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FACULDADE MACHADO DE ASSIS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DAS BARREIRAS DE IMPLANTAÇÃO DO BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA PÚBLICA MC – INDÚSTRIA GRÁFICA – UM ESTUDO DE CASO VALÉRIA DE JESUS RODRIGUES SOUZA RIO DE JANEIRO 2003

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FACULDADE MACHADO DE ASSIS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DAS BARREIRAS DE IMPLANTAÇÃO DO

BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA PÚBLICA

MC – INDÚSTRIA GRÁFICA – UM ESTUDO DE CASO

VALÉRIA DE JESUS RODRIGUES SOUZA

RIO DE JANEIRO

2003

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DAS BARREIRAS DE IMPLANTAÇÃO DO

BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA PÚBLICA

MC – INDÚSTRIA GRÁFICA – UM ESTUDO DE CASO

VALÉRIA DE JESUS RODRIGUES SOUZA

Trabalho de conclusão de curso submetido como

requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel

em Administração de Empresas.

Prof. Orientador: José Caetano de Mattos Neto

Prof. Orientadora: Sônia Maria de Barros Loureiro

RIO DE JANEIRO 2003

IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DAS BARREIRAS DE IMPLANTAÇÃO DO

BALANCED SCORECARD EM UMA EMPRESA PÚBLICA

Identificação e Análise das Barreiras de Implantação do Balanced Scorecard

em uma Empresa Pública Mc – Indústria Gráfica – Um Estudo De Caso

Banca Examinadora

Prof. orientador: José Caetano de M. Neto

Julgamento: _______ Assinatura: ____________

Prof. orientadora: Sônia Maria de B. Loureiro

Julgamento: _______ Assinatura: ____________

Prof. orientadora: Janaina N. Simões de Souza

Julgamento: _______ Assinatura: ____________

ii

MC – INDÚSTRIA GRÁFICA – UM ESTUDO DE CASO

DEDICATÓRIA

A Deus, autor e consumador da minha fé.

Ao Cristiano Souza, esposo dedicado, onde

encontrei força e amor para superar todos os

obstáculos durante a realização deste trabalho.

Com amor e respeito a minha mãe que soube

encaminhar a minha vida através do exemplo.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente

estiveram envolvidos na conclusão deste trabalho.

iii

As coisas que são impossíveis aos homens

são possíveis a Deus.

iv

Lucas 18:27

RESUMO

Nos últimos anos tem aparecido uma série de ferramentas que auxiliam o

tomador de decisões e o Balanced Scorecard - BSC revela-se como uma ferramenta capaz de

atender às novas exigências de gerenciamento dentro dos cenários econômicos e

mercadológicos em constante mutação. Contudo, se por um lado esse modelo de gestão

parece ser um poderoso aliado de gestores, por outro são várias as barreiras encontradas para

sua implantação e uso dentro de empresas, em particular as públicas, já que é comum nas

Instituições Públicas a predominância da decisão política em detrimento de soluções técnicas.

Assim, esse trabalho tem sua ênfase na identificação e análise das dificuldades sentidas por

uma instituição de produtos gráficos do setor público brasileiro na implantação e utilização do

Balanced Scorecard, utilizando como estudo de caso a CM – Indústria Gráfica.

v

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Página

Figura 1 : Alguns exemplos de empresas públicas ............................................................. 16

Figura 2 : Medição dos temas financeiros estratégicos ...................................................... 29

Figura 3 : A Perspectiva dos Clientes – medidas essenciais .............................................. 31

Figura 4 : Proposta de Valor para produtos e serviços ....................................................... 32

Figura 5 : Indicadores essenciais para a perspectiva do aprendizado e crescimento ......... 38

Tabela 01 : Obtenção de resultados..................................................................................... 50

Tabela 02 : Recursos e Despesas......................................................................................... 54

Tabela 03 : Produtividade do Pessoal.................................................................................. 57

Tabela 04 : Planejamento ................................................................................................... 62

Tabela 05 : Controle ........................................................................................................... 68

Tabela 06 : Coordenação .................................................................................................... 73

Tabela 07 : Avaliação de desempenho ................................................................................ 77

Tabela 08 : Comunicação empresarial................................................................................. 80

Tabela 09 : Conflitos .......................................................................................................... 83

Tabela 10 : Criatividade ...................................................................................................... 87

Gráfico 01 : Obtenção de resultados ................................................................................... 51

vi

Gráfico 02 : Recursos e Despesas........................................................................................ 54

vii

Gráfico 03 : Produtividade do Pessoal .............................................................................. 57

Gráfico 04 : Planejamento .................................................................................................. 63

Gráfico 05 : Controle .......................................................................................................... 69

Gráfico 06 : Coordenação ................................................................................................... 73

Gráfico 07 : Avaliação de desempenho............................................................................... 77

Gráfico 08 : Comunicação empresarial ............................................................................... 80

Gráfico 09 : Conflitos .......................................................................................................... 83

Gráfico 10 : Criatividade ..................................................................................................... 87

SUMÁRIO

Página

FOLHA DE ROSTO ............................................................................................................. i

BANCA EXAMINADORA ................................................................................................. ii

DEDICATÓRIA...................................................................................................................iii

EPÍGRAFE .......................................................................................................................... iv

RESUMO .............................................................................................................................. v

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................ vi

SUMÁRIO..........................................................................................................................viii

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1 - EMPRESAS PÚBLICAS NO BRASIL .................................................... 16

1.1 Considerações Iniciais ........................................................................... 16

1.2 Instituições Públicas Parestatais ............................................................ 16

1.3 Empresas Públicas ................................................................................. 17

1.4 Considerações finais sobre Empresas Públicas...................................... 17

CAPÍTULO 2 – FUNDAMENTOS DO BALANCED SCORECARD – BSC ................. 19

2.1 Entendendo o BSC................................................................................. 21

2.2 Perspectivas do BSC.............................................................................. 24

2.2.1 Perspectiva financeira .................................................................... 24

2.2.2 Perspectiva dos clientes.................................................................. 31

2.2.3 Perspectiva dos processos internos da empresa ............................. 35

viii

2.2.4 Perspectiva do aprendizado e crescimento..................................... 38

ix

2.3 O formato de implementação do BSC ................................................... 41

2.3.1 Seleção da unidade organizacional adequada ................................ 42

2.3.2 Identificar as relações entre a unidade de negócio e a corporação. 42

2.3.3 Realizar a primeira série de entrevistas.......................................... 43

2.3.4 Sessão de síntese ............................................................................ 43

2.3.5 Workshop executivo: primeira etapa.............................................. 44

2.3.6 Workshop executivo: segunda etapa .............................................. 46

2.3.7 Workshop executivo: terceira etapa ............................................... 46

2.3.8 Finalizar o plano de implementação .............................................. 47

CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................ 48

3.1 Elaboração do formulário ...................................................................... 48

3.2 Amostra da pesquisa .............................................................................. 49

3.3 Tratamento e análise dos dados ............................................................. 49

3.4 Limitações da pesquisa .......................................................................... 50

CAPÍTULO 4 – RESULTADO DA PESQUISA................................................................ 52

4.1 Obtenção de resultados .......................................................................... 52

4.1.1 Análise – obtenção de resultados ..................................................... 53

4.2 Recursos e despesas ............................................................................... 55

4.2.1 Análise – recursos e despesas........................................................... 56

4.3 Produtividade ......................................................................................... 58

4.3.1 Análise - produtividade .................................................................... 60

4.4 Planejamento.......................................................................................... 62

4.4.1 Análise - planejamento ..................................................................... 65

4.5 Controle.................................................................................................. 69

x

4.5.1 Análise - controle ............................................................................. 71

4.6 Coordenação .......................................................................................... 74

4.6.1 Análise - coordenação ...................................................................... 76

4.7 Avaliação de desempenho...................................................................... 78

4.7.1 Análise – avaliação de desempenho ................................................. 79

4.8 Comunicação organizacional ................................................................. 81

4.8.1 Análise – comunicação organizacional ............................................ 82

4.9 Conflitos................................................................................................. 84

4.9.1 Análise - conflitos............................................................................. 85

4.10 Criatividade ......................................................................................... 88

4.10.1 Análise - criatividade...................................................................... 90

CONCLUSÃO..................................................................................................................... 92

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 96

FOLHA DE APROVAÇÃO ............................................................................................... 98

AUTORIZAÇÃO .............................................................................................................. 99

11

INTRODUÇÃO

Na medida em que os recursos públicos estão cada vez mais escassos, as

Empresas Públicas devem procurar utilizá-los com maior eficácia e eficiência, para o melhor

atendimento às demandas que a sociedade exige. Para tanto, os gestores dessas Instituições

precisam de métricas que representem o que acontece nas suas unidades organizacionais

conhecendo quando, onde e como os problemas ocorrem, identificando alternativas de

soluções, através de análises e simulações, em várias perspectivas, melhorando as suas

tomadas de decisões Giacomoni (2000, p. 64), Kohama (2000, p. 101), Furlan (1997, p. 78).

Para uma boa gerência é necessário que se tenha acesso aos dados

transformados em informações, de forma tempestiva. O bom administrador é, principalmente,

aquele que tem a sua disposição o maior número possível de informações sobre o seu negócio.

Dentro desta nova dimensão, a consecução de estratégias que assegurem uma

vantagem competitiva sustentável para as organizações passou a ser de vital importância.

Observa-se, por outro lado, que a implantação dessas estratégias requer o desenvolvimento de

modelos de gestão inovadores que funcionem como vetores dessas novas concepções.

Entre os modelos mais recentes de gestão estratégica, destaca-se no atual

cenário mundial o Balanced Scorecard (BSC), sistema concebido por Kaplan & Norton

(1997) e estruturado para integrar medições de desempenho e análise consistente de

informações com a missão e estratégia das companhias.

Ao contrário da visão tradicional, centrada no desempenho financeiro, o BSC

sem menosprezar as medidas financeiras do desempenho passado, incorpora os vetores de

12

desempenho futuro que são evidenciados através de medidas não-financeiras, obtendo-se

assim um sistema balanceado de medição estratégica que responde às necessidades das

modernas gestões na era do conhecimento.

Enquanto na era industrial, a gestão se preocupava em facilitar e monitorar a

locação eficiente de capital financeiro e físico, na era do conhecimento, a capacidade de

mobilização e exploração dos ativos intangíveis tornou-se muito mais decisiva do que investir

e gerenciar ativos físicos tangíveis. O BSC, considerando a perspectiva de inovação e

crescimento dos ativos intangíveis, integra na sua estrutura, os vetores do desempenho

correlatos a essa nova perspectiva de importância vital para as organizações modernas.

As Empresas Públicas, em particular as brasileiras, não podem se eximir de

serem eficazes e eficientes em suas funções, pois têm a responsabilidade de manter-se com as

receitas produzidas em suas atividades e geração de lucro que será revertido em benefícios e

atualização tecnológica da empresa, mantendo a competitividade da empresa e possibilitando

a manutenção e ampliação de sua atuação no mercado e o BSC pode ajudar aos

administradores nessa árdua tarefa.

Este trabalho desenvolveu-se a partir da constatação de que o momento atual

exige ampla transformação, uma nova "filosofia de gestão", o que implica uma grande

mudança de antigos paradigmas. Torna-se fundamental ao gestor aprender a criar novas

formas organizacionais em torno de equipes, processo e clientes. No momento em que a

gestão de pessoas passa por essas transformações, a área pública, seguindo o caminho da

iniciativa privada, vem se organizando na identificação de estratégias e ferramentas de apoio

para essa jornada. O Balanced Scorecard é apresentado como um modelo dos mais adequados

para a agilização e aprimoramento do processo decisório e aumento da competitividade.

13

É consensual entre os autores citados neste estudo a idéia de que o diferencial

competitivo das organizações está na agregação e experiência, criatividade e conhecimento.

Como conseqüência, deve-se ter estrutura organizacional e modelo de gestão que atendam a

este grande desafio. Um esforço adicional no campo da gestão torna-se necessário, tanto ao

nível de tecnologia de produção quanto do sistema de medida de desempenho.

As medidas de desempenho, ao associarem missão, estratégia, metas e

processos da empresa com a satisfação dos clientes, tornam-se um fator fundamental para o

modelo de gestão, transformando, por assim dizer, em sinais vitais da organização.

A deficiente comunicação dos objetivos estratégicos, a falta de definição clara

de critérios quantitativos e qualitativos para o estabelecimento das ações operacionais e a

ausência de sistema de acompanhamento por ocasião da implantação/implementação, pode

gerar um problema de falta de sintonia e baixa eficiência dos resultados, quanto à consecução

dos objetivos propostos.

A importância da resolução deste problema tem como principal benefício o

direcionamento dos esforços e das competências para ações bem definidas, segundo o foco

estabelecido pela empresa.

Para tal existem diversos sistemas de gestão, dentre as quais o Balanced

Scorecard, tem se destacado.

A estratégia da empresa deve ser traduzida em resultados, que passam a ser

acompanhados ao longo do processo de gestão, o que passa pelo estabelecimento de um

sistema de avaliação de desempenho.

14

O sucesso na implantação do Balanced Scorecard exige mudanças de

paradigmas, comprometimento dos níveis tático e estratégico, ou seja, suporte político, bem

como orçamento para aquisição de ferramentas e capacitação técnica Furlan (1997, p. 81);

Inmon (1997, p. 113); Kimball (1998, p. 98).

Diante deste cenário, esta pesquisa pretende elucidar as seguintes perguntas:

Qual a importância da utilização de um sistema de gestão como o Balanced Scorecard para

uma Instituição Pública Brasileira?

Quais as dificuldades relacionadas à implantação do Balanced Scorecard em

uma Instituição Pública no Brasil?

Este estudo tem a proposta de identificar e analisar as barreiras de implantação

encontradas na implantação e utilização do Balanced Scorecard por parte de uma Empresa

Pública de grande porte, indústria de impressos gráficos de segurança.

Quanto a estrutura: os capítulos foram divididos de acordo com os temas

pertinentes à realização do trabalho, em quatro capítulos além de Introdução e conclusão

distribuídos segundo a seqüência apresentada a seguir.

Primeiramente é apresentada a introdução, sendo composta da formulação,

relevância do problema e objetivos.

No primeiro capítulo são apresentados conceitos inerentes às Empresas

Públicas Brasileiras com o objetivo de dar ao leitor maiores subsídios para que o mesmo

possa entender melhor o processo de tomada de decisão e conseqüentemente as dificuldades

enfrentadas pela Instituição aqui em estudo na implantação do Balanced Scorecard.

15

No segundo capítulo são apresentados os fundamentos do Balanced Scorecard,

tais como: Seus principais conceitos, as perspectivas de um Balanced Scorecard e outros.

No terceiro capítulo é apresentada a metodologia da pesquisa, onde são

detalhados itens da pesquisa, tais como: elaboração do formulário de pesquisa, amostra da

pesquisa, tratamento e análise dos dados e limitações da pesquisa.

No quarto capítulo são apresentados os resultados das análises descritiva e

referencial.

Logo após é apresentada a conclusão.

16

CAPÍTULO 1

EMPRESAS PÚBLICAS NO BRASIL

1.1 Considerações Iniciais

Para que se possa entender melhor o processo de implantação do Balanced

Scorecard em uma Empresa Pública no Brasil, é necessário conhecer as características da

mesma.

1.2 Instituições Públicas Parestatais

Kohama (2000, p. 41), conceitua instituições paraestatais como “pessoas

jurídicas de direito privado, cuja criação é autorizada por lei, com patrimônio público ou

misto, para a realização de atividades, obras ou serviços de interesse coletivo, sob normas e

controle do Estado”. Essas instituições podem executar atividades econômicas com fins

lucrativos, como podem perseguir fins não lucrativos, para tanto deverá ser escolhida a

estrutura e a organização adequadas a cada finalidade. As instituições parestatais da

administração indireta ou descentralizada podem ser constituídas das seguintes formas:

• Empresas Públicas;

• Sociedades de Economia Mista; e

• Fundações.

17

1.3 Empresas Públicas

Para Mello (1993, p. 34), Empresa Pública Federal é a pessoa jurídica criada

por lei como instrumento de ação do Estado, com personalidade de direito privado, mas

submetida a certas regras especiais decorrentes de ser coadjuvante da ação governamental, são

constituídas sob quaisquer das formas admitidas em direito e cujo capital seja formado

unicamente por recursos de pessoas de direito público interno ou de pessoas de suas

administrações indiretas, com predominância acionaria residente na esfera federal. A figura 1

mostra alguns exemplos de empresas públicas.

Figura 1 – Alguns exemplos de empresas públicas

ESFERA ADMINISTRATIVA EMPRESAS PÚBLICAS

União

- Rede Ferroviária

- Casa da Moeda do Brasil

- Caixa Econômica Federal

- Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

Estado - Caixa Econômica Estadual

Município - Empresa Municipal de Urbanismo

Fonte: Kohama (2000, p. 28)

1.4 Considerações finais sobre Empresas Públicas

Administração Pública hoje é conhecida por sua morosidade e pela má

aplicação de verbas públicas. Normalmente as informações necessárias à tomada de decisão

estão espalhadas por vários sistemas ou simplesmente inexistem em algumas instituições, não

18

há dados suficientes para uma tomada de decisão eficiente, o que leva muitas vezes a decisões

de cunho político.

