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FICHA DE IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA - PDE/2012

Título: Um olhar reflexivo sobre a produção do discurso argumentativo na escola: ações de formação continuada com professores de Língua Portuguesa

Autor

Marcia Regina Mota

Disciplina/Área Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização Colégio Estadual Marquês de Paranaguá- EFM e Profissional

Município da escola Vera Cruz do Oeste - PR

Núcleo Regional de Educação

Cascavel

Professor Orientador Professora: Franciele Luzia Orsatto

Instituição de Ensino Superior

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

Resumo

Esta proposta tem como objetivo contribuir com a prática pedagógica dos professores de Língua Portuguesa na abordagem da produção escrita do texto argumentativo. Para tanto, optamos por construir um encaminhamento didático (Sequência Didática) sobre o gênero Artigo de Opinião. Este material será apresentado aos professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual Marquês de Paranaguá – EFM e Profissional, em forma de uma Oficina de 32 h, sendo 24h presenciais e 8h a distância. No trabalho com os professores, encaminharemos leituras, reflexões, fichamentos e debates de textos teóricos que trabalham com a metodologia da sequência didática. Também será feita a apresentação dos Cadernos Pedagógicos (AMOP) e diversas atividades sobre a mesma, com uso do laboratório de informática. Por fim, haverá a apresentação de uma SD de minha autoria e a produção de uma SD feita pelos professores participantes da Oficina.

Palavras-chave Oficina Pedagógica; Artigo de Opinião; Sequência Didática.

Formato do Material Didático Unidade Didática – Objeto de Aprendizagem Colaborativa (OAC)

Público Alvo Professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio do Colégio Estadual Marquês de Paranaguá.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

UNIDADE DIDÁTICA

UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A PRODUÇÃO DO DISCURSO ARGUMENTATIVO NA ESCOLA: AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA COM

PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA

MARCIA REGINA MOTA

VERA CRUZ DO OESTE/PR 2012

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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

UM OLHAR REFLEXIVO SOBRE A PRODUÇÃO DO DISCURSO ARGUMENTATIVO NA ESCOLA: AÇÕES DE FORMAÇÃO CONTINUADA COM

PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA

Material apresentado à Secretaria de Estado da Educação – SEED, Departamento de Políticas e Programas Educacionais – para cumprir as exigências do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, como requisito parcial dos trabalhos propostos para a participação e a execução deste Programa. Orientadora Profª. Franciele Luzia de Oliveira Orsatto, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE – Campus de Cascavel.

VERA CRUZ DO OESTE/PR 2012

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1 IDENTIFICAÇÃO

Professora: MARCIA REGINA MOTA

Área: LÍNGUA PORTUGUESA

NRE: CASCAVEL

Prof. Orientadora:. FRANCIELE LUZIA DE OLIVEIRA ORSATTO

IES Vinculada: UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PR-UNIOESTE

Escola de Intervenção: COLÉGIO ESTADUAL MARQUÊS DE PARANAGUÁ –

EFMP- VERA CRUZ DO OESTE- PR

2 APRESENTAÇÃO

Caros professores (as),

Muitos estudos têm sido desenvolvidos a fim de mostrar a importância do

trabalho com a produção escrita em sala de aula. Nesse sentido, as Diretrizes

Curriculares de Língua Portuguesa - DCE (PARANÁ, 2008) salientam a importância

de o professor desenvolver uma prática de escrita escolar que considere o leitor, sua

finalidade e seu propósito comunicativo.

No entanto, percebe-se que muitos alunos apresentam dificuldades ligadas ao

funcionamento de um texto escrito, quanto à sua organização, unidade temática,

coerência e coesão, além do reconhecimento de quais são suas intenções e de

quem é (são) seu (s) interlocutor (es). Nos casos dos textos de tipologia

predominantemente argumentativa, como o artigo de opinião, são observadas

dificuldades relacionadas ao uso de estratégias argumentativas, de operadores

argumentativos, entre outros recursos.

Não raramente, após os resultados da prova do ENEM (Exame Nacional do

Ensino Médio) vêm a público, em forma de “piadinhas”, as famosas frases escritas

pelos alunos, que representam essas dificuldades de escrita. Além disso, dados das

avaliações como o SAEB (Sistema de Avaliação de Educação Básica) e o PISA

(Programa Internacional de Alunos) têm preocupado não só professores, mas todos

os envolvidos com o processo educacional no Brasil, pois tais resultados revelam,

nos últimos anos, defasagem no ensino, em especial, na produção escrita.

Diante disso, realizamos uma sondagem por meio de depoimentos informais

dos professores de Língua Portuguesa do Colégio no qual será implementada a

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proposta, sobre as dificuldades encontradas pelos alunos na produção de textos,

principalmente daqueles que exigem que ele tenha que justificar ou refutar uma

argumentação.

Entre as dificuldades na construção do discurso argumentativo elaborado,

apresentadas pelos alunos, em alguns casos estão aquelas advindas das

dificuldades encontradas pelo professor ao trabalhar com essa tipologia textual em

suas aulas, devido muitas vezes à falta de um melhor esclarecimento sobre os

gêneros discursivos e de material para o desenvolvimento de atividades sobre esse

conteúdo. Além disso, há a necessidade de buscar-se novos caminhos que orientem

a produção de texto na sala de aula. Partindo de tais pressupostos é que vê-se no

desenvolvimento de uma Oficina, a partir do Gênero Artigo de Opinião, usando a

metodologia de Seqüencia Didática (SD), uma alternativa para contribuir na

formação do professor de Língua Portuguesa

Esta produção didático-pedagógica procura atender o conjunto de atividades

previstas no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Pensada e

desenvolvida com a intenção de colaborar com o trabalho do professor em sala de

aula a partir de uma metodologia que envolve gêneros predominantemente

argumentativos. Dessa forma, optou-se pelo artigo de opinião, uma vez que, o

ensino da língua deve se dar por meio de ações reais do uso da língua, sendo assim

social.

Dessa forma, propõe-se, mediante as muitas possibilidades metodológicas de

trabalho com gêneros, o uso da metodologia da Sequência Didática (SD), a qual

auxilia o aluno a ter um melhor domínio do texto e possibilita que ele fale e escreva

de uma maneira mais adequada. Considera-se que a SD permite um trabalho mais

produtivo e organizado, garantindo dessa forma uma maior aprendizagem.

A seguir, explanar-se-á, de modo mais explícito, como ocorrerá o projeto de

implementação pedagógica. Antes, porém, se faz necessário um conhecimento

maior acerca de nosso objeto de estudo. Para tanto, procuraremos a partir de

fundamentação teórica, com base em renomados estudiosos no assunto, mostrar

aspectos relacionados ao texto argumentativo, ao artigo de opinião e à SD.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DO TEXTO ARGUMENTATIVO

A produção de textos argumentativos em sala de aula, apesar de ser uma

prática comum, tem se constituído num grande desafio para muitos professores, em

especial, para os da área de Língua Portuguesa. As dificuldades apresentadas por

muitos alunos na construção de textos predominantemente argumentativos, aliadas

ao fato de que o ensino de língua deva ocorrer por meio de textos, têm feito com que

educadores repensem sua prática pedagógica.

Compreendendo o texto como base para o ensino de língua, Marcuschi

complementa essa discussão ao enfatizar que “a questão não reside no consenso

ou na aceitação deste postulado, mas no modo como isto é posto em prática, já que

muitas são as formas de se trabalhar texto” (MARCUSCHI, 2008, p. 51).

