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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária | Alexandra Afonso

I

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia S. Pedro

fevereiro de 2018 a julho de 2018

Paula Alexandra Esteves Afonso

Orientador: Dra. Paula Cristina Monteiro Marques

Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Isabel Pereira Casal Vicente

setembro de 2018

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II

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado

previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As

referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam

escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente

indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio

constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 1 de setembro de 2018

Paula Alexandra Esteves Afonso

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III

Agradecimentos

A realização deste estágio foi uma experiência marcante e enriquecedora e isso devo-

o às pessoas que me acompanharam e às quais quero deixar o meu agradecimento.

À minha família por me ter acompanhado durante todo o meu percurso, especialmente

aos meus pais pelos valores me transmitiram, pelo amor incondicional e pela

oportunidade que me deram de ingressar no ensino superior.

À minha orientadora de estágio, Dra Paula Cristina Monteiro Marques, por todos os

conhecimentos que me transmitiu e, principalmente, pela confiança depositou em mim.

À equipa da Farmácia S. Pedro por me ter acolhido de braços abertos e acompanhado

durante o estágio. Quero agradecer em especial à Dra Rosalina Gomes pela incansável

dedicação, pela paciência, pelos conselhos, e pela ajuda constante.

À comissão de estágio da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em

especial à minha tutora Prof.ª Dr.ª Susana Isabel Pereira Casal Vicente por me ter

acompanhado desde o início no desenvolvimento deste relatório.

Aos meus amigos e namorado por estarem sempre presentes, por serem o meu porto

de abrigo.

A todos, o meu sincero obrigada!

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IV

Resumo

O estágio curricular tem como objetivo a iniciação à prática profissional autónoma e a

integração no meio profissional através do contacto com diferentes contextos do

exercício profissional (contextos técnico, científico e ético).

O presente relatório pretende descrever as diversas atividades desenvolvidas ao longo

do estágio e as competências que foram adquiridas assim como abordar algumas

temáticas importantes relacionadas com o exercício da profissão, sendo assim

estruturado em duas partes. A primeira parte em que se descreve o funcionamento da

farmácia, os diferentes espaços e as tarefas do dia-a-dia do farmacêutico. Neste último

assunto descrevo as minhas tarefas enquanto estagiária ao longo do tempo, desde a

receção e armazenamento de encomendas, dispensa de medicamentos e produtos de

saúde, aconselhamento, entre outros.

A segunda parte está relacionada com os dois temas desenvolvidos ao longo do estágio.

O primeiro tema é sobre obstipação provocada pela suplementação com ferro e surgiu

a partir de um caso de uma utente que se dirigiu à farmácia procurando uma alternativa

ao suplemento que tomava e que lhe causava esse tipo de transtorno. Este assunto é

relevante porque demonstra que com alterações corretas e conscienciosas podemos

incentivar a adesão à terapêutica além de proporcionar uma melhor qualidade de vida

aos utentes.

No seguimento da adesão à terapêutica, ou neste caso, da falta dela surge o segundo

tema que é sobre a implementação do serviço de Preparação Individualizada de

Medicação, na Farmácia S. Pedro. Uma vez que o contexto em que se insere a farmácia

é de uma população envelhecida este serviço visa facilitar a gestão da medicação

àqueles que têm mais dificuldade.

Assim, este relatório resume aquilo que foram 6 meses de estágio curricular na

Farmácia S. Pedro, no período de fevereiro a julho de 2018

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V

Abreviaturas

AIM Autorização de Introdução no Mercado

ANF Associação Nacional de Farmácias

CCF Centro de Conferência de Faturas

CNP Código Nacional do Produto

DCI Denominação Comum Internacional

DDR Dose Diária Recomendada

DM Diabetes Mellitus

FGP Formulário Galénico Português

FSP Farmácia S. Pedro

HTA Hipertensão Arterial

INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.

IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM EF Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de dispensa

exclusiva em Farmácia

MSRM Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

OF Ordem dos Farmacêuticos

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

PIC Preço Inscrito na Cartonagem

PIM Preparação Individualizada de Medicação

PV Prazo de Validade

PVF Preço de Venda à Farmácia

PVP Preço de Venda ao Público

RAM Reações Adversas a Medicamentos

RCM Resumo das Caraterísticas do Medicamento

SNS Serviço Nacional de Saúde

SPMS Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

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VI

Índice geral

Parte 1 - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio ....................................... 1

1. Introdução .......................................................................................................... 1

2. Apresentação e organização da Farmácia S. Pedro........................................... 2

2.1. Localização e horário de funcionamento ..................................................... 2

2.2. Recursos Humanos e Direção Técnica ....................................................... 2

2.3. Perfil dos utentes ........................................................................................ 2

2.4. Instalações e equipamentos ........................................................................ 3

2.5. Fontes de informação.................................................................................. 5

3. Gestão de produtos na Farmácia S. Pedro ........................................................ 5

3.1. Sistema informático ..................................................................................... 5

3.2. Encomendas e aprovisionamento ............................................................... 6

3.2.1. Fornecedores ....................................................................................... 6

3.2.2. Realização de encomendas ................................................................. 6

3.2.3. Receção e conferência de encomendas .............................................. 7

3.2.4. Armazenamento ................................................................................... 8

3.3. Devoluções ................................................................................................. 9

4. Dispensa de medicamentos ............................................................................... 9

4.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ............................ 10

4.1.1. Receita médica .................................................................................. 10

4.1.2. Validação e aviamento da prescrição ................................................. 12

4.1.2.1. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes ............................. 13

4.1.2.2. Medicamentos Manipulados .......................................................... 13

4.1.3. Regime de comparticipação de medicamentos .................................. 14

4.1.4. Conferência do Receituário e Faturação ............................................ 15

4.2. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ..................... 16

5. Dispensa de outros produtos farmacêuticos ..................................................... 17

6. Farmacovigilância ............................................................................................ 19

7. Serviços e cuidados de saúde prestados na Farmácia S. Pedro ...................... 19

7.1. Determinação da Pressão Arterial ............................................................. 20

7.2. Determinação da glicémia ......................................................................... 21

7.3. Determinação do perfil lipídico e ácido úrico ............................................. 21

7.4. Análise de urina ........................................................................................ 22

7.5. Administração de injetáveis ....................................................................... 22

7.6. Consulta de nutrição ................................................................................. 22

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VII

7.7. Cartão saúda ............................................................................................ 23

7.8. VALORMED .............................................................................................. 23

8. Marketing e comunicação na FSP .................................................................... 24

9. Sistema de gestão da qualidade ...................................................................... 24

Parte 2 – Projetos desenvolvidos no estágio curricular ............................................... 26

1. Obstipação induzida por ferro .......................................................................... 26

1.1. Contextualização do tema e objetivos ....................................................... 26

1.2. Importância do ferro no organismo ............................................................ 26

1.3. Terapêutica das deficiências de ferro ........................................................ 27

1.4. Obstipação induzida por ferro ................................................................... 28

1.5. Caso Clínico .............................................................................................. 30

2. Implementação da Preparação Individualizada de Medicação ......................... 33

2.1. Contextualização do tema ......................................................................... 33

2.3. Dispositivos dispensadores de medicação ................................................ 34

2.4. Utentes elegíveis ....................................................................................... 34

2.5. Medicação elegível ................................................................................... 35

2.6. Etapas de preparação dos dispositivos dispensadores de medicação ...... 36

2.7. Limitações da Preparação Individualizada de medicação ......................... 37

2.8. PIM de utente ............................................................................................ 38

2.9. Conclusão ................................................................................................. 40

Referências bibliográficas ........................................................................................... 42

Anexos ....................................................................................................................... 46

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VIII

Índice de figuras

Figura 1 - Horário de funcionamento e turnos do regime de disponibilidade ................. 3

Figura 2 - Exterior da FSP ............................................................................................ 3

Figura 3 - Material e equipamento de laboratório .......................................................... 4

Figura 4 - Matérias primas e material de embalagem ................................................... 4

Figura 5 - Suspensão oral de Trimetoprim .................................................................. 14

Figura 6 - Máquina CR3000 ........................................................................................ 21

Figura 7 - Máquina URIT30......................................................................................... 21

Figura 8 - Contentor de VALORMED pronto para recolha .......................................... 23

Figura 9 – Dispositivo de PIM ..................................................................................... 34

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IX

Índice de tabelas

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio curricular ...... 1

Tabela 2 - Medicação feita pelo utente A .................................................................... 38

Índice de anexos

Anexo 1 - Organograma da FSP ................................................................................. 46

Anexo 2 - Painel de interações entre medicamentos .................................................. 47

Anexo 3 – Painel de envio de notas terapêuticas ........................................................ 48

Anexo 4 - Funcionalidades do Sifarma2000® ............................................................. 49

Anexo 5 - Medicamentos constantes do Projeto Via Verde do Medicamento .............. 50

Anexo 6 - Canais de comunicação de posologia ......................................................... 52

Anexo 7 - Personalização/adaptação da posologia ..................................................... 54

Anexo 8 - Fluxograma de dispensa e preparação de medicamentos manipulados ..... 55

Anexo 9 - Notificação de Reação Adversa .................................................................. 56

Anexo 10 - Folheto ..................................................................................................... 58

Anexo 11 - Publicação no Facebook ........................................................................... 59

Anexo 12 - Processo de suporte - Gestão de resíduos ............................................... 60

Anexo 13 - Instrução de trabalho - Autorização de e-GAR .......................................... 63

Anexo 14 - Impresso - Registo de substituição dos contentores ................................. 66

Anexo 15 - Formas orais de ferro comercializadas. .................................................... 67

Anexo 16 - Panfleto resumo sobre suplementação de ferro ........................................ 68

Anexo 17 - Fluxograma de procedimentos .................................................................. 68

Anexo 18 - Declaração de consentimento informado .................................................. 68

Anexo 19 - Ficha do utente ......................................................................................... 68

Anexo 20 - Guia de preparação .................................................................................. 68

Anexo 21 - Etiquetas identificadoras da caixa dispensadora de medicação ................ 68

Anexo 22 - Declaração de entrega .............................................................................. 68

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1

Parte 1 - Descrição das atividades desenvolvidas no estágio 1. Introdução

A farmácia comunitária é a face mais visível da profissão de um farmacêutico. O estágio

em farmácia comunitária é, deste modo, uma etapa fundamental na formação sendo

parte integrante do plano de estudos do Mestrado Integrado em Ciências

Farmacêuticas. Nesta altura, o estudante contacta diretamente com a realidade

profissional e põe em prática os conhecimentos que adquiriu em 5 anos de estudo.

O meu estágio curricular em farmácia comunitária realizou-se na Farmácia S. Pedro

(FSP) e teve a duração de 6 meses, entre os dias 1 de fevereiro de 2018 e 31 de julho

de 2018. Estagiei de segunda-feira a sexta-feira, maioritariamente no horário das 09h

até às 17h, salvaguardando as situações em que, consoante as necessidades da

farmácia, houve alterações a este horário.

Em relação às atividades desenvolvidas, comecei pela receção de encomendas e

aprovisionamento, preparação de manipulados e determinação de parâmetros

bioquímicos. Depois de me integrar na dinâmica da farmácia passei para o atendimento

ao público e outras tarefas tal como descrito na Tabela 1.

Tabela 1 - Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio curricular

Atividades Meses

Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho

Encomendas e aprovisionamento

Determinação de parâmetros

bioquímicos e tensão arterial

Preparação de manipulados

Contabilidade e gestão na farmácia

Marketing na farmácia comunitária

Sistema de Gestão da Qualidade

Dispensa de medicamentos/produtos

de saúde e aconselhamento

farmacêutico

Formações

Tema 1: Obstipação induzida por ferro

Tema 2: Implementação da Preparação

Individualizada de Medicação

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2

2. Apresentação e organização da Farmácia S. Pedro

2.1. Localização e horário de funcionamento

A FSP está situada no loteamento de S. Pedro, lote 18B pertencente ao concelho de

Monção. O horário de funcionamento da FSP é de segunda-feira a sexta-feira das 9h

às 19h30 e ao sábado das 9h às 13h, estando encerrada ao domingo. O horário

encontra-se afixado na porta da farmácia de forma a que seja de fácil consulta por todas

as pessoas. As escalas de turno de regime de disponibilidade entre as farmácias do

concelho determinam que o turno de regime de disponibilidade da FSP se verifique a

cada quatro dias sendo que, nesse dia, a farmácia permanece aberta das 9h até as 22h

assegurando que, a partir dessa hora, se encontra disponível para atender os utentes

em caso de urgência um farmacêutico ou funcionário habilitado cumprindo, desta forma,

o disposto no Decreto-Lei nº 53/2007 de 8 de março. [1]

2.2. Recursos Humanos e Direção Técnica

A FSP conta com a colaboração de vários profissionais, estando a organização e cargos

descritos no organograma presente no Anexo 1. A equipa conjuga a experiência que

têm contribuindo, ao longo dos anos, para a fidelização dos utentes e a jovialidade que

traz uma dinâmica moderna à farmácia.

A formação contínua é uma constante pois além de garantir uma melhor qualidade dos

serviços prestados contribui para a revalidação da carteira profissional que se realiza a

cada 5 anos. Para obter a revalidação cada farmacêutico deve atingir um número

mínimo de 15 créditos para os quais contribuem as sessões de formação (como

formando e/ou como formador) e o exercício profissional. [2]

Todos os colaboradores da farmácia estão devidamente identificados através do uso de

um cartão contendo o nome e o título profissional. [3]

2.3. Perfil dos utentes

Na FSP, por se localizar num concelho pequeno e ao mesmo tempo envelhecido, uma

grande parte dos seus utentes são idosos e/ou reformados. Neste sentido, verifica-se

que a maioria das receitas são provenientes do centro de saúde local correspondendo

em grande parte a medicação de uso crónico. Não obstante, também é frequentada por

utentes de outras faixas etárias.

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2.4. Instalações e equipamentos

O espaço físico da FSP, quer interior quer exterior, cumpre o estipulado no Decreto-Lei

nº 307/2007, de 31 de agosto e ainda com a informação presente no manual das Boas

Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária divulgado pela Ordem dos

Farmacêuticos [4] [3].

