Farmacologia- Cinetica e Dinamica

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V e t e r i n a r i a n D o c s www.veterinariandocs.com.br Farmacologia Farmacocinética -Farmacocinética: é a relação entre a administração de um fármaco e a evolução temporal de sua distribuição e magnitude de ação. É o caminho que o medicamento faz no organismo. Não se trata do estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: ingestão, absorção, distribuição, interação fármaco receptor, biotransformação e excreção. *Metabolismo: 2 etapas -Fase I: degradação (oxidação, redução e hidrólise) -Fase II: conjugação (síntese de novas substâncias como parte de uma nova molécula) *Anestésicos gerais tem muita afinidade por tecido adiposo. ‘O problema é saber se o medicamento poderá atingir ou não seu local de ação. Os fármacos não atuam a distância.’ -A maioria dos medicamentos devem atravessar inúmeras barreiras biológicas antes de atingir o local de ação. 1 www.veterinariandocs.com.br

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Farmacocinética: é a relação entre a administração de um fármaco e a evolução temporal de sua distribuição e magnitude de ação. É o caminho que o medicamento faz no organismo. Não se trata do estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: ingestão, absorção, distribuição, interação fármaco receptor, biotransformação e excreção.

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Farmacologia

Farmacocinética

-Farmacocinética: é a relação entre a administração de um fármaco e a evolução temporal de sua distribuição e magnitude de ação. É o caminho que o medicamento faz no organismo. Não se trata do estudo do seu mecanismo de ação mais sim as etapas que a droga sofre desde a administração até a excreção, que são: ingestão, absorção, distribuição, interação fármaco receptor, biotransformação e excreção. 

*Metabolismo: 2 etapas

-Fase I: degradação (oxidação, redução e hidrólise)

-Fase II: conjugação (síntese de novas substâncias como parte de uma nova molécula)

*Anestésicos gerais tem muita afinidade por tecido adiposo.

‘O problema é saber se o medicamento poderá atingir ou não seu local de ação. Os fármacos não atuam a distância.’

-A maioria dos medicamentos devem atravessar inúmeras barreiras biológicas antes de atingir o local de ação.

Vantagens da administração local:

-Menos latência (tempo para o fármaco fazer efeito);

-Menor posologia;

-Maior eficácia;

-Menor toxicidade;

A via escolhida é aquela que nos permite maior biodisponibilidade e uma concentração mais adequada à biofase.

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*Biofase: local que um fármaco deve atingir para exercer a sua ação terapêutica.

*Biodisponibilidade: fração do fármaco que alcança a corrente sanguínea.

Escolha da via:

1-Tipo qualitativo: em determinado local tem efeitos diferentes.

Ex.: Sulfato de magnésio

VO: purgante

E.V.: relaxante

Gentamicina

VO: modificador da flora

Parenteral: infecção sistêmica

2-Propriedade dos fármacos: fármacos que são destruídos por algum mecanismo (ácido gástrico).

3-Estado patológico:

Ex.: Animal com choque circulatório (estado em que o organismo concentra sangue no centro): VO, SC e IM prejudicados

4-Pode exigir modificação da dose:

Ex.: Digoxina – VO: dose maior

E.V.: dose menor

Escolha da Via de Administração:

-Deve-se considerar:

-Necessidade de efeito sistêmico ou localizado;

-Latência para o efeito (curto ou longo);

-Características físico-químicas do medicamento (resistente a hidrólise em meio ácido).

Vias:

1-Enteral: Nestas vias para que um medicamento seja absorvido e passe para a circulação sistêmica, é necessário que ele seja liberado da sua forma farmacêutica (suspensão, comprimidos, cápsulas, etc.), isto é, que ocorra a dissolução do mesmo, e que este tenha a capacidade de atravessar barreiras celulares do trato gastrointestinal. Possui 3 vias:

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-Oral

-Sublingual

-Retal

Atua localmente ou é absorvida em algum segmento do tubo digestivo.

1.1 – Oral (VO): mais utilizado, ação local e sistêmica.

Vantagens: -via mais conveniente em animais dóceis

-baixo custo

-não precisam ser estéreis

-indolor

-baixa incidência de reação adversa

Desvantagens: -não se usa em emergências, em animais vomitando ou inconscientes

-sofrem influência do suco gástrico, pH.

