FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA JORGE LUIZ CERQUEIRA FERNANDES ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA FAB: uma abordagem de terceirização Rio de Janeiro 2012

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

JORGE LUIZ CERQUEIRA FERNANDES

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA FAB:

uma abordagem de terceirização

Rio de Janeiro 2012

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JORGE LUIZ CERQUEIRA FERNANDES

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA FAB:

uma abordagem de terceirização

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. ORIENTADOR: Coronel-Intendente R1 Aer Antonio

Celente Videira

Rio de Janeiro 2012

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C2012 ESG

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

_________________________________

Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Fernandes, Jorge

Estrutura de manutenção na FAB: uma abordagem de terceirização / Cel Eng Jorge Luiz Cerqueira Fernandes - Rio de Janeiro : ESG, 2012.

65 f.: il. Orientador: Cel Int R1 Aer Antonio Celente Videira Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2012.

1. Estrutura de manutenção. 2. Indústria de defesa. 3. Manutenção de

aeronaves. 4. Terceirização. I.Título.

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A minha família, que apoiou e incentivou

as minhas atividades desenvolvidas na

ESG, em especial a minha esposa

Felicidade, pela compreensão nos

momentos de minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

Ao Corpo Permanente da ESG e aos demais palestrantes e conferencistas do

CAEPE 2012 pela convivência e pelos conhecimentos que contribuíra,

sobremaneira, para que eu formasse uma visão mais abrangente e profunda do

nosso país.

Aos colegas da Turma Programa Antártico Brasileiro – Turma PROANTAR -

pela amizade, camaradagem e aprendizado contínuo durante todo o período do

curso, marcado por um convívio extremamente agradável e harmonioso.

Ao meu orientador, Coronel Intendente R1 Aer Antonio Celente Videira, pelas

orientações precisas e, sobretudo, pela tranquilidade e pela confiança

transmitidas ao longo de todo o período de desenvolvimento deste trabalho.

Finalmente, aos meus amigos e companheiros de trabalho na FAB que, com

seu conhecimento, experiência e comprometimento, tiveram um papel

substancial no aprimoramento da minha atividade profissional.

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Os países que forem apanhados despreparados para a guerra perceberão, quando esta eclodir, que não só será demasiado tarde para se prepararem, mas que nem sequer poderão captar o seu sentido.

Giulio Douhet

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RESUMO

A presente monografia trata da terceirização das atividades de manutenção da frota

da FAB, com o objetivo de alavancar, de modo sustentável, a indústria nacional de

material de defesa, em consonância com as estratégias do Ministério da Defesa e

sem comprometer a disponibilidade da frota da FAB. Nesse sentido, realiza,

inicialmente, uma analise dos conceitos de manutenção de aeronave, das

peculiaridades da frota e da estrutura de manutenção da FAB, da situação das

empresas nacionais de manutenção aeronáutica e das principais legislações

relacionadas à indústria de defesa. Com base nessa análise avalia a capacidade da

estrutura de manutenção da FAB e das empresas para a realização das atividades

de manutenção on aircraft e off aircraft. O resultado dessa avaliação indica que a

estrutura da FAB está adequada para realizar as manutenções on aircraft, porém, no

que tange à manutenção off aircraft, não contempla todos os componentes das

aeronaves e não suporta integralmente a demanda de serviços associada, sendo

necessário aumentar a sua capacidade ou repassar parte dessa demanda para as

empresas. No caso das empresas, constata que possuem potencial para uma maior

participação na produção de componentes para a FAB. A conclusão identifica uma

abordagem de terceirização das atividades de reparo / revisão de componentes

como necessária, adequada e oportuna para a FAB, permitindo o aproveitamento do

potencial das empresas nacionais de manutenção aeronáutica nessa área e, ainda,

o atendimento das diretrizes de governo para a indústria de defesa.

Palavras chave: Estrutura de manutenção. Indústria de defesa. Manutenção de

aeronaves. Terceirização.

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ABSTRACT

This monograph deals with the outsourcing of FAB's fleet maintenance activities, with

the aim of leveraging, sustainably, the domestic industry of defense material, in line

with the strategies of the Ministry of Defense and without compromising the

availability of the FAB’s fleet. In this sense, conducts an initial analysis of the

concepts of aircraft maintenance, of the characteristics of the FAB's fleet and its

structure of maintenance, of the situation of domestic companies of aircraft

maintenance and of the major laws related to the defense industry. Based on this

analysis evaluates the ability of FAB and of the companies to carry out “on aircraft”

and “off aircraft” maintenance activities. The result of this evaluation indicates that the

maintenance structure of FAB is adequate to perform “on aircraft” maintenance,

however, when it comes to “off aircraft” maintenance, does not address all

components of aircraft and does not fully support the demand of associated services,

with a need to increase FAB’s capacity or to transfer this demand for businesses. In

the case of companies, indicates a potential for greater participation in the production

of components for the FAB. The conclusion identifies an approach for the outsourcing

of the activities of repair and overhaul of components of as necessary, appropriate

and timely for the FAB, allowing use of the potential of domestic companies of aircraft

maintenance for this area and also meet the government’s guidelines for industry of

defense.

Key words: Aircraft maintenance. Defense industry. Maintenance structure.

Outsourcing.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Fases do ciclo de vida de um sistema de armas ................................ 15 FIGURA 2 Ilustração em corte do Legacy 600 .................................................... 20 FIGURA 3 Ilustração em corte de aeronave comercial (A380-800) ..................... 25 FIGURA 4 Ilustração em corte de aeronave militar (F-15) ................................... 26 FIGURA 5 Resumo da abordagem de terceirização ............................................ 57 FIGURA 6 Detalhamento do total de custos de manutenção das linhas aéreas . 58

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Quantidade de aeronaves da frota FAB por projeto ....................... 27 GRÁFICO 2 Percentual de projetos por país de origem..................................... 28 GRÁFICO 3 Percentual da quantidade de aeronaves por país de origem ......... 28 GRÁFICO 4 Distribuição da idade da frota FAB por projeto ............................... 29 GRÁFICO 5 Caracterização dos planos de manutenção da frota FAB .............. 30 GRÁFICO 6 Evolução do efetivo de Oficiais dos Parques ................................. 35 GRÁFICO 7 Evolução do efetivo de Graduados dos Parques ........................... 35 GRÁFICO 8 Evolução do efetivo de Civis do COMAER .................................... 36 GRÁFICO 9 Situação da implantação dos reparáveis da FAB nas oficinas ....... 37 GRÁFICO 10 Tamanho das empresas certificadas pela FAB .............................. 44 GRÁFICO 11 Capacidade das empresas certificadas pela FAB .......................... 45 GRÁFICO 12 Atuação das empresas certificadas pela FAB ................................ 46

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Insumos necessários por tipo e nível de manutenção ......................... 24 Tabela 2 Síntese das atividades dos PAMA ........................................................ 34 Tabela 3 Lista de padrões e classes de manutenção adotados pela ANAC ....... 47 Tabela 4 Principais aspectos / características levantadas neste trabalho ........... 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANAC Agência Nacional de Aviação Civil

BID Base Industrial de Defesa

COMAER Comando da Aeronáutica

COMGAP Comando Geral de Apoio

DIRMAB Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico

DCTA Departamento de Ciência e Tecnologia da Aeronáutica

DoD Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América

DSM Destacamento de Suprimento e Manutenção

EAS Equipamento de Apoio de Solo

EEAR Escola de Especialistas da Aeronáutica

EMAER Estado-Maior da Aeronáutica

EMD Estado-Maior de Defesa

END Estratégia Nacional de Defesa

ESM Esquadrão de Suprimento e Manutenção

FA Força(s) Armada(s)

FAA Federal Aviation Administration (Administração Federal da Aviação)

FAB Força Aérea Brasileira

MCTI Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

MD Ministério da Defesa

NSCA Norma de Sistema do Comando da Aeronáutica

PAMA Parque de Material Aeronáutico

PDN Política de Defesa Nacional

PNID Política Nacional da Indústria de Defesa

RBHA Regulamento Brasileiro de Homologação Aeronáutica

SILOMS Sistema Integrado de Logística de Material e de Serviços

SINAMOB Sistema Nacional de Mobilização

UNASUL União de Nações Sul-Americanas

USAF United States Air Force (Força Aérea dos Estados Unidos)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................ 14 1.2 QUESTÃO A SER PESQUISADA ................................................................... 16 1.3 LIMITAÇÃO DO TRABALHO .......................................................................... 17 1.4 HIPÓTESES ................................................................................................... 17 1.5 METODOLOGIA ............................................................................................. 18

2 MANUTENÇÃO DE AERONAVES ................................................................. 19

2.1 CONCEITUAÇÃO ........................................................................................... 19 2.2 CLASSIFICAÇÃO e CARACTERIZAÇÃO ...................................................... 20 2.3 INSUMOS NECESSÁRIOS ............................................................................ 23 2.4 DUALIDADE CIVIL E MILITAR ....................................................................... 25

3 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA FAB ................................................... 27

3.1 CARACTERÍSTICAS DA FROTA DA FAB ...................................................... 27

3.1.1 Composição da frota .................................................................................... 27

3.1.2 Demanda de manutenção ............................................................................ 30

3.2 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO .................................................................. 31

3.2.1 Síntese histórica da estrutura de manutenção .......................................... 31

3.2.2 Situação atual ............................................................................................... 33

4 INDUSTRIA DE DEFESA NACIONAL ........................................................... 39

4.1 REVISÃO DA DOCUMENTAÇÃO GOVERNAMENTAL ................................. 39

4.1.1 Estratégia Nacional de Defesa (END) .......................................................... 39

4.1.2 Política Nacional da Indústria da Defesa (PNID) ........................................ 41

4.1.3 Lei de Compras Governamentais ................................................................ 41

4.1.4 Legislação específica para aquisição de produtos de defesa .................. 42

4.1.5 Resolução CAMEX Nº 78/2011 ..................................................................... 42

4.2 EMPRESAS NACIONAIS DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICA .................... 43

4.2.1 Empresas de manutenção aeronáutica certificadas pelo COMAER ........ 44

4.2.2 Empresas de manutenção aeronáutica certificadas pela ANAC .............. 46

5 IDENTIFICAÇÃO DA ABORDAGEM DE TERCEIRIZAÇÃO ......................... 48

5.1 SÍNTESE DOS ASPECTOS LEVANTADOS ................................................... 48 5.2 AVALIAÇÃO SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO DA FAB ........ 48

5.2.1 Manutenção on aircraft de nível Orgânico ................................................. 48

5.2.2 Manutenção on aircraft de nível Base ......................................................... 50

5.2.3 Manutenção on aircraft de nível Parque ..................................................... 52

5.2.4 Manutenção off aircraft ................................................................................ 53

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5.2.5 Síntese da avaliação ..................................................................................... 56

5.3 DESCRIÇÃO DA ABORDAGEM DE TERCEIRIZAÇÃO IDENTIFICADA ...... 58

6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 60

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 63

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TRABALHO

O programa de manutenção de uma aeronave, em particular de uma

aeronave militar, decorre da complexidade técnica da sua estrutura e dos seus

sistemas e respectivos componentes, incluindo aqueles associados ao sistema de

armamento, bem como dos requisitos de suporte logístico, no ciclo de vida,

estabelecidos e adotados à época do projeto.

Desse modo, considerando que a Força Aérea Brasileira (FAB) possui uma

frota altamente diversificada, com mais de 30 tipos de aeronaves, de várias idades,

utilizações, origens e concepções tecnológicas, é natural que existam no Comando

da Aeronáutica (COMAER) diversas soluções de suporte logístico à operação da

frota da FAB, implantadas historicamente com base nos requisitos operacionais e

técnicos desses sistemas de armas, nas restrições contratuais de aquisição e na

capacidade industrial de apoio logístico disponível no Brasil no período de

implantação do projeto.

Por outro lado, com o estabelecimento da Política de Defesa Nacional

(PDN), da Estratégia Nacional de Defesa (END) e da Política Nacional da Indústria

de Defesa (PNID), foram definidas orientações de médio e longo prazo para o

desenvolvimento da indústria nacional de defesa, que também inclui as empresas

prestadoras de serviços de manutenção na Base Industrial de Defesa (BID).

Nesse contexto, entre outros aspectos, a Política de Defesa Nacional

considera que a expressão militar do Brasil, além da capacidade instalada nas

Forças Armadas, fundamenta-se também no potencial dos recursos nacionais

mobilizáveis e, nesse sentido, que o desenvolvimento da indústria nacional de

defesa, incluindo o domínio de tecnologias de uso dual, é essencial para assegurar o

abastecimento de materiais e serviços de interesse para a defesa.