A sociedade de modo geral, não mais aceita a má administração das Empresas

Públicas, exigindo respostas rápidas e eficientes. Caberia aos administradores dessas

instituições procurarem maneiras mais eficientes de gerir as informações estratégicas de cada

Instituição, para com isso poderem tomar decisões mais acertadas.

Verifica-se então que os administradores das Empresas Públicas estão diante de

um dilema, por um lado eles precisam ampliar e modernizar os serviços para melhor atender à

sociedade e por outro lado possuem um orçamento limitado. Para resolver esse problema,

esses administradores necessitam de uma ferramenta de apoio à decisão inclusive para decidir

como melhor alocar os recursos disponíveis. O Balanced Scorecard desponta como um

importante instrumento de gestão que integra as medidas derivadas da estratégia, viabilizando

processos gerencias críticos Kaplan & Norton (2000, p. 35).

19

CAPÍTULO 2

FUNDAMENTOS DO BALANCED SCORECARD - BSC

O Balanced Scorecard (BSC) é um modelo que foi desenvolvido por Robert S.

Kaplan e David P. Norton. A origem se deu em 1990, quando o Instituto Nolan Norton, ligado

a KPMG, realizou um estudo de um ano entre diversas empresas, buscando uma nova forma

para a mensuração de desempenho nas organizações do futuro, em função da crença de que os

métodos vigentes estavam se tornando obsoletos.

O primeiro artigo de Robert Kaplan e David Norton sobre o tema foi publicado

na revista Harvard Business Review, do bimestre janeiro-fevereiro de 1992, com o título “The

Balanced Scorecard: measures that drive performance” Kaplan & Norton (1992, p. 46).

O BSC surge com o objetivo de resolver os problemas que existem em se ter

uma única visão, ou perspectiva como preferem os autores, na condução das tomadas de

decisão em uma organização, contrapondo a contabilidade tradicional, que usa uma linha

exclusivamente financeira. Esta visão é amparada como uma evolução do conceito do

Tableaux de Bord, que anteviu a necessidade de observar empresa não só através da

perspectiva financeira.

Ao longo deste texto é mantido o nome Balanced Scorecard, original em

inglês. Sob o aspecto étimo, Scorecard significa um cartão utilizado para marcar pontos em

um jogo Michaelis (1994, p.258). Este cartão pode ser também utilizado para anotar demais

estatísticas, atitude habitual dos norte-americanos, que se baseiam muito em estatísticas nas

atividades esportivas. A idéia do Balanced é vinculada em analisar de maneira equilibrada as

20

estatísticas dos jogadores. Por exemplo, em uma partida de basquete, o jogador não pode ser

apenas o cestinha, mas tem também que fazer assistências, bloqueios, rebotes etc.

Assim, um cartão de pontos balanceado, constrói a idéia de fazer a estratégia

de uma empresa parecer com um jogo. Quem tem motivação em atividades ligadas à

estratégia, e já praticou esporte, pode perceber que esta linha de ação assemelha-se em muito

ao que se faz em campeonatos esportivos.

A forma como uma empresa caminha para criar valor vem mudando ao longo

do tempo. A Nova Economia, onde a detenção de conhecimento ou capacidade de inovação

está sendo mais importante que os meios de produção ou o capital, conforme registrado por

Schumpeter (1961, p. 99), está a buscar pontos de vista diferentes para a medição de valor,

pois não só mais as finanças são importantes, nem os indicadores apontados tradicionalmente.

Devem ser encontradas visões diferentes que permitam a criação efetiva de valor para o

acionista e para a sociedade.

Para Norton (2001, p. 196), o BSC resolve a questão da avaliação da

contribuição dos ativos intangíveis fundamentais na Era do Conhecimento, possibilitando,

desta forma, a criação de valor através da estratégia da organização. Contudo, esta visão ainda

não está completamente aceita, uma vez que a mensuração dos ativos intangíveis é uma

questão ainda não solucionada por completo. Assim, o BSC pode vir a se tornar uma boa

ferramenta para tal, o que ainda depende de experimentação e validação.

Em outro texto, Kaplan & Norton (2000, p. 37) apontam a necessidade de as

organizações entenderem as estratégias para poderem segui-las. Este entendimento pode

passar pela necessidade até de demonstrá-los em forma de mapas, se for necessário.

21

Assim, o papel do BSC é buscar uma maneira de transformar o plano

estratégico da organização em ação efetiva, mensurando e avaliando os resultados obtidos

pela estratégia selecionada a partir de diferentes perspectivas.

O acompanhamento da execução da estratégia, realizado pelo BSC, através de

indicadores de desempenho, se realiza com o uso de perspectivas determinadas a partir do

planejamento estratégico elaborado para a organização em análise.

2.1 ENTENDENDO O BSC

O BSC pressupõe, de acordo com Kaplan & Norton (2000, p. 27), a criação de

uma “organização orientada para a estratégia”. Assim, a idéia do BSC é uma derivada da idéia

da estratégia empresarial, onde o quadro de indicadores de desempenho estabelecido deve

contemplar o alcance das estratégias definidas para a organização.

Para Kaplan & Norton (2000, p. 76), existem cinco princípios que devem ser

usados por organizações que estejam verdadeiramente orientadas para a estratégia. Os

resultados do uso da ferramenta são sempre um bom ajuste entre o trabalho das pessoas e o

objetivo estratégico definido. Os princípios são: traduzir a estratégia em termos operacionais,

aliar a organização à estratégia, transformar a estratégia em tarefa de todos, converter a

estratégia em processo contínuo e mobilizar a mudança por meio da liderança executiva.

Princípio 1: Traduzir a estratégia em termos operacionais

O Scorecard é utilizado para comunicar a estratégia de uma forma diferente das

maneiras anteriormente utilizadas. As pessoas não conseguem implementar a estratégia se não

conseguirem descrevê-las. Esta descrição em termos operacionais é uma forma diferente de

realizar um objetivo estratégico definido. Por exemplo, empresas distintas podem ter o

22

objetivo de crescer 20% em um ano, mas a maneira como cada uma vai executar esta

estratégia será completamente peculiar às suas formas de atuação.

Princípio 2: Aliar a organização à estratégia

A comunicação é um problema dentro das organizações. Fazer propagar nos

diversos níveis hierárquicos, com suas peculiares diferenças de visões, é um princípio

necessário para que sejam alcançados os objetivos estratégicos. Se as pessoas da organização

estiverem realmente comprometidas com a realização da proposta estratégica, então o

resultado será ações voltadas para os pontos apontados como prioritários dentro dos

Scorecards de suas respectivas áreas.

Princípio 3: Transformar a estratégia em tarefa de todos

O presidente de uma companhia não tem capacidade de executar sozinho uma

estratégia. Para isso ele precisa da atuação de toda a empresa, em forma de equipe, de maneira

que a soma do trabalho de todos permita uma realização significativa para a consecução dos

objetivos. A comunicação deve ser clara e fluir de cima para baixo, ou seja, do nível

estratégico para o nível operacional.

Princípio 4: Converter a estratégia em processo contínuo

Para muitas organizações a estratégia é desenvolvida em torno do orçamento e

do plano operacional. Segundo Kaplan & Norton (2000, p. 62), 85% das equipes gerenciais

passam menos que uma hora por mês discutindo estratégias, o que justifica o fato de

estratégias não serem implementadas, pois afinal elas sequer constam nas agendas dos

executivos.

23

Entendem que, transformar a estratégia em um processo contínuo, implica em

três ações preliminares. A primeira busca conectar a estratégia ao processo orçamentário, a

segunda enfatiza reuniões gerenciais simples e, por último, o processo de aprendizado e

adaptação da estratégia.

A idéia de processo contínuo lembra a melhoria contínua definida no Kaizen

por Imai (1992, p. 37), em que é defendido o reconhecimento da existência de um problema

para que os envolvidos efetivamente se preocupem em melhorar o processo em uma busca

contínua por melhorias incrementais e soluções mais interessantes para uma determinada

atividade. Assim, a atividade, com melhoria contínua, passa a compor a estratégia.

Princípio 5: Mobilizar a mudança por meio da liderança executiva

Os princípios anteriores estavam voltados para ferramentas, que sozinhas são

insuficientes para criar uma organização focada na estratégia. Um programa de BSC bem-

sucedido não deve ter como ponto de partida um processo de mensuração, mas sim como um

processo de mudança. A mudança se dará, ao longo do tempo, para uma nova postura

gerencial, onde passe a existir um sistema gerencial estratégico ou, como aponta Drucker

(1999, p. 100), a estratégia converte a teoria do negócio em desempenho empresarial através

das gerências.

Esses princípios evidenciam que o objetivo principal do BSC é transformar a

estratégia em realidade, executar a estratégia organizacional. Os indicadores de desempenho

estabelecidos não visam apenas olhar para o passado, mas olhar para o presente e permitir a

adequação das atividades, a cada momento de sua operacionalização.

24

2.2 PERSPECTIVAS DO BSC

A finalidade da estratégia empresarial, conforme Oliveira (1996, p. 85), é

“estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser

seguidos para alcançar os objetivos estabelecidos pela empresa”. Esta conceituação vincula o

posicionamento da empresa em relação à construção de seu futuro, com a seleção dos

caminhos e forma de percorrê-los.

O BSC é estruturado a partir de um balanceamento entre diferentes pontos de

vista da observação da implantação da estratégia. Esta abordagem usa o princípio de analisar

os problemas com uma visão multidimensional, a partir de diferentes ângulos ou perspectivas.

As perspectivas do BSC são divididas em perspectiva financeira, perspectiva

do cliente, perspectiva interna e perspectiva de aprendizado e crescimento. Cada uma destas

perspectivas busca um referencial relevante para uma forma de implementar o

desenvolvimento da estratégia na organização em questão. Este caminho escolhido para

implementar o BSC é amparado pela visão sistêmica, a qual indica que tudo está interligado

em uma teia de relações, conectando a empresa ao meio-ambiente no qual está inserida.

A seguir, são detalhadas as perspectivas determinadas pelo BSC para

encaminhar a ação estratégica, ou seja, monitorar como o que foi definido na estratégia

empresarial está sendo realizado.

2.2.1 Perspectiva financeira

Para Kaplan & Norton (1997, p. 51), a “elaboração do BSC deve ser um

incentivo para que as unidades de negócios vinculem seus objetivos financeiros à estratégia da

empresa”. Os objetivos financeiros serão os focos das demais perspectivas, pois temas

25

financeiros como redução de custos, aumento de receitas ou um melhor uso dos ativos, podem

ser derivados de outras perspectivas de um BSC.

Os objetivos financeiros têm uma importância de vinculação com os demais,

em função da necessidade que as empresas possuem de tornar rentáveis financeiramente suas

operações. Esta necessidade existe em função da escassez de recursos e da necessidade do

lucro empresarial. Kassai et al. (2000, p. 62) citam que o lucro empresarial é necessário para

que a empresa possa garantir a sua continuidade e seu período de vida deve ser, a princípio,

muito maior que o de seu dono, desejavelmente ad eternum.

Segundo Mintzberg & Quinn (2001, p. 39), a estratégia deve estar vinculada ao

“estágio de operações”, que divide em negócios de corrente ascendente, corrente média e

corrente descendente, que são vinculados ao tipo de negócio envolvido e não necessariamente

com a maturidade do mesmo.

Nos negócios de corrente ascendente, o fluxo de produtos tende a ser

divergente do material básico e necessitam de grande investimento de capital e estão voltados

à procura de diferenciais em baixo custo do que grandes margens de lucro. Negócios de

corrente média recebem diversas entradas e têm saídas também diversas e são classificadas

como sendo indústrias secundárias. Os negócios de corrente descendente são exemplificados

por lojas de departamento que recebem entradas de diversas indústrias e geram saídas, sem

transformação, para uma convergência similar de clientes.

Em função da esperada longevidade das empresas, as necessidades de

mensuração e avaliação são diferentes a cada momento de sua existência. Assim, uma

empresa iniciante terá medidas diferentes de uma empresa centenária. Em sua análise, Kaplan

26

& Norton (1997, p. 58) dividem as fases (ou ciclo de vida) em crescimento, sustentação e

colheita.

Uma empresa em fase de crescimento tem que trabalhar os produtos e serviços

que têm potencial, o que pode implicar no uso de recursos consideráveis, a fim de construir

uma estrutura adequada à realização da transformação de suas capacidades operacionais, o

que pode fazer com que empresas nesta fase operem com fluxos de caixa negativo, taxas

baixas de retorno sobre o capital investido ou captação de recursos a juros mais altos, em

função dos riscos envolvidos. Nesta fase, o principal objetivo da empresa é aumentar a sua

carteira de clientes, com conseqüente aumento da receita.

Uma empresa ou unidade de negócio em fase de sustentação já se preocupa

com taxas de retorno de investimento, de tal forma que maximizem o esforço financeiro

realizado. O fluxo de caixa deve apresentar resultado positivo e não se admite que a empresa

pague juros altos na captação de recursos, uma vez que sua operação já não implica em

grandes riscos para o credor. O objetivo da empresa nesta fase é avaliar o desempenho de suas

unidades.

A fase de maturidade é atingida quando a empresa toma a decisão de colher o

resultado do que foi realizado nas duas fases anteriores. Nesta etapa não são mais necessários

investimentos significativos. Os objetivos financeiros estão vinculados à diminuição da

necessidade de capital giro.

Existem outras diferentes abordagens para o ciclo de vida de uma organização,

que apresentam divisões diversas para as etapas, porém quando necessário, para este trabalho,

a opção é usar a abordagem de ciclo de vida estabelecida por Kaplan & Norton (1997, p. 59).

27

Os objetivos em cada uma das fases apresentadas têm abordagens distintas, o

que fará com que os Scorecards tenham formatações diferentes, conforme a empresa em que

se fará a implantação. Para isso é necessário um entendimento muito claro da área financeira

da empresa.

Uma empresa que passe por um ciclo de mudanças muito aceleradas, com a

necessidade de constante inovação terá uma abordagem também diferente. Para Beuren (2000,

p. 118), uma empresa, na qual os produtos serão substituídos por um processo de inovação,

estará mais interessada no desenvolvimento de um novo produto, independentemente dos

benefícios que aufira atualmente. Assim, conforme o processo de inovação em que a empresa

esteja inserida, os riscos financeiros deverão ser contemplados.

De acordo com Kaplan & Norton (1997, p. 107), os temas financeiros se

restringem a três possibilidades: crescimento e composição das receitas; redução de

custos/melhoria da produtividade; e utilização dos ativos/estratégia de investimento.

Independentemente da linha adotada, o foco final é se existe uma melhora nos resultados

financeiros.

Os indicadores financeiros, constantes das primeiras análises de desempenho

empresarial, são por vezes criticados. Segundo Kaplan & Norton (1992, p. 63), alguns críticos

dizem que um resultado financeiro ruim é apenas a conseqüência de uma má implantação das

ações vinculadas aos fundamentos do negócio. Assim, para estes críticos, a empresa não deve

navegar sob a ótica de indicadores financeiros. O contraponto a esta crítica, apresentado pelos

autores, é que sistemas financeiros bem desenvolvidos fomentam a realização de programas

da qualidade. Como segunda defesa, comentam, fatos ligados a expectativas de bolsa de

valores, que, em uma média empresa brasileira de capital fechado, não se aplica.

28

Uma defesa à necessidade de indicadores financeiros, mesmo para empresas de

menor porte, como no caso brasileiro, onde não há uma difusão tão grande de companhias de

capital aberto, é que a melhoria operacional do funcionamento de uma empresa é uma

importante contribuição, especialmente em um ambiente de incertezas econômicas.

Independentemente da situação de planos econômicos, a empresa deve buscar caminhos que

mantenham sua saúde financeira.

Para Kaplan & Norton (1992, p. 72), o “BSC coloca no centro a estratégia, e

não os controles”. Ora, para indicadores financeiros, então o foco é o de buscar os itens da

sustentação financeira para os objetivos estratégicos estabelecidos para a organização.

Beuren (2000, p. 70) aponta que o primeiro passo para a implantação do BSC é

o estabelecimento de variáveis de objetivos financeiros críticos, justificando que a perspectiva

financeira “é essencial para resumir as conseqüências econômicas da implantação da

estratégia”. Assim, não só para os autores do BSC, a utilização de indicadores financeiros é

necessária.