-irritação da mucosa gástrica

-sofrem metabolismo de 1ª passagem

*Metabolismo de 1ª passagem (pré-sistêmico): o fármaco penetra pela veia porta no fígado, ocorrendo então uma biotransformação hepática no fígado, diminuindo o efeito real do fármaco. Essa primeira passagem diminui significativamente a biodisponibilidade da droga.

*Em animais poligástricos, o rúmen, na maioria das vezes, impede o uso da via oral para administração de medicamentos, pois sua capacidade, sendo consideravelmente grande (cerca de 60 litros para bovinos e 4,5 litros para ovinos e caprinos), funciona como um compartimento diluidor, alterando a velocidade de absorção de determinados fármacos.

Contra indicação: náusea, vômito e diarréia.

1.2 – Sublingual:

Vantagens: -latência curta

-não sofre influência do pH

-não sofre o metabolismo de 1ª passagem

Desvantagem: poucos medicamentos são adequadamente absorvidos.

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Absorção de Drogas na Via gastrointestinal:

1-Cavidade oral e absorção sublingual: as drogar por essa via penetram diretamente na circulação geral. Mesmo com a área de absorção pequena, as drogas podem ser absorvidas rapidamente, dependendo do coeficiente de participação água/lipídio do fármaco.

2-Estômago: a absorção de fármacos nessa região varia muito (pelo fato do volume gástrico variar, tipo e viscosidade da refeição, posição do corpo). As drogas básicas podem ficar retidas ou ser perdidas no estômago.

3-Intestino Delgado: tem maior capacidade de absorção que o estômago, a maior parte de absorção de drogas acontece no jejuno.

4-Intestino Grosso: o grau de absorção é baixo pelo fato da natureza sólida dos conteúdos intestinais impedirem a difusão da droga a partir do conteúdo da mucosa. A porção mais distal (o reto) pode ser utilizada como local de administração de drogas, geralmente é utilizada para drogas que causem irritação gástrica em pacientes que foram submetidos alguma cirurgia gástrica. O sangue que tem passagem pelo reto não é conduzido diretamente ao fígado e, portanto, a droga não sofre o metabolismo de 1ª passagem.

Fatores que afetam a Taxa de absorção Gastrointestinal

1-Tempo de esvaziamento gástrico

2-Motilidade intestinal: o aumento da motilidade aumenta a absorção da droga

3-Alimentos: a presença de alimento geralmente retarda a absorção

4-Fatores da formulação: tipo dos comprimidos, seus revestimentos

5-Metabolismo: as drogas podem ser inativadas na via gastrointestinal antes de serem absorvidas

2- Parenteral: o fármaco não passa pelo tubo digestivo.

2.1 – Injeção:

Vantagens: -utilizada em emergências, anestesias

-100% de biodisponibilidade

-maior precisão de dosagem

-controle da velocidade de injeção

Desvantagens: -invasiva, com risco de infecção

-precisam ser estéreis

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-necessitam de desinfecção local

-dolorida

2.1.1 – Via endovenosa (EV):

Desvantagens: -dolorosa

-reação alérgica

-alto risco de infecção

-risco de embolia

Vantagens: -obtenção rápida de efeitos farmacológicos

-possibilidade de administração de grandes volumes

Local de administração:

-Eqüinos e bovinos: veia jugular

-Suínos: veia marginal da orelha e cava cranial

-Cães e gatos: veia cefálica

2-Intravenosa: garante resposta farmacológica imediata. É amplamente empregada em anestesia e medicina de emergência. A velocidade de injeção deve ser suficientemente lenta para evitar concentrações locais muito elevadas da droga e para permitir a suspensão da injeção caso surjam efeitos indesejáveis.

2.1.2 – Via intramuscular (IM):

Vantagens: -efeito mais rápido que oral

-evita-se o efeito de 1ª passagem

-menos dolorida

-absorção lenta e regular

Desvantagens: -não exceder o volume de 5ml

-formação de abscessos

-lesões nos nervos por aplicação errada

*Locais: região lombar, entre os músculos semimembranoso e semitendinoso ou na tábua do pescoço.

2.1.3- Via subcutânea (SC):

Vantagens: -fácil aplicação

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-evita o efeito de 1ª passagem

-permite controlar a velocidade

-absorção lenta e contínua

Desvantagens: -mais dolorosa das vias

-dano tissular

Absorção Intramuscular e subcutânea: a absorção intramuscular é mais rápida do que a subcutânea por um fluxo sanguíneo tecidual elevado e a capacidade de difusão lateral da solução injetada.

