FILOSOFIA DA CIÊNCIA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO - Prof. Dr. Paulo Gomes Lima

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© Prof. Dr. Paulo Gomes Lima - 2010 FILOSOFIA DA CIÊNCIA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO Prof. Dr. Paulo Gomes Lima Prof. Adjunto da Faculdade de Educação FAED Docente do Mestrado em Educação [PPGEdu/UFGD] Universidade Federal da Grande Dourados UFGD Mato Grosso do Sul MS - Brasil

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A filosofia daciência e a produção do conhecimento em educação.

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FILOSOFIA DA CIÊNCIA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO

Prof. Dr. Paulo Gomes Lima

Prof. Adjunto da Faculdade de Educação – FAED

Docente do Mestrado em Educação [PPGEdu/UFGD]

Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD

Mato Grosso do Sul – MS - Brasil

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1.1. Filosofia da ciência e educação – correspondência e simultaneidade

A EXIGÊNCIA DO MÉTODO NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO (Séc. VI – IV a.C)

Sofistas/ Sócrates Platão e Aristóteles

PRÉ-SOCRÁTICOS século VII ao VI a.C. a divisão da filosofia grega se centraliza na figura de Sócrates.

Preocupavam-se com o princípio (arché) de todas as coisasTales, Anaximandro, Anaxímenes, Heráclito e Empédocles (Escola

de Mileto ou Escola Jônica), Pitágoras (Escola Itálica), Parmênides (Escola Eleática) e Demócrito (Escola Atomista)

PERÍODO HOMÉRICO (SÉC XII AO VIII a.C.) – O mito explica o mundo

Homero (Ilíada e Odisséia) - Cosmogonia Hesíodo (Teogonia e O Trabalho e os dias)

Mudanças – org. da Pólis – trabalho - Educação

Comércio/ relações de produção – Educação

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1.2. Centro teórico da filosofia da ciência e da elaboração pedagógica naantiguidade

Sócrates(469-399 a,C.)

Platão (427-347 A.C.)

(Idealismo)

Aristóteles (384-322 A.C.)

(Realismo)

A gênese da pedagogia como saber sistematizado, intencional, fruto do amadurecimento do homem no e sobre o

seu mundo e da idéia da vida social imediata e a realidade desejada.

Conhecimento científico Conhecimento contemplativo

“pedagogia da consciência individual”

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1.3. Filosofia da ciência: Grécia e Roma

Roma (forma)

Grécia (conteúdo)

Estado provê salários de mestres e assume a fundação de escolas.as aprendizagens técnicas eram vistas comosuspeitas pelos homens livres (cidadãosromanos, a exemplo do que ocorria na GréciaClássica), pois na concepção do homem romanonão era digno de um homem livre trabalhar paraviver.

A escola romana que será desenvolvida no império até 476 d.C seguirá estruturalmente a tipologia grega, assim considerada:• Ensino elementar (primeiras letras)• Ensino secundário (gramática como cultura geral)

Ensino superior – balizado na retórica como instrumento do homem político

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1.4. A ciência, o pensamento pedagógico cristão e a influência grega

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010 Santo Agostinho

(354-430)

neoplatonismo

É autor da Teoria da Iluminação. Sua teoria éneoplatônica, porque embora, difira da Teoria daReminiscência Platônica (considerava a almapreexistente ao corpo – por isso a idéia para ele édada a priori e a materialização do corpo e das coisassão sombras do ideal ), vai buscar no pensamentoplatônico as bases de sustentação pra sua tese sobrea aquisição do conhecimento

Tanto para Santo Agostinho, quanto para Platão aprender é recordar.

Para Agostinho, Cristo como mestre interior era o responsável pela aprendizagem do indivíduo.

A fé como limite da razão

Patrística

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O Enciclopedismo: Na primeira metade da idade média, há grande influênciadas obras dos Padres da Igreja (que como assinalamos alguns seposicionaram pelo realismo da filosofia aristotélica e outros em suamaioria pela filosofia platônica), estudiosos da igreja retomam o saberenciclopédico da cultura antiga e continuam o trabalho de adequação àsverdades religiosas – há um afastamento do cristianismo primitivo.

