Felv ou vírus da leucose felina

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FELV ou Vírus da Leucose Felina A Leucemia felina é uma das doenças mais confusas para os proprietários de gatos, assim como um problema real para a gestão de gatis, principalmente por causa da sua natureza imprevisível. Um gato pode hospedar o vírus durante meses ou anos sem adoecer e repentinamente ficar doente com uma série de sintomas que incluem linfoma, leucemia e infecções secundárias. A seguir à exposição ao vírus da Leucemia felina, podem ocorrer vários desfechos. O gato pode ficar agudamente doente; ou pode hospedar o vírus na corrente sanguínea durante meses sem mostrar sintoma algum; ou ainda o sistema imunitário do gato pode lutar contra a infecção. Neste caso, isso pode eliminar completamente o vírus do organismo e imunizar o animal contra um contacto secundário com o vírus, ou o vírus pode ficar alojado na medula óssea, onde pode manter-se inerte durante semanas, meses ou anos ouaté durante toda a vida do gato. No entanto, se o sistema imunitário for atacado por outra doença, o vírus desenvolve-se rápida e repentinamente. Segundo Lila Miller, veterinária e directora do Departamento de Ciências Animais na Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais, em Nova Iorque, "a contaminação por FeLV geralmente dá-se entre gatos que convivem intimamente por períodos prolongados através da saliva". Mais comumente, a doença é transmitida por lambidelas, mordidelas entre os gatos; entretanto, os gatos também podem infectar-se por transfusões sanguíneas ou pelo leite de gatas infectadas. Por aqui se vê a dificuldade em gerir um gatil, onde forçosamente se reunem gatos FelV+, mas ainda assintomáticos e que poderiam ter uma vida mais ou menos longa e de qualidade se vivessem na protecção dum lar, em convivência estreita com gatos já com sintomas diversos e mais ou menos agudos, que inevitavelmente vão despoletar neles a activação do vírus. É impossível não sentir aqui um profundo sentimento de injustiça ... Autor: Atlantic Pompom no ginásio Autor: Atlantic

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FELV ou Vírus da Leucose Felina

A Leucemia felina é uma das doenças mais confusas para os

proprietários de gatos, assim como um problema real para a gestão

de gatis, principalmente por causa da sua natureza imprevisível. Um gato pode hospedar o vírus durante meses ou anos sem adoecer e

repentinamente ficar doente com uma série de sintomas que incluem linfoma, leucemia e infecções secundárias.

A seguir à exposição ao vírus da Leucemia felina,

podem ocorrer vários desfechos. O gato pode ficar

agudamente doente; ou pode hospedar o vírus na

corrente sanguínea durante meses sem mostrar

sintoma algum; ou ainda o sistema imunitário do

gato pode lutar contra a infecção. Neste caso, isso

pode eliminar completamente o vírus do organismo

e imunizar o animal contra um contacto secundário

com o vírus, ou o vírus pode ficar alojado na

medula óssea, onde pode manter-se inerte durante

semanas, meses ou anos ouaté durante toda a vida

do gato. No entanto, se o sistema imunitário for

atacado por outra doença, o vírus desenvolve-se rápida e repentinamente.

Segundo Lila Miller, veterinária e directora do Departamento de Ciências Animais na

Sociedade Americana para a Prevenção da Crueldade contra os Animais, em Nova

Iorque, "a contaminação por FeLV geralmente dá-se entre gatos que convivem

intimamente por períodos prolongados através da saliva". Mais comumente, a doença é

transmitida por lambidelas, mordidelas entre os gatos; entretanto, os gatos também

podem infectar-se por transfusões sanguíneas ou pelo leite de gatas infectadas.

Por aqui se vê a dificuldade em gerir um gatil, onde forçosamente se reunem gatos

FelV+, mas ainda assintomáticos e que poderiam ter uma vida mais ou menos longa e

de qualidade se vivessem na protecção dum lar, em convivência estreita com gatos já

com sintomas diversos e mais ou menos agudos, que inevitavelmente vão despoletar

neles a activação do vírus. É impossível não sentir aqui um profundo sentimento de

injustiça ...

Autor: Atlantic

Pompom no ginásio

Autor: Atlantic

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Por outro lado, o FeLV é um vírus

bem frágil, com uma vida estimada

em cerca de 20 minutos em meio

seco, e facilmente destruído pelos

desinfectantes e detergentes comuns.

Assim, é improvável a contaminação

do ambiente como mesas, jaulas e

salas de espera. No contacto

frequente, o vírus é transmitido de

gato para gato através da saliva,

secreções nasais, urina e fezes. Logo,

gatos que compartilham comedouros,

bebedouros ou caixas sanitárias com gatos FeLV positivos podem ser contaminados.

Uma vez transmitido, o vírus começa a replicar-se nos tecidos do nariz e da boca, indo

depois para os linfonodos da cabeça, onde continua a multiplicar-se, antes de entrar na

corrente sanguínea e instalar-se na medula óssea. É na medula óssea que o sistema

imunitário é muitas vezes capaz de derrotar o vírus. Mas se a carga viral for muito

grande, as células da medula óssea contaminadas que estiverem a circular pelo

organismo levarão o vírus até às glândulas salivares, onde o ciclo infeccioso ficará

completo.