Diante disso, é necessário tecer algumas considerações a respeito da

tipologia textual argumentativa. Neste sentido, primeiramente é importante conhecer

as características compartilhadas por gêneros argumentativos, que lidam com o

encadeamento de ideias que têm por objetivo a defesa de uma opinião e no

convencimento do interlocutor. Para Citelli (1994), argumentar é agir por meio da

linguagem, de maneira que as palavras se transformem em ações.

Entretanto, nesse sentido é necessário esclarecer que convencer e persuadir

são ações distintas. Perelman (1970) distingue esses termos dizendo que,

Enquanto o ato de convencer se dirige unicamente à razão, através de um raciocínio estritamente lógico por meio de argumentos objetivas, sendo assim capaz de atingir um ‘auditório universal’, possuindo caráter puramente demonstrativo e atemporal [...]. O ato de persuadir, por sua vez, procura atingir a vontade, o sentimento do (s) interlocutor (es), por meio de argumentos plausíveis ou verossímeis e tem caráter ideológico, subjetivo, temporal, dirigindo-se, pois, a um ‘auditório particular’. (PERELMAN, 1970 apud KOCH,

2011, p.18).

Deve-se destacar que, na Linguística moderna, o discurso passa a ser objeto

central. Sobre isso, Koch (2011) traz suas considerações expondo que,

[...] ao produzir um discurso, o homem se apropria da língua, não só com o objetivo de veicular mensagens, mas principalmente, com o

objetivo de atuar, de interagir socialmente, instituindo-se como EU

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e constituindo, ao mesmo tempo, como interlocutor o outro, que é por sua vez constitutivo do próprio EU, por meio do jogo de representações e de imagens recíprocas que entre eles se estabelecem (KOCH, 2011, p. 19).

No mesmo sentido apontado por Koch (2001), Bakhtin acrescenta que “as

palavras são tecidas a partir de uma multidão de fios ideológicos e servem de trama

a todas as relações sociais em todos os domínios”. (BAKHTIN, 2010, p. 42). Dessa

forma, evidencia-se que a palavra é um indicador das transformações sociais.

Neste sentido, é preciso ter claro o modo de funcionamento da argumentação.

Carneiro (2001) aponta alguns elementos que devem estar presentes em um texto

argumentativo, isto é, o argumentador – o qual é responsável pelos argumentos

apresentados; tema polêmico – que motiva a divergência de pontos de vista; a tese

– a qual consiste no posicionamento assumido pelo argumentador diante do tema

abordado; argumentos ou estratégias argumentativas – procedimentos os quais irão

dar sustentação a tese, e por fim, o público para o qual se destina o texto, que

precisa ser devidamente considerado.

3.2 GÊNEROS DISCURSIVOS E SEUS DIFERENTES USOS NO COTIDIANO

Ao trabalhar o texto argumentativo em sala de aula é importante que essa

tipologia seja abordada por meio dos gêneros textuais, pois, segundo as DCE, “o

aprimoramento da competência linguística do aluno acontecerá com maior

propriedade se lhe for dado conhecer, nas práticas de leitura, escrita e oralidade, o

caráter dinâmico dos gêneros discursivos” (PARANÁ, 2008, p. 53). Além disso, para

Bronckart (1999, p. 103), “[...] os gêneros textuais transformam-se em instrumento

da ação social”.

Os gêneros discursivos se caracterizam como textos do nosso cotidiano.

Segundo Costa-Hübes (2001, p. 85), “[...] ao interagirmos com o outro, utilizamo-nos

de enunciados já existentes na sociedade, selecionamos conforme as necessidades

de interação e moldados de acordo com o ato interlocutivo em que os indivíduos

falantes estão inseridos”.

Sob este aspecto pode-se dizer que há diversos gêneros predominantemente

argumentativos que podem ser trabalhados em sala de aula para o aprimoramento

da linguagem escrita. Segundo as DCE (PARANÁ, 2008), apesar de não se

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limitarem apenas a estes, é possível trabalhar, em sala de aula: carta, editorial,

artigo de opinião, carta do leitor, comentário interpretativo/crítico, entre outros.

Segundo Bakhtin (1997), os gêneros podem ser primários (linguagem das reuniões

sociais, dos círculos, linguagem familiar, cotidiana etc.) ou secundários (ligados à

esfera literária, científica, ideológica etc.).

3.3 UM ENFOQUE NO ARTIGO DE OPINIÃO

Diante dessa imensa pluralidade de gêneros discursivos está o “artigo de

opinião”, no qual o autor tem o interesse em convencer o outro sobre sua tese, ou

pelo menos influenciá-lo, modificando dessa forma valores e proporcionando a

transformação social. Isso se dá por meio da sustentação da tese (dados

consistentes) e da refutação das opiniões contrárias, suscitando polêmica. É preciso

utilizar-se de argumentos, o que não significa somente dar opinião, mas acima de

tudo é preciso sustentá-lo com evidências, provas e outros elementos que darão

sustentação à tese defendida.

A respeito desse gênero, Costa-Hübes (2007, p. 113) expõe que,

O artigo de opinião tem a finalidade de estreitar laços entre o produtor e o leitor, para que este último, com o objetivo de obter sua adesão ao ponto de vista defendido no artigo, pois os artigos de opinião têm como fim discursivo, o fazer-crer.

O gênero artigo de opinião discute questões sobre temas variados como os

de cunho social, político, científico e cultural, de interesse geral, que afetam de

maneira direta ou indireta um grande número de pessoas, a partir de um fato

ocorrido e noticiado.

Sabe-se que todo tipo de texto, independentemente de seu gênero, é

produzido em um contexto de produção, uma vez que quem escreve o faz pensando

em elementos que interferem no sentido dos textos. Em outras palavras, existe uma

intenção do autor ao escrever e esta intenção está direcionada ao interlocutor, ou

seja, ao leitor do texto.

Além disso, o autor também se respalda em um determinado tempo e lugar,

considerando também o veículo em que seu texto é publicado. Todos esses

elementos fazem parte da interação entre autor e leitor. O autor também busca

construir uma imagem de si mesmo, e isso se dá quando ele mostra seus

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conhecimentos sobre o tema discutido e na forma como ele sustenta sua posição.

A circulação do artigo de opinião ocorre através de jornais e revistas,

impressos ou on-line, e tem o objetivo de influenciar o posicionamento dos leitores

em relação a uma questão controversa. Dessa forma, fica evidente o público ao qual

este gênero se destina, isto é, aqueles que se interessam por questões que incitam

polêmica e que têm acesso aos meios no qual esse gênero circula.

3.4 SEQUÊNCIA DIDÁTICA: UMA POSSIBILIDADE METODOLÓGICA

Existem diversas formas de se abordar o gênero artigo de opinião em sala de

aula. Entre as alternativas metodológicas está a Sequencia Didática (SD), a qual

consiste numa proposta de trabalho com a língua a partir dos gêneros discursivos,

organizada por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004).

A proposta destes autores está fundamentada no interacionismo

sociodiscursivo, que, por sua vez, tem respaldo nas teorias de Bakhtin. A esse

respeito, Costa-Hübes (2011) acrescenta que esta proposta deve envolver estudos a

partir de um determinado gênero discursivo, seja ele oral ou escrito. Em outras

palavras, a SD trata-se de uma orientação didática que instiga a seleção de um

determinado gênero, a partir do qual devem ser organizadas atividades que

auxiliarão no reconhecimento desse gênero. As atividades propostas na SD devem

ser organizadas de maneira progressiva, com uma grande variedade de exercícios.

