Feed-se Democracia

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 Admirável Gado Novo   A Arte do Ciberativismo  Você Sabe Votar? Blogs, Liberdade de Expressão e Censura   Ano 1 - Edição Especial - Setembro de 2008 www.feed-se.com.br Justiça Mira no Twitter e Acerta Num Blog Medocracia - Entendendo Relações de Poder e Influência Sobre a Sua Dita Liberdade de Expressão Edição Especial Democracia Imagem: Ground.Zero, CC 2.0.

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Admirável Gado Novo – A Arte do Ciberativismo

Você Sabe Votar?

Blogs, Liberdade de Expressão e Censura

Ano 1 - Edição Especial - Setembro de 2008www.feed-se.com.br

Justiça Mira no Twitter e Acerta Num Blog

Medocracia - Entendendo Relações de Poder eInfluência Sobre a Sua Dita Liberdade de Expressão

Edição Especial

Democracia

Imagem: Ground.Zero,CC 2.0.

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Nesta Edição

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A Frágil Democracia

No último dia15 de setembro , celebrou-se pela primeira vez oDia Internacional daDemocracia . A data, criada pela Organização das Nações Unidas em novembro de 2007, querlembrar-nos que a democracia é essencial ao desenvolvimento humano. O secretário-geral da ONU,

Ban Ki-moon, frisou que, apesar das críticas e da descrença no regime democrático, é nele que setorna mais provável a garantia dos direitos básicos dos cidadãos. Ban Ki-moon sabe do que estáfalando: seu próprio país, a Coréia do Sul, trilhou um longo e penoso caminho até atingir ademocracia.

No Brasil, ainda estamos caminhando . É verdade que temos democracia formal desde 1985. Vivemos o maior período democrático de toda a nossa história - o que, por si, já mostra como ademocracia brasileira precisa de cuidados constantes para manter-se. Desde 1989,ininterruptamente escolhemos pelo voto direto o cargo máximo do Poder Executivo. Os nascidos noprimeiro ano de governo de Fernando Collor mal entraram na idade adulta. Sim, ainda temos muitoa aprender.

Em períodos eleitorais, como o atual, fica ainda mais claro que nos falta muito para atingirmos amaturidade democrática. Entre os candidatos, muitas caras conhecidas, corruptas e demagogas.Nos discursos, inúmeras promessas vazias. Nas ruas, o famigerado "voto útil", a apatia e odesinteresse. No Judiciário, o absoluto desconhecimento de como funciona a internet, o meio decomunicação democrático por excelência. Vigilância constante e um clima de medo:sobre o queposso falar, afinal? Enquanto os candidatos à presidência dos Estados Unidos usamtwitter, youtube e vários outras ferramentas virtuais, aqui temos medo de publicar um texto sobre políticae acabarmos com uma intimação no nariz, ou com nossos blogs fora do ar.

Às vezes, nem é preciso falar sobre as eleições para sentir a opressão da Justiça Eleitoral. O TwitterBrasil, blog apartidário, viu-se fora do ar graças a uma liminar desarrazoada. O caso inspirou aedição Feed-se Democracia , que entrevistou Raquel e Fernando, autores do blog. Diante daproximidade das eleições, discutimos a importância de votar com responsabilidade paraconstruirmos uma democracia real. Sugerimos canais para reclamar e propor ações aos candidatoseleitos. Passeamos pelas discussões políticas presentes na música, no cinema, na literatura e natelevisão. Frisamos a importância dos blogs como meios de livre expressão e abordamos váriosoutros temas relacionados.

Nosso desejo é que, lendo aFeed-se , você se interesse pela democracia, por política, pelas eleiçõesque estão aí e por todas as que virão. Pesquise, converse, debata, troque idéias com amigos,vizinhos, com a família. Reflita sobre a sociedade que temos. Imagine que sociedade você gostariade ter. Aja para construí-la, cotidianamente.

Não, a democracia não é perfeita. Vale, no entanto, lembrar o estadista Winston Churchill:

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.

Boa leitura!Lu Monte

Editorial - A Frágil Democracia………………………………………………………

Entrevista: Justiça mira no Twitter e acerta num blog …………………………… 2

Disse me Disse: Democracia…………………………………………………………

De Voto Em Voto Se Muda Um País……………………………………………………

Medocracia ………………………………………………………………………………

Admirável Gado Novo e a Quixotesca Arte do Cyberativismo………………… 8

Mensagem Aos Dirigentes Políticos…………………………………………………

Gentileza Gera Gentileza………………………………………………………………

Blogs, Liberdade de Expressão e Censura …………………………………………

Você Sabe Votar? ………………………………………………………………………

Quero dar pitaco - Comofas?* …………………………………………………………

DemoROCKracy………………………………………………………………………… Na Estante ………………………………………………………………………………

Navegue …………………………………………………………………………………

Humor……………………………………………………………………………………19

Tirinhas Democráticas…………………………………………………………………

Ficha Técnica……………………………………………………………………………21

I m a g e m :

L u M o n t e

C r e a t i v e C o m m o n s

2 . 0 .

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Entrevista: Justiça mira no Twittere acerta num blog

No dia 9 de setembro, oTwitter Brasil , carinhosamente criadopela Raquel Camargo eFernando Souza, amanheceu fora do ar. Em vezda página conhecida, que tinha posts sobre opassarinho, um aviso: "este site foi registradomas ainda está em construção".

Foi uma seqüência de atos praticados por quem,obviamente, não entende nada de internet. Oprimeiro: a advogada de uma candidata emFortaleza achou que o blog era o legítimorepresentante doTwitter no Brasil. O juiz, semconsultar nenhum perito no assunto, expediu aliminar e mandou retirar o perfil falso da talcandidata do ar. O provedor, talve z com medo damulta de R$ 50 mil por dia, tirou o blog do ar.

Eu tive o prazer e a agonia de acompanhar cadapasso da história na tarde do dia 9 de setembro.Foi esta história - e seus desdobramentos - queinspirou esta edição especial sobre Democracia.Então vamos deixar o bla-bla-bla de lado epublicar logo a entrevista com a Raquel e oFernando. Antes que a gente cometa umainjustiça: a Gabi Zago também escreve lá noTwitter Brasil..

A história, como previsto, seguiu. No dia 15 desetembro o excelentíssimo juiz fez despacho emque pede que a Raquel Camargo diga qual é adiferença entre o focinho de porco e a tomada.

Trechinho da decisão:

"Notifique-se a sra. Raquel Camargo, apontada como proprietária do domínio http://www.twitterbrasil.org, no endereço fornecido às fls. 52 (retirado o endereço da Raquel, que ninguém merece), para que tome conhecimento de todos os termos da presente representação, bem como para que informe, no prazo de 48 horas, acerca da responsabilidade do site acima citado na veiculação do falso perfil,cuja propagação restou proibida na decisão liminar de fls. 44/45 ."

Lucia Freitas

Calma, Raquel, calma. Você só tem queexplicar que Twitter Brasil é um blog/sitecriado e mantido independentemente doTwitter. Coisa que, aliás, qualquer cristão quesaiba ler encontra no "Sobre" do blog:Dicas e novidades sobre o fenômeno dos microblogs .

Esmiúça mais um pouquinho que tudo vai darcerto.

De quem é o domínio?

Raquel Camargo: É meu e do Fernando, naverdade, mas está em meu nome. Foi assim:anotificação veio pros dois, mas na liminarestão os meus dados porque quando fizemoso registro colocamos o meu nome.

Fernando Souza : O domínio é meu e daRaquel Camargo. Na ocasião do registrodecidimos colocar o domínio no nome daRaquel porque a hospedagem estava no meunome, assim dividimos a questão.

Conta do comecinho.

Raquel Camargo: Na manhã de terça-feira(09/09), recebemos a notificação do provedordizendo que o Twitter Brasil estava sendobloqueado em virtude de decisão liminaremitida pelo TRE/CE. Na mesma mensagemdizia que poderíamos pedir a cópia da decisão

via fax. Logicamente a pedimosimediatamente.

A notificação veio por e-mail mesmo?Sem direito a defesa?

Raquel Camargo: Por email mesmo. quandomandaram o email, o blog JÁ estava fora d o ar- 9 horas da manhã do dia 9 de setembro.

Fernando Souza: Sim, a empresaresponsável pelo domínio enviou um e-mail

informando que o site estava bloqueado por uma ação judicial e que para ter acesso ao documento era necessáriofornecer um telefone para que eles o enviassem via fax.

Qual foi a sua reação?

Raquel Camargo: Eu não entendi nada na hora. Fiqueitentando lembrar se em algum post tínhamos citadocandidatos políticos, algo que desse chance ao TSE deprocurar-nos, mas eu não conseguia me lembrar de nada.

Até apelei para o cache do google no primeiro momento,pra ver se achava algum post sobre isso, mas nada...

Fernando Souza: Na hora fiquei surpreso e indignado,questionando-me sobre o que havia acontecido. Envie oe-mail para a Raquel e fiquei tentando lembrar se havíamosfalado algo que pudesse ter gerado o bloqueio. Procurei nofeed e não encontrei nada de errado. Começamos a

conversar por gtalk e também não chegamos a nenhumaconclusão. Cheguei a pensar que poderíamos ter sidoderrubados por uma bala perdida, ou seja, era pra tirar oTwitter fora do ar e tiraram nosso blog. Nesse meio tempo,entrei em contato com a a empresa responsável peloregistro de domínio para conseguir o máximo deinformações e conseguir o documento via fax, mas elesestavam com dificuldades para enviá-lo!

Vocês começaram a contar para todo mundo como?Twitter? IM?

Raquel Camargo: Não, no primeiromomento fiquei quietinha. Mostreiapenas para o meu chefe e algunscolegas de trabalho que estavam do meulado. (A Raquel trabalho na Studio Sol )Enquanto isso eu me comunicava com o

Fernando por email e esperávamos maisque ansiosamente pela liminar - que sóchegou no dia seguinte.

Fernando Souza: Logo quando vi ocomunicado fiquei um pouco nervoso efoi impossível não contar a ninguém. Naseqüência, expliquei para o pessoal daPólvora! a situação e o que estavaconhecendo e o porquê da minhaindignação. Esperamos ter algumasinformações mais específicas paracomeçarmos a contar o fato para outraspessoas.

Por que demorou tanto?

Raquel Camargo: A gente passou umnúmero de fax para eles enviarem a cópiada liminar, e eles alegaram que estavamcom dificuldades para enviar... depoismandaram o link do processo, que nóspublicamos.

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Continuação:

Entrevista: Justiça mira no Twitter e acerta num blog

Como foi a mobilização?

Raquel Camargo: Ah, a mobilização foi algoque me surpreendeu, sério. Eu fiz o postTREatira contra o Twitter e acerta a vítima errada eem seguida fiz posts notwitter do blog. Aí opessoal já se assustou. Com a ajuda de amigos

a notícia foi só espalhando... e de repentecomecei a receber muitos, muitos comentários ea ver a enorme repercussão do assunto nopróprio twitter. Foi um susto ver naquele textodo site do TRE "site twitter" como representadodo processo.