Com a evolução dos sistemas de indicadores de desempenho a partir de

sistemas contábeis, chega a soar estranho imaginar um sistema, vinculado com a geração de

resultados, que não preveja o uso de indicadores financeiros. Torna-se natural inferir que os

indicadores financeiros são indispensáveis ao processo de avaliação de desempenho, até

porque o nome do jogo em empresas é o lucro financeiro. Por mais que este não seja o

objetivo maior de grande parte dos negócios, ele sempre será ao menos um dos objetivos,

afinal se trata de empresas com fins lucrativos.

Uma gestão financeira bem realizada deve prever não somente os lucros, mas

também os riscos envolvidos para sua obtenção. Para Kaplan & Norton (1997, p. 65), os

29

retornos sobre o investimento devem sempre ser equilibrados com os objetivos relacionados a

crescimento, lucratividade e fluxo de caixa.

Beuren (2000, p. 81) considera que os objetivos financeiros estabelecidos

podem estar conectados a outros tipos de indicadores de desempenho. Considera que medidas

de lucro operacional, EVA ou outros indicadores financeiros podem ser utilizados para

compor a perspectiva financeira. Para Beuren (2000, p. 94), a pergunta que deve ser

respondida pelo scorecard financeiro é “como nós vemos nossos acionistas?” Assim, em uma

empresa que não seja de capital aberto, a pergunta seria direcionada a seus sócios.

Em Kaplan & Norton (1992, p. 119), já existia a visão que o BSC pode ser

acompanhado de maneira sistemática e, até mesmo, diariamente. No texto, os autores

comparam com sistemas da qualidade, informando que a visão financeira pode ser atualizada

pelos indicadores a cada dia, assim como cartas de controle em um sistema de produção. A

melhoria contínua se aplica também aos indicadores financeiros, para os quais podem ser

aplicadas novas metas a cada período de tempo, para que as pessoas fiquem constantemente

motivadas a buscar melhorias.

Kaplan & Norton (1993, p. 51), ao definirem como implementar os objetivos

estratégicos, usando a perspectiva financeira, citam que os indicadores devem incluir

variáveis importantes para os acionistas. A incerteza sobre o desempenho deve também ser

prevista, uma vez que se faz necessário que os indicadores financeiros contemplem os riscos

envolvidos.

Uma análise financeira não garante que a estratégia selecionada seja a melhor.

Mesmo com um plano financeiro bem traçado, se os demais objetivos envolvidos na atividade

30

empresarial não forem bem atendidos, a área financeira certamente irá refletir problemas, mas

talvez seja tarde demais para tomar uma ação corretiva.

Para Kaplan & Norton (1997, p. 35), existem temas estratégicos voltados para

as idéias de crescimento, sustentação e colheita: crescimento e mix de receita; redução de

custo/melhoria da produtividade; e utilização dos ativos/estratégia de investimento.

Alguns exemplos de indicadores financeiros estão apresentados na figura 2,

onde há um cruzamento com os possíveis estágios da empresa.

Figura 2 – Medição dos temas financeiros estratégicos

TEMAS ESTRATÉGICOS

Aumento e mix de receita

Redução de custos/aumento de

produtividade

Utilização dos ativos

Cre

scim

ento

Aumento da taxa de vendas por segmento. Percentual de receita

gerada por novos produtos, serviços e

clientes.

Receita/funcionário Investimentos (percentual de vendas).

P&D (percentual de vendas).

Sust

enta

ção

Fatia de clientes e contas-alvo.

Vendas Cruzadas. Percentual de receita

gerada por novas aplicações.

Lucratividade por clientes e linhas de

produtos.

Custos versus custos dos concorrentes.

Taxas de redução de Custos.

Despesas indiretas (percentual de vendas).

Índices de capital de giro (ciclo de caixa a

caixa). Retorno sobre o capital

empregado por categoria chave do

ativo. Taxas de utilização dos

ativos.

Est

raté

gia

da U

nida

de d

e N

egóc

ios

Col

heita

Lucratividade por clientes e linhas de

produtos. Percentual de clientes

não lucrativos

Custos unitários (por unidade de produção,

por transação).

Retorno. Rendimento

Fonte: Kaplan & Norton (1997, p. 203)

31

Não é indispensável que a estratégia financeira seja obrigatoriamente

determinada para o longo prazo. Necessário é que os indicadores traduzam de uma maneira

relevante os aspectos convenientes à identificação do atendimento da estratégia em execução,

que pode ser até mesmo diária. A perspectiva financeira chega a ser uma evolução natural do

modelo contábil.

Conforme comentado, esta perspectiva deve estar presente em um BSC.

Contudo, somente esta visão não é suficiente para a tomada de decisão e acompanhamento da

execução da estratégia. A perspectiva de como os clientes estão se relacionando com a

empresa tem um peso grande em qualquer análise que objetive o acompanhamento da

estratégia.

2.2.2 Perspectiva dos clientes

Nesta perspectiva devem ser selecionados os clientes e mercados nos quais a

empresa deseja competir. A estratégia para os clientes da empresa deve ser traduzida em

indicadores que acompanhem a sua implantação.

Cumprir a necessidade do cliente é uma atividade essencial a qualquer

empresa. O BSC, sob este aspecto deve buscar indicadores que evidenciem os resultados

(positivos ou negativos) no atendimento desta expectativa, desde que se relacionem com a

estratégia estabelecida pela empresa para ir ao mercado.

Em seu primeiro artigo sobre o BSC, Kaplan & Norton (1992, p. 149) já

colocavam a pergunta essencial a esta perspectiva: “como os clientes nos vêem?”. Esta

pergunta é o ponto de partida para a análise por este ângulo. A observação da execução da

estratégia a partir do ponto de vista do cliente é uma abordagem que tem a possibilidade de

32

trazer resultados, uma vez que o cliente está quase sempre integrado às declarações de missão

da empresa.

Para Beuren (2000, p. 201), a perspectiva do cliente “identifica o cliente e

segmentos de mercado com os quais a empresa deseja competir”. Após estabelecer os

segmentos de atuação da empresa (estratégia), os gerentes devem definir os focos de medidas

para acompanhar a lealdade dos clientes destes segmentos.

Kaplan & Norton (1997, p. 135) citam que existem medidas que são essenciais

a esta perspectiva. Estas podem ser observadas na figura 3.

Figura 3 – A Perspectiva dos Clientes – medidas essenciais

Indicador Significado

Participação de mercado

Reflete a proporção de negócios num determinado mercado (em termos de clientes, valores gastos ou volume unitário vendido).

Captação de clientes

Mede, em termos absolutos ou relativos, a intensidade com que uma unidade de negócios atrai ou conquista novos clientes ou negócios.

Retenção de clientes

Controla, termos absolutos ou relativos, a intensidade com que uma unidade de negócios retém ou mantém relacionamentos contínuos com seus clientes.

Satisfação dos clientes

Mede o nível de satisfação dos clientes de acordo com critérios específicos de desempenho dentro de uma proposta de valor.

Lucratividade dos clientes

Mede o lucro líquido de cliente ou segmentos, depois de deduzidas as despesas específicas necessárias para sustentar esses clientes.

Fonte: adaptado de Kaplan & Norton (1997, p. 92).

A seleção de clientes e mercados por vezes é questionada, uma vez que nem

todos os clientes são bons. Esta visão não é compartilhada por Kaplan & Norton (1997, p. 88),

que afirmam que a abordagem nesta linha “corre o risco de não atender a ninguém”.

33

Para Porter (1989, p. 103), a empresa deve estabelecer um “valor para o

comprador ou diferenciação”. Ao estabelecer este valor, a empresa, com sua cadeia de valor,

pode criá-lo através da redução do custo do comprador ou elevando seu desempenho.

Por outro lado Ghemawat (2000, p. 99) aponta a idéia de que “a posição

competitiva precisa levar em conta custo relativo e diferenciação e reconhece a tensão entre

ambos”. Com esta visão, as forças estabelecidas por Porter não seriam mutuamente

excludentes. Uma empresa pode ter ambas as abordagens como estratégia de negócio.

A redução do custo estabelece um caminho que pode ser atingido pelo

concorrente, em função de ajustes em seus custos. A abordagem de aumento da diferenciação

é um encaminhamento que pode estabelecer um diferencial real, desde que seja reconhecido

como um valor por parte do cliente.

A respeito do posicionamento da empresa com relação aos seus diferenciais,

Kotler (1999, p. 63) se posiciona defendendo a idéia de desenvolver uma proposta de valor

para o produto, classificando a diferenciação em posicionamentos, que devem ser escolhidos

como um “único benefício principal”. Opina que os posicionamentos possíveis são a melhor

qualidade, o melhor desempenho, a maior confiabilidade, a maior durabilidade, a maior

segurança, a maior velocidade, o melhor valor pelo preço pago, o menor preço, o maior

prestígio, o melhor estilo ou projeto, a maior facilidade de uso ou a maior conveniência.

O BSC pode, por exemplo, encaminhar-se através da visão de Porter,

Ghemawat ou Kotler, para mensurar a consecução dos objetivos estratégicos determinados. A

busca de indicadores de desempenho que cumpram este papel em qualquer das visões é o

passo seguinte após a opção estratégica estabelecida.

34

Kaplan & Norton (1997, p. 77) ampliam também suas visões para a idéia da

proposição de valor, a exemplo dos outros autores citados. Classificam a proposição de valor

como sendo atributos dos produtos/serviços, relacionamento com os clientes e, por último,

imagem e reputação, conforme pode ser observado na Figura 4.

Figura 4 – Proposta de Valor para produtos e serviços

VALOR IMAGEM RELACIONAMENTO ATRIBUTOS DO PRODUTO/SERVIÇO

Funcionalidade Qualidade Preço Tempo

= + +

Fonte: adaptada de Kaplan & Norton (1997, p. 79).

Atributos de produtos e serviços se relacionam com preço, funcionalidade e

qualidade. Estes três aspectos posicionarão o produto com relação ao seu público alvo,

configurando parte do valor percebido pelo cliente.

O sentido de imagem é relacionado com a reputação do produto ou serviço,

indicando como o consumidor percebe a mesma.

A respeito do relacionamento com os clientes, esta dimensão refere-se à

entrega do produto ou execução do serviço. Incluem-se aqui percepções complementares ao

valor, como tempo de execução de um serviço ou conforto para realização da compra.

Nesta linha de proposição de valor, Kaplan & Norton (1997, p. 80)

recomendam que as medidas estejam ligadas a medidas estratégicas e medidas dos clientes.

As medidas estratégicas direcionam para os índices de falhas e o tempo de processamento de

solicitações. Com relação às medidas essenciais dos clientes, apontam como sendo a pesquisa

35

de opinião sobre o “cliente muito satisfeito”, participação de mercado, captação de novos

clientes e retenção de clientes.

2.2.3 Perspectiva dos processos internos da empresa

Nesta perspectiva são estabelecidos os objetivos e medidas que são mais

críticos para as perspectivas anteriormente citadas, financeira e do cliente. Kaplan & Norton

(1997, p. 99) estabelecem que “cada empresa usa um conjunto específico de processos a fim

de criar valor para os clientes e produzir resultados financeiros”. Acrescentam que o modelo

inclui três processos: inovação, operações e serviço pós-venda.

A abordagem estabelecida na inovação, conforme Becker (2001, p. 115),

constrói a visão da inovação como marco caracterizador do capitalismo. Assim, para uma

empresa construir valor, crescer e acumular mais capital precisará necessariamente do

desenvolvimento interno de inovações.

A inovação, através de invenções ou desenvolvimento de novos processos,

realizados pelas empresas, permitirá o ganho de diferenciais, caso haja interesse por parte do

mercado consumidor. Atitudes inovadoras proporcionarão a possibilidade de criação de

monopólios, para eventualmente fornecer, pelo menos por algum tempo, ganhos substanciais

em função da inovação estabelecida.

Vista a partir do aspecto econômico, a função inovadora ganha um aspecto

vital para seu estabelecimento nas empresas, pois esta função é que permitirá o crescimento

da empresa, ao desenvolver mudanças que em médio prazo afetará o relacionamento com o

cliente e em longo prazo trará maiores resultados financeiros. É necessário, contudo, que estes

36

diferenciais inovadores tragam benefícios, pois nem toda a inovação implica obrigatoriamente

na construção de resultados.

Mintzberg & Quinn (2001, p. 201) registram que, “em virtude de a organização

inovadora precisar reagir continuamente a um ambiente complexo e imprevisível, ela não

pode depender de uma estratégia deliberada”. Com esta visão, os autores aprofundam a idéia

de que o processo inovador pode surgir em diferentes partes da organização e não

necessariamente surgirá a partir do planejamento estratégico.

Grove (1997, p. 5), ex-presidente da Intel, uma empresa de alta tecnologia,

caracterizada por uma grande necessidade de constantes inovações, define como uma das

fontes de reconhecimento de mudanças estratégicas a necessidade de “Cassandras” estarem

espalhadas pela empresa. Em sua opinião as notícias e fontes de informações inovadoras ou

de impacto na organização devem fluir até a alta administração. O paralelo estabelecido com

“Cassandra” remete a sacerdotisa que previu a queda de Tróia.

A visão de Grove é amparada por Mintzberg & Quinn (2001, p. 89), quando

estabelecem que uma estratégia pode surgir espontaneamente na empresa, a partir de qualquer

unidade ou pessoa.

Fontes informais de mudança não são óbvias para serem mapeadas por um

BSC, apesar de serem relevantes nos ajustes da estratégia. Caso uma estratégia seja

estabelecida a partir de uma decisão oriunda de uma mudança determinada a partir de

objetivos detectados por uma “Cassandra”, então o BSC deve ser adequado para passar a

conter indicadores que contemplem as novas necessidades estabelecidas.

37

O processo de operação, estabelecido como o segundo passo na cadeia de valor

interna da perspectiva em estudo, segundo Kaplan & Norton (1997, p. 97), “representa a onda

curta de criação de valor nas empresas”. É onde é feita a preparação do que o cliente

necessita. Caso seja um produto, este será fabricado e entregue. Caso seja um serviço, este

será preparado e executado.

Operações, nas empresas, tendem a se repetir. A cada dia existe um novo ciclo

de operações, o que possibilita a aplicação constante de técnicas administrativas. Os processos

operacionais estão bastante bem amparados por sistemas estruturados, como o sistema da

qualidade, com suas normas ligadas a gestão da qualidade, como a série ISO 9001 (ABNT,

2000).

As medidas operacionais vêm sendo comentadas seguidamente ao longo dos

últimos anos, opinam Kaplan & Norton (1997, p. 98), por isso indicadores de desempenho

podem ser mais facilmente estabelecidos, mas é importante que seja levado em conta a

necessidade constante de serem estabelecidos desafios para que a estratégia seja alcançada.

Beuren (2000, p. 142) considera que existem diferenças fundamentais entre as

avaliações de desempenho tradicionais e as avaliações utilizando o BSC. As medidas

tradicionais buscam monitorar e melhorar o modelo existente, enquanto que a monitoração

através do BSC “identifica o novo processo que a organização tem que obter excelência, para

alcançar os objetivos de seu consumidor e, conseqüentemente, financeiros”.

O terceiro e último estágio da cadeia de valor interna é o serviço pós-venda,

que inclui todo o relacionamento feito com o cliente após a entrega do produto ou serviço. O

conjunto de serviços pós-venda é que determinará se o cliente se torna uma receita financeira

que se repetirá, em função de sua satisfação, ou não.

38

O serviço de pós-venda normalmente pode ser responsável pela área de

cobrança, verificação da satisfação do cliente. Aspectos vinculados com a logística reversa,

que envolva, por exemplo, o descarte de produtos químicos ou algum outro que gere impacto

ambiental também pode ser importante.

As três perspectivas evidenciadas requerem uma quarta para dar sustentação ao

conjunto, pois com a evolução das organizações o elemento humano tem se tornado o mais

importante do sistema-empresa, trazendo consigo a necessidade que os indicadores abranjam

também uma forma de monitorar o aprendizado e o crescimento organizacional.

2.2.4 Perspectiva do aprendizado e crescimento

Esta perspectiva do BSC diz respeito à implementação de medidas que

direcionem o funcionamento da infra-estrutura da empresa. Para Kaplan & Norton (1997, p.

133), o enfoque em empresas tem direcionamento para “capacidades dos funcionários;

capacidades dos sistemas de informação; e a motivação, empowerment e alinhamento”.

O aspecto de capacidade do funcionário, conforme Kaplan & Norton ( 1997, p.

132) , está ligado diretamente a cada indivíduo da organização.

Com a constante evolução das organizações, as empresas têm evoluído de uma

condição onde os operários eram pouco exigidos nos seus aspectos intelectuais, para uma

condição onde existe a necessidade, maior a cada dia, de pessoas gerirem informações. As

organizações estão transformando-se em empresas envoltas no negócio da informação.

Manipular informações exige dos membros das empresas um nível bom de conhecimento.

Complementarmente faz-se necessário que o trabalho em grupo seja bem realizado, uma vez

que grandes corporações se estendem por diversas regiões e em diferentes países.

