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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Leitura e escrita por meio da poesia de Carlos Drummond de Andrade

Autor Leni Aparecida do Nascimento

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização

Colégio Estadual Professora Leonídia Pacheco Ensino

Fundamental e Médio

Município da escola Maria Helena

Núcleo Regional de Educação Umuarama

Professor Orientador Elsa Midori Shimazaki

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual de Maringá - UEM

Resumo

Mostraremos uma proposta de prática de leitura e de escrita,

por meio do gênero discursivo poema. Trabalharemos com

poemas de Carlos Drummond de Andrade, pois nossos alunos,

a grande maioria, não têm a leitura e a escrita como prática

cotidiana, não conseguindo assim, alcançar as habilidades

básicas de letramento. Esperamos, que por meio da

implementação das estratégias de ação, proporcionar aos

alunos atividades de leitura e escrita que levem ao

conhecimento do gênero discursivo poema, possibilitando a

melhoria da escrita por meio da prática de leitura.

Palavras-chave Drummond, poema, leitura e escrita.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público Alvo Alunos de 6º ano do Ensino Fundamental.

APRESENTAÇÃO

Pretendemos, nesta proposta de intervenção pedagógica, contribuir para

realidade no que se refere à leitura e a escrita em alunos do sexto ano do

Colégio Estadual Professora Leonídia Pacheco Ensino Fundamental e Médio.

Proporcionaremos aos alunos do 6° ano atividades de práticas de leitura e

escrita para a melhoria do nível de letramento por meio do gênero discursivo

poema.

A época em que vivemos é conhecida como a “era da informação”, a

qual oportuniza o acesso rápido à leitura de uma grande quantidade de

informações, porém convivemos com uma população que não possuem as

habilidades básicas de leitura e escrita. De acordo com as Diretrizes

Curriculares da Educação Básica (2008), “o aperfeiçoamento da escrita se faz

a partir da produção de diferentes gêneros e o exercício dessa prática, permite

ao educando ampliar o próprio conceito de gênero discursivo.” (PARANÁ,

2008, p. 56)

A leitura e a escrita, muitas vezes, é abordada de forma superficial, não

exigindo do aluno leituras e escritas de forma mais constante. Trabalharemos

com o gênero discursivo poesia, com alguns poemas do escritor Carlos

Drummond de Andrade, possibilitando ao aluno o conhecimento do gênero

proposto, explorando o ritmo, a forma, a sonoridade dos versos e o conteúdo.

Para melhorar a prática da leitura e da escrita no ambiente escolar,

trabalharemos com o gênero discursivo poesia, direcionando os alunos a

vivenciarem essa prática, podendo assim, ler, interpretar e compreender e

construir novos significados. Esperamos que essas práticas contribuam nas

produções escritas. Ao se fazer a leitura de poesias, o professor precisa

possibilitar uma reflexão relacionada aos conteúdos das poesias lidas.

Candido (1972) relata que para estudar uma obra literária é preciso de

um momento de análise, deixando em suspenso problemas relativos ao autor,

ao valor, à atuação psíquica e social, a fim de concentrar-se na obra, como

objeto de conhecimento, perguntando sobre a validade da obra e sua função

como síntese e representação do conhecimento humano.

Esperamos que os alunos se familiarizem com a poesia, proporcionando

atividades de práticas de leitura e escrita, para melhoria do letramento por meio

do gênero discursivo poema.

UNIDADE DIDÁTICA

Atividade 01

Neste momento apresentaremos sugestões de atividades para a

ativação dos conhecimentos anteriores necessários à compreensão do gênero

discursivo poesia, verificando, a experiência dos alunos como leitores desse

gênero específico. A atividade nesse momento será por meio de perguntas.

Você já leu ou ouviu alguma poesia?

Se já, qual era a poesia? E o poeta? Ou era uma poetisa?

Em que lugar você leu ou ouviu a poesia:

Em casa ( )

Na rua ( )

Na escola ( )

Na televisão ( )

Em outro lugar ( )

Você gosta de ouvir ou de ler poesias?

Que outro tipo de texto você gosta de ouvir ou de ler?