Fernando Souza: a Raquel fez um post sobre oacontecido em seu blog e twittou. Em seguidafiz meu post. Mostrei para alguns outros amigose daí começou a mobilização - todo mundofazendo contatos e utilizando sua rede deinfluências. Meu telefone começou a tocar semparar, era gente do Comunique- se, Folha, Jornalda Globo etc!

E focinho de porco virou tomada na hora.

Raquel Camargo: Sem dúvidas. O grito dosblogueiros e twitteiros, seguido da atenção damídia em geral foi fundamental pro retorno dosite. Se não fosse isso, duvido que o blogvoltasse ao ar no mesmo dia.

Vocês vão ter que se defender nesteprocesso? Como está agora?

Raquel Camargo: Estou no processo de"apuração" (risos). Conversei já com doisadvogados e estou querendo ainda ver a opiniãode mais algum.

Raquel CamargoO que os advogados dizem? Afinal, defender-seno Ceará é um mega-esforço...

Raquel Camargo: A gente sabe que a justiça é lenta(pior que minha conexão), e sabemos que paradesafiar cachorro grande é preciso muita coragem edinheiro. Essa é minha principal preocupação: ter omeu nome citado no processo. Mas ainda não tiveacesso aos documentos lá no Ceará, então vamos vero que acontece nas próximas semanas.

Mas eles erraram - e reconheceram isso, não?

Raquel Camargo: Reconheceram voltando o blog aoar, mas ainda não sei se retificaram nos documentos,explicando que a inclusão do meu nome foi umequívoco. Os advogados precisam de mais dados par adar orientações mais seguras. Esses dados estão emFortaleza. Eu não tenho acesso ao processo completo,portanto não sei dizer de qual parte veio oreconhecimento do erro…

Como você se sente neste instante,Raquel?

Raquel Camargo: Eu me sinto preocupada erevoltada com o caso... Preocupada pelo fa to desaber que meu nome está lá, e que embora oerro tenha sido reparado ainda não tenhocerteza de como está o processo por completo.Revoltada por ver que erros crassos acontecemassim...

Você acompanhou o apoio de blogueiros etwitteiros na história. Por onde começou?Pelo teu post ou pelo twitter (ou ambos)?

Raquel Camargo: Pelos dois, já que forampostados quase no mesmo minuto.

Como a imprensa chegou ao caso?

Raquel Camargo: Através dos própriosblogueiros e twitteiros.

Quantas entrevistas você deu na tarde deterça?

Raquel Camargo: Humm, tenho que contar...foram umas 6 eu acho. Digo: entrevistas para 6veículos. Teve gente que ligou mais de uma v ez.Foi uma experiência legal essa, pois dá praperceber o foco e a linha de cada veículo.

Ainda é cedo, porque a gente não teminformação, mas qual o resultado destaexperiência para vocês, como blogueiros? Vocês ficam com medo? Ou confiam na"força" da nossa gritaria on-line?

Raquel Camargo: Deu pra ficar mais inspiradaainda com a força dos blogueiros após esseepisódio.

Confio demais no poder dessa "gritaria on-line",como você disse. É essa a força mesmo.

Fernando Souza: Fico muito feliz de ver opoder de nossa mobilização e a capacid ade quetemos de movimentar a "blogosfera", a"twittosfera" e os canais de mídia maistradicionais, que reportaram o fato, deramouvidos e correram atrás de informações detodas as partes envolvidas para aquecer oassunto - o que considero um grande m otivo determos conseguido a volta do site no mesmodia.

Qual foi o "resultado" do bloqueio noTwitter Brasil? (Aumentaram as visitas,caíram?)

Raquel Camargo: As visitas aumentaram sim,

principalmente no dia seguinte ao ocorrido.Como esse bloqueio deu uma boa "sacudida"em nossas vidas, não pudemos aproveitar oritmo e fazer posts. Mas acredito que váriaspessoas tenham tomado conhecimento do siteno momento da polêmica.

E agora? O que fazer para evitar a(in)justiça?

Raquel Camargo: Você se refere a qualinjustiça? futuras?

A esta e outras, tão aberrantes quanto...(nada garante que não tirem outros doar, né?)

Raquel Camargo: Como evitar? Não sei... Agora se acontecer, é pedir justiça, pelo menosdando o grito. Não ficar quieto...

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Continuação:

Entrevista: Justiça mira no Twitter e acerta num blog

Isso que o PL do Azeredo ainda nã o entrouem vigor... já pensou?

Raquel Camargo: Sim, já pensei. O Trasel fezum bom post já associando isso.

Vocês vão ficar no servidor atual ou vão

migrar? Já pensaram nisso?

Raquel Camargo: O Fernando disse queestava procurando uma alternativa, mas aindanão chegamos a uma conclusão.

Fernando Souza: Estou vendo qual a melhorsaída, se colocar fora do país, apenas mudar deempresa ou deixar onde está ainda porque nãochegamos a uma decisão.

De onde vieram os apoios maisinesperados?

Raquel Camargo: Bem, foi tudo beminesperado na verdade. Eu não imaginei queaquele post ia repercutir tanto assim. A cadacomentário recebido, a cada pingback, a cadatwittada eu ficava mais surpresa. Quando os"grandes veículos" começaram a entrar emcontato foi mais uma surpresa grande... Nãoimaginei que o assunto iria tão longe e em tãopouco tempo.

Qual o efeito desta avalanche de apoio?

Raquel Camargo: Foi bom ver o quão forte é opoder dos blogueiros. Fiquei feliz vendo isso, eclaro, muito, muito grata. Ver a blogosferamostrar a "eles" que não é todo mundo que ficaquietinho diante de certas atitudes também medeixou satisfeita. Sem saber, os blogueirosparticiparam de um episódio pró-ciberativismo(lembrando o Caribé

).

Fernando Souza : Fiquei muito feliz em ver amobilização de muita gente! Esses momentos ajudama estreitar alguns laços, reconhecer as pessoas comque você pode realmente contar e descobrir novosapoios.

Mas foi uma certa blogosfera. Teve muito

neguinho "famoso" que nem tocou no assunto,né?

Raquel Camargo: Sim... talvez o SEO tenha faladomais alto (risos).

Será? SEO ou falta de consciência?

Raquel Camargo: É verdade, muitos sabiam... ou osdois.

Senti falta de mais posts. Porque, cá entre nós,quem vai lá no twitter search somos nós, não?

Raquel Camargo: Ah sim, estava difícil rastrear ostwitts porque não havia uma "hash tag" nem nada. =/

O que a gente pode fazer para ajudar o blogneste momento?

Raquel Camargo: Ah Lu, pra ajudar, nada demaisagora... o mais tenso já passou, o blog está no ar!

Fernando Souza: Num primeiro momento, acreditoque a função do blog será a de informar o ocorrido e

explicar que houve um engano, pela falta deinformação e/ou pesquisa, faltou apuração.Felizmente, conseguimos com a ajuda de amigosblogueiros e jornalistas, que o fato fosse divulgado ecorrigido. É um exemplo de que devemos ter muitocuidado com o uso das redes sociais. Assim, erroscomo a confusão do Twitter com o Twitter Brasil,deverão ocorrer com menos frequência, espero.

Como está o processo agora?

Fernando Souza: O processo está correndo.Houve uma nova citação do nome da Raq uel, emais uma vez estamos aguardando a chegadados documentos para tomarmos as devidasprovidencias. Sim, mesmo à distancia estou

comprometido com o assunto e sei de tudo queestá acontecendo, além de estar fazendoalguns contatos para ver o que conseguimosde apoio jurídico. Estamos prontos para o queder e vier!

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Lucia Freitas é mulher, blogueira e jornalista, aprendiz e professora. Adora

uma boa discussão, conversar com amigos,novidades, gadgets. Seu blog?Ladybug. Fernando Souza

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Disse - me - Disse:Democracia

Ninguém é suficientemente competente paragovernar outra pessoa sem o seuconsentimento. Abraham Lincoln

Se o homem falhar em conciliar a justiça e aliberdade, então falha em tudo.

Albert Camus

A democracia muitas vezes significa o poder nasmãos de uma maioria incompetente.Bernard Shaw

A liberdade econômica é a condição necessáriada liberdade política

Luigi Einadi

A democracia é a mais severa forma dedespotismo. Aristóteles

Tudo é caso de sangue. Não é fácil ser umhomem livre: fugir da peste, organizar

encontros, aumentar a potência de agir,afetar-se pela alegria, multiplicar os afetos queexprimem e envolvem o máximo de afirmação.

Gilles Deleuze e Claire Parnet

Depois da liberdade desaparecer, resta um país,mas já não há pátriaFrançois Chateaubriand

A democracia fundada sobre a igualdadeabsoluta é a mais absoluta tirania.

Cesare Cantú

Democracia é a regra do povo, pelo povo e pa rao povo. Abraham Lincoln

Desejo tanto que respeitem a minha liberdade quesou incapaz de não respeitar a dos outros.

Françoise Sagan

O sufrágio universal, a mais monstruosa e a maisiníqua das tiranias, pois a força do número é a maisbrutal das forças, não tendo ao seu lado nem aaudácia, nem o talento.P. Bourget

A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leisconsentem.

Montesquieu

A democracia, mais do que qualquer outro regime,exige o exercício da autoridade.Saint-Jonh Perse

Tudo quanto aumenta a liberdade, aumenta aresponsabilidade.

Victor Hugo

A democracia surgiu quando, devido ao fato de quetodos são iguais em certo sentido, acreditou-se quetodos fossem absolutamente iguais entre si. Aristóteles

A liberdade de escolha é um direito de todos, mas só

alguns a exercem com elegância.Honorè de Balzac.

A democracia é apenas a substituição de algunscorruptos por muitos incompetentesBernard Bernard

A liberdade custa muito caro e temos ou de nosresignarmos a viver sem ela ou de nos decidirmos a

pagar o seu preço.José Martí

© Chappatte - www.globecartoon.com

O meu ideal político é a democracia, para que

todo o homem seja respeitado como indivíduo enenhum venerado. Albert Einstein

Há muito poucas repúblicas no mundo, e mesmoassim elas devem a liberdade aos seus rochedos

ou ao mar que as defende. Os homens sóraramente são os dignos de se governar a si

mesmos Voltaire

O diabo foi o primeiro democrata.Lord Byron

As liberdades não se concedem, conquistam-se.Fonte: "Palavras de um Revoltado"

Piotr Kropotkine

A democracia não garante igualdade decondições - ela garante apenas igualdade deoportunidades.John Dryden

A igualdade só poderá ser soberana nivelandoas liberdades, desiguais por natureza.Charles Maurras

A capacidade do homem para a justiça torna ademocracia possível, mas a sua inclinação para

a injustiça torna a democracia necessária.Reinhold Niebuhr

Não há pessoa que não ame a liberdade, masquem é justo exige-a para todos, quem éinjusto, apenas para si mesmo.Ludwig Borne

Assim como eu não seria escravo, não seriasenhor. Isso expressa minha idéia de

democracia. Abraham Lincoln

A liberdade começa onde acaba a ignorância. Victor Hugo

Democracia quer simplesmente dizer odesencanto do povo, pelo povo, para o povo.