Caso seja necessário, é preciso adaptá-los à realidade dos alunos e, assim, criar

novas atividades, pois os exercícios presentes na SD devem servir como exemplos

para o professor.

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) definem as etapas de desenvolvimento de

uma SD. O trabalho se inicia com a apresentação de uma situação de interação

sociocomunicativa real, a qual tem por objetivo fundamentar a necessidade de

produção e aprendizagem relacionada a um determinado gênero. Em seguida,

solicita-se uma produção inicial do gênero escolhido, isto é, a produção de um texto,

oral ou escrito, com o intuito de responder à interlocução proposta inicialmente e que

servirá de base para uma sondagem a respeito do que os alunos já sabem sobre o

gênero discursivo.

De posse desse diagnóstico, são definidas as estratégias de intervenção

pedagógica, as quais deverão ir ao encontro das necessidades dos estudantes. Para

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Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) os problemas de cada gênero discursivos são

avaliados de acordo com quatro níveis: representação da situação de comunicação,

elaboração do conteúdo, planejamento do texto e realização do texto. Também são

trabalhados em três categorias, a saber, observação e análise de textos, tarefas

simplificadas de produção de textos e elaboração de uma linguagem comum.

Considerando a análise de Costa-Hübes (2011), pode-se dizer que é somente

após um trabalho consistente com o gênero que chega o momento de, novamente,

colocar o aluno frente a uma situação de produção, já delimitada no início da

sequência didática.

A partir das orientações metodológicas dos autores acima, Costa-Hübbes faz

em sua tese uma adaptação da proposta por eles elaborada de acordo com a

realidade do ensino brasileiro. Os Cadernos Pedagógicos 01 e 02 (AMOP, 2007b;

AMOP, 2007c) e também no Caderno Pedagógico 3 (COSTA–HÜBBES;

BAUMGÄRTNER, 2009) trazem exemplos de SDs que seguem essa proposta.

Sendo assim, neste projeto, optou-se por esta adaptação, pois, de acordo

com a realidade vivenciada, acredita-se que tal proposta será capaz de contribuir

com o trabalho do professor em sala de aula de maneira mais abrangente. Essa

escolha se justifica também por contemplar atividades de leitura, pesquisa e análise

linguística com base em textos já publicados do gênero. Diferentemente da proposta

dos autores de Genebra, antes da etapa inicial, ou seja, antes da primeira produção,

o aluno é colocado frente a vários tipos de textos do mesmo gênero, os quais

circulam na sociedade, para que a partir de um estudo envolvendo leitura e análise

ele possa reconhecer o gênero textual antes da produção inicial, seja ela oral ou

escrita.

Costa- Hübbes (2011, p. 92) esclarece que,

[...] ao propormos uma adaptação à proposta metodológica de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) entendemos que, antes mesmo de se chegar à produção inicial, o professor tem a oportunidade de criar, para o aluno, várias situações que envolvam a prática de leitura de textos do gênero, já prontos, que circulam na sociedade.

Diante da problematização levantada inicialmente, vale considerar que, para

que uma proposta voltada para o aprimoramento da escrita cumpra seus objetivos –

ou seja, encorajar o aluno a escrever com prosperidade – é preciso priorizar um

encaminhamento metodológico adequado.

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Assim, toma-se como base a adaptação da SD elaborada por Costa-Hübbes,

pois é preciso dar outro direcionamento para as aulas de Língua Portuguesa, uma

vez que, visto sob este viés, não se pode mais conceber um ensino fragmentado e

descontextualizado, o qual se materializa no ensino de palavras e frases isoladas

sem nenhuma ligação com sua situação de uso.

Uma pedagogia que valoriza o ensino a partir do texto, do contexto sócio-

histórico, aos usuários e gêneros discursivos é dirigir-se a uma nova concepção de

linguagem, denominada como sociointeracionista, a qual trata a língua como

elemento histórico.

4 ROTEIRO DE ATIVIDADES

A aplicação da proposta de implementação se efetivará a partir de uma

Oficina Pedagógica com um total de 08 encontros que totalizarão uma carga horária

de 32h, sendo divididos por 6 encontros presenciais de 4h cada um e 2 encontros,

de 4h cada um, não presenciais. O público alvo no qual destina a Oficina são

Professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio do Colégio

Estadual Marquês de Paranaguá.

1º ENCONTRO

DATA: 06/03/2012

DURAÇÃO: 4 h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Inicialmente será feita uma explanação, com uso do datashow, sobre o

Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). Apresentaremos, aos

participantes, pontos importantes do projeto de intervenção pedagógica

desenvolvido, como justificativa, problematização, objetivos e a fundamentação

teórica que orienta a proposta.

Em seguida, os professores participantes da oficina deverão organizar-se em

grupos, para que se possa dar início à discussão sobre um conceito fundamental

para todo o trabalho: o conceito de texto. A partir de alguns materiais (textos ou não

textos), apresentados em datashow, os professores deverão apontar: Isto é um

texto? Por quê?

Em seguida será discutido o conceito de texto, discurso e gênero, com base

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em Koch (2010) e Marcuschi (2008), citando alguns exemplos e envolvendo os

professores na discussão.

Ainda nesta primeira etapa será sugerido também que os professores formem

grupos, façam a leitura e reflexão sobre diversos textos de diferentes gêneros

textuais, fazendo o reconhecimento dos mesmos e ressaltando suas características.

Na sequência será entregue para os grupos o texto de Koch (2010) “Texto e

Intertextualidade” para fazerem a leitura do mesmo destacando os pontos principais.

Em seguida, será proposta uma discussão com os professores sobre os aspectos

mais importantes do texto, a partir do roteiro abaixo:

a) Você já ouvir falar em intertextualidade?

b) O que é intertextualidade?

c) Quais exemplos poderíamos usar para explicar intertextualidade para nossos

alunos?

d) Como conseguimos identificar a presença de outro(s) texto(s) em uma

produção escrita?

e) A intertextualidade sempre está explícita em um texto?

Ainda neste encontro será feita a leitura e reflexão sobre os textos dessa

mesma autora “Escrita e práticas comunicativas” (2010) e “Gêneros textuais” (2010).

A pertinência do estudo de tais textos está no fato de oportunizarem uma reflexão

sobre o que são gêneros textuais e qual sua função social.

Depois de discutir os três textos de autoria de Koch (2010; 2010; 2010), será

encaminhada uma nova discussão para que os professores reflitam sobre como

estão sendo trabalhados os gêneros em sua prática em sala de aula. Para tanto,

esta reflexão poderá ser feita a partir do roteiro seguinte:

a) Você trabalha em suas aulas com gêneros discursivos?

b) Quais gêneros discursivos você trabalha?

c) Qual é o critério utilizado para selecionar os gêneros que você trabalha?

d) Você acha importante trabalhar com gêneros discursivos? Por quê?

e) Quais gêneros predominantemente argumentativos você trabalha?

f) Você encontra dificuldades em trabalhar estes gêneros? Se sim, quais são

elas?

g) Você já trabalhou com o gênero artigo de opinião?

h) Como sabemos, o gênero artigo de opinião é um texto de tipologia

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predominantemente argumentativa. Seus alunos têm dificuldades em

escrever esses gêneros e quais são elas?

i) Quais são os fatores que estão interferindo na produção de textos

argumentativos de seus alunos?

