FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS...

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¹Estudante do 6ª semestre de Administração de Empresas do Centro Universitário UniCEUB FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS FATECS CURSO: ADMINISTRAÇÃO GESTÃO DA PRODUÇÃO ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DO KANBAN Eduardo Weyne Pedrosa RA: 2080034/5 PROFESSOR ORIENTADOR Gilberto Gomes Guedes Brasília/DF, 29 de outubro de 2010

Transcript of FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS SOCIAIS...

  • Estudante do 6 semestre de Administrao de Empresas do Centro Universitrio UniCEUB

    FACULDADE DE TECNOLOGIA E CINCIAS SOCIAIS APLICADAS FATECS

    CURSO: ADMINISTRAO

    GESTO DA PRODUO ATRAVS DA UTILIZAO DO KANBAN

    Eduardo Weyne Pedrosa

    RA: 2080034/5

    PROFESSOR ORIENTADOR

    Gilberto Gomes Guedes

    Braslia/DF, 29 de outubro de 2010

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    Eduardo Weyne Pedrosa

    GESTO DA PRODUAO ATRAVS DA UTILIZAO DO KANBAN:

    Trabalho de Curso (TC) apresentado como um dos requisitos para a concluso do curso Administrao de Empresas do UniCEUB Centro Universitrio de Braslia.

    Professor Orientador: Gilberto Gomes Guedes

    Banca examinadora:

    __________________________________

    Prof.(a):

    Orientador

    __________________________________

    Prof.(a):

    Examinador (a)

    __________________________________

    Prof.(a):

    Examinador (a)

    Braslia/DF, 29 de outubro de 2010

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    Gesto da Produo Atravs da Utilizao do Kanban

    Por:

    Eduardo Weyne Pedrosa

    RESUMO

    Em meados dos anos 50 devido a necessidade da Toyota Motor

    Company surgia um novo modelo de gesto da produo, uma vez que para a sua

    sobrevivncia era preciso mudar, era preciso maximizar o trabalho, cortar os custos,

    minimizar tudo aquilo que no agregava valor ao produto, eram meros desperdcios,

    era preciso ser competitivo, para o criador Ohno era inaceitvel se submeter a

    supremacia ocidental, surgia o modelo Just-in-Time e o seu principal pilar e tema deste

    o Kanban, modelos que mais tarde viriam a ser a exemplificao da boa gesto e a

    sada para momentos de crise, virou ferramenta valiosa para grandes empresas no s

    para competir mas at mesmo para sobreviver. O Just-in-Time prega que a relao dos

    recursos materiais para com a produo tem de ser acompanhada de perto, busca-se

    maximizar o trabalho, eliminar o retrabalho, reduzir os desperdcios tanto na produo

    quanto com estoque, o recurso material chega e j vai direto para a linha de produo,

    o Just-in-Time a filosofia e o kanban a ferramenta, o Just-in-Time na prtica.

    Atravs de um modelo de cartes, a produo se sustenta em diversas etapas,

    diversos nveis, assim o kanban nada mais que a requisio ao nvel antecessor do

    material a ser usado na prxima etapa, compe o modelo os cartes com cores

    diferentes, as quais representam o nvel de urgncia com o qual o material

    requisitado e o quadro com os espaos referentes aos recursos presentes, a

    automao da produo.

    Palavras-chave: Kanban, carto, automao

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    1. Introduo

    Com o desenvolvimento da sociedade capitalista e a diminuio das

    barreiras alfandegrias, as organizaes se viram em um cenrio cada vez mais

    competitivo, onde a concorrncia se apresentava predatria e de carter internacional.

    Assim, tiveram que arrumar meios de buscar um melhor posicionamento no mercado, e

    de maximizar o princpio bsico do capitalismo: o lucro.

    Um desses temas o deste artigo, a partir da necessidade de uma

    produo mais barata, mais rpida e em maior escala surgiram as evolues na gesto

    da produo e conseqentemente o Just-in-Time e o Kanban, um mtodo que visa

    agilizar e organizar a linha de produo, para assim, alcanar sua principal finalidade o

    trabalho com o estoque mnimo.

    Ser dado um enfoque histrico, no qual se observar tambm a sua

    evoluo ao longo dos anos, os quais trouxeram diversas evolues tecnolgicas e

    aprimoramento de processos dado, por exemplo, que o kanban surgiu no formato de

    um carto, da tal nome, e atualmente foi inserido na rea da tecnologia da informao,

    sendo controlado por softwares em tempo real.

    1.1 Problema e Objetivo Geral

    O estudo do Kanban revela como o principal problema a se responder o

    seguinte: Como atravs do uso do mtodo Kanban so obtidas vantagens

    competitivas? Assim, o objetivo deste, mostrar como a utilizao do Kanban e a

    otimizao do processo produtivo traz vantagens competitivas reais, visto que, no

    mercado competitivo predatrio atual, uma boa gesto dos recursos e a implementao

    de diferenciais so essenciais para sobrevivncia da organizao.