No que diz respeito ao espaço exterior, a FSP é facilmente identificada pela presença

do símbolo “cruz verde”. Na porta de entrada encontra-se o nome da diretora técnica, o

horário de funcionamento da farmácia bem como informação dos turnos de regime de

disponibilidade das farmácias do concelho tal como se pode verificar na Figura 1 e

Figura 2. Existe ainda um postigo para o exterior, de fácil acesso, que permite o

atendimento durante a noite sempre que a farmácia se encontra em serviço de

disponibilidade. Este postigo permite preservar os profissionais da farmácia de possíveis

violências à integridade física.

A FSP tem acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência pela existência de lugar

de estacionamento reservado e rampa de acesso à farmácia.

Em relação ao espaço interior, a farmácia dispõe das seguintes zonas: zona de

atendimento ao público, gabinete de atendimento personalizado, gabinete da direção

técnica, zona de receção de encomendas, zona de armazenamento de medicamentos,

instalações sanitárias e laboratório.

A zona de atendimento ao público inclui 3 balcões equipados com computador e

respetivas impressoras (talões e posologias), leitores óticos de códigos de barras,

caixas, terminal multibanco, leitores de cartão de cidadão e carimbos. Existe também

uma balança que permite ao utente obter o peso, altura e índice de massa corporal.

O gabinete de atendimento personalizado é utilizado para a prestação de serviços

sendo também usado sempre que um utente solicite falar em privado com o

Figura 1 - Horário de funcionamento e turnos do regime de disponibilidade

Figura 2 - Exterior da FSP

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Farmacêutico ou, mesmo não sendo solicitado, quando o profissional achar

conveniente.

Na zona de receção de encomendas é possível encontrar um balcão com todo o

material necessário para a receção de encomendas e marcação de produtos bem como

um armário com gavetas dispensatórias onde se encontram armazenados os

Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) genéricos organizados por ordem

alfabética de denominação comum internacional (DCI) e ordem crescente de dosagem,

assim como xaropes e suspensões orais.

No armazém são arrumados os excedentes dos medicamentos éticos e genéricos

assim como medicamentos de uso externo. Nesta zona pode ainda encontrar-se o

frigorífico onde se armazenam todos os medicamentos com temperaturas de

conservação entre 2ºC e 8ºC.

A verificação das condições de armazenamento dos medicamentos é feita

periodicamente através do registo dos valores de temperatura e humidade. Para este

efeito, existem na farmácia dois termohigrómetros. Um deles tem duas sondas, uma

colocada no ambiente da área de armazém principal e outra sonda na terceira prateleira

do frigorífico. O segundo termohigrómetro alterna a posição de 15 em 15 dias entre a

área de armazém de excedentes e a zona de atendimento. Cada um dos aparelhos

regista os valores automaticamente, de hora a hora, armazenando-os no cartão de

memória. Após extração e conferência de valores, caso se verifique a existência de

situações fora do normal, estas devem ser justificadas. De modo a garantir o bom

funcionamento dos aparelhos, estes são verificados e calibrados anualmente por

entidade competente.

A FSP dispõe de um laboratório devidamente equipado para a preparação de

medicamentos manipulados e reconstituição de suspensões orais. Todas as matérias-

primas e restante material indispensável são arrumados em armários tal como se pode

verificar na Figura 3 e Figura 4, de forma a cumprir o disposto na Portaria nº 594/2004,

Figura 4 - Matérias primas e

material de embalagem

Figura 3 - Material e equipamento de laboratório

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de 2 de julho que aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos

manipulados em farmácia de oficina e hospitalar, e na Deliberação n.º 1500/2004, 7 de

dezembro que aprova a lista de equipamento mínimo de existência obrigatória. [5], [6]

2.5. Fontes de informação

A FSP dispõe da bibliografia de caráter obrigatório, isto é, a Farmacopeia Portuguesa e

o Prontuário Terapêutico, quer sejam as edições em papel ou em formato eletrónico.

Outras fontes de informação disponíveis são: Formulário Galénico Português,

Simposium Terapêutico entre outros, cumprindo assim o disposto no Decreto-Lei nº

307/2007 e também o descrito no documento Boas Práticas Farmacêuticas para a

Farmácia Comunitária. [3], [4]

3. Gestão de produtos na Farmácia S. Pedro

3.1. Sistema informático

O recurso a um sistema informático revela-se fundamental, simplificando e facilitando

as tarefas quotidianas da farmácia. O sistema informático usado na FSP é o

Sifarma2000®. Este programa permite a gestão do produto desde a sua entrada na

farmácia até à saída de acordo com as suas especificidades. Neste sentido, além de

permitir fazer e rececionar encomendas, é possível definir, para cada produto, o stock

máximo e mínimo, analisar o consumo médio, conferir o histórico de compras e vendas

e emitir listagens para controlo de prazo de validade (PV) e existências.

Revela-se igualmente fundamental no atendimento uma vez que através do atalho de

informação científica permite consultar de forma rápida e segura informações acerca do

medicamento. Emite alertas sempre que há interações entre medicamentos, tal como

podemos ver no Anexo 2. Nestes casos é necessário confirmar a situação com o utente

e com o médico prescritor resultando na alteração da prescrição ou, no caso de se

manter, é obrigatório introduzir no sistema uma justificação.

O Sifarma2000® permite ainda o envio de notas terapêuticas ao médico prescritor por

exemplo, quando existe um motivo válido para a não dispensa do medicamento ou

alguma observação pertinente, sendo esta ferramenta um projeto piloto no distrito de

Viana do Castelo (Anexo 3). Além do referido, a possibilidade de criar a ficha do utente

vem facilitar a gestão da medicação e acompanhamento. Por último, destaca-se a parte

financeira e contabilística onde, através da organização das receitas em lotes, simplifica

o processo de faturação. No Anexo 4 estão esquematizadas as principais

funcionalidades do Sifarma2000®.

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3.2. Encomendas e aprovisionamento

A gestão de stocks é um processo complexo e fundamental e tem como objetivo

conjugar a viabilidade económica da farmácia com o suprimento das necessidades dos

utentes. Desta forma, exige do profissional conhecimento acerca da rotação dos

diferentes produtos com base no perfil dos utentes e suas necessidades, na

sazonalidade de alguns produtos e ainda na publicidade tanto nos meios de

comunicação como na própria farmácia. O objetivo é evitar excedentes, produtos retidos

e roturas de stock. O sistema informático facilita esta tarefa através da existência de

uma ficha do produto, que permite a consulta do histórico de vendas ao longo do tempo.

3.2.1. Fornecedores

A encomenda de matérias-primas, medicamentos ou produtos farmacêuticos pode ser

feita diretamente aos laboratórios ou seus representantes legais ou através de

armazenistas. Existem vários fatores a ter em conta para a escolha do fornecedor, tais

como: preço, bonificações, descontos, prazos de entrega, entre outros.

A FSP obtém a maioria dos seus produtos através dos distribuidores grossistas:

Cooprofar, Medicanorte e a Alliance Healthcare.

Por outro lado, a FSP também efetua encomendas diretamente aos laboratórios da

indústria farmacêutica, através de formulários e plataformas próprias, quando não

consegue obter a medicação junto dos armazenistas habituais.

3.2.2. Realização de encomendas

As encomendas podem ser realizadas através do Sifarma2000®, via telefone, via

internet ou através de aplicações criadas por cada distribuidor. Existem também

plataformas online criadas pelos laboratórios e que permitem fazer encomendas

(exemplo: mediontime da Sanofi)

A encomenda diária é a que abrange maior quantidade de produtos e é sugerida pelo

Sifarma2000® tendo em conta o stock atual e os stocks mínimos e máximos e fornecedor

preferencial definidos na ficha de cada produto. O sistema informático sugere

encomendar todos os produtos cujo stock é inferior ao stock mínimo definido. Depois de

gerada esta encomenda é avaliada sendo realizadas as alterações que se considerem

necessárias tais com excluir ou incluir produtos ou alterar quantidades. Após este passo

a encomenda é aprovada e enviada ao armazenista. No caso de produtos pontuais

solicitados pelo utente e que a farmácia não dispõe usa-se a via telefónica ou as

aplicações.

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Existe uma via excecional de aquisição de medicamentos que pode ser ativada pela

farmácia quando há necessidade. O projeto chama-se Via Verde do Medicamento e

destina-se a um conjunto restrito de medicamentos que contam da tabela do Anexo 5.

Neste caso, a farmácia coloca a encomenda ao distribuidor aderente com base numa

receita médica válida. O distribuidor satisfaz pedido com o stock reservado para este

canal atribuído pelo titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM). Este projeto

tem funcionado bem, o problema é o número reduzindo de medicamentos abrangidos

uma vez que apenas fazem parte desta lista os medicamentos cuja exportação ou

distribuição para outros Estados-Membros da União Europeia depende de notificação

prévia à Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED).

[7]

Em relação à encomenda feita aos laboratórios esta é geralmente feita presencialmente

ao delegado comercial aquando da sua visita à farmácia e após análise do histórico de

vendas dos produtos na farmácia.

Ao longo do estágio procedi à realização de várias encomendas aos armazenistas via

telefone, site ou aplicação. Ainda tive oportunidade de observar a realização de

encomendas diárias e participar ativamente nas mesmas sob supervisão.

3.2.3. Receção e conferência de encomendas

As encomendas efetuadas são entregues na farmácia em contentores acompanhados

da respetiva fatura e/ou guia de transporte. Os produtos que devem ser conservados no

frigorífico vêm em contentores assinalados e devidamente preparados para que a

cadeia de frio seja mantida e são os primeiros a ser armazenados. Os psicotrópicos e

estupefacientes ou produtos de elevado valor monetário também são segregados dos

demais produtos em contentores assinalados. Na fatura enviada constam informações

como a identificação do fornecedor, a identificação da farmácia, o número do documento

e a identificação dos produtos faturados. Os produtos em falta e a devida justificação

são referenciados no final da fatura. No caso de existirem na encomenda medicamentos

psicotrópicos ou estupefacientes as faturas são acompanhadas pelas guias de

requisição destes produtos, com um número correspondente, devidamente assinadas e

autenticadas.

A receção da encomenda é feita no sistema informático no separador “receção de

encomendas”. Seleciona-se a encomenda que se pretende rececionar e preenchem -se

os campos referentes ao número da fatura, valor e número de embalagens. De seguida

faz-se a leitura ótica dos códigos de barras ou insere-se manualmente o código nacional

do produto (CNP) de todos os produtos da fatura. O prazo de validade (PV) deve ser

conferido e atualizado quando o stock é zero. No que toca aos produtos com preço

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inscrito na cartonagem (PIC) deve confirmar-se se o que preço de venda ao público

(PVP) que está no sistema corresponde ao que está inscrito na caixa. Depois de

inseridos todos os produtos completa-se a informação relativa ao preço de venda à

farmácia (PVF) e procede-se ao cálculo do PVP para os produtos de venda livre, o qual

têm em consideração o PVF, o imposto sobre o valor acrescentado (IVA) e margem da

farmácia. No final confirma-se se o número de produtos inseridos corresponde ao

número de produtos faturados na encomenda e se o valor total apresentado é o mesmo

no sistema informático e na fatura. Se tudo estiver conforme valida-se a receção da

encomenda e o sistema informático acerta automaticamente o stock de cada produto.

Caso se tenha detetado alguma inconformidade, como por exemplo PIC não

autorizados, embalagens danificadas, falta de algum produto, estas são comunicadas

ao fornecedor sob a forma de reclamação.

A receção de encomendas foi uma das tarefas iniciais no meu estágio através da qual

tive o primeiro contacto com o sistema informático, com os diversos medicamentos e

também com os fornecedores uma vez que estive perante situações de inconformidades

que me levaram a comunicar com os respetivos fornecedores.

3.2.4. Armazenamento

Na FSP foi essencial o planeamento da área de armazenamento tendo em conta a

necessidade de acesso restrito e limpeza adequada sendo que as condições têm de

estar de acordo com as especificações inerentes a cada produto.

Na FSP, durante a receção da encomenda os produtos são inicialmente separados em

éticos, genéricos e produtos de venda livre/MNSRM o que facilita o armazenamento e

a marcação dos preços.

Os medicamentos na forma de comprimido ou cápsula são armazenados em armários

com gavetas dispensatórias. Existem dois armários deste tipo, sendo um para os

medicamentos de marca no qual as últimas gavetas são usadas para ampolas bebíveis

e outro para os medicamentos genéricos em que as últimas gavetas armazenam

suspensões orais e saquetas. Os colírios, injetáveis, supositórios, cremes, pomadas e

sistemas transdérmicos são armazenados num armário diferente. Os medicamentos e

produtos de veterinária tem um espaço próprio assim como os produtos do protocolo da

diabetes, lancetas e tiras reativas. Os medicamentos que necessitam de ser

conservados a temperaturas compreendidas entre os 2ºC e os 8ºC, tais como vacinas,

insulinas, alguns colírios e outros são conservados no frigorífico.

Todos os produtos são armazenados por ordem alfabética e crescente de dosagem

seguindo-se o princípio de First Expired, First Out (FEFO) e First In, First Out (FIFO)

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que garante que os primeiros produtos a expirar o prazo de validade ou que deram

entrada há mais tempo, são os primeiros a ser dispensados.

Os psicotrópicos e outros produtos que apresentem um risco especial são armazenados

com medidas de seguranças adicionais. A rotação dos stocks é controlada assim como

as condições de armazenamento são monitorizadas regularmente.

Os excedentes são guardados no armazém, por ordem alfabética do nome comercial

ou DCI conforme sejam medicamentos éticos ou medicamentos genéricos,

respetivamente.

O processo de armazenamento e reposição foi algo que realizei logo a partir do primeiro

dia e que me permitiu conhecer a organização da farmácia, ter contacto com os diversos

medicamentos, nomes comerciais e substâncias ativas e ainda aperceber-me da sua

rotatividade.

3.3. Devoluções

As devoluções são efetuadas pela farmácia ao respetivo fornecedor e podem ter vários

motivos, nomeadamente inconformidades detetadas na receção de encomendas,

desistência da compra de produtos reservados pelo utente, emissão de circulares de

recolha obrigatória pelo INFARMED ou circulares de recolha emitidas voluntariamente

do detentor da AIM, enganos no envio ou no pedido dos produtos, entre outros. A

devolução realiza-se através da emissão de uma nota de devolução recorrendo ao

Sifarma2000® na qual se explicita o motivo da devolução, o nome de produto, a

quantidade e o número da fatura. Posteriormente o fornecedor, caso aceite a devolução,

regulariza a situação através da troca do produto ou emissão de nota de crédito. Caso

não aceite a devolução o produto é devolvido, competindo à farmácia assumir o prejuízo.