Oscar Wilde

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O processo eleitoral brasileiro corresponde aeleger pessoas para cargos administrativos elegislativos através de votos individuais de cadaeleitor.

Cada pessoa apta a votar tem direito a um voto. Eo voto de um é exatamente igual ao voto d e outro.Ganha o cargo quem consegue ter o número devotos suficientes para tal.

Por que eu expliquei isso?

Não está mais que claro a noção de que cada votoé igual ao outro? E que se elege alguém com aunião de votos individuais de cada pessoa?

Infelizmente não está claro, não.

O brasileiro no geral se comporta como se seuvoto não valesse nada e não fosse somar-se aoutros para fazer a diferença em algum resultadoeleitoral.

O que prevalece é o sentimento de inferioridade eexclusão política que faz os eleitores não seconsiderarem capazes de mudar algo no atualperfil que não os agrada.

E muitos votam por obrigação sem se dar contado poder que têm em mãos. E outros, ainda pior,nem votam.

Votar conscientemente pode ser um processodoloroso para a maioria, pois envolve abrir osolhos para assuntos que se prefere empurrar paradebaixo do tapete, enquanto a novela e o futebolcontinuarem passando na televisão.

Envolve olhar de frente para a própria situaçãoeconômica e de seu país. Envolve consideraraspectos de liberdades individuais.

Envolve pensar no bem-estar de seus entesqueridos em níveis mais profundos do que dar umsaquinho de porcaritos para a criança ficar quieta .

É um passo gigantesco de iluminação política que,uma vez dado, não se pode voltar atrás.

E assim é que votos são desperdiçados.

As pessoas, além de não acharem que podemmudar algo, não querem ter trabalho de mudaralguma coisa. "Deixa para outro votar comconsciência. Meu voto não vai fazer diferençamesmo..."

E os políticos de sempre acabam sendo eleitospor esses mesmos votos que não faziamdiferença nenhuma e tudo continua igual comessas mesmas pessoas reclamando. Eesperando que alguém faça algo por elas.

Muitos brasileiros se viram obrigados a prestaratenção à política quando sua situaçãoeconômica apertou. Por um lado vemos maisgente consciente votando, o que é bom. Poroutro, o que os levou a essa postura foiinteresse próprio, não ideais elevados. A águaestá batendo na bunda das pessoas, falando nagíria.

Os veículos de informação também têmcontribuído muito para a conscientização doeleitorado, apesar dos esforços em contráriopara que se permaneça na ignorância e semantenha ostatus quo .

Os blogs adquiriram no mundo todo umaimportância considerável como veículos livresde disseminação de informação e consciência.E em diversos países eles estão de igual paraigual participando nos processos eleitorais. OsEstados Unidos são o exemplo.

Isso pede também uma postura mais madurados blogueiros dispostos a participar demudanças em seus meios. Requer oreconhecimento do poder do próprio blog e dablogosfera no geral.

Aqui, o mesmo pensamento "meu blog é só umblog e não vai fazer diferença" pode atr asar emmuito a consolidação do veículo e seu poder demudança.

Ações individuais, sejam elas votar ou blogar,quando somadas, resultam em mudanças boasou resultados neutros ou insatisfatórios.

Depende de como cada participante secomportou no processo. No caso das eleiçõesvindouras, suas ações irão resultar em algoque vai afetar milhões de pessoas, incluindovocê e os seus. Você está preparado?

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De Voto Em Voto Se Muda Um País(E de Blog em Blog Também) Liliana Pellegrini

Liliana Pellegrini já fez um monte decoisas, já viveu muito, já foi para um monte

de lugares e já viu quase de tudo.

I m a g e m :

S o y i g n a t i u s , C r e a t i v e C o m m o n s

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Entendendo relações de poder einfluência sobre a sua ditaliberdade de expressão.

Voltemos ao fim de Roma, perto do ano 476 d.C,quando acabou o Império Ocidental e começou aIdade Média:

Enquanto Roma passava por uma profunda criseem todos os seus setores, o grande Impériopassou a ser sacudido por hordas bárbaras queatacaram todas as fronteiras.

Quem tinha terra e alguns recursos começou aerguer grandes fortalezas que poderiamproteger as vidas abrigadas de possíveis saques.

Temendo pela sua segurança nas cidades, apopulação iniciou um êxodo urbano e passou ase concentrar nas proximidades dos castelos,pedindo proteção ao senhor das terras. Ummovimento de sobrevivência sensato em que o

cidadão trocava os seus direitos conforme as leispela proteção paga por submissão a um regimede servidão.

Tal ilustração serve apenas para passarmos aconversar sobre o termo que intitula este artigo.

A Medocracia não é o poder da tirania, e sim asatribuições de poder que o medo deu a cadaparte.

No caso citado, percebe-se que o poder dosenhor feudal só foi possível pela existência deuma ameaça em potencial, um medo quepairava sobre os servos nos primeirosmomentos de Idade Média.

A pergunta que deve ser feita antes doprosseguimento é: e quem não tem medo?

Quando falamos em comunicação no Brasil emtempos pós-ditadura, falamos de alguns poucosgrupos que dominam a opinião pública. Talestrutura é o que, basicamente, alimenta todasas famílias de quem trabalha em jornais,agências de publicidade, empresas de pesquisae até nos departamentos de marketing.

O jornal que você lê, a revista que você assina,o canal de televisão a que você assiste: - todos

fazem parte das posses de um seleto grupo deempresários que têm o poder de ditar os rumos daopinião pública.

E são nesses meios que a publicidade tem os seuslucros, as pesquisas são geradas e o marketing estudaos seus ganhos.

É possível comparar estes grandes empresários damídia aos senhores feudais. Um pobre camponêsprecisa se refugiar em um dos castelos para sobrev iver,ou, em outras palavras, precisa estar ligado, de certaforma, à mecânica.

É simples assim. Não há jornalismo, publicidade ououtra atividade de comunicação que não tenha pelomenos um pé dentro da terra destes senhores.

Você já assistiu a um documentário produzido sobre oGoverno de Minas Gerais e sua suposta influência emveículos de comunicação?

Vez ou outra, uma coisa dessas surge, alimentando asnossas síndromes de conspirações e perseguições, semque efetivamente tenhamos alguma confirmação daverdade.

O vídeo entrevista alguns jornalistas que teriamperdido o emprego no maior jor nal de Minas Gerais porpublicarem comentários negativos em relação aoGovernador local.

O dia-a-dia no feudo é bem menos tenso do que isto,mas passa pelo mesmo questionamento: escrever talartigo pode contrariar pessoas , mas se contrariar a altacúpula do veículo que paga o salário, o que acontece?

E então surgem os blogs como alternativa a quemproduz comunicação com qualidade e isenção.

Uma verdadeira revolução, se voltarmos aos papos de2005 e 2006. O volume de coberturas instantâneas e deopinião fez dos blogs potenciais competidores dosfeudos. Hordas bárbaras de respe ito. Um pequeno postpode fazer grandes estragos.

É claro que os senhores feudais podem fic ar de olho noque os seus servos produzem nestas mídias sociais.Mas o poder que eles têm para calar uma vo z destoantede seu coro já não é mais o mesmo até porque jáexistem blogs com maior número de acessos do que osleitores de alguns jornais.

Seria a blogosfera o último reduto longe daMedocracia?

Talvez não para este que lhes escreve, cujosganhos estão ligados à publicidade.

Mas se é bobagem, então a preocupação destetexto com algo que provavelmente não ocorrecom os blogs - como a existência de blogspatrocinados por empresas, embaixo da aba degrandes grupos de mídia ou bancados poragências publicitárias -, brindemos à isenção.

Ou aproveitemos estes belos dias de Camps paradiscutir quem é que vira senhor feudal se oblogueiro for o servo nesta metáfora.

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Luiz Yassuda é publicitário, pitaqueiro equase ex-universitário, e publica seus

textos noBlog do Yassuda.

Castelo do século XII, na Bélgica.Imagem: Hbrinkman. Royalty free

MedocraciaLuiz Yassuda

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Vida de gado, povo feliz.

O "admirável gado novo" continua feliz, ospoucos que conseguem enxergar além da cercasão conhecidos como "gados quixotescos".

Cuidado com eles, diz a sabia vaquinha a seurecém desmamado bezerrinho.

Ao invés de brigar contra a fome eles ficambrigando contra as leis que garantem a nossasegurança na internet, profere o velho touro,palavras replicadas pelo jovem bezerro, paraparecer sábio. Um sábio de antolhos, que nãoconsegue consumir além do que lhe foraruminado pelos touros de massa.

O admirável gado novo não quer enxergar alémda cerca; a segurança da cerca, do "bolsamanada", das quotas dos bois malhados eoutras “maravilhas” do curral os tornaramassim.

Enxergar além da cerca é arriscado, pode-se

enxergar o que não querem que você veja.O pessoal lá do curral acha que o gadoquixotesco é um rebelde sem causa, afinal,depois que um dos fazendeiros falou que osgados quixotescos só falam bobagem, que oprojeto de leis para a internet não vai afetar avida do bom gado, só dos maus viu!, pronto, aboiada caiu na gargalhada, rindo da própriasorte, e o pior: sem saber disto.

Mal sabem eles que o gado quixotesco há muitose libertou dos touros de massa, consegueenxergar além da cerca e juntar os fardos,enxergando claramente estratégias estudadasmaquiavelicamente para beneficiar os amigos

dos fazendeiros e os próprios fazendeiros,sempre à custa da obediente boiada.

Os fins justificam os meios, leis para internetsão para proteger os pobres bois velhinhosvitimas de golpes eletrônicos, e os indefesosbezerrinhos que são vítimas de pedófilos nainternet, dizem os fazendeiros.

Oh! Que causa nobre, rumina a Mimosa, estesquixotescos são uns monstros, não são gado debem, exclama sem fazer uso de sua massaencefálica, apenas num ato reflexo ruminadopelos touros de massa.

E assim caminha o curral...

Os fazendeiros são estrategistas experientes,conseguem fazer os touros de massa ruminareminformações ao vento, em diversos pontos do curral,dando a impressão de que se trata de uma ruminadameme, quando na verdade é apenas um pequenomugido, ruminado de forma orquestrada e pontual.Informações são cuidadosamente estudadas, deforma que o conteúdo latente da mensagem sejaclaramente percebido, mesmo que nossos olhos ououvidos estejam em contato com o conteúdomanifesto.

Uma das estratégias é usar números absolutos. Fazemos touros ruminarem que foram encontrados 50 milperfis de bois pedófilos no “Murkut”.