Atividade 02

Após o levantamento dos conhecimentos que os alunos possuem sobre

o gênero discursivo poesia, será exposto o título de uma poesia de Carlos

Drummond de Andrade, passando ao levantamento de hipóteses sobre o

poema a ser lido.

Texto: “Cidadezinha qualquer”.

Ao fazer a leitura do título “Cidadezinha qualquer”, o que você imagina

que seja?

Como é uma “Cidadezinha qualquer”?

E sua cidade, como ela é?

Como são as moradias de sua cidade?

Existem prédios onde você mora?

Você imagina como se relacionam as pessoas que moram em prédios?

Você acha que as pessoas que trabalham na construção dos prédios,

vão morar lá?

Como você acha que seria a economia da “Cidadezinha qualquer”?

Atividade 03

Realizaremos a leitura da poesia “Cidadezinha qualquer”, observando se

as hipóteses levantadas até este momento se comprovam ou não. Cada aluno

receberá uma cópia da poesia, logo após o professor fará uma leitura em voz

alta para reconhecê-la. Recolheremos as impressões da leitura. Incentivaremos

os alunos a gostarem de poesia. Pediremos aos alunos que façam uma

ilustração para a poesia “Cidadezinha qualquer”.

Esse poema faz parte do livro de Carlos Drummond “Alguma Poesia”. A

poesia retrata a vida à sua volta. Fala de paisagens, cenas do cotidiano, de

lembranças, mostrando a realidade, retratando a “Vida Besta”. Nesse registro

do cotidiano predomina o humor e ironia.

Texto: “Cidadezinha qualquer”

Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras

Mulheres entre laranjeiras

Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.

Um cachorro vai devagar.

Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.

DRUMMOND, de Andrade, Carlos. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 1978.

Você já conhecia a poesia? Explique.

Nesta poesia o poeta teve a preocupação com a sonoridade e com o

ritmo. Você concorda com essa afirmação? Justifique.

Por que a vida é devagar numa cidadezinha?

Na “Cidadezinha qualquer” o que acontece?

Para qual estilo de vida caberia a expressão “Devagar...as janelas

olham”?

Discutir a expressão: “Eta vida besta, meu Deus”.

É possível viver uma “vida besta” morando em qualquer lugar? Como?

Em qual situação?

E a sua vida, como é?

Atividade 04

Neste momento faremos a leitura da poesia “Quadrilha”, trabalharemos

com a oralidade e leitura dramatizada.

A poesia “Quadrilha” faz parte do livro “Alguma Poesia” de Carlos

Drummond. Há no poema uma ruptura, característica da poesia trágica-irônica.

Texto: “Quadrilha”

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo

Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

Que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes

Que não tinha entrado na história.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro, Nova

Aguilar, 1980.

O nome “Quadrilha” lembra o quê?

Nesta poesia alguma coisa assemelha-se com a dança

quadrilha? Por quê?

Escreva uma quadrilha, baseando-se na poesia que você leu.

Atividade 05

A seguir distribui-se o poema “Confidências do itabirano”, faz-se a leitura

mostrando aos alunos que esse é um texto autobiográfico de Carlos

Drummond de Andrade.

O poeta comparece participante nesse poema, ávido por se integrar em

seu tempo. O passado ressurge sempre nas poesias de Drummond, sua terra

natal Itabira, é transformada no símbolo da cultura e afetividade vivida pelo

poeta. Antes predominava a ironia na observação que ele fazia, mas depois, o

que valia eram as impressões gravadas na memória. Impressões essas que

foram transformadas em poesia, para reinterpretar o passado, o tom agora é

afetuoso, não mais irônico. O poema “Confidências de um Itabirano” pertence

ao livro ”Sentimento do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade.

Texto: “Confidências do itabirano”

Confidências do itabirano

Alguns anos vivi em Itabira.

Principalmente nasci em Itabira.

Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.

Noventa por cento de ferro nas calçadas.

Oitenta por cento de ferro nas almas.

E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,

Vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.

E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,

É doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:

este São Benedito do velho Santeiro Afredo Duval;

este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;

este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.

Hoje sou funcionário público.

Itabira é apenas uma fotografia na parede.

Mas como dói!

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro,

Record, 1993

Como era a vida do poeta em Itabira?

Quando o poeta olha a fotografia pendurada na parede, por que ele diz:

“Mas, como dói!”?