Durante o estágio realizei várias devoluções, sendo que a maioria foram devido a

pedidos por engano ou porque o utente desistiu da compra do produto.

De salientar uma devolução relativa à suspensão da AIM por motivos de segurança,

relativa a medicamentos de libertação prolongada com paracetamol, divulgada pela

circular do INFARMED n.º 039/CD/100.20.200. Após receção desta circular a minha

função foi segregar os medicamentos em questão e posteriormente, após receber

indicação do procedimento a realizar pelos armazenistas, proceder à sua devolução.

4. Dispensa de medicamentos

A atividade farmacêutica engloba várias ações e serviços de saúde, no entanto, é na

dispensa de medicamentos que o farmacêutico assume maior destaque enquanto

profissional, numa farmácia comunitária.

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O farmacêutico é a ponte entre o médico e o utente sendo o último a contactar com o

utente antes deste iniciar a terapêutica. Desta forma, é importante que o farmacêutico

assuma a responsabilidade não só da mera entrega da medicação, mas do

aconselhamento e da promoção do uso racional do medicamento e adesão à

terapêutica.

O Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de agosto classifica os medicamentos de uso humano

quanto à dispensa ao público em MSRM e MNSRM. [8]

4.1. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Os MSRM apenas podem ser dispensados na farmácia mediante a apresentação de

uma prescrição médica válida.

São incluídos nesta categoria todos os medicamentos que preencham uma das

condições referidas no artigo 3º do Decreto-Lei n.º 209/94, de 6 de agosto. [8]

4.1.1. Receita médica

A prescrição de medicamentos tem de ser feita por via eletrónica usando equipamentos

informáticos reconhecidos pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, exceto

nas situações legalmente previstas em que a receita é passada por via manual. [9]

Em relação à receita eletrónica, e até que se consiga a total desmaterialização das

receitas, coexistem duas formas de prescrição: prescrição eletrónica desmaterializada

e prescrição eletrónica materializada. [9]

A primeira, também chamada de receita sem papel, pode ser enviada para o telemóvel

ou email do utente e contém as informações indispensáveis para a dispensa,

nomeadamente o número da receita, o código de acesso e dispensa e o código de direito

de opção. Outra forma de apresentação deste mesmo tipo de prescrição é a guia de

tratamento que o médico pode fornecer ao utente e que contém, para além do número

da receita e os códigos necessários, o medicamento prescrito por DCI, a forma

farmacêutica, a dosagem, a apresentação, o número de embalagens e a posologia de

cada medicamento bem como a validade de dispensa (que pode ser de 30 dias ou 6

meses).

Há casos em que a lei permite a prescrição pelo nome comercial do medicamento, são

eles: medicamentos de marca que não tenham similares, medicamentos para os quais

não exista genérico comparticipado, medicamentos que apenas podem ser prescritos

para determinadas indicações terapêuticas por questões de propriedade industrial ou

quando o prescritor justifica tecnicamente a situação. Nestas justificações incluem-se

margem ou índice terapêutico estreito, reação adversa prévia ou continuidade de

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tratamento superior a 28 dias. Contudo, apesar da justificação, o utente pode optar por

medicamentos com a mesma DCI, forma farmacêutica, dosagem e tamanho de

embalagem similares ao prescrito, isto é, dentro do grupo homogéneo, desde que sejam

de preço inferior. [9]

A introdução da prescrição eletrónica mostra-se vantajosa uma vez que permite a

diminuição de erros de dispensa e por conseguinte incrementa a segurança deste

processo, permite uma melhor comunicação entre os profissionais de saúde e, ainda,

agiliza os processos de conferência de receituário.

Não obstante, continuam a chegar à farmácia muitas receitas manuais. Quando o

prescritor opta por este tipo de receita deve assinalar a justificação de entre quatro

possíveis: falência informática; inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou até

40 receitas por mês. Este tipo de receitas tem algumas especificidades a que o

farmacêutico deve estar atento, pois só assim pode classificar a receita como válida ou

inválida. As receitas não podem conter rasuras, caligrafias diferentes e não podem ser

prescritas com canetas diferentes ou a lápis. Só podem ser prescritos até quatro

medicamentos distintos, sendo que o número de embalagens prescritas não pode

ultrapassar o limite de duas por medicamento, ou quatro embalagens no total.

Excetuam-se as situações em que os medicamentos se apresentam sob a forma de

embalagem unitária, caso em que podem ser prescritas até quatro embalagens do

mesmo medicamento por receita. Há uma série de outros elementos que a receita deve

conter e que se encontram descritos nas normas de prescrição disponibilizadas pelo

INFARMED. [9]

Existem determinados medicamentos que têm de ser prescritos isoladamente, isto é, a

mesma receita não pode conter outros medicamentos, nomeadamente quando se trata

de estupefacientes e psicotrópicos, medicamentos manipulados, produtos dietéticos

com caráter terapêutico e produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus

(DM).

Por último, destaca-se a receita eletrónica materializada que corresponde a uma forma

intermédia entre a receita manual e a receita sem papel. A validade da receita é de 30

dias a partir da data da prescrição podendo, no entanto, ser renovável até 6 meses, se

forem validadas e impressas 3 vias, salvaguardando que nestas receitas apenas podem

constar medicamentos destinados a tratamentos de longa duração. Em relação ao

número de embalagens, aplicam-se os mesmos critérios da prescrição manual. Outra

especificidade que se sobrepõe às receitas manuais é a prescrição isolada de alguns

medicamentos ou produtos de saúde sendo que o prescritor deve selecionar o tipo de

prescrição, por exemplo: RN (prescrição de medicamentos), RE (prescrição de

psicotrópicos e estupefacientes), MM (prescrição de medicamentos manipulados). [9]

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4.1.2. Validação e aviamento da prescrição

No momento em que o farmacêutico recebe a receita tem de se certificar que esta

cumpre todos os requisitos estabelecidos e que assim tornam a receita válida. Além

disso, deve tentar enquadrar a medicação no contexto clínico do doente estando atento

a possíveis interações medicamentosas, alergias ou intolerâncias que saiba que o

utente tem ou que este tenha referido ter e verificar ainda que a posologia esteja dentro

do adequado. Caso sejam medicamentos de uso crónico, é importante compreender se

o tratamento está a ser cumprido, se é eficaz ou se tem causado algum efeito

indesejado.

O utente deve ser informado da existência dos medicamentos disponíveis na farmácia

com a mesma substância ativa, forma farmacêutica, apresentação e dosagem do

medicamento prescrito (grupo homogéneo), bem como o que tem o preço mais baixo,

isto no caso de o medicamento ser prescrito por DCI. Quando existe grupo homogéneo,

a farmácia deve ter, pelo menos, três dos cinco medicamentos com preço mais baixo

devendo dispensar o mais barato exceto quando o utente exerce o direito de opção.

Quando não existe grupo homogéneo, o farmacêutico deve dispensar o medicamento

que cumpra a prescrição médica e o mais barato para o utente, similar ao prescrito, que

possua na farmácia, salvo se for outra a opção do utente. [10]

Quando o medicamento é prescrito por nome comercial, se a justificação for

medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito (exceção a)) ou reação

adversa prévia (exceção b)) o farmacêutico apenas pode dispensar o medicamento que

consta na receita. No caso de a justificação ser continuidade de tratamento superior a

28 dias (exceção c)) o utente pode optar por um medicamento similar ao prescrito desde

que seja de preço inferior. [10]

Após seleção do medicamento, o farmacêutico deve fornecer todas as informações ao

utente que contribuam para o uso correto do medicamento, esclarecendo dúvidas sobre

a posologia, oralmente e por escrito se necessário, bem como possíveis reações

adversas, e condições especiais de armazenamento. Durante o período em que estive

no atendimento ao público tentei esclarecer sempre qualquer dúvida que o utente

pudesse ter. O projeto Segurança na Dispensa e Toma de Medicamentos têm

exatamente como finalidade melhorar a comunicação através da inovação, isto é, a

substituição da caneta que seja por etiquetas de posologia, talões com resumo

posológico, e-mails, SMS e app Farmácias Portuguesas (Anexo 6). Na FSP, tive

oportunidade de assistir à introdução de uma impressora de etiquetas de posologia. É

uma mudança muito positiva pois a etiqueta contém a identificação da farmácia e do

utente (importante quando mais do que uma pessoa na mesma casa toma medicação),

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o nome do produto e dosagem, a posologia e uma frase de precaução (a que o

farmacêutico considere mais pertinente). A informação acerca da forma de tomar o

medicamento é personalizável pelo profissional que faz a dispensa no painel de

atendimento do Sifarma2000® (Anexo 7). [11]

A leitura das receitas por via manual foi uma dificuldade para mim no que toca à

compreensão dos medicamentos prescritos assim como os planos de comparticipação.

Em relação às receitas sem papel, várias vezes me foram entregues receitas não válidas

por ter expirado o prazo de validade, pelo que, procurei alertar sempre os utentes

quando a validade da prescrição terminava no mês seguinte.

4.1.2.1. Medicamentos psicotrópicos e estupefacientes

A dispensa de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes tem particularidades em

relação aos demais medicamentos. Este controlo apertado resulta da possibilidade

destas substâncias induzirem habituação e dependência física e psíquica mas

sobretudo é uma forma de tentar combater o tráfico ilícito.

Aquando da dispensa, o farmacêutico tem de registar informaticamente o nome do

médico, nome e morada do doente e o nome, morada, idade, número do documento de

identificação e respetiva data de validade da pessoa a quem é dispensada a medicação.

A farmácia tem de enviar ao INFARMED a listagem de saídas de medicamentos

psicotrópicos e estupefacientes gerada pelo sistema informático assim como as receitas

manuais digitalizadas até ao dia 8 do mês seguinte ao da dispensa. Além disso, estes

registos têm de ser mantidos em arquivo pela farmácia durante 3 anos. [10]

4.1.2.2. Medicamentos Manipulados

A FSP tem um laboratório adequado para a preparação de medicamentos manipulados.

Dependendo do tipo de manipulado, a FSP opta por produzi-lo ou por subcontratar o

serviço a outra farmácia que procede à sua preparação e o envia juntamente com a

ficha de preparação. O procedimento a adotar a partir do momento em que se recebe o

pedido do manipulado está descrito no Anexo 8.

O preço de venda ao público dos medicamentos manipulados é calculado com base no

valor dos honorários, no valor das matérias-primas e materiais de embalagem tal como

descrito na Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho. O cálculo dos honorários tem por base

um fator F cujo valor é atualizado anualmente. Na FSP usa-se uma folha se Excel como

suporte ao cálculo dos preços. [12]

Os medicamentos manipulados são usualmente preparados e destinados a um utente

em particular podendo ser comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) em

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30% do PVP se corretamente prescritos e se constarem na listada anexa ao despacho

nº 18694/2010. [10]

Durante o meu estágio pude preparar vários manipulados incluindo Suspensão oral de

Trimetoprim (Figura 5), Solução Alcoólica de Ácido Bórico e Solução de Ácido Acético

a 2%. Além disso também fiz pedidos de orçamentos e encomenda de manipulados a

outras farmácias. Sempre que prepara manipulados, o farmacêutico deve preencher a

ficha de preparação, fazer o cálculo do preço e, após o acondicionamento e verificação

do produto, imprimir e colar o rótulo.

No momento da dispensa entrega-se ao utente, além do produto, uma fotocópia do

folheto informativo disponível no FGP.

4.1.3. Regime de comparticipação de medicamentos

A comparticipação de medicamentos pressupõe que uma entidade financia uma parte

do preço dos medicamentos sendo que, o utente paga apenas a restante parte. Existem

numerosas entidades para este efeito, no entanto, o SNS é aquele que abrange maior

número de utentes. Há casos em que o utente usufrui simultaneamente da

comparticipação pelo SNS e outro organismo sendo considerado um sistema de

complementaridade de entidades. No caso específico do concelho de Monção, ao qual

pertence a FSP, a Câmara Municipal realiza uma comparticipação municipal de

medicamentos complementar ao SNS. Esta comparticipação destina-se a pessoas com

idade igual ou superior a 66 anos ou com doença crónica, residentes no concelho acima

referido e que se encontrem em situação comprovada de carência económica. Os

utentes são selecionados após concurso e são portadores de um cartão de devem

apresentar na farmácia para que lhe seja aplicado o desconto. O farmacêutico deve,

após cada venda, introduzir o valor da comparticipação na plataforma online criada pela

Câmara Municipal, para que o saldo do utente se mantenha atualizado, uma vez que

após atingir o valor limite não pode ser efetuada esta comparticipação. [13]

Em relação ao SNS, a comparticipação pode ser feita através do regime geral ou regime

especial. No regime geral o Estado paga uma percentagem do PVP dos medicamentos

que difere consoante o escalão em que o medicamento se insere a qual depende da

Figura 5 - Suspensão oral de Trimetoprim

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classificação farmacoterapêutica: Escalão A – 90%, Escalão B – 69%, Escalão C – 37%,

Escalão D – 15%.

Em relação ao regime especial, este destina-se a pensionistas com baixos rendimentos.

Neste caso a comparticipação é acrescida de 5% para medicamentos incluídos no

escalão A e de 15% para medicamentos pertencentes aos escalões B, C e D. Estes

utentes podem ainda beneficiar de 95% de comparticipação para o conjunto de escalões

desde que os medicamentos selecionados tenham um PVP inferior ao 5º preço mais

baixo do grupo homogéneo a que pertencem. [10] Este regime especial é identificado

pela letra R ou vinheta verde do local de prescrição nas receitas manuais. Nas receitas

eletrónicas é automático.