50 mil é um número grande, mas 0,1% éinsignificante apesar de ser um número real, jáque o “Murkut” tem 50 milhões de cabeça degado …

Ô vida de gado! Povo marcado, povo feliz...

Touros de massa ruminam que os bancos de nossocurral perdemR$ 300 mil por ano por conta decibercrimes.

300 mil é um número muito grande, mas esquecem-sede falar que oscinco maiores bancos do curralfaturaram juntos mais de 27 trilhões de Reais.

Perto deste número, 300 mil é menor que 0,01%.Pífio, não?

Ô vida de gado! Povo marcado, povo feliz...

Os barões do copyright já conseguiram quefossem criadas leis no mundo inteiro paraproteger os direitos autorais, direitos autoraisque são cedidos por seus autores aos barões.

Como é bom ver TV, ouvir músic a, ler um livro ouusar um computador como “Ruminindows”.

A manada aqui do curral adora, mas mal sabemque seu lazer financia um terrível mercado, omercado da indústria da intermediação cultural.

Estas leis aplicam multas astronomicamenteestúpidas: se você tive um “Ruminindows” piratana sua máquina, você precisará pagar o valor demil cópias, sabe-se lá porque razão.

Vai ver que direito autoral é uma questãoestratégica, de segurança nacional.

Os barões do copyright criaram o ACTA com adesculpa de proteger as patentes de remédios,mas na verdade serve mesmo à indústria deintermediação cultural.

O ACTA foi quem delineou a convenção deBudapeste com o objetivo de criar mecanismospara aplicar suas penalidades exageradas econtrolar a pirataria, agora no meio digital.

Afinal, os touros de massa só ruminam osaspectos negativos da pirataria, e lá no curraltodos ruminam: “Pirataria é crime, papai do céucastiga”.

Existem aspectos positivos, falam os boisquixotescos, além da disseminação rápida, a

fomentação de uma sólida base instalada e/oucultural, ainda existem aspectos positivos naquestão de desenvolvimento e sociabilizaçãocultural, e ainda citam dois exemplos: lembraque o curral Brazilis só se tornou referência nocombate a AIDS por que ameaçou quebrar aspatentes das drogras anti-AIDS?

E o sucesso do Tropa de Elite? Lembra?Vendiaem qualquer camelô e estava disponível emqualquer rede P2P, diversas pessoas fizeramlegendas em diversos idiomas, disseminou nomundo.

Foi recorde de bilheteria e ainda ganhou umUrso de Ouro. Só não ganhou um Oscar porquenão foi indicado; afinal, se ganhasse, comoficaria o discurso contra a pirataria?

Afinal, a pirataria provoca enormes prejuízos edesemprego, rumina o touro de massa. Isto éconversa pra boi dormir...

Ô vida de gado! Povo marcado, povofeliz...

Finalizando as transmissões aqui do curral,mês que vem tem mais. Entendeu agora ouquer que eu desenhe?

Muuuuuuuuuuuuu!!!

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Admirável Gado Novo e a Quixotesca Arte do C berativismo João Carlos Caribé

I m a g e m :

T a m a r a i g l .

R o y a l t y

f r e e .

João Carlos Caribé, publicitário,ciberativista de plantão e refugiado do

curral, escreve noEntropia. I m a g e m : . W

o n d e r f e r r e t C C 2 . 0 .

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8/14/2019 Feed-se Democracia

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"O que falta é consciência política totalmentepermeada pela ética."

O problema dos partidos é bem simples: elesnão querem ou não desejam viver bem. A únicacoisa que lhes interessa é o Poder, ou o queacreditam que é Poder. Por isso a luta entre eles

é sempre entre duas caras da mesma moeda:inseparáveis, ainda que não possam ver-se umaà outra.

Eu represento uma comunidade muito maior doque vocês possam imaginar; sendo assim, o quevocês podem fazer por este país? O que vocêsoferecem? Se sua oferta é boa, eu lhe darei avitória.

O país é uma latrina onde todos fazem as suasnecessidades, sem que ninguém seresponsabilize verdadeiramente por nada.

Por isso, jamais diga o impróprio, pois isso se voltarácontra você; como tem se voltado contra eles (ospartidos); como os tem feito voltar-se uns contra osoutros.

"Impróprio" no sentido de não apropriado, depropriedade, de próprio, do que é de cada um. Não

diga o que é imprópr io, o que não é seu, o que não é Verdadeiro, o que não seja Verdade. Pois somente a Verdade e a sinceridade poderão levá- lo à vitória, queé o coração de cada um dos eleitores que esperam eque anseiam por uma mudança.

Não desperdice seu tempo e sua energia em ataquesestéreis a arcaicos modelos de comportamento,porque isso é o que eles fazem; e disso os coraçõesdos povos sofridos já estão cansados.

Isso é o que eles fazem, atacar-se; é o que semprefizeram.

Se realmente você é a mudança da qual todosprecisam, você tem que ser diferente, pensardiferente e estar de uma forma diferente.

Estar na posição de amig@, não de dirigente;você tem que se apresentar como alguém quetem a capacidade, a coragem e o valor de ser aexpressão máxima da necessidade de todosaqueles que tem sido relegados à posição demeros instrumentos para chegar ao poder.

Você deve pensar em ser o instrumento dosrelegados, para que eles assumam o poder real

que pertence somente à comunidade como umtodo; e não à grupos particulares que procuramviver às custas do sofrimento alheio, alicerçadosna demagogia, em falsas promessas e nodespertar de esperança s que eles nunca tiveram aintenção de cumprir ou levar a termo.

Não acredite que é fácil viver com a verdade nasmãos. Quando você tocar o coração das pessoascom ela, todos depositarão seus sonhos sobre assuas costas, confiando e esperando que você lhesmostre um novo caminho, um rumo a seguir emdireção à felicidade.

E qual é a Verdade?

A Verdade é a necessidade das pessoas; e qual éessa necessidade? A resposta é óbvia e simples,como tudo o que é verdadeiro: casa, estudo,trabalho digno e segurança. Tudo se reduz a isso;pois tendo essas coisas, o resto... as pessoasconstroem.

Sendo assim, a pessoa que tenha o valor de fazerdessas quatro coisas a sua Verdade se tornaráaquele que, junto com a comunidade, traçará onovo rumo para um país mais justo e digno paratodos.

Não é um trabalho árduo, é um trabalhogratificante, pois não existe maior gratificação

que ver um país crescer e tornar-se grande, namedida em que a sua gente se desenvolve ealcança seus objetivos.

Não se preocupe em saber quem sou eu. Vocêpode pensar em mim como a voz da comunidade,pois não sou ninguém sem ela; da mesma formaque você não é um político sem seus eleitores.

Tenho feito um trabalho à sombra do anonimatopara que surja uma pessoa que simbolize amudança que este país necessita; e se vocêacredita que é essa pessoa, faça com que eu o

saiba e terá tudo o que precisar para chegar àvitória.

O apoio e a ajuda para alcançar a sua meta nãochegarão de ninguém em especial, nem denenhum lugar em particular; mas virão demuitas fontes e de variadas formas, e serãomuito mais que o necessário, muito além dequalquer expectativa que você tenha.

Depois de tudo isto, volto a lhe perguntar: oque pode você fazer por este país? O que vocêoferece?

Espero a resposta de um@ "amig@", alguémque fale com o coração; não como um político,não como quem está em campanha eleitoral,mas sim como alguém que fala por e para aspessoas, alguém que leva a verdade em seucoração.

Um coração pleno de empatia e compaixão porseu povo; alguém que conhece a paixão pelavida, pois nela reside a força da voz que selevanta ante a injustiça e desvanece aindiferença que foi semeada sistematicamentepor falsos dirigentes, através de vãs ilusõesque levaram o país ao ponto crítico onde seencontra.

De sua resposta, do que você escreva,dependerá meu apoio, que seguramente olevará à vitória - não a sua, mas a de todos;pois sua resposta será o argumento que usareipara que as pessoas saibam que o ser queesperavam finalmente chegou; e que elastêm que lhe dar seu voto de confiança paraque as coisas possam seguir seu cursosegundo a Lei.

Por isso, suas palavras devem ser simples ediretas, porque os corações somenteentendem o que é simples e verdadeiro, nadamais que isso.

Não peço nada em troca, não há tratos nemcompromissos ocultos; o único compromissointrínseco em tudo isto é trabalhar pelo bemestar de todos.

Mãe Terra

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Debora Rocco é mulher, bruxa eblogueira, entre outras coisas.

Seu blog é oMagia Bruxa.

I m a g e m :

B a r u n p a t r o . R o y a l t y

f r e e .

Mensagem Aos Dirigentes PolíticosDebora Rocco

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O que José Datrino, o ProfetaGentileza , falaria se tivesse umTwitter?

O que faria, na internet, o papel das 56pilastras de viaduto onde ele imortalizou seusmandamentos? Como ele viralizaria suasmensagens?

Ele não está mais entre nós. Mas se o que va lesão as mensagens, confira alguns dosmandamentos do maluco beleza, todosdevidamente com até 140 caracteres:

- Não usem problemas, não usempobreza, usem amorrr do Gentileza e anatureza.

- Este é o Profeta Gentileza que geraamorrr e paz para um Brasil e um mundomelhor.

- Guerra só do Gentileza gera gentileza, Amorrr beleza, perfeição, bondade e

riqueza. - Gentileza gera gentileza, amorrr. Meusfilhos, nossa cabeça, nosso mestre, omundo é uma escola, ensina o ladopositivo e o negativo.

- Cuidado cabecinhas, cuidadolingüinhas ferinas. Por Jesus, disseProfeta Gentileza, Amorrr, Paz.

- O pensamento negativo, poluído demaldade e perversidade, é o inferno. Amá palavra, a porta do purgatório.

- Não pense em dinheiro, ele é o capeta,capitalismo, cega a humanidade e levapara o abismo sujo do capitalismo.

q

Por que pode ser uma boa idéiausarmos nossa força para umbem maior

Você está caminhando pela manhã, ouvindoRadiohead no seu iPod, e se depara com alguémpolêmico.

Sei lá, pode ser um juiz que t irou um blog do artentando detonar o Twitter inteiro. Ou umfuncionário da Editora Abril que te fez umaproposta indecorosa (“e diz que espera umaresposta, uma resposta de João”). Ou um sujeitodistribuindo geladeirinhas. Bom, qualquer umdesses tipos. Você está sozinho. Além de você eo ProJoselito, apenas outros transeuntes.

Pergunto: Você pararia e arremessariapedras no sujeito?

E se você se deparasse com uma pequena turbacercando o dito-cujo, atirando pedrascompulsivamente? Resistiria a arremessar maisuma pedrinha portuguesa?

Tem um episódio de “Além da Imaginação” queeu adoro. Tocam a campainha de um sujeito eentregam a ele uma caixa. Na caixa, apenas umbotão vermelho e nada mais. O entregador fazuma proposta indecorosa (“e diz que esperauma resposta”): se o cara que recebeu a caixaapertar o botão, uma pessoa que ele nãoconhece , em algum lugar do mundo, vai bateras botas. Logo depois, aquele que apertou obotão ganharia uma grande bolada.