Desdobrando essa abordagem, a Estratégia Nacional de Defesa, no seu

segundo eixo estruturante, prospecta que as necessidades de equipamento das

Forças Armadas sejam atendidas por meio de tecnologias sob domínio nacional e

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reforça, nesse sentido, a necessidade da reorganização da indústria nacional de

material de defesa, estabelecendo, entre outras, as seguintes principais diretrizes:

a) capacitação da indústria nacional de material de defesa por meio de

regime especial de contratação;

b) centralização de aquisições;

c) incentivo de competição no mercado exterior para aumento de escala de

produção;

d) parcerias estratégicas com empresas estrangeiras para domínio de

novas tecnologias; e

e) estimulo de iniciativas conjuntas entre organizações de pesquisa das

Forças Armadas, instituições acadêmicas nacionais e empresas privadas

brasileiras, de modo a fomentar o desenvolvimento de um complexo

militar-universitário-empresarial capaz de atuar na fronteira de

tecnologias que, normalmente, possuem utilidade dual, militar e civil.

Figura 1: Fases do ciclo de vida de um sistema de armas Fonte: OSD (1992, p. 2-2)

Nesse cenário, considerando que as atividades de manutenção de

aeronaves se caracterizam pelo emprego de muitas metodologias duais, militar e

civil, que são realizadas durante todo o período de operação do produto e que

respondem por uma parte substancial do custo do ciclo de vida, conforme ilustrado

na Figura 1, constata-se que essas atividades podem representar um papel

fundamental para garantir a sustentabilidade da indústria de defesa, que depende de

uma demanda adequada e contínua de produtos e serviços. De acordo com Dellert

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16

(2001, p.8), historicamente 60% do custo total do projeto ocorre na fase de operação

e suporte, sendo os demais custos relativos às fases de investimentos (28%), de

pesquisa e desenvolvimento (8%) e de desativação (4%), podendo ocorrer

pequenas variações nesses percentuais, dependendo do caso concreto.

Desse modo, fica contextualizada a necessidade e a oportunidade de se

rever a estrutura atual de suporte logístico da frota FAB, visando identificar

abordagens que permitam alavancar, de modo sustentável, a indústria nacional de

material de defesa, em consonância com as estratégias emanadas pelo Ministério

da Defesa e sem comprometer a disponibilidade necessária ao cumprimento da

missão da FAB.

Cabe salientar que Martins (2011) já considerou o fortalecimento, no País,

das empresas prestadoras de serviço de manutenção de nível industrial em

equipamentos militares, contudo com um enfoque diverso do pretendido neste

trabalho, focando na necessidade de adequação da legislação relativa à contratação

de materiais e serviços e não na revisão da estrutura de manutenção implantada no

COMAER.

1.2 QUESTÃO A SER PESQUISADA

Em consequência da contextualização apresentada, resultam as seguintes

questões a serem tratadas nesta monografia:

a) Quais as transformações necessárias na estrutura de suporte logístico

da FAB, de modo a contribuir para um crescimento sustentável da

indústria nacional de material de defesa, em consonância com as

estratégias emanadas pelo Ministério da Defesa e sem comprometer a

disponibilidade necessária ao cumprimento da missão da FAB?

b) Quais as eventuais realocações de recursos humanos, no âmbito da

FAB, que poderiam ser realizadas em decorrência de tais

transformações na estrutura de suporte logístico?

As respostas a essas questões permitirão identificar as atividades que

devem ser terceirizadas, resultando, assim, em uma abordagem para a terceirização

das atividades de manutenção da FAB.

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1.3 LIMITAÇÃO DO TRABALHO

O presente estudo abrangerá apenas as atividades relacionadas aos

serviços de manutenção, não tratando das atividades da Base Industrial de Defesa

(BID) voltadas para produtos de defesa.

Não é considerada a manutenção de itens de armamento. Contudo, este fato

não compromete o resultado do trabalho, considerando o pequeno peso desta

atividade em relação à manutenção de itens aeronáuticos.

Além disso, este trabalho está restrito ao âmbito do COMAER, embora a

abordagem realizada neste trabalho possa ser aplicada para análise das atividades

de manutenção realizadas no Exército Brasileiro e na Marinha do Brasil.

1.4 HIPÓTESES

Com base na minha experiência na atividade de suporte logístico da FAB e

no trato com empresas prestadoras de serviço de manutenção de aeronaves e

componentes, entendo que o resultado deste trabalho deverá indicar o seguinte:

a) realização pela FAB, nas suas instalações, das atividades de

manutenção “on a/c”, em todos os níveis;

b) realização pelas empresas nacionais, nas suas instalações, das

manutenções em componentes, incluindo os motores e seus acessórios,

excetuando-se os itens sensíveis (que envolvam conteúdo sigiloso) e

aqueles específicos de projetos próximos à fase de desativação que já

possuem capacitação implantada na FAB ou no exterior; e

c) priorização da capacitação das empresas nacionais, realizadas por meio

de offset, para manutenção de componentes de futuros projetos da FAB.

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18

1.5 METODOLOGIA

Neste trabalho, o processo para identificar as modificações necessárias na

estrutura de manutenção da FAB será baseado em uma reavaliação da atual

distribuição das atividades de manutenção nas oficinas da FAB e nas empresas,

considerando como critério a otimização do uso do potencial humano e material

existente da FAB e nas empresas, para a realização dos diversos serviços de

manutenção, necessários para suporte logístico dos projetos da FAB.

Para tal, a presente pesquisa será dividida nas seguintes etapas:

a) conceituação e classificação da atividade de manutenção de aeronaves,

necessárias ao desenvolvimento da argumentação deste trabalho;

b) identificação dos insumos básicos para a realização da manutenção de

aeronaves e a sua caracterização como atividade dual para aeronaves militares e

civis;

c) caracterização da frota da FAB, de modo a permitir o entendimento dos

vários aspectos que influenciam no delineamento da estrutura de manutenção dessa

frota;

d) descrição da estrutura de manutenção atual da FAB, caracterizando a

sua organização, o seu potencial e a demanda de serviços existentes;

e) levantamento das empresas nacionais voltadas para atividades de

manutenção de aeronaves;

f) revisão da legislação do Ministério da Defesa relacionada à indústria de

defesa;

g) identificação da abordagem de terceirização, por meio da avaliação da

terceirização de cada tipo e nível de atividade de manutenção, com base nos

aspectos e características da frota FAB, da estrutura de manutenção da FAB, das

empresas nacionais de manutenção aeronáutica e da legislação governamental; e

h) adequação da abordagem identificada às perspectivas de desativação

dos projetos e aos aspectos de sigilo.

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19

2 MANUTENÇÃO DE AERONAVES

2.1 CONCEITUAÇÃO

Os produtos industriais são projetados e construídos com base em

especificações técnicas e logísticas de modo a atenderem aos respectivos requisitos

definidos pelo cliente ou identificados pelo fabricante junto ao mercado. Enquanto os

requisitos técnicos estão relacionados diretamente às funcionalidades técnicas

esperadas do produto, os requisitos logísticos buscam, entre outros aspectos,

garantir a prestação de tais funcionalidades durante todo o período de operação

previsto para o produto, ou seja, no ciclo de vida estabelecido para o produto.

É nesse sentido que surge o conceito de manutenção, como um conjunto de

ações, definidas pelo fabricante, necessárias para manter, ou repor, o nível de

prestação do produto, especificado em projeto, durante todo o seu ciclo de vida. A

manutenção preventiva destina-se a assegurar o nível de prestação do produto, por

meio da realização de inspeções, revisões, substituições e outros serviços

programados. A manutenção corretiva, por sua vez, é aquela realizada para

reestabelecer o nível de prestação do produto, por meio de reparos e substituições

de componentes, a partir da observação de falha ou de degradação do desempenho

especificado (ANDERSON; NERI, 1990, p.2).

Para efeito deste trabalho, cabe ressaltar que a realização de ambas as

ações de manutenção, preventiva e corretiva, também classificadas como

programada e não programada, respectivamente, requer a disponibilidade de

materiais de reposição para substituição de eventuais partes do produto que não

mais atendam às especificações técnicas. Tal disponibilidade de material é

particularmente crítica para a manutenção não programada, em razão da sua não

previsibilidade.

Nesse contexto, considerando que a aeronave é um produto complexo, de

alto valor agregado, formado por inúmeros sistemas de várias áreas tecnológicas, e

cuja falha implica quase sempre em acidentes com perdas de vidas humanas e

enorme prejuízo econômico, a elaboração do programa de manutenção da aeronave

pelo fabricante, assim como o seu rigoroso cumprimento pelo operador da aeronave,

Page 21: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

20

reveste-se de fundamental importância para a segurança da atividade aérea, civil ou

militar.

De um modo mais amplo, a atividade de manutenção é definida como um

conjunto de ações ou medidas necessárias à preservação do material, para mantê-lo

em serviço, restituir suas condições de utilização, prover a máxima segurança em

sua operação e estender sua vida útil tanto quanto seja desejável e viável técnica e

economicamente (BRASIL, 2006a, p.9).

2.2 CLASSIFICAÇÃO e CARACTERIZAÇÃO

Conforme já mencionado, uma aeronave é composta por vários sistemas

distintos (elétrico, hidráulico, pneumático, propulsão, navegação, armamento, ...),

cada um formado por vários componentes (bombas hidráulicas, bombas de

combustível, motor, atuadores, válvulas, geradores, rádios, radares, inerciais,

computadores, transponders...), alocados em uma estrutura (airframe), conforme

ilustrado na Figura 2. A quantidade de sistemas, assim como a sua complexidade,

depende diretamente de funcionalidades específicas requeridas pelas operações

para as quais a aeronave foi projetada.

Figura 2: Ilustração em corte do Legacy 600

Fonte: Flight International (www.flightglobalimages.com)

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21

Com base nessa divisão da aeronave (estrutura, sistemas e componentes) e

considerando que apenas os componentes são previstos de serem removidos da

aeronave, a manutenção recebe a seguinte classificação (tipo):

Manutenção na aeronave (on aircraft) – ações de manutenção realizadas

na estrutura ou nos sistemas da aeronave; e

Manutenção em componentes (off aircraft) – ações de manutenção nos

componentes dos sistema ou da estrutura, após serem removidos da

aeronave, realizada em oficina ou em laboratório específico da área

tecnológica componente.

A manutenção on aircraft é caracterizada pela especificidade do projeto da

aeronave (estrutura e sistemas), exigindo técnicos com formação na área

aeronáutica, certificados por autoridade competente (FAA, ANAC) e especializados

na aeronave, bem como publicações técnicas específicas e equipamentos de teste

dedicados (Equipamentos de Apoio de Solo – EAS). Em linhas gerais, destina-se a

assegurar a integridade estrutural e a conformidade do funcionamento dos sistemas,

sendo as eventuais não conformidades solucionadas por meio da substituição ou

reparo dos elementos estruturais danificados ou, no caso de sistemas, por ajustes,

calibrações, correções de software ou substituição dos seus componentes

defeituosos.

A manutenção off aircraft, por sua vez, considerando que os componentes

não são, na maioria das vezes, exclusivos para cada modelo de aeronave, é

caracterizada pela tecnologia de cada componente, a qual define as exigências

relativas à capacitação dos técnicos e aos equipamentos de teste necessários para

a oficina. Em consequência, de modo geral, esses técnicos e equipamentos de teste

podem ser aplicados para a manutenção de outros equipamentos da mesma família

tecnológica. A finalidade dessas ações de manutenção é garantir a conformidade de

funcionamento dos componentes, sendo as não conformidades resolvidas por meio

de ajustes, calibrações, correções de software ou substituição de peças defeituosas.

As atividades de treinamento de pessoal, a aquisição de EAS e a compra de

peças de reposição para a realização das manutenções on aircraft normalmente são

feitas diretamente com o fabricante da aeronave, o que simplifica a implantação da

estrutura de suporte logístico para esse tipo de manutenção. Entretanto, no caso das

manutenções off aircraft, a realização dessas atividades torna-se muito mais

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22

complicada, em razão de ter que ser realizada com dezenas de fornecedores de

componentes da aeronave.

Os tipos de atividades de manutenção, seja on aircraft ou off aircraft,

também são classificados quanto à profundidade das ações de manutenção

realizadas, ou seja, em níveis de atuação (BRASIL, 1995, p.10). Essas

classificações estão especificadas abaixo, tendo sido ressaltados, sem perda de

generalidade, apenas os aspectos que são importantes para parametrizar a análise

objeto deste trabalho.

Manutenção na aeronave (on aircraft)

o Orgânica (line) ou de 1º nível

Ações de verificação simples, realizadas na linha de voo da aeronave.