Alguns medicamentos destinados ao tratamento de determinadas doenças ou grupos

especiais de utentes têm um regime de comparticipação diferente, devidamente

legislado. O médico prescritor deve mencionar na receita o despacho inerente à

patologia em questão, sendo a comparticipação variável consoante as situações. [10]

Os medicamentos manipulados suscetíveis de serem comparticipados usufruem de

uma comparticipação de 30%. [10]

Os produtos destinados ao autocontrolo da diabetes são comparticipados em 85% do

PVP no caso das tiras-teste e 100% no caso de agulhas, seringas e lancetas. [10]

4.1.4. Conferência do Receituário e Faturação

A conferência do receituário consiste na revisão de todas as receitas aviadas de forma

a confirmar que estão válidas e assim a farmácia possa receber o valor da percentagem

comparticipada. No que toca ao SNS, a conferência de faturas é um processo

fundamental no sentido de controlar as despesas com a saúde.

Na farmácia, sempre que se efetue a dispensa de MSRM comparticipados através de

receita manual ou eletrónica materializada, é impresso no verso da receita um resumo

dos produtos dispensados contendo, entre outras informações, o preço total de cada

medicamento, o valor da comparticipação e o organismo no qual foi faturado. O utente

deve assinar as declarações constantes no verso e o farmacêutico deve completar com

o carimbo da farmácia, a data e a sua assinatura. No caso das receitas sem papel não

é emitido nenhum documento exceto quando a comparticipação é feita por outras

entidades além do SNS em que há emissão de um talão. As receitas ou talões são

separados por entidades comparticipantes e organizados em lotes consecutivos de 30

receitas cada. No final de cada mês procede-se ao fecho dos lotes imprimindo o Verbete

de Identificação do Lote, a Relação Resumos de Lotes e a fatura em duplicado. Estes

documentos juntamente com as receitas comparticipadas pelo SNS são enviados para

o Centro de Conferência de Faturas (CCF). Sempre que se trate de receitas

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comparticipadas por outras entidades estas são enviadas para a Associação Nacional

de Farmácias (ANF) que depois faz a distribuição pelos respetivos organismos. Os

organismos responsáveis pela comparticipação dos medicamentos podem recusar

determinadas receitas. Nestes casos, as receitas são devolvidas à farmácia

acompanhadas pelo motivo de devolução procedendo-se, sempre que possível, à

correção do erro.

Ao longo do estágio pude fazer a organização das receitas em lotes e ainda participar

no fecho do receituário e emissão dos respetivos documentos.

4.2. Dispensa de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM são medicamentos usados em afeções menores e autolimitadas, não sendo

necessária a apresentação de receita médica para os adquirir. Estes produtos podem

ser adquiridos tanto em farmácias como em outros locais de venda autorizados. Pela

facilidade com que são adquiridos, podem-se tornar um problema quando há

automedicação sem noção das possíveis interações ou efeitos secundários. Esta

questão é particularmente grave em pessoas polimedicadas, idosas e que muitas vezes

apresentam co-morbilidades. É, por isso, importante que aquando da solicitação destes

produtos o farmacêutico procure conhecer o histórico do utente em questão avaliando

o problema e apresentando uma solução que não coloque em risco a saúde da pessoa.

Neste contexto, surgiu recentemente a classificação de Medicamentos Não Sujeitos a

Receita Médica de dispensa exclusiva em Farmácia (MNSRM – EF). Os medicamentos

pertencentes a esta classe, embora possam ser dispensados na ausência de prescrição

médica, é necessária a intervenção do farmacêutico que deve aplicar os respetivos

protocolos de dispensa. Os fluxogramas de indicação terapêutica disponibilizados pela

ANF são uma orientação no aconselhamento farmacêutico uma vez que apresentam,

em função dos sintomas e condições descritos pelo utente, os medicamentos mais

indicados. Na FSP estes documentos encontram-se afixados para que possam ser

facilmente consultados quando necessário.

O meu estágio ocorreu na transição do inverno para a primavera pelo que tive

oportunidade de lidar com diversas situações, desde constipações, dores menores,

tosse, distúrbios gastrointestinais, passando pelas situações alérgicas características

da primavera. Em todos os casos em que me foi pedido aconselhamento procurei

questionar o utente de forma a avaliar a situação o melhor possível e sempre que

necessário pedi ajuda aos meus colegas para que o medicamento dispensado fosse o

mais adequado.

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5. Dispensa de outros produtos farmacêuticos

Na farmácia existem outros produtos disponíveis para venda e que não se inserem nas

categorias referidas anteriormente.

A venda de produtos de veterinária é frequente na FSP, tanto para animais de

companhia como para a pecuária sendo esta última consequência do meio rural em que

a farmácia se insere. É importante ter em conta que a saúde das pessoas também passa

pela saúde dos animais com que contactam, pelo que quando dispensava

antiparasitários para humanos perguntava sempre se a pessoa tinha contacto com

animais e se estes estavam desparasitados. A veterinária é uma área na qual tinha

poucos conhecimentos pelo que muitas das situações com as que me deparei foram

desafiantes e me proporcionaram uma constante aprendizagem.

Os produtos cosméticos e de higiene corporal fazem parte uma área de constante

renovação e lançamento de produtos pelo que, é importante a atualização dos

conhecimentos. Para isso, sempre que possível, os colaboradores da farmácia

participam em formações tanto na farmácia como fora. É de ressalvar que, face à

localização da farmácia, a ida a formações é, por vezes, difícil de conciliar. Durante o

meu estágio tive oportunidade de participar na formação da Bioderma® realizada no

Porto, com a duração de um dia. Considero que foi muito importante para o meu

desempenho e contribuiu para aumentar a segurança no aconselhamento destes

produtos. Neste campo, os produtos mais requisitados são os cremes faciais, produtos

de lavagem (corpo, cabelos e íntima) e, sazonalmente, os solares.

Os dispositivos médicos incluem vários produtos e muito variados pelo que a sua

dispensa é muito frequente. Alguns dos dispositivos médicos que se podem encontrar

na FSP são material de penso, sondas vesicais e gástricas, produtos de ostomia,

seringas, meias de compressão, fraldas, testes de gravidez, preservativos,

termómetros, entre outros. Neste segmento senti-me mais à vontade uma vez que tive

oportunidade de o abordar durante o curso.

A FSP também disponibiliza ao seu público vários produtos direcionados para grávidas,

bebés e para o período pós-parto. Alguns dos artigos que se podem encontrar são

chupetas, biberões, papas, leites, protetores de mamilos e variados produtos de higiene

e cosmética para bebés. Tal como noutras categorias, também aqui a variedade e a

sensibilidade acrescida por se tratar de bebés e recém-nascidos obrigam o farmacêutico

a atualização constante de forma a que o aconselhamento seja eficaz e possa

esclarecer as dúvidas e apaziguar a ansiedade dos pais.

Em relação à alimentação impõe-se distinguir os produtos dietéticos com caráter

terapêutico e os produtos para alimentação. Os primeiros destinam-se a doentes com

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erros congénitos de metabolismo. Estes produtos podem ser comparticipados a 100%

desde que façam parte da lista anexa à Circular n.º1525-2016 e sejam prescritos nos

locais contemplados na mesma circular. Em relação à alimentação especial, por se

tratar de um concelho envelhecido somos muitas vezes confrontados com situações de

idosos que têm uma alimentação insuficiente e necessitam de um aporte especial de

nutrientes, seja pela falta de apetite, pela dificuldade de deglutição ou pela debilidade

do organismo devido a doenças e tratamentos mais agressivos como o caso da

quimioterapia. Neste contexto, usam-se frequentemente produtos para enriquecer a

dieta destacando-se fórmulas hiperproteicas e/ou hipercalóricas com linhas específicas

para diabéticos (contém hidratos de carbono complexos) e doentes oncológicos,

espessantes, papas, proteína em pó, entre outros. É importante que o farmacêutico seja

capaz de aconselhar este tipo de produtos uma vez que têm algumas particularidades

como o caso dos alimentos hiperproteicos que não devem ser usados por pessoas com

insuficiência renal. Assim, de uma forma simples, pode-se ter uma intervenção muito

positiva na qualidade de vida das pessoas.

Os produtos homeopáticos não ocupam qualquer destaque na FSP, existem alguns em

stock e são dispensados quase sempre apenas por indicação médica. As pessoas não

revelam grande conhecimento nesta área, mesmo quando os adquirem. Apesar disto,

consegui-me aperceber que as pessoas procuram cada vez mais as terapêuticas

alternativas em complemento à medicina tradicional, devido essencialmente à menor

incidência de efeitos adversos e interações medicamentosas, apostando numa vertente

menos química e mais natural. Neste sentido, a FSP dá destaque à aromaterapia, tendo

disponível para o público vários óleos essenciais, difusores e produtos acabados à base

de óleos essenciais. Os óleos essenciais, dependendo do efeito pretendido, podem ser

usados por ingestão, aplicação na pele em zonas do corpo específicas ou por inalação

através do uso de difusores. Cada espécie de planta têm uma indicação terapêutica

específica.

Neste seguimento temos também os produtos fitoterápicos que, tal como o nome indica,

são derivados de plantas. Nesta categoria, alguns dos mais solicitados na farmácia são

os destinados à resolução de problemas menores de sono (Valdispert®) e perturbações

na circulação venosa (Daflon®).

Os suplementos alimentares são igualmente produtos com procura na FSP. Destacam-

se os suplementos de ácidos gordos ómega 3, suplementos para melhorar a memória

e o cansaço cerebral e suplementos dietéticos. Em relação a estes últimos, a procura

segue um caráter sazonal, aumentando significativamente no final da primavera. Neste

campo, é importante alertar os utentes de que os suplementos devem ser aliados a uma

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dieta equilibrada e saudável e que nem sempre são inócuos, como erradamente se

possa pensar, e por isso têm de ser usados com racionalidade.

6. Farmacovigilância

A farmacovigilância é uma etapa fundamental do circuito do medicamento, uma vez que

podem existir efeitos que se manifestam tardiamente ou que são raros e que não são

detetados durante os ensaios clínicos. [14]

O Sistema Nacional de Farmacovigilância é uma forma de monitorizar a segurança dos

medicamentos com AIM nacional. Este sistema é da responsabilidade do INFARMED.

A monitorização é feita através da recolha e avaliação de notificações de reações

adversas a medicamentos (RAM), identificação de riscos e implementação de medidas

para redução dos mesmos. O Portal de Notificação de Reações Adversas, disponível

no site do INFARMED permite ao profissional de saúde ou a qualquer utente a

comunicação de uma reação adversa. Estas reações devem ser sempre comunicadas

mesmo quando se trata apenas de uma suspeita. Além do portal, a notificação de

reações adversas pode ser feita através do preenchimento de um formulário disponível

no site do INFARMED enviando-o por e-mail, correio ou comunicando por telefone. [14]

Neste sentido, realizei a submissão de uma reação adversa no portal RAM do

INFARMED (Anexo 9) relativamente ao medicamento Meloxicam Ratiopharm MG,

comprimido, 15 mg depois de o utente se queixar na farmácia. Mesmo que constem do

folheto informativo do medicamento, as reações adversas devem sempre ser reportadas

porque permite uma melhor quantificação das mesmas. [14]

7. Serviços e cuidados de saúde prestados na Farmácia S. Pedro

A Portaria n.º 1429/2007 definiu, pela primeira vez, o conjunto de serviços que as

farmácias podem prestar aos seus utentes. Em abril de 2018 foi efetuada a primeira

alteração a esta Portaria que se traduziu no aumento do leque de serviços que podem

ser oferecidos pelas farmácias. [15] Desta forma, foram incluídos novos serviços:

consultas de nutrição, programas de adesão à terapêutica, de reconciliação da

terapêutica e de preparação individualizada de medicamentos, assim como programas

de educação sobre a utilização de dispositivos médicos. As farmácias poderão realizar

ainda testes rápidos para o rastreio de infeções por Vírus da Imunodeficiência Humana

(VIH), Vírus da Hepatite C (VHC) e Vírus da Hepatite B (VHB), serviços simples de

enfermagem de acordo com as orientações estabelecidas pela Direção-Geral da Saúde.

As farmácias podem ainda promover campanhas e programas de literacia em saúde,

prevenção da doença e de promoção de estilos de vida saudáveis. [16]

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Em resultado dos serviços prestados pela farmácia são gerados resíduos que devem

ser geridos de acordo com a legislação em vigor. O regime jurídico de tratamento de

resíduos é regulado pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho. A classificação dos

resíduos hospitalares é feita com base no Despacho n. º242/96, de 13 de agosto e divide

os resíduos em quatro grupos. Os grupos I e II são equiparados a resíduos urbanos e

não requerem tratamento especial. O grupo III inclui os resíduos com risco biológico,

isto é, contaminados com vestígios de sangue. Na FSP estes materiais são colocados

num contentor próprio que contém germicida. Os resíduos do grupo IV são os materiais

cortantes e perfurantes que também são colocados num contentor específico. Ambos

os contentores são recolhidos pela empresa Cannon Hygiene Portugal, Lda a cada 28

dias de forma a serem eliminados. [17]

7.1. Determinação da Pressão Arterial

A Hipertensão Arterial (HTA) é um fator de risco de risco cardiovascular muito prevalente

na população portuguesa sendo assim importante a medição da pressão arterial tanto

para diagnóstico como para controlo e prevenção. O diagnóstico de HTA é definido em

consultório quando há elevação persistente, em várias medições em diferentes ocasiões

da pressão arterial sistólica (PAS) igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial

diastólica (PAD) igual ou superior a 90 mmHg. [18]

Na FSP, a medição da pressão arterial é solicitada tanto por utentes medicados para

esta patologia que pretendem efetuar um controlo dos seus valores como por utentes

saudáveis. A medição é feita com recurso a um tensiómetro digital de braço que regista

a PAS, PAD e a frequência cardíaca. Para que os valores sejam os mais fidedignos

possíveis o utente deve estar calmo, em repouso há 5 ou 10 minutos, com ambos os

pés pousados no chão, ter o braço despido de roupa apertada e não falar durante a

medição. Aos utentes que realizam esta medição frequentemente na farmácia atribui-

se um cartão onde se vão registando os valores para que se possa perceber a sua

evolução. Além disso, este registo também pode ser importante para o médico avaliar a

eficácia da terapêutica instituída.

Durante o estágio, sempre que avaliei a pressão arterial e os valores se encontravam

fora do intervalo de referência procurei ter uma atitude educativa aconselhando a

redução do consumo de sal, a ingestão adequada de água e outros hábitos de vida

saudáveis assim como procurei avaliar a adesão à terapêutica, quando aplicável.

