elaboração
dos planejamentos de ensino junto ao coletivo de professores da
escola; [...] Zelar pelo cumprimento do termo de compromisso
com o educando. (SANTA LUZIA, 2009, p. 18)
Os agentes educacionais (1 e 2)12
possuem a tarefa de organização do
ambiente escolar, contando com a parte documental, logística e física da
escola. Partes imprescindíveis para o bom funcionamento da atividade
educativa. Pois necessitam de uma sincronia entre todas as funções,
inclusive com os alunos/educandos. Referente aos professores são
atribuições explicitadas no Art. 13 da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, nº 9394/96: 11
Conforme entrevista do Professor Diretor do Colégio Estadual Santa Luzia João Nilton de Resende, concedida em agosto de 2010.
12 Agentes Educacionais 1 são responsáveis pelas atividades desenvolvidas pela equipe da secretaria,
biblioteca, laboratório. Os agentes educacionais 2 são responsáveis pela manutenção física da estrutura escolar, tais como: conservação do prédio (limpeza e manutenção) organização dos espaços e preparação do lanche.
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I - participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de
menor rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao
planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com
as famílias e a comunidade.
Conforme pesquisa, os estudantes afirmaram que a equipe
pedagógica, (os professores e agentes educacionais) em sua maioria mora
longe do Colégio, alguns fora do município precisando se deslocar em
torno de 30 km para trabalhar no colégio, mas que em muitos casos estes
professores demonstram afinidade com os estudantes e com a causa
camponesa, compreendendo as dificuldades enfrentadas pelos jovens
estudantes e assentados.
Apresentando uma relação considerada pela maioria como ―boa ou
pacífica‖, talvez devido o interesse demonstrado pelos educadores em
compreender e auxiliar nas dificuldades enfrentadas pelos estudantes.
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3 - O ENSINO DE FILOSOFIA NO COLÉGIO ESTADUAL SANTA
LUZIA
A relação do ensino da Filosofia na escola do campo. Contidas no
artigo 36 da Lei de Diretrizes de Base (LDB) de 1996 e a substituição deste
artigo 36 pela Lei 11.694/98 que estabelece como obrigatório o ensino da
Filosofia e Sociologia no Ensino Médio. A tarefa principal do professor é
transmitir os conhecimentos de forma ordenada do mais simples ao mais
complexo, de modo tal que conduzam o aluno, sem desvios, e direção ao
seu próprio saber; em poucas palavras, que explicar é ato essencial que
constitui o ensinar.
3.1 Filosofia no PPP Santa Luzia
Ainda o Regimento escolar, as Diretrizes da educação do campo
quando se refere ao ensino de filosofia. Afirma que a filosofia deve
contribuir para a emancipação humana atuando como uma disciplina
multidisciplinar ou transdisciplinar. Sendo que o mais importante seja que
os professores e educadores de filosofia consigam tratar essa disciplina
com os rigores que ela necessita.
Para isso, as soluções não podem ser apenas formais, elas devem ser
essenciais como a organização do povo e o confronto de modelos
defendendo o debate sobre Educação do Campo.
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3.2 Plano de ensino de filosofia
Com referencia ao ensino de filosofia, abordamos as formas de abordagens
dos antigos filósofos. Onde ―Platão admitia que, sem uma noção básica das
técnicas de persuasão, a prática do ensino da Filosofia teria efeito nulo
sobre os jovens‖. (ARANHA, 1993, p.) Por outro lado, também pensava
que se o ensino de Filosofia se limitasse à transmissão de técnicas de
sedução do ouvinte, por meio de discursos, o perigo seria outro: a Filosofia
favoreceria posturas polêmicas, como o relativismo moral ou o uso
pernicioso do conhecimento.
Na distinção entre materiais e métodos, destacamos a eficiência e a
importância desses dois componentes estarem presentes e interligados nas
aulas pertinentes a grade curricular, principalmente como nosso foco
principal deste trabalho que consiste na analise desses componentes para as
aulas de Filosofia no Colégio Estadual Santa Luzia.
- Preparar os estudantes para assumir seus papeis na sociedade.
- Diferenciar a Filosofia de: religião, mito, senso comum,
ideologia e ciência.
- Conceituar e contextualizar conceitos, atribuindo-lhes
significados.
- Demonstrar as distinções das épocas históricas da Filosofia.
- Formar e fortalecer uma consciência critica dos estudantes em
relação à sociedade.
- Contribuir pedagogicamente para a consolidação de uma
sociedade com valores mais humanos. (SANTA LUZIA, 2010)
Conteúdos base para ensino
Como conteúdos, apresentamos brevemente uma tabela do planejamento
escolar do professor.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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(SANTA LUZIA, 2010)
Materiais para ensino
Com o material pretende-se compreender os recursos didáticos
utilizados em sala de aula, para possibilitar o entendimento do estudante
para a compreensão da filosofia e para a ―Oficina de Conceitos‖ 13
onde se
13
Oficina de Conceitos. Termo utilizado para designar uma aula de filosofia a partir do referencial teórico
abordado pelo pensamento de Silvio Gallo. Em. PIOVESAN, A (org.) Filosofia e ensino em debate. Ijui
RS. Ed. Unijui, 2002. P.205
CONTEÚDOS DO PRIMEIRO ANO. CONTEÚDOS DO SEGUNDO
ANO
CONTEÚDOS DO TERCEIRO ANO
ESTRU
TURA
NTES
ESPECIFICOS ESTRUT
URANT
ES
ESPECIFICOS ESTRUT
URANT
ES
ESPECIFICOS
1°
BIM.