Normalmente contemplam as inspeções de pré-voo, inter-voo e pós-

voo e, na maioria das vezes, não requerem equipamentos de teste

especiais.

o Base (intermediate) ou de 2º nível

Ações mais complexas de verificação ou reparação, realizadas fora da

linha de voo, em Hangar apropriado, normalmente situado na própria

base de operação da aeronave, e utilizando equipamentos de teste

dedicados à verificação dos sistemas.

o Parque (depot) ou de 3º nível

Todas as ações de manutenção que constam do Programa de

Manutenção da aeronave, bem como as ações de reparo estrutural e

de sistemas, que demandam meios humanos e materiais que

extrapolam aqueles disponíveis na manutenção nível Base.

Normalmente é realizada em uma organização industrial dedicada a

essa atividade (Depot), denominada na FAB de Parque de Material

Aeronáutico (PAMA).

Manutenção em componentes (off aircraft)

o Orgânica (line) ou de 1º nível

Ações simples de verificação de funcionalidade em bancada de teste

da oficina, compreendendo, basicamente, procedimentos de aceitação

e de calibração.

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23

o Base (intermediate) ou de 2º nível

Normalmente compreende ações de identificação de módulos ou

cartões não conformes no componente, e sua respectiva substituição,

disponibilizando o componente para operação. É realizada em oficina,

utilizando as bancadas de teste associadas ao componente.

o Parque (depot) ou de 3º nível

Ações de inspeção e reparo dos módulos ou cartões identificados

como não conformes na manutenção off aircraft de 2º nível. É realizada

em oficina, utilizando as bancadas de teste associadas ao componente

ou aquelas específicas dos módulos ou cartões, dependendo da

abrangência das bancadas existentes. Esta classificação também se

aplica aos componentes sujeitos à revisão geral e não modulares.

2.3 INSUMOS NECESSÁRIOS

De um modo geral e sintético, a realização das atividades de manutenção

demanda os seguintes elementos de suporte logístico (insumos):

a) programa de manutenção formal (o quê e quando);

b) procedimentos formais, estabelecidos nos manuais de manutenção

(como);

c) Instalações adequadas à realização dos serviços (aonde);

d) equipamentos de suporte específicos, como ferramentas, padrões e

equipamentos de teste (com que);

e) peças de reposição (com que);

f) pessoal especializado (quem); e

g) sistema de controle de materiais e serviços (rastreabilidade /

confiabilidade).

A gradação da demanda de cada um desses elementos de suporte logístico,

contudo, depende da complexidade da aeronave e do tipo (on ou off aircraf) e nível

(Orgânico, Base ou Parque) da manutenção sendo realizada.

Page 25: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

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Com base na discussão da classificação e caracterização das atividades de

manutenção, a Tabela 1 sintetiza, de modo qualitativo, os insumos necessários para

cada tipo e nível de manutenção de uma aeronave.

Dentro do contexto deste trabalho, cabe ressaltar que a diferença principal

entre os níveis Orgânico, Base e Parque das manutenção on aircraft decorre da

crescente complexidade das inspeções estruturais, que exige uma maior

desmontagem da aeronave.

Tabela 1: Insumos necessários por tipo e nível de manutenção

On Off On Off On Off

Hangar S N S N S N

Manuais de manutenção da aeronave S N S N S N

Programa de manutenção da aeronave S N S N S N

Técnicos treinados na aeronave (sistemas e estrutura) S N S N S N

EAS gerais de manutenção – Nível 1 S N S N S N

EAS específicos da aeronave – Nível 1 S N S N S N

EAS gerais de manutenção – Nível 2 N N S N S N

EAS específicos da aeronave – Nível 2 N N S N S N

EAS gerais de manutenção – Nível 3 N N N N S N

EAS específicos da aeronave – Nível 3 N N N N S N

Peças de reposição nível aeronave (componentes) S N S N S N

Oficina de apoio à manutenção S N S N S N

Oficina de revisão e reparo de componente N S N S N S

Manuais de manutenção do componente N S N S N N

Manuais de manutenção do componente (componente não modular) N S N S N S

Técnicos treinados no componente N S N S N N

Técnicos treinados no componente (componente não modular) N S N S N S

EAS específicos para calibração do componente N S N S N N

EAS exclusivos para teste GO-NO-GO N S N N N N

EAS exclusivos para manutenção do componente N N N S N N

EAS exclusivos para manutenção do componente (componente não modular) N N N S N S

Peças de reposição nível componente (módulos, cartões) N N N S N N

Peças de reposição nível componente (componente não modular) N N N S N S

Manuais de manutenção módulos e cartões N N N N N S

Técnicos treinados nos módulos e cartões N N N N N S

EAS exclusivos para manutenção dos módulos e cartões N N N N N S

Peças de reposição nível módulo e cartão (resistores, capacitores, ...) N N N N N S

Sistema de controle de material e serviços S S S S S S

ORGÂNICA BASE PARQUE

MANUTENÇÃO

ELEMENTO DE SUPORTE LOGÍSTICO

EAS – Equipamento de apoio de solo, podendo ser um teste ou ferramenta.

Page 26: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

25

2.4 DUALIDADE CIVIL E MILITAR

Uma aeronave militar diferencia-se de uma aeronave civil em razão dos

requisitos peculiares relativos à missão que deverá cumprir. Uma aeronave de caça,

por exemplo, deve suportar elevados valores de fatores de carga e possuir sistemas

de armamento e de autodefesa. Além disso, atualmente as aeronaves militares

possuem um programa de manutenção mais flexível, no qual o fator durabilidade

poderá ser menos considerado quando do emprego real da aeronave. Contudo, em

termos da realização das atividades de manutenção não existem diferenças

substanciais que requeiram uma abordagem diferenciada das conceituações

apresentadas até o momento.

Figura 3: Ilustração em corte de aeronave comercial (A380-800)

Fonte: Flight International (www.flightglobalimages.com)

As Figuras 3 e 4, para efeito de comparação, apresentam ilustrações em

corte de uma aeronave comercial e de uma aeronave de caça, respectivamente.

Page 27: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

26

Com exceção dos itens explosivos, que requerem uma abordagem de

manuseio e preservação peculiar, até mesmo os sistemas de armamento e de

autodefesa podem ser tratados, em termos de manutenção, como os demais

sistemas da aeronave, comuns às aeronaves comerciais (pressurização, navegação,

elétrico, propulsão, hidráulico, etc).

Figura 4: Ilustração em corte de aeronave militar (F-15)

Fonte: Flight International (www.flightglobalimages.com)

Desse modo, no presente trabalho não será feita nenhuma diferenciação

entre as aeronaves militares e aquelas de aplicação dual quando da análise da

organização das atividades de manutenção. Como já ressaltado, não estão

contemplados nesta pesquisa os itens explosivos.

Page 28: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

27

3 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO DA FAB

3.1 CARACTERÍSTICAS DA FROTA DA FAB

3.1.1 Composição da frota

A Frota da FAB é composta por 698 aeronaves, sendo 24 ainda a serem

recebidas, distribuídas por 34 tipos diferentes de aeronaves (denominados de

projetos), conforme dados do Sistema Integrado de Logística de Material e de

Serviços - SILOMS, em 29 Jun. 2012. Embora a quantidade média de aeronaves por

projeto seja de 20 aeronaves, o Gráfico 1 mostra a grande dispersão do tamanho da

frota de cada projeto, exigindo, em alguns casos, a implantação de estruturas de

suporte logístico para frotas com apenas uma aeronave.

0

20

40

60

80

100

120

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A10

A11

A12

A13

A14

A15

A16

A17

A18

A19

A20

A21

A22

A2

3

A24

A25

A26

A27

A28

A29

A3

0

A31

A32

A33

A34

QU

AN

TID

AD

E D

E A

ERO

NA

VES

PROJETOS (Ordenados por idade decrescente)

QUANTIDADE DE AERONAVES DA FROTA FAB POR PROJETO

QUANTIDADE MÉDIA DE AERONAVES / PROJETO - 20

Gráfico 1: Quantidade de aeronaves da frota FAB por projeto

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (jun. 2012)

Page 29: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

28

Outro aspecto que afeta a estrutura de manutenção é a origem diversificada

da frota, demandando relacionamento técnico e comercial com empresas de vários

países. O Gráfico 2 mostra que 91% dos projetos da frota tem origem (fabricação) no

Brasil, EUA e França, ocorrendo uma preponderância de tipos de aeronaves

nacionais (44%), fabricadas pela EMBRAER. Os 9% restantes dos projetos, que

correspondem a três projetos, dividem-se igualmente entre Rússia, Israel e Espanha.

BRASIL44%

EUA26%

FRANÇA21%

ESPANHA3%

RÚSSIA3%

ISRAEL3%

Outra9%

ORIGEM DA FROTA FABPERCENTUAL DE PROJETOS POR PAÍS DE ORIGEM

Gráfico 2: Percentual de projetos por país de origem

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (jun. 2012)

BRASIL; 464; 66,5%

EUA; 141; 20,2%

FRANÇA; 67; 9,6%

ESPANHA; 12; 1,7%

RÚSSIA; 12; 1,7%

ISRAEL; 2; 0,3%

Outra; 26; 3,7%

ORIGEM DA FROTA FABPERCENTUAL DA QTD AERONAVES POR PAÍS DE ORIGEM

Gráfico 3: Percentual da quantidade de aeronaves por país de origem

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (jun. 2012)

Quando se considera a quantidade de aeronaves, a distribuição por país de

origem se mantém qualitativamente a mesma, porém com aumento da proporção

Page 30: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

29

das aeronaves fabricadas no Brasil, EUA e França (96,3%), em particular daquelas

fabricadas no Brasil (66,5%), conforme indicado pelo Gráfico 3.

Um outro aspecto que impacta negativamente o suporte logístico da frota é a

idade das aeronaves. O Gráfico 4 revela uma frota bastante antiga, com idade média

de 23 anos, e muito heterogênea, com aeronaves de 1 ano a 41 anos de utilização,

indicando potenciais problemas de obsolescência e uma demanda de suporte

logístico variado, de modo a atender a uma grande gama de tecnologias, exigindo

um grande esforço gerencial.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A10

A1

1

A1

2

A1

3

A1

4

A1

5

A1

6

A1

7

A1

8

A1

9

A2

0

A2

1

A2

2

A2

3

A2

4

A2

5

A2

6

A2

7

A2

8

A2

9

A3

0

A3

1

A3

2

A3

3

A3

4

IDA

DE

(A

NO

S)

PROJETOS (Ordenados por idade)

DISTRIBUIÇÃO DA IDADE DA FROTA FAB POR PROJETO

IDADE MÉDIA DA FROTA - 23 anos

Gráfico 4: Distribuição da idade da frota FAB por projeto

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (jun. 2012)

Cabe ressaltar, contudo, um fator positivo do ponto de vista da manutenção.

Uma análise da frota revela que 64% das aeronaves foram projetadas para uso

comercial e adaptadas para missão militar, ou seja, apenas 36% da frota é composta

por aeronaves projetadas exclusivamente para uso militar. Tal característica indica

que a FAB pode utilizar, para a manutenção de uma substancial parcela de sua frota,

cerca de 448 aeronaves, a infraestrutura de manutenção existente no mercado para

suporte logístico à operação da aviação civil.

Page 31: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

30

3.1.2 Demanda de manutenção

No cumprimento das suas atividades, a frota da FAB voa anualmente cerca

de 150 mil horas (esforço aéreo anual), o que gera uma substancial carga de

manutenção programada, inspeções horárias da aeronave e seus componentes,

bem como de manutenção não programada, para correção de falhas não previstas,

principalmente em componentes. Soma-se a essa carga de manutenção as

inspeções calendáricas, que são estabelecidas em razão da idade da aeronave ou

de seus componentes, independente de sua utilização.

Enquanto a demanda de manutenção não programada é caracterizada pela

confiabilidade do projeto e pelo ambiente de operação da aeronave, a carga de

manutenção programada depende diretamente do plano de manutenção

programada aeronave, no qual são estabelecidas as inspeções e os respectivos

intervalos de realização.