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7.2. Determinação da glicémia

A avaliação da glicémia é um serviço bastante requisitado e, não só por utentes

diagnosticados com DM. A determinação é feita por punção capilar, sendo um método

muito rápido e simples. A máquina que mais se usa para este efeito é a Contour®Next

One porque é a que proporciona resultados mais exatos. Quando se realiza este teste,

é importante saber se o utente em questão está em jejum ou, caso não esteja, há

quando tempo foi a última refeição. Só desta forma se podem contextualizar os

resultados e retirar conclusões. Também neste caso, tal como para a pressão arterial e

transversalmente a todas as determinações bioquímicas, é oferecido ao utente um

cartão onde se faz o registo dos valores de glicémia. No decorrer do estágio, além de

ter realizado várias vezes esta determinação também tive oportunidade de explicar e

exemplificar o funcionamento da máquina e o procedimento para que o utente pudesse

fazer a medição em casa da forma mais correta.

7.3. Determinação do perfil lipídico e ácido úrico

A FSP dispõe da máquina CR 3000 (Figura 6) a qual é usada para determinação do

perfil lipídico (colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos) e ácido úrico. O método de

doseamento é bioquímico. Cada parâmetro tem as cuvetes correspondentes nas quais

se coloca o sangue do utente (obtido por punção capilar). Faz-se uma homogeneização

para que o sangue entre em contacto com o líquido presente na cuvete e coloca-se na

máquina que faz uma primeira leitura (branco) e indica o passo seguinte que será a

adição da enzima. Depois de adicionar a enzima e homogeneizar coloca-se a cuvete

novamente na máquina e esta procede à leitura do resultado. No final, é possível

imprimir os resultados para que o utente os possa levar consigo.

Este processo é mais demorado em relação aos medidores de colesterol que usam

tiras teste, mas muito mais exato, apresentando uma diferença de apenas 10% em

relação aos valores obtidos nas análises clínicas de rotina. Além disso, tem a vantagem

de avaliar outros parâmetros que estas máquinas são incapazes de fazer.

Figura 7 - Máquina URIT30 Figura 6 - Máquina CR3000

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Para analisar os resultados, é importante saber se a pessoa está em jejum e conhecer

o seu contexto de saúde. Caso os resultados não sejam os esperados é importante

educar o utente em relação aos hábitos alimentares e exercício físico assim como

fomentar a adesão à terapêutica. No caso da determinação do colesterol total, se os

valores se apresentarem fora do normal poderá ser importante realizar a diferenciação

entre colesterol LDL e colesterol HDL para avaliar qual a porção que se afetada.

7.4. Análise de urina

A análise da urina é pouco solicitada, sendo procurada essencialmente por senhoras

para confirmação ou despiste de uma infeção urinária. Para proceder a esta análise,

faz-se a colheita da urina num boião esterilizado e depois mergulha-se a tira teste

durante alguns segundos. A leitura dos resultados é feita pela máquina URIT30 (Figura

7) através da comparação de cores da tira e do padrão.

7.5. Administração de injetáveis

Na FSP faz-se a administração de vacinas não incluídas no PNV e medicamentos

injetáveis por via subcutânea e intramuscular. Esta administração é feita apenas pelos

farmacêuticos que estão devidamente habilitados, isto é, que têm o curso de formação

contínua teórica e prática, em administração de injetáveis validado pela Ordem dos

Farmacêuticos (OF) assim como o curso de Suporte Básico de Vida, igualmente

validado pela OF. O certificado de competências emitido pela OF tem uma validade de

5 anos, após o qual o farmacêutico tem de realizar uma ação de formação de

atualização. É obrigatório, aquando do registo do serviço no sistema informático,

preencher os campos relativos ao medicamento (nome, dose, lote, via de

administração), os dados do utente, a identificação do farmacêutico que fez a

administração e se ocorreu ou não reação anafilática. Em relação a este último

parâmetro, a FSP dispõe de material para tratamento no caso de ocorrer reação

anafilática como por exemplo adrenalina a 1mg/mL, garrafa de oxigénio com

debitómetro a 15L/min, máscaras com reservatório, cânulas de Guedel, entre outros

materiais. [19]

7.6. Consulta de nutrição

A consulta de nutrição foi implementada na FSP no iníco do mês de maio após entrada

em vigor da alteração feita à portaria que define os serviços que podem ser prestados

na farmácia comunitária. Esta consulta é realizada por uma nutricionista todos os

sábados durante o período da manhã. Este serviço revela-se importante uma vez que

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promove a saúde através da reeducação alimentar devidamente orientada após

avaliação personalizada.

7.7. Cartão saúda

A FSP tem à disposição dos seus utentes o Cartão Saúda das Farmácias Portuguesas.

Todas as compras feitas em produtos de saúde, MNSRM e serviços farmacêuticos

valem pontos que podem ser acumulados no cartão. Estes pontos podem ser trocados

diretamente por produtos que se encontrem no catálogo de pontos ou transformados

em vales de dinheiro que podem ser usados para pagar a conta da farmácia. Por cada

1€ gasto acumula no cartão 1 ponto.

No atendimento ao público, sempre que um utente comprava um produto que permitia

acumulação de pontos e não tinha cartão associado à ficha apresentei este serviço,

sendo que a maior parte das vezes os utentes se mostraram interessados e aderiram.

Além disso, procurei estar sempre atenta aos pontos que pudessem estar a caducar

avisando o utente da situação. [20]

7.8. VALORMED

A VALORMED é uma associação sem fins lucrativos que gere a reciclagem de

embalagens vazias de medicamentos e medicamentos fora de uso. Visto que estes

resíduos são especiais devem ser tratados da forma adequada não sendo correto

colocá-los nos contentores convencionais dos resíduos domésticos nem nos ecopontos.

As farmácias comunitárias funcionam como um ponto de recolha, assegurando a

receção dos resíduos entregues pelos utentes e enviando posteriormente o contentor

cheio através dos armazenistas associados ao projeto. Durante o estágio tive

oportunidade de fechar e proceder à identificação do contentor para posterior recolha

(Figura 8). Constatei que os utentes se encontram cada vez mais consciencializados

para a importância deste gesto, no entanto, procurei sempre relembrar a existência

deste projeto oferecendo caixotes pequenos ou sacos disponibilizados para a recolha

de medicamentos e/ou embalagens.

Figura 8 - Contentor de VALORMED pronto para recolha

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8. Marketing e comunicação na FSP

A comunicação com o público é uma ferramenta essencial tanto para a divulgação de

produtos como para a promoção do bem-estar e da saúde.

A FSP usa as montras como forma de divulgação de produtos sendo visíveis vários

anúncios publicitários de produtos de venda livre adequados à época do ano e/ou aos

objetivos internos da farmácia.

Por outro lado, no interior da farmácia podem ser encontrados diversos lineares e

gôndolas onde se encontram expostos produtos de acesso livre e que vão de encontro

às necessidades quotidianas dos utentes, incluindo produtos cosméticos e de higiene

corporal, produtos para alimentação infantil, produtos capilares, buco-dentários,

puericultura, entre outros. Em zona de acesso restrito, mas igualmente visíveis para o

público, estão os MNSRM cuja natureza e disposição vai variando ao longo do tempo

de modo a facilitar o aconselhamento para as situações que mais frequentemente são

descritas pelos utentes.

Nos balcões de atendimento são disponibilizados por vezes folhetos informativos sobre

alguns produtos ou com informações sobre temas pertinentes para que o utente possa

consultar e inclusive levar para casa. Neste seguimento, realizei um folheto (Anexo 10)

acerca da dieta que se deve adotar em caso de diarreia. Este tema surgiu devido ao

elevado número de utentes que se dirigia à farmácia com quadro clínico de

gastroenterite e da importância da adequação da alimentação no restabelecimento do

normal funcionamento do organismo.

Uma outra forma de comunicação muito usada pela farmácia é o Facebook. A FSP tem

uma página que utiliza para partilha de promoções, de conselhos e comportamentos

que promovam a da saúde e de informações provenientes da Direção-Geral de Saúde

e outras instituições relevantes na área da saúde. No Anexo 11 encontra-se uma

publicação que realizei na página do Facebook da FSP sobre a otite externa/ouvido de

nadador. A escolha do tema deve-se à época do ano em questão, uma vez que no verão

são frequentes estes casos na farmácia.

9. Sistema de gestão da qualidade

O sistema de gestão da qualidade encontra-se em implementação na FSP. Neste

contexto têm-se elaborado procedimentos, instruções de trabalho e impressos (se

aplicável) aplicados a diferentes assuntos de forma a orientar e padronizar processos.

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Durante o estágio, realizei um procedimento de suporte (Anexo 12), instrução de

trabalho (Anexo 13) e impresso (Anexo 14) relativamente à gestão de resíduos do grupo

III e IV.

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Parte 2 – Projetos desenvolvidos no estágio curricular 1. Obstipação induzida por ferro

1.1. Contextualização do tema e objetivos

Este tema surge no seguimento da resolução de um caso clínico de uma utente que se

queixou de obstipação após ter iniciado a toma de um suplemento alimentar contendo

ferro.

As deficiências em ferro são muito comuns nos dias de hoje e, de facto, durante o meu

estágio tive oportunidade de aviar várias vezes prescrições de medicamentos contendo

ferro. Mas a questão não se resume a medicamentos, há muitos suplementos que

contém ferro, destacando-se os que são destinados a mulheres em idade fértil.

Os efeitos secundários da toma de ferro estão diretamente relacionados com uma

temática importante na área da saúde que é a falta de adesão à terapêutica. Neste

sentido, parece-me bastante pertinente desenvolver este tema. É meu objetivo começar

por explicar a função do ferro no organismo assim como a sua importância passando

pelas causas mais frequentes de deficiência em ferro e consequentemente a

necessidade de suplementação. Seguidamente apresento a razão de o ferro provocar

obstipação, e a partir daí e apresento o caso clínico discutindo formas de resolver ou

minimizar este efeito secundário.

1.2. Importância do ferro no organismo

O ferro é um mineral essencial no corpo humano uma vez que toma parte em vários

processos, como sejam, o transporte de oxigénio aos tecidos e aos músculos, o

crescimento e desenvolvimento normal das células uma vez que é fundamental na

fosforilação oxidativa e ainda como constituinte essencial de diversas enzimas. [21] De

uma forma simples, podemos dizer que cerca de 65% do ferro destina-se à síntese de

hemoglobina, 10% está presente na mioglobina, 5% contribui para a ação das enzimas

e o restante, cerca de 20%, permanece inativo, na forma de depósito, ligado à ferritina.

[21]

A deficiência em ferro é uma das principais causas de anemia, no entanto, a sua

existência em excesso é igualmente nefasta conduzindo à formação de radicais livres

que provocam danos oxidativos nos tecidos. [22] A regulação da quantidade de ferro

no organismo é assim essencial. A manutenção da homeostasia é controlada a nível da

absorção intestinal e da reciclagem do ferro de glóbulos vermelhos senescentes uma

vez que este mineral tem a particularidade de uma vez absorvido não ser excretado

porque o corpo humano não tem forma fisiológica de o fazer. Diariamente, ocorrem

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pequenas perdas de ferro nas fezes, suor e urina, cerca de 1mg por dia nos homens e

2mg por dia nas mulheres menstruadas, uma vez que há perda de sangue. [23]

A absorção do ferro depende, entre outros fatores, das necessidades do organismo as

quais vão aumentando a partir do nascimento, altura em que o leite materno é, em regra,

suficiente para suprir a demanda de ferro. Os grupos que revelam maiores necessidades

de ferro são os adolescentes em resultado da fase de crescimento acentuado, as

mulheres em idade reprodutiva devido às perdas durante a menstruação e as mulheres

grávidas devido ao rápido crescimento da placenta e do feto. [22] Assim se pode explicar

que a deficiência de ferro seja a carência nutricional mais frequente em todo o mundo,

quer seja nos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. [21]

As causas mais comuns da falta de ferro são o aporte insuficiente da dieta, situações

inflamatórias e doenças crónicas que condicionem a utilização adequada do ferro, a

excessiva perda de ferro ou a absorção inadequada. [23]

A deficiência em ferro não é obrigatoriamente sinónimo de anemia. Esta só ocorre

quando a carência é tal que compromete a hematopoiese. Nos casos em que apenas

ocorre depleção das reservas de ferro ou comprometimento da síntese de outras

proteínas que não a hemoglobina não se verifica anemia. [24] Ainda assim, todos os

estados de carência devem ser compensados uma vez que têm influência negativa a

nível físico e cognitivo podendo afetar o desenvolvimento neurológico e o

comportamento. [25]

1.3. Terapêutica das deficiências de ferro

A primeira etapa do tratamento das carências de ferro consiste na reeducação alimentar

aumentando o consumo ferro na forma heme presente em alimentos de origem animal

como por exemplo a carne vermelha. O ferro neste estado de oxidação é mais

eficientemente absorvido em relação à forma não-heme. Isto explica-se pelo facto do

ferro não heme precisar de ser transformado antes de ser absorvido. Além disso, é

importante destacar que certos nutrientes favorecem a absorção de ferro como por

exemplo a vitamina C sendo aconselhável a ingestão de citrinos. Por outro lado, os

taninos presentes no chá preto e no café e o cálcio presente por exemplo no leite inibem

a absorção do ferro e, por isso, devem ser evitados. Contudo, além da intervenção a

nível alimentar, pode ser necessário adicionar suplementação de ferro, dependendo do

estado de carência. [21]

Existem suplementos alimentares com ferro de venda livre, nos quais as dosagens são

baixas e destinam-se a pessoas com ingestão insuficiente de ferro ou que vejam as

suas necessidades aumentadas. O objetivo deste tipo de suplementos é ajudar a

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pessoa a conseguir manter as reservas de ferro através do aporte da dose diária

recomendada que, neste caso, é 14mg por dia. [21]

No caso de diagnóstico de anemia, ou de uma deficiência de ferro mais acentuada a

suplementação de ferro é prescrita pelo médico. Neste caso inicia-se a terapêutica com

ferro via oral, salvo indicação específica para ferro endovenoso. As doses

recomendadas são de 100mg a 200mg de ferro elementar por dia, sendo que a

dosagem depende da gravidade da carência. [26]

Os suplementos de ferro sujeitos a receita médica comercializados variam na forma

farmacêutica, na substância que forma complexo com o ferro, e no estado de oxidação

do ferro (Fe3+ ou Fe2+), tal como se pode verificar no Anexo 15. Estas variações vão

originar diferenças em termos de biodisponibilidade, eficácia, efeitos secundários e

custos.