2º ENCONTRO

DATA: 13/03/2012

DURAÇÃO: 4 h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Num primeiro momento serão discutidos com os professores os textos

“Gêneros textuais: definições e funcionalidade” (2010) e “Noção de gênero textual,

tipo textual e domínio discursivo” (2008), ambos de autoria de Marcuschi. Estes

textos trazem um rico embasamento teórico acerca do que são gêneros textuais,

suas funções, a diferença entre tipo e gênero textual e também o domínio discursivo,

o que dá origem a vários gêneros.

Após as discussões será proposta uma conversa com os professores, com o objetivo de

levantar o que eles já conhecem sobre o recurso metodológico Sequência Didática. Na continuidade

será feita a apresentação de um modelo de Sequência Didática, sobre o gênero artigo de opinião, que

pode encontrada no Caderno 3 da AMOP (Associação dos Municípios do Oeste do Paraná),

organizada pelas Professoras Doutoras Terezinha da Conceição Costa-Hübbes e Carmem Teresinha

Baumgärtner.

Também serão distribuídos os três cadernos pedagógicos elaborados pela AMOP para que os

professores manuseiem, leiam e discutam sobre eles. É muito importante que o professor tenha

acesso a esses cadernos, pois os mesmos trazem diversas atividades sobre vários gêneros textuais

do cotidiano dos alunos que podem ser adaptados e trabalhados em sala de aula.

Outro texto que será discutido na oficina será de Bernard Schnewly, “Gêneros e tipos de

discursos: considerações psicológicas e ontogenéticas” (2004). Este artigo também traz algumas

considerações sobre a diferença que há entre gêneros e tipos de discurso. Trata-se de um artigo

muito importante para quem deseja esclarecer o que há de diferente entre as tipologias usadas

tradicionalmente na escola, como narração, descrição, dissertação (ou argumentação) e os gêneros

textuais ou de discurso.

3º ENCONTRO

DATA: 20/03/2012

DURAÇÃO: 4 h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

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A primeira atividade deste encontro será uma discussão com os professores sobre o artigo de

Costa-Hübbes, intitulado “Por uma concepção sociointeracionista da linguagem: orientações para o

uso da Língua Portuguesa”, disponível na Revista Línguas & Letras do 1º Semestre de 2011.

Na sequência os professores serão divididos em grupos para analisar e

apresentar para o grupo uma SD dos Cadernos da AMOP. Para orientar a análise,

seguem os questionamentos:

a) Qual o gênero textual trabalhado na Sequência Didática escolhida para

análise?

b) Qual a esfera de circulação desse gênero textual?

c) Qual o suporte de circulação desse gênero textual?

d) Quais são seus gêneros afins?

e) Ele é um gênero argumentativo?

f) Qual é o público leitor deste gênero?

g) Quem geralmente escreve este tipo de texto?

h) Para que são escritos?

i) Quais as características que você observou neste gênero textual?

Depois desta etapa as atividades realizadas serão no laboratório de

informática, onde será disponibilizado, numa pasta específica a que todos terão

acesso, para que os professores leiam, o texto “O funcionamento dialógico em

Notícias e Artigo de Opinião”, de Dóris de Arruda Carneio da Cunha. Os professores

deverão fazer o fichamento desse texto e depois disso serão propostas discussões

sobre ele.

Dando continuidade aos trabalhos serão discutidos com os professores os

seguintes artigos de opinião: “A epidemia da beleza”, de Gilberto Dimenstein, e “O

peso do estereótipo”, de Moacyr Scliar. Os professores deverão produzir três

atividades sobre estes artigos que possam ser usadas por eles em sala de aula com

seus alunos. Depois do término da produção fazer a socialização do material

produzido entre os grupos.

4º ENCONTRO

DATA: 27/03/2012

DURAÇÃO: 4 h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

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Neste encontro as atividades inicialmente serão no laboratório de informática.

Os professores deverão acessar o blog

http://blogprofessoresdomarques.blogpost.com, onde estará disponível uma SD

previamente elaborada (que se encontra anexada a esta unidade didática). Será

feita, então, uma discussão com os professores, os quais poderão dar sugestões de

atividades e postar um comentário sobre a mesma no blog.

Em seguida será solicitada a produção em duplas de uma SD sobre artigo e opinião, sendo

que os professores ficarão à vontade para selecionar material na biblioteca da escola e no laboratório

de informática e iniciá-la.

Os professores deverão construir apenas as etapas de apresentação da situação,

reconhecimento do gênero, pesquisa sobre o gênero, leitura de textos do gênero, seleção de uma

amostra do gênero, análise do contexto de produção e análise do plano global e da estrutura

composicional, pois antes de terminá-la terão mais um encontro para orientação e troca de ideias. A

segunda etapa da produção será específica para análise lingüística, produção e reescrita de textos.

ETAPA NÃO PRESENCIAL

DATA: 03 /04/ 2012

DURAÇÃO: 4h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Este data será destinada para atividades não presenciais. Os professores estarão envolvidos

na produção das primeiras etapas da SD.

6º ENCONTRO

DATA: 10 /04/ 2012

DURAÇÃO: 4h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Este encontro será presencial e os professores deverão trazer o que já produziram até o

momento para discutir e socializar, a fim de que possam trocar ideias, atividades e sugestões.

Outra atividade a ser realizada será a discussão e análise do texto “Os gêneros Escolares:

das práticas de linguagem aos objetos de ensino”, de Bernard Schnewly (1999).

Neste artigo os autores discutem entre outros fatores a forma como os gêneros textuais são

trabalhados nas escolas e que é preciso fazer com que a aprendizagem dos gêneros que circulam

fora da escola ou mesmo no cotidiano, deve ser significativa para o aluno e contribua para um

domínio efetivo de língua, possibilitando seu uso adequado fora do espaço escolar.

ETAPA NÃO PRESENCIAL

DATA: 17 /04/ 2012

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DURAÇÃO: 4h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Este data será destinada a atividades não presenciais. Os professores estarão envolvidos na

produção da SD, que deverá ser finalizada e apresentada no encontro seguinte.

8º ENCONTRO

DATA: 24/04/ 2012

DURAÇÃO: 4h

PROCEDIMENTO METODOLÓGICO:

Num primeiro momento os professores apresentarão as SDs produzidas por eles.

Na sequência será apresentado e disctutido com os professores um roteiro de avaliação

linguístico-discursiva, solicitando sugestões para complementá-lo e adaptá-lo de acordo com o que os

professores julgarem necessário avaliar. Para tanto, teremos como base um material produzido pela

AMOP 2010 e adaptado pela Profª Dra. Carmen Teresinha Baumgärtner.

Na continuidade das atividades será corrigido (de acordo com a tabela adaptada) alguns

artigos de opinião, previamente selecionados, de alunos do 3º ano do Ensino Médio.

REFERÊNCIAS

AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora Terezinha da Conceição Costa-

Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007a. Caderno Pedagógico 1. __________________. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora

Terezinha da Conceição Costa-Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007b. Caderno Pedagógico 2. _________________. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental – Anos iniciais. [Organizadoras Terezinha da Conceição Costa-Hübbes; Carmen

Teresinha Baumgärtner]. Cascavel: ASSOESTE, 2009. Caderno Pedagógico 3 . ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. BAKHTIN, M. (VOLOCHINOV, V.N.). Marxismo e Filosofia da Linguagem. Trad. Michel Lahud e Yara Frateschi. São Paulo: Hucitec, 2010. CARNEIRO, M A. D. Redação em construção: a escrita do texto. São Paulo:

Moderna, 2001 CITELLI, A. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994.