O carinha pensa, pensa, pensa e, no fim, decideque não é tão mau assim matar alguém que sedesconhece e que nunca vai saber quem omatou. E mete o dedo no botão.

Um dia depois, o entregador volta, trazendouma mala cheia de dinheiro. Entrega a mala epega a caixa com o botão de volta. Oapertador-de-botões pergunta: “O que você vaifazer com a caixa?”. No que o entregadorresponde: “entregar para alguém que vocênão conhece ”. E o episódio termina com a carade “mifu” do recém -milionário.

As duas histórias ilustram um fenômeno queassola a blogosfera.

Não porque ela é composta de pessoas más,Marias-vão-com-as-outras ou inconseqüentes, nadadisso. Assola por que a blogosfera, acredite, écomposta de uma coisa tão esquisita quantoprevisível: gente.

Gente pensa assim. Individualmente, se limitafortemente pelas convenções sociais, pelos códigos

pessoais e coletivos de ética. Por um monte de regras,que garantem a boa convivência e a venda de cursosde etiqueta. Mas, quando essas mesmas pessoasestão em grupo, tudo muda.

Se uma multidão lincha um ladrão, o cara que deuuma cacetada no meliante se sente menos assassino,porque a culpa é compartilhada. A massa faz coisasque o indivíduo jamais faria sozinho. A massa temuma personalidade própria. É um indivíduo quase tãopoderoso quanto o “todo mundo faz” ou o “ninguémpaga imposto”.

O monitor de nossos computadores tem o mesmopapel de proteção. Atrás deles, somos mais corajosos.Nos sentimos livres para atirar nossas pedras. Nuncadamos a cara a tapa e nunca estamos só. Semprefalamos em nome da massa, em nome desse sercoletivo. E nos alimentamos de uma necessidadequase inerente ao Homem: o irresistível desejo defalar mal dos outros. De meter o dedo na ferida. Dever o circo pegar fogo.

Virais bacanas que passaram pelas teclas de todomundo existem aos montes. Mas manifestações ondeconvertemos o enorme poder de mobilização dablogosfera em um grito uníssono são, em sua enormemaioria, na forma de gritos de negação.

Negação ao Judiciário. Aos blogs da grande editora.Negação ao Ônibus Azul. A gente ignora rapidinho que

tem gente trabalhando do outro lado. Gente que er ra,que às vezes erra feio mas, caramba, quem não erra?Quem aperta o botão vermelho pra cima de outro sempestanejar ( “nunca vou me encontrar com o juiz quequis detonar o Twitter mesmo”) um dia pode ver umbotão vermelho crescendo em sua direção.

É real o risco de esse sentimento de auto-defesa, dese sentir superior, de se sentir a substituição da velhamídia, transformar esse espírito coletivo dablogosfera numa polícia cármica. Com julgamentos eexecuções sumárias daqueles que ferem as regras.

Os cada vez mais importantes formadores de opinião

da blogosfera precisam perceber o poder e aresponsabilidade que têm.

Muitos sem querer. Tem muita gente boa aí elevada a patamar de deus mas que, no fundo,só quer mesmo se divertir, desabafar, conhecergente nova. Não querem necessariamente ditarmoda. E nem tem obrigação nenhuma disso.

Mas a massa de seguidores lhes confere poder.

E se o poder está aí, dando bobeira, por que agente não o canaliza para uma energiapositiva? As cento e tantas mil assinaturas dapetição contra a Lei de Cibercrimes são umclaro exemplo de como a gente pode, sim, searticular pelo bem comum

É engraçado como tudo que descamba prohumanismo, pras grandes causas, pragentileza cai um rótulo deboring , de carola, deabraçador de árvore. É inegável o maior poderde propagação do bizarro, da bola-fora, daputaria, da boa piada. E isso tudo é ótimo.

Como disse nopost que originou esse artigo,alguns de nós (como eu), fazem desse mundovirtual um ganha pão, mas para a grandemaioria este é um espaço de diversão, deinformação, de lazer. E tem mais é que ser olocal das novidades, das piadas, da putaria. Sónão precisa ser só isso.

Seria legal se a gente se acostumasse a pensarduas vezes antes de apertar o botão vermelho.

Antes de tacar a pedra.

Não seria legal se a gente se habituasse aescolher uma “causa da vez” e viralizássemosessa idéia? Se a gente descobrisse as pessoas,as iniciativas do bem e déssemos umaforcinha? Um clique, um tweet, um post porvez.

Antes de twittar, lembrem-se: “G entileza geragentileza”.

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Auto-retrato de José Datrino, o Profeta Gentileza.Intervenção urbana em viaduto da zona portuária do Rio.

Imagem: Olimor. Wikimedia CommonsGentileza Gera GentilezaRoberto Cassano

Roberto Cassano é blogueiro, twitteiroe Diretor de Mídias Sociais da

Agência Frog.

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Entenda o caso Políbio Braga x A Nova Corja

25/06/2008 - Rodrigo Álvares, um dos autores do A Nova Corja , publica um artigo em quequestiona a publicidade oficial no blog de Políbio Braga.

27/06/2008 - Políbio Braga envia um email para Rodrigo Álvares onde lhe solicita seu endereçopara que possa "enviar um livro "; frente à recusa, envia outro email com a ameaça: "Eu vou te achar, cara. Não adianta te esconder. Algum amigo teu vai abrir a boca e contar para onde fostdepois que saíste da Cauduro, da Coletiva, da Folha… "

30/06/2008 - Rodrigo Álvares registra Boletim de Ocorrência por Ameaça (Artigo 147 do CódigoPenal).

01/07/2008 - Políbio Braga entra com dois processos contraWalter Valdevino (embora o artigoem que embasa seu pedido tenha sido escrito por Rodrigo). Em um destes processos foi deferiliminar em medida cautelar determinando que algumas partes de um dos artigos fossem excluídas

da rede. 02/07/2008 - Políbio Braga concede entrevista aoPortal Imprensa na qual afirma que estáprocessando Walter Valdevino por não ter localizado o jornalista Rodrigo Álvares: "Não consigo encontrá-lo. Então, fiz uma pesquisa e identifiquei o responsável pela publicação ."

21/08/2008 - Audiência de conciliação marcada para o dia 23 de setembro de 2008, a respeit o dum terceiro processo.

23/09/2008 - O promotor de justiça presente à audiência de conciliação pediu vistas do processpara opinar sobre o prosseguimento ou não da ação. Até o fechamento desta edição, esta era ainformação mais recente envolvendo Políbio Braga e A Nova Corja .

A ascensão ao poder no Brasil de um partidooriundo da assim denominadaesquerda crioutoda uma geração de órfãos do seu antigodiscurso.

Durante os anos de chumbo e enquanto semantiveram na direção do Estado as coalizõesmais conservadoras, os partidos popularesmantiveram um discurso favorável àdemocracia, cultura ecologia, etc. que era muitomais simpático à juventude do que a dicotomiareferente à propriedade dos bens de capital quecontrapunha socialistas e liberais.

O panorama dos governos de esquerda, noentanto, nada traz de alentador para quem delesesperava um alargamento democrático,principalmente atinente às liberdades civis.Exemplo bem acabado disso são asquase ditaduras de Chávez e Morales, nada obstanteisso sequer seja novidade à luz do que se teveem Cuba na interminável gestão de Castro.

De outro lado, a recentíssima turbulência nomercado de capitais decorrente dos créditospodres dos bancos estadunidenses, que fez comque o governo Bush interviesse injetandopesadas somas de dinheiro público em empresasprivadas, pôs por terra um paradigma daideologia liberal mais próxima dos partidosconsiderados de direita , que apregoava umEstado mínimo, fundamentado na capacidade deo mercado se auto-regular.

Neste caldo de cultura não é nenhuma surpresaa existência de manifestações extremamentecríticas aoestablishment e não há lugar maisdemocrático para a sua exposição do que aweb ou formato mais adequado do que os blogs.

Um dos pioneiros a manter uma página deopiniões no ar foi Gravataí Merengue, queescreve o Imprensa Marrom desde agosto de2001.

O autor, que se considera um "encrenqueirocom perfil adolescente incurável", dispara a suametralhadora giratória contra tudo e todos e,embora seja assessor da vereadora e candidataa prefeita Soninha (aliás, também blogueira), doPPS, não poupa sequer tal partido, como fezquestão de salientar na entrevista que

realizamos: "Um exemplo é o caso Yeda que temgente do partido envolvida". Merengue, no entanto,fez questão de deixar a chefia de gabinete davereadora, justamente por não achar convenienteficar recebendo telefonemas para comentar as críticasque veicula nas suas páginas.

Foi por meio doImprensa Marrom que muitostomaram conhecimento de um blog gaúchofortemente engajado na divulgação dos fatos queemergem das investigações e denúncias contraintegrantes do governo do Estado do Rio Grande doSul, o A Nova Corja.

Curiosamente, o que lhe trouxe destaque naBlogosfera brasileira foi a ameaça do jornalistatambém sul-rio-grandense (na verdade catarinense,conforme a Wikipédia) Políbio Braga, em decorrênciade um artigo em que questionava a existência de um"mensalinho" consistente na aquisição de espaços deanúncios no seu site por empresas ligadas ao poderpúblico – ainda hoje é possível visualizar na página do

jornalista o banner do Banrisul (veja o quadro sobre ocaso).

O blog A Nova Corja , que não explora espaços depublicidade, salientou no artigo "Mensalinho gaúcho?Junta os pontos e vai" a relação existente entrediversas páginas da internet mantidas por jornalistasdo Rio Grande do Sul que seriam financiadas por meiode publicidade estatal, o que lhes comprometeria aisenção na hora de investigar e/ou criticar osocupantes dos cargos mais altos nos respectivosgovernos municipal de Porto Alegre e estadual (sobrevalores de espaços publicitários na internet, veja oquadroPublicidade sob suspeita ).

No artigo, há a referência a diversos jornalistasque dispõem de espaços na internet, a maioriacomposta de gente muito mais conhecida, ouestabelecida em veículos da mídia maisimportantes que o do queixoso. Ninguém, noentanto, deu maior destaque à situação.

Resultado: em uma pesquisa noGoogle sobrePolíbio Braga, encontram-se muito maisreferências ao A Nova Corja do que ao seupróprio blog.

Os autores do A Nova Corja , que recusam orótulo de blogueiros, são três jornalistas eum doutorando em Filosofia (justamente o réudo Políbio) e têm uma visão extremamentecínica do universo da política:

"Todo mundo que entrou e saiu do A Nova Corja entende que a única forma de tratar os políticos é através do escárnio, porque é assim que eles fazem com quem os elege ", diz Rodrigo, autordo artigo contestado judicialmente.

E, ao ser perguntado acerca de vinculação aalgum partido, pontifica:

"Essa questão de aliviar algum político é para a imprensa tradicional, que não consegue fazer isso por falta de espaço nos jornais e revistas.E não dá para acusá-los de nada, porque a demência política aumentou exponencialmente nos últimos anos."