1.4. Obstipação induzida por ferro

Os efeitos gastrointestinais da terapêutica oral com ferro são bastante comuns, sendo

de destacar a obstipação. Na verdade, o ferro pertence ao grupo de substâncias

classificadas como indutoras de obstipação [27] Esta situação não deve ser

negligenciada, uma vez que condiciona a adesão à terapêutica dos utentes. Na verdade,

estima-se que 10 a 20% dos doentes abandone a terapêutica em resultado destes

sintomas, o que conduz ao insucesso do tratamento [25]

Tal como se pode verificar pelo quadro do Anexo 15 existem no mercado vários MSRM

que contém ferro na forma de diferentes complexos e com formas farmacêuticas

distintas. Se, além destes, tivermos em conta os suplementos alimentares e os MNSRM

esta variedade é ainda maior.

A obstipação resulta da quantidade de ferro que permanece no intestino após libertação

da formulação, sem que ocorra a sua completa absorção. [28]

Em relação à etapa da dissolução temos, por um lado, as formas farmacêuticas de

libertação normal incluindo as formas sólidas e as soluções orais, em que o tempo de

duração da etapa da dissolução é diminuído, a libertação do ferro é rápida o que acaba

por provocar uma acumulação localizada de ferro na forma livre devido à saturação do

transportador presente na membrana dos enterócitos. Por outro lado, com as

formulações de libertação modificada, a etapa de dissolução é mais lenta, a libertação

de ferro é gradual, pelo que a acumulação na forma livre não é tão acentuada,

diminuindo assim a irritação a nível gastrointestinal. [28]

A etapa seguinte é a absorção. Esta acontece no intestino delgado, nomeadamente a

nível do duodeno e jejuno proximal. O ferro, na forma Fe2+, liga-se à proteína

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transportadora presente na membrana dos enterócitos passando para o citosol. Esta

proteína transportadora apenas liga o ferro na forma reduzida. Assim, a eficiência da

absorção é influenciada pelo estado de oxidação do ferro. A pH fisiológico o Fe2+ é

rapidamente convertido em Fe3+, no entanto, o ácido do estômago baixa o pH do

duodeno e faz com que a reação ocorra no sentido contrário, reduzindo o ferro férrico a

ferro ferroso e aumentando assim a capacidade de absorção. Deste modo, é

compreensível que sempre que a produção de ácido no estômago seja comprometida,

por exemplo pela toma de inibidores da bomba de protões, a absorção de ferro diminua.

[22] Quando a formulação contém ferro na forma trivalente este tem de ser convertido

em ferro bivalente para poder ser absorvido diminuindo a taxa de absorção, o que leva

ao aumento da quantidade de ferro que permanece no intestino e consequentemente

resulta nos efeitos indesejáveis já mencionados [23] As formulações de libertação

modificada, apesar de serem vantajosas no que diz respeito à libertação de ferro, têm

uma fraca absorção. Isto acontece porque, em função do tempo de esvaziamento

gástrico, pode não ocorrer a libertação de todo o ferro da formulação, acrescendo o

facto de uma parte de ferro ser libertada em locais onde não há recetores,

nomeadamente depois de passar o duodeno e jejuno proximal. [25][28] Daqui se pode

concluir que as formulações de libertação modificada não devem ser primeira escolha,

uma vez que há comprometimento da eficácia. [25]

O complexo hidróxido férrico-polimaltose surge como forma de se obter um

compromisso no qual a eficácia não seja afetada e as reações adversas sejam

minimizadas. Nesta forma molecular, o ferro encontra-se complexado com grupos de

polissacarídeos e, ao contrário dos sais de ferro simples, não precipita em meio alcalino

nem quando há adição de ácido clorídrico, o que faz com que a área de superfície para

libertação do ferro seja superior. Além disso, a biodisponibilidade não é afetada pelos

grupos quelantes presentes em certos medicamentos e alimentos, pelo que a sua

administração às refeições não afeta a eficácia e ainda diminui os efeitos secundários,

que por si só já são inferiores em relação às outras formulações. Assim, verifica-se uma

maior adesão à terapêutica dos doentes que tomam ferro nesta forma em relação aos

sais de ferro. [29]

Em conclusão, importa destacar que não há formulações de ferro isentas de efeitos

secundários e as mais adequadas a cada utente vão depender da condição de cada

um, nomeadamente medicação concomitante, gravidade da deficiência de ferro e

tolerância a efeitos secundários. As estratégias para minimizar o desconforto gástrico,

consistem em tomar a medicação contendo ferro em conjunto com citrinos, após a

refeição (ainda que o mais indicado seja 1h antes de comer, se tolerado) ou à noite,

aumentar o número de tomas durante o dia de forma a que a dose administrada seja

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menor e afastar pelo menos 2h a toma de medicamentos, como por exemplo, antiácidos,

inibidores da bomba de protões e tetraciclinas. [25]

O momento da dispensa de medicação é aquele em que o farmacêutico tem um papel

de maior destaque, ao explicar os principais aspetos relacionados com os

medicamentos em questão e a forma correta de administração.

No caso de medicação contendo ferro, é importante sensibilizar o utente para os

possíveis efeitos secundários uma vez que estes são bastante frequentes. Por exemplo,

a coloração negra das fezes é um dos aspetos que deve ser mencionado, para que o

utente não fique alarmado com esta alteração e, saiba que é natural. Neste caso, a

forma mais eficaz de fomentar a adesão à terapêutica é explicar ao utente formas

práticas de minimizar estes efeitos, uma vez que são a principal causa do não

cumprimento dos regimes terapêuticos.

Para facilitar a consulta de informação por parte dos profissionais da FSP elaborei um

panfleto (Anexo 16) que resume os pontos essenciais acerca do ferro e da sua absorção

esclarecendo a razão pela qual os efeitos adversos surgem. O objetivo deste material é

estar facilmente acessível para clarificar dúvidas que possam surgir. Assim, pretende-

se que o aconselhamento seja o mais uniforme possível (uma vez que todos os

profissionais da farmácia têm acesso à mesma informação), mais assertivo nos pontos

essenciais e cientificamente correto.

1.5. Caso Clínico

Uma senhora apresenta-se na farmácia queixando-se que começou a sentir obstipação

desde que iniciou a toma do suplemento CISTITONEFERRO® (IFC SKINCARE

Portugal). Este suplemento é indicado para fortalecer cabelo e unhas, sendo usado

essencialmente no combate à queda de cabelo relacionada com falta de ferro, motivo

pelo qual a utente iniciou a toma deste suplemento.

Deste modo, a utente procurava uma solução de forma a poder continuar a

suplementação, mas sem a ocorrência do efeito secundário referido.

A primeira etapa foi tentar perceber se seria de facto o suplemento a causar a obstipação

e em caso afirmativo qual a razão para tal.

Cada cápsula de CISTITONEFERRO® contém 7mg de ferro, 1mg de cobre, 7,5mg de

zinco, 500mg de L-cistina, 10mg de L-glutationa e vitaminas B5 e B6 e a posologia é de

2 cápsulas diárias após as refeições principais. [30] A partir da composição e até do

nome do suplemento consegue-se perceber que um elemento fundamental da

formulação poderia estar por trás da sintomatologia de obstipação, o ferro. Tal como

apresentado ao longo deste capítulo, o ferro, quando não é eficazmente absorvido e

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31

permanece no intestino provoca irritação da mucosa e consequentemente distúrbios

gastrointestinais.

Consequentemente, o objetivo foi tentar encontrar um suplemento que assegurasse a

dose diária recomendada (DDR) de ferro (14mg) numa formulação que favoreça a

absorção. Para isso, sabe-se que o ferro é absorvido de forma diferente consoante o

estado em que se encontra, sendo que na forma orgânica é melhor absorvido do que

na forma inorgânica. [25] Assim, o primeiro passo foi procurar suplementos em que o

ferro se encontrasse na forma orgânica, o que não se revelou fácil, uma vez que grande

parte dos suplementos apresentam o ferro na forma de sulfato, tal como acontece no

CISTITONEFERRO®, ou na forma de outros sais, para os quais a absorção não é

superior e que, por conseguinte, não resolveria o problema.

Assim surge o suplemento alimentar FLORADIX ELIXIR® (Solmirco) que contém ferro

na forma orgânica (gluconato ferroso) na dose de 7,5mg/10ml. Com duas tomas diárias

de 10ml obtém-se a DDR. É um suplemento natural que, além deste componente, têm

extratos de plantas e frutos, vitaminas e leveduras, algas marinhas, extrato de gérmen

de trigo e roseira brava. [31] Numa primeira análise parece uma opção bastante viável,

no entanto, o extrato de frutos (cerca de 30% da formulação) contém elevada

quantidade de polifenóis, compostos que inibem a absorção do ferro. [28]

Neste seguimento, surge FISIOGENFERRO®(Biofarma). Este é um suplemento

bastante diferente dos abordados. O ferro, na forma de pirofosfato férrico, é incorporado

em lipossomas que são formados por uma dupla camada de fosfolípidos. O objetivo é

que o ferro seja transportado dentro da cápsula lipossómica até ao local alvo. Assim, no

intestino, o lipossoma é reconhecido e fagocitado pelas células M do sistema imunitário,

daí passa para a corrente linfática e o seu conteúdo vai ser libertado apenas nos

hepatócitos pela ação de enzimas. Desta forma o ferro é totalmente removido da zona

intestinal sem nunca ter entrado em contacto com a mucosa do intestino pelo que

minimiza os efeitos secundários mais comuns como a obstipação, o sabor metálico na

boca, as náuseas, a coloração negra das fezes tendo ainda a vantagem de não interagir

com medicamentos nem com os alimentos. [32] [33]

Cada cápsula contém 14mg de ferro e a posologia é de 1 cápsula por dia o que

corresponde à mesma quantidade diária de ferro obtida através do suplemento inicial.

Contém ainda 60mg de vitamina C que facilita a absorção do ferro e a mobilização das

reservas do organismo e 0,375µg de vitamina B12. [33]

No entanto, há ainda uma questão pertinente. O suplemento CISTITONEFERRO® (IFC

SKINCARE Portugal) contém outros nutrientes além de ferro que favorecem a saúde

capilar e o mesmo não acontece com FISIOGENFERRO® (Biofarma). De forma a manter

o aporte de todas as substâncias, a solução será a paciente fazer dois suplementos,

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obtendo o ferro através de FISIOGENFERRO® (Biofarma) e os restantes nutrientes

através de CISTITONEFORTE® (IFC SKINCARE Portugal). Este suplemento tem

exatamente a mesma composição do CISTITONEFERRO® (IFC SKINCARE Portugal),

a única diferença é a ausência de ferro. [34]

Concluindo, a utente, após adotar este regime terapêutico, notou melhorias em relação

ao seu trânsito intestinal sem comprometer a suplementação necessária para minimizar

a queda de cabelo.

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2. Implementação da Preparação Individualizada de Medicação

2.1. Contextualização do tema

Em Portugal o envelhecimento demográfico tem-se acentuado ao longo dos últimos

anos. Este panorama resulta do concomitante aumento da longevidade e da diminuição

da natalidade. Em 2015, cerca de 20% da população portuguesa tinha 65 ou mais anos

de idade. A previsão é que esta tendência se mantenha sendo a população idosa cerca

de 26% em 2030 e 29% em 2060. [35]

O concelho de Monção também segue esta tendência, sendo dos concelhos que têm

mais idosos (65 ou mais anos) por cada 100 jovens (0 aos 14 anos). Em 2017 o índice

de envelhecimento calculado para este concelho mostra que existem 302,4 idosos por

cada 100 jovens, valor muito acima da média de Portugal que é de 153,2%.[36]

Os idosos são a faixa da população que frequentemente apresenta mais patologias,

nomeadamente as doenças crónicas associadas à idade. Neste sentido, a

polimedicação é frequente nesta faixa etária. Neste campo podemos distinguir a

polimedicação minor quando se tomam dois a quatro fármacos e polimedicação major

quando se tomam 5 ou mais fármacos. À medida que aumenta o número de

medicamentos também aumenta a probabilidade de ocorrência de reações adversas e

interações medicamentosas assim como outros problemas como a não adesão à

terapêutica. [37]

A não adesão à terapêutica traduz-se num desperdício de verbas para o setor da saúde

o que implica que se tentem arranjar formas de reduzir este problema, de forma a

contribuir para um sistema economicamente viável. Neste sentido podemos começar

por distinguir a não adesão não intencional e intencional. A primeira verifica-se quando

os utentes manifestam vontade de seguir o regime terapêutico instituído, mas não

conseguem por razões que os próprios não controlam, como por exemplo esquecimento

ou confusão sobre a forma de tomar a medicação. O segundo caso é quando o utente,

por livre vontade, decide não tomar a medicação prescrita, normalmente por ponderar

que os benefícios não superam os riscos. Assim, o farmacêutico comunitário, pode ter

uma influência ativa no que diz respeito à promoção da adesão à terapêutica,

nomeadamente nos casos não intencionais. [38]

A implementação do serviço de Preparação Individualizada de Medicação (PIM) na FSP

é um exemplo de intervenção que têm como objetivo melhorar a adesão à terapêutica

dos utentes assim como, de forma subjacente, detetar problemas relacionados com a

medicação e interações medicamentosas. O facto de a população do concelho de

Monção ser envelhecida, tal como foi referido acima, é um dos motivos que justifica a

importância da implementação deste serviço na FSP.