FILOS
OFIA e
MITO
- O que é Filosofia?
- Objeto da filosofia.
- Definição conceitual de
Filosofia, Senso Comum.
- Ciência filosófica
- Mito e mitologia
- Elementos Culturais.
- Períodos Históricos da
Filosofia antiga.
1°
BIM.
FILOSO
FIA DA
CIÊNCI
A
- Definições
conceituais.
-Conhecimento
científico e
cientificismo.
- Método cientifica.
- Revolução cientifica
do Sec. XVII.
1°
BIM.
FILOSO
FIA DA
CIÊNCI
A
- Definições conceituais.
-Conhecimento científico e
cientificismo.
- Método cientifica.
- Revolução cientifica do
Sec. XVII.
2°
. BIM.
FILOS
OFOS e
IRONI
A
FILOS
OFICA.
- Mito e religião.
- Quem é e o que precisa para
ser Filósofo.
- Cronologia dos pensadores.
- Conceitos de ironia
- Conceitos filosóficos.
2°
BIM.
PROGR
ESSO
DA
CIENCI
A
- Conceitos filosóficos.
- Evolução do
pensamento cientifico.
- Os benefícios da
ciência e para quem.
- As ciências Humanas.
(Economia, Sociologia
e Psicologia).
2°
BIM.
PROGR
ESSO
DA
CIENCI
A
- Conceitos filosóficos.
- Evolução do pensamento
cientifico.
- Os benefícios da ciência e
para quem.
- As ciências Humanas.
(Economia, Sociologia e
Psicologia).
3°
BIM.
TEORI
A DO
CONH
ECIME
NTO
- Definições conceituais.
- O problema do
conhecimento.
- Conhecimento científico
- Ideologia.
- Reflexões filosóficas.
O Processo do filosofar.
3°
BIM
FILOSO
FIA
POLÍTIC
A
- Definições
conceituais de Filosofia
política.
Busca da essência da
política
- Sociedade com
relações políticas.
3°
BIM.
ESTÉTI
CA
- Definições conceituais
- A questão do belo.
- Estética e Sociedade.
-Valores Culturais e sociais
da estética - Definições
conceituais.
4°
BIM.
LOGIC
A E
LINGU
AGEM
- Pensamento lógico.
- Lógica formal e matemática.
- Os princípios da
argumentação.
- Diversos estilos e gêneros de
argumentos
- Formas de manifestação do
pensamento.
- Perspectivas do
conhecimento.
4°
BIM.
MANIFE
STAÇO
ES DA
POLITIC
A.
- Relação entre
conhecimento e
verdade
-Política e verdade.
Manifestações da
verdade.
Democracia e formas
de governo.
4°
BIM.
ESTETI
CA e
ARTE.
- Pensamento estético.
- Funções da arte
- Os princípios da
argumentação artística.
- Diversos estilos estéticos e
artísticos
- Formas de manifestação
do pensamento.
- Perspectivas da arte.
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trabalha com intuito de auxiliar o estudante no processo de assimilação,
criação e recriação de conceitos, apropriando-se de conteúdos específicos
trabalhados na disciplina, mas que podem ser aplicados na vida cotidiana
de cada individuo.
O Livro Didático Público de Filosofia possui grande fator de
colaboração no ensino e aprendizagem de filosofia porque desenvolve
conteúdos básicos a partir de recortes dos conteúdos e possibilita o trabalho
com os quatro momentos do ensino de Filosofia: a mobilização para o
conhecimento, a problematização, a investigação e a criação de conceitos.
Esse livro, que tem como objetivo auxiliar professores e estudantes para
que o ensino de Filosofia se faça com conteúdo filosófico, foi concebido
para ser um ponto de partida das discussões filosóficas e interações dos
estudantes com uma primeira noção sobre filosofia e filosofar e nunca um
fim em si mesmo. Mas o ensino de filosofia permite e sugere a utilização
de muitos outros materiais de apoio pedagógico, tais como:
- Recursos audiovisuais (TV e Vídeo)
- utilização de outros materiais (Globo, bolas, baralhos,
instrumentos musicais, doces etc.), com fins pedagógicos.
- Utilização de materiais para proporcionar analogias e
interpretações de situações vivenciadas. (SANTA LUZIA,
2010) 14
3.2.1 Características do ensino de filosofia
Como a Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como
exercício que possibilita ao estudante desenvolver o próprio pensamento. O
ensino de Filosofia é um espaço para análise e criação de conceitos, que
14
Conforme. Plano de ensino de filosofia. Colégio Estadual Santa Luzia. Lindoeste Paraná 2010.
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une a Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida ao
ensino dessa disciplina juntamente com o exercício da leitura e da escrita.
Mas esse conhecimento deve ser posto a prova, mesmo que seja um
conhecimento simples e adquirido pelo conhecimento popular ou pelo
senso comum. No entanto, para Descartes, segundo consta no Abbagnano,
a definição do termo filosofia esta muito mais carregada de significados
que precisa de tempo e disposição para esse conhecer.
Na definição de Descartes, segundo a qual ―esta palavra
significa o estudo da sabedoria, por sabedoria não se entende
somente a prudência nas coisas, mas um perfeito conhecimento
de todas as coisas que o homem pode conhecer, tanto para a
conduta de sua vida quanto para a conservação de sua saúde e a
invenção de todas as artes‖. (ABBAGNANO, 2000, p. 442)
A educação emancipadora só pode ocorrer onde a educação for
articulada adequadamente e redefinida nas devidas condições e
necessidades admitindo as realidades locais e regionais, possibilitando a
transformação social, no progresso em curso.