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COSTA-HÜBES, T. da C. Por uma concepção sociointeracionista da linguagem: orientações para o uso da Língua Portuguesa. IN: Revista Línguas & Letras.

Número Especial –XIX CELLIP -1º Semestre de 2011. CUNHA, D.de A.c. da. O funcionamento Dialógico em Notícias e Artigos de Opinião. IN: Gêneros textuais e Ensino. (ORGs) DIONÍSIO, Ângela Paiva; BEZERRA, Maria

Auxiliadora. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. DOLZ, J; NOVERRAZ, M; SCHNEUWLY, B. Gêneros orais e escritos na escola. (Trad. Org.) ROJO, Roxane. CORDEIRO, GLAÍS SALES. Campinas: Mercado de Letras, 2004. KOCH, I.V. Ler e Escrever: Estratégias de Produção Textual. 2. Ed. São Paulo:

Contexto, 2010. _________.Ler e Compreender: os sentidos do texto. 3.ed. 3ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2010. MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise dos gêneros e compreensão. São

Paulo: Parábola Editorial, 2008. ____________. GÊNEROS Textuais: definição e Funcionalidade. IN: Gêneros textuais e Ensino. (ORGs) DIONÍSIO, Ângela Paiva; BEZERRA, Maria Auxiliadora.

São Paulo: Parábola Editorial, 2010. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Superintendencia da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba:

SEED, 2008. SCHNEUWLY, B. Gêneros e tipos de discurso: considerações psicológicas e ontogenéticas. IN. / tradução e organização ROJO, R.; CORDEIRO, G. S.Gêneros orais e escritos na escola, Campinas, SP: Mercado das Letras, 2004.

SCHNEUWLY, B.: DOLZ, J. Os gêneros escolares: das práticas de linguagem aos objetos de ensino. Rev. Bras. Educ. [online]. 1999, n.11, pp. 05-16. ISSN

1413-2478.

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ANEXO

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

GÊNERO TEXTUAL “ARTIGO DE OPINIÃO”

ENSINO MÉDIO

Marcia Regina Mota (Vera Cruz do Oeste/PR)

Profª orientadora: Franciele Luzia de Oliveira Orsatto (Unioeste)

1 APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL

Professor (a):

Sabemos que, em sala de aula, devemos trabalhar com nossos alunos

questões polêmicas do cotidiano, explorando sua relação com nosso dia a dia, como

estas questões nos influenciam e como devemos nos posicionar de maneira crítica

perante determinadas situações.

Para tanto, há uma imensa pluralidade de gêneros discursivos e entre eles

está o “artigo de opinião”, no qual o autor tem o interesse em convencer o outro ou

pelo menos influenciá-lo, modificando valores e proporcionando a transformação

social. Isso se dá por meio da sustentação de uma tese (formada a partir de dados

consistentes) e da refutação das opiniões contrárias. O artigo de opinião suscita

polêmica e seu autor não apenas expõe uma opinião, mas, acima, de tudo, deve

utilizar-se de argumentos, isto é, evidências, provas e outros elementos que darão

sustentação à tese defendida.

Dessa forma, para iniciar as atividades, você poderá sugerir aos seus alunos

que observem a capa da Revista abaixo (que pode ser encontrada no endereço

eletrônico citado) e discutam sobre ela, lembrando-os que o perigo do uso das redes

sociais é um tema que está sendo amplamente discutido, uma vez que, a cada dia,

surgem mais usuários do espaço virtual. Você poderá informá-los que, para terem

mais conhecimentos sobre o assunto, eles terão acesso a mais textos, bem como

deverão realizar pesquisas, debates e atividades diversas para, finalmente,

produzirem um artigo de opinião expondo seu ponto de vista sobre esse tema.

Esclarecer também que, o artigo de opinião produzido por eles serão publicados no

blog encontrado no seguinte endereço:

http://blogprofessoresdomarques.blogpost.com, para que todos os alunos da escola

e professores tenham acesso ao mesmo. Para orientar a discussão, como sugestão

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você poderá encaminhar os seguintes questionamentos:

a) Quais as vantagens e perigos que as redes sociais podem nos apresentar?

b) Você acha que um adolescente está preparado para fazer uso das redes sociais?

c) Você tem acesso à Internet? De que local você tem acesso? Quanto tempo você gasta do seu dia conectado à Internet?

d) Você tem seu perfil disponível em alguma rede social? Qual (is)?

e) Se não tem, pretende criar ou não? Por quê? f) Seus pais acompanham você na Internet? g) Quais os cuidados você acha que devemos ter ao fazer uso

das redes sociais? h) Você já ouviu falar em crime virtual? i) Você conhece alguém que já sofreu algum crime virtual?

Capa da Revista disponível em: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI181031-17770,00-VEJA+UMA+PREVIA+DA+EDICAO+DE+NOVEMBRO+DA+REVISTA+GALILEU.html

2 RECONHECIMENTO DO GÊNERO

Professor (a):

Nessa etapa, apresente diversas amostras de textos de gêneros textuais

sobre temas também diversos, para que os alunos os analisem e identifiquem suas

principais características, observando, em especial, as características do artigo de

opinião.

Professor (a):

Após a apresentação das amostras de textos de diferentes gêneros textuais

sobre temas também diversos, solicite que os alunos formem grupos e escolham um

texto, fazendo uma análise mais detalhada e identificando suas principais

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características. Em especial, observe e enfatize o grupo que escolheu o gênero

artigo de opinião. Depois desta etapa, cada grupo terá cinco minutos para falar sobre

seu texto e compartilhar com a turma. Esta fase tem por objetivo, além do

reconhecimento do artigo de opinião, também desenvolver a oralidade. Portanto,

esteja atento às condutas do debate.

Neste momento, você poderá encaminhar alguns questionamentos, como os

sugeridos abaixo.

a) Você já leu um artigo de opinião? De que assunto ele tratava? b) Qual(is) desses textos é(são) artigo(s) de opinião? Por quê? c) Onde você encontrou esse artigo? Qual é o veículo de

circulação deste tipo de gênero? d) Para que esses textos são escritos? e) Quem geralmente escreve esse tipo de texto? f) Qual é o público leitor do artigo de opinião?

Professor (a):

Você poderá levar para a sala de aula alguns jornais impressos e pedir para

que os alunos, em grupos, procurem em que parte do jornal podem ser encontrados

artigos de opinião. Geralmente, a página 2 dos jornais impressos é o espaço em que

são publicados o editorial, bem como charges, artigos, cartas, crônicas e outros

gêneros de caráter opinativo.

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2.1 Pesquisa sobre o Gênero

Professor (a):

Você poderá selecionar previamente alguns sites da Internet para que os alunos

possam pesquisar artigos de opinião no laboratório de informática de sua escola, a fim

de que entendam o que é um artigo de opinião, para quem é escrito, quais seus meios

de circulação, suas características e de que forma ele se diferencia de gêneros

semelhantes.