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2.2. Preparação Individualizada de Medicação: definição

O serviço de PIM é aquele em que o farmacêutico organiza a medicação do utente

(formas farmacêuticas sólidas para uso oral) num dispositivo com vários

compartimentos organizado por dias da semana, dividido nas diferentes partes do dia

de acordo com o esquema terapêutico instituído pelo médico. A implementação deste

serviço requer estreita colaboração entre o médico que acompanha o utente e o

farmacêutico, uma vez que pode ser necessário o esclarecimento de alguma situação

ou até serem necessárias alterações na medicação ou regime posológico aquando

desta preparação consequência da revisão que o farmacêutico faz da medicação atual

do utente. [38] O objetivo principal deste serviço é promover a adesão à terapêutica e o

uso racional do medicamento através da correta administração do medicamento à hora

indicada e na dose adequada.

2.3. Dispositivos dispensadores de medicação

O reacondicionamento dos medicamentos e a sua organização pode ser feita

recorrendo a dispositivos variados (em compartimentos, blisters ou saquetas),

recomendando-se que sejam dispositivos descartáveis para que não seja necessária a

etapa de limpeza e de forma a evitar contaminações cruzadas. O processo de selagem

pode ser manual ou automático. No caso da FSP usam-se blisters descartáveis que,

juntamente com um cartão, compõe uma caixa organizada na horizontal em quatro

compartimentos (pequeno almoço, almoço, jantar e deitar) para cada dia da semana

(Figura 9). O sistema de selagem é manual e a frio. [39]

[39]

2.4. Utentes elegíveis

Este serviço está direcionado para utentes com determinadas características incluindo

utentes que confundem a medicação, com défices cognitivos ligeiros, com baixa

autonomia no dia-a-dia e que tenham dificuldade em manusear os medicamentos,

utentes com um regime terapêutico complexo ou a tomar vários medicamentos de forma

Figura 9 – Dispositivo de PIM

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crónica, utentes cuja terapêutica está a cargo de um cuidador e ainda pessoas ativas

mas que se ausentam várias vezes por reduzido espaço de tempo.

O serviço pode ser solicitado pelo utente, indicado pelo farmacêutico quando este

identifica que há necessidade de controlar a administração da medicação assim como

pode ser solicitado pelo médico. [38]

2.5. Medicação elegível

Os medicamentos que podem ser dispensados no dispositivo de PIM devem cumprir

dois critérios que são forma farmacêutica adequada e estabilidade.

Em relação às formas galénicas, apenas podem ser incluídas na PIM as formas sólidas

unitárias de uso por via oral (cápsulas, cápsulas de libertação modificada, comprimidos,

comprimidos revestidos, comprimidos gastrorresistentes, comprimidos de libertação

modificada e drageias). Desta forma, são excluídos todos os outros medicamentos como

sejam xaropes, soluções e suspensões, comprimidos orodispersíveis ou efervescentes,

dispositivos de inalação, medicamentos homeopáticos e claro, todos os que se destinem

a ser aplicados por outra via que a não a oral. [38] Deve-se ter um cuidado adicional em

relação à colocação no mesmo compartimento de vários medicamentos evitando

colocar em contacto cápsulas com comprimidos porque a água presente no

revestimento das cápsulas pode desencadear a hidrólise do princípio ativo do

comprimido ou do seu revestimento alterando o perfil de libertação. [40]

No que toca à estabilidade, esta é influenciada pelo acondicionamento primário. Uma

vez reacondicionados os medicamentos não tem o mesmo prazo de validade que na

embalagem original. Além da substância ativa também os excipientes têm influência na

estabilidade das formas farmacêuticas pelo que medicamentos com a mesma

substância ativa, mas de laboratórios diferentes devem ser avaliados de forma distinta.

Há alguns medicamentos em que o Resumo das Caraterísticas do Medicamento (RCM)

alerta especificamente para que não sejam retirados da embalagem original,

nomeadamente nos casos em que há sensibilidade à humidade e à luz. Assim, estes

medicamentos podem ser acondicionados na caixa dispensadora dentro do blister

original, no entanto é necessário ter muito cuidado e alertar o utente para retirar a

formulação do blister dando instruções específicas. [40]

Os dispositivos de PIM selados promovem melhor proteção sendo que os

medicamentos podem ser guardados no seu interior até 8 semanas, em local seco e

fresco protegidos da exposição à luz. [40]

A medicação que não pode ser incluída no dispositivo é entregue ao utente

separadamente, na embalagem original e rotulada. [40]

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2.6. Etapas de preparação dos dispositivos dispensadores de medicação

Uma vez verificada a elegibilidade e após adesão ao serviço por parte do doente, o

primeiro passo será a avaliação farmacêutica. Esta consiste inicialmente numa

entrevista ao utente, na qual se faz a recolha de toda a informação acerca da medicação

e do historial clínico. Esta recolha de informação possibilita que numa fase posterior o

farmacêutico faça a revisão da medicação. Este processo tem como objetivo analisar

possíveis interações entre medicamentos, verificar que não haja duplicação de

terapêutica, avaliar contraindicações e avaliar se as doses e posologias são adequadas

consoante a informação disponível no RCM de cada medicamento. No caso de surgirem

dúvidas o farmacêutico deve contactar o prescritor sendo, por isso, imprescindível que

aquando da recolha dos dados do utente também se obtenham os dados do prescritor.

Posto isto deve ser elaborada a ficha do utente, a qual sistematiza todas estas

informações. [38], [40]

A preparação dos dispositivos deve iniciar-se pela elaboração do guia de preparação

que vai servir de base para a distribuição da medicação em cada compartimento. O

manuseamento da medicação deve ser feito seguindo as boas práticas aplicadas aos

medicamentos manipulados. A farmácia deve ter um laboratório e dispor de material de

proteção individual (máscara e touca) e material para manuseamento dos

medicamentos (luvas e pinça). Depois da distribuição deve ser feita uma primeira

verificação pela mesma pessoa que fez a preparação. Se forem detetados

medicamentos errados e/ou posologias incorretas deve-se rejeitar e preparar de novo.

Seguidamente segue-se uma segunda verificação, esta realizada por um farmacêutico

independente. Este deve verificar o conteúdo dos dispositivos assim como as etiquetas

que descrevem o conteúdo do dispositivo e têm a identificação do utente e o prazo de

validade do dipositivo. É de salientar que o procedimento de dupla verificação deve ficar

registado em documento que deve ser guardado na farmácia. O passo final será selar

o dispositivo ficando este pronto para a entregar ao utente. [38], [40]

No momento em que o farmacêutico entrega o dispositivo deve explicar e demonstrar a

forma correta de utilização, sendo aconselhável que peça ao utente para exemplificar,

principalmente se for a primeira vez que o utente recebe o dispositivo. Deve ser entregue

conjuntamente uma lista que inclua todos os medicamentos prescritos e os respetivos

folhetos informativos. [38], [40]

Ainda que os dispositivos usados sejam descartáveis deve-se solicitar ao utente a sua

entrega na farmácia. Desta forma pode ser feito o controlo da adesão à terapêutica por

comparação entre o número de medicamentos dispensados e o número de

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medicamentos devolvidos. Estes últimos devem ser eliminados recorrendo ao programa

Valormed. [38], [40]

2.7. Limitações da Preparação Individualizada de medicação

A PIM apresenta algumas limitações e riscos sendo importante conhecê-los para

assegurar uma aplicação correta e segura do serviço.

Em relação ao problema da não adesão à terapêutica a resolução não é efetiva. Se o

utente não toma a medicação de forma intencional ou por esquecimento é necessário

recorrer a outras técnicas após identificação da causa do incumprimento do regime

terapêutico uma vez que a PIM não se adequa. [41]

Em relação às formas farmacêuticas, há muitas que não podem ser incluídas nos

dispositivos e relativamente às que podem os estudos de estabilidade fora da

embalagem original são escassos, levando a que o farmacêutico assuma uma

responsabilidade acrescida nesta tomada de decisão. Em relação ao tipo de medicação,

este serviço não é adequado para utentes que modifiquem a medicação

frequentemente, que façam medicação apenas em caso de necessidade, ou medicação

em que o regime posológico possa variar de repente. Em muitos casos seria necessário

manter a gestão da medicação usual em conjunto com a caixa dispensadora o que pode

gerar alguma confusão para o utente. Assim se compreende a necessidade de avaliar

se o utente e a medicação são elegíveis e só em caso afirmativo se partir para a

efetivação do serviço. [41]

A adesão à PIM pode levar o utente a um desconhecimento gradual da sua própria

medicação uma vez apenas se limita a tomar os medicamentos contidos em cada

compartimento à hora estipulada. Isto porque é complicado veicular no dispositivo toda

a informação relativa à medicação. É com o objetivo de prevenir esta situação que se

entrega ao utente o resumo da medicação e os folhetos informativos, para que este

saiba exatamente qual o medicamento que está a tomar e a sua finalidade. No entanto

será necessário pensar em outras alternativas que facilitem esta comunicação. [41]

Em relação aos riscos, um dos principais é a duplicação de medicação, no caso de o

utente manter em casa os mesmos medicamentos. Além deste, há a situação oposta

que será a falha na toma da medicação se os medicamentos forem deixados cair

aquando da remoção do compartimento. [41]

Por último é de mencionar que o facto de ser um serviço pago pode levar a um menor

interesse por parte da população, sendo este um aspeto relativo e muito variável.

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2.8. PIM de utente

No seguimento daquilo que foi explicado antes acerca da implementação do serviço de

PIM vou agora apresentar o caso do utente A de forma a exemplificar cada passo da

preparação.

Antes de mais, por ser um procedimento bastante específico e, além disso, uma

novidade para a farmácia, realizei um fluxograma (Anexo 17) em que se incluem as

principais etapas necessárias à PIM desde a informação sobre o serviço e adesão até

à entrega do dispositivo ao utente. É importante que este documento seja arquivado na

farmácia de forma a estar sempre disponível para consulta já que é transversal à PIM

de todos os utentes. Além disso, é uma mais valia no caso de haver alteração do

farmacêutico responsável pela PIM, uma vez que todas as informações estão

devidamente explicitadas sendo possível manter a uniformidade nos procedimentos.

A adesão do utente A ao serviço partiu de indicação farmacêutica uma vez que já era

habitual o utente recorrer à farmácia solicitando a preparação das tradicionais caixas de

comprimidos. Sendo uma pessoa que toma vários medicamentos de forma crónica

cumpre um dos critérios que lhe conferem elegibilidade para este serviço. Assim, depois

de apresentado o serviço ao utente e após este ter concordado registou-se a adesão ao

serviço através da assinatura do consentimento informado (Anexo 18) no qual se

certifica que se compreendem e aceitam as condições pelas quais se rege a PIM.

O passo seguinte foi registar toda a medicação habitual do utente. Para isso, confrontei

as prescrições médicas mais recentes com o histórico da ficha do utente. Depois desta

pesquisa inicial tive uma conversa com o utente de forma a confirmar com ele toda a

medicação.

A partir daqui comecei a revisão da terapêutica pela consulta dos RCM de todos os

medicamentos, dando especial atenção à parte da conservação e das interações

medicamentosas. Toda a informação recolhida foi registada na ficha do utente (Anexo

19) a qual fica em arquivo na farmácia. Para facilitar a compreensão das etapas

seguintes apresenta-se a Tabela 2 onde consta a medicação que o utente faz

habitualmente e a respetiva posologia.

Tabela 2 - Medicação feita pelo utente A

Medicamento Forma farmacêutica Dosagem Posologia

Venlafaxina Generis MG Cápsula de libertação prolongada 37,5 mg 1 de manhã

Stilnox Comprimido revestido 10 mg 1 à noite

Telmisartan + Hidroclorotiazida

Ratiopharm MG Comprimido 40/12,5 mg 1 de manhã

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Xarelto Comprimido revestido 15 mg 1 ao almoço

Lasix Comprimido 40mg 1 de manhã

Bisoprolol Labesfal MG Comprimido revestido 5 mg 1 de manhã

Debridat Comprimido 200 mg 1 ao almoço e ao jantar

Aldactone Comprimido 25mg ½ ao almoço

Em relação à medicação, pelo descrita na Tabela 2, podemos constatar que é cumprido

o requisito de serem formas farmacêuticas sólidas unitárias pelo que à partida todas são

elegíveis para inclusão no dispositivo de dispensa individualizada de medicação. No

entanto há particularidades que devem ser tidas em conta e que vão ser discutidas

seguidamente.

No que toca às condições de conservação, o RCM do medicamento Lasix® (Sanofi)

refere que este deve ser mantido na embalagem original porque é sensível à luz. Em

relação à Venlafaxina Generis MG (Generis), o RCM não refere condições de

conservação especiais. No entanto, uma vez que se trata de cápsulas de gelatina e por

isso com propriedades higroscópicas tomei iniciativa de contactar o laboratório para

esclarecer as condições de conservação. A informação fornecida (via email) refere que

não é recomendado retirar o medicamento da embalagem de origem. Assim, e visto que

o utente apresenta condições cognitivas que o permitem, optei por manter os

medicamentos no blister original, mas colocá-los dentro dos alvéolos do dispositivo de

dispensa garantido, desta forma, a conservação ideal da medicação. Esta situação foi

explicada ao utente para que este tenha o cuidado de retirar os medicamentos do blister

originar antes de os tomar.

Em relação ao Aldactone® (Pfizer), o utente faz apenas meio comprimido por dia, isto é

12,5 mg. Com o intuito de confirmar se os comprimidos podem ser partidos contactei a

Pfizer (detentor da AIM) da qual obtive o esclarecimento de não há garantia de

uniformidade de massa no comprimido pelo que não se aconselha que este seja

fracionado, acrescendo o facto de que 25 mg é a dose terapêutica mais baixa. Deste

modo, o uso pelo utente, uma vez que está fora do descrito no RCM, é considerado

offlabel sendo da responsabilidade do profissional de saúde, neste caso o médico

prescritor.

Um último pormenor a ter em conta é o aspeto do comprimido/cápsula, ou seja, a cor,

forma, presença ou não de ranhuras ou gravuras. Toda esta informação é incluída na

ficha do utente (Anexo 19). O intuito é que cada medicamento seja facilmente

identificável pelo farmacêutico independente aquando da realização da segunda

verificação. A informação acerca do aspeto de cada medicamento consta na maioria

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dos RCM, no entanto, sempre que tal não se verificava contactei o detentor da AIM (via

email) de forma a obter essa informação.