Onde, ―a globalização funciona para os detentores do capital, e não
para a esmagadora maioria da humanidade, que sofre as suas
conseqüências‖ (MÉSZÀROS, 2005, p.77) e muitas vezes são excluídos de
qualquer tipo educacional. Mas a educação socialista se coloca a crítica da
falsa consciência, sob o domínio do desempenho social do capital, que é
dominado pela inversão das relações sociais que produzem uma falsa
consciência.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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3.2.2 Metodologia de ensino de filosofia
Quando se trata do ensino de Filosofia, é comum retomar a clássica
questão a respeito da divisão entre Filosofia e filosofar. No ensino médio
ensinamos a filosofar ou ensinamos Filosofia? Talvez ambos, pois para
alguns pensadores, só é possível ensinar a filosofar, isto é, exercitar a
capacidade da razão em certas tentativas filosóficas já realizadas, e
reservando a atividade filosófica em sala de aula com a tarefa e o direito de
investigar as ideias de alguns autores, conservando-as ou recusando-as na
medida do possível.
Sabendo que a filosofia é algo inacabado e um espaço para o
exercício de novos questionamentos e investigações o estudante a partir da
sua realidade organize novas interpretações e possíveis especulações
filosóficas. Percebendo que não há conceito simples.
Ao deparar-se com os problemas partindo da leitura dos textos de
autores considerados filósofos, espera-se que o estudante possa pensar,
discutir e argumentar sobre esses problemas apresentados, criando e
recriando para si e para os demais colegas e professores conceitos
filosóficos principalmente aqueles que auxiliam na interpretação e
resolução de seus problemas pessoais.
Como metodologia de ensino, pretendemos discorrer e promover a
interdisciplinaridade entre as disciplinas na escola e a vida quotidiana.
Trabalhar e introduzir interpretações básicas a conceitos utilizados pelos
indivíduos, pela sociedade e grupos sociais. Contribuir para que o estudante
interaja com a realidade e a interpretação da realidade, sempre com olhares
críticos filosóficos. Preparando os estudantes para assumir seus papeis na
sociedade.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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Contribuindo na tarefa de diferenciar a Filosofia como interpretação e
produção filosófica da religião ou manifestações religiosas, do
conhecimento mítico, do senso comum ou conhecimento popular, das
ideologias, como também das ciências como produção ou manifestação
cientifica. Compreendendo que o processo filosófico está alem da sala de
aula porque usamos princípios humanos e sociais como categorias de
análise.
Conceitualizando e contextualizando conceitos inerentes a filosofia,
atribuindo-lhes significados. Demonstrando as varias distinções conceituais
a partir das épocas históricas da Filosofia. Trabalhando de forma a
possibilitar que o estudante interaja com a realidade, como também com
conceitos filosóficos abstratos. A partir de atividades escolares ou não,
podendo ainda ser dentro ou fora das salas com:
- Aulas expositivas
- Aulas dialogadas
- Debates
- Leitura, analise e discussão de textos filosóficos.
- Apresentação de Seminários... (Ibid.)
Sendo um método já comprovado sua eficiência, tanto no processo
de ensino como também no controle dos avanços obtidos. Permitindo que a
avaliação de filosofia cumpra seu papel no processo de ensino e
aprendizagem do estudante. Devendo ser seguido uma estrutura lógica,
como um ritual educativo.
―A avaliação de Filosofia nas Escolas do Campo se inicia com a
mobilização para o conhecimento, por meio da análise comparativa do que
o estudante pensava antes e do que pensa após o estudo. Com isso, torna-se
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possível entender a avaliação como um processo‖. (SANTA LUZIA, 2010
p.8)
A avaliação, nesta perspectiva, visa contribuir para a compreensão
das dificuldades de aprendizagem dos alunos, com vistas às mudanças
necessárias para que essa aprendizagem se concretize e a escola se faça
mais próxima da comunidade, da sociedade como um todo, no atual
contexto histórico e no espaço onde os alunos estão inseridos. Devendo
obedecer a certos instrumentos e critérios, observando os avanços;
intelectual, político e social.
O papel da avaliação na escola é de extrema importância, mas sendo
que as formas de compreender o ambiente escolar e diferenciado de muito
das antigas concepções. Por acreditar que o educando se constitui em todos
os momentos e espaços de vivencia do seu cotidiano, de forma pensada ou
não, ensina não só através dos conteúdos trabalhado em sala de aula, mas
de todas as ações e relações estabelecidas entre os sujeitos, mas de acordo
com Romão:
Se o educando só ouve, dificilmente aprenderá a falar; se fala
no momento que bem entende, apresentará dificuldade para
ouvir o outro; se só é avaliada, não aprenderá a avaliar; se só
realizar tarefas individuais, dificilmente aprenderá a pensar e
decidir coletivamente; se só cumprir ordens, não aprenderá a
estabelecer seus limites; se suas tarefas forem sempre dirigidas,
não aprenderá a ser criativa etc. (ROMÃO, 2002, p.65).
Os instrumentos de avaliação devem ser pensados e definidos de
acordo com as possibilidades para avaliar os critérios estabelecidos. Por
exemplo, para avaliar a capacidade e qualidade argumentativa, sendo que a
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realização de um debate ou a produção de um texto será mais adequada ao
ensino da filosofia que uma prova objetiva.
Os critérios de avaliação devem ser definidos pela intenção que
orienta o ensino e a dimensão do que se avalia. Assim, os critérios são
elementos de grande importância no processo de ensino e aprendizagem,
pois articulam todas as etapas da ação pedagógica. Caso haja uma resposta
insatisfatória, deve se analisar se o estudante não aprendeu o conteúdo, ou
simplesmente que ele não entendeu o que lhe foi perguntado.