Sites sugeridos:

http://www.slideshare.net/jairjlnascimento/artigo-de-opiniao

http://www.brasilescola.com/redacao/artigo-opiniao.htm

http://www.portugues.com.br/redacao/artigo-opiniao-.html

http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_13_o_genero_textual_artigo_de_opinia

o.pdf

http://cassimiro.livreforum.com/t6-artigo-de-opiniao

http://www.slideshare.net/julianoortis/generos-textuais

Professor (a):

Solicitar também que os alunos pesquisem em jornais e revistas alguns artigos

de opinião para ler e discutir em sala de aula. Após realização da pesquisa e com o

artigo já selecionado, poderá ser feita uma discussão sobre o conteúdo da futura

produção, que será aprofundado a partir da intervenção do professor. Leia com os

alunos o artigo selecionado e retorne a conversa sobre as características próprias do

artigo de opinião. Peça para que observem, durante a leitura, como o articulista vai

tecendo seus argumentos e escrevendo o artigo de opinião com elementos próprios

do gênero.

A fim de orientar o trabalho do professor sugere-se que sejam comentadas as

características do Artigo de Opinião:

Possui título polêmico ou provocador;

Exposição de uma ideia ou ponto de vista sobre determinado assunto;

Apresenta três partes: Introdução (apresentação da tese, ou seja, da ideia

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defendida pelo autor); Desenvolvimento (apresentação dos argumentos para

a defesa da tese); Conclusão (síntese das ideias defendidas);

Utiliza verbos predominantemente no presente;

Utiliza linguagem objetiva (3ª pessoa) ou subjetiva (1ª pessoa);

Tematiza questões atuais, em que o locutor busca convencer o interlocutor;

Muitas vezes, há sequências explicativas mostrando que o locutor considera

que alguns objetos podem ser incompreendidos pelo leitor;

Estabelecimento de interlocução com o leitor etc.

2.2 Leitura e atividades com textos do Gênero

Professor (a):

Nessa etapa, será feita, com os alunos, a leitura de um artigo de opinião que

será discutido e relacionado à capa da revista Galileu, apresentada anteriormente.

Roteiro de orientação para leitura:

a) Quem é o autor do texto? Em que esse autor é especialista? b) Qual é a problematização inicial apresentada no texto? c) Quais argumentos o autor revela para afirmar o problema levantado? d) Onde o texto foi publicado? d) Em que direção o texto aponta em seu final? e) No último parágrafo, o autor nos leva a uma reflexão. Qual?

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Texto 1

BLOGS, TWITTER, ORKUT E OUTROS BURACOS

Existe um “sub-eu” vagando na internet

Por Arnaldo Jabor

Cineasta, crítico, escritor, jornalista e comentarista em diversos jornais. - Não estou no “twitter”, não sei o que é o “twitter”, jamais entrarei neste

terreno baldio e, incrivelmente, tenho 26 mil “seguidores” no “twitter”. Quem me pôs lá? Quem foi o canalha que usou meu nome? Jamais saberei. Vivemos no poço escuro da web. Ou buscamos a exposição total para ser “celebridade” ou usamos esse anonimato irresponsável com nome dos outros. Tem gente que fala para mim: “Faz um blog, faz um blog!” Logo eu, que já sou um blog vivo, tagarelando na TV, rádio e jornais... Jamais farei um blog, este nome que parece um coaxar de sapo-boi. Quero o passado. Quero o lápis na orelha do quitandeiro, quero o gato do armazém dormindo no saco de batatas, quero o telefone preto, de disco, que não dá linha, em vez dos gemidinhos dos celulares incessantes.

Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer. Olho as opiniões, as discussões “online” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente.

O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente, os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas online.

Quero sossego, mas querem me expandir, esticar meus braços em tentáculos digitais, meus olhos no “google”, (“goggles” – olhos arregalados) em órbitas giratórias, querem que eu seja ubíquo, quando desejo caminhar na condição de pobre bicho bípede; não quero tudo saber, ao contrário, quero esquecer; sinto que estão criando desejos que não tenho, fomes que perdi. Estamos virando aparelhos; os homens andam como robôs, falam como microfones, ouvem como celulares, não sabemos se estamos com tesão ou se criam o tesão em nós. O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecnociência nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas vivas, chips, pílulas para tudo, enquanto a barbárie mais vagabunda corre solta no País, balas perdidas, jaquetas e tênis roubados, com a falsa esquerda sendo pautada pela mais sinistra direita que já tivemos, com o Jucá e o Calheiros botando o Chávez no Mercosul para “talibanizar” de vez a América Latina. Temos de ‘funcionar’ – não viver. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias do tráfico entre chips e “websites”.

ESCRITORES FANTASMAS

O leitor perguntará: “Por que este ódio todo, bom Jabor?” Claro que acho a revolução digital a coisa mais importante dos séculos. Mas estou com raiva por causa dos textos apócrifos que continuam enfiando na internet com meu nome.

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Já reclamei aqui desses textos, mas tenho de me repetir. Todo dia surge uma nova besteira, com dezenas de e-mails me elogiando pelo que eu “não” fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam – “Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro...’”

“Não fui eu...”, respondo. Elas não ouvem e continuam: “Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite...”Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: “Ah... É teu melhor texto...” – e vão embora, rebolando, felizes.

Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “antispam” para bobagens.

Vejam mais o que “eu” escrevi: “As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!”... Luto dia e noite contra cacófatos e jamais escreveria “cós acaba!”. Mas, para todos os efeitos, fui eu. Na internet eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno... (dirão meus inimigos: “Finalmente, ele se encontrou...”)

Vejam as banalidades que me atribuem: “Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”

Ou: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”

Ainda sobre a mulher: “São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades.”

Há um texto bem gay sobre os gaúchos, há mais de um ano. Fui “eu”, a mula virtual, quem escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.

Esta semana descobri mais. Há um texto rolando (e sendo elogiado) sobre “ninguém ama uma pessoa pelas qualidades que ela tem” ou outro em que louvo a estupidez, chamado “Seja Idiota!”...

Mas o pior são artigos escritos por inimigos covardes para me sujar. Há um texto de extrema direita, boçal, xingando os brasileiros, onde há coisas como: “Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de 90 reais mensais para não fazer nada, não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. 90% de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora... O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro – gosta de apanhar...”

E o pior é que muita gente me cumprimenta pela “coragem” de ter escrito esta sordidez.

Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi. Na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista. É bonito isso?

Fonte: Estadão.com.br

03 de novembro de 2009 16h 55

Após a leitura do Artigo de Opinião, identifique:

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a) Qual o veículo de publicação desse artigo?

b) Você conhece ou já teve contato com outra publicação feita por

este veículo?

c) Quem é o(a) autor(a) desse texto?

d) Além do nome, há mais informações sobre ele(a) que você

pode identificar?

e) Qual é o assunto (polêmica) principal desse artigo?

f) Como o(a) autor(a) se posiciona diante do assunto?

g) Quem é o público leitor?

h) Qual a importância, para o leitor, do tema discutido neste

artigo?

i) Que tese o(a) autor(a) defende?

j) Quais os argumentos o(a) autor(a) usa para persuadir o leitor e

justificar sua posição?

k) Qual é o trecho que você considera que apresenta o argumento

de maior autoridade? Como você chegou a essa conclusão?

Há, no texto, alguma pista que levou você a essa resposta?

Qual?

l) Qual é o objetivo do(a) autor(a) desse artigo?

Comumente, ouvimos no rádio, assistimos na TV ou lemos nas revistas ou

nos jornais, temas polêmicos, os quais incitam uma tomada de posição. Geralmente,

o ponto de vista do locutor sobre tais temas é apresentado através do artigo de

opinião.