0,5

5,0

50,0

500,0

0,5 5,0 50,0 500,0

DU

RA

ÇÃ

O D

AS

INSP

EÇÕ

ES /

AER

ON

AV

E (D

IAS)

PERÍODO DAS INSPEÇÕES (MESES)

A25 A4 A27 A3 A2 A11/12 A22/23 A30 A21 A21 A26 A10 A28 A20 A7

A15 A16 A8 A32 A29 A24 A1 A13/14 A5 A9 A17 A18 A19 A33

Gráfico 5: Caracterização dos planos de manutenção da frota FAB

Fonte: Processamento de dados obtidos do Briefing Operacional da DIRMAB (jul. 2011)

Nesse sentido, em relação à manutenção programada on aircraft, o Gráfico

5 apresenta as características de duração e período das principais inspeções dos

Page 32: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

31

planos de manutenção dos projetos da FAB, revelando os impactos de uma frota

com diversas idades e origens no planejamento da manutenção, que deverá

contemplar desde a realização de inspeções de 4 horas a cada 15 dias até

inspeções de 300 dias a cada 5 anos. As inspeções de maior frequência e menor

duração (menor complexidade), primeiro quadrante do gráfico, são aquelas

realizadas no nível Orgânico ou de Base. As demais no nível Base ou Parque,

dependendo da estrutura de manutenção existente para o projeto.

Como ordem de grandeza da carga de manutenção on aircraft, em 2011

estava prevista a realização de cerca de 90 inspeções nível Parque e 960 inspeções

nível Base/Orgânico. No que se refere à manutenção em componentes (off aircraft),

foram trabalhados em 2011 um total de 16.959 componentes reparáveis, sendo

13.372 nas oficinas da FAB, 3.038 em empresas nacionais e 549 em empresas no

exterior, conforme dados do SILOMS (ago. 2012), o que representa um volume de

negócios substancial para o mercado de aviação, considerando o preço de reparo

dos itens aeronáuticos, que possuem um alto valor agregado. Complementando

essa demanda de componentes reparáveis, ao final de 2011 ainda existia uma

demanda reprimida de cerca de 9.615 itens, aguardando para serem recolhidos às

respectivas oficinas, conforme dados das Fichas para Análise de Aeronaves (FAA)

de 2012, da Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB).

3.2 ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO

3.2.1 Síntese histórica da estrutura de manutenção

Os Parques de Material Aeronáutico (PAMA) têm sido, historicamente, a

Organização Central da estrutura de manutenção da FAB. Nesse sentido, são os

encarregados pela gestão de todas as atividades de manutenção dos projetos sob

sua responsabilidade e, em particular, pela execução daquelas atividades de

manutenção de 3º nível (nível Parque).

A origem dessas Organizações Militares confunde-se com a criação do

então Ministério da Aeronáutica, em 1941. Naquele ano, o Parque Central de

Page 33: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

32

Aeronáutica, no Rio de Janeiro, pertencente ao Exército Brasileiro, foi incorporado

ao Ministério da Aeronáutica e passou a denominar-se Parque de Aeronáutica dos

Afonsos, atual Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos (PAMAAF). Do mesmo

modo, também em 1941, o Parque Regional, do 2º Regimento de Aviação, também

foi incorporado ao Ministério da Aeronáutica e recebeu a denominação de Parque de

Aeronáutica de São Paulo, atual Parque de Material Aeronáutico de São Paulo

(PAMASP).

Com a evolução da frota, foram criados, no período de 1947 a 1965, mais

quatro PAMA: Parque de Material Aeronáutico de Recife – PAMARF (1946), Parque

de Material Aeronáutico de Belém – PAMABE (1947), Parque de Material

Aeronáutico de Lagoa Santa – PAMALS (1954) e Parque de Material Aeronáutico do

Galeão – PAMAGL (1965). Contudo, em razão de reestruturação da área logística da

FAB, o PAMABE foi desativado em 2002.

Independente das raízes históricas relativas às criações dos PAMA,

ocorridas no período de 1941 a 1965, um dos fatores que delineou a evolução

dessas organizações militares foi a necessidade de suprir as atividades tecnológicas

não disponíveis no parque industrial nacional. Assim, além das linhas de

manutenção das aeronaves, foram criadas oficinas de suporte tecnológico, seja para

apoio às atividades on aircraft (chapas, galvanoplastia, fundição, selagem, ensaios

não destrutivos, etc.) seja para a realização de inspeção, reparo e revisão de

componentes (hidráulica, pneumática, elétrica, instrumentos, componentes

mecânicos, etc.).

A partir da aquisição de novas aeronaves, com a incorporação de novas

tecnologias, em particular nos sistemas aviônicos, os Parques buscaram se adaptar,

adequando ou mesmo instalando novas oficinas para assegurar a manutenção

desses novos projetos com a menor dependência externa possível. Contudo, manter

essa capacitação das oficinas exige uma contínua atualização dos técnicos e dos

equipamentos de teste, em razão da rápida obsolescência dos componentes, em

especial dos eletrônicos, o que nem sempre é possível em função da carência dos

recursos financeiros e humanos necessários.

No que se refere aos recursos humanos da área de manutenção,

inicialmente o efetivo dos PAMA tinha uma parcela preponderante de civis, na

grande maioria formado por técnicos e artesãos, decorrente das atividades técnicas

demandadas à época da criação dessas Organizações. Contudo, o efetivo de civis

Page 34: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

33

tem sido reduzido substancialmente nos últimos anos, sendo substituídos por

técnicos militares ou suas atividades terceirizadas.

Nos demais níveis de manutenção, Orgânica e Base, as atividades têm sido

realizadas por técnicos militares (Graduados). Para a preparação de tais técnicos, a

FAB conta, desde 1950, com a Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), em

Guaratinguetá, SP. Além da formação de técnicos em especialidades voltadas para a

manutenção (mecânica, estrutura, pintura, eletrônica, suprimento, entre outras),

também são formados técnicos para atuar nas áreas operacional, administrativa,

controle do espaço aéreo e médica.

Quanto ao gerenciamento das atividades de manutenção, historicamente

tem sido realizado por oficiais de diferentes especialidades (aviadores, engenheiros,

intendentes e especialistas) que tiveram a carreira voltada para a área de suporte

logístico.

Conforme já mencionado, os Parques, além de serem responsáveis pela

execução das atividades de manutenção de 3º nível; são também os gestores de

todo o ciclo de suporte logístico dos projetos sob sua tutela, incluídas as atividades

de manutenção de 1º e 2º níveis. Tal gestão é realizada seguindo os procedimentos

estabelecidos pelo Sistema de Material da Aeronáutica (SISMA), criado em 1980,

que tem a Diretoria de Material Aeronáutico e Bélico (DIRMAB) como seu órgão

central.

Nesse contexto, os PAMA possuem o encargo, para os projetos sob sua

responsabilidade, de realizar o planejamento e controle da manutenção, gerenciar a

configuração da frota, prestar suporte de engenharia, estabelecer os procedimentos

de execução das tarefas de manutenção e delinear e prover os EAS e as peças de

reposição necessárias, seja para a manutenção nível Parque como para a

manutenção nível Base e Orgânica, executadas nas Bases Aéreas, por meio de

Destacamento de Suprimento e Manutenção (DSM) e Esquadrões de Suprimento e

Manutenção (ESM), e nas Unidades Aéreas, por meio das suas Seções de Material.

3.3 Situação atual

Atualmente, a FAB conta com cinco Parques de Material Aeronáutico para o

gerenciamento da manutenção da sua frota e execução das atividades de 3º nível de

Page 35: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

34

manutenção. Esses Parques possuem uma atuação muito abrangente,

contemplando atividades de manutenção on aircraft e off aircraft, bem como de

planejamento, controle e análise de engenharia de todas as atividades de

manutenção de seus projetos, conforme sintetizado na Tabela 2.

Tabela 2: Síntese das atividades dos PAMA

ATIVIDADE PAMAAF PAMAGL PAMALS PAMARF PAMASP

C-95 A-1 A-29 AT-26 C-105A

C-97 C/V-99 C-98 R-35 F-5M

AH-2 C/KC-130 G-19 VU-35 F-2000

H/VH-34 E/R-99 G-180 VU-55 VC-1

VH-35 KC-137 T-25 IU-93A VC-2

H-36 P-3AM T-27

H-50 Z-180

H-55

H-60

OFICINAS DE APOIO À MANUTENÇÃO

ON AIRCRAFTPAMAAF PAMAGL PAMALS PAMARF PAMASP

ESTRUTURA SIM SIM SIM SIM SIM

ENSAIO NÃO DESTRUTTIVO SIM SIM SIM SIM SIM

FABRICAÇÃO SIM SIM SIM SIM SIM

PINTURA SIM SIM SIM SIM SIM

LABORATÓRIO QUÍMICO SIM SIM SIM SIM SIM

GALVANOSTEGIA SIM SIM SIM SIM SIM

METROLOGIA SIM SIM SIM SIM SIM

REVISÃO DE COMPONENTES

(MANUTENÇÃO OFF AIRCRAFT )PAMAAF PAMAGL PAMALS PAMARF PAMASP

HIDRÁULICA SIM SIM SIM SIM SIM

PNEUMÁTICA SIM SIM SIM SIM SIM

ELETRÔNICA SIM SIM SIM SIM SIM

ELÉTRICA SIM SIM SIM SIM SIM

INSTRUMENTOS SIM SIM SIM SIM SIM

COMBUSTÍVEL SIM SIM SIM SIM SIM

HÉLICE SIM SIM SIM NÃO SIM

MOTORES SIM NÃO SIM SIM SIM

BANCO DE PROVA MOTOR SIM NÃO NÃO NÃO SIM

COMPONENTES DINÂMICOS SIM NÃO NÃO NÃO NÃO

ASSENTO EJETÁVEL NÃO NÃO SIM SIM SIM

LANÇADORES NÃO NÃO SIM NÃO SIM

OXIGÊNIO E EXTINTORES NÃO NÃO SIM NÃO SIM

PILONES NÃO NÃO NÃO SIM NÃO

GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO PAMAAF PAMAGL PAMALS PAMARF PAMASP

PLANEJAMENTO SIM SIM SIM SIM SIM

SUPRIMENTO SIM SIM SIM SIM SIM

CONTROLE SIM SIM SIM SIM SIM

ENENGENHARIA SIM SIM SIM SIM SIM

MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT

(AERONAVES)

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (2010)

Quanto aos recursos humanos alocados na manutenção, a evolução do

efetivo de oficiais e graduados dos PAMA nos últimos anos, apresentada nos

Page 36: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

35

Gráficos 6 e 7, indica para uma redução do pessoal de gestão e de execução da

área logística, confirmada pelos efetivos de 2012, que são da ordem de 348 oficiais

e 2.558 graduados.

300

320

340

360

380

400

420

440

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Qu

anti

dad

e d

e O

fici

ais

Ano

PREVISTO

EXISTENTE

Gráfico 6: Evolução do efetivo de Oficiais dos Parques

Fonte: Dados processados de apresentação da DIRMAB (2010)

2.500

2.600

2.700

2.800

2.900

3.000

3.100

3.200

3.300

3.400

3.500

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Qu

anti

dad

e d

e G

rad

uad

os

Ano

PREVISTO

EXISTENTE

Gráfico 7: Evolução do efetivo de Graduados dos Parques

Fonte: Dados processados de apresentação da DIRMAB (2010)

Page 37: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

36

Esse quadro torna-se ainda mais crítico, considerando-se que o efetivo que

era previsto já estava aquém do necessário para a realização das atividades de

suporte logístico.

A redução de pessoal é ainda mais significativa no efetivo de civis, que

passou de mais de 2.000 servidores em 2002 para apenas 249 em 2010. Agravando

esta situação, essa tendência não ocorre apenas na área logística, sendo uma

realidade para todo o efetivo de civis do COMAER desde 1986, conforme

evidenciado pelo Gráfico 8.

Gráfico 8: Evolução do efetivo de Civis do COMAER

Fonte: Apresentação da DIRMAB (2010)

No que se refere aos graduados, contudo, essa situação poderá ser

minimizada, desde que a formação de especialistas da área de manutenção seja

priorizada junto à Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEAR), a exemplo do que

foi feito nos últimos anos para atender as demandas da área de controle do espaço

aéreo.

Embora os PAMA atuem em todas as áreas de suporte logístico, limitações

de pessoal e de capacidade técnica, esta última principalmente em decorrência de

novas tecnologias incorporadas nas novas aeronaves adquiridas, bem como

Page 38: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

37

avaliações de custo e benefício para determinados projetos tornam necessária a

contratação de serviços de manutenção on aircraft no Brasil e off aircraf no Brasil e

no exterior.

Atualmente, seis dos 34 projetos da FAB possuem alguma parcela das

atividades de manutenção on aircraft contratadas junto a empresas brasileiras, mais

por razões conjunturais, principalmente pessoal, do que por questões estruturais. No

que tange à manutenção de componentes (off aircraft), contudo, o grau de

contratação relativo é bem maior e decorrente de infraestrutura técnica e

capacitação específica de pessoal. A distribuição qualitativa do total de reparáveis da

FAB, da ordem de 38.000 componentes de Número de Parte (Part Number – PN)

diferentes, está indicada no Gráfico 9, em termos das oficinas da FAB, empresas no

Brasil e empresas no exterior.