Embora às voltas com um processo em que sãoréus, os autores do A Nova Corja são otimistasem relação ao Judiciário brasileiro:

"Não temos problemas com a Justiça. As decisões judiciais devem ser sempre acatadas,mas não necessariamente aceitas bovinamente.", diz Rodrigo.

Por não aceitar bovinamente as decisõespodem-se entender as críticas ferinas, porexemplo, à decisão do Supremo TribunalFederal de ter arquivado as duas ações porimprobidade administrativa contra seuPresidente, insinuando um comportamentomais do que corporativista na Suprema Cortebrasileira.

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Blogs, Liberdade de Expressão eCensura Jorge Alberto Araujo

I m a g e m :

G a s t o n m a g .

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Publicidade sob suspeita

O que pode e deve ser levado em conta na avaliação de um espaço publicitário na Internet?

Carlos Cardoso, do blogContraditorium, suscitou esta perguntaao divulgar a informação,constante da páginaweb do Senado Federal, de que este pagava cerca de R$ 48.000,00 mensaisa uma página para manter umbanner de 125x60 pixels. O valor pago, no entanto, excederia emalguma dezenas de vezes o valor de idêntico espaço em páginas com um número de visitaçõesmuito mais expressivo.

A página que recebia os R$ 48.000,00 por mês do Senado está em 214.146ª posição no ranking do Alexa, uma das ferramentas usadas na aferição de audiência de um site. O próprio Cardoso,entrevistado através de email, esclarece indicando como exemplospáginas nas quais escreve:

"Um banner no Contraditorium (113.805ª posição no Alexa), de 728x96, custa R$ 3.000,00 por mês."

Outro exemplo da discrepância: segundo suapágina de publicidade, o portal Terra cobra, pela exibição de um

banner de 120x90, R$ 40.000,00 mensais no canalBeleza e R$27.000,00 por mês no canalCarro Online .

Para este formato, o canal mais caro do portal é oGente & TV :R$ 60.000,00 por mês. OTerra ocupa a 106ª posição

no ranking do Alexa .

Também o autor doImprensa Marrom nãoidentifica no Judiciário um inimigo dademocracia.

Pelo contrário, o blogueiro, que é advogado,afirma:

"Não tenho má-fé quanto ao Judiciário, ao contrário da opinião que se propaga pela

Internet, de forma errônea - como no caso recente do TRE do Ceará. A coligação da Luizianne Lins fez uma barbeiragem, o juiz foi OBRIGADO a citar uma das partes e então culparam o 'Judiciário' por 'não entender de internet'. Isso é errado. O erro foi da parte."

A visão tolerante em relação às decisões daJustiça brasileira não é, no entanto, o forte doblog Visão Panorâmica. Sua criação decorreu doprofundo desapontamento de seu autor com asinstituições do país.

Arthurius Maximus, pseudônimo adotado comoforma de driblar a perseguição que diz sofrer deseu ex-empregador, uma grande instituiçãofinanceira que tudo fez para lhe arruinareconômica e psicologicamente após ter sidodemandada na Justiça do Trabalho, foi fuzileironaval, estudou Letras e trabalhou comInformática, daí sua coragem, redaçãoimpecável e habilidade com as novastecnologias.

Sobre o Judiciário, atira logo:

" A justiça brasileira (em todas as áreas) é uma piada. É inegável que melhorias devem ser feitas imediatamente. E não só melhorias físicas. Amentalidade de alguns juízes deve ser reformada e, se possível, banida do sistema

judiciário brasileiro."

Arthurius questiona em seu blog situações queentende equivocadas no procedimento judicialbrasileiro como, por exemplo,a concessão deliberdade a criminosos procurados em diversospaíses mediante mero termo de comprom isso decomparecimento – descumprido, ou oencaminhamento à Suprema Corte de processosridículos ou irrelevantes.

Os questionamentos de Arthurius, que, embora nãotenha conhecimento técnico-jurídico, tem experiênciade vida, são bastante inquietantes e atuais, na medidaem que abordam questões atinentes ao exercício dedireitos fundamentais e, principalmente, o conflitoentre eles.

Este estudo ou reflexão une, por exemplo, o autor doVisão Panorâmica ao juiz federal George Marmelstein,

do blog Direitos Fundamentais, sem que se possa,muitas vezes, diferenciar a opinião de um ou de outro,exceto, talvez, pelo palavreado técnico oufundamentação bibliográfica do último.

Advogado, jornalistas, filósofo ou profissional deInformática, em comum, além de debater a realidadebrasileira sem medo de levantar polêmica, todosafirmam não temer o Judiciário, embora observemalguns cuidados para não extrapolar os limites de sualiberdade de expressão.

O direito de expor o pensamento se encontraassegurado na Constituição, no entanto, comoqualquer direito, deve ser exercido de formanão-abusiva, ou seja, sem que atinja direitosfundamentais alheios, como, por exemplo, a honra, aintimidade etc.

Por outro lado, não podemos de forma alguma admitirque exista no Brasil uma censura ou limitação aoconteúdo dos blogs. Devemos ficar atentos para queesta liberdade permaneça.

A sombra de regimes populistas e autoritários ronda a América Latina e somente uma opinião pública livre edescomprometida é eficaz para evitar que sejamospor ela obscurecidos.

Fiquemos com a advertência sombria de Rodrigo Alvarez, do A Nova Corja :

"É melhor as pessoas começarem a levar a sério a possibilidade de haver uma censura e patrulhamento mais intenso na internet brasileira em pouco tempo,mesmo que tudo esteja dentro da legalidade."

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Continuação:

Blogs, Liberdade de Expressão e Censura

Observação:

Tentamos entrar em contato como jornalista Políbio Braga para a realizaçãodeste artigo, através do email em suapágina, mas até o fechamento desta ediçãonão tivemos qualquer resposta.

I m a g e m : S r

b i c h a r a . R o y a l t y

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I m a g e m :

N k z s . R o y a l t y

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Jorge Alberto Araujo é Juiz do Trabalho,professor universitárioe escreve no

Direito e Trabalho,no Athena de Ventoeno Show Jumping Brasil.

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Não estou me referindo ao ato mecânico: ir atéa seção, pegar fila, entregar o título de eleitor,apertar uns números e já foi. Isso, você sabefazer.

Mas será que você sabemesmo votar?

O processo do voto começa muito antes doprimeiro domingo de outubro. Na verdade, oideal é que ele sejapermanente , sem pausasou interrupções.

Infelizmente, porém, não é isso que vemos. Odesinteresse por política é geral. Muita genteacha até bacana falar "eu odeio polític a" ou "nãome interesso por política". É a gente queesquece que a política está presente emgrande parte do seu dia , mesmo quando nãoé partidária.

O termo política vem do grego e deriva depolis,

nome dado às cidades na Grécia Antiga. A política,portanto, abrangetodos os assuntos relativos àcidade .

Se você decide odiar ou ignorar a política, você estáodiando ou ignorando parte considerável da suaprópria vida em sociedade.

Você sabe em quem votou nas últimas eleições?Provavelmente, recorda-se em quem votou para ocargo de Presidente da República. Talvez se lembrequem escolheu para governador. Mas lembra osnomes que indicou para o Senado, a Câmara dosDeputados e a Assembléia Legislativa? Sabe, aomenos, se eles ganharam ou perderam as eleições?

Saber em quem votou é parte do processo desaber votar .

Se seus candidatos venceram, você deve acompanharsuas ações nos respectivos cargos.

Estão cumprindo suas atribuições e suaspromessas de campanha? Comparecem àssessões? Recebem o povo - e, mais importante,atendem seus clamores?

Cuidam bem da cidade (ou do estado, ou dopaís) que está sob sua responsabilidade?

Se os candidatos em quem você votouperderam, cabe acompa nhar sua vida política damesma forma. Eles perderam uma eleição mas,provavelmente (quase certamente) estarão de

volta na próxima. Valerá a pena dar seu voto para elesnovamente?

Aí, você me diz: "Tudo muito bonito, mas comofaço esse acompanhamento? Esses crápulasmentem o tempo todo, sempre dirão que são osmelhores do mundo".

Verdade. Não dá para acreditar no que elesfalam. Felizmente, temos alternativas melhores.

Acompanhe os noticiários na televisão,leia jornais, revistas e blogs sobrepolítica.

São todos tendenciosos, sim. Cada um querpuxar a brasa para sua sardinha, ou para sualinha editorial. Apesar disso, são uma fonterazoável de informações.

Você tira a média, noves fora a corrente políticaadotada por cada veículo de notícias e, no fimdas contas, terá um panorama superficial, masque funciona como um começo para saber o queestão fazendo os políticos.

Para minimizar o efeito desinformativo da mídia,acompanhe dois veículos do mesmoformato , no mínimo.

Se assiste regularmente a um telejornal, assistacom a mesma freqüência a um outro, deemissora diferente. Se lê um jornal impresso,leia dois. Se acompanha uma revista semanal,acompanhe duas.

Adicione uns três ou quatro blogs de política aoseu agregador de feeds.

O Google é seu amigo.

Coloque o nome do seu candidato noGoogle e pesquise .

Faça consultas também, sobre os atuaisocupantes dos cargos eletivos. Use duasformas de busca: pelo nome que o políticocostuma usar no dia-a-dia (o "nome fantasia",digamos) e pelo seu nome completo

(que você descobre ao consultar o "nome

fantasia"). A título de exemplo, googlei o nome dosenador Azeredo, responsável pela propositurado polêmico Projeto de Lei dos Cibercrimes.

Descartei, porque são naturalmente parciais,as páginas oficiais do político e do seu partido,bem como de seus adversários. Ignorei osverbetes da Wikipédia, que também tendem àparcialidade (quando não estão vandalizados).

Para "Eduardo Azeredo" vieram milhares deresultados, dentre eles os seguintes:

Entrevista do senador Eduardo Azeredo -Xô Censura: o repórter confunde acitação válida (autorizada por lei) com acópia, mas Azeredo não fica atrás aodizer que fanfic é pirataria (antes deadmitir que não faz idéia do que sejafanfic ).

Não sabe o que é DRM, mas fez umprojeto de lei sobre crimes relacionados ainternet.

PGR denuncia Eduardo Azeredo eWalfrido dos Mares Guia: O MinistérioPúblico os denunciou em 21 de novembro

de 2007 por peculato e lavagem dedinheiro.

Para "Eduardo Brandão de Azeredo", dentre osmilhares de resultados, há estes:

Às Claras 2002: mostra as doações para aúltima campanha eleitoral do senador(cujo mandato dura oito anos,lembre-se), a média doações/votos, ocomparativo com outros candidatos e asfontes das doações.

Pág. 13

>>

Você Sabe Votar?Lu Monte

I m a g e m :

W o o d s y

R o y a l t y

f r e e .

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Nem município, nem estado.