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    1.2 Objetivos Especficos

    Como objetivos especficos, definido conceituar o kanban, conceituar

    Just-in-time j que a partir deste, surgiu o kanban, relacionar as vantagens competitivas

    obtidas atravs do uso do kanban e por ultimo foi feita uma relao entre o kanban do

    passado, desde o seu surgimento at o atual, informatizado e complexo.

    1.3 Justificativas

    Para justificar a escolha do tema, sero abordados trs mbitos

    diferentes, o cientifico, o gerencial e o social. Como justificativa cientifica pode-se citar

    que o tema pode ser visto como a exemplificao dos novos modelos de gesto, uma

    vez que vem para minimizar custos e maximizar o trabalho e assim o lucro, para novos

    administradores um tema importante pois abrange diversos conceitos que se

    apresentam importantes em sua formao atual, como gesto de estoque, processo

    logstico, maximizao do trabalho e a integrao de processos informatizados.

    A justificativa gerencial do trabalho relevante no que diz respeito aos

    ganhos que os novos administradores podem trazer as empresas, tanto pensando na

    reduo de custos e de desperdcios quanto na maximizao de ganhos e na qualidade

    de seus produtos. Pode levar empresas a rever suas polticas, por exemplo, de escolha

    de fornecedores, necessrio acompanhar tanto as evolues tecnolgicas quanto as

    evolues dos processos. No mbito social, pode se destacar que empresas que

    consigam adotar tais prticas ao invs de serem vistas como exploradoras do recurso

    humano, passem a serem vistas com um status diferente, na qual, seriam empresas

    srias, com uma gesto consistente e que da grande valor ao capital humano, atravs

    de polticas anti-stress, por exemplo, ganhariam em atratividade de mo-de-obra

    qualificada e de novos consumidores j que seus produtos passam a ser vistos de alta

    qualidade devido a esse status j comentado.

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    1.4 Metodologia

    O mtodo a ser utilizado a fim de desenvolver o trabalho foi o

    exploratrio, j que os meios os quais foram utilizados para buscar informaes so

    atravs de referencias bibliogrficas, na busca em livros e artigos e ainda na

    observao de um caso real, atravs da entrevista de um integrante da rea da

    engenharia da produo de uma renomada empresa que se utiliza arduamente do

    modelo a fim de realizar um diagnstico acerca dos benefcios que tal modelo traz para

    a organizao. O mtodo exploratrio qualitativo foi escolhido para trazer uma viso

    geral do tema, tanto com o embasamento terico quanto o modelo na prtica.

    2. Desenvolvimento

    2.1 Introduo ao Kanban

    O Kanban um mtodo de programao da produo que tem como o

    instrumento o envio de cartes de cada nvel subseqente para o posterior, afim de,

    eliminar a existncia de estoques, o que possibilita uma maximizao da fora de

    trabalho que agregada ao baixo nvel de inventrio presente leva a reduo de custos e

    ao aumento da produtividade, assim reduz-se desperdcios, um dos objetivos bsicos

    do modelo. (RIBEIRO;1984)

    importante destacar que o modelo no tem como foco a reduo do

    estoque a zero e sim reduzir os desperdcios e aumentar o capital de giro do negcio, o

    estoque zero uma mera conseqncia da busca pela reduo dos desperdcios, no

    que diz respeito a gerencia do modelo vemos a descentralizao da gesto da fabrica,

    uma vez que o acompanhamento tem que ser prximo e so criadas condies para as

    chefias diretas ficarem responsveis pelas gestes das linhas de produo e dos

    estoques presentes, se por acaso faltar uma determinada matria prima a produo de

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    diversos produtos pode ficar comprometida e assim a linha de produo simplesmente

    travar.

    O sistema Kanban de produo aquele que compete ao cho de

    fbrica, o material de produo s vai para o nvel subseqente, s requerido pelo

    sistema apenas quando se faz necessrio, s dada a retirada dos itens depois do

    estagio sucessor os ter consumido. Kanban numa traduo grosso modo significa

    carto, so cartes com funes como autorizar a produo e o transporte de

    determinados itens que contm informaes como o tipo e a quantidade. A principal

    finalidade desse mtodo trabalhar com o estoque mnimo (GUIMARAES;

    FALSARELLA, 2008).

    Normalmente, confunde-se Kanban com o Just-in-Time devido a eles se

    complementarem e estarem baseados num mesmo foco, a gesto da produo. A

    diferena entre kanban e Just-in-time que enquanto o segundo visa o emprego do

    material correto, no tempo correto, no lugar certo e na quantidade necessria, o

    Kanban se apresenta como o meio no qual o Just-in-Time pode ser atingido, sem o

    Kanban ele no ter xito, o kanban o Just-in-Time na prtica.