Gráfico 9: Situação da implantação dos reparáveis da FAB nas oficinas

Fonte: Dados obtidos do SILOMS (Jun. 12)

Constata-se, portanto, que diversamente do que ocorre com a manutenção

on aircraft, praticamente metade da manutenção off aircraft é feita nas empresas,

sendo que dessa parcela 60% em empresas no Brasil. Constata-se, ainda, que 81%

dessas manutenções são feitas no Brasil (empresas nacionais ou Parques).

Em uma primeira análise, considerando a maior complexidade para

implantar e manter eficaz uma estrutura de manutenção off aircraft, conforme já

ressaltado no item 2.2, a indicação de saturação da estrutura da FAB para realizar e

gerenciar a revisão de componentes (cerca de 9.615 itens aguardando recolhimento

no final de 2011) e a hipótese da indústria nacional ter capacidade para absorver

Page 39: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

38

uma maior carga de reparáveis, seria mais eficaz a aplicação de recursos para

internalizar as atividades on aircraft atualmente contratadas, ou pelo menos não

aumentar tais contratações, e expandir a contratação da manutenção de

componentes, prioritariamente nas empresas nacionais. Esta análise é o foco deste

trabalho e será retomada após o levantamento da situação das empresas

prestadoras de serviços de manutenção aeronáutica no Brasil.

Page 40: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

39

4 INDUSTRIA DE DEFESA NACIONAL

4.1 REVISÃO DA DOCUMENTAÇÃO GOVERNAMENTAL

As políticas de governo para a área de defesa influenciam diretamente na

organização e prioridades das Forças Armadas e, também, na indústria nacional de

defesa. Portanto, faz-se necessário levantar os principais aspectos estabelecidos

nas legislações relacionados ao assunto em análise. Além da Política de Defesa

Nacional (PDN), na pesquisa realizada foram identificadas as seguintes principais

documentações de interesse: Estratégia Nacional de Defesa (END), Política

Nacional da Indústria da Defesa (PNID), Lei de Compras Governamentais,

Legislação específica para aquisição de produtos de defesa e Resolução CAMEX nº

78/2011.

4.1.1 Política de Defesa Nacional (PDN)

No contexto deste trabalho, o principal aspecto identificado na Política de

Defesa Nacional (BRASIL, 2005a) é o fato de considerar que a expressão militar do

Brasil, além de estar baseada na capacidade instalada nas Forças Armadas,

também se fundamenta no potencial dos recursos nacionais mobilizáveis, tornando,

desse modo, o desenvolvimento da indústria nacional de defesa, incluindo o domínio

de tecnologias de uso dual, essencial para assegurar o abastecimento de materiais e

serviços de interesse da defesa.

4.1.2 Estratégia Nacional de Defesa (END)

A Estratégia Nacional de Defesa (BRASIL, 2008a) visa orientar, de forma

sistemática, a reorganização e reorientação das Forças Armadas; a organização da

indústria de material de defesa, com a finalidade de assegurar a autonomia

Page 41: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

40

operacional para das Forças Armadas; e a política de composição dos seus efetivos,

sobretudo a reconsideração do Serviço Militar Obrigatório.

Portanto, a indústria nacional de material de defesa é contemplada no

segundo eixo estruturante da END, que refere-se à reorganização da indústria

nacional de material de defesa, para assegurar que o atendimento das necessidades

de equipamento das Forças Armadas apóie-se em tecnologias sob domínio nacional,

conforme Item 2 da Natureza e âmbito da END.

Por meio da sua Diretriz 22, a END orienta a capacitação da indústria

nacional de material de defesa para que conquiste autonomia em tecnologias

indispensáveis à defesa. Ainda nessa diretriz, estabelece que a indústria nacional de

material de defesa será incentivada a competir em mercados externos para

aumentar a sua escala de produção e que a consolidação da União de Nações Sul-

Americanas (UNASUL) poderá atenuar a tensão entre o requisito da independência

em produção de defesa e a necessidade de compensar custo com escala,

possibilitando o desenvolvimento da produção de defesa em conjunto com outros

países da região.

Estabelece também, entre outras, as seguintes diretrizes específicas para a

reorganização da indústria nacional de material de defesa:

a) Deverá ser estabelecido, para a indústria nacional de material de defesa,

regime legal, regulatório e tributário especial, de modo a resguardá-las

das pressões do imediatismo mercantil ao eximi-las do regime geral de

licitações, protegê-las contra o risco dos contingenciamentos

orçamentários e assegurar a continuidade nas compras públicas. Em

contrapartida, o Estado ganhará poderes especiais sobre as empresas

privadas, para além das fronteiras da autoridade regulatória geral. Esses

poderes serão exercidos quer por meio de instrumentos de direito

privado, como a “golden share”, quer por meio de instrumentos de direito

público, como os licenciamentos regulatórios.

b) O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a indústria

nacional de material de defesa. Entretanto, a continuidade da produção

deve ser organizada para não depender da conquista ou da continuidade

de tal clientela. Portanto, o Estado reconhecerá que em muitas linhas de

produção, aquela indústria terá de operar em sistema de “custo mais”. Os

projetos serão escolhidos e avaliados não só pelo seu potencial produtivo

Page 42: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

41

próximo, mas também por sua fecundidade tecnológica: sua utilidade

como fonte de inspiração e de capacitação para iniciativas análogas.

4.1.3 Política Nacional da Indústria da Defesa (PNID)

A PNID foi aprovada pela Portaria Normativa nº 899/MD, de 19 de julho de

2005 (BRASIL, 2005b), e apresenta os seguintes aspectos de interesse da atividade

de manutenção:

a) Define a Base Industrial de Defesa (BID), incluindo na mesma também as

empresas estatais e privadas, bem como organizações civis e militares,

que participem da manutenção de produtos estratégicos de defesa;

b) Estabelece os objetivos de:

Reduzir a tributação incidente sobre a BID, com especial atenção às

distorções relativas aos produtos importados;

Aumentar a competitividade da BID para expandir exportações; e

Melhorar a capacidade de mobilização industrial da BID.

c) Estabelece que a PNID seja implantada considerando as seguintes

orientações:

Priorizar a preservação da base industrial já existente;

As ações devem ser indutoras, sem retirar o empreendedorismo da

indústria, bem como sua iniciativa e riscos; e

As empresas públicas devem desempenhar suas atividades em

complemento às de caráter privado, de modo a evitar a concorrência

com as mesmas.

4.1.4 Lei de Compras Governamentais

O Plano Brasil Maior (BRASIL, 2010a) determina a preferência à indústria

nacional nas compras do governo e, nesse sentido, a Lei 12.349/2010, a Lei de

Compras Governamentais, estipula margem de preferência de até 25% nos

Page 43: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

42

processos de licitação para produtos manufaturados e serviços nacionais que

atendam às normas técnicas brasileiras. Essas margens serão definidas levando em

consideração a geração de emprego e renda e o desenvolvimento e a inovação

tecnológica realizados no país e, com isso, o governo pretende fortalecer pequenos

e médios negócios em várias áreas, incluindo a Defesa.

4.1.5 Legislação específica para aquisição de produtos de defesa

Em 22 de março de 2012 foi promulgada a lei 12.598, que estabelece regras

especiais para as contratações e o desenvolvimento de produtos e de sistemas de

defesa e dispõe sobre regras de incentivo à área estratégica de defesa.

4.1.6 Resolução CAMEX Nº 78/2011

A Resolução CAMEX nº 78, de 05 de outubro de 2011, trata das condições

que as empresas devem satisfazer para estarem dispensadas da apresentação de

autorização de importação, exigida na Regra de Tributação para o Setor

Aeronáutico, objeto da Resolução CAMEX nº 43/2006, modificada pela Resolução

CAMEX nº 55, de 05 de agosto de 2010. Por essa regra de tributação, estão sujeitas

à alíquota de 0% (zero por cento) as importações das seguintes mercadorias:

a) aeronaves e outros veículos, compreendidos na posição 88.02 e suas

partes compreendidas na posição 88.03;

b) aparelhos de treinamento de voo em terra e suas partes, compreendidos

nas subposições 8805.21 e 8805.29; e

c) produtos fabricados em conformidade com especificações técnicas e

normas de homologação aeronáuticas, utilizados na fabricação,

reparação, manutenção, transformação ou modificação dos bens

mencionados no item a) acima e compreendidos nas subposições

relacionadas em tabela específica.

Page 44: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

43

Como condição para a dispensa da autorização de importação por

autoridade competente, a Resolução CAMEX nº 78, de 05 de outubro de 2011,

requer que a importação não esteja sujeita a exigência, no SISCOMEX, de licença

de importação e que seja realizada, direta ou indiretamente, por pessoa jurídica que:

em conformidade com a legislação vigente da Agência Nacional de

Aviação Civil - ANAC, seja:

o habilitada a atuar na fabricação, reparação, manutenção,

transformação, modificação ou industrialização de produtos

aeronáuticos; ou

o detentora de autorização válida de funcionamento jurídico,

autorizatária ou concessionária de serviços aéreos;

em conformidade com a legislação vigente do Ministério da Defesa, seja

certificada a atuar na fabricação, reparação, manutenção,

transformação, modificação ou industrialização de produtos

aeronáuticos.

Desse modo, também foram beneficiadas por essa Resolução as empresas

de manutenção certificadas pelo COMAER, por meio da DIRMAB, que prestam

serviços de manutenção em aeronaves e componentes aeronáuticos.

4.2 EMPRESAS NACIONAIS DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICA

Considerando que o presente trabalho está analisando a estrutura de

manutenção da FAB, o levantamento das empresas nacionais que atuam na

manutenção aeronáutica terá um maior foco nas empresas de manutenção

aeronáutica que estão em condições de prestar tais serviços para o COMAER, ou

seja, aquelas que estão certificadas pela DIRMAB.

Contudo, considerando o aspecto de dualidade das atividades de

manutenção para as aeronaves civis e militares, conforme ressaltado no item 2.4,

será feito um levantamento superficial das bases de manutenção brasileiras,

certificadas pela Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC).

Page 45: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

44

Nesses levantamentos, entretanto, não serão consideradas as empresas

que são apenas fabricantes de produtos de defesa, sejam eles itens aeronáuticos ou

bélicos.

4.2.1 Empresas de manutenção aeronáutica certificadas pelo COMAER

Esse conjunto de empresas certificadas pela DIRMAB, com base na ICA 65-

36 (BRASIL, 2008b), é composto por 42 empresas e certamente é uma amostra

representativa da área industrial nacional voltada para a atividade de manutenção de

itens aeronáuticos, pois passaram pelo crivo de verificação da DIRMAB, que se

baseia no padrão internacional de qualidade adotado pelo Federal Aviation

Administration (FAA) e ANAC, o RBHA 145, para a regulamentação das empresas

de manutenção aeronáutica.

0

5

10

15

20

25

ATÉ 50 51 A 100 101 A 250 251 A 500 ACIMA DE 500

QU

AN

TID

AD

E D

E E

MP

RE

SA

S

FAIXA DA QUANTIDADE DE FUNCIONÁRIOS

TAMANHO DAS EMPRESAS

Gráfico 10: Tamanho das empresas certificadas pela FAB

Fonte: Dados da Subdivisão de Certificação da DIRMAB (2010)

Os gráficos 10 e 11 mostram as características dessas empresas em termos

de quantidade de pessoal e de tipos de componentes que estão aptas a revisar.

Pode-se constatar que praticamente 50% são pequenas empresas, de até 50

Page 46: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

45

funcionários, que possuem capacitação para reparar/revisar até 100 componentes

diferentes. Não obstante, cabe ressaltar também que cerca de 17 empresas, já com

mais de 250 funcionários, consideram um bom negócio atuar no ramo da

manutenção aeronáutica, investindo para conseguir capacidades atuais para

reparo/revisão de mais de 500 tipos diferentes de componentes.

0

5

10

15

20

25

QU

AN

TID

AD

E D

E E

MP

RE

SA

S

FAIXA DA QUANTIDADE DE PN REPARÁVEIS

CAPACIDADE DAS EMPRESAS

Gráfico 11: Capacidade das empresas certificadas pela FAB

Fonte: Dados da Subdivisão de Certificação da DIRMAB (2010)

Esse quadro permite inferir que essas empresas têm condições de suportar

mais do que os atuais 35% dos Part Numbers (PN) da FAB implantados nas

empresas nacionais (cerca de 10.593 PN). Nesse sentido, os PN atualmente

revisados nos PAMA, com capacidade instalada também nas empresas, poderiam

passar em sua totalidade para as empresas, permitindo a realocação dos recursos

humanos em atividades mais críticas para a FAB e uma abordagem em coerência

com a orientação da PNID para que as empresas públicas desempenhem as suas

atividades em complemento às de caráter privado, de modo a evitar a concorrência

com as mesmas (BRASIL, 2005b).