Desconectando da idéia da avaliação apenas dos resultados alcançados.
Para compreender o conjunto da atividade proposta.
3.2.3 Referências bibliográficas para o ensino de filosofia
O Livro Didático Público do Estado do Paraná é um recurso
importante para as aulas de filosofia que auxilia o educador e seus
educandos na situação de pesquisadores de conceitos e idéias já
definidas por outros pensadores, o professor encontra apoio ainda no
acervo da Biblioteca do Professor e o Portal Dia-a-Dia Educação, entre
outros. Como as indicações de bibliografias, filmes e sites, contidas no
livro didático.
Nas relações de conteúdos, destacamos aqueles cujo estão inseridos
no planejamento escolar, inserido dentro das diretrizes para o ensino
médio. Apresentando aqui toda a tabela de conteúdos estruturantes e
específicos para o ensino médio. Conforme apresenta no plano de ensino de
filosofia uma referência sobre os conteúdos a ser trabalhados com os jovens
estudantes da Escola do Campo. Colégio Estadual Santa Luzia.
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- a divisão cronológica linear: Filosofia Antiga, Filosofia
Medieval, Filosofia Renascentista, Filosofia Moderna e
Filosofia Contemporânea, etc.;
- divisão geográfica: Filosofia Ocidental, Africana, Filosofia
Oriental, Filosofia Latino-Americana, dentre outras, etc.;
- divisão por conteúdos: Teoria do Conhecimento, Ética,
Filosofia Política, Estética, Filosofia da Ciência, Ontologia,
Metafísica, Lógica, Filosofia da Linguagem, Filosofia da
História, Epistemologia, Filosofia da Arte, etc. (SANTA
LUZIA, 2010, p.6)
Segundo Krupskaya, outro importante educador da escola comuna.
Ele afirmava que ―a escola a ser construída tinha ou deveria ter como alvo
colocar a para as crianças uma visão materialista do mundo‖, (FREITAS In
PISTRAK, 2009, p. 22) possibilitando desenvolver a compreensão da vida
e do mundo ao seu redor e principalmente com a tarefa de favorecer as
maneiras de como mudar esta vida radicalmente, se adaptando ao novo
regime ou forma de sociedade.
São atribuições do Professor Regente, alem daquelas explicitadas no
Art. 13 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 9394/96:
- Participar, na elaboração, execução e avaliação do
planejamento de ensino, em consonância com o plano curricular
e as diretrizes pedagógicas do NRE;
- Participar, na elaboração, execução e avaliação do Regimento
Escolar e do projeto Político Pedagógico da escola;
- Planejar, executar e avaliar as atividades pedagógicas de sala
de aula, considerando a qualidade de ensino, propondo
alternativas de soluções para os problemas detectados;
- Dirigir e responsabilizar-se pelo processo de transmissão e
assimilação do conhecimento. (SANTA LUZIA, 2007, p.16)
Em face do imenso volume de informações postas à disposição, é de
suma importância o papel do professor no sentido de despertar no aluno o
senso crítico para que possa melhorar sua realidade e saber discernir e
escolher melhor seus objetivos para que não seja reprodutor na sociedade
capitalista.
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Nos dias de hoje, aonde as informações chegam com muita rapidez o
―quadro de giz‖ já não chama mais tanta atenção, portanto, é fundamental
competência técnica e pedagógica do professor. Muito mais do que as
palavras, como já citamos, é também relevante nesse processo, a
organização do professor, isso se dá na elaboração do planejamento,
organização dos conteúdos, aplicação dos projetos, etc. as atividades que,
fundamentadas, produzem resultados profundos e enriquecedores. No lugar
da significação e do sentido, a eficácia e a eficiência, ou seja, a quantidade
torna-se qualidade.
Além destes, muitos outros recursos poderão ser aproveitados para
enriquecer a investigação filosófica, como, por exemplo, a consulta ao
acervo da Biblioteca do colégio, na biblioteca do professor, utilização do
laboratório de informática para pesquisas na internet em sítios
especializados. Ou ainda, o professor poderá pesquisar e explorar os
recursos disponíveis no Portal Dia- a -dia Educação. Disponíveis em todas
as escolas de Ensino Médio do Estado do Paraná, além de outras fontes.
Destacamos também as Referencias Bibliografias contidas Plano de
ensino de Filosofia na Escola do Campo. Colégio Estadual Santa Luzia.
Referências Bibliográficas. Do Plano de aula do professor.
PRIMEI
RO
ANO
- ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Martin Claret. São Paulo 2006
- AURÉLIO Novo Dicionário de Língua Portuguesa. Curitiba PR. Ed. Positivo 2004
- CARNEGIE, D. Como falar em publico e influenciar pessoas do mundo dos negócios. Trad. Carlos
Evaristo m. Costa. Editora Record, 22 ed. Rio de Janeiro 1962.
- COTRIM, P. Trabalho dirigido de Filosofia. Edição Saraiva. São Paulo 1979.
- CHAUI, M. O que e ideologia. Ed. Brasiliense São Paulo 22 edição 1986.
- DOSSIÊ MST ESCOLA Documentos de Estudos 1990 – 2001 (ITERRA) Secretaria de Estado e Educação
Curitiba PR. 2006
- MAQUIAVEL, N. O Príncipe. L&PM Editores. 1998
- MENDES, A. BORGES... Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação Curitiba PR. 2005
- MST. Construindo Caminho.
- PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Filosofia. Curitiba: SEED,
2007. (Livro didático público)
- REZENDE, A. (org) Curso de Filosofia. ZAHAR Rio de Janeiro RJ. FNDE 2005
- RIEDEL, D Maravilhas do Conto Russo. Cultrix. São Paulo SP.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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- RIVERA, J, R. La Luna. El sol noturno en los tropicos y su influencia en la agricultura. Ed. Manágua.
Mesoamerica 2004
- SUN TZU A arte da guerra. Trad. Pedro Manoel Soares. Editora Ciranda Cultural São Paulo 2 Ed. 2008.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tradutor-
http://www.wikipedia.org
SEGUN
DO
ANO
ABAGNANO, N. Dicionário de Filosofia; Martins Fontes São Paulo 2003
- ARANHA, M. L. A. e MARTINS H. P. M. Filosofando: Introdução a Filosofia. Ed. Moderna São Paulo
1993.
- ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Martin Claret. São Paulo 2006
- ARISTÓTELES Política. Martin Claret. São Paulo 2006
- AURÉLIO Novo Dicionário de Língua Portuguesa. Curitiba PR. Ed. Positivo 2004.
- CARNEGIE, D. Como falar em publico e influenciar pessoas do mundo dos negócios. Trad. Carlos
Evaristo m. Costa. Editora Record, 22 ed. Rio de Janeiro 1962.
- CHAUI, M. O que e ideologia. Ed. Brasiliense São Paulo 22 edição 1986.
-------- Convite a Filosofia Ed. Ática São Paulo 2006.
- COTRIM, P. Trabalho dirigido de Filosofia. Edição Saraiva. São Paulo 1979.
- DUSSEL, E. 20 Teses de Política São Paulo, Expressão popular 2007
- PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Filosofia. Curitiba: SEED,
2007. (Livro didático público)
- QUINTANEIRO, T. Um toque de Clássicos Ed. UFMG. Belo Horizonte MG. 2009.
- MENDES, A. BORGES... Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação Curitiba PR. 2005
- REZENDE, A. (org) Curso de Filosofia. ZAHAR Rio de Janeiro RJ. FNDE 2005
- RIEDEL, D Maravilhas do Conto Russo. Cultrix. São Paulo SP.
- RIVERA, J, R. La Luna. El sol noturno en los tropicos y su influencia en la agricultura. Ed. Manágua.
Mesoamerica 2004
- PLATAO. Diálogos: A Republica. Trad. Leonel Vallandro. Ed. Globo. Rio de Janeiro 1961.
- SUN TZU A arte da guerra. Trad. Pedro Manoel Soares. Editora Ciranda Cultural São Paulo 2 Ed. 2008.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tradutor-
http://www.wikipedia.org
TERCEI
RO
ANO
ABAGNANO, N. Dicionário de Filosofia; Martins Fontes São Paulo 2003
- ARISTÓTELES Política. Martin Claret. São Paulo 2006
- AURÉLIO Novo Dicionário de Língua Portuguesa. Curitiba PR. Ed. Positivo 2004.
- CARNEGIE, D. Como falar em publico e influenciar pessoas do mundo dos negócios. Trad. Carlos
Evaristo m. Costa. Editora Record, 22 ed. Rio de Janeiro 1962.
- CHAUI, M. O que e ideologia. Ed. Brasiliense São Paulo 22 edição 1986.
- DOSSIÊ MST ESCOLA Documentos de Estudos 1990 – 2001 (ITERRA) Secretaria de Estado e Educação
Curitiba PR. 2006
- MENDES, A. BORGES... Filosofia Ensino Médio. Secretaria de Estado da Educação Curitiba PR. 2005
- PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Filosofia. Curitiba: SEED,
2007. (Livro didático público)
------ PARANA. Secretaria de Estado da Educação do Paraná Antologia de textos filosóficos. Curitiba SEED.
2009.
- QUINTANEIRO, T. Um toque de Clássicos Ed. UFMG. Belo Horizonte MG. 2009.
- REZENDE, A. (org) Curso de Filosofia. ZAHAR Rio de Janeiro RJ. FNDE 2005
- RIVERA, J, R. La Luna. El sol noturno en los tropicos y su influencia en la agricultura. Ed. Managua.
Mesoamerica 2004
- SUN TZU A arte da guerra. Trad. Pedro Manoel Soares. Editora Ciranda Cultural São Paulo 2 Ed. 2008.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=tradutor-
http://www.wikipedia.org
(SANTA LUZIA 2011)
3.3 O papel da Filosofia na formação humana
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O filosofo é o amante do saber, o amigo do conhecimento, que tem
capacidade de possuir um sentimento puro desprovido de falsas pretensões.
Buscando apenas o conhecer, o real dos fatos se libertando das ilusões e
das explicações míticas e fantasiosas. Adquirindo uma consciência de si
mesmo e do mundo. Desprendendo das falsas interpretações. Sendo o papel
do professor de filosofia em sala de aula esse despertador das intenções de
pesquisas e o desejo por conhecimentos. ―Atiçando‖ a curiosidade dos
estudantes para que eles próprios se motivem nessa incessante busca pelo
conhecer.
O entendimento sobre a importância da filosofia e sua interferência
na constituição dos sujeitos pensantes da sociedade, em escola do campo.