Você acha que o poeta era solitário? Por quê?

Como deve ser Itabira atualmente? Vamos pesquisar.

O que significa “A vontade de Amar, que me paralisa o trabalho.”?

Há no poema algum sentimento religioso?

O que significa “ hoje sou funcionário público”?

Atividade 06

Realizaremos a leitura da poesia “Poema de Sete Faces”, logo após

assistirão ao vídeo declamado dessa poesia, aplicando a estratégia durante a

leitura. Nessa etapa da leitura, é necessário desenvolver no aluno, a

competência de diferenciar o que constitui o principal do texto e o que pode ser

considerado secundário. Pedir aos alunos para pesquisarem outra poesia de

outro autor, que fale sobre a infância ou a saudade.

O poema retrata as sete passagens da vida do poeta, se encontra no

livro “Alguma Poesia”. A palavra Gauche significa esquerdo, em sentido

figurado pode significar “acanhado”, diz ser uma pessoa que está à margem da

vida, torto. Nesse poema o eu-lírico se vê como alguém que não consegue se

comunicar. Aí se dá um conflito entre o “eu” do poeta e a realidade. A poesia

de Drummond tende a concentrar-se no homem, sem usar o lirismo escapista,

comovido pela “lua” e pelo “conhaque” que nesse “Poema de Sete Faces”

parece querer tomar conta do homem poético, mas ele reage e utiliza sua

maior arma, a ironia.

Texto: “Poema de Sete Faces”

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto

Desses que vivem na sombra

Disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.

As casas espiam os homens

Que correm atrás de mulheres.

A tarde talvez fosse azul,

Não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:

Pernas brancas pretas amarelas.

Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.

Porém meus olhos

Não perguntam nada.

O homem atrás do bigode

É sério, simples e forte.

Quase não conversa.

Tem poucos, raros amigos

O homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste

Se sabias que eu não era Deus

Se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,

Se eu me chamasse Raimundo

Seria uma rima, não seria uma solução.

Mundo mundo vasto mundo,

Mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer

Mas essa lua

Mas esse conhaque

Botam a gente comovido como o diabo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. “Poema de sete faces” in: Poesia e prosa.

5ªed. Rio de Janeiro. Nova Aguilar. 1979, p. 70. Carlos Drummond de Andrade

1988. Graña Drummond.

Que parte da poesia é principal para você? E o que você acha que pode

ser secundário?

“O anjo torto disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.” Qual o significado

dessa expressão?

E a expressão “As casas espiam os homens. Que correm atrás de

mulheres”.

Qual a estrofe do poema o poeta usa a ironia?

Atividade 07

Reuniremos os alunos em dupla, na sala de aula ou na biblioteca,

distribuiremos entre os grupos envelopes contendo um poema com todos os

versos soltos, pediremos aos alunos que os organizem da maneira que

acharem melhor. Cada grupo lerá seu texto para a turma. Esperamos com esta

atividade, que os alunos percebam que é possível fazer diferentes

combinações com versos de um poema. Logo após, será ofereceremos aos

educandos à versão original da poesia e em seguida assistiremos ao vídeo da

declamação da poesia “Infância”. Estimularemos os alunos a dizerem qual

poema os agradou mais, também observaremos com os alunos se houve

alteração de sentido.

As lembranças do passado ressurgem nesse poema, lembrança da terra

natal, da família, do café preto, que nem a preta velha, há laços de afetividade

com a pessoa que faz os serviços da casa. Na poesia, que mostra as

lembranças familiares, o eu-lírico não se deixa levar pelo simples saudosismo,

há ai o predomínio da atitude reflexiva. Essa poesia se encontra no livro

“Alguma Poesia” de Carlos Drummond de Andrade.

Texto: “Infância”

Infância

Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.

Minha mãe ficava sentada cosendo.

Meu irmão pequeno dormia.

Eu sozinho menino entre mangueiras

Lia a história de Robinson Crusoé,

Comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu

A ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu

Chamava para o café.

Café preto que nem a preta velha

café gostoso

café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo,

Olhando para mim.

-- Psiu... Não acorde o menino.

Pára o berço onde pousou um mosquito.

E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava

no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história

Era mais bonita que a de Robinson Crusoé.

