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FEMINISMOS PLURAIS E FEMINISMOS EM ÁFRICA

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FEMINISMOS PLURAIS E FEMINISMOS

EM ÁFRICA

FEMINISMO

• Filosofia de vida – da qual deriva uma atitude crítica frente aos factos e perante a sociedade

• Tomada de consciência

• Resposta – que conduz à mudança, a partir da transformação das próprias mulheres

• Método de acção e de reflexão

• Que as mulheres vão elaborando a partir das suas variadas situações sociais

FEMINISMO

• Movimento Social com uma componente ética e moral

• Movimento Social que implica mudanças estruturais com estratégias de longo prazo

• Movimento civilizacional, federativo, transnacional

DIFERENTES NÍVEIS DO FEMINISMO

• A CONSCIÊNCIA – factor indispensável

• O DISCURSO TEÓRICO – que se elabora ao longo do percurso

• O MOVIMENTO – instrumento de luta ou grupo de pressão

NÍVEIS DO FEMINISMO

• FEMINISMO – como filosofia, forma de vida, que nasce do nível de consciência e pensamento das mulheres

• Movimento social, conjunto de grupos organizados e de pressão social

FEMINISMO • Diversidade de teorias e movimentos que

criticam o preconceito masculino e a subordinação das mulheres

• Que se comprometem com a eliminação da desigualdade de género

• Perspectiva transformadora sobre qualquer assunto que diga respeito às mulheres e homens e que desafia o modo como as relações de género são socialmente construídas

FEMINISMOS - ÁFRICA

• Movimento de Mulheres Africanas, e os debates em torno do feminismo em África, emergem historicamente de quatro frentes:

FEMINISMOS - ÁFRICA • Do movimento endógeno de mulheres que

teria caracterizado grande parte das sociedades Africanas;

• Da resistência anti-colonial;

• Como produto directo do movimento de libertação nacional, que criou espaços para as mulheres transformarem as posições anteriormente defendidas sobre a mulher na sociedade, nos seus papéis de mãe, esposa e filha subserviente e obediente;

FEMINISMOS - ÁFRICA

• Como resultado do grupo de mulheres profissionais e outras educadas nas universidades, tanto em África, como no estrangeiro, mulheres independentes do ponto de vista económico e que foram gradualmente adquirindo visibilidade pela sua participação também em organizações de diverso tipo (Jirira, 1995; McFadden, AWLI, 1997; Amadiume, 1997).

FEMINISMOS - ÁFRICA

• Estas quatro fontes donde emergem os movimentos de mulheres Africanas e os movimentos feministas em África, representam uma mistura de correntes feministas: endógena, liberal, radical, socialista, marxista e feminismo negro da diáspora, todas propondo-se lutar, por diversas formas, pela libertação da mulher nas suas sociedades.

FEMINISMOS - ÁFRICA

A participação das mulheres, em vários tipos de movimentos, tem a ver com:

• Os momentos históricos,

• As características diferenciadas dos países, dos grupos étnicos, das classes, da cor da pele, do estatuto, da idade, da religião.

FEMINISMOS - Moçambique • Luta Armada de Libertação Nacional (LALN) –

1962 – 1974, dirigida pela FRELIMO, Frente de Libertação de Moçambique

• LIFEMO, Liga Feminina de Moçambique - 1962

• DF, Destacamento Feminino - 1965

• OMM, Organização da Mulher Moçambicana -1973 – “A EMANCIPAÇÃO DA MULHER É UMA NECESSIDADE DA REVOLUÇÃO, GARANTIA DA SUA CONTINUIDADE, CONDIÇÃO DO SEU TRIUNFO”. Samora Moisés Machel

FEMINISMOS - Moçambique

• Tomada de posição mais avançada que a de outros movimentos de libertação e mesmo de partidos de esquerda no mundo – “A REVOLUÇÃO DAS MULHERES PODE ESPERAR…”

• Mas, ao mesmo tempo, A CRÍTICA SEVERA DE SAMORA E DA FRELIMO – feminismo entendido como um grupo de mulheres liberais e que confunde os propósitos da libertação (Machel, 1973).