No Distrito Federal, não há prefeitos ou câmarasmunicipais - afinal, não há municípios. Osrepresentantes mais próximos do povo são ogovernador e os deputados distritais quecompõem a câmara legislativa.

Quando se trata das eleições municipais,estaduais ou federais, você é exemplar. Nãodesperdiça seu direito indo na onda do "votoútil" ou do "voto de protesto".

Pesquisa sobre seu provável candidato antes dese decidir. Acompanha o desempenho dos atuaismandatários para ver se fazem jus aos votosrecebidos. Cumpre seu papel de cidadão.

Durante o mandato,você percebe que ascoisas não correm exatamente como vocêgostaria .

O vereador não comparece às sessões. Aquelaobra de iluminação pública não sai do papel. Oprefeito não faz o menor esforço para implantara coleta de lixo seletiva.

Você anota tudo isso e decide: não vota maisnesse cara. Afinal, até a próxima eleição, não há

nada mais que você possa fazer, não é?Bem, não exatamente.

Se quiser,você pode ter uma participaçãoativa na política - especialmente na políticalocal, aquela que é diretamente ligada à suacidade. Suas reclamações e sugestões nãoprecisam ficar restritas à mesa de bar.

Você pode fazer suas opiniões chegarem aosouvidos certos. Pelo menos,pode tentarfazer-se ouvir .

Como?

Antes de mais nada, faça uma pesquisa edescubra os sites da prefeitura e dacâmara municipal da sua cidade. A maioriadas informações de que você precisa estará lá.

Se os Poderes da sua cidade não mantêm sites,dê uma olhada nos carnês de IPTU e IPVA.Provavelmente, há um telefone para contato.

A velha lista telefônica também ajuda.

Porque, quanto mais distante o político está dos seuseleitores, mais insensível a eles se torna. Além disso,melhorar a sua cidade é, conseqüentemente,melhorar seu estado e o Brasil.

Sabendo a quem endereçar sua opinião, você podefazê-lo de diversas formas.

Escreva para seus representantes.

Pesquise no Google ou nos sites da prefeitura ou dacâmara de vereadores oemail do político eleito aquem você gostaria de dirigir sua reclamação ousugestão e escreva-lhe.

Você também pode encaminhar uma boa e velhacarta à sede do Executivo ou do Legislativo, "aoscuidados de Fulano de Tal" (sendo Fulano de Tal,obviamente, o representante com quem você gostariade falar).

Dirija-se à ouvidoria.

Nos sites da prefeitura e da câmara você encontrará,via de regra, um email ou telefone para contato coma ouvidoria, um"Fale Conosco".

Não é tão direto quanto escrever, por e xemplo, para oprefeito, mas é um recurso a mais.

Procure a imprensa.

Ela está sempre atrás de notícias e, se você tem umareclamação pertinente ou uma denúncia, procurá-la éuma boa idéia.

Afinal, quando uma pessoa reclama, é fácil ignorar;quando a reclamação cai na boca da mídia, acoisa complica.

No mínimo, o representante eleito seráconvidado a dar explicações - e, diante darecusa, a imprensa usará a fórmula "procuradopela reportagem, Beltrano não foilocalizado/não quis dar explicações" e suasvariações que, geralmente, depõem contra omandatário.

Claro, procure sempre o veículo de imprensade oposição ao político em pauta.

Faça um blog.

A internet é um amplificador, ummegafone .

Você pode criar um blog, sozinho ou com genteque partilha pontos de vista semelhantes, eusar o espaço para publicar sugestões, críticase reclamações dirigidas ao representanteslocais.

Com o tempo, conhecerá outras pessoas quepensam como você e ficará mais fácil fazerbarulho e fazer diferença.

Pesquise.

Alguns sites trazemcanais próprios departicipação popular . Por exemplo:

Audiência Pública Virtual- Governo doDistrito Federal.Orçamento Participativo- Prefeitura doRecife.

Sistema de Atendimento ao Cidadão-Prefeitura de São Paulo.

Quanto mais transparente a gestão, maisferramentas de comunicação e informação elaoferece.

Utopia?

Talvez você esteja pensando: "quanta utopiaacreditar que qualquer dessas coisas faz adiferença!". É possível que você esteja certo.No entanto, se você não usa os recursos queestão à disposição, não poderá saber se sãoeficazes ou não.

Ademais, como poderá cobrar que os canais decomunicação com prefeitos e vereadoressejam respeitados, se você os desconhece?

Essa descrença nos meios democráticosde participação gera um ciclo vicioso .

Os políticos não os respeitam, porque oscidadão não os levam a sério; como oscidadãos não os levam a sério, não cobram q ueos políticos os respeitem.

É preciso romper esse ciclo se quisermos teraqui a mesma democracia real que existe empaíses desenvolvidos.

Sim, tem muito político por aí que ignorasolenemente o povo, bem ao estilo de Justo

Veríssimo, não importa quanto barulho sejafeito.

De todo modo, é na tentativa detransmitir-lhes os seus anseios, reclamações esugestões quevocê descobrirá quem nãodá a mínima para o que você tem a dizer -e não votará novamente no sujeito.

Pág. 15

“Eu quero que pobre se exploda! ”

Justo Veríssimo é umpolítico corrupto, cujoúnico interesse éexplorar a população omáximo possível.

É um dos personagensmais famosos - e, possivelmente, mais realistas- de Chico Anysio.

Você pode vê-lo em ação no youtube.

Quero dar pitaco - Comofas?*Lu Monte

* “ Comofas?" é uma corruptela de "como faz?", ou "como se faz?", ou ainda "como faço?" - dependcontexto. A expressão ganhou popularidade graças ao twitter e sua restrição de 140 caracteres por

mensagem.

Lu Monte ama seriados, cinema,internet, música e livros.

Aproveita oDia de Folgapara darpitaco em tudo.

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I m a g e m :

J o e B r o c k m e i e r ,

C C 2 . 0 .

I m a g e m : ,

E l i c r i s k o C C 2 . 0 .

B j ö r k . I m a g e m :

T h e t r i p w

i r e n y c , C r e a t i v e

C o m m o n s

2 . 0 .

Temas como política e democracia não motivamtantas canções quanto o amor ou a fossa, mastêm um espaço garantido e rel evante no mundoda música.

A Dj Miss Cloud fez seu Top 5 de canções sobredemocracia, especialmente para a Feed-se. Paraver, ouvir e refletir.

Holiday in Cambodia - Dead Kennedys

Uma denúncia da política americana decomplacência em relação ao regime totalitáriode Pol Pot - a mesma política que criou Saddame o totalitarismo do Afeganistão - até que ascriaturas se voltaram contra o criador.

Fato: Jello Biafra é uma figura totalmenteengajada em movimentos políticos - além de umestudioso da América Latina. Já foi candidato aprefeito de San Francisco, Califórnia.

Killing In the Name - Rage Against theMachine

"Some of those who wear forces are the same that burn crosses "… uma referencia à Ku KluxKlan ?

Segundo a banda, uma música contra omilitarismo. Polêmica, censurada no Guitar Heroe até acusada de racista por alguns críticos, é omaior sucesso da banda.

Fato: no Woodstock 99, eles queimaram abandeira americana no palco enquanto tocavamKilling In The Name.

Perfeição - Legião Urbana

Com uma obra toda política, essa letra (paramim) é um retrato de tudo que se faz - e que sedeixa de fazer também - num país que temdemocracia mas não cidadania. “ O meu país e sua corja de assassinos. Covardes, estupradores e ladrões ”.

Fato: a versão dessa música pela banda Argentina Attaque 77 deixou-a mais revoltadaainda.

Jello Biafra

Sunday Bloody Sunday - U2

Democracia? Direitos civis? Dívida Externa? Aquecimento global? Desmatamento? Jo-Ken-Po?

Pense em uma causa nobre e lá estará o incansávelBono. E ele não podia se calar justamente quando aatrocidade está na porta de sua casa.

No dia 30 de Janeiro de 1972, soldados britânicosexecutaram 13 cidadãos num protesto pelos direitoscivis em Derry, Irlanda do Norte.

Fato: houve um outro domingo sangrento na Irlandaem 1920; a luta pela independência estava tambémcomo pano de fundo desse massacre.

“How long must we sing this song? ”

e

Pág. 16

Bono

Declare Independence - Björk

A canção escrita pela islandesa dedicada à luta pela emancipação das Il has Faroe e da Groenlânrelação à Dinamarca (a própria Islândia só se tornou uma república independente em 1transformou-se em um hino a todos os povos oprimidos, mudando de letra conforme o país onexecutada.

Kosovo, Tibet e outros já foram lembrados. Bem, é claro que quando Björk cantou "Tibet, Tibconcerto em Xangai, o governo chinês não apreciou a 'homenagem"; de fato, o Ministro da CultChina disse que Björk não apenas “violou as leis como feriu os sentimentos do povo chinês”.

“Raise your flag, higher, higher! ”

Fato: nos shows que fez no passado no Brasil, ela emendou um: "Viva la revolución!".

Eu não entendi mas, levando-se em conta critériospuramente revolucionários, valeu, né?

Dj Miss Cloudé Dj, designer e sócia daDasound Records. Para informaçõe

agenda e contatos, acessewww.dasound.com.br

DemoROCKracyDj Miss Cloud

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I m a g e m

: , A r q u e r a

C r e a t i v e

C o m m o n s

2 . 0 .

Feed-se pergunta: na sua estante, oque fala de democracia?

O assunto é mais recorrente do que imaginamosna música e na ficção. Veja algumas dicas.

Organização: Lu Monte.

Cinema Um dos clássicos filmes sobre a democracia fala,na verdade, da sua opositora, a ditadura.

O Grande Ditador (1940), o primeiro filmesonoro de Charles Chaplin, criticaespecificamente o regime nazista, o maissangrento que o mundo já viu. O discurso final éuma apaixonada conclamação à democracia euma defesa da liberdade.

Já na história recente do cinema, V de Vingança (2006) faz o chamado à democracia,

como lembrou Inominado Anônimo.

Adaptado dos quadrinhos de Alan Moore,V de Vingança se passa numa Inglaterra do futuro,oprimida pelo totalitarismo.

V é o codinome de um homem que não seconforma com o regime e convoca uma rebeliãoem prol da democracia.

Os quadrinhos, feitos nos anos 80, guardamsemelhança com o livro1984 , mas o filmeparece uma crítica feita sob medida às ações deGeorge W. Bush após o 11 de setembro.

Boa noite e boa sorte (2005), por sua vez, situa-seno passado nada fictício marcado pelo macartismo, a"caça às bruxas" implantada pelo senador McCarthycontra comunistas, simpatizantes ou quem assimparecesse aos macartistas.

A forte censura macartista perseguiu artistas e

intelectuais, dentre eles o jornalista Edward Murrow,personagem principal do filme.

Ao mesmo tempo em que mostra a importância daliberdade de imprensa para garantir a democracia,Boa noite e boa sorte destaca a responsabilidade queessa mesma imprensa tem perante a sociedade.