Posteriormente, e de forma a dar seguimento ao processo de reacondicionamento da

medicação no dispositivo, elaborei o guia de preparação (Anexo 20) no qual se encontra

especificado que medicamento deve constar em cada alvéolo, consoante a altura do dia

em que é tomado. Este mesmo documento tem um espaço destinado à rubrica do

profissional que prepara e outro espaço destinado à rubrica do farmacêutico

independente que faz a segunda verificação, registando-se assim as duas verificações

a que a norma obriga.

A preparação do dispositivo de dispensa de medicação foi sempre realizada por mim,

tendo usado o laboratório de manipulados da farmácia para este processo.

Uma vez preparado, é necessário identificar o dispositivo com o nome do utente, e

identificar também o conteúdo de cada compartimento. O sistema usado, por falta de

espaço, não permite a aposição de etiquetas em cada alvéolo. Assim, realizei uma

tabela (Anexo 21) que visa ser uma réplica da caixa dispensadora, de forma a que o

utente, através da sobreposição, seja capaz de identificar a medicação que consta em

cada compartimento.

Posto isto, a caixa dispensadora de medicação está pronta para ser entregue ao utente.

Na primeira entrega, expliquei ao utente a lógica da organização do dispositivo e

ressalvei o aspeto já mencionado de que, nos compartimentos da manhã, dois dos

medicamentos estão dentro do blister original. Para confirmar que o utente

compreendeu como se usa o dispositivo, foi-lhe solicitado que exemplificasse o

procedimento para uma toma recorrendo, para isso, a um alvéolo sem medicação.

A norma que rege a PIM obriga à formalização da entrega do dispositivo pela assinatura

de uma declaração. Esta foi elaborada por mim e consta do Anexo 22.

2.9. Conclusão

O utente A foi o único que aderiu ao serviço de PIM até à data do final do estágio o que,

pode ser explicado, pelo facto de ser um serviço recente e que muitas das pessoas

desconhecem. Não obstante, permitiu a avaliação dos procedimentos implementados,

tendo sido feitos os ajustes necessários para que, futuramente, com a adesão de mais

utentes, o serviço mantenha a sua qualidade.

Assim, estão criadas as bases para que o apoio na gestão da medicação possa ser uma

mais-valia para um número cada vez maior de utentes.

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Considerações finais

O estágio é a etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas e, sem

dúvida, a mais importante.

No final deste estágio pude constatar, de forma evidente, a minha evolução enquanto

profissional considerando-me muito mais preparada para exercer a minha profissão. O

contacto com os utentes e com a realidade da farmácia comunitária é um processo

realmente enriquecedor e estes 6 meses foram de contínua aprendizagem no que diz

respeito não só às questões do saber-fazer, mas também do saber-estar e do contacto

com o público.

Em relação aos temas abordados, sinto que foram realmente úteis, essencialmente a

Preparação Individualizada de Medicação uma vez que trabalhei a implementação deste

serviço que poderá agora ser explorado pela farmácia.

Assim, termino agradecendo à Farmácia S. Pedro por me ter proporcionado a

oportunidade de realizar este estágio e por ter contribuído para a minha formação.

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http//www.infarmed.pt. [acedido em 14 abril 2018]., 2004.

[6] INFARMED, “Portaria n.o 594/2004, de 2 de Junho,” Acessível em

http//www.infarmed.pt. [acedido em 14 abril 2018].

[7] INFARMED, “Circular Informativa: Projeto Via Verde do Medicamento,” Acessível

em http//www.infarmed.pt. [acedido em 29 maio 2018].

[8] INFARMED, “Decreto-Lei n.o 209/94, de 6 de Agosto,” Acessível em

http//www.infarmed.pt. [acedido em 21 abril 2018].

[9] INFARMED, “Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de

saúde,” Acessível em http//www.infarmed.pt. [acedido em 21 abril 2018].

[10] INFARMED, “Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de

saúde,” Acessível em http//www.infarmed.pt. [acedido em 21 abril 2018].

[11] ANF, “Circular n.o 0274-2018: Segurança na Dispensa e Toma de

Medicamentos,” Acessível em https//www.anfonline.pt [acedido em 30 julho

2018].

[12] INFARMED, “Portaria n.o 769/2004, de 1 de Julho,” Acessível em

http//www.infarmed.pt. [acedido em 23 agosto 2018].

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[13] CMM, “Regulamento de Comparticipação Municipal em Medicamentos,”

Acessível em http//www.cm-moncao.pt [acedido em 29 maio 2018].

[14] INFARMED, “Farmacovigilância,” Acessível em http//www.infarmed.pt. [acedido

em 13 junho 2018].

[15] Diário da República, “Portaria n.o 1429/2007, de 2 de novembro,” Acessível em

http//www.dre.pt. [acedido em 3 maio 2018].

[16] Diário da República, “Portaria n.o 97/2018, de 9 de abril,” Acessível em

http//www.dre.pt. [acedido em 3 maio 2018].

[17] Direção-Geral da Saúde, “Resíduos hospitalares,” Acessível em

http//www.dgs.pt. [acedido em 18 julho 2018].

[18] Direção-Geral da Saúde, “Norma no 020/2011: Hipertensão Arterial: definição e

classificação,” Acessível em http//www.dgs.pt. [acedido em 3 maio 2018].

[19] Ordem dos Farmacêuticos, “Norma de Orientação Farmacêutica: Administração

de Medicamentos Injectáveis,” Acessível em http//www.ordemfarmaceuticos.pt

[acedido em 30 julho 2018].

[20] Farmácias Portuguesas, “Como funciona o cartão Saúda?,” Acessível em

http//www.farmaciasportuguesas.pt. [acedido em 22 maio 2018].

[21] G. E. Clénin, “The treatment of iron deficiency without anaemia (in otherwise

healthy persons),” Swiss Med. Wkly., vol. 147, no. 2324, p. w14434, Jun. 2017.

[22] N. Abbaspour, R. Hurrell, and R. Kelishadi, “Review on iron and its importance for

human health.,” J. Res. Med. Sci., vol. 19, no. 2, pp. 164–74, Feb. 2014.

[23] P. Santiago, “Ferrous versus Ferric Oral Iron Formulations for the Treatment of

Iron Deficiency: A Clinical Overview,” Sci. World J., vol. 2012, pp. 1–5, May 2012.

[24] J. Coad and K. Pedley, “Iron deficiency and iron deficiency anemia in women,”

Scand. J. Clin. Lab. Invest., vol. 74, no. sup244, pp. 82–89, Aug. 2014.

[25] C. de F. e T. ARS Norte, “Anemia ferropénica : sugestões terapêuticas,” Acessível

em http//portal.arsnorte.min-saude.pt [acedido em 2 junho 2018].

[26] Direção-Geral da Saúde, “Norma no 030/2013: Abordagem, Diagnóstico e

Tratamento da Ferropénia no Adulto,” Acessível em http//www.dgs.pt. [acedido

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em 2 junho 2018].

[27] G. Lindberg Saeed Hamid Peter Malfertheiner Ole Thomsen Luis Bustos

Fernandez James Garisch Alan Thomson Khean-Lee Goh Rakesh Tandon

Suliman Fedail Benjamin Wong Aamir Khan Justus Krabshuis Anton Le Mair,

“World Gastroenterology Organisation Global Guidelines Constipation: a global

perspective,” 2010.

[28] M. G. Zariwala, S. Somavarapu, S. Farnaud, and D. Renshaw, “Comparison study

of oral iron preparations using a human intestinal model.,” Sci. Pharm., vol. 81,

no. 4, pp. 1123–39, 2013.

[29] P. Geisser, “Safety and Efficacy of Iron(III)-hydroxide Polymaltose Complex,”

Arzneimittelforschung., vol. 57, no. 06, pp. 439–452, Dec. 2011.

[30] Farmácias Portuguesas, “Cistitone Ferro,” Acessível em

http//www.farmaciasportuguesas.pt. [acedido em 11 junho 2018].

[31] Farmácias Portuguesas, “Floradix Elixir,” Acessível em

http//www.farmaciasportuguesas.pt. [acedido em 13 junho 2018].

[32] A. Pisani, E. Riccio, M. Sabbatini, M. Andreucci, A. Del Rio, and B. Visciano,

“Effect of oral liposomal iron versus intravenous iron for treatment of iron

deficiency anaemia in CKD patients: a randomized trial,” Nephrol. Dial.

Transplant., vol. 30, no. 4, pp. 645–652, Apr. 2015.

[33] Zambon, “Fisiogen Ferro Forte - Información Médica,” Acessível em

http//www.zambon.pt. [acedido em 14 junho 2018].

[34] Farmácias Portuguesas, “Cistitone Forte,” Acessível em

http//www.farmaciasportuguesas.pt. [acedido em 14 junho 2018].

[35] Gabinete de estratégia e planeamento, “Terceiro ciclo de revisão e avaliação da

estratégia de implementação regional (RIS) do plano internacional de ação de

Madrid sobre o envelhecimento (MIPAA),” Acessível em https//www.unece.org

[acedido em 25 junho 2018].

[36] Pordata, “Índice de envelhecimento,” Acessível em https//www.pordata.pt

[acedido em 25 junho 2018].

[37] M. M. Souto and A. F. Pimentel, “Terapêutica crónica em idosos numa Unidade

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de Saúde Familiar: análise da polimedicação e medicação potencialmente

inapropriada,” Rev. Port. Med. Geral e Fam., vol. 34, no. 2, pp. 78–88, Apr. 2018.

[38] Ordem dos Farmacêuticos, “Norma Geral: Preparação Individualizada da

Medicação,” Acessível em http//www.ordemfarmaceuticos.pt [acedido em 2 junho

2018].

[39] Venalink, “Sistema Personalizado de Dispensão,” Acessível em

https//www.venalink.es [acedido em 27 junho 2018].

[40] Ana Paula Mendes, “Dispositivos de auxílio à administração de medicamentos I,”

Acessível em http//www.ordemfarmaceuticos.pt [acedido em 27 junho 2018].

[41] Ana Paula Mendes, “Dispositivos de auxílio à administração de medicamentos II,”

Acessível em http//www.ordemfarmaceuticos.pt [acedido em 27 junho 2018].

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Anexos

Direção

técnica/propriedade

Farmacêutico adjunto

Farmacêutico (3)

Serviços externos contratados:

- Contabilidade

- Sistema informático

Técnico auxiliar de

farmácia Estagiário Nutricionista

- Decisões Estratégicas da Farmácia - Definições de objetivos gerais - Coordenação de serviços externos, área administrativa e restantes colaboradores

- Conferência do receituário - Controlos de temperatura e humidade

- Administração injetáveis - Determinação de parâmetros bioquímicos - Atendimento e aconselhamento farmacêutico - Dispensa de medicamentos e produtos de saúde - Realização de encomendas

Anexo 1 - Organograma da FSP

- Entrada e conferência de encomendas - Gestão de devoluções

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Anexo 2 - Painel de interações entre medicamentos

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Anexo 3 – Painel de envio de notas terapêuticas

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Atendimento

• Validação e

aviamento de

prescrições

• Dispensa de

MNSRM e

produtos de

saúde

Encomendas

• Efetuar

encomendas

• Receção de

encomendas

• Gestão de

devoluções

Faturação

• Organização

automática de

lotes

• Integração das

receitas

devolvidas

• Emissão mensal

dos verbetes,

resumo de lotes e

faturas

Fim de dia

• Emissão de

documentos

intermos

contabilísticos

Inventários

• Listagem e

inventários

• Prazos de

validade

• Contagens físicas

• Estatísticas

Anexo 4 - Funcionalidades do Sifarma2000®

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Anexo 5 - Medicamentos constantes do Projeto Via Verde do Medicamento Fonte: Circular n.º 0754-2018, acessível em http://www.anfonline.pt

Tabela válida desde 16 de julho de 2018

Os medicamentos incluídos mais recentemente estão assinalados a verde.

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Anexo 6 - Canais de comunicação de posologia Fonte: Circular n.º 0274-2018, acessível em http://www.anfonline.pt

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Anexo 7 - Personalização/adaptação da posologia

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Anexo 8 - Fluxograma de dispensa e preparação de medicamentos manipulados

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Anexo 9 - Notificação de Reação Adversa

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Anexo 10 - Folheto

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Anexo 11 - Publicação no Facebook

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Anexo 12 - Processo de suporte - Gestão de resíduos

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Anexo 1. Procedimento de autorização de e-GAR

1. Aceder ao site: https://siliamb.apambiente.pt/

2. Introduzir as credenciais de acesso

3. Selecionar Resíduos →e-GAR→Gestão

Anexo 13 - Instrução de trabalho - Autorização de e-GAR

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4. Escolher no interveniente a opção: produtor

5. Selecionar a guia pretendida na lista de guias

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6. Selecionar o botão Autorizar.

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Anexo 14 - Impresso - Registo de substituição dos contentores

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Anexo 15 - Formas orais de ferro comercializadas. Fonte: Infomed: http://app7.infarmed.pt/infomed/pesquisa.php

SUBSTÂNCIA ATIVA MARCA APRESENTAÇÃO DOSAGEM FERRO ELEMENTAR

Proteínosuccinilato de

ferro

Fervit Solução oral 800 mg/15 ml 40 mg de Fe3+/15ml

Fetrival Solução oral 800 mg/15 ml 40 mg de Fe3+/15ml

Legofer Solução oral 800 mg/15 ml 40 mg de Fe3+/15ml

Sulfato ferroso

Ferro-Gradumet

Comprimido de

libertação

prolongada

329.7 mg/cp

105 mg/cp Fe2+

Ferro-Tardyferon

Comprimido de

libertação

prolongada

247.25 mg/cp

80 mg/cp Fe2+

Complexo hidróxido

férrico-polimaltose

Ferrum Hausmann Comprimido para

mastigar

357 mg/cp 100 mg/cp Fe3+

Ferrum Hausmann Solução oral 178.6 mg/ml 50 mg/ml Fe3+

Maltofer Solução oral 357 mg/5 ml 100 mg/ 5ml Fe3+

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Anexo 16 - Panfleto resumo sobre suplementação de ferro

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Anexo 17 - Fluxograma de procedimentos

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Anexo 18 - Declaração de consentimento informado

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Anexo 19 - Ficha do utente

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Anexo 20 - Guia de preparação

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Anexo 21 - Etiquetas identificadoras da caixa dispensadora de medicação

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Anexo 22 - Declaração de entrega