    2.2 Introduo ao Just-in-Time

    O entendimento acerca do Just-in-Time essencial quando se trata de

    kanban, levando-se em conta que o Kanban um dos pilares do Just-in-Time, uma

    de suas ferramentas. O Just-in-Time surgiu no final da dcada de 40 e tem como

    criador Taiichi Ohno, gerente de produo. A indstria automobilstica estava no centro

    dos planos do Ministrio de Comercio Exterior e Indstria japons, que buscava se

    reerguer, j que acabara de sair de uma guerra em 1945. Nesse plano duas empresas

    gozavam de diversos incentivos como financiamentos, proteo alfandegria (o que

    vinha de fora era taxado em 40%), Ohno no se conformava em apenas adotar o

    mtodo americano, para ele era impossvel um americano produzir 10 vezes mais que

    um japons, algo estava errado, em alguma etapa da produo havia desperdcio, era

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    preciso maximizar o trabalho, alteraes como no arranjo fsico faziam com que um

    nico funcionrio vigia-se varias maquinas e no apenas uma, desenvolveu a

    automao, a maquina ao perceber que algo podia danific-la ou que algo corria errado

    na produo simplesmente parava. Nos anos 50 essas empresas comeavam a tirar a

    corda do pescoo, a guerra na coria trouxe diversas encomendas de caminhes

    militares. (RIBEIRO,1984)

    Entretanto o modelo teve relevncia mesmo em meados da dcada de

    70, diversos fatores levaram a sua criao, o Japo assim como o mundo sentiam os

    efeitos da crise do petrleo (1973), com poucos recursos e com pssima estrutura

    geogrfica no que diz respeito ao quesito logstica e transporte devido a seu relevo

    montanhoso e acidentado e ainda pelo fato de se apresentar em um arquiplago, tinha-

    se que maximizar a produtividade para buscar a sobrevivncia. Nessa poca o modelo

    ganhou popularidade, no s no Japo, mas no mundo.

    Como precursora do modelo a Toyota Motor Company, buscava espao

    no cenrio automobilstico atravs da variedade de produtos, modelos e cores e o mais

    rpido possvel (CORREA, 2003 p.79).

    Segundo Coriat (1994, apud TUMOLO, 1997, p.334) o modelo just-in-

    time, tambm chamado de toyotismo, no nada mais que o contrrio do que as

    heranas ocidentais estabeleciam, enquanto o mtodo norte-americano previa a

    produo, em srie, grandes volumes, seguindo um modelo de produo padronizado,

    com estoque e economia de escala, o toyotismo prev sries restritas, sem economias

    de escala, sem estoques e com produtos em maior variedade e diferenciados. O

    grande objetivo e desafio do modelo produzir com o menor custo possvel, e cada vez

    mais baixo.

    Segundo Tubino e Lemos (1999) o Just-in-time tem como parte de sua

    filosofia duas premissas bsicas: a eliminao de perdas e a melhoria continuam.

    Melhorar continuamente significa que o Just-in-time um processo continuo. J quanto

    as perdas significa diminuir e dar menor relevncia as atividades que no agregam

    valor de forma direta no produto ou servio.

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    Como exemplos de perdas, temos estoque, retrabalho, movimentao de

    materiais, retrabalho, inspees, movimentao de materiais e refugo. Diminuir perdas

    possvel em todas as reas da empresa, desde a engenharia, passando pela rea

    administrativa e at o cho-de-fabrica.

    2.3 Mais sobre o kanban

    O kanban pode ser detalhado como a gesto visual da produo, fazendo

    uma comparao entre gesto regular da produo e a gesto visual da produo,

    enquanto a primeira produo baseada em ordens emitidas pela rea de controle e

    planejamentos, ou seja, s produzido o que determinado.

    J na gesto visual da produo, a produo consegue observar o nvel

    atual de estoque e toma a deciso de produzir ou no, baseado nessa informao.

    Vale lembrar que na gesto regular da produo, o que e mais comum, o processo

    costuma ser empurrado enquanto na metodologia do Kanban, utiliza-se o processo

    puxado, esses so conceitos da relao demanda-oferta que sero melhores

    explorados e conceituados mais a frente (RIBEIRO,1984).

    Segundo Tubino e Lemos (1999), conceitua-se o Kanban:

    O Kanban foi desenvolvido como um programa para balancear o fluxo de produtos atravs do processo produtivo, com o objetivo de melhorar o sistema de produtividade e assegurar o envolvimento e participao dos operadores no processo para alcanar uma alta produtividade. O Sistema Kanban visa tornar simples e rpidas as atividades de programao, controle e acompanhamento de sistemas de produo em