Dentre os principais enciclopedistas estão: Marciano Capella (artes liberais: trivium e quadrivium),Boécio ( tratados lógicos de Aristóteles – base para argumentação na Idade Média),Cassiodoro (manuais práticos para iniciação de monges aos sacerdócio,Isidoro de Sevilha (adequação de manuais das artes liberais à perspectiva cristã [560-636]).

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2. A filosofia da ciência e a produção do conhecimento na Baixa Idade Média

A Escolástica: Filosofia ensinada nas escolas – Scholasticus é o professor dasartes liberais que mais tarde seria o professor de filosofia e de teologia. Osparâmetros da educação na Idade Média se fundam na concepção do homemcomo criatura divina, de passagem pela Terra e que deveria cuidar, em primeirolugar da salvação da alma e da vida eterna. As desavenças entre fé e razão eramresolvidas pela escolástica por meio do princípio da autoridade (leitura dosclássicos e textos sagrados). Em surgindo heresias (séculos XII e XIII) utilizava-sea razão argumentativa de Aristóteles, sobretudo pelo silogismo.

Santo Tomás de Aquino

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Guiado por esta relação potência-ato e pelos princípios que a regem,tanto o pensamento quanto às práticas pedagógicas deveriam serorientados para fins práticos como apontava a visão aristotélica emtrês fatores básicos: a) apresentação do conteúdo a ser desenvolvido(causas naturais), b) assimilação do conteúdo apresentado pelo meioadequado da transmissão do conhecimento (meios para aprender) ec) certificação do aprendizado por meio de atividades/exercícios(prática ou aplicação do que foi ensinado).

Santo Tomás de Aquino

(1224/5-1274)

Realismo aristotélico

A educação por meio do auxílio do

professor ajudará o aluno a transformar

sua potencia intelectual em ato, como num

processo de atualização do

conhecimento.

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3. A ciência moderna e a transição para o capitalismo3.1. Revolução do pensamento na Idade Moderna e a educação formal

Reforma Contra-reforma

Copérnico (1473-1543) que destronava o geocentrismo ptolomaicopropondo o heliocentrismo e os movimentos de rotação e translação daTerra

Johannes Kepler (1571-1630) que buscava a articulação da astronomia com asmatemáticas e através de suas observações e estudos formulou as 3 leis kleperianaspara descrever os movimentos dos planetas (1ª Lei - Todos os planetas se movemsegundo uma elipse, sendo o Sol um dos seus focos; 2ª Lei - A velocidade de umplaneta é variável e 3ª Lei - Os planetas se relacionam quanto à velocidade).

Galileu Galilei (1564-1642), cujas maiores contribuições foram a a)utilização do pêndulo para medir o tempo na experimentação mecânica,contrariando empiricamente a mecânica aristotélica e b) oaperfeiçoamento do telescópio que viria confirmar o heliocentrismocopernicano, além disto, sua postura quanto ao estudo dos fenômenos foio marco histórico na busca da separação entre ciência e religião

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I. CIÊNCIA E SOCIEDADE: REVELAÇÃO DO MUNDO E DO HOMEM

Séculos XVI/ XVII – Divisor de águas

Revolução científica - Revolução do pensamento

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Giordano Bruno Galileu Galilei Isaac Newton

Martinho Lutero Thomas HobbesNicolau Maquiavel

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João Amós Comênio

(1592-1670)

René Descartes

(1596-1650)

O naturalismo de Jean Jacques

Rousseau (1712-1778)

O idealismo alemão de Immanuel Kant

(1724-1804)

Michel de Montaigne (1533-1592)

François Rabelais

(1495-1553)

Erasmo de Roterdã (1469-1536)

O empirismo de

Francis Bacon (1561-

1626)

O pensamento

liberal

de John Locke

(1632-1704)

O pensamento

liberal de Condorcet

(1743-1794)

3.2.. Expoentes do pensamento científico e educacional moderno.

Séc. XVII – a idéia de infância e educação passa a ter destaque

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3.3.. Ciência e sociedade: a ilustração e a sociedade contratual –uma sociologia pré-científica

Nova etapa do pensamento burguês

•Conhecimento

•Empreendedorismo

•Surto de idéias (ilustração)

•Proposição de formas de governo baseadas na legitimidade popular.

A filosofia social dos séculos XVII e XVIII

•Economia regida por leis naturais de oferta e de procura;

•Descartes – a razão como essência do ser humano

•Rousseau –Desenvolve a idéia de pacto social – os homens renunciam suas vontades particulares em favor de toda a comunidade.

• John Locke –Defende o liberalismo político

Adam Smith: o nascimento da

ciência econômica

•O trabalho/ produtividade –fonte das riquezas das nações

•A função da moeda e dos bancos.

•Defensor do liberalismo econômico.

Legitimidade e Liberalismo

•As teorias sociais da ilustração foram o início da análise científica da sociedade;

•Lançam as bases do Estado capitalista,

•Bases da constituição norte-americana de 1787 (três poderes) – 1ª república liberal democrática burguesa.

•Nascem os ideais político liberais e democráticos modernos.

A religião aos poucos deixa de ser o foco central na compreensão

do homem e do mundo...

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3.4. A crise das explicações religiosas e o triunfo das ciências

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4. Ciência e educação sob o olhar sociológico

Contexto

Contexto

Contexto

• Alterações no processo produtivo;

• Utilização crescente do trabalho assalariado (homens, mulheres, crianças) – sistema fabril.

• Consolidação do sistema capitalista na Europa

• Revolução americana

• Revolução francesa

• Reflexões sobre a sociedade (Saint-Simon, Hegel, David Ricardo)

• Augusto Comte (positivismo)

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4.1. Primeira corrente dos pensamento sociológico: o positivismo

A obra que marca as características diretrizes dasidéias positivistas: Curso de Filosofia Positiva(1830-1842) e Sistema de Política Positiva ouTratado de Sociologia que Institui a Religião daHumanidade (1851-1854).

Através dessa “fé” na ciência é que a visão positivistanasce e esparrama seu conteúdo baseado naobjetividade do mundo dos fatos, que tem comoinstrumento maior a quantificação, a mensurabilidadena investigação científica o que a posteriori seriaintroduzido também na educação e em suas formaspossíveis de investigação.

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4.2. A sistematização da sociologia: Émile Durkheim – prisma positivista

Francês, filho de uma família de rabinos, Émile Durkheim (1858-1917), pode-se afirmar que foi o sistematizador da sociologia ou

ainda o “Pai do realismo sociológico”, cuja orientação era explicar o social pelo social e o

social como um fato mensurável, observável de acorda com a linha

positivista que representava

Para Durkheim os fatos sociais devem ser considerados como

coisas. Este é um pressuposto de uma regra metodológica da

sociologia sistematizada por ele.

Características dos fatos sociais:

1. Coercitividade – conformação dos indivíduos

2. Exterioridade – existência exterior ao indivíduo

3. Generalidade – estado comum ao grupo.

Defendia o método sociológico para compreensão dos fatos

sociais – experimentação.

Obra – “As regras do método sociológico”.

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4.3. Algumas pressupostos do positivismo:

1) a realidade é composta por partes isoladas

2) Não existe outra realidade a não ser a dos fatos e estes sempre passíveis de observação.

3) Somente através dos fatos observáveis é que as relações entre as coisas podem se efetuar

4) o conhecimento científico deve ser neutro, a influência humana não pode alterá-lo;

5) o positivismo rejeita tudo que está além do físico.

6) o princípio da verificação deve ser o agente norteador da investigação científica, será aceito como verdadeiro o que é empiricamente verificável;

7) emprego do termo variável possibilitando a quantificação dos dados (mensurabilidade das relações entre os fenômenos, teste de hipóteses, estabelecimento de generalizações, etc.)

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4.4..A sociologia compreensiva ou interpretativa de Max Weber

Weber argumenta que as ciências sociais só podem ser compreendidas através do contexto do objeto de estudo e de suas

relações, portanto, a seu ver a investigação científica deverá ter como

objetivo principal a compreensão interpretativa da realidade.

O método compreensivo permite a elaboração de HIPÓTESES sobre o sentido

da ação

A SIGNIFICAÇÃO CULTURAL DE UM ACONTECIMENTO SÓ PODE SER

ESTABELECIDA QUANDO SE PRODUZ UMA RELAÇÃO COM VALORES...

Para Weber a sociedade não é apenas uma “coisa” exterior e coercitiva que determina o comportamento dos indivíduos, mas o resultado de inúmeras interações interindividuais.

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4.5. A sociologia em Karl Marx

Marx em seus estudos tem como de partida a concepçãomaterialista histórica e dialética do real. A história dohomem, neste sentido, não é derivada de um conjunto deidéias ou de uma idéia universal, mas de uma realidadematerial, concreta construída nas relações de produção dohomem, dos fatos e das lutas de classes sociais.

Marx & Engels (1987, p.25-26) vão afirmar que a “produção de idéias,de representações e da consciência está em primeiro lugar direta eintimamente ligada à atividade material e ao comércio material doshomens; é a linguagem da vida real (...) Não é a consciência quedetermina a vida, mas a vida que determina a consciência.”

Método materialista histórico para compreensão da realidade social:

Necessário se faz enfatizar que Marx e Engels concebiam a “matéria”ou o “materialismo” como “todos os fenômenos, coisas e processosque existem fora e independentemente da consciência do homem” –Tese/Antítese/Síntese.

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No século XIX, filósofos franceses e alemães elaboraram três critérios que resultaram classificação das ciências, válidas até a contemporaneidade:

Tipo de objeto estudado Tipo de método empregado Tipo de resultado obtido

CIÊNCIAS NATURAIS

(Física, química, biologia, geologia, astronomia, geografia

física, paleontologia, etc)

CIÊNCIAS EXATAS

(Aritmética, geometria, matemática, álgebra,

trigonometria, lógica, física pura, astronomia pura, etc)

CIÊNCIAS HUMANAS

(Psicologia, sociologia, antropologia, geografia humana, economia, linguistica, psicanálise,

arqueologia, história, etc)

CIÊNCIAS APLICADAS

(Todas as ciências que conduzem à invenção de tecnologias para intervir na natureza, na vida do

homem e na sociedade.

Classificação das ciências

5. Classificação das ciências

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6. Constituição das ciências humanas como ciências específicas

A constituição das ciências humanas deu-se entre os anos de 1920 e 1950 do século XX, apartir de 3 (três) correntes de pensamento que provocaram uma ruptura no campo das humanidades:

• Ciência - veículo para a compreensão e interpretação dos fenômenos como prerrogativa da consciência, isto é, da atenção, da percepção e da atitude reflexiva que o fenômeno desperta.

FENOMENOLOGIA

• A concepção estruturalista que os fatos humanos são estruturas contextualizadas, segundo princípios. Uma estrutura é uma totalidade dotada de sentidos, daí a importância de métodos específicos para estudo do homem.

ESTRUTURALISMO

• Permitiu compreender que os fatos humanos são instituições sociais e históricas, produzidas por condições objetivas nas quais a ação e o pensamento humano deve realizar-se – plano psicológico e social.

MARXISMO

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7. A produção do conhecimento em educação na contemporaneidade

- idealistas

Na perspectiva hegeliana a educação deve contribuir para a superação do homemsubjetivo, mostrando-lhe seu caráter objetivo e o seu papel histórico no processo detransformação da realidade. A educação nesta perspectiva deveria estar a cargo doEstado, que para o seu próprio funcionamento adequado deveria aprimorar ascapacidades ideais deste homem.

Georg Hegel (1770-1831

J.F. Herbart (1776-1841)

Herbart é considerado o fundador da psicologia experimental ou psicologiacientífica. Em seus estudos enfatiza que a moral é o fim da educação e o principalcritério da pedagogia. Suas contribuições foram de tal forma significativas para aárea educacional que, a partir delas, a pedagogia potencializou-se como ciência daeducação, ainda que “ciência filosófica”.

A educação formal na visão de Ortega y Gasset deve basear seu projeto ou referencial apartir do modelo das minorias exemplares, por isso sua insistência de um programapedagógico-social a partir de uma mentalidade aristocrática, preparando as massaspara a docilidade e a imitação.

José Ortega y Gasset (1883-1955)

Bertrand Russell (1872-1970)

Sua visão educação assenta-se na formação do homem para a civilidade, entretanto, nãocomo a escola tradicional o faz produzindo o que chama de “mentalidade de rebanho”,mas pelo desenvolvimento da lógica do pensamento produzido pelo homem na suahistória, relações e correlações objetivas.