Além dessas atividades de reparo e revisão de componentes, manutenção

off aircraft, essas empresas também realizam atividades de manutenção on aircraft,

tendo prestado esse tipo de serviços para FAB em atendimento às demandas

conjunturais. Cabe ressaltar, ainda, que algumas dessas empresas também atuam

Page 47: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

46

na inspeção, revisão e reparo de motores, que é uma atividade complexa, cara e de

grande impacto na segurança de voo. O Gráfico 12 indica a participação relativa das

empresas nessas atividades. Desse conjunto de empresas, 13 atuam na área de

motores, realizando revisão, reparo ou inspeção de 20 tipos de motores utilizados

pela FAB. No caso de aeronaves, cerca de 10 empresas atuam na manutenção on

aircraft de 12 tipos diferentes de aeronaves da FAB, incluindo aeronaves nacionais e

estrangeiras.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

COMPONENTE AERONAVE MOTOR

PE

RC

EN

TU

AL

DE

E

MP

RE

SA

S (

%)

ÁREA DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS

ATUAÇÃO DAS EMPRESAS

Gráfico 12: Atuação das empresas certificadas pela FAB

Fonte: Dados da Subdivisão de Certificação da DIRMAB (2010)

4.2.2 Empresas de manutenção aeronáutica certificadas pela ANAC

De acordo com o site da ANAC, acessado em 21 de agosto de 2012, existe

um total de 497 empresas de manutenção aeronáutica no Brasil, todas certificadas

por aquela Agência, com base nos vários padrões e classes de referência, adotados

pela regulamentação da aviação civil, e sintetizados na Tabela 3.

Page 48: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

47

Tabela 3 – Lista de padrões e classes de manutenção adotados pela ANAC

PADRÕES E

CLASSES DESCRIÇÃO

C1 Manutenção, modificações e reparos em células de aeronaves de estrutura mista, com peso

máximo de decolagem aprovado até 5670 kg (avião) ou 2730 kg (helicópteros) por modelo de

aeronave.

C2 Manutenção, modificações e reparos em células de aeronaves de estrutura metálica, com peso

máximo de decolagem aprovado até 5670 kg (avião) ou 2730 kg (helicópteros) por modelo de

aeronave.

C3 Manutenção, modificações e reparos em células de aeronavesde estrutura mista, com peso

máximo de decolagem aprovado acima de 5670 kg (avião) ou 2730 kg (helicópteros) por

modelo de aeronave.

C4 Manutenção, modificações e reparos em células de aeronaves de estrutura metálica, com peso

máximo de decolagem aprovado acima de 5670 kg (avião) ou 2730 kg (helicópteros) por

modelo de aeronave.

D1 Manutenção, modificações e reparos em motores convencionais com até 400 H.P. inclusive, por

modelo.

D2 Manutenção, modificações e reparos em motores convencionais com mais de 400 H.P., por

modelo.

D3 Manutenção, modificações e reparos em motores a turbina, por modelo.

E1 Manutenção, modificações e reparos em hélices de madeira, metal ou compostas, de passo fixo,

por modelo.

E2 Manutenção, modificações e reparos em todas as demais hélices, por modelo.

E3 Manutenção, modificações e reparos em rotores de helicópteros, por modelo.

F1 Manutenção e reparos em equipamentos de comunicação e de navegação de aeronaves, por

modelo de equipamento.

F2 Manutenção e reparos em instrumentos de aeronaves, por modelo de instrumento.

F3 Manutenção e reparos em acessórios mecânicos, elétricos e eletrônicos de aeronaves, por

modelo de acessório.

Fonte: ANAC. Informações disponíveis em http://www2.anac.gov.br/certificacao/AvGeral/AIR145Padroes.asp.

Acesso em 21 ago. 2012.

Considerando as características das aeronaves da FAB, os padrões e

classes de maior aplicação àquela frota seriam o C4, D3 e F3, que possuem,

respectivamente, 311, 317 e 391 empresas certificadas pela ANAC no Brasil e no

exterior (ANAC - http://www2.anac.gov.br/certificacao/AvGeral/AIR145Padroes.asp.

Acesso em 21 AGO 2012).

Como não estão disponíveis as quantidades de empresas no exterior

certificadas por cada padrão e classe, sendo informado apenas o total de empresas

certificadas no exterior, que somam 99 empresas, não foi possível, no presente

levantamento, verificar a quantidade exata de empresas no Brasil certificadas em

cada um desses padrões. Contudo, mesmo subtraindo-se o total de empresas

estrangeiras de cada um dos padrões e classes, restariam pelo menos 212

empresas no Brasil com potencial técnico complementar a estrutura de manutenção

on aircraft e off aircraft formada pelas empresas de manutenção aeronáutica

certificadas pelo COMAER.

Page 49: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

48

5 IDENTIFICAÇÃO DA ABORDAGEM DE TERCEIRIZAÇÃO

Conforme já mencionado, o foco deste trabalho é identificar a abordagem a

ser adotada no âmbito da estrutura de manutenção da FAB que contribua para

alavancar, de modo sustentável, a indústria nacional de material de defesa, em

consonância com as estratégias emanadas pelo Ministério da Defesa e sem

comprometer a disponibilidade necessária ao cumprimento da missão da FAB.

Considerando que tal abordagem passa necessariamente pelo aumento da

demanda de serviços de manutenção para a indústria nacional de defesa, cabe

verificar, então, em que tipo de manutenção, on aircraft ou off aircraft, deverá ser

feita uma terceirização parcial de serviços ou mesmo terceirizações parciais em

ambos os tipos de manutenção.

5.1 SÍNTESE DOS ASPECTOS LEVANTADOS

A Tabela 4 reúne, de modo sintético, os principais aspectos discutidos nas

Seções anteriores relativos à frota da FAB, a sua estrutura de manutenção, às

empresas nacionais de manutenção aeronáutica e à legislação de governo

associada, aspectos estes que serão a base da avaliação sobre a terceirização de

atividades de manutenção realizadas na FAB, a ser tratada no próximo item deste

trabalho.

5.2 AVALIAÇÃO SOBRE A TERCEIRIZAÇÃO DE MANUTENÇÃO DA FAB

5.2.1 Manutenção on aircraft de nível Orgânico

Trata-se do nível de manutenção mais elementar dentro de um programa de

manutenção, que requer poucos insumos humanos e materiais para a sua

realização. Essas atividades de manutenção são de curta duração, alta frequência e

Page 50: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

49

normalmente realizadas no ambiente operacional (Unidade Aérea), visando verificar

e assegurar a condição de aeronavegabilidade da aeronave para a realização das

atividades aéreas. Desse modo, se confunde com a própria operação aérea, que é a

missão constitucional da FAB.

Tabela 4 – Principais aspectos / características levantadas neste trabalho

FROTA

FROTA COM GRANDE NÚMERO DE PROJETOS (34) E DE AERONAVES (698)

PROJETOS DE VÁRIOS PAÍSES

FROTAS COM NÚMERO REDUZIDO DE AERONAVES

FROTA COM 60% DOS PROJETOS ACIMA DE 20 ANOS

GRANDE VARIAÇÃO DE TECNOLOGIA ENTRE OS PROJETOS

EXPRESSIVA PARCELA DA FROTA (64%) TEM PLATAFORMA CIVIL

SUBSTANCIAL PARCELA DA FROTA (66%) SÃO AERONAVES DA EMBRAER

GRANDE VARIAÇÃO DOS PROGRAMAS DE MANUTENÇÃO DOS PROJETOS

GRANDE DEMANDA ANUAL DE INSPEÇÕES NÍVEL PARQUE (CERCA DE 90)

GRANDE DEMANDA DE INSPEÇÕES NÍVEL BASE/ORGÂNICA (CERCA DE 960)

GRANDE DEMANDA ANUAL DE REPARÁVEIS (DA ORDEM DE 20.000 ITENS)

SEIS DOS 34 PRJ DA FAB TEM PARTE DA MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT REALIZADA EM EMPRESAS (EXCESSO DE DEMANDA)

ESTRUTURA DE MANUTENÇÃO FAB

PARQUES POSSUEM OFICINAS DE APOIO PARA MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT

PARQUES POSSUEM CAPACIDADE PARCIAL DE HANGARES

PARQUES POSSUEM OFICINAS DE REPARO/REVISÃO APENAS PARA PARTE DOS REPARÁVEIS

PARQUES POSSUEM PARTE DAS OFICINAS DE REPARO/REVISÃO DESATUALIZADAS

COMAER POSSUI ESCOLA DEDICADA (EEAR) PARA FORMAÇÃO DE TÉCNICOS PARA MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT

ESM E UAe PREPARADAS PARA REALIZAR MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT NÍVEL BASE E ORGÂNICO

PARQUES COM ESTRUTURA PARA O GERENCIAMENTO DA MANUTENÇÃO (PLJ, CTR, ENG E SUP)

EFETIVODOS DE OFICIAIS DOS PARQUES AQUÉM DO NECESSÁRIO

EFETIVO DE GRADUADOS DOS PARQUES AQUÉM DO NECESSÁRIO

29% DOS REPARÁVEIS IMPLANTADOS EM OFICINAS NO BRASIL

19% DOS REPARÁVEIS IMPLANTADOS EM OFICINAS NO EXTERIOR

52% DOS REPARÁVEIS IMPLANTADOS EM OFICINAS DA FAB

LEGISLAÇÃO GOVERNAMENTAL

END - REORGANIZAR A INDÚSTRIA DEFESA PARA GARANTIR EQP FFAA BASEADO EM TECNOLOGIA DE DOMÍNIO NACIONAL

PNID - PRIORIZAR A BASE INDUSTRIAL EXISTENTE

PNID - PRODUÇÃO DA EMPRESA COMPLEMESTAR À PRIVADA PARA EVITAR CONCORRÊNCIA COM ESTA ÚLTIMA

PNID - DEFINE A BASE INDUSTRIAL DE DEFESA (BID) INCLUINDO ATIVIDADES DE MANUTENÇÃO

ESTABELECIDA PREFERÊNCIA DE ATÉ 25% NOS PREÇOS DE PRODUTOS E SERVIÇOS NACIONAIS (COMPRAS GOVERNAMENTAIS)

FACILITADA O PROCESSO PARA ALÍQUOTA 0% NA IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS DE DEFESA

EMPRESAS NACIONAIS DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICA

42 EMPRESAS DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICA CREDENCIADAS PELO COMAER - RBHA 145

TODAS AS 42 EMPRESAS ATUAM EM ALGUM GRAU NO REPARO /REVISÃO DE COMPONENTES

10 DESSAS EMPRESAS (24%) REALIZAM MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT EM 12 AERONAVES

13 DESSAS (31%) REALIZAM MANUTENÇÃO (INSPEÇÃO, REVISÃO OU REPARO) EM 20 MOTORES

PRODUZIRAM PARA A FAB, EM 2011, CERCA DE 3038 ITENS

50% DESSAS EMPRESAS POSSUEM ATÉ 50 FUNCIONÁRIOS E TEM CAPACIDADE DE REVISAR ATÉ 100 COMPONENTES (PN)

40% DESSAS POSSUEM MAIS DE 40 FUNCIONÁRIOS E TEM CAPACIDADE DE REPARAR MAIS DE 500 COMPONENTES (PN)

EXISTEM PELO MENOS 212 EMPRESAS, CREDENCIADAS PELA ANAC, COM POSSÍVEL CAPACIDADE DE ATENDER À FAB

ASPECTOS / CARACTERÍSTICAS

Além disso, a FAB já conta, para todos os seus Projetos, com todos os

insumos (recursos humanos treinados, EAS, publicações da aeronave e materiais

Page 51: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

50

consumíveis) necessários à realização de tais tarefas de manutenção. Cabe

destacar que a capacitação dos recursos humanos dos graduados da FAB é muito

facilitada, pois já possuem os conhecimentos básicos de manutenção aeronáutica,

obtidos na formação na EEAR, bastando realizar os cursos dos sistemas da

aeronave, que são englobados quando da sua aquisição.

Tal argumentação vale, inclusive, para frotas reduzidas, com uma ou duas

aeronaves, a exemplo daquelas de suporte aéreo a autoridades governamentais.

Por outro lado, a realização por empresa desse nível de manutenção exigiria

altos investimentos na obtenção dos insumos associados, em particular treinamento

e publicações, para um pequeno volume de trabalho. Uma possível abordagem para

viabilizar a empresa realizar esse nível de manutenção seria a mesma ser

contratada para também executar os demais níveis de manutenção. Contudo, tal

abordagem deixaria a FAB totalmente depende da empresa em relação à

disponibilidade da aeronave, o que não seria desejável do ponto de vista

operacional, principalmente para as aeronaves estritamente militares.