Dessa forma, devemos estar preparados para produzir esse tipo de texto, pois

em algum momento poderão surgir oportunidades ou necessidades de expressar

nossas ideias pessoais por meio da linguagem escrita.

Nos gêneros predominantemente argumentativos, o autor geralmente tem

como objetivo convencer seus interlocutores e, para isso, ele precisa apresentar

argumentos consistentes, esclarecer as causas, as razões, os motivos que levam a

aquela opinião. Para tanto, o autor pode usar dados estatísticos, provas, resultados

científicos, recorrendo a um aporte teórico a partir de especialistas na área etc. O

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artigo de opinião é centrado no posicionamento do autor sobre o assunto exposto.

3 SELEÇÃO DE UMA AMOSTRA DO GÊNERO

Professor (a):

A fim de aprofundarmos um pouco mais o conhecimento sobre o gênero,

explore mais um texto, a partir de questões críticas que exijam do aluno leitura e

reflexão.

Texto 2

Combate à cyberpedofilia Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23905. Folha de Londrina, 08/10/2007 Jean Ubiratan (Consultor de Segurança em TI em Porto Alegre)

3.1 Contexto de produção e função social do gênero

Atividade 1:

a) Quem é o autor do texto e qual seu papel social?

b) Quem são os seus interlocutores?

c) Qual é o veículo utilizado para a publicação desse texto?

d) Qual é a polêmica abordada pelo autor?

e) O tema tem relação com nossa realidade? Explique.

f) O papel social do autor do texto influencia no seu posicionamento? Por quê?

g) Quais argumentos o autor usa para interferir na posição do interlocutor?

h) Qual dos argumentos utilizados você considera mais persuasivo?

Professor (a):

Questões Polêmicas Nesta etapa, os alunos irão trabalhar com a identificação de questões

polêmicas, reconhecer e analisar alguns tipos de argumentos.

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Inicialmente, proponha aos alunos que escrevam e depois façam a leitura de

questões polêmicas e selecione aquelas relacionadas ao meio em que vivem.

Não se esqueça de lembrar os alunos que toda questão polêmica sugere:

Confronto entre pontos de vista diferentes sobre um mesmo assunto;

Merece ser discutida por sua relevância social;

Mobiliza um grupo ou segmento social;

Não tem uma única resposta;

Cada pessoa pode concordar ou não com a questão por diferentes razões.

As questões deverão ser discutidas com os alunos, a fim de que a turma

desenvolva a compreensão do que é uma questão polêmica e como assumir uma

posição diante de cada uma delas.

É muito importante, durante a análise das questões polêmicas com os

alunos, chamar a atenção para a importância de uma estratégia argumentativa

adequada em um debate.

Atividade 1

a) Anote em seu caderno três questões polêmicas e discuta sobre elas.

3.2 Análise do plano global e da estrutura composicional

Professor (a):

Nesta etapa, a intenção é trabalhar com os alunos a estrutura composicional do

artigo de opinião.

Atividade 1:

A fim de defender sua opinião a respeito do assunto, o autor utiliza-se de

argumentos para mostrar que muitas vezes crianças e adolescentes são alvos de

pedofilia. Assinale os argumentos usados por ele que comprovam esta afirmação

em destaque.

a) ( ) “[...] mais de mil sites mensais são relacionados a este tipo de crime e 76%

dos pedófilos do mundo estão no País. Isso demonstra, cada vez mais, que há

uma necessidade iminente em divulgar meios de alertar os responsáveis sobre

como impedir que algo do gênero possa acontecer simplesmente por omissão”.

(linhas 5, 6, 7,8).

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b) ( ) “Para leigos no assunto é praticamente impossível identificar quem está do

outro lado flertando com o seu filho. Isso faz com que a denúncia de casos

referentes a este tema também sejam muito mais difíceis, muito em razão de

não localizar quem o está fazendo” (linhas 11, 12, 13, 14).

c) ( ) “Em locais públicos responsáveis por prover acesso às pessoas como, por

exemplo, em escolas ou lan house, é essencial que existam regras para o bom

uso da internet”. (linhas 21, 22, 23)

Atividade 2

a) Identifique no texto a tese apresentada pelo autor, ou seja, a questão polêmica,

os argumentos usados para defender seu posicionamento em relação ao tema e

a sugestão que o autor oferece aos pais. Complete essas informações na tabela

abaixo.

Tese

Argumentos utilizados

Sugestão do autor para os

pais

b) Identifique, no artigo de Jean Ubiratan, quais partes correspondem a:

Apresentação da tese a ser defendida;

Apresentação dos argumentos que irão sustentar a tese;

Retomada da tese apresentada inicialmente;

Conclusão.

c) O autor usa no parágrafo os pronome “isso” (linha 7) e “esses” (linha 28). A que

estes pronomes estão se referindo?

d) A extração de ideias principais, na leitura de um texto, é importante para sua

compreensão e por isso encontre, em cada um nos fragmentos retirados do

texto, a informação central.

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“Uma das maiores vantagens dos atuais crimes virtuais é o anonimato. Para

leigos no assunto é praticamente impossível identificar quem está do outro

lado flertando com o seu filho”. (linhas 10,11,12)

“O crescente aumento da mídia sobre o combate à pedofilia via internet e a

recente apresentação do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP)

à embaixada americana de um documento que indica o Brasil no topo da lista

de cyberpedófilos, fazem refletirmos sobre o assunto”. (linhas 1,2,3,4)

3.3 Estilo linguístico

Professor (a):

O gênero que estamos estudando é caracterizado por uma grande

quantidade de elementos coesivos. Segundo Koch (2009), a coesão se refere a

uma relação semântica entre um elemento do texto e algum outro elemento

crucial para o estabelecimento de relações de sentido. Nos exercícios

seguintes, vamos apresentar alguns elementos coesivos denominados de

referenciais que, segundo a autora, referenciam (retomam ou antecipam)

elementos – palavras expressões ou fragmentos mencionados no texto.

COESÃO REFERENCIAL

Atividade 1:

Leia o fragmento abaixo:

“Os dados apresentados nesse estudo são assustadores: mais de mil sites mensais

são relacionados a este tipo de crime e 76% dos pedófilos do mundo estão no País”

a) A palavra “nesse” e “este” (linhas 5 e 6) recuperam que informação do texto,

escrita anteriormente?

b) Para compreender o sentido de algumas palavras, temos que localizar

informações apresentadas anteriormente no texto. Observe a palavra “isso” (linha 6)

destacada no fragmento que segue. Identifique qual (is) termo(s) ela retoma.

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1-“Isso demonstra, cada vez mais, que há uma necessidade iminente em divulgar

meios de alertar os responsáveis sobre como impedir que algo do gênero possa

acontecer simplesmente por omissão”.

c) Sobre a tirinha 562 da Mafalda que pode se entrada no site:

http://clubedamafalda.blogspot.com.br/.

1-Identifique o pronome possessivo usado na tirinha.

2-Qual é o referente desse pronome no texto?

3-O pronome encontrado na tirinha pode ser substituído por “neste”, sem alterações

de sentido? Explique.

4- Identifique o pronome indefinido presente nesta tira.

OPERADORES ARGUMENTATIVOS

Observe, no fragmento a seguir, os termos em destaque:

Outro fator importante é quanto à disposição física do computador, pois uma localização mais pública na casa ajuda, em muito, o controle.

Atividade 1

a) Quanto ao primeiro termo destacado, assinale a alternativa correta:

( ) É usado para não repetir o que já foi dito anteriormente.