2.2 – Sem injeção:

2.2.1 – Tópica: é utilizada para obtenção de efeitos terapêuticos não sistêmicos, isto é, localizado. Pode haver absorção pela pele integra, mas isto só ocorre quando o medicamento tem na fórmula gorduras ou solventes de gordura.

Absorção: depende da natureza da droga, características do veículo, grau de hidratação do animal e local da aplicação

-Absorção rápida: ocorre em mucosas

-Absorção lenta: intramamária, transdérmica (aplicação na pele)

-Maior absorção: áreas esfoliadas ou queimadas.

Vantagens: -minimiza ocorrência de efeitos adversos

-evita o efeito de 1ª passagem

Desvantagem: -fotossensibilidade

Absorção de Drogas pela Pele:

A taxa de difusão de uma droga através da pele é, em grande parte, determinada pelo coeficiente de participação lipídio-água do composto. O estrato córneo (camada mais externa da epiderme) constitui uma barreira contra a penetração rápida da maioria das drogas, isto se deve principalmente à arquitetura celular relativamente compacta e à pequena quantidade de lipídios nessas células. Já a derme é bem suprida por vasos sanguíneos e é permeável à compostos lipossolúveis e hidrossolúveis.

2.2.2 – Respiratória:

Vantagens: -sem efeito de 1ª passagem

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-efeito local (broncodilatador)

-efeito sistêmico (anestésico)

-membranas de fácil acesso

Desvantagens: -necessita técnicas especiais

-evitar em doenças pulmonares

-pode causar irritações

-tem um custo elevado

Absorção das Drogas a partir do Pulmão:

As drogas podem ser inaladas como gases ou aerossóis. A absorção de agentes a partir dos pulmões é facilitada pela ampla área de superfície das membranas alveolares pulmonares e por um grande fluxo sanguíneo na região.

2.2.3 – Via retal: se o fármaco for aplicado no início do reto, não sofrerá metabolismo de 1ª passagem.

2.2.4 – Via Intraperitoneal: é utilizada quando se necessita administrar grandes volumes de solução, isto porque esta via é constituída de grande superfície de absorção.

Outras: intradermal, intracardíaca, intratecal, epidural e intra-articular.

Velocidade de absorção:

I.V. > I.M. > S.C. > V.O

Biodisponibilidade

Mede a quantidade de um medicamento, contido em determinada forma farmacêutica, que, ao ser administrada a um organismo vivo, atinge de forma inalterada a circulação sanguínea.

Não somente a quantidade de um medicamento que atinge a somente a circulação sanguínea como também o local de ação (biofase).

O estudo da biodisponibilidade também tem grande importância para a adequação da dose utilizada em pacientes portadores de insuficiência hepática ou renal.

Distribuição de Medicamentos:

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Após absorção, um medicamento pode ficar sob a forma livre no sangue, ligar-se a proteínas plasmáticas, ou não.

*Somente o medicamento livre é distribuído para os tecidos.

Conceito: fenômeno em que um medicamento, após ter chegado ao sangue (após usa absorção), sai deste compartimento e vai para seu local de ação.

Os medicamentos abandonam a via circulatória para o espaço intercelular por processos de difusão através das membranas celulares dos capilares ou por poros ou fenestrações existentes nas paredes dos capilares.

A velocidade a concentração de um fármaco livre demora para se equilibrar entre o plasma e o líquido dos demais compartimentos depende basicamente do grau específico de vascularização de determinado tecido. É mais rápido em compartimentos centrais e mais lento em compartimentos periféricos.

Compartimentos centrais: coração, fígado, rins e cérebro

Compartimentos periféricos: pele, ossos e depósitos de gordura

Volume aparente de distribuição de Medicamentos (Vd):

Conceito: volume líquido no qual uma droga aparentemente se distribui.

Quanto maior o Vd: maior a difusão

Quanto menor o Vd: menor a difusão

*Quando um Vd de uma droga ultrapassa o valor da água corporal, significa que este fármaco se liga ou fica seqüestrado em algum local extravascular. Ocorre em drogas altamente lipossolúveis, como o tiopental.