Desse modo, entende-se que a manutenção on aircraft nível orgânico deve

ser realizada pela FAB, não sendo viável, em termos operacionais e econômicos, a

sua execução por empresa.

5.2.2 Manutenção on aircraft de nível Base

O intervalo de realização dessas atividades são maiores, tipicamente da

ordem de 12 meses ou 200 horas, e envolvem ações mais complexas de verificação

ou reparação, realizadas fora da linha de voo, em Hangar apropriado, normalmente

situado na própria base de operação da aeronave (DSM ou ESM), e utilizando

equipamentos de teste dedicados à verificação dos sistemas, que usualmente são

adquiridos do próprio fabricante da aeronave.

Embora exija uma maior carga de trabalho (homem-hora), a qualificação

demandada dos recursos humanos é praticamente a mesma, a menos da

especialidade de estrutura para a solução de danos estruturais. A especialidade de

estrutura também é formada na EEAR e facilmente treinada para atuação em uma

Page 52: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

51

aeronave específica, quando essa aeronave apresenta estrutura com peculiaridades

que demande tal treinamento.

No que tange ao suporte técnico às ações corretivas, normalmente

necessárias em razão da idade avançada da frota, as tarefas de oficina podem ser

feitas pelas próprias oficinas do DSM/ESM ou, se necessário, pelas oficinas de apoio

à manutenção dos Parques. O assessoramento técnico é prestado diretamente pela

Engenharia dos Parques, sempre que solicitado pelo DSM/ESM.

Nesse nível de manutenção, também ocorrem demandas de substituição de

componentes, estruturais ou de sistemas, em razão de deterioração estrutural ou

não conformidades observadas nos testes de sistema, que são agravadas pela

idade avançada da frota. A FAB, contudo, dispõe do Sistema Integrado de Logística

de Material e de Serviços (SILOMS), que permite à Base requisitar tais materiais

quando não disponível em seu estoque local, independente das várias origens

(países de fabricação) das aeronaves da frota e, em consequência, dos respectivos

componentes. Quando necessário, os Parques, por meio das Subdivisões de

Suprimento, podem assessorar as Bases nessa atividade de provimento de material.

Verifica-se, portanto, que a FAB dispõe de todos os insumos e instrumentos

gerenciais para realizar as atividades de manutenção on aircraft nível Base, não

sendo necessário terceirizar tal atividade.

Entretanto, no caso de picos de demandas ou deficiências conjunturais de

pessoal relativas às aeronaves comuns à aviação civil (64% da frota), é possível

buscar a contratação das empresas de manutenção que suportam tais aeronaves

civis, de modo a garantir os níveis de disponibilidade e de quantidade de aeronaves

estabelecidos.

Tal abordagem, porém, não é viável para aeronaves estritamente militares,

pois as empresas teriam que fazer altos investimentos em capacitação de pessoal e

material, para atender a uma demanda reduzida e exclusiva da FAB. Para essa

situação, a solução mais viável é a realocação de pessoal na atividade de

manutenção on aircarft, proveniente de atividades off aircraft, que apresentam um

perfil mais adequado para serem realizados na indústria, conforme será discutido

posteriormente, ou priorizar, no âmbito do COMAER, o aumento da formação de

graduados pela EEAR para atender essas necessidades.

Assim, entende-se que a manutenção on aircraft nível Base não necessita

ser terceirizada, exceção feita às condições conjunturais supramencionadas. Além

Page 53: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

52

disso, não é viável para as empresas, em termos de demanda, se capacitarem para

realizar esse tipo de manutenção para as aeronaves estritamente militares da FAB.

5.2.3 Manutenção on aircraft de nível Parque

Os intervalos de realização dessas atividades são ainda maiores do que

aqueles de nível Base, sendo tipicamente da ordem de 48 meses ou 1200 horas.

Compõem esse nível de manutenção todas as ações de manutenção que constam

do Programa de Manutenção da aeronave, bem como as ações de reparo estrutural

e de sistemas, que demandam meios humanos e materiais que extrapolam aqueles

disponíveis na manutenção nível Base. Nesse nível de manutenção, geralmente se

repetem as tarefas de nível Base e se executam outras de maior complexidade

técnica, o que eleva o nível de desmontagem da aeronave, sistema e estrutura, e,

consequentemente, aumenta a duração e a quantidade de homem-hora, bem como

a demanda de substituição de componentes.

Esse aumento de complexidade, além de exigir uma maior capacidade

técnica de execução de tarefas, utilizando uma quantidade significativa de EAS

específicos da aeronave, requer uma estrutura mais robusta para o gerenciamento

desse nível de manutenção.

Nesse contexto, na FAB, essa manutenção é realizada nos Parques de

Material Aeronáutico, que possuem hangares, oficinas de apoio à manutenção e

uma estrutura específica para o desenvolvimento das necessárias atividades de

planejamento, controle, engenharia e suprimento.

Em termos de qualificação de pessoal, as exigências para os técnicos são

idênticas àquelas para o nível Base, ou seja, formação na EEAR com curso da

aeronave, acrescidos de algumas especialidades das oficinas de apoio, que são

também realizadas na EEAR ou no DCTA, ambas no âmbito do COMAER.

Do exposto, verifica-se que, como no caso da manutenção on aircraft nível

Base, a FAB também possui uma estrutura consolidada para suporte à manutenção

on aircraft nível Parque, não sendo necessária, portanto, a sua terceirização.

Neste caso, porém, os investimentos para uma empresa prestar esse nível

de manutenção são ainda maiores do que para o nível Base, principalmente em

Page 54: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

53

razão dos EAS necessários, agravado pela menor demanda decorrente da baixa

frequência de realização dessas manutenções.

Não obstante a existência dessa estrutura de suporte nível Parque, podem

ocorrer óbices conjunturais, como a atual carência de pessoal nos Parques, seja no

efetivo de oficiais como no efetivo de graduados, impactando negativamente o

cumprimento das tarefas desse nível de manutenção.

A solução desse óbice, de modo análogo ao discutido para o nível Base,

também passa, no caso de aeronave comum a aviação civil, pelo aproveitamento de

eventual estrutura de manutenção existente no mercado nacional, ou pela

realocação de pessoal da manutenção off aircraft das oficinas ou, ainda, pela

priorização, no âmbito do COMAER, do aumento da formação de graduados pela

EEAR para atender às necessidades dos Parques, a exemplo do que já foi feito para

a área de controle do espaço aéreo.

Nesse contexto, cabe ressaltar que, no caso da solução de problema

conjuntural pela terceirização das atividades desse nível, ocorrerá um efeito colateral

de tendência de esvaziamento da estrutura de gerenciamento do Parque, reduzindo

a sua capacidade de realizar a gestão logística do respectivo projeto, cuja retorno

aos níveis existentes poderá ser muito longo, em razão da elevada inércia da

administração pública, em particular no tocante a recursos humanos.

5.2.4 Manutenção off aircraft

Conforme já mencionado neste trabalho (item 2.2), a manutenção off aircraft

é caracterizada pela tecnologia de cada componente, a qual define as exigências

relativas à capacitação dos técnicos, aos tipos de equipamentos de teste

necessários e à infraestrutura da respectiva oficina. Além disso, como os

componentes aeronáuticos geralmente são aplicados em vários modelos de

aeronave e como normalmente esses técnicos e equipamentos de teste podem ser

aplicados para a manutenção de outros equipamentos da mesma família

tecnológica, a demanda de serviços de manutenção off aircraft é muito mais estável,

pois está associada a um número maior de operadores.

Page 55: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

54

Um outro aspecto relevante para a avaliação da manutenção off aircraft é

que as atividades de treinamento de pessoal e aquisição de teste são realizadas

com cada fabricante de componente, ao contrário do que ocorre na manutenção on

aircraft, na qual esses insumos são tratados diretamente com o fabricante da

aeronave, ou seja, um único contato. Esse aspecto torna-se ainda mais crítico do

ponto de vista logístico e gerencial no que tange à aquisição de peças de reposição,

pois, se para a manutenção on aircraft é necessário ter um estoque dos vários

componentes da aeronave, para viabilizar a manutenção off aircraft é necessário ter

um estoque específico para cada um desses componentes. Esse encargo logístico

não é um problema para as empresas de manutenção aeronáutica, uma vez que

esse é o foco do seu negócio, inclusive um fator de lucro. Para a FAB, contudo, esse

é um enorme óbice, pois desvia recursos humanos e materiais da atividade

operacional, que é o seu foco, para atividades de cunho industrial.

No que tange especificamente à frota FAB, verificou-se que existe uma

demanda anual substancial de reparáveis, da ordem 20.000 itens, englobando

serviços nas oficinas dos Parques e em empresas no Brasil e no exterior, decorrente

da diversidade da frota. Em termos de tipos diferentes de reparáveis, existem

implantados na FAB uma quantidade expressiva de PN, cerca de 38.000, sendo 52%

nas oficinas da FAB, 29% em empresas no Brasil e 19% em empresas de outros

países. Esses dados são coerentes com o fato dos Parques não possuírem oficinas

de reparo/revisão para todos os reparáveis e de parte das oficinas dos Parques não

conseguirem atender à demanda existente (cerca de 2.155 PN estão implantados

nos Parques e também nas empresas).

Esse cenário indica que a estrutura de manutenção da FAB não tem

condições de suportar toda a demanda de reparáveis, sendo necessárias alterações

para aumento de sua capacidade ou repasse de parte dessa demanda para

empresas privadas.

Em relação às empresas nacionais de manutenção aeronáutica, constata-se

a existência de 42 empresas credenciadas pelo COMAER para a prestação de

serviços de manutenção para a FAB, na mesma base de qualidade adotada na

aviação civil, bem como um número substancial de empresas credenciadas pela

ANAC (pelo menos 212) com possibilidade de poderem prestar serviços para a FAB.

Todas as 42 empresas credenciadas pelo COMAER realizam, em algum

grau, atividades de reparo / revisão de componentes, sendo que as 50% menores

Page 56: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

55

possuem capacidade para até 100 tipos de reparáveis diferentes (PN) e as 40%

maiores condições para revisão ou reparo de pelo menos 500 PN. Isso indica um

potencial industrial nacional significativo nessa área, que pode ser explorado para

aumentar a participação dessas empresas na produção de reparáveis para a FAB,

que foi de apenas 3.038 itens do total de 16.959 reparáveis produzidos para a FAB

em 2011. Para salientar o nível técnico desse potencial, cabe ressaltar que 31% das

empresas credenciadas realizam inspeção, revisão ou reparo em 20 tipos diferentes

de motores e que 24% realizam manutenção de aeronaves, contemplando 12 tipos

de aeronave.

Uma importante característica da atividade de manutenção off aircraft é que

a demanda desses serviços é muito influenciada pela não previsibilidade de falhas

de grande parte dos componentes, mais especificamente dos itens eletrônicos.

Nesse sentido, as empresas possuem maior flexibilidade para se adequar a essas

variações de demanda, seja por não estarem sujeitas às legislações de compras e

de contratação de pessoal, seja por poderem aproveitar outras oportunidades de

mercado. Portanto, a realização da manutenção off aircraft nas empresas oferece

menor risco de comprometer a manutenção do componente, inclusive no caso da

introdução de novas tecnologias.

Por todas essas razões, constata-se que a terceirização, mesmo que parcial,

das atividades de reparo/revisão de componentes é necessária, adequada e

oportuna para a FAB e tal abordagem vai ao encontro do potencial que as empresas

nacionais de manutenção aeronáutica apresentam nessa área, que tem um cunho

substancialmente industrial.

Além de atender à FAB e as empresas, essa abordagem de terceirização

está em linha com as diretrizes da Estratégia Nacional de Defesa, que orienta a

reorganização da indústria de defesa para assegurar que os equipamentos das

Forças Armadas sejam baseados em tecnologia de domínio nacional, priorizando a

base industrial já existente e evitando concorrência das empresas públicas (aqui

considerado os Parques) com as empresas privadas nas áreas de atuação comum.

Nesse sentido, o Governo já realizou medidas para facilitar a contratação de

empresas de defesa nacionais, nas quais as empresas prestadoras de serviços de

manutenção aeronáutica podem ser enquadradas, conforme definição da BID

estabelecida pela PNID, como a Lei de Compras Governamentais e a alíquota 0%

para a importação de produtos de defesa do setor aeronáutico.

Page 57: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

56

Por último, cabe frisar que as argumentações acima são aplicáveis aos três

níveis de manutenção off aircraft, cabendo a não terceirização do 1º nível apenas

quando a proximidade com o ambiente da operação for relevante para a

disponibilidade da frota.