39

Visões, como a “Quinta Disciplina”, onde a idéia de organizações que

aprendem, a partir de seus “indivíduos que aprendem” Senge (2000, p. 113), tem permitido

que as empresas implementem mudanças que são feitas através do chamado conhecimento

organizacional. Estas idéias devem ser desenvolvidas ao nível estratégico e monitoradas

através desta perspectiva do BSC.

Os funcionários das empresas precisam ter as técnicas e estar motivados a

realizar as suas tarefas. De outra forma, o trabalho poderá não vir a ser executado a contento.

Para tal, Kaplan & Norton (1997, p.135) elegem três grupos de medidas essenciais para este

aspecto: satisfação, retenção e produtividade dos funcionários.

A satisfação dos funcionários é considerada um vetor para as demais medidas e

esta é motivada a partir dos vetores de competência do quadro de funcionários, infra-estrutura

tecnológica e clima para a ação, conforme a Figura 5.

Figura 5 – Indicadores essenciais para a perspectiva do aprendizado e

crescimento.

Produtividade dos

Funcionários Retenção dos funcionários

Resultados

Satisfação dos funcionários

Competência do Quadro de

funcionários

Infra-estrutura tecnológica

Clima para ação

Vetores

Fonte: Kaplan & Norton (1997, p. 134)

40

Outro aspecto é que seja acompanhada a reciclagem dos funcionários, de

maneira a deixá-los atualizados com relação às atividades desempenhadas. A determinação de

eventuais necessidades de reciclagem surge a partir da identificação das competências dos

funcionários, da infra-estrutura tecnológica e da existência de clima para a ação. Após estes

indicadores, a reciclagem poderá ser realizada de maneira estratégica (quando uma parcela

significativa da força de trabalho precisa de um novo conhecimento estratégico), maciça

(quando a necessidade é de novas habilidades) ou a simples atualização de competências.

Uma abordagem complementar a este perfil é ter toda a gestão das pessoas

através do BSC. Esta visão é defendida por Becker, Huselid & Ulrich (2001), através do livro

“The HR scorecard: linking people, strategy, and performance”, traduzido para o português

como “Gestão estratégica de pessoas com o ‘scorecard’: interligando pessoas, estratégia e

performance”. O enfoque deste texto é que o RH tem uma grande importância na condução da

estratégia. Tanta importância, que toda uma visão estratégica é construída a partir da visão das

pessoas pertencentes à organização.

O enfoque defendido pelos autores é que a perspectiva de aprendizado e

crescimento seja a base para a construção das demais perspectivas, até se chegar aos objetivos

financeiros almejados para o negócio, conectando o RH com a criação de valor, quando, por

exemplo, o desempenho da relação de faturamento por empregado seja incrementado.

Esta perspectiva é base de sustentação de toda a organização. As pessoas são

esta base. Pessoas bem treinadas, motivadas e com informações disponíveis tem todas as

possibilidades de dar partida a todo o processo de crescimento da empresa, através das outras

três perspectivas do BSC.

41

2.3 O formato de implementação do BSC

Até aqui foi estabelecido o que são e para que servem indicadores de

desempenho, bem como a forma com que o BSC implementa estes indicadores. A pergunta

que deve ser respondida a partir de agora é a maneira pela qual os indicadores passam a ser

determinados com o BSC. Quais são e como conectar indicadores a estratégia da empresa?

Beuren (2000, p. 49) considera que o “gerenciamento da informação é,

atualmente, tanto do ponto de vista acadêmico como de suas aplicações no mundo dos

negócios, um assunto da maior relevância”. Em sua visão, sob o aspecto econômico, a função

da informação é um dos responsáveis pelo sucesso de organizações. Fazer a informação

estratégica fluir até os níveis operacionais é o papel do BSC. Conectar a informação da

decisão estratégica através dos pontos de vista estabelecidos com o BSC permitirá uma forma

efetiva de conduzir a gestão do negócio.

Uma preocupação necessária, conforme Kaplan & Norton (1997, p. 144), é

que, mesmo com boas formas de mensurar as necessidades de cada perspectiva, as medidas

estabelecidas precisam estar conectadas às outras perspectivas, para que seja possível

estabelecer um direcionamento estratégico, sem sobrecarregar um ponto de vista. Um

exemplo disso é quando se tem uma alta demanda por entrega em um prazo pequeno, como

quando se usa o just-in-time, e os responsáveis pela entrega formam altos estoques para

atender a esta necessidade que pode estar estabelecida em uma medida de desempenho.

Os indicadores de cada perspectiva podem ser diversos. O que determinará os

mais adequados é a necessidade do negócio. Assim, desenvolve-se o formato da mensuração

do desempenho, através dos indicadores balanceados.

42

Kaplan & Norton (1997, p. 144) sugerem um formato de implementação do

BSC. A implementação, para seus mentores, pode ser realizada através de dez tarefas, a seguir

descritas.

2.3.1 Seleção da unidade organizacional adequada

Levando-se em conta uma grande organização, como multinacionais, os

autores indicam que o trabalho com o BSC deve ser realizado a partir de unidades de negócio,

iniciando o trabalho nos níveis mais baixos da estrutura.

Por outro lado, utilizar o BSC em níveis como departamentos, pode ter um

alcance demasiadamente restrito, em função dos resultados que podem vir a ser obtidos

ampliando-se a visão de uso da ferramenta. “A questão a ser respondida é se uma unidade

estabelecida possui uma estratégia a ser desenvolvida para realizar a sua missão”. Kaplan &

Norton (1997, p. 146). Neste caso a unidade é uma candidata adequada ao BSC.

2.3.2 Identificar as relações entre a unidade de negócio e a corporação

Realizada a definição e seleção da unidade, o responsável pelo

desenvolvimento do BSC deve realizar entrevistas com os principais executivos para conhecer

os objetivos financeiros, os tema corporativos e as relações com outras unidades.

Esta tarefa é de muita importância em grandes corporações, em razão de se

estabelecer às interdependências da unidade de negócio com o resto da corporação, evitando-

se que sejam criados objetivos que ajudem a unidade, mas prejudiquem o resultado de outra

unidade de negócio ou da corporação.

43

2.3.3 Realizar a primeira série de entrevistas

Esta tarefa é realizada através de um material básico a respeito do BSC,

agregando a ele documentos internos a respeito da visão, missão e a estratégia da empresa e

da unidade de negócios. Usualmente é fornecido a um grupo de seis a doze executivos.

Após os executivos terem feito um estudo a respeito do material, o responsável

pelo desenvolvimento do BSC realiza entrevistas com a duração aproximada de 90 minutos

cada.

As entrevistas podem ser conduzidas com o auxílio de formulários pré-

definidos e de uma equipe com até três pessoas. Dentre os objetivos da entrevista, estão

inclusos a comunicação do conceito do BSC aos entrevistados, obtenção de informações sobre

as estratégias da unidade, tradução das estratégias em medidas de desempenho e identificação

de possíveis conflitos internos com relação aos diferentes pontos de vista ligados aos

objetivos corporativos e da unidade.

2.3.4 Sessão de síntese

Após a realização das entrevistas, a equipe do projeto se reúne para “discutir as

respostas obtidas nas entrevistas, destacar questões importantes e preparar uma relação

preliminar de objetivos e medidas que servirão de base para a primeira reunião com a equipe

da alta administração” Kaplan & Norton, (1997, p. 149).

Ao final desta sessão, já deve ser estabelecida uma lista dos objetivos das

quatro perspectivas. A equipe procurará identificar se os objetivos das quatro perspectivas

estão integrados em relações de causa e efeito. O resultado desta tarefa será utilizado no

workshop que se segue.

44

2.3.5 Workshop executivo: primeira etapa

Identificados os objetivos estratégicos, realiza-se um workshop executivo, com

a participação da alta administração. O resultado esperado é um consenso entre os

participantes sobre os objetivos, indicadores, ações e relações entre essas informações e o

planejamento estratégico definido.

A obtenção dos resultados deve ser feita em cada perspectiva, de forma

seqüencial, começando pela que representa o efeito principal do foco da organização e,

depois, numa relação de causa e efeito, as demais perspectivas que dão sustentação à primeira.

Após a apresentação dessas perspectivas, busca-se priorizar os principais

objetivos e medidas em três a quatro objetivos por perspectiva. Passada esta etapa, inicia-se a

escolha e elaboração dos indicadores.

2.3.5.1 Reuniões dos subgrupos

Kaplan & Norton (1997, p. 151) explicitam que nesta etapa devem ser

formados alguns subgrupos que terão quatro objetivos: refinar as descrições dos objetivos

estratégicos definidos no workshop executivo; identificar o indicador ou indicadores que

melhor se relacionam com os objetivos a serem atingidos; para cada indicador, identificar as

fontes de informações para a estruturação do plano; e identificar as relações de causa e efeito

mutuamente entre cada perspectiva e seus indicadores.

O principal objetivo dessa etapa é a identificação de indicadores que melhor

comuniquem o significado da estratégia. Das perspectivas que compõem o modelo básico, a

das finanças, dos clientes e de aprendizado e crescimento, possuem indicadores genéricos, que

45

podem ser utilizados por qualquer tipo de organização, porém, na opinião de Kaplan &

Norton (1997, p. 152), são essenciais. Esses indicadores essenciais são:

a) Perspectiva financeira: retorno sobre o investimento e valor econômico

agregado; lucratividade; aumento / mix de receita; e produtividade da redução de custos.

b) Perspectiva dos clientes: participação de mercado; aquisição de clientes;

retenção de clientes; lucratividade dos clientes; satisfação dos clientes.

c) Perspectiva do aprendizado e crescimento: satisfação dos funcionários;

retenção dos funcionários; lucratividade por funcionário.

Kaplan & Norton (1997, p. 152) ressaltam que, ao final do trabalho, cada

subgrupo deve ter: uma lista de objetivos para cada perspectiva; os indicadores

correspondentes para cada objetivo; a identificação de como esses indicadores serão

quantificados; e uma ilustração da relação de causa e efeito entre esses indicadores e

perspectiva.

2.3.5.2 Desenvolver o plano de implementação

O plano de implementação é realizado, em geral, por uma equipe contendo o

líder de cada subgrupo. Neste momento são sugeridas as metas de superação e de

desenvolvimento do BSC. Os dados disponíveis nos sistemas de informação ou o

desenvolvimento de rotinas de coleta de dados são analisados neste momento.

Ao final desta tarefa, deve estar previsto um formato de coleta e de

demonstração das informações sintetizadas no BSC para que todos da organização tenham

46

acesso aos indicadores de desempenho selecionados para conduzir a operacionalização da

estratégia através do uso do scorecard.

2.3.6 Workshop executivo: segunda etapa

Com os resultados da tarefa anterior, é possível iniciar o segundo workshop

executivo, que terá como principal objetivo consolidar todas as informações para a

implementação do plano estratégico.

Este é o momento em que são apresentados todos os objetivos, indicadores e

vetores de desempenho por perspectiva, permitindo, dessa forma, um debate a respeito da

possibilidade da realização da visão estratégica e das estratégias estabelecidas.

Kaplan & Norton (1997, p. 154) indicam que a apresentação dessas

informações deverá ser feita pelos executivos que compõem cada subgrupo, para que se

estabeleça comprometimento com a proposta a ser aprovada.

2.3.7 Workshop executivo: terceira etapa

Na terceira etapa do workshop tem-se o objetivo de chegar à definição final das

metas e indicadores determinados nos dois outros workshops, bem como validar as metas da

equipe de implementação.

Ao final, a equipe deverá obter um acordo a respeito de como realizar a

implementação, que para Kaplan & Norton (1997, p. 154) deve incluir a comunicação do BSC

aos funcionários, integração com a filosofia gerencial e o desenvolvimento de um sistema de

informações que o sustente.

47

2.3.8 Finalizar o plano de implementação

A última etapa consiste do plano de implementação. Para que o BSC possa

trazer benefícios para a empresa, deve ser integrado ao sistema de gerência. Kaplan & Norton

(1997, p. 155) sugerem que um prazo típico de introdução da ferramenta é de 16 semanas e

seu acompanhamento deve ser realizado a cada 60 dias.

Até aqui foi realizado o estabelecimento de um aparato teórico para a

construção de indicadores de desempenho e definição do BSC. A partir de agora se faz

necessário observar o BSC como uma ferramenta que se integra à gestão da empresa,

alicerçando um sistema de avaliação de desempenho.

48

CAPÍTULO 3

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo será utilizada a metodologia do estudo de caso, associada à

pesquisa exploratória empregada na abordagem e solução do problema em questão, ou seja,

foram utilizadas também a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental para explicitar e

analisar as Empresas Públicas e o Balanced Scorecard desenvolvendo subsídios necessários

para a identificação e análise das barreiras de implantação do Balanced Scorecard. O processo

de identificação e explicitação das barreiras organizacionais foi viabilizado pela aplicação de

questionário. Participaram da aplicação do questionário e fizeram parte da amostra:

assessores, profissionais de nível médio, técnicos de nível superior, Gerentes e Diretores.

Os conjuntos de proposições formulados cobriram as áreas de análise de

obtenção de resultados, recursos e despesas, produtividade, planejamento empresarial,

controle, coordenação, avaliação de desempenho e crítica, conflitos, criatividade.

Ao final são apresentados os resultados sobre barreiras de implantação do

Balanced Scorecard na MC - Indústria Gráfica.

3.1 ELABORAÇÃO DO FORMULÁRIO

O formulário definitivo foi composto da seguinte forma: uma capa de rosto

com espaço para identificação do respondente; uma página onde é apresentada uma breve

exposição do assunto objeto de estudo; formulário contendo 53 questões fechadas versando

sobre os seguintes temas: Obtenção de Resultado; Recursos e Despesas; Produtividade do

49

Pessoal; Planejamento Empresarial; Controle; Coordenação; Avaliação de Desempenho e

Crítica; Conflitos; Criatividade e Poder Político, com 53 propostas fechadas. Cada questão

admitia 5 (cinco) opções de respostas na forma abaixo descrita:

5-Concordo Totalmente; 4-Concordo Parcialmente; 3-Indiferente; 2-Discordo

Parcialmente; 1-Discordo Totalmente.

3.2 AMOSTRA DA PESQUISA

A amostra empregada nesta Dissertação constitui de: 05 Diretores, 05 Gerentes

de Departamento, 05 Coordenadores de Divisões 05 Técnicos de Nível Superior; 04

Profissionais de Nível Médio e 01 Assessor. Foram selecionados 25 (vinte e cinco)

integrantes do corpo de empregados que são grandes conhecedores da história e realidade

atual da MC - Indústria Gráfica.

3.3 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Após a coleta dos dados passou-se ao seu tratamento, com definição de

critérios metodológicos para tabulação e posterior análise. A metodologia adotada foi:

substituição dos nomes dos entrevistados por números, com vistas a cumprir o compromisso

de preservar o anonimato; tabulação dos dados coletados de forma a oferecer visão ampla e

geral, análise global e parcial dos dados relacionando-os ao enunciado e ao escopo do

problema, qual seja: conhecer características da empresa que geram barreiras à implantação

do Balanced Scorecard na mesma.

Nesse sentido, o problema desta Pesquisa consistiu em identificar e analisar as

barreiras de implantação do Balanced Scorecard na MC - Indústria Gráfica.

50

3.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

No que diz respeito às limitações do questionário, podem ser listadas dentre

outras:

• as fundamentações teóricas do processo podem não ser bem entendidas;

• exige alto grau de interesse do participante;

• não se mostra aconselhável quando houver limitação do tempo de

avaliação para a agregação do julgamento de opinião dos participantes;

• pode ocorrer tanto a seleção de amostra de respondentes como o

tratamento de resultados estatisticamente não aceitáveis.

Vale ressaltar que as críticas que têm recaído sobre a aplicação do questionário

e escolha da amostra são formuladas, em sua maioria, por cientistas sociais, as quais não têm

sido acompanhadas de propostas alternativas satisfatórias. Por especialista deve-se entender

aquele indivíduo que por se dedicar com maior profundidade a um determinado assunto e

tendo assim conhecimentos mais amplos de questões teóricas e práticas pertinentes, possui

uma capacidade de julgamento mais desenvolvida para avaliar os eventos que são objetos de

atenção. Suas previsões apresentam, quase sempre, maior fidedignidade do que as feitas por

não-especialistas. Embora a escolha dos especialistas se baseie em critérios subjetivos, é

possível escolher em uma organização alguns especialistas com conhecimento reconhecido

sobre assuntos de interesse da empresa, e que estejam familiarizados com o trabalho,

objetivos e atividades da organização, conhecido como amostra intencional. É importante que

o grupo participante seja representativo para expressar as idéias e desejos da cúpula dirigente

51

da organização. É importante que exista, por parte dos participantes, interesse em colaborar

com o estudo.

Na aplicação do questionário podem ser definidas as seguintes etapas: o

número de questões, os tipos de questões, as escalas, e a análise dos dados possa variar em

função do tipo de aplicação e da situação real em que ela se verifica: 1-definição da área a ser

investigada e dos eventos associados; 2-seleção dos especialistas participantes; 3-definição de

ponderações e de escalas; 4-elaboração e teste do questionário; 5-aplicação do questionário;

6-processamento dos dados com o cálculo dos indicadores.