( ) Serve para introduzir mais um argumento.

( ) Marca oposição entre dois enunciados.

( ) Introduz uma explicação.

Professor (a):

O termo (pois) tem como função introduzir uma explicação ou

justificativa em relação ao enunciado dito anteriormente.

Abaixo, apresentamos uma síntese dos principais tipos de operadores,

segundo Koch (2011, p. 30-44):

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a) operadores que assinalam o argumento mais forte dentro de uma

escala que direciona para determinada conclusão: até, mesmo, até mesmo,

inclusive.

b) operadores que somam argumentos a favor de uma mesma

conclusão: e, também, ainda, não só, mas também.

c) operadores que introduzem uma conclusão relacionada a um

argumento apresentado anteriormente: portanto, logo, pois.

d) operadores que permitem introduzir argumentos alternativos e levam

a conclusões opostas ou diferentes: ou, ou então, quer...quer.

e) operadores que estabelecem relações de comparação entre

elementos, visando atingir determinada conclusão: mais que, tão...como.

f) operadores que introduzem uma justificativa ou explicação: porque, já

que, pois.

g) operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões

contrárias: mas (porém, contudo, todavia, entre outros), embora (se bem que,

ainda que, posto que, entre outros).

h) operadores que introduzem conteúdos pressupostos: já, ainda,

agora.

i) operadores que, de acordo com a maneira que foram empregados,

podem tanto estabelecer uma conclusão positiva, quanto uma conclusão

negativa: tudo, todos (afirmação), nada, nenhum (negação).

Atividade 2

a) A expressão “pois” introduz a ideia de explicação ou justificativa ao que foi dito no

enunciado anterior. Que outra palavra poderia substituir essa expressão sem

alteração do sentido?

c) No texto 2 há outros operadores argumentativos. Identifique-os e explique a

relação de sentido estabelecida por eles.

d) Complete as frases abaixo usando um termo adequado ao contexto da frase que

aparece no abaixo:

no entanto – inclusive - uma vez que – apesar de - caso contrário

1- _________que seja um crime a cyberpedofilia vem aumentando cada dia mais.

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2- É preciso que os pais estejam atentos quando seus filhos navegam na Internet;

_________, estes serão um alvo muito fácil para os pedófilos.

3- A mídia tem alertado os pais quanto à pedofilia. __________, caos de abuso

contra crianças vem crescendo cada dia mais.

4- Os criminosos virtuais agem sem medo, __________ é difícil encontrá-los.

5- Os pais devem tomar diversos cuidados para evitar que seu filho seja alvo fácil

dos pedófilos, entre esses, prestar atenção nas amizades, ________ as virtuais.

Para tanto, o local em que fica o computador deve ser o mais público possível.

MODALIZADORES

Professor (a):

Na produção de um discurso, o autor manifesta suas intenções e atitudes

a partir do uso de modalizadores, os quais segundo Koch (2011, p. 50), são

“importantes na construção do sentido do discurso e na sinalização do modo

como aquilo que se diz é dito”.

Entre as palavras que podem funcionar como modalizadores do discurso,

estão:

Sempre... Mesmo...

Felizmente... Também...

É permitido que... Tão como...

Certamente... Posto que...

Pouco... Apenas...

Muito... Quase...

Mesmo... Posso afirmar que...

Portanto... Provavelmente...

Logo... É necessário...

Até... É possível....

É importante antes de introduzir o exercício abaixo, para que os alunos

tenham condições de fazê-lo, que o professor explore mais o conteúdo.

Atividade 1

Observe os fragmentos do texto 2 e destaque os modalizadores encontrados.

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a) Infelizmente, a realidade é forte e se não houver cuidados com os filhos, enquanto

navegam na internet, alguém acabará os vigiando via esse meio.

b) Uma das maiores vantagens dos atuais crimes virtuais é o anonimato. Para leigos

no assunto é praticamente impossível identificar quem está do outro lado flertando

com o seu filho.

c) Em locais públicos responsáveis por prover acesso às pessoas como, por

exemplo, em escolas ou lan house, é essencial que existam regras para o bom

uso da internet.

d) Esses cuidados, com certeza, aumentam a percepção de segurança em relação

aos filhos.

Atividade 2

a) Explique qual o papel dos modalizadores no texto.

4 PRODUÇÃO E REESCRITA DE TEXTOS

O autor do texto “Combate à cyberpedofilia”, Jean Ubiratã, orienta os pais

sobre alguns cuidados que podem ser tomados para evitar a exposição de uma

criança ou de um adolescente à pedofilia, como: saber por onde andam, com quem

falam, os locais frequentados, o que fazem.

Apesar disso, sabemos que muitos adolescentes não gostam de serem

monitorados enquanto navegam na Internet. Você, enquanto adolescente, é contra

ou favor dos pais “ficarem atentos” aos seus filhos enquanto estão navegando?

Combine com seus colegas e formem dois grupos: um com alunos que assumem

posição contrária à atitude dos pais que ficam atentos quando os filhos navegam na

Internet e um com aqueles que são favoráveis aos cuidados dos pais neste sentido.

Depois, listem os argumentos que utilizariam para defender sua opinião.

Após esta etapa e depois de toda leitura a respeito do tema, individualmente,

você deverá elaborar seu próprio artigo de opinião sobre a “Os cuidados dos pais no

combate a Cyberpedofilia”, a partir da apresentação de argumentos consistentes.

Professor (a):

Oriente os alunos que, para desenvolver argumentos consistentes, eles

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poderão utilizar vários recursos, como trazer ideias de um especialista no

assunto, exemplificar fatos ocorridos que tenham relação com a questão

colocada, apresentar provas etc.

Após a produção inicial dividir os alunos em grupos e retomar os textos

através de leitura, discussões sobre os mesmos e revisão. Solicitar que cada

aluno reescreva seu texto e novamente fazer revisão final.

5 CIRCULAÇÃO DO GÊNERO NA SOCIEDADE

Após a produção final, já revisada, serão selecionados pelos alunos, com o

acompanhamento do professor, alguns artigos de opinião para serem publicados no

blog encontrado no seguinte endereço:

http://blogprofessoresdomarques.blogspot.com.br/.

REFERÊNCIAS

AMOP – Associação dos Municípios do Oeste do Paraná. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora Terezinha da Conceição Costa-Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007a. Caderno Pedagógico 1.

__________________. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa nas séries iniciais. [Organizadora Terezinha da Conceição Costa-Hübbes]. Cascavel: ASSOESTE, 2007b. Caderno Pedagógico 2.

_________________. Departamento de Educação. Sequência Didática: uma proposta para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Fundamental – Anos iniciais. [Organizadoras Terezinha da Conceição Costa-Hübbes; Carmen Teresinha Baumgärtner]. Cascavel: ASSOESTE, 2009. Caderno Pedagógico 3.

JABOR, A. Blogs, twitter, orkut e outros buracos : Existe um “sub-eu” vagando. Fonte: Estadão.com.br. 03 de novembro de 2009 16h 55.

KOCH, I. G. V. Argumentação e linguagem. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2011. ___________. A coesão textual. Contexto: São Paulo, 2009.

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ENDEREÇOS ELETRÔNICOS

Clube da Mafalda. http://clubedamafalda.blogspot.com.br/ UBIRATÃ, J. Combate à cyberpedofilia. Folha de Londrina, 08/10/2007. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=23905 Acesso em: 18 out. 2012.