Para que estes possam intervir na sua própria realidade. Percebendo seu
papel na história. Tentando visualizar ações objetivas do sujeito por
intermédio de reflexões filosóficas na sua vida prática e cotidiana. É
possível investigar o papel da Filosofia no ensino médio, para tentar
compreender o suposto ensino da mesma na ótica de César Augusto
Lazzarotto, comenta que: ―A Filosofia faz parte de minha vida, não se
como alguém consegue acreditar que seja possível viver sem a Filosofia‖.
Agora em momento de reflexão filosófica. Como avaliação para segundo
Bimestre de 2011
A Corrupção no Brasil./ Creio que a corrupção não só existe no
Brasil como em todo e qualquer país capitalista./ O Brasil se
destaca dentre os países corruptos pelo fato de ter um histórico
muito ―rico‖ quando se trata de governos corruptos./ Assim foi
com o Collor, Fernando Henrique e até no governo Lula./ A
falta de ética e moral com o compromisso do exercício político
e com o próprio cidadão brasileiro./ Investir em copa do mundo
e Olimpíadas nada vai adiantar se não mudar a atitude política e
passar a ter mais respeito com a população, caso contrario,
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sempre seremos vistos como um povo que não esta a altura da
civilização. (LAZZAROTTO, 2011)15
Em sala de aula, a educanda Viviane Gonçalves da Silva usava uma
―máxima‖ de deixar qualquer professor de Filosofia pronto para o revide se
não estivesse preparado psicologicamente para essa repetição. Toda vez
que alguém lhe indagava se iria fazer o trabalho de Filosofia ela afirmava
categoricamente: ―Filosofia é pra louco‖. Agora, com a avaliação que ela
fez para o segundo bimestre de 2011. ―Podemos afirmar Viviane você está
a caminho da loucura!‖ (SIDI).
O futuro./ Uma palavra com varias definições com varias idéias,
mas quem pode adivinhar o futuro? Todas as pessoas nascem
com uma meta, mas quando são bem crianças, nem sabem o que
é o futuro, mas quando ficam mais grandes e começam a
entender o mundo, todas trazem uma meta para suas vidas./
Geralmente quando o ser humano começa a entender a si
mesmo, eles começam a entender seu próprio futuro, eles
buscam metas e nessa buscas eles passa por varias dificuldades
financeiras, amorosas, ate mesmo problema na própria vida,
mas nunca deixa de correr atrás de seu futuro. Para isso as
pessoas desde pequenas começam a estudar muito ate mesmo
estudam ate o resto de suas vidas, mas para isso todos começam
a se esforçar na sua vida, buscam idéias novas, buscam coisas
diferentes no seu dia a dia, buscam entender o outro individuo e
nisso começa a buscar seu próprio futuro, mas todos nós temos
a capacidade de construir o nosso próprio futuro, estudar e
buscar, traçar metas e contar com a ajuda de Deus e sonhar
sempre e jamais desistir, o futuro nos espera. (SILVA, 2011)16
Rivair Juncoski em Avaliação de Filosofia para segundo ano do
Colégio Estadual Santa Luzia no primeiro bimestre de 2010. Configurando
a primeira avaliação do ano em 2010 sendo que o estudante Rivair ainda
15
César Augusto Lazzarotto, Estudante de Filosofia do terceiro ano do Colégio Estadual Santa Luzia.
Em avaliação de Filosofia. ―Filosofando sobre a corrupção no Brasil‖. Realizado em julho de 2011.
16Viviane Gonçalves da Silva Estudante de Filosofia do terceiro ano do Colégio Estadual Santa
Luzia. Em avaliação de Filosofia. ―Filosofando sobre o Futuro‖. Realizado em março de 2011.
Filosofia em Escola do Campo – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
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não havia freqüentado aulas de filosofia. Pois, a disciplina foi inserida
somente a partir desse ano. E o estudante já demonstrava seu potencial
filosófico.
Eu sou Rivair Juncoski e moro no Brasil, Paraná, Lindoeste. Eu
sou um cidadão que vive em uma sociedade completamente
capitalista, e ainda muito mais egoísta./ Eu sou inteiramente leal
a minha naturalidade, eu tenho muitos amigos, mas poucos leais
e verdadeiros, eu sou uma pessoa muito realista não vivo de
ilusões que a vida trás para mim. A minha vida é muito
―simples‖ e natural e mesmo não vivendo de ilusões, tenho
grandes sonhos que pretendo realizar, eu sou muito legal para
quem não me decepcione mentalmente./ Eu sou Rivair, um
rapaz simples vergonhoso e tenho um nervosismo que no
mesmo tempo se parece uma ansiedade de um rapaz que
simplesmente sabe o futuro e não me conformo de ficar
esperando e, isso nunca foi uma necessidade mais sim uma
simples vontade de fazer e saber tudo antes dos outros./ Eu sou
assim, porque desde que nasci eu aprendi assim e não me
―desespero‖ por ser assim, sou assim porque a vida me trouxe
etapas onde tive que ―brigar‖ com meus próprios amigos para
chegar na frente e aprendi, a saber, o máximo possível.
(JUNCOSKE, 2010)17
De acordo com atividade ocorrida em sala de aula na disciplina de Filosofia a
estudante do terceiro ano do Colégio Estadual Santa Luzia. Joseane Roque ficou
incumbida de realizar a avaliação sobre conteúdo pertinente ao final do mês do maio no
segundo bimestre do de 2011, sobre visão e percepção. Tendo como o seguinte
resultado, demonstrando seu potencial filosófico.