Com base nesses fundamentos, pode-se dizer que é possível a aplicação do

questionário para o estudo das barreiras organizacionais de implantação do Balanced

Scorecard, além de que todos os participantes da pesquisa detenham não só poder formal,

como também o conhecimento técnico necessário, que é de enorme valia no processo de

tomada de decisão.

52

CAPÍTULO 4

RESULTADO DA PESQUISA

4.1 OBTENÇÃO DE RESULTADOS

Os resultados das questões 01, 02 e 03, demonstrados no gráfico 01 e na tabela

01, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da análise.

Questões:

01. As ações empreendidas na solução dos principais problemas são tomadas

visando principalmente o cumprimento dos objetivos da empresa.

02. Os problemas somente se resolvem quando já é impossível continuar a

adiá-los e quando já se perdeu a esperança de que o passar do tempo venha solucioná-los.

03. Ao se tratar os principais problemas surgidos recusam-se sugestões que não

venham ao encontro dos usos e costumes estabelecidos na organização, recusam-se aquelas

soluções que não estejam de acordo com as tradições e normas em vigor na empresa.

Tabela 1 - Opinião dos funcionários nas questões 01,02 e 03.

Opinião dos funcionários Q1 Q2 Q3 Concordo Totalmente 16% 20% 28% Concordo Parcialmente 40% 20% 40% Indiferente 16% 12% 24% Discordo parcialmente 24% 36% 4% Discordo Totalmente 4% 12% 4%

53

Gráfico 1 - Opinião dos funcionários nas questões 01,02 e 03.

16%

40%

16%

24%

4%

20% 20%

12%

36%

12%

28%

40%

24%

4% 4%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

DiscordoTotalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q1Q2Q3

4.1.1 ANÁLISE – OBTENÇÃO DE RESULTADOS

As ações desenvolvidas na solução dos problemas visam principalmente o

cumprimento dos objetivos da empresa. Todos os empregados são sabedores de que os

problemas da MC - Indústria Gráfica são resolvidos pela Diretoria, sem consulta prévia aos

gerentes e técnicos envolvidos nos assuntos em pauta. Os eventuais problemas e obstáculos

são tratados de imediato e buscam-se sempre os objetivos organizacionais, ou seja, busca-se o

cumprimento das metas estabelecidas no Planejamento Empresarial, mas oblitera-se sempre a

participação dos verdadeiros envolvidos nos problemas.

Geralmente a empresa não deixa os problemas se avolumarem e trata-os na

medida do possível com certa agilidade. Para esse fim, criam-se muitas vezes grupos de

trabalhos e comissões, visando à solução dos problemas, mas freqüentemente algumas áreas

da organização criam os artifícios dos grupos de trabalho, das reuniões inúteis ou seminários

que não chegam a nenhuma solução dos problemas. O marcante nepotismo e corporativismo

de vários grupos, principalmente quando o governo permitia antes da constituição de 1988 o

54

ingresso no serviço público sem o respectivo concurso, proliferou na empresa a nomeação de

filhos, esposas, sobrinhos, amigos e com certeza esse tipo de procedimento prejudicou muito

a gestão eficaz. Como conseqüência impediu a mudança à inovação e às soluções mais

rápidas dos problemas que afetam a empresa. No entanto, se as novas propostas vindas de fora

dos grupos forem ao encontro dos interesses ou usos e costumes do grupo dominante elas

poderão ser aceitas. Explica-se por ser um grupo gerencial formado de pessoas que tiveram

pouca ou nenhuma experiência em outras organizações, com uma visão muito focal,

monocromática da gestão de uma moderna empresa. Geralmente os gerentes atuam de uma

forma muito conservadora de acordo com a tradição, o que muitas vezes é maneira menos

adequada para a solução dos problemas. A questão a ser levantada está no fato de que as

incongruências e disfunções organizacionais surgem em função de a má gestão não ser

devidamente mensurada. O que importa nesta análise é mostrar o desvirtuamento que

apresenta uma visão dessas incongruências. Pode-se destacar como efeito acumulado dessa

incompetência, a fragilidade e desmotivação dos quadros técnicos, perda de agilidade e

capacidade de decisão, descontinuidade dos programas de trabalho, perda de objetividade e

comprometimento com as metas do planejamento.

A busca de eficiência e eficácia da gestão empresarial exige o desenvolvimento

de grupos de empregados de alto desempenho. Levando-se em consideração que na MC -

Indústria Gráfica aproximadamente 80% dos empregados são orgânicos e os outros 20% são

terceirizados. Faz-se necessária a criação de uma equipe de responsabilidade compartilhada.

Uma equipe de responsabilidade compartilhada com membros orgânicos e terceirizados, não

só tem probabilidade de conseguir maior coordenação e resultados, mas também de utilizar

todos os recursos dos seus membros. Numa equipe inteiramente envolvida e comprometida,

as forças individuais são reconhecidas e apoiadas, em vez de serem consideradas ameaças. Os

55

membros podem aceitar o auxílio uns dos outros, sem medo de parecer fracos ou dependentes.

Os esforços de cada pessoa estão à disposição da equipe, não só para se obter resposta ou

aprimorar o desempenho profissional, mas principalmente para obter resultados mais

satisfatórios e esperados para a MC - Indústria Gráfica.

4.2 RECURSOS E DESPESAS

Os resultados das questões 04, 05, 06 e 07, demonstrados no gráfico 02 e na

tabela 02, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da análise.

Questões:

04. O pessoal é constantemente pressionado para que, no seu trabalho, dê

absoluta prioridade aos recursos e às despesas da empresa.

05. Há pouco conhecimento objetivo, por parte do pessoal envolvido, sobre

problemas relativos a recursos e despesas da empresa, pessoal envolvido diretamente por isso

não recebe informações sobre tais aspectos.

06. As preocupações com um bom relacionamento humano prevalecem sobre

as considerações referentes a recursos e aplicações financeiras da organização.

07. O pessoal da empresa está consciente de que sua atuação afeta os resultados

e as despesas da empresa e, por esse conhecimento, é motivado para redução dos custos e a

elevação dos resultados.

56

Tabela 2 - Opinião dos funcionários nas questões 04, 05, 06 e 07.

Opinião dos funcionários Q4 Q5 Q6 Q7

Concordo Totalmente 32% 40% 0% 8%Concordo Parcialmente 28% 28% 16% 24%Indiferente 12% 8% 4% 12%Discordo parcialmente 24% 12% 28% 32%Discordo Totalmente 4% 12% 52% 24%

Gráfico 2 - Opinião dos funcionários nas questões 04, 05, 06 e 07.

32%28%

12%

24%

4%

40%

28%

8%12% 12%

0%

16%

4%

28%

52%

8%

24%

12%

32%

24%

Concordo Totalmente Concordo Parcialmente Indiferente Discordo parcialmente Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q4Q5Q6Q7

4.2.1 ANÁLISE – RECURSOS E DESPESAS

O grupo de empregados é constantemente pressionado para que, no seu

trabalho, dê absoluta prioridade aos recursos e às despesas da empresa.

Sabe-se, salvo raras exceções, que existe entre os Diretores e Gerentes de

Primeiro Nível a preocupação para que o empregado dê prioridade aos recursos e às despesas

da empresa. Existe uma grande preocupação do corpo gerencial para acabar com a cultura do

57

desperdício praticado em algumas empresas públicas, esse tipo de gestão começa agora a

tomar forma na MC - Indústria Gráfica.

Sabendo-se da importância da conduta gerencial para alterar esse quadro que

compromete os resultados da MC - Indústria Gráfica, todos estão imbuídos nos objetivos,

metas e programas em andamento na empresa e existe uma grande preocupação com os gastos

desnecessários dentro da empresa.

Há pouco conhecimento objetivo, por parte do pessoal envolvido, sobre

problemas relativos a recursos e despesas da empresa; o pessoal envolvido diretamente não

recebe informações sobre tais aspectos. Há quase consenso entre todos os empregados de que

não há compartilhamento de informações entre os gerentes e técnicos, apenas uma seleta

minoria de empregados tem o privilégio de receber informações sobre problemas que estão

afetando a organização relativa a recursos e despesas da empresa.

As preocupações com um bom relacionamento humano prevalecem sobre

considerações referentes a recursos e aplicações financeiras da organização. Apesar dos

respondentes não concordarem totalmente com a proposição, sabe-se que o forte

corporativismo, nepotismo, laços de amizades e outros detalhes mais, revelam que os

relacionamentos humanos prevalecem na maioria das vezes em detrimento aos recursos da

empresa. O pessoal da empresa não está totalmente consciente de que sua atuação afeta os

resultados e as despesas da empresa e, por isso não é motivado para redução dos custos e a

elevação dos resultados. Percebe-se em certos momentos que há um total desconhecimento

entre os empregados com relação à missão, visão, comércio e objetivos organizacionais.

Recentemente a nova direção se apercebeu dessa situação e começou a realizar reuniões

informativas com os empregados e gerentes com objetivo de disseminar essas informações

58

para todos. Nesses seminários e reuniões são feitas exposições sobre a situação atual da

empresa, mas os empregados não parecem estar suficientemente interessados e engajados no

processo de mudança exigido pela Presidência.

4.3 PRODUTIVIDADE

Os resultados das questões 08, 09, 10, 11, 12 e 13, demonstrados no gráfico 03

e na tabela 03, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

08. A empresa dispõe dos recursos financeiros suficientes para cumprir todos

seus compromissos (pagamento de pessoal, fornecedores) e ainda sobra recurso para

investimento.

09. As decisões sobre os recursos humanos da organização são tomadas

pensando-se no potencial humano para o futuro. Leva-se em conta, também, as necessidades

de produção imediata. O pessoal existente parece ser suficiente para se obter essa produção,

mas é preciso exercer em algumas situações certa pressão sobre o pessoal para consegui-la.

10. Procura-se obter o máximo de eficácia e produtividade no trabalho. O

pessoal que não demonstra competência e não consegue atingir os padrões de desempenho

estabelecidos geralmente permanecem na empresa.

11. Geralmente se permite que o pessoal determine por si mesmo o que

considera padrões satisfatórios de produtividade e trabalhe segundo tais padrões.

59

12. Considera-se que o pessoal da organização tem o direito de sentir-se seguro

e satisfeito no trabalho. Conserva-se, na organização, mesmo aquele empregado que se

revelou ineficiente e improdutivo, na tentativa de elevar seu moral e melhorar sua

produtividade.

13. Existem recursos humanos suficientes para realizar o trabalho dentro dos

padrões aceitáveis, sem a necessidade de exercer pressão.

Tabela 3 - Opinião dos funcionários nas questões 08, 09, 10, 11, 12 e 13.

Opinião dos funcionários Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13

Concordo Totalmente 80% 0% 16% 4% 12% 12%Concordo Parcialmente 12% 32% 64% 28% 52% 40%Indiferente 8% 12% 12% 20% 12% 8%Discordo parcialmente 0% 52% 8% 24% 16% 28%Discordo Totalmente 0% 4% 0% 20% 8% 12%

Gráfico 3 - Opinião dos funcionários nas questões 08, 09, 10, 11, 12 e 13.

80%

12%8%

0% 0%0%

32%

12%

52%

4%

16%

64%

12%8%

0%4%

28%20% 24% 20%

12%

52%

12% 16%8%

12%

40%

8%

28%

12%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q8 Q9 Q10 Q11 Q12 Q13

60

4.3.1 ANÁLISE - PRODUTIVIDADE

A empresa dispõe dos recursos financeiros suficientes para cumprir todos seus

compromissos, pagamento de pessoal, fornecedores e ainda restam recursos para

investimentos na expansão do sistema produtivo. Sabe-se que a MC - Indústria Gráfica

sempre gozou de boa a regular saúde econômico-financeira desde o início de sua criação. A

empresa sempre honrou seus compromissos financeiros com seus fornecedores, algumas

vezes com a ajuda de recursos do Governo Federal.

As decisões sobre os recursos humanos da organização são tomadas pensando-

se no potencial humano para o futuro. Levam-se em conta, também, as necessidades de

produção imediata. O material humano parece ser suficiente para se obter essa produção, mas

é preciso exercer, em algumas situações certa pressão para consegui-la. Sabe-se que a MC -

Indústria Gráfica vem trabalhando há algum tempo, através do Departamento de Recursos

Humanos, o desenvolvimento de empregados e o desenvolvimento gerencial, ainda que com

programas muitas vezes não alinhados à estratégia, como preconiza o Balanced Scorecard. A

MC - Indústria Gráfica tem preparado, atualmente, gerentes e técnicos para enfrentar os novos

desafios que se desenham em que a qualidade, a produtividade e a competitividade irão

predominar. Atualmente o quadro de pessoal está bem um tanto quanto super dimensionado,

uma vez que a empresa não tem por cultura demitir, mesmo quando o empregado se mostra

incompetente, ratificando sua cultura paternalista, porém estão sendo buscadas parcerias com

universidades, como Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal Fluminense visando a

capacitação e qualificação dos empregados.

Procura-se obter o máximo de eficácia e produtividade no trabalho. O pessoal

que se revela incompetente e não consegue atingir os padrões de desempenho estabelecidos

61

geralmente permanecem na empresa. A MC - Indústria Gráfica implantou no ano de 2001 um

sistema de avaliação perverso em que se percebeu o amadorismo da equipe responsável pelo

processo de avaliação, criando uma sistemática que não existe no mercado, gerando

insatisfação entre os avaliados e avaliadores. Foi como não ter nenhum instrumento de uso

corrente pelos gerentes para avaliar a eficácia e a produtividade no trabalho.

Mesmo a tradicional Avaliação e Análise de Desempenho que no passado

recente da MC - Indústria Gráfica avaliava quem era um bom “bajulador”, talvez teria tido

melhor aplicação do que o modelo amador aplicado. Então a eficácia e produtividade “são

medidas” pelos gerentes que possuem critérios próprios de avaliação. Quanto aos empregados

e gerentes com baixo nível de eficácia e produtividade geralmente permanecem na empresa

até mesmo nas suas próprias áreas ou são remanejados para outros departamentos, muitas

vezes sem nenhuma afinidade profissional. Cabe ressaltar que gerentes mal qualificados, que

não possuem perfil gerencial se mantêm no cargo por articulação política e outros artifícios.

Com exceção da área de produção, que possui metas e padrões rígidos a serem

alcançados, geralmente se permite que o pessoal determine por si mesmo o que considera

padrões satisfatórios de produtividade e trabalhe segundo tais padrões. Sabe-se que não existe

um método ou padrão estabelecido pelas gerências para mensurar o trabalho e projetos

realizados. Naturalmente, dependendo do perfil do gerente, ele estabelece os padrões de forma

empírica que julga satisfatórios para mensurar o trabalho e em alguns casos o próprio técnico

estabelece os seus padrões dentro de sua visão, vivência e experiência.

Considera-se que o pessoal da organização tem o direito de sentir-se seguro e

satisfeito. Conserva-se, na organização, mesmo aquele empregado que se revelou ineficiente e

improdutivo, na tentativa de elevar seu moral e melhorar a sua produtividade. Infelizmente

62

mesmo tendo se revelado ineficiente, negligente, improdutivo o empregado e gerente

permanecem na empresa, muitas vezes em áreas compatíveis com a sua formação

profissional.

Não existe um caminho indicando o procedimento a ser tomado nestas

situações e não se conhece nenhuma recomendação do Departamento de recursos humanos

sobre o tema, aliás, na própria área citada esse processo acontece há vários anos.

Para a área de produção, existem recursos humanos suficientes para realizar o

trabalho dentro dos padrões aceitáveis, sem a necessidade de exercer qualquer pressão.

Sabe-se que o quadro de pessoal da MC - Indústria Gráfica é suficiente para

atender as suas demandas da sua área de atuação.

O motivo pelo qual os níveis de produção, produtividade são baixos em

algumas áreas da MC - Indústria Gráfica ocorre porque os gerentes, em sua maioria, não

conseguem estabelecer níveis de melhoria suficientemente elevados, de forma a propiciar

resultados realmente satisfatórios. Eles falham nesses pontos porque a imposição de fortes

exigências, em busca de resultados efetivos, compreende riscos e ameaças aos subordinados e

a si mesmos. Além disso, poucos são os gerentes que possuem a necessária capacidade

técnica e interpessoal para exercer seu papel de líder ou que se sentem compelidos a

estabelecer níveis de melhoria de maneira a provocar resultados concretos.

4.4 PLANEJAMENTO

Os resultados das questões 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23 e 24,

demonstrados no gráfico 04 e na tabela 04, serão comentados em conjunto para melhor

interpretação e compreensão da análise.

63

Questões:

14. Os planos são feitos principalmente a curto prazo e se baseiam quase

sempre no desempenho passado. Prognósticos futuros são levados em consideração no

planejamento.