5.2.5 Síntese da avaliação

A discussão sobre terceirização para cada tipo e nível de manutenção da

FAB revelou, de forma resumida, que a FAB possui uma estrutura adequada para o

gerenciamento e realização de todos os níveis de manutenção on aircraft, exceto em

casos de picos de demandas ou deficiências de material, que podem ser resolvidos

conjunturalmente por contratações pontuais ou, estruturalmente, por realocação de

pessoal de outras áreas da manutenção ou por uma priorização da formação de

graduados na EEAR, voltada para a área logística. Quanto à manutenção off aircraft,

a avaliação indica que as oficinas da FAB não contemplam todos os componentes e

que não têm condições de suportar toda a demanda de reparáveis, que poderão ser

repassados para as empresas nacionais, aproveitando o potencial das mesmas.

Além disso, considerando-se as características dos insumos necessários à

manutenção off aircraft e o foco operacional da missão da FAB, constatou-se que as

empresas são mais adequadas para o gerenciamento e realização da revisão e

reparo de componentes, que é predominantemente uma atividade de cunho

industrial. Constatou-se, ainda, que as variações de demanda, característica desse

tipo de manutenção, são mais facilmente gerenciadas pelas empresas, em razão da

sua agilidade para adequação do seu corpo técnico, em termos quantitativos e de

qualificação, aquisição de peças de reposição e aproveitamento de outras

oportunidades do mercado, diminuindo, assim, o risco de descontinuidade da

manutenção do componente.

Esse contexto atual indica que uma estratégia de terceirização, mesmo que

parcial, das atividades de reparo/revisão de componentes é necessária, adequada e

oportuna para a FAB e permite o aproveitamento do potencial que as empresas

nacionais de manutenção aeronáutica possuem nessa área e, ainda, está em linha

Page 58: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

57

com as diretrizes de governo para a indústria de defesa. A Figura 5 apresenta um

esquema da aplicação dessa abordagem.

Entretanto, o grau de terceirização dessas atividades, seja em quantidade

seja na escolha dos componentes a serem terceirizados, é um parâmetro a ser

definido em estudo mais detalhado, envolvendo uma análise mais minuciosa do ciclo

de vida restante de cada projeto da FAB, bem como um maior aprofundamento no

potencial das empresas, seja quantitativo como qualitativo, estudo este que seria

iniciado a partir da decisão de se adotar essa linha de terceirização. O mesmo se

aplica para o cronograma de aplicação desse processo de terceirização.

FASE

Nota: (*) Eventual atendimento de picos de demanda, caso não exista pessoal suficiente

(**) Calibrações relevantes para a disponibilidade, projetos em desativação e reparáveis sensíveis

MANUTENÇÃO ON AIRCRAFT MANUTENÇÃO OFF AIRCRAFT

ATUAL

AP

LIC

ÃO

DA

AB

OR

DA

GEM

(TR

AN

SITÓ

RIA

)

FINAL

FAB

EMP

FAB

EMP (*)

EMPFAB

FAB (**)

EMP

EMPEMP

Figura 5: Resumo da abordagem de terceirização

De acordo com Ali (2010), 59,4% dos US$ 6,4 bilhões gastos em

manutenção pelas companhias aéreas do mundo são em atividades terceirizadas,

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58

dos quais 78,8% são para revisão e reparo de componentes, incluído os motores,

ficando apenas 21,2% para as atividades terceirizadas em todos os níveis de

manutenção on aircraft. O detalhamento dessas informações consta da Figura 6.

Esse dado indica uma coerência da abordagem de terceirização identificada neste

trabalho, uma vez que uma significativa parte da frota FAB é baseada em aeronaves

de plataforma civil (dualidade das atividades de manutenção).

Figura 6: Detalhamento do total de custos de manutenção das linhas aéreas Fonte: Adaptado de ALI (2010)

5.3 DESCRIÇÃO DA ABORDAGEM DE TERCEIRIZAÇÃO IDENTIFICADA

A implementação de modificações na estrutura de manutenção de uma

Força Aérea deve ser feita de modo a evitar descontinuidades no suporte logístico

da frota, seja das atividades de manutenção programada, mas, principalmente,

Page 60: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

59

daquelas não programadas que, pela sua imprevisibilidade, conforme já ressaltado,

são muito mais impactantes na operação da Força Aérea no cumprimento de suas

missões.

Desse modo, é importante que a implementação da abordagem de

terceirização identificada seja realizada observando os aspectos abaixo sintetizados,

que levam em conta a necessidade de considerar a evolução da frota no ciclo de

vida restante, bem como as suas peculiaridades relativas aos sistemas de armas.

realização pela FAB, nas suas instalações, das atividades de manutenção

on aircraft, em todos os níveis, com base na realocação dos recursos

humanos oriundos das atividades de manutenção off aircraft terceirizadas

ou pelo aumento de efetivo decorrente de priorização junto à EEAR, para

um maior volume de formação de graduados para a área logística;

realização pelas empresas, nas suas instalações, dos reparos e revisões

em componentes, incluindo os motores e seus acessórios, excetuando-se

os itens sensíveis (que envolvam conteúdo sigiloso) e aqueles específicos

de projetos próximos à fase de desativação que já possuem capacitação

implantada na FAB ou no exterior; e

priorização da capacitação das empresas nacionais, realizadas por meio

de offset ou outro instrumento aplicável, para manutenção de

componentes de futuros projetos da FAB ou de componentes já sendo

trabalhados em oficina no exterior.

É importante salientar que a realização dessa terceirização deverá observar,

sobretudo, os aspectos de qualidade, que são essenciais para assegurar a

conformidade dos componentes aeronáuticos, cujo grau de confiabilidade são

fundamentais para a garantia da segurança de voo.

Vale salientar, ainda, que com essa abordagem estaria se praticando,

também, a fase do preparo da mobilização, de acordo com a Lei 11.631, de 27 dez.

2007, que aprova o Sistema Nacional de Mobilização (SINAMOB).

Finalmente, cabe ressaltar que o resultado do presente trabalho confirmou a

hipótese inicialmente formulada.

Page 61: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

60

6 CONCLUSÃO

Neste trabalho, considerando que as atividades de manutenção de

aeronaves poderiam representar um papel fundamental para garantir a

sustentabilidade da indústria de defesa, que depende de uma demanda adequada e

contínua de produtos e serviços, buscou-se identificar uma abordagem que

permitisse alavancar, de modo sustentável, a indústria nacional de material de

defesa, em consonância com as estratégias emanadas pelo Ministério da Defesa e

sem comprometer a disponibilidade necessária ao cumprimento da missão da FAB.

Nesse sentido, partiu-se da hipótese que a terceirização, em algum grau,

das atividades de revisão e reparo de componentes aeronáuticos poderiam contribuir

para alavancar as empresas nacionais de manutenção aeronáutica.

Para tal, foram analisados os conceitos de manutenção de aeronaves (tipos

e níveis), as características da frota e da estrutura de manutenção da FAB, a

situação das empresas nacionais de manutenção aeronáutica e as principais

legislações relacionadas à indústria de defesa.

Essa análise revelou que, apesar da FAB possuir uma frota com vários tipos

de aeronaves e muito heterogênea quanto à origem e à idade, a sua estrutura de

manutenção, baseada nos Parques, ESM e Seções de Manutenção das Unidades

Aéreas, está adequada para suportar as atividades de manutenção on aircraft, a

menos de eventuais picos de demanda e deficiências conjunturais de pessoal.

Contudo, quanto aos reparáveis, manutenção off aircraft, a estrutura de

manutenção da FAB não contempla todos os componentes e não tem condições de

suportar toda a demanda de reparáveis, sendo necessárias alterações para aumento

de sua capacidade ou repasse de parte dessa demanda para empresas privadas.

Por outro lado, constatou-se que as empresas nacionais de manutenção

aeronáutica possuem potencial para aumentar a sua participação atual na produção

de componentes para a FAB. Além disso, por ser uma atividade diretamente

vinculada ao seu foco de negócio e não estarem sujeitas à legislação governamental

de compras e contratação de pessoal, as empresas têm melhores condições que a

FAB para gerenciar esse tipo de serviço, adequando-se às variações de demanda

características desse tipo de manutenção, bem como a eventuais novas tecnologias,

por meio de adaptação do seu corpo técnico, aquisição de peças de reposição e

Page 62: FERNANDES, Jorge Luiz Cerqueira. Estrutura de manutenção da FAB

61

aproveitamento de outras demandas do mercado, reduzindo, portanto, o risco de

descontinuidade da manutenção do componente.

Nesse contexto, verificou-se que uma estratégia de terceirização, mesmo

que parcial, das atividades de reparo/revisão de componentes é necessária,

adequada e oportuna para a FAB e permite o aproveitamento do potencial que as

empresas nacionais de manutenção aeronáutica possuem nessa área e, ainda, está

em linha com as diretrizes de governo para a indústria de defesa, que estabelece,

entre outras, que seja priorizada a base industrial já existente e que se evite

concorrência das empresas públicas (aqui considerado os Parques) com as

empresas privadas nas áreas de atuação comum.

Desse modo, considerando esse cenário, identificou-se a seguinte estratégia

para terceirização das atividades de manutenção da FAB, que leva em conta a

necessidade de considerar a evolução da frota no ciclo de vida restante, assim como

as suas peculiaridades relativas aos sistemas de armas:

realização pela FAB, nas suas instalações, das atividades de manutenção

on aircraft, em todos os níveis, com base realocação dos recursos

humanos oriundos das atividades de manutenção off aircraft terceirizadas

ou pelo aumento de efetivo decorrente de priorização junto à EEAR, para

um maior volume de formação de graduados para a área logística;

realização pelas empresas, nas suas instalações, dos reparos e revisões

em componentes, incluindo os motores e seus acessórios, excetuando-se

os itens sensíveis (que envolvam conteúdo sigiloso) e aqueles específicos

de projetos próximos à fase de desativação que já possuem capacitação

implantada na FAB ou no exterior; e

priorização da capacitação das empresas nacionais, realizadas por meio

de offset ou outro instrumento aplicável, para manutenção de

componentes de futuros projetos da FAB ou de componentes já sendo

trabalhados em oficina no exterior.

Cabe ressaltar, contudo, que o grau de terceirização dessas atividades, seja

em quantidade seja na escolha dos componentes a serem terceirizados, bem como

o cronograma para a aplicação dessa abordagem, deverão ser definidos em estudo

mais detalhado, envolvendo uma análise mais minuciosa do ciclo de vida restante de

cada projeto da FAB, bem como um maior aprofundamento no potencial das

empresas, seja quantitativo como qualitativo.

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62

Por último, cabe, ainda, salientar que a implementação dessa terceirização

deverá observar, sobretudo, os aspectos de qualidade das empresas, que são

essenciais para assegurar a conformidade dos componentes aeronáuticos, cujo grau

de confiabilidade são fundamentais para a garantia da segurança de voo.

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63

REFERÊNCIAS

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______.______. Resolução CAMEX nº 55, de 5 de agosto de 2010. Altera a Regra de Tributação da Tarifa Externa Comum para os Produtos do Setor Aeronáutico, contida no Anexo I da Resolução CAMEX nº 43, de 22 de dezembro de 2006, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 ago. 2010. Seção 1, p. 21. Disponível em: <http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=21&data=06/08/2010> Acesso em: 30 jun. 2012. ______.______. Resolução CAMEX nº 78, de 5 de outubro de 2011. Considera-se cumprida a exigência de autorização de que trata o item 2 do Anexo da Resolução CAMEX nº 55, de 5 de agosto de 2010, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 out. 2011. Seção 1, p. 29. Disponível em: <http://www.in.gov.br/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=29&data=06/10/2011> Acesso em: 30 jun. 2012. DELLERT, G. M. An Analysis of the Impact of Reliability and Maintainability on the Operating and Support (O&S) Costs and Operational Availability (Ao) of the RAH-66 Comanche. 2001. Tese (Master’sThesis) - Naval Postgraduate School Monterey, California, 2001. Disponível em: <http://www.dtic.mil/cgi-bin/GetTRDoc?AD=ADA40136>. Acesso em: 24 jun. 2012. MARTINS, C.A.D. Fortalecimento da Expressão Econômica do Poder Nacional e Racionalização do Emprego do Efetivo Militar. 2011. 39 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) - Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2011. OFFICE OF THE SECRETARY OF DEFENSE (OSD). Cost Analysis Improvement Group (CAIG). Operating and Support Cost Estimating Guide. Washington, DC, 1992. Disponível em: <http://www.dtic.mil/pae/index.html>. Acesso em: 24 jun. 2012.