Assista a um trecho do discurso de Murrow (eminglês).

A Veri Serpa mencionou, ainda,Um Grito deLiberdade , história real passada durante oapartheid sul-africano.

O Zé Offline citou Equilibrium que, aliás, lembra umbocado Admirável Mundo Novo.E aqui passamos à literatura.

Literatura As obras Admirável Mundo Novo, A Revoluçãodos Bichos e 1984 retratam sociedadesantidemocráticas.

Os três romances apresentam governos queabandonaram a democracia e passaram a moldar asociedade segundo as regras que julgavam maisadequadas - regras que se revelam tirânicas,massificadoras e inimigas da liberdade e dos direitosindividuais.

Admirável Mundo Novo (1932), de Aldous Huxleynarra um futuro longínquo em que a reprodução e aeducação humanas são controladas ao extremo, demodo a gerar uma sociedade de indivíduospadronizados, uns mais limitados que outros, todosfelizes com suas funções sociais, num sistema decastas.

Questionar é impensável e a autodeterminação éinexistente.

A Revolução dos Bichos (1945), lembradopor Wallace, é um olhar afiado de GeorgeOrwell sobre as transformações do mundo queo cercava.

O pequeno romance começa numa fazendagovernada por um sujeito explorador. Sob aliderança dos porcos, os animais se unem eexpulsam o tirano.

Com o tempo, porém, os porcos mostram-seainda mais opressores que o homem, criandoleis absurdas, obrigando os animais atrabalharem até a exaustão e executando osque discordam do governo. O livro faz óbviareferência ao regime socialista da ex-UniãoSoviética.

1984 (escrito em 1949), também de GeorgeOrwell, apresenta um Estado totalitário sob odomínio da figura política e mística do GrandeIrmão.

Os cidadãos são constantemente vigiados - atémesmo seus pensamentos estão sob constantemonitoramento. Pensar contra o governo écrime punido com o desaparecimento.

O Processo (1925, póstumo), de FranzKafka,relata a angústia de um homem que éprocessado judicialmente sem que lhe seja ditoo que fez de errado.

Ele se empenha em descobrir qual foi seucrime, a fim de poder formular defesa, mastoda e qualquer informação lhe é negada porum Judiciário autoritário e burocrático,absolutamente contrário ao EstadoDemocrático de Direito.

MúsicaNamúsica , a política também têm seu espaço.Situações de guerra e épocas de criseinstitucional são particularmente fecundas emboas letras políticas.

O artigo DemoROCKracy , nesta edição deFeed-se, apresenta cinco canções marcantes.Existem inúmeras outras - só para citar unspoucos exemplos:

Abalando (Gabriel, o Pensador), lembradapela Nospheratt: "E o meu erro foi dizer oque não devia, acreditei que existia o quê:democracia."

Apesar de Você (Chico Buarque): "Hojevocê é quem manda, falou, tá falado, nãotem discussão, não. A minha gente hojeanda falando de lado e olhando pro chão."Imagine (John Lenon): "Imagine there'sno countries, it isn't hard to do. Nothing tokill or die for and no religion too."O Bêbado e a Equilibrista (João Bosco e

Aldir Blanc), dica daNospheratt: ""MeuBrasil, que sonha com a volta do irmão doHenfil, com tanta gente que partiu numrabo de foguete."Que país é esse? (Legião Urbana):"Ninguém respeita a constituição, mastodos acreditam no futuro da nação".Revolution (Beatles), sugerida pelaLuFreitas: "You say you'll change theconstitution. Well you know, We'd all loveto change your head."

Pág. 17

" V d e V i n g a n ç a " . D i v u l g a ç ã o .

Capa da primeiraedição de

Admirável MundoNovo.

Imagem: Wikipédia

Divulgação

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Na Estante

C i ã

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"Roque Santeiro", censurada em 1975, só foi ao ar dez anos depois. Divulgação.

Televisão

Vez por outra, ateledramaturgia brasileira também aborda questões políticas.

Houve até uma novela inteira dedicada aoassunto, como bem lembrou o Cobra: Que Rei Sou Eu? , exibida meses antes das eleiçõespresidenciais de 1989, as primeiras diretas em29 anos.

Certamente, foi uma das melhores novelas jáproduzidas. A trama se passava no fictício Reinode Avilan, situado em algum lugar da França ealguns anos antes da Revolução Francesa.

Pleno de corrupção, desmandos, planoseconômicos e desigualdades sociais, o Reino erauma óbvia sátira ao Brasil.

No último capítulo, em meio a uma bela cena decapa-e-espada, há diálogos atuais ainda hoje.

Vale mencionar, ainda, Roque Santeiro , menos pelasua trama e mais pelos bastidores.

Em 1975, a novela A Saga de Roque Santeiro e aIncrível História da Viúva que Foi Sem NuncaTer Sido foi proibida pela Censura Federal na suanoite de estréia, à alegação de que ofendia a moral,os bons costumes, a ordem pública e a Igreja.

Não chegou a ser exatamente uma surpresa: DiasGomes havia escrito a novela baseando-se em suapeça teatralO Berço do Herói, que já havia sofridocensura em 1965.

Em 1985Roque Santeiro foi, finalmente, produzida.O foco da história era a manipulaç ão dos mitos e da fédo povo em prol de objetivos políticos e econômicos.

Para encerrar o passeio pela estante, que tal recordaralgumas cenas do ácido e divertido desenho animadoOs Simpsons ? Nospheratt e sua memória afiadafazem as honras:

EpisódioBarts Selvagens Não Podem SerDerrotados

Homer e seus amigos começam um tumultodepois que os "Isótopos de Springfield"vencem o campeonato. Pensando que adestruição é culpa dos jovens da cidade, asautoridades os submetem a um toque derecolher.

Kent Brockman (repórter) : A polêmica medidafoi aprovada por um único voto de diferença.

Marge : Mmmm, você realmente devia tervotado, Homer.

Homer : Meh, não faria diferença.

Episódio A Casa da Árvore dos Horrores VII - Cidadão Kang

Os alienígenas Kang e Kodos transportamHomer para sua nave espacial e perguntam-lhequem é o Presidente. Homer acha que é BillClinton... ou seria Bob Dole?

Kang e Kodos capturam Clinton e Dole,assumem suas identidades e concorrem aocargo de Presidente. Homer decide mostrarque os dois candidatos são falsos.

Kent Brockman : Senador Dole, por que o povodeveria votar no senhor e não no PresidenteClinton?

Kang : Não faz diferença em quem vocêsvotem. De qualquer forma, seu planeta estácondenado. CONDENADO!

Kent : Bem, uma resposta agradavelmente

franca do senador Bob Dole.Kang : Enganar esses eleitores terráqueos émais fácil do que esperávamos

Kodos : Sim. Tudo que eles querem ouvir sãoamenidades triviais adornadas por um solo desaxofone ocasional ou um beijo numacriancinha.

Kang : Este é um sistema bipartidário! Vocêstêm que votar em um de nós!

Homem : Ele está certo, este é um sistemabipartidário.

Homem 2 : Bem, acredito que votarei nocandidato do terceiro partido.

Kang : Vá em frente, jogue seu voto fora.

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Continuação:

Na Estante

K a n g ,

K o d o s e

H o m e r .

S i m p s o n s W

i k i .

0 .

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Estenda suas leituras sobre política edemocracia pelas ondas da web.

Eleições 2008

Recentemente criado pela Empresa Brasil deComunicação, propõe-se a fazer uma coberturacompleta das eleições municipais de 2008.

Também apresenta umGuia do Eleitor e umGuia do Candidato para acesso rápido a diversasinformações, como locais de votação e normaseleitorais.

Generacion Y

Apesar de toda a dificuldade para conectar-se à

internet em Cuba, a filóloga Yoani Sánchezinsiste em contar ao mundo a dura realidade dailha.

A cubana relata as dificuldades cotidianas paraconseguir comida decente, bom atendimentomédico, educação de qualidade e todas aquelascoisas que conferem cidadania real.

Não é à toa que Yoani foi eleita pela RevistaTime uma das 50 pessoas mais influentes domundo.

Nova Corja

Ganhou projeção ao ter um de seus blogueirosprocessados pelo jornalista Políbio Braga, aodenunciar o envolvimento da mídia local com o"mensalinho gaúcho".

O blog é bastante politizado e, embora dê bastantedestaque à política do Rio Grande do Sul, não se limitaa ela.

Xô Censura!

Mantido por João Carlos Caribé, o blog defende aliberdade de expressão, mas não a anarquia, comoexplica seu autor. Está sempre atento a possíveisviolações à democracia e ao direito de opinião.

Global Voices

Com a missão de agregar e amplificar a conversaçãoonline, a equipe doGlobal Voices acompanha blogs domundo inteiro e preocupa-se especialmente emdivulgar violações ao direito de expres são ao redor doglobo.

Fundado pela Faculdade de Direito de Harvard, hojeestá presente em vários idiomas além do inglês, eoportuguês é um deles

Pág. 19

I m a g e m :

W i l i H y b r i d ,

C C 2 .

Navegue

Está online?

Divirta-se com estas charges do Maurício Ricardo:Mundo - Pela DemocraciaPIB - Partido da Internet BrasileiraReiberto Carlos - É Preciso Saber Viver

Humor

© Chappatte -www.globecartoon.com

© C

h a p p a t t e - w w w . g l o b e c a r t o o n .

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Ti i h D á i

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Tirinhas DemocráticasBruno Alves

Bruno Alvesé blogueiro, profesoruniversitário e cartunista oficial da Feed-se.

Veja mais tirinhas no seu blog,o Macaxeira Geral.

Fi h Té i

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LayoutNick Elliswww.digitaldrops.com.br

Administração do SiteBruno Alveswww.brpoint.net

IlustraçõesFlickr.comCreative Commonshttp://www.flickr.com

Stock.xchngwww.sxc.hu

Bruno Alveswww.macaxeirageral.net

Diagramação, Capa e Edição GráficaNospheratthttp://blosque.com

Alex Alvarezwww.ironiascotidianas.com

Edição GeralNospheratthttp://blosque.com

Lucia Freitaswww.ladybugbrazil.com

Lu Montewww.diadefolga.com

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Ficha Técnica

A Revista Feed-se não se responsabiliza pelo conteúdo ou pelas opiniões dosartigos assinados.

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A Equipe Feed-se espera que a leitura desta edição especial sobre Democracia seja proveitosa e frutífera.

Desejamos que os artigos e as informações oferecidas aqui sejam um ponto de partida; que criem consciência sobre a nossa responsabilidade quantoao que acontece no nosso país, na nossa cidade, no nosso bairro, em nossas vidas.

Jamais existirá uma verdadeira democracia, enquanto nós não assumirmos nossa responsabilidade por ela. Somos todos responsáveis, e de nósdependem as mudanças necessárias para um dia, termos um Brasil mais justo para todos.

Faça a sua parte. Pense, analise, se informe, vote com consciência, converse, discuta, defenda seus direitos.

Vamos?Nospheratt