15. Os planos são aprovados na cúpula da empresa, não se levando em conta as

opiniões e sugestões eventualmente feitas pelas pessoas “de baixo” diretamente afetadas por

tais planos.

16. O planejamento é feito procurando-se fazer com que eventuais divergências

entre os indivíduos/áreas sejam contornadas e não venham ocasionar conflitos.

17. Não existe um efetivo planejamento do trabalho; as ações empreendidas se

baseiam na necessidade urgente de resolver determinados problemas.

18. O planejamento se faz com base na análise racional dos problemas e das

situações existentes e previstas no futuro. Os objetivos e metas e os programas de trabalho são

suficientemente flexíveis para permitir a incorporação de sugestões e opiniões das

pessoas/áreas afetadas. Dá-se importância às contribuições individuais no planejamento.

19. A ação de planejamento da empresa é tipicamente voltada para corrigir

deficiências passadas e manter as condições atuais.

20. A ação de planejamento da empresa é voltada, principalmente, para

responder à exigências de última hora e consegue atingir parcialmente algumas metas mais

arrojadas.

64

21. O planejamento da empresa é eficiente. Seu desempenho é tipicamente

reativo, porém define e cumpre a maioria de seus programas, inclusive alguns preventivos e

de longo prazo.

22. A ação de planejamento é em grande parte preventiva e voltada para metas

arrojadas de médio e longo prazo. Cumpre todas ou a grande maioria dos programas conforme

os padrões definidos.

23. A empresa tem planejamento estratégico eficaz.

24. A empresa tem planejamento operacional eficaz.

Tabela 4 - Opinião dos funcionários nas 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23

e 24.

Opinião dos funcionários Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24

Concordo Totalmente 12% 16% 16% 16% 12% 16% 12% 8% 8% 8% 12%Concordo Parcialmente 36% 8% 8% 64% 28% 52% 32% 20% 36% 28% 52%Indiferente 28% 24% 8% 4% 20% 16% 16% 12% 16% 24% 12%Discordo parcialmente 12% 4% 32% 8% 16% 12% 24% 44% 28% 24% 16%Discordo Totalmente 12% 0% 36% 8% 24% 4% 12% 16% 12% 16% 8%

65

Gráfico 4 - Opinião dos funcionários nas 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22,

23 e 24.

12%

36%

28%

12% 12%16%

8%

24%

4%0%

16%

8% 8%

32%36%

16%

64%

4%8% 8%

12%

28%

20%16%

24%

16%

52%

16%12%

4%

12%

32%

16%

24%

12%8%

20%

12%

44%

16%

8%

36%

16%

28%

12%8%

28%24% 24%

16%12%

52%

12%16%

8%

Concordo Totalmente ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q14 Q15 Q16 Q17 Q18 Q19 Q20 Q21 Q22 Q23 Q24

4.4.1 ANÁLISE - PLANEJAMENTO

Os planos são elaborados em prazo e baseiam-se quase sempre no desempenho

passado. Prognósticos futuros são levados em consideração no planejamento. Sabe-se que a

evolução das reuniões de trabalho do planejamento empresarial na MC - Indústria Gráfica

tem-se voltado aos primórdios de uma cultura de resultados. Seminários entre diretores,

gerentes, têm demonstrado uma grande preocupação com relação aos resultados e metas

organizacionais, expansão e crescimento de negócios, bem como um repensar da MC -

Indústria Gráfica visando compromissos com o futuro, tendo o passado como referencial para

o futuro. Os planos são aprovados na cúpula da empresa, não se levando em conta as opiniões

e sugestões eventualmente feitas pelas pessoas “de baixo” diretamente afetado por tais planos.

É sabido que os planos, metas e diretrizes, antes de serem aprovados, ganham consistência

própria em função do processo adotado para sua elaboração. As principais idéias estratégicas

que possam impulsionar a MC - Indústria Gráfica para futuro, necessariamente deveriam

66

surgir de trabalhos conjuntos dentro de grupos de gerentes, técnicos e a Diretoria. Mas

infelizmente o processo não acontece dessa forma. Para que o processo acontecesse de uma

forma mais harmônica, seria necessário engajar todos os empregados na elaboração do

planejamento, a partir daí todos revelariam seu pensamento e percepções e tornaria o processo

mais rico, dinâmico e participativo, dessa forma todos se comprometeriam mais com os

planos e estratégias da empresa. O planejamento é feito procurando-se fazer com que

eventuais divergências entre os indivíduos/áreas sejam contornadas e não venham ocasionar

conflitos. Sabe-se que os processos, não só em nível de construção do pensamento estratégico

empresarial, mas também em nível do desenvolvimento das equipes de trabalho, buscam

identificar os problemas e conflitos que afloram, contudo após a identificação dos problemas

e conflitos eles não são tratados com a devida importância e percebe-se certa negligência e

ação gerencial no sentido de tratar a questão de forma ética e profissional. De modo que existe

uma pré-disposição em se desvencilhar de questões conflituosas, em que até mesmo interesses

divergentes possam existir. É justamente na elaboração de proposições para essas questões

que surgem forças impulsionadoras para o crescimento da organização. Vale também destacar

que existe uma vertente que busca a coalizão visando projetar a empresa para o mercado, mas

geralmente prefere-se colocar “de baixo do tapete” os conflitos e problemas que afetam a

organização. Não existe um efetivo planejamento do trabalho; as ações empreendidas se

baseiam na necessidade urgente de resolver determinados problemas. Essa ausência de um

efetivo planejamento do trabalho na verdade esconde problemas mais graves, que é a própria

falta da racionalização do trabalho. A racionalização e a simplificação do trabalho associado à

função de planejamento é sem dúvida, uma ferramenta crucial para o incremento da produção.

A busca da melhoria contínua visando o aumento da produtividade é fundamental em

qualquer organização e o objeto de estudo em qualquer segmento empresarial.

67

O planejamento se faz com base na análise racional dos problemas e das

situações requeridas e previstas para o futuro. Os objetivos e metas e os programas de

trabalho são suficientemente flexíveis para permitir a incorporação de sugestões e opiniões

das pessoas/áreas afetadas. Dá-se importância às contribuições individuais no planejamento.

Com uma melhor compreensão pela Empresa sobre o processo de planejamento. Pode-se

inferir que além do exposto há que se ter uma forma de considerar a parte intuitiva e reflexiva

dos empregados, até mesmo como contraponto aos vícios de visão e entendimento desse

processo. Ouvir os clientes internos e externos e considerar as posições da sociedade é parte

crucial da formação do pensamento estratégico que nos permitirá alcançar o sucesso no futuro

para a MC - Indústria Gráfica.

A ação de planejamento da empresa é tipicamente voltada para corrigir

deficiências passadas e manter as condições atuais. Sabe-se que o sistema de planejamento da

MC - Indústria Gráfica desenvolvido nos últimos anos vem enfrentando obstáculos e muitas

dificuldades para a sua formatação. Esses entraves burocráticos levam obviamente a crises

que dificultam ainda mais o desenvolvimento de ações de acompanhamento em níveis

desejáveis. De modo que muitas dificuldades e muitas deficiências do passado recente estão

sendo revistas a fim de encontrar um modelo de planejamento que permita, no atual cenário

de dificuldades, oferecer condições mínimas para a construção das decisões fundamentais

para a empresa.

A ação de planejamento volta-se, principalmente, para responder a exigências

de última hora e consegue atingir parcialmente algumas metas mais arrojadas. Pode-se fazer a

seguinte análise: existe tendência na MC - Indústria Gráfica em planejar e coordenar segundo

as exigências de última hora e muitas vezes conseguem-se atingir parcialmente algumas metas

68

mais arrojadas à custa de muito trabalho e “stress” dos técnicos envolvidos para o

cumprimento de tais metas. A cultura do urgente se faz presente na MC - Indústria Gráfica.

O Planejamento não é eficiente. Seu desempenho é tipicamente reativo, porém

define e cumpre a maioria de seus programas, inclusive alguns preventivos e de longo prazo.

Sabe-se pelo já comentado em outras questões que a estruturação do pensar estratégico nos

dias de hoje praticado na MC - Indústria Gráfica tende a ser cada vez menos reativo e mais

proativo, pois vislumbra sempre desenhar as condições necessárias para seguir rumo ao futuro

por meio de mudanças e adaptações sempre quando se faz necessário. A busca incessante para

o cumprimento das metas e programas acordados vem da consciência da importância do que

se está fazendo. Desta forma, espera-se que em pouco tempo se possa ter uma estrutura

adaptativa às necessidades futuras de crescimento da empresa, e a sociedade reconhecerá cada

vez mais a utilidade e a qualidade dos serviços prestados pela organização.

A ação de planejamento é em grande parte preventiva e voltada para metas

arrojadas de médio e longo prazo. Cumpre todas ou a grande maioria dos programas conforme

os padrões definidos. Percebe-se que a ação de planejamento é preventiva e voltada para

metas arrojadas e geralmente se cumpre a maioria dos programas estabelecidos por quase

todas as áreas.

Sabe-se que a MC - Indústria Gráfica começou recentemente os ciclos de

planejamento estratégico e obviamente, ainda hoje tem muitas dificuldades para implementá-

los. Em 1996 foram elaborados e aprovados pela Diretoria Executiva, planos estratégicos que

não foram executados e implantados totalmente.

Observa-se que a disfunção, ou melhor, falta de planejamento tem apresentado

ao longo dos anos alguns sintomas: constantes improvisações nas ações da empresa, por não

69

serem orientadas como preconizado no Planejamento Estratégico; falta de compromisso de

uma boa parte do corpo gerencial; desconhecimento da importância do Planejamento

Estratégico por parte de muitos empregados como uma ferramenta gerencial que pode levar a

empresa para o desenvolvimento. Outro fator também, ao longo dos anos, tem contribuído

para tornar o sistema de planejamento ineficaz: descontinuidade político-administrativa, por

exemplo, a falta de autonomia administrativa da MC - Indústria Gráfica, sempre atrelada ao

ministério da Fazenda, por força de legislação e as próprias injunções políticas, como também

falta de compromisso gerencial de segmentos importantes da empresa. No caso da MC -

Indústria Gráfica o Planejamento existe formalmente, mas nota-se a ausência do que hoje se

denomina “Administração Estratégica”.

Sabe-se que na MC - Indústria Gráfica atualmente existem grandes projetos em

andamento. Os produtos existentes atendem ao mercado extremamente exigente com alto

nível de confiabilidade e qualidade, tão importante neste segmento já que a MC – Indústria

Gráfica produz essencialmente produtos gráficos de segurança.

4.5 CONTROLE

Os resultados das questões 25, 26, 27, 28 e 29, demonstrados no gráfico 05 e

na tabela 05, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

25. O controle é exercido através de compreensão e comum acordo entre

gerentes e subordinados. Faz-se uma análise cuidadosa de por quê, como e para que se

executa cada trabalho.

70

26. Existe um rígido e contínuo sistema de relatórios escritos e verbais, através

do qual os gerentes se mantêm informados. O pessoal recebe instruções sobre o que tem de

fazer, mas não necessariamente por que tem de fazê-lo.

27. As pessoas trabalham por si sós; o controle é exercido apenas

excepcionalmente, aparecendo sobretudo nas ocasiões em que problemas se manifestam.

28. Quase sempre se tenta conseguir que o pessoal execute seu trabalho através

do fornecimento de elogios. As críticas ou opiniões em relação ao trabalho executado são

raras ou inexistentes.

29. Os pontos fracos e fortes do pessoal são analisados por seus superiores,

sobretudo para prevenir que se afastem das normas de trabalho vigentes.

Tabela 5 - Opinião dos funcionários nas 25, 26, 27, 28 e 29.

Opinião dos funcionários Q25 Q26 Q27 Q28 Q29

Concordo Totalmente 4% 20% 12% 12% 12%Concordo Parcialmente 8% 36% 32% 44% 20%Indiferente 8% 16% 16% 16% 4%Discordo parcialmente 36% 20% 32% 16% 48%Discordo Totalmente 44% 8% 8% 12% 16%

71

Gráfico 5 - Opinião dos funcionários nas 25, 26, 27, 28 e 29.

4%8% 8%

36%

44%

20%

36%

16%20%

8%12%

32%

16%

32%

8%12%

44%

16% 16%12%12%

20%

4%

48%

16%

Concordo Totalmente ConcordoParcialmente

Indiferente Discordo parcialmente Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q25Q26Q27Q28Q29

4.5.1 ANÁLISE - CONTROLE

Pode-se dizer que de modo geral nem sempre o controle é exercido de forma

compreensiva e compartilhado com os empregados. Também em função da própria cultura

organizacional existente não se faz uma análise cuidadosa dos assuntos explicando como e

por que de cada trabalho a ser executado.

Como regra geral pode-se dizer, também, que a maioria dos gerentes não faz a

mínima questão de socializar o conhecimento como forma de preservar o poder, e por sua vez

os empregados não fazem questão de saber exatamente por que se faz determinada atividade

que lhes é atribuída. Existem também áreas na organização onde a gerência procura

compartilhar com os empregados as responsabilidades outorgando-lhes autonomia de criação,

liberdade e oportunidade de serem efetivamente colaboradores.

Existe um rígido e contínuo sistema de relatórios escritos e verbais, pelos quais

os gerentes se mantêm informados. O pessoal recebe instruções sobre o que tem de fazer, mas

72

não necessariamente por que tem de fazê-lo. As funções de controle são muito utilizadas nas

práticas gerenciais, mas nem sempre o que se faz efetivamente no dia-a-dia é realmente

controle.

Na MC - Indústria Gráfica não é diferente das demais empresas públicas. A

essência do controle consiste na comparação entre os resultados previstos e os realizados. O

objetivo dessa avaliação é certificar-se de que o desempenho real está dentro dos padrões

previstos e, em caso negativo, identificar os pontos que requerem correção. Quando não

houver tal comparação entre o que se planeja fazer e o que se está fazendo não há processo

efetivo de controle. E isto é mais comum que aconteça na prática. Faz-se controle sem dispor

de um referencial para comparação; julga-se o que está feito sem confrontar o que deveria ser

feito.

As avaliações de resultados planejados versus realizados devem ser

confrontadas com os resultados reais obtidos na execução das operações da empresa. Desta

forma pode-se garantir que se caminha efetivamente para os resultados que se pretendem

atingir. A comparação entre os resultados previstos e realizados irá identificar se o

desempenho está dentro ou fora dos padrões desejados. As disfunções devem ser

acompanhadas pelos gerentes para correção e para que ocorra a agilidade requerida, é preciso

que os níveis de autoridade previstos na empresa estejam definidos com clareza. Só assim as

gerências e os empregados responsáveis podem ser prontamente identificados e corrigidos e o

resultado dentro do desempenho esperado; infelizmente não é o que se observa na MC -

Indústria Gráfica.

As pessoas trabalham por si sós; o controle é exercido apenas

excepcionalmente, aparecendo, sobretudo nas ocasiões em que problemas se manifestam.

73

Sabe-se que na MC - Indústria Gráfica o controle existente é apenas o controle necessário

para se realizar qualquer tarefa. Existe de modo geral uma preocupação com resultados,

excepcionalmente quando se tem que desenvolver aquilo que se chama de “Projeto Especial”,

algo fora da rotina.

Nessa circunstância o controle é feito de forma mais cuidadosa. Os controles

na MC - Indústria Gráfica não são tão rígidos do ponto de vista empresarial quanto deveriam

ser. Vigora o coercitivo feito pelo ponto eletrônico que administra a permanência dos

empregados. Muitas vezes o gerente se contenta com a pontualidade sem cobrar resultados

práticos, vale ressaltar que o ponto eletrônico causa ansiedade e descontentamento junto aos

empregados por se sentirem manipulados com esse tipo de controle.

Quase sempre não ocorre o elogio funcional. As críticas ou opiniões em

relação ao trabalho executado são raras ou inexistentes. Pode-se dizer que a cultura do elogio

não existe na MC - Indústria Gráfica como regra praticada entre o corpo gerencial, salvo nas

ocasiões formais, por exemplo, solenidades, em que se diz “os nossos recursos humanos são o

nosso maior patrimônio”. Pelo contrário o que se observa é uma cultura da desqualificação de

pessoas e áreas. Cabe ressaltar que essa cultura tem mudado nos últimos anos, mas não existe

valorização dos recursos humanos, ocasionando grande desmotivação entre os funcionários e

até acomodação, frase repetidamente ouvida durante as entrevistas: “seu eu trabalhar pouco eu

ganho “X” se eu trabalhar muito eu ganho “X” também e ninguém reconhece o meu trabalho,

então trabalho pouco que me cansa menos”.