*Quando um Vd de uma droga é muito baixo (por exemplo Vd = 3 litros, que podem ser substâncias extremamente ligadas a proteínas ou de peso molecular muito elevado) tendem a ter sua distribuição restrita ao compartimento vascular, apresentando uma atividade sistêmica limitada.

Como exemplo em um animal de 70 kg aproximadamente se tem 40 litros (volume total dos compartimentos líquidos que incluem a água plasmática [5 litros], o líquido intersticial [10 litros] e o líquido intracelular [20 litros].

Vd = Dose administrada (mg/kg) .

Concentração plasmática (mg/l)

Ligação de Medicamentos às Proteínas Plasmáticas:

Muitos fármacos têm a tendência em se ligar às proteínas plasmáticas reversivelmente. Mas somente a porção livre é que atuará no local de ação específico.

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Quando a fração livre abandona a circulação, uma nova porção de medicamento ligado às proteínas liberam-se das proteínas, refazendo o equilíbrio.

*Com mudanças no nível de proteínas plasmáticas (hipoproteinemias) ocorre o aumento da toxicidade de fármacos que apresentam afinidade por essas proteínas.

*A administração simultânea de dois fármacos com alta percentagem de ligação plasmática pode ocasionar um aumento da atividade ou toxicidade de um deles, pelo fato desses fármacos competirem pelo mesmo sítio de ligação na proteína.

Albumina: é a mais importante das proteínas plasmáticas e tem preferência por medicamentos ácidos. A ligação das drogas às proteínas plasmáticas geralmente é inespecífica, ou seja, muitas drogas podem interagir com o mesmo local de ligação. Uma droga com afinidade maior pode deslocar a outra. Alguns estados patológicos (hiperalbuminemia, hipoalbuminemia, uremia e hiperbilirrubinemia) foram associados com alterações na ligação das proteínas plasmáticas das drogas. Em pacientes urêmicos, por exemplo, a ligação a proteínas plasmáticas de determinadas drogas ácidas (penicilina, sulfonamidas e barbituratos) fica reduzida.

Lipoproteínas: a capacidade de ligação de lipoproteínas específicas deveria depender de seu teor lipídico, ou seja, lipoproteínas de densidade muito baixa VLDL > LDL > HDL.

Glicoproteínas Ácida (α1-AGP): determina ligações de proteínas plasmáticas à drogas básicas (drogas psicoterápicas como clorpromazina, imipramina). Existem evidências do aumento dos níveis de α1-AGP em determinadas condições fisiológicas e patológicas como lesões, estresse, cirurgia, traumatismo, entre outras.

Acumulo e Estoque nos Diversos Compartimentos Orgânicos:

Certos fármacos, por características intrínsecas, têm maior afinidade por determinadas estruturas orgânicas, tanto que isso pode ser utilizado terapeuticamente, como, por exemplo, o emprego de iodo radioativo para o tratamento de tumores tiroidianos.

Ex.: Tetraciclina (acúmulo nos dentes e ossos), Anestésicos voláteis (acúmulo no tecido adiposo), Metais pesados (acúmulo nos rins por conter a proteínas metalotioneína)

Meia Vida de Eliminação:

Definição: tempo necessário para que a concentração plasmática de determinado agente terapêutico se reduza à metade.

Importância:

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-Para estimar a duração da ação após uma única dose: quanto maior a meia vida, maior será o tempo em que a concentração plasmática do medicamento permanecerá no intervalo de efetividade.

-Para estimar o tempo necessário para alcançar o equilíbrio

-Estima o tempo necessário para eliminação: leva-se meia vida para eliminar 50% do fármaco, 2 meias-vidas para eliminar 75% do fármaco, 3 meias-vidas para eliminar 87,5% e 4 para eliminar 93,75%. O tempo de eliminação praticamente total é estimado entre 4 e 5 meias-vidas.

-Para estimar a freqüência da dose

Biotransformação de medicamentos:

Consiste na transformação química de substâncias, sejam elas medicamentos ou agentes tóxicos visando favorecer sua eliminação. Este processo permite a formação de metabólitos que são habitualmente mais polares ou menos lipossolúveis do que a molécula original, favorecendo a eliminação desta.

A biotransformação também auxilia na inativação de drogas. Mas muitos metabólitos de medicamentos apresentam ainda atividade farmacológica, podendo provocar efeitos similares ou diferentes das moléculas originais.