Alguma poesia. Rio de Janeiro, Record. Carlos Drummond de Andrade Graña

Drummond. <www.carlosdrummond.com.br>

Quais as recordações da infância, que o poeta relembra neste poema?

Você observou algum fato que ocorreu na infância do poeta de acordo

com a poesia?

Escolha dois versos da poesia que parecem com passagens da infância

do poeta. Escreva contando porque os escolheu.

Você acha que o poeta tinha algum laço afetivo com a pessoa que

trabalhava na sua casa? Era uma mulher?

Como seria essa mulher?

E mãe, o que ela costurava? Ou será que bordava?

Por que a mãe do poeta suspirava fundo?

Atividade 08

Nessa unidade didática conheceremos um pouco da história de vida de

Carlos Drummond de Andrade. De acordo com Campos, (2011, p. 113), Carlos

Drummond de Andrade (1902-1987), nasceu e passou sua infância em Itabira,

estado de Minas Gerais, formou-se em Farmácia, mas preferiu lecionar Língua

Portuguesa e Geografia. Também exerceu a função de Jornalista e Funcionário

Público. Ficou conhecido pela riqueza de seu estilo pessoal, por suas temáticas

e pela expressão dos seus sentimentos diante do mundo. Sua força era a

palavra. Acreditava que, com ela, seria capaz de dialogar com o mundo,

transformá-lo.

A vida desse escritor é interessante?

Você acha que na época em que ele viveu as pessoas liam mais? Por

quê?

Para você, hoje as pessoas gostam de ler?

De todas as profissões que Carlos Drummond exerceu, qual delas você

acha que ele mais se dedicou?

Atividade 09

Os alunos receberão uma cópia e assistirão a um vídeo da poesia

“Morte do leiteiro”, ele traz uma pequena narrativa. Exploraremos a tipologia

textual. Após a leitura os alunos tentarão transformar a poesia em uma prosa.

Muitos poemas de Carlos Drummond retratam a preocupação social,

como é o poema a “Morte do Leiteiro” que pertence ao livro “A rosa do Povo”.

Nos poemas escritos nesse livro o poeta condena a vida de nossos dias,

mecânica, sem humanidade. Drummond medita sobre as razões da existência,

a problemática da condição humana e o mistério do destino do homem. A

poesia revela a crise social do país naquela época, referindo-se a segunda

guerra mundial Esse poema retrata muito bem a situação atual em que

vivemos.

Texto: “Morte do leiteiro”

Morte do leiteiro

Há pouco leite no país,

é preciso entregá-lo cedo.

Há muita sede no país,

é preciso entregá-lo cedo.

Há no país uma legenda,

que ladrão se mata com tiro.

Então o moço que é leiteiro

de madrugada com sua lata

sai correndo e distribuindo

leite bom para gente ruim.

Sua lata, suas garrafas

e seus sapatos de borracha

vão dizendo aos homens no sono

que alguém acordou cedinho

e veio do último subúrbio

trazer o leite mais frio

e mais alvo da melhor vaca

para todos criarem força

na luta brava da cidade.

Na mão a garrafa branca

não tem tempo de dizer

as coisas que lhe atribuo

nem o moço leiteiro ignaro.

morador na Rua Namur,

empregado no entreposto

Com 21 anos de idade,

sabe lá o que seja impulso

de humana compreensão.

E já que tem pressa, o corpo

vai deixando à beira das casas

uma pequena mercadoria.

E como a porta dos fundos

também escondesse gente

que aspira ao pouco de leite

disponível em nosso tempo,

avancemos por esse beco,

peguemos o corredor,

depositemos o litro…

Sem fazer barulho, é claro,

que barulho nada resolve.

Meu leiteiro tão sutil

de passo maneiro e leve,

antes desliza que marcha.

É certo que algum rumor

sempre se faz: passo errado,

vaso de flor no caminho,

cão latindo por princípio,

ou um gato quizilento.

E há sempre um senhor que acorda,

resmunga e torna a dormir.

Mas este entrou em pânico

(ladrões infestam o bairro),

não quis saber de mais nada.

O revólver da gaveta

saltou para sua mão.

Ladrão? se pega com tiro.