Até você explicar como funcionava quando a gente vê um vídeo
eu pensava que estas imagens era uma diversão, uma maneira
de me divertir procurando desenhos, mas era por que não
sabíamos o real sentido dos vídeos, era tipo a gente enxergar
algo, mas só ver o que esta na nossa frente, e não o que
realmente é para enxergar. Nesses vídeos a gente, visualiza o
que queremos, mas muitas vezes não conseguimos ver o que
esta mais visível e vemos o que esta mais difícil. Às vezes, não
conseguimos ver os mais fáceis, para depois conseguir
visualizar o que realmente o vídeo quer nos mostrar. Também
vemos movimentos que não existem, vemos alguns desenhos,
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Rivair Juncoske. Estudante de Filosofia do segundo ano do Colégio Estadual Santa Luzia. Em avaliação de Filosofia. “Filosofando o Ser”. Realizado em março de 2010.
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ou quantidades de coisas que outras pessoas não conseguem
visualizar, às vezes não conseguimos visualizar, mas os outros
conseguem. Nossa vida real, esses vídeos tem uma total
aplicabilidade, porque nos ajuda a ver as coisas como elas são, e
não como nos falam que é. (ROQUE, 2011)18
18
Joseane Roque. Estudante de Filosofia do terceiro ano do Colégio Estadual Santa Luzia. Em avaliação
de Filosofia. “Filosofando Visão e Percepção”. Realizado em maio de 2011.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Segundo Mészaros em sua análise sobre os impactos ocorridos no
sistema educacional: A ―lógica do capital e perversa, incontrolável e
incorrigível‖ que precisa ser confrontada, alterando suas conseqüências
para a formação das crianças e jovens nas escolas. Sendo próprio do
sistema a internalização dos conhecimentos em todas as suas dimensões,
ocultas ou visíveis.
Quando se retrata sobre elementos educativos, consegue se
identificar uma parcela do problema não sendo possível uma intervenção
mais aprofundada. Para acabar com a lógica perversa equivale romper
primeiramente com o investimento capitalista privado na educação Pública,
como também delimitar os investimentos Púbicos nas instituições de ensino
privado.
Compreendendo que o ensino de Filosofia é de extrema importância
para a formação dos sujeitos, principalmente quando nos referimos à
situação de jovens educandos de assentamentos da Reforma Agrária.
Elementos demonstrativos do Colégio Santa Luzia.
Os índices gráficos, demonstrados nessa amostragem, de forma
alguma reflete a realidade do Colégio Estadual Santa Luzia, mas tenta se
aproximar de uma interpretação desta realidade pelos jovens consultados.
A idéia inicial era disponibilizar este questionário para todos os jovens
matriculados no ensino médio do Colégio Estadual Santa Luzia. Mas
devido ser uma atividade complementar e não obrigatória alguns dos
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jovens não aderiram à pesquisa ou não estavam presentes no colégio no dia
em questão, outros ainda pegaram o questionário para responder e
resolveram não entregar para a devida tabulação.
Portanto, os dados levantados servem apenas de amostragem desta
realidade que teima não ser desvendada e apresentada como material de
importância para as pesquisas da realidade camponesa, apresentado suas
dificuldades possibilitando uma intervenção mais eficaz pela própria
comunidade escolar.
Respondendo a este questionário 34 (trinta e quatro) jovens
estudantes, demonstrando logo de inicio seus contrastes e diversidades
culturais, sociais e político, servindo de amostragem para analise da
realidade dos estudantes. Mesmo não se configurando informações seguras
de equívocos interpretativos, podemos chegar a algumas conclusões sobre
os dados obtidos. Tais como: a existência de um grupo jovem de
estudantes, contrastando com outro grupo formado por pessoas mais
experientes, que em alguns casos, sendo estudantes ao mesmo tempo dos
seus filhos. Enriquecendo o contraste cultural da classe de estudantes.
Quando questionado sobre a questão de transporte e deslocamento
para a escola, constatamos que 83,3% dos estudantes utilizam o transporte
escolar com uma distancia em media de dez Km. Sendo que esse percurso
demora em torno de uma hora, e ainda percorrem em sua maioria e
diariamente cerca de dois Km a pé.
Quando questionado sobre os métodos utilizados pelos professores,
uma grande maioria aprova o método utilizado pelos professores, alegando
eficiência, sendo que foram poucas as indicações feitas pelos estudantes
para que os professores revejam seus métodos. Mas também destacamos
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que nos dois casos questionados houve uma abstenção de juízo em 23%
dos casos.
Por mais fieis que tentamos ser aos princípios de analises dos gráficos,
esta tarefa exige interpretação dos elementos, por isso podemos pecar
involuntariamente, mas nossos anseios estão sujeitos a novas interpretações
de terceiros, também possibilitando novos equívocos. As interpretações dos
dados não refletem a realidade, mas tenta se aproximar desta.
Atualmente o Colegio conta com quatro salas de aula, quatro
banheiros, cozinha, refeitorio, uma secretaria, biblioteca pequena, um
laboratorio de informatica com acesso a internet, uma quadra de esportes
coberta e cercada por tela, uma equipe de professores e funcionarios
altamente qualificados, contratados pelo Estado para possibilitar o ensino
eprendizagem.
Limites e avanços obtidos no ensino de filosofia.
Quando abordamos a questão dos seres emancipados com processo
filosófico, tentamos relatar o mesmo como, ―emancipação‖ dos sujeitos
envolvidos com o processo de ensino e aprendizagem em escola do campo,
retratando as nuances desse processo formativo e educativo.
Compreendendo o papel da filosofia nesse contexto social presente na
realidade camponesa, compreendendo a importância da filosofia e suas
justificativas para que a mesma fosse recolocada como disciplina
obrigatória na grade curricular do Estado do Paraná, para os três anos do
ensino médio.