Há mecanismos enzimáticos localizados no fígado, responsáveis pela biotransformação de compostos lipossolúveis (estas enzimas localizam-se no R.E. Liso).

*Citocromo P450: componente primordial para a biotransformação de substâncias químicas (medicamentos, agentes tóxicos, etc.).

Têm-se 2 etapas, ou seja, as reações de fase I e de fase II.

-FASE I:

Local: as reações acontecem no sistema microssomal hepático, no interior do R.E. Liso.

Função: converter medicamentos originais em metabólitos mais polares, por oxidação, redução ou hidrólise. Um dos processos básicos das reações de fase I é a hidroxilação, que é catalisada por uma enzima Citocromo P450 que exige também um NADPH, NADH e um oxigênio molecular. É uma via oxidativa análoga à Cadeia Transportadora de Elétrons.

Resultado final: os metabólitos resultantes podem ser mais ativos do que a molécula original (que são denominadas de pró-fármacos ou pró-medicamentos), menos ativos ou inativos.

Processo: 1º - O medicamento RH2 junta-se com o Citocromo P450+++ oxidado para formar um complexo medicamento-citocromo P450+++ oxidado.

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2º - Um NADPH transfere um próton e dois elétrons para o complexo medicamento-citocromo P450+++ oxidado através de uma enzima redutase, reduzindo o composto ao medicamento-citocromo P450 ++

3º - O complexo medicamento-citocromo P450++ é oxidado por um O2 e sofre uma reordenação interna.

4º - O NADH passa próton e 2 elétrons para o citocromo b5, e esse reduzirá o complexo oxigenado medicamento-citocromo P450.

5º - o complexo finalmente se divide em uma molécula de medicamento hidroxilado, uma molécula de água e três citocromos P450 oxidados livres.

-FASE II:

São denominadas também de reações sintéticas ou de conjugações, que envolvem o acoplamento entre o medicamento ou seu metabólito a um substrato endógeno (ácido glicurônico, radicais sulfatos, acetatos ou aminoácidos).

Conjugação com Glicuronídio:

É o mais comum pelo fato da grande presença de grupamentos reativos das moléculas da droga quanto da pronta disponibilidade de glicose, o carboidrato do qual é derivado o ac. glicurônico.

Ocorre no fígado e os metabólitos são excretados na bile e subseqüentemente no intestino delgado. A reação é catalisada por uma família de enzimas conhecidas como UDP-glicuroniltransferase. E necessita de cofatores como o ácido-UDP-glicurônico. Estas enzimas estão em maior concentração no fígado, mas podem ser encontradas nos rins, intestino, pulmão e outros órgãos.

*A glicuronidação quase sempre é uma reação de desintoxicação.

A atividade da UDP-glicuroniltransferase é muito baixa ou ausente durante a vida fetal e nas primeiras fases pós-natais de vida, e aumenta linearmente até atingir níveis adultos. A administração aos recém-nascidos de drogas normalmente excretadas sob a forma de conjugados glicuronados pode resultar em níveis tóxicos da droga.

A enzima β-glicuronidase é capaz de hidrolisar conjugados de glicuronídio e esta enzima está presente em quase todos os tecidos. A β-glicuronidase presente no intestino ou nas bactérias intestinais, é capaz de hidrolisar o conjugado recém-formado e consequentemente de reformar o composto submetido à glicuronidação. Caso a droga original seja lipossolúvel, ela será reabosorvida.

Conjugação por Sulfato:

É a segunda mais comum. É catalisada por enzimas conhecidas como ‘sulfotransferases’ presentes no citoplasma celular do fígado e de diversos outros

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órgãos. O cofator essencial (doador de sulfatos) é o PAPS. Os conjugados do sulfato costumam ser altamente polares e facilmente excretados na urina.

N-Acetilação:

É catalisada por enzimas (N-acetiltranferases) que utilizam como cofatores a acetilCoA e são encontradas no citoplasma celular de órgãos como o fígado, o intestino, o rim e o pulmão. Essas enzimas catalisam normalmente fármacos como as sulfonamidas.

Metilação:

A enzimas metiltransferase é encontrada no citoplasma ou no R.Endoplasmático de muitos órgãos, como o fígado, o pulmão e o rim.