Sabe-se que analisar a performance dos empregados quanto aos pontos fortes e

fracos é papel do gerente de qualquer empresa. Na MC - Indústria Gráfica essa atribuição não

é feita pela maioria do corpo gerencial que, inclusive, não participou do desenvolvimento do

74

documento de avaliação de desempenho elaborado pela área de recursos humanos. Alguns

gerentes tomam decisões de forma intempestiva e temperamental sem nunca terem

comunicado ou tomado ações corretivas, advertências, punições etc. verbais ou escritas que

mostrassem o quanto o empregado é ineficaz. Fica-se com o empregado improdutivo, e por

incompetência gerencial da área de recursos humanos, não se criam mecanismos de avaliação

efetiva do desempenho dos empregados.

4.6 COORDENAÇÃO

Os resultados das questões 30, 31, 32, 33 e 34, demonstrados no gráfico 06 e

na tabela 06, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

30. Os diferentes departamentos agem como entidades independentes entre si.

A troca de informações entre o pessoal e a organização realiza-se predominantemente pelos

dos canais formais de comunicação.

31. Quase não existe coordenação entre os diversos departamentos da empresa,

cada qual funcionando de maneira isolada, como bem entende e sem levar em conta as

necessidades dos demais.

32. Nas relações entre o pessoal e entre superintendências, dá-se uma grande

importância ao entendimento mútuo em torno dos objetivos e metas principais da empresa.

33. Para se solucionarem problemas de trabalho, levam-se em consideração

principalmente os antecedentes, os hábitos vigentes na organização e a personalidade dos

75

indivíduos envolvidos, muito mais do que a natureza do trabalho que será realizado, ou do

problema em questão.

34. É fácil perceber que existe, na organização, um esforço constante e comum

para abafar e reduzir ao mínimo os conflitos entre o pessoal e para se conseguir a máxima

harmonia possível entre todos.

Tabela 6 - Opinião dos funcionários nas 30, 31, 32, 33 e 34.

Opinião dos funcionários Q30 Q31 Q32 Q33 Q34

Concordo Totalmente 48% 24% 0% 16% 20%Concordo Parcialmente 24% 28% 8% 28% 48%Indiferente 4% 12% 0% 20% 8%Discordo parcialmente 16% 12% 32% 32% 16%Discordo Totalmente 8% 24% 60% 4% 8%

Gráfico 6 - Opinião dos funcionários nas 30, 31, 32, 33 e 34.

48%

24%

4%

16%

8%

24%28%

12% 12%

24%

0%

8%

0%

32%

60%

16%

28%

20%

32%

4%

20%

48%

8%

16%

8%

Concordo Totalmente ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q30 Q31 Q32 Q33 Q34

76

4.6.1 ANÁLISE - COORDENAÇÃO

Os diferentes departamentos agem como entidades independentes entre si. A

troca de informações entre o pessoal e a organização realiza-se predominantemente pelos

canais formais de comunicação Muitas vezes a troca intensiva de comunicação interna apenas

demonstra o poder de algumas áreas e/ou gerentes sobre outros domínios da empresa,

provocando o adiamento de decisões importantes.

Quase não existe coordenação entre os diversos departamentos da empresa,

cada qual funcionando de maneira isolada, bem entende e sem levar em conta as necessidades

dos demais.

Os gerentes sensatos sabem que uma empresa é um sistema sócio-técnico

aberto e que as várias partes dependem das outras na consecução dos objetivos globais da

organização. Por isso se busca uma ação coordenada entre as atividades de uma área com

outra. Na MC - Indústria Gráfica as ações entre as Diretorias não são bem coordenadas e os

departamentos funcionam de maneira independente. Há excessos de cópias de documentos

como se o sentimento subjacente fosse a falta de confiança nos acordos verbais estabelecidos.

Por outro lado, às vezes a burocracia dominante demora tanto que entendimentos informais

são feitos para agilizar o processo ou se conseguir a parceria do outro pelo por intermédio

pessoal envolvido do que pela tarefa em si.

Nota-se a busca do entendimento entre áreas, gerentes e técnicos, entretanto os

verdadeiros objetivos e a falta de metas claras tornam o entendimento difícil e por vezes

conflituoso. Atualmente a área responsável pelo planejamento empresarial vem

desenvolvendo um trabalho no sentido de definir metas e objetivos, por uma postura mais

77

participativa e de co-responsabilidade, visando melhoria na integração gerencial. Mesmo

assim os empregados sentem não claros os objetivos de curto, médio e longo prazo.

Para solucionar problemas de trabalho, levam-se em consideração

principalmente os antecedentes, os hábitos vigentes na organização e a personalidade dos

indivíduos envolvidos, muito mais do que a natureza do trabalho que será realizado, ou do

problema em questão. Pode-se afirmar que para solucionar alguns problemas observam-se

com cuidado os atores do processo, cargo, função, relações pessoais etc. São raros os casos

em que os problemas são tratados como deveriam: com profissionalismo e sem paternalismo.

A cultura da procrastinação, do “jeitinho”, do “nepotismo”, da acomodação é um traço

marcante dos principais atores da MC - Indústria Gráfica.

É fácil perceber que existe um esforço constante e comum para abafar e reduzir

ao mínimo os conflitos entre o pessoal e para se conseguir a máxima harmonia possível entre

todos. Pode-se afirmar que atualmente na MC - Indústria Gráfica, a coesão dos grupos e o

amadurecimento das equipes têm minimizado o surgimento de conflitos interpessoais e

interdepartamentais. Além disso, muitos grupos na empresa têm estabelecido os limites

necessários para a convivência produtiva devido ao conhecimento e respeito mútuos. Porém

reduzir ao mínimo o conflito pode ser negativo e dar uma idéia falsa de harmonia. Aceitar as

divergências e enfrentar de frente os problemas no ambiente empresarial é o melhor que os

dirigentes podem fazer para si mesmos, para os empregados e para empresa.

A MC - Indústria Gráfica precisa coordenar os esforços das Diretorias a fim de

que os seus laços individuais de trabalho possam ser reunidos em um conjunto de

desempenho eficiente para a empresa. Autoridade, influência e poder contribuem para

melhorar a coordenação. Ela é necessária tanto nos altos como nos baixos escalões da

78

estrutura da empresa, e também em seus níveis intermediários. A fixação dos limites de

controle de cada gerente, à luz da situação específica de cada um, pode também contribuir

para manter a coordenação ou direção vinda de cima.

4.7 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Os resultados das questões 35, 36, 37, 38 e 39, demonstrados no gráfico 07 e

na tabela 07, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

35. Fazem-se análises e relatórios visando avaliar a qualidade do trabalho,

às vezes pela comunicação informal (extra-oficial). No entanto, não se chega a uma análise

mais efetiva e profunda dos problemas existentes, na maior parte das vezes.

36. Quando se conclui um trabalho ou uma fase importante de um trabalho,

procura-se avaliá-lo pelo exame do que foi feito, a fim de observar se houve falhas.

37. Estimula-se e elogia-se com freqüência o pessoal pelo bom trabalho

realizado. Procura-se avaliar o trabalho à medida que se desenvolve, a fim de detectar

situações em que esses estímulos possam ser proporcionados.

38. Raramente se fazem apreciações sobre o trabalho executado, ou críticas

ou elogios de qualquer espécie.

39. Fazem-se críticas sinceras sobre o trabalho assinalando os erros e

tratando de reduzi-los. Há uma autêntica troca de idéias entre gerentes e subordinados.

79

Tabela 7 - Opinião dos funcionários nas 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23

e 24.

Opinião dos funcionários Q35 Q36 Q37 Q38 Q39

Concordo Totalmente 12% 4% 8% 24% 16%Concordo Parcialmente 40% 52% 12% 44% 16%Indiferente 20% 4% 4% 8% 4%Discordo parcialmente 20% 32% 48% 16% 36%Discordo Totalmente 8% 8% 28% 8% 28%

Gráfico 7 - Opinião dos funcionários nas 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22,

23 e 24.

12%

40%

20% 20%

8%4%

52%

4%

32%

8%8%12%

4%

48%

28%24%

44%

8%

16%

8%

16% 16%

4%

36%

28%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q35 Q36 Q37 Q38 Q39

4.7.1 ANÁLISE – AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Fazem-se análises e relatórios visando avaliar a qualidade do trabalho, às vezes

pela comunicação informal. No entanto, não se chega a uma análise mais efetiva e profunda

dos problemas existentes, na maior parte das vezes.

Parece não ser essa a tendência do comportamento gerencial da empresa.

Talvez por ser uma empresa estatal, há falta de compromissos com resultados por parte de

80

alguns gerentes. Infere-se que a falta de análise efetiva dos problemas existentes seja uma

situação predominante. Porém a MC - Indústria Gráfica vem buscando, via grupos de

trabalhos internos, analisar os seus verdadeiros problemas e procurando solucioná-los. Com

integração das áreas de recursos humanos, planejamento empresarial e qualidade, busca-se

hoje, junto com todos os empregados e gerentes, uma nova MC - Indústria Gráfica mais

flexível e mais moderna gerencialmente conectada com todos seus clientes internos e

externos.

Quando se conclui um trabalho ou uma fase importante de um trabalho, não se

procura avaliá-lo por um exame do que foi feito, a fim de observar se houve falhas. Sabe-se

de maneira geral que não se faz nenhuma avaliação dos trabalhos realizados visando corrigir

ou orientar os empregados. Encontrando-se falhas buscam-se os culpados. Portanto deve-se

praticar mais a Administração Estratégica rompendo com o paradigma antigo de gestão,

buscando sempre soluções e não transformando o ambiente de trabalho em ações punitivas.

Não se estimula e não se elogia com freqüência o pessoal pelo bom trabalho

realizado. Procura-se avaliar o trabalho à medida que se desenvolve, a fim de detectar

situações em que esses estímulos possam ser proporcionados. Sabe-se que salvo raras

exceções, não há política do elogio ou reconhecimento do bom trabalho realizado, como

prática gerencial, referente ao desempenho dos empregados. O bom desempenho é

considerado obrigação de todos, o que não deixa de ser verdade, mas o elogio na hora certa

indica o reconhecimento pelo bom trabalho realizado. Não há cultura de resultados, não há

comparação entre o empregado que tem um bom desempenho profissional e o que tem

desempenho insuficiente.

81

4.8 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Os resultados das questões 40, 41, 42, 43 e 44, demonstrados no gráfico 08 e

na tabela 08, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

40. Quando um trabalho é concluído, fazem-se análises construtivas,

visando encontrar melhores soluções e lograr maior eficácia.

41. O pessoal está sempre bem informado dos planos e decisões da

organização e é convidado a participar deles, podendo expressar livremente seu ponto de

vista. As informações fluem rapidamente e sem distorções entre os gerentes, entre estes e os

seus subordinados e de subordinados para superiores. As diferenças de opiniões são resolvidas

de comum acordo.

42. A comunicação existente é somente a de rotina e a mínima necessária.

Assim a comunicação não é profunda nem ampla. Os empregados podem expressar suas

opiniões, porém estes freqüentemente não são ouvidos ou não são levadas em conta. Os

subordinados não se mostram inclinados a convencer seus superiores de seu ponto de vista ou

opiniões.

43. O pessoal é informado apenas do indispensável, para executar seu

trabalho.

44. A comunicação empresarial existente é basicamente a necessária para

que o pessoal faça seu trabalho.

82

Tabela 8 - Opinião dos funcionários nas 40, 41, 42, 43 e 44.

Opinião dos funcionários Q40 Q41 Q42 Q43 Q44

Concordo Totalmente 4% 36% 40% 32% 48%Concordo Parcialmente 4% 48% 44% 36% 12%Indiferente 8% 0% 4% 8% 20%Discordo parcialmente 24% 8% 12% 20% 12%Discordo Totalmente 60% 8% 0% 4% 8%

Gráfico 8 - Opinião dos funcionários nas 40, 41, 42, 43 e 44.

4% 4%8%

24%

60%

36%

48%

0%

8% 8%

40%44%

4%

12%

0%

32%36%

8%

20%

4%

48%

12%

20%

12%8%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q40 Q41 Q42 Q43 Q44

4.8.1 ANÁLISE – COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL

Os técnicos dizem que a comunicação não é solução para todos os problemas

de relações com empregados. No atual momento que a MC - Indústria Gráfica vive é

ingenuidade supor que se os empregados tiveram muitas informações sobre problemas da

empresa compreenderão a crise e haverá menores problemas de relações de trabalho. Para que

a comunicação seja efetiva, é preciso haver confiança mútua entre gerência e empregados.

Para conquistar a confiança é necessário criar um ambiente no qual os empregados possam se

83

comunicar francamente com seus dirigentes. Entretanto os próprios dirigentes não possuem

fatos e dados suficientes para repassarem aos empregados e dar-lhes a segurança de que

necessitam.

A comunicação é somente a de rotina e a mínima necessária. Em decorrência,

não é profunda nem ampla. Os empregados podem expressar suas opiniões, porém

freqüentemente não são ouvidos ou não são levados em conta. Os subordinados não se

mostram inclinados a convencer seus superiores de seus pontos-de-vista ou opiniões.

Não há dúvida de que os empregados podem manifestar sua opinião de maneira

democrática, inclusive em reuniões públicas com os dirigentes, mas daí suas idéias e opiniões

serem levadas em conta há uma enorme distância. Na verdade, a maioria dos empregados não

se mostra mais participativa em decorrência da falta de respostas para suas sugestões e idéias.

O pessoal é informado apenas do indispensável para executar seu trabalho. Os empregados de

todos os níveis da MC - Indústria Gráfica têm recebido informações não só pela área de

comunicação social como também pelos gerentes formais sobre assuntos corporativos.

A comunicação empresarial é basicamente a necessária para que o pessoal faça

o seu trabalho. Verifica-se que a área de Comunicação Social da MC - Indústria Gráfica tem

cumprido seu principal papel que é informar ao público interno e externo com qualidade e

confiabilidade necessária. A comunicação informal, boatos, rumores e intrigas, são

costumeiros veículos de comunicação na organização. Freqüentemente misturam-se outros

assuntos nas reuniões formais da empresa, e isso ocorre com mais freqüência na MC -

Indústria Gráfica do que se imagina. No momento a empresa vive uma mistura de problemas

reais e fantasias. Entretanto a crise não tem a dimensão que a maioria dos empregados

imagina, uma vez que a MC - Indústria Gráfica, como uma empresa com características de

84

empresa em desenvolvimento, qualquer decisão governamental será, certamente, bem

avaliada pelos gestores públicos. Porém a grande confusão é que os empregados pela rede

informal de comunicação tomam conhecimento de assuntos que empresa não confirma.

Tumultuando ainda mais o ambiente.

4.9 CONFLITOS

Os resultados das questões 45, 46, 47, 48 e 49, demonstrados no gráfico 09 e

na tabela 09, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

45. A comunicação informal (boatos, rumores, intrigas) é um costumeiro

veículo de comunicação na organização. Freqüentemente misturam-se outros assuntos nas

reuniões formais da empresa.

46. Quase não existem desacordos entre as pessoas, porque elas evitam

entrar em polêmicas ou tratar de assuntos que poderiam gerar controvérsias e dificuldades

pessoais.

47. As pessoas tomam cuidado em não deixar aflorar seus conflitos e

irritações pessoais procurando sempre conservar a amizade e a harmonia, mesmo que isso

exija ceder em seu ponto-de-vista e até em certas situações prejudicar a empresa.

48. Discutem-se os problemas de tal modo que a maior parte das pessoas

acabe aceitando as soluções como foram apresentadas. Quando as pessoas envolvidas se

85

mantêm firmes em seu ponto de vista, o tratamento do problema sofre um esfriamento,

adiando-se sua solução para voltar mais tarde ao problema.

49. Os conflitos são enfrentados aberta e sinceramente, examinando-se suas

causas e tratando-se de solucioná-los razoavelmente, de maneira que não voltem a aparecer.

Tabela 9 - Opinião dos funcionários nas 45, 46, 47, 48 e 49.

Opinião dos funcionários Q45 Q46 Q47 Q48 Q49

Concordo Totalmente 24% 8% 12% 4% 28%Concordo Parcialmente 44% 40% 24% 24% 40%Indiferente 8% 20% 32% 4% 8%Discordo parcialmente 20% 28% 28% 48% 24%Discordo Totalmente 4% 4% 4% 20% 0%

Gráfico 9 - Opinião dos funcionários nas 45, 46, 47, 48 e 49.

24%

44%

8%

20%

4%

8%

40%

20%

28%

4%

12%

24%

32%28%

4%4%

24%

4%

48%

20%

28%

40%

8%

24%

0%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q45 Q46 Q47 Q48 Q49

4.9.1 ANÁLISE - CONFLITOS

Quase não existem desacordos entre as pessoas, porque elas evitam entrar em

polêmicas ou tratar de assuntos que poderiam gerar controvérsias e dificuldades pessoais.