Que chances tem um gato quando exposto ao FeLV ?

- Cerca de 25 a 30% dos gatos expostos rejeitam o vírus e a infecção é evitada.

- Mais ou menos 30% desenvolvem uma viremia persistente, uma alta concentração do

vírus no sangue, com uma forte probabilidade de desenvolver linfoma ou outra doença

ligada a FeLV.

- Quase 40% dos gatos expostos desenvolvem uma infecção transitória e tornam-se

hospedeiros latentes da doença. Esses hospedeiros não são fontes de infecção, a não ser

se o sistema imunitário estiver debilitado por outra doença ou se eles forem tratados

com corticosteróides, que podem suprimir o sistema imunitário e activar o vírus.

Apesar do nome, só um quinto dos gatos

infectados desenvolvem linfoma ou leucemia

linfóide. A grande maioria das mortes por FeLV

está relacionada com infecções secundárias, que

incluem outras infecções virais como a peritonite

infecciosa felina, infecções por fungos como

cryptococcosis, e infecções bacterianas como

pneumonia, abcessos ou infecções na boca.

Aliada às infecções oportunistas, gatos infectados por FeLV também estão sujeitos a

anemia e desordens da medula óssea, chamadas doenças mieloproliferativas, onde uma

Misolinha

Autor: Atlantic

Júnior

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ou mais células da medula óssea se prolifera à custa de outras linhagens celulares.

A natureza diversa da doença faz com que seja impossível prever durante quanto um

gato com FeLV vai sobreviver. Apesar de a taxa da sobrevivência variar de apenas

umas poucas semanas a anos, a média de sobrevivência é 2 anos. Estudos indicam que

83% dos gatos FeLV+ morrem num período de 3 anos e meio após o diagnóstico. Ao

mesmo tempo, há evidências de que o gato possa sobreviver muito mais. Felizmente,

não há evidência de que a FeLV seja transmitida a outras espécies, incluindo seres

humanos.

O exame a FeLV, feito em gatos de 6 ou mais meses (porque antes desta idade os

resultados obtidos simplesmente não são fiáveis), tornou-se um procedimento clínico de

rotina. Os dois testes mais utilizados são o ELISA e a

imunofluorescência. Infelizmente, esses testes nem sempre são precisos. De facto, é

comum obter-se dois testes com valores diferentes, denominados "resultados

discordantes". Por essa razão, gatos sadios que foram expostos ao vírus do FeLV devem

ser testados em intervalos mensais durante até 3 meses, para eliminar as chances de

falso positivo e para determinar se a infecção é de natureza transitória ou persistente.

Um resultado negativo a FeLV não significa imunidade ao vírus, nem tão pouco que o

gato nunca foi exposto ao vírus. Um resultado negativo também pode indicar que o

vírus está no período de incubação, uma etapa antes da qual o vírus pode ser detectado,

ou que o gato venceu uma infecção prévia, ou foi infectado com o vírus e desenvolveu a

doença mas por alguma razão não possuía o vírus na corrente sanguínea quando da

realização do exame.

Apesar de existirem várias vacinas contra o FeLV, há

controvérsias, principalmente quanto à sua segurança e

eficácia. A melhor forma de evitar que a doença se

espalhe é evitar a exposição ao vírus. Mantenha o seu gato

dentro de casa, evite brigas com outros gatos e longe de

gatos que você sabe que estão contaminados. A prevenção

continua a ser a melhor solução, pois não existe ainda

tratamento eficaz.

Aumentar a qualidade e tempo de vida de um gato com

Felv:

No entanto, há algumas coisas que se pode fazer a fim de diminuir o avanço da

doença em gatos infectados e tornar a sua vida mais confortável:

- O gato deve ser mantido dentro de casa, não só para evitar que o vírus se espalhe, mas

também para diminuir o stress que o mundo exterior pode causar no gato.

- O número de gatos na casa também deve ser mantido no mínimo, já que uma lotação

Autor: Atlantic

Jerry

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excessiva é outra causa de stress e pode expor outros animais ao vírus.

- Uma boa nutrição e cuidados para limitar o impacto de outras doenças não

relacionadas também são importantes.

- Se o gato deve ou não ser vacinado contra outras doenças, depende de uma avaliação

caso a caso pelo veterinário, embora recentemente uma maioria de veterinários a

recomende.

- Pode ainda administrar-se Interferon, a fim de estimular as defesas imunitárias, assim

como suplementos vitamínicos.

Adaptação de um texto da autoria do Dr. W. Bradford Swift, retirado da revista

ANIMALS Janº/Fevº 1998, uma publicação bimestral da MassachussettsSociety for

thePreventionofCrueltytoAnimals, encontrado no

site http://www.nossoscaesegatos.hpg.ig.com.br/