Fatores que afetam o Metabolismo das Drogas:

1-Idade: animais muito jovens ou muito velhos são mais sensíveis às drogas, porque nesses animais a taxa de biotransformação fica modificada.

-Absorção: pacientes idosos absorvem com mais lentidão em virtude da redução do fluxo sanguíneo (débito cardíaco reduzido).

-Distribuição: pode sofrer alterações decorrentes da hipoalbuminemia, de modificações qualitativas nas regiões de ligação das drogas, de reduções na massa muscular, de aumentos na proporção de gordura corporal e na diminuição na água corporal total. Em animais idosos há um declínio de aproximadamente 20% na concentração dos níveis plasmáticos (devido a redução da síntese hepática de albumina).

-Metabolismo: podem ocorrer redução da atividade enzimática hepática, redução na massa hepática e diminuição do fluxo sanguíneo local. Alterações na meia-vida de medicamentos administrados em animais idosos é bastante importante (há um aumento da meia-vida com o avanço da idade).

-Excreção: a eliminação renal de compostos estranhos pode ser drasticamente alterada pela redução do fluxo sanguíneo renal (redução do débito cardíaco), e do número de néfrons funcionantes com o decorrer da idade.

Ex.: em humanos, a função renal começa a declinar a partir do 20 anos em cerca de 10% por década de vida.

2-Nutrição: dietas isentas de gordura ou deficientes em aminoácidos essenciais prejudicam o metabolismo de drogas. Deficiências de vitamina A, de riboflavina (B2), de ácido ascórbico (vitamina C), de vitamina E, cálcio e magnésio também prejudicam o metabolismo de fármacos.

*A diminuição de Ferro capaz de reduzir a hemoglobina e o hematócrito não tem efeito nenhum sobre o metabolismo das drogas.

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3- Indução Enzimática: muitas drogas ao serem administradas cronicamente a animais aumentam a atividade das enzimas monoxigenases e, desta forma, costumam reduzir a duração e a intensidade da ação das drogas. Este aumento da atividade enzimática resulta de uma neossíntese e não da ativação de um precursor já pré-existente.

4- Co-adminstração de Drogas: uma droga capaz de ser metabolizada pelo sistema de metabolização de drogas da monoxigenases é capaz de inibir competitivamente o metabolismo de uma segunda droga administrada concomitantemente.

Excreção de Drogas:

Um medicamento pode ser excretado após a biotransformação, ou mesmo na sua forma inalterada. Os três principais órgãos responsáveis pela excreção de medicamentos são: os rins (onde os medicamentos hidrossolúveis são excretados), o fígado (após a biotransformação os medicamentos são excretados pela bile) e os pulmões (responsáveis pela excreção de medicamentos voláteis). E pequenas quantidades de medicamentos podem ser excretadas pela saliva ou pelo suor.

1-Excreção Renal:

É o principal processo de excreção de fármacos, principalmente os polares e pouco lipossolúveis em pH fisiológico.

*Medicamentos ligados à proteínas plasmáticas não são excretados via rins, pelo fato de não passarem pelos poros das membranas dos glomérulos.

Muitos medicamentos podem ser reabosorvidos na porção distal do néfron. Medicamentos com características de ácidos orgânicos fracos com pK por volta de 3 (salicilatos por exemplo), quando em pH ácido como na urina de cães e gatos, estão em maior proporção na forma molecular (distintos de carga – não ionizados) e são facilmente reabsorvidos em grande quantidade.

*Intoxicação por medicamentos: com a alcalinização da urina faz com que ocorra um aumento na excreção de ácidos orgânicos fracos e através da acidificação da urina que se favorece a excreção de medicamentos com caráter básico.

*O pH de carnívoros oscilam entre 5 e 7 (pH ácido) e o de herbívoros oscila entre 7 e 8 (pH básico).

Há também o sistema de transporte de medicamentos para excreção, por carreadores, que ocorre no túbulo proximal do rim com gasto de energia. Este sistema é inespecífico (excreção de medicamentos ácidos e básicos).

A administração simultânea de dois medicamentos que sirvam de substrato para o mesmo processo de excreção mediada por transportador tende a prejudicar a excreção de um deles.

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Ex.: probenicida e penicilina (menor secreção tubular do antibiótico).