86

Torna-se quase impossível não haver desacordos, controvérsias e mesmo conflitos entre

pessoas e grupos numa organização do porte da MC - Indústria Gráfica. Os conflitos pessoais

bem como os interdepartamentais existem com menor ou maior gravidade. Entretanto como

uma lei natural de sobrevivência dentro do grupo social, os gerentes administram os conflitos

que redefinem os papéis dentro da organização. Como os grupos predominantes são fortes e

muitas vezes competitivos, eles mesmos estabelecem os seus limites de luta, mas sempre

preservando o “status quo” de forma que todos permaneçam no poder, evitando assim grandes

controvérsias e dificuldades pessoais. As pessoas tomam cuidado em não deixar aflorar seus

conflitos e irritações pessoais procurando sempre conservar a amizade e a harmonia, mesmo

que isso exija ceder no seu ponto de vista e até em certas situações prejudicar a empresa. Os

conflitos, embora nem todos sejam desejáveis, são os elementos geradores das mudanças e do

desenvolvimento das organizações. Acredita-se que no caso da MC - Indústria Gráfica os

conflitos existem, mas as pessoas por uma questão de sobrevivência esforçam-se para superá-

los e de modo geral preservar a empresa. Hoje na MC - Indústria Gráfica, apesar de todos os

obstáculos, busca-se a negociação para a solução dos problemas relacionados aos conflitos

interpessoais, interdepartamentais e trabalhistas.

Discutem-se problemas de tal modo que a maior parte das pessoas acabe

aceitando as soluções como foram apresentadas. Quando as pessoas envolvidas se mantêm

firmes em seu ponto de vista, o tratamento do problema sofre um esfriamento, adiando-se sua

solução para voltar mais tarde ao problema. A grande questão é que os dirigentes, empregados

e gerentes não formam uma equipe coesa. Os empregados, quase sempre, isolam o gerente, e

o excluem, como se estivessem em campos opostos num jogo; não o vêem como integrante

interessado em encontrar juntos a solução para os problemas. Existe muita desconfiança entre

as partes, o que dificulta discutir os problemas. Essa rigidez de pontos de vista leva ao

87

esfriamento e à não-solução, ou seja, os problemas caem no esquecimento acarretando em

alguns casos prejuízos emocionais e até empresariais.

Observa-se que os conflitos na MC - Indústria Gráfica não são enfrentados

abertamente, pelos mecanismos de troca. Porém há situações em que os grupos predominantes

buscam a negociação evitando o desgaste de pessoas e áreas que no futuro podem vir a ser

aliadas. Na maioria dos conflitos não se busca a verdadeira causa da sua existência e por isso

adia-se problema tornando o clima ainda mais tenso entre gerentes e as diversas áreas da

empresa.

Usam-se freqüentemente a autoridade e a hierarquia como meio de solucionar

conflitos entre pessoas ou departamentos. Geralmente os desacordos não são inteiramente

resolvidos e refluem mais tarde. É consuetudinário que nenhuma organização é perfeita e

também que uma empresa necessita da presença constante de efetiva liderança, sem o que as

situações ficam incontroláveis. Porém a harmonia deve ser preservada pelos dirigentes por

uma atitude compreensiva, nivelando as condutas individuais. É extremamente difícil, quase

impossível, eliminar os conflitos organizacionais. No caso de os conflitos refluírem, as partes

conflitantes devem buscar as convergências de posições a fim de preservar os interesses da

empresa. Pode-se dizer que os gerentes da MC - Indústria Gráfica, salvo raras exceções, não

têm discernimento sobre a questão dos conflitos. Observa-se que muitas vezes utiliza-se da

autoridade não para controlar ou corrigir rumos, mas para fazer prevalecer pontos de vista.

Quando a solução é autoritária, o problema torna-se insolúvel, persistem mágoas e reações

posteriores de descompromisso com perda de todos os matizes.

Conflito significa a existência de idéias, sentimentos, atitudes ou interesses

antagônicos e colidentes que podem chocar-se. No caso da MC - Indústria Gráfica, é

88

reconhecida a existência de conflitos interdepartamentais e interpessoais. Na empresa, a

obtenção de congruência inter-operacional e interdepartamental e a prevenção de uma futura

proliferação de conflitos constituem problemas que merecem maior atenção. Os dirigentes

devem criar condições ou situações em que o conflito passe a ser parte integrante da

organização podendo ser controlado e dirigido para canais úteis e produtivos. Pelo fluxo do

conflito pode-se proceder a uma verificação do poder e do ajustamento do sistema da

organização à situação real e, assim, atingir a harmonia na empresa. O conflito gera mudanças

e provoca inovações, à medida que soluções são alcançadas.

4.10 CRIATIVIDADE

Os resultados das questões 50, 51, 52, 53 e 54, demonstrados no gráfico 10 e

na tabela 10, serão comentados em conjunto para melhor interpretação e compreensão da

análise.

Questões:

50. Qualquer idéia sugerida é ouvida e acatada. Percebe-se na organização uma

atitude de grande receptividade a praticamente tudo o que é sugerido ou proposto.

51. As boas contribuições feitas pelo pessoal são recompensadas e postas em

prática. As contribuições sem significação são rejeitadas e seus autores informados de por que

o foram.

52. As pessoas procuram comprometer-se apresentando novas idéias, opiniões

ou sugestões.

89

53. As idéias e sugestões feitas pelo pessoal são aceitas apenas quando estão de

acordo com normas e rotinas vigentes na empresa. Casos contrários são rejeitadas.

54. Recusam-se quase sempre novas idéias, opiniões e sugestões do pessoal.

Tabela 10 - Opinião dos funcionários nas 50, 51, 52, 53, 54.

Opinião dos funcionários Q50 Q51 Q52 Q53 Q54

Concordo Totalmente 4% 4% 20% 36% 20%Concordo Parcialmente 8% 12% 40% 52% 36%Indiferente 8% 0% 8% 0% 20%Discordo parcialmente 48% 32% 16% 8% 24%Discordo Totalmente 32% 52% 16% 4% 0%

Gráfico 10 - Opinião dos funcionários nas 50, 51, 52, 53, 54.

4%8% 8%

48%

32%

4%

12%

0%

32%

52%

20%

40%

8%

16% 16%

36%

52%

0%

8%4%

20%

36%

20%24%

0%

ConcordoTotalmente

ConcordoParcialmente

Indiferente Discordoparcialmente

Discordo Totalmente

Concordância Indiferença Discordância

Q50 Q51 Q52 Q53 Q54

90

4.10.1 ANÁLISE - CRIATIVIDADE

Qualquer idéia sugerida é ouvida e acatada. Percebe-se na organização uma

atitude de grande receptividade a praticamente tudo o que é sugerido ou proposto. A MC -

Indústria Gráfica incentiva o empregado a dar sugestões. Para isso criou um canal formal, via

intranet, pelo qual o empregado pode oferecer suas idéias, propostas, melhoria de processos.

Todas as sugestões são enviadas para o Departamento de Recursos Humanos. Mas nem

sempre são aprovadas; além do que a falta de resposta ao empregado provoca um misto de

desapontamento e falta de confiança, distanciando ainda mais os empregados que trabalham

na área operacional da cúpula da organização. Afinal, quem oferece uma sugestão, mesmo

quando não acatada merece uma resposta aprovando ou desaprovando. As boas contribuições

do pessoal não são recompensadas e postas em prática. Houve apenas uma situação citada de

contribuição, onde um jovem ganhou uma bolsa de estudos por suas idéias que muito

ajudaram na otimização de uma das linhas do processo produtivo.

O que se pratica como “premiação” é o “anuênio”, abono salarial por cada ano

de serviços prestados à empresa. O critério é meramente contagem do tempo de serviço,

independente de o empregado merecer ou não a congratulação.

Parte dos empregados não procura comprometer-se com suas idéias e sugestões

uma vez que ao sugerir uma melhoria qualquer na sua área de trabalho implica de imediato

uma cota de responsabilidade e muitos empregados não estão dispostos a comprometer-se.

Porém há um certo descaso por parte da maioria do corpo gerencial para as sugestões

oferecidas. As idéias e sugestões são aceitas apenas quando estão de acordo com normas e

rotinas vigentes na empresa. Caso contrário, são rejeitadas. Sabe-se que idéias e sugestões são

aceitas quando há interesses de pessoas, grupos ou áreas da empresa. Se porventura não

91

houver interesse pelas novas idéias e sugestões invocam-se as normas e rotinas vigentes para

bloqueá-las.

Recusam-se quase sempre novas idéias, opiniões e sugestões do pessoal. A

não-aceitação a novas idéias e sugestões deve-se principalmente à desatenção de parte do

corpo gerencial para com os empregados. Além disso, não há conseqüência quando se

apresentam idéias e sugestões. A desatenção gerencial também se choca com a falta de crédito

de alguns gerentes perante o seu grupo de trabalho. Dessa forma, ainda prevalece o

autoritarismo gerencial em algumas áreas baseado no axioma “manda quem pode obedece

quem tem juízo”.

O interesse por inovação e criatividade na área organizacional se deve,

sobretudo, ao fato de que para sobreviver e crescer nesse mercado competitivo as empresas

muitas vezes necessitam diversificar os seus produtos, antecipar as demandas de mercado,

recrutar e manter os bons empregados e melhorar a qualidade de seus produtos e serviços. É

por esse motivo que a criatividade tem sido vista como algo fundamental, indispensável

visando a introdução de inovações como necessidade constante. Um tema que tem sido objeto

de muitas discussões diz respeito às barreiras à inovação, a par dos fatores que inibem a

criatividade do indivíduo no contexto organizacional. De fundamental importância tem sido

também a necessidade de se despertar a consciência nas organizações para o potencial criativo

de seus recursos humanos, que na maioria das vezes não tem sido devidamente reconhecido e

aproveitado.

92

CONCLUSÃO

Após a aplicação da metodologia do estudo de caso, aplicação do questionário,

além da pesquisa bibliográfica e documental pode-se concluir que a cultura organizacional da

MC – Indústria Gráfica e a comunicação deficiente ocorridas na mesma são os principais

geradores de barreiras para a implantação do Balanced Scorecard na citada empresa. Abaixo a

relação das principais barreiras identificadas com a pesquisa na CM – Indústria Gráfica.

A primeira barreira identificada foi a dificuldade em executar a estratégia e a

visão da empresa configurando, assim, uma barreira de implementação estratégica.

Percebeu-se na pesquisa divergências fundamentais entre a maneira como as

nobres declarações de visão e missão são traduzidas em ações, a conseqüência é a

fragmentação e a subotimização das iniciativas. Os diversos níveis entrevistados não

conseguiram chegar a um consenso quanto ao que a visão e a estratégia realmente significam.

Na falta de consenso e clareza, os diversos grupos seguem agendas diferentes – qualidade

total, reengenharia, empowerment – segundo suas próprias interpretações de visão e

estratégia. Suas iniciativas não são integradas nem cumulativas, visto que não são associadas

de forma coerente a uma estratégia global.

A segunda barreira identificada foi o fato da estratégia não estar associada às

metas das unidades de negócio, equipes e indivíduos. Não traduzir em metas, para os

departamentos, equipes e indivíduos, as exigências de longo prazo da estratégia da unidade de

negócios caracteriza também uma barreira à implementação do Balanced Scorecard.

93

No caso da MC – Indústria Gráfica, o foco do desempenho das unidades de

negócios continua a ser o cumprimento dos orçamentos financeiros estabelecidos como parte

do processo tradicional de controle gerencial. E as equipes e indivíduos integrantes dos

departamentos têm suas metas vinculadas à consecução de metas departamentais táticas e de

curto prazo, em detrimento da criação de capacidades que permitam a realização de metas

estratégicas a prazos mais longos. Essa barreira talvez possa ser atribuída ao fato de os

executivos de recursos humanos não agirem como facilitadores do alinhamento das metas dos

indivíduos e equipes aos objetivos da organização como um todo.

Na MC – Indústria Gráfica, nem a remuneração dos altos executivos estão

vinculadas às metas anuais da empresa. Com o agravante da prática do chamado “anuênio”,

abono salarial vinculado por cada ano de serviços prestados à empresa e não ao valor que o

empregado tenha agregado a empresa.

A terceira barreira identificada na MC – Indústria Gráfica é a falta de

alinhamento dos programas de ação e da alocação de recursos às prioridades estratégicas de

longo prazo. A exemplo de muitas instituições, a MC – Indústria Gráfica adota processos

separados para o planejamento estratégico e o orçamento (anual) a curto prazo. A

conseqüência é que os fundos e as alocações de capital discricionárias raramente estão

relacionados às prioridades estratégicas. As grandes iniciativas, como reengenharia, são

tomadas com pouco sentido de prioridade ou impacto estratégico, e as revisões mensais e

trimestrais se preocupam em explicar as divergências entre as operações reais e as operações

orçadas e não com o progresso das metas estratégicas. A falha nesse caso pode ser atribuída

conjuntamente aos diretores de planejamento estratégico e financeiro por não verem a

necessidade de integração de suas iniciativas, preferindo o cumprimento de suas agendas

funcionais independentes.

94

A última barreira identificada na MC – Indústria Gráfica é a falta de feedback

sobre como a estratégia está sendo implementada, e seus resultados. A maioria dos sistemas

gerenciais fornece feedback apenas sobre desempenho operacional de curto prazo e a maior

parte desse feedback está relacionada às medidas financeiras, normalmente comparando

estabelecendo uma comparação entre os resultados reais e os orçamentos mensais e

trimestrais. Não é dedicado tempo ao exame dos indicadores da implementação e do sucesso

da estratégia. A conseqüência é que a MC – Indústria Gráfica não tem como obter feedback

sobre sua estratégia, sem esse feedback, não tem como a empresa testar e aprender sua

estratégia na prática.

A pesquisa demonstra a necessidade de mudanças organizacionais profundas e

duradouras para implantação e implementação eficazes do Balanced Scorecard na empresa.

O estudo demonstrou, entretanto, que a MC - Indústria Gráfica passa por uma

“mudança gradual” nos seus padrões de gestão, uma vez que os novos valores propostos pelo

Balanced Scorecard são complementares aos que já estão sendo pregados pela MC – Indústria

Gráfica. Cabe, no entanto, chamar a atenção para “mudança cultural aparente”, que provoca

apenas alterações superficiais com o intuito de preservar a existente. Esse processo de

“maquiagem de mudança” dificilmente pode ser qualificado como mudança cultural.

Pode-se afirmar, outrossim, que atualmente a MC - Indústria Gráfica parece

buscar novos caminhos para o desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem, como

preconizado pelo Balanced Scorecard.

Entretanto, pela pesquisa realizada junto ao corpo gerencial, o imobilismo da

empresa está incomodando a maioria que acredita ser necessária uma postura mais ativa deles

próprios, sem esperar uma definição mais clara da direção da empresa ou mesmo do governo

95

sobre os principais desafios oriundos do ambiente. O que se observa hoje é uma busca

constante rumo à inovação, assim num processo evolutivo podem-se perceber “culturas” se

modificando lentamente.

Seguramente, o próprio interesse em se implantar o Balanced Scorecard na

empresa já demonstra que a MC - Indústria Gráfica passa por alterações, tanto na sua forma

de gestão, como na sua cultura, o que implicou mudança de foco e visão empresarial na

condução de seus negócios.

Podem-se enumerar várias ações internas e externas que estão revolucionando

a Empresa. A gestão por metas, por exemplo, proporcionou à gerência focarem sua ação para

objetivos mais claros e definidos, apesar dessas metas ainda não estarem totalmente alinhadas

à estratégia como preconiza o Balanced Scorecard.

Foi concluída completa análise gerencial da área de Tecnologia da Informação,

com vistas a reduzir custos, modernizar o parque tecnológico e melhorar o atendimento às

demandas da Empresa.

Sob vários aspectos que se observe, a imagem da MC - Indústria Gráfica

melhorou, com a política de abertura para o mercado. É preciso, portanto, que o sentido das

mudanças e o esforço redundem, agora, em resultados que os clientes percebam. Só assim a

empresa se justifica e se consolida.

96

REFERÊNCIAS

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SENGE, Peter. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. 7. ed., São Paulo: Best Seller, 2000.

98

FACULDADE MACHADO DE ASSIS

ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: IDENTIFICAÇÃO

E ANÁLISE DAS BARREIRAS DE

IMPLANTAÇÃO DO BALANCED

SCORECARD EM UMA EMPRESA PÚBLICA

MC – INDÚSTRIA GRÁFICA – UM ESTUDO DE CASO

ELABORADO POR: VALÉRIA DE JESUS R. SOUZA

Foi _________________________ pelos professores e aceita pela

Direção da Faculdade Machado de Assis como requisito parcial a Título de Bacharel em

Administração de Empresas.

José Caetano de Mattos Neto

Sônia Maria de Barros Loureiro

Janaina Nascimento Simões de Souza

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2004.

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AUTORIZAÇÃO

Autorizo a reprodução e/ou divulgação, total ou parcial, da presente obra, por

qualquer meio, convencional ou eletrônico, desde que citada a fonte.

Valéria de Jesus Rodrigues Souza

Faculdade Machado de Assis

Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2004.

Avenida Cesário de Melo, 13. 279 – Santa Cruz

E-mail: [email protected]