Quando faz analise de sua condição de estudante, onde o professor
fará uso de seus conhecimentos e técnicas para uma melhor compreensão
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do estudante sobre o assunto abordado. Não se limitando ao ou tema
exclusivamente em sala, mas alicerçado na vida cotidiana do estudante para
que compreenda e faça uso da filosofia para a resolução de seus problemas
pessoais e sociais.
Conferindo com isso a retomada do ensino de Filosofia nas escolas.
Direito conquistado devido seu empenho na tarefa da educação e formação
dos jovens. Sendo considerada tão importante quanto às outras disciplinas
da grade, com igualdade com as demais, já reconhecidas como primordiais
ao currículo escolar, tais como: disciplina de português, matemática,
geografia, historia entre outras. Conferindo a filosofia novamente seu lugar
junto ao processo educativo e formativo
Como justificativas, deixamos que os argumentos dos estudantes nos
convenção. Sugerindo prudência na afirmação de algo verdadeiro ou certo.
Mas apresentamos outro argumento de um dos nossos educandos do
terceiro ano de Filosofia que compreendeu o espírito da filosofia e se desfia
ao estudo e a busca de novos conhecimentos.
Simplesmente homem./ A definição humana e o próprio homem
está em meio a ―extremos denominadores‖ que o definem como
tal, e dão sentido ao ser e a sua essência./ Gostaria de citar
como exemplo do que chamo de ―extremo denominador‖, o
bem e o mau./ Digamos que hipoteticamente, o mau esta a
esquerda do homem e o bem a sua direita e a distancia para
chegar a ambos é a mesma, o que me permite concluir que o
homem está no centro do problema, entre meio o bem e o mau./
Dessa forma, existe o mau, o homem e o bem./ Porém,
pergunto-me enquanto homem:/ Como seria o homem somente
mau ou somente bem?/ Ou ainda:/ O que seria o homem sem o
bem ou o mau?/ Não existiria mau sem bem, nem bem sem
mau./ Um está em constante conflito e disputa com o outro e a
partir do momento que um deixa de existir, o outro perde seu
significado, sentido ou ainda sua essência, seja ela do bem ou
do mau./ E o homem, o que seria sem o bem e o mau e tantos
outros extremos que fazem parte de sua formação humana?/ O
homem simplesmente não seria, pois não existiria extremos
entre ele que o definiria bom ou mau, sábio ou ignorante./
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Viveria em uma espécie de ―vácuo existencial‖ que não seria
definido como um ser, uma vez que não existiria duas máximas
que o permitisse caracterizar-se como algo, anulando assim o
seu ser e sua condição existencial de homem. (LAZZAROTTO,
b 2011)
Com comprovação de que a filosofia contribui na evolução do
pensamento dos estudantes, buscamos referendar a importância da
disciplina na formação escolar, sua utilidade para a vida prática, como
também aceitando que a disciplina apenas contribui para o
desenvolvimento psicológico ajudando na organização do pensamento.
Mas possuímos ainda muitos desafios para que a filosofia cumpra de fato
seu papel na formação escolar e para sua aplicação na consolidação de
seres atentos com sua realidade e com as adversidades impostas em sua
vida.
Desafios para o ensino de Filosofia no C. E. Santa Luzia
Um dos desafios da educação formal no Ensino Médio, devido
objetivos voltados para a formação pessoal, social, profissional, financeira
e democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de
compreender e interagir na complexidade do mundo contemporâneo, suas
múltiplas particularidades e especializações, tornando os estudantes
sujeitos de suas historias. Contribuindo para a consolidação de uma
sociedade com novos valores e sujeitos conscientes de suas realidades.
Fazendo analises, mas também interagindo com a natureza e com outros
seres que também dividem o mesmo planeta.
Outro desafio esta intimamente ligada a aceitação e compreensão de
que a filosofia é apenas complementar à formação escolar. Sendo bem
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trabalhada por professores/educadores capacitados e preparados para o
ensino pode contribuir para solucionar grandes problemas da humanidade.
Devido à existência de mais pessoas pensando racionalmente as
possibilidades de soluções de problemas comuns.
Portanto, as mudanças no sistema educacional devem ser radicais,
não se limitando às reformas, ou atribuição de novas disciplinas, pois deve
romper com a lógica do sistema capitalista e perseguir uma estratégia de
rompimento do controle exercido pelo capital na formação e educação.
Inclusive na educação que esta fazendo parte de nossa analise. Para
superar, não basta só à educação, mas é necessária uma mudança
qualitativa e abrangente no sistema educacional, mas principalmente na
mentalidade de toda uma nação diretamente envolvida.
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Outras fontes de Pesquisa
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85826&btOk=ok> acesso em 15 de agosto de 2011 as 14.30 horas.
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------- Simplesmente homem Estudante de Filosofia do terceiro ano do
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novembro de 2011.
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Agosto de 2011.
REZENDE, João Nilton de Entrevista Concedida a Sidnei Vargas
Lindoeste, Agosto de 2011.
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Percepção‖. Realizado em maio de 2011.
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Colégio Estadual Santa Luzia. Em avaliação de Filosofia. ―Filosofando
sobre o Futuro‖. Realizado em março de 2011.
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ANEXOS
1. Resultados da pesquisa de Campo.
2. Roteiro e tabulação de entrevistas com professores.
3. Plano de aula e conteúdos de Filosofia do Col. Est. Santa Luzia 2011.
4. Índices de dados estatísticos de Lindoeste (IPARDES).
5. Avaliações dos estudantes.
6. Fotos do Colégio Estadual Santa Luzia.