FEMINISMOS - Moçambique • Situação idêntica à que se verificou nos países

latino-americanos – feminismo apresentado como um fenómeno importado, meios de comunicação caricaturavam mulheres feministas, como sinónimo de mulheres amarguradas, anti-homem e mesmo considerando a prática feminista um perigo porque "dividia a luta de classes" (Portugal, Ana María 1996, "LatinoAmerica Pasado y Presente". In:

Perspectivas (Feminismos), ISIS Internacional, Santiago de Chile, pp. 10-14. : 12-13).

FEMINISMOS - Moçambique

• 1975 – Independência – conceito de emancipação da mulher – mulher garante do lar; integração da mulher na produção sem desafiar a divisão sexual do trabalho a nível do lar

• Finais 1980 – antes da nova constituição de 1990 que adopta o multipartidarismo – criação de organizações de mulheres, as primeiras a surgirem fora do Partido Frelimo

FEMINISMO

• “Consciência política pelas mulheres que leva a um sentimento forte de auto-consciência, auto-solidariedade feminina e, por conseguinte, a questionar e a desafiar as desigualdades de género nas instituições sociais”. Ifi Amadiume, 1987

FEMINISMOS - ÁFRICA

• Luta popular das mulheres pela libertação das várias formas de opressão a que estão sujeitas

• Movimento político que procura transformar as relações de género que são opressivas para as mulheres

• Algumas feministas africanas avançam que o feminismo tem as suas raízes na realidade africana – consciência sobre a opressão – desafio das mais diversas formas (Mannathoko, 1992)

FEMINISMOS - ÁFRICA Organizações 'endógenas' de mulheres

• Mulheres mantêm diversas formas organizativas tradicionais, em meio rural e urbano, que se foram transformando e recriando, ao longo dos anos, mas que continuam a constituir bases fundamentais de apoio para si e para as comunidades;

• Sua importância na criação de organizações

FEMINISMO – TERCEIRO MUNDO

• DAWN-MUDAR (Development Alternatives with Women for a New Era/Mulheres por um Desenvolvimento Alternativo), criada 1985:

• Existe e deve existir diversidade de feminismos – resposta às diferentes necessidades e preocupações de diversas mulheres e homens, definido por e para elas

• Tendências diversas: explicação sobre a opressão das mulheres, visão de libertação, quadro epistemológico em que se inserem

FEMOCRACIA GABINETES DAS PRIMEIRAS DAMAS

• Estrutura de poder feminino antidemocrático – proclama a defesa da mulher, mas não a realiza na prática; dominada por pequena elite: autoridade deriva mais do facto de se relacionarem com homens do poder do que pelas ideias e projectos libertadores

• Aproveita compromissos internacionais pela igualdade de género para servir interesses da elite (Amina Mama, 1995)

MOVIMENTOS DE MULHERES E PARTIDOS POLÍTICOS

• "...O partido: um grande corpo com inúmeros braços, capazes de os cobrir - e conduzir. - A colectivização total da vida: a quotidiana, a mental, a afectiva. Nunca estiveram sozinhos: pensavam por eles, decidiam por eles, estruturavam as suas vidas. Laços muito fortes uniam-nos, como em qualquer seita ou gueto.

MOVIMENTOS DE MULHERES E PARTIDOS POLÍTICOS

• (...) Aprenderam o integrismo e o colectivo como antídotos ao "veneno" do individualismo. (...) uma entrega quase total. (...) mas tinham ao fim e ao cabo uma razão de existir, uma justificação permanente. E uma coluna vertebral que articulava cada resposta.

MOVIMENTOS DE MULHERES E PARTIDOS POLÍTICOS

• Sintetizando, o partido cumpria para elas o papel tradicional da família, na sua estrutura patriarcal completa: o partido como a mãe afectuosa com o seu regaço protector, o partido como o pai monolítico com as suas garras opressoras" (o sublinhado é meu) (Marcela Serrano, 1998, Tão Amigas Que Nós Somos. Quetzal Editores, Lisboa: 170).