Depuração Renal (clearance renal): descreve a eficiência com que ocorre a eliminação de um medicamento em um organismo. Apenas para medicamentos não modificados, na sua forma original. Contém 3 processos:

1-Filtração glomerular: todo o sangue do organismo passa através dos glomérulos renais, cerca de 10% são filtrados para os túbulos renais (taxa de filtração glomerular) e somente o fármaco não ligado à proteínas passa para esse filtrado.

2-Secreção ativa nos túbulos proximais: os túbulos proximais contêm dois tipos de transporte ativo (bombas) para transportar o fármaco do sangue para o túbulo renal (secreção tubular). Um dos sistemas é direcionado para ácidos fracos e o outro para bases fracas, permitindo a competição. Fármacos ácidos competem com fármacos ácidos e fármacos básicos competem com fármacos básicos.

3-Reabsorção passiva da urina para o sangue ao longo de todo o túbulo renal: a grande parte do filtrado plasmático é reabsorvida durante sua passagem pelos túbulos renais e somente 1% do filtrado inicial aparecerá finalmente na urina.

Clearance total: é a sina de todos os processos de eliminação (hepático e renal).

2- Excreção Biliar:

Os fatores que determinam esta forma de excreção incluem o tamanho e a polaridade da molécula do fármaco. Medicamentos com peso molecular elevado (acima de 300), têm grande probabilidade de serem excretados na bile.

Variação nas espécies de animais:

-Ratos e cães: apresentam boa capacidade de excreção via bile;

-Gato e ovinos: apresentam moderada capacidade de excreção via bile;

-Cobaias, coelhos e primatas: má excreção por esta via;

*Moléculas maiores onde estão incluídas moléculas conjugadas com o glicuronídeo a excreção é preferencialmente a bile.

Algumas substâncias ao alcançaram o intestino, podem ser reabsorvidas. Este fato dependerá da lipossolubilidade, ou da conjugação destes fármacos com glicuronídeos (o composto pode sofrer hidrólise pela β-glicuronidase sintetizada por microorganismos da flora intestinal e se tornam aptos a serem reabsorvidos).

*Ciclo entero-hepático: excreção hepática seguida da reabsorção intestinal.

3-Excreção pelo Leite:

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O epitélio secretor da glândula mamária tem características de uma membrana lipídica e separa o sangue do leite e facilita a passagem de substâncias apolares. O leite por ter caráter básico facilita a excreção de medicamentos básicos.

O medicamento administrado sistemicamente para a mãe, na maioria das vezes será excretado no leite, o que frequentemente constitui-se como um problema para os filhotes, que estarão expostos a agentes contidos no leite, e os recém nascidos não possuem o sistema de biotransformação hepático completamente desenvolvido, sendo mais susceptíveis aos efeitos adversos dos diferentes medicamentos.

4-Excreção Pulmonar:

Qualquer matéria volátil, independente de sua via de administração, tem potencial para a excreção pulmonar. A taxa de perda de gases não é constante, mas depende da freqüência respiratória e do fluxo sanguíneo. A maioria das drogas removidas pela via pulmonar não correspondem a metabólitos e, sim, aos compostos originais intactos.

Mecanismos de transporte de solutos através das membranas:

Uma droga é dita ‘absorvida’ somente quando ingressa no sangue ou nos capilares linfáticos.

Difusão Passiva: ocorre com a maioria das drogas, a velocidade depende mais do coeficiente de participação (é uma medida de solubilidade diferencial de compostos químicos em dois solventes geralmente octanol/água. São úteis, por exemplo, na

estimativa da absorção de drogas dentro do organismo) do que da solubilidade lipídica.

Fatores que influenciam a Distribuição da droga:

1- Permeabilidade capilar;

2- Proporção fluxo sanguíneo e massa tecidual;

3- Extensão da ligação a proteínas plasmáticas e órgãos específicos;

4- Diferenças regionais de pH;

5- Mecanismos de transporte disponíveis;

6- Características da permeabilidade das membranas teciduais específicas;

*A transferência da droga da circulação capilar (contém fenestrações) para os espaços intersticiais é mais rápida do que a difusão das drogas através de membranas biológicas.

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Referências Bibliográficas

SPINOSA, Helenice de Souza, et al. Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.

RANG, H.P e DALE, M.M.. Farmacologia. 5. Ed. Rio de Janeiro: Elselvier, 2004.

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