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J.H. Pestalozzi (1746-1827Naturalismo em educação

todos os demais conhecimentos se aprende pela ação, pelo sentimento de vinculação edepois conceituando – este é o princípio áureo da natureza: seguir o seu curso.Exatamente por isso que afirmava a necessidade do estabelecimento de métodos etécnicas de ensino, pois numa comparação natural, a criança na visão pestalozziana, eracomo uma árvore, isto é, tinha potencialidades inatas que precisavam ser desenvolvidas.

Friedrich Froebel (1782-1852)

Criador dos Jardins da Infância. O termo Jardim da Infância tinha haver com a educação,cujo jardineiro era o professor que deveria cultivar adequadamente os potenciais latentesem cada florzinha (as crianças) e para isso despertar-lhes as potencialidades por meio decontatos com a natureza, o lúdico e materiais apropriados.

O olhar fenomenológico concebe que o sujeito aprende por meio dasintersubjetividades, considerando a consciência de si, do mundo e do outro emcomunicação, assim o homem torna-se homem a partir de sua concepção de totalidade.

A fenomenologia em Edmund Husserl (1859-1938)

O existencialismo emCarl Rogers (1902-1987)

A pedagogia rogeriana é não-diretiva, isto é, o aluno apende por sua interação com arealidade, o professor é um facilitar, desenvolvendo como parte de sua ação asqualidades que facilitam a aprendizagem: a) o professor deve despojar-se de qualquermáscara para desenvolver o seu processo de facilitador da aprendizagem, b) estima peloaluno e pelo seu processo de aquisição da aprendizagem, c) fazer com que o aluno sesinta compreendido).

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John Dewey(1859-1952) e a educação progressiva

Maria Montessori (1870-1952)– Educação da vontade e materiais pedagógicos adequados

Ovide Decroly (1871-1932) e os centros de interesse.

Alexander Neil (1883-1973) –Summerhill - auto-organização dos estudos

Célestin Freinet (1896-1966) - educaçãoativa Instrumentos: produção coletiva, jornal,Livro da vida.

Anísio Teixeira (1900-1971) - o principalidealizador e pioneirona implantação deescolas públicas,gratuitas de todos osníveis no Brasil.

Darcy Ribeiro (1922-1997)a educação formal deveria se encarregar de atender as condições objetivas dos alunos das classes menos favorecidas

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7. A produção do conhecimento em educação na contemporaneidade

– os realistas

Os estudos naturalísticos de Darwin contribuíram para se considerar o processo evolutivo do homem

pela psicologia, considerando os registros do desenvolvimento biológico, funcional, afetivo,

comportamental, cognitivo dentre outros.

Charles Darwin (1809-1882)

Apesar de mostrar um caráter revolucionário na democratização da escola e da cultura em sua

época a pedagogia spenceriana coloca à margem a educação popular, valoriza o comportamento

da moral burguesa e é partidário da dimensão de valor liberal na educação.

Herbert Spencer (1820-1903)

Édouard Claparède (1873-1940)

Para Claparède a grande preocupação da pedagogia deveria ser o estudo da criança e no seu

processo de desenvolvimento, porque entendia a infância, tal como Rousseau, isto é, como um

conjunto de possibilidades criativas que devem ser levadas em conta pela educação formal.

Neste sentido a descoberta do mundo pela criança vai acontecer por uma necessidade vital: o

conhecimento de si, do outro e do mundo.

Em “A escola ativa”, publicada em dois volumes, Ferrière afirma que escola nova tem como

fundamento o conceito de Bérgson de élan vital (concepção ativa e criativa dos processos vitais,

crescimento e formação humana levando em conta o organismo e o ambiente)

Adolphe Ferrière (1879-1960)

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Henri Wallon (1879-1962)

Existe uma ação recíproca entre funções

mentais e funções motoras – pedagogia

da pessoa completa/afetividade

Jean Piaget (1896-1980)

O desenvolvimento da inteligência é fruto

da interação entre o indivíduo e o meio

social.

Vygotsky (1869-1934)

Defende a epistemologia da psicogênese -

construtivista, uma vez que o conhecimento

é construído mediante o processo das

possibilidades da inteligência do indivíduo.

Emília Ferreiro (1937 - )

Psicogênese da lecto-escrita.

Howard Gardner (1943 -)

Estudos sobre as distintas

inteligências

Daniel Goleman

Goleman afirma que o

autocontrole sobre as

emoções faz a diferença

na aprendizagem do

indivíduo.