Os tiros na madrugada

liquidaram meu leiteiro.

Se era noivo, se era virgem,

se era alegre, se era bom,

não sei,

é tarde para saber.

Mas o homem perdeu o sono

de todo, e foge pra rua.

Meu Deus, matei um inocente.

Bala que mata gatuno

também serve pra furtar

a vida de nosso irmão.

Quem quiser que chame médico,

polícia não bota a mão

neste filho de meu pai.

Está salva a propriedade.

A noite geral prossegue,

a manhã custa a chegar,

mas o leiteiro

estatelado, ao relento,

perdeu a pressa que tinha.

Da garrafa estilhaçada.

no ladrilho já sereno

escorre uma coisa espessa

que é leite, sangue… não sei

Por entre objetos confusos,

mal redimidos da noite,

duas cores se procuram,

suavemente se tocam,

amorosamente se enlaçam,

formando um terceiro tom

a que chamamos aurora.

ANDRADE, Carlos, Drummond de. Antologia Poética: Lições de coisas. Rio

de Janeiro. Editora Nova Aguilar, 1962. In: BRASIL, Francisco de Assis

Almeida. Carlos Drummond de Andrade: Ensaio. Rio de Janeiro. Editora

Nova Aguilar, 1971.

A poesia lida fala de um rapaz que nas madrugadas saía para entregar

leite. Você acha o rapaz exercia outro serviço? Qual?

O rapaz mora em um subúrbio. O que um subúrbio para você?

Para quê? E para quem ele trazia o leite?

Por que o poeta usa a expressão “sem fazer barulho, é claro, que

barulho nada resolve”?

O que aconteceu com o leiteiro na sexta estrofe?

Para você o que significa a expressão: “Bala que mata gatuno também

serve pra furtara vida de nosso irmão”?

Transformar a poesia em prosa

Feita a correção e refacção as produções serão fixados no mural da sala

de aula.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos, Drummond. Poema sete faces. In: Poesias e Prosas. 5ª edição. Rio de Janeiro. Editora Nova Aguilar, 1979, p. 70. In: MAIA, João, Domingues. Português. 1ª edição. São Paulo. Editora Ática, volume único. 2003, p. 290.

ANDRADE, Carlos, Drummond. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1978. In: PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Superintendência de Educação. Departamento de Educação Básica. Orientações Pedagógicas: Sala de Apoio à Aprendizagem. Curitiba. 2009, p.113.

ANDRADE, Carlos, Drummond de. Antologia Poética: Lições de coisas. Rio de Janeiro. Editora Nova Aguilar, 1962. In: BRASIL, Francisco de Assis Almeida. Carlos Drummond de Andrade: Ensaio. Rio de Janeiro. Editora Nova Aguilar, 1971.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Sentimento do mundo. Rio de Janeiro, Record, 1993. In: CAMPEDELLI, Samira. SOUZA, Jésus. Literaturas Brasileira e Portuguesa: Teoria e texto. São Paulo. 1ª edição, Editora Saraiva, 2004.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra completa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1980. In: CAMPEDELLI, Samira. SOUZA, Jésus. Literaturas Brasileira e Portuguesa: Teoria e texto. São Paulo. 1ª edição, Editora Saraiva, 2004.

CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura. São Paulo, vol. 24, n. 9, 1972.

CANDIDO, A. A literatura e a formação do homem. Ciência e Cultura. São Paulo, vol. 24, n. 9, 1972. In: PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.

CAMPOS, Elizabete; Cardoso, Paula Marques; Andrade, Silvia Letícia. Viva Português. São Paulo. 1ª Edição, Editora Ática, 2011.

FARACO, Carlos; MOURA, Francisco. Língua e Literatura. São Paulo. Editora Ática, 19ª edição, 1998.

PARANÁ, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.

SITES PESQUISADOS

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=yO_OrS59p9Q. Morte do Leiteiro, Carlos

Drummond de Andrade. Acesso em: 08 de dezembro de 2012.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=D9hCuyTRef4. Infância, Carlos Drummond

de Andrade. Acesso em: 08 de dezembro de 2012.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=mBfm7EhzmVo. Poema de Sete Faces,

Carlos Drummond de Andrade. Acesso em: 08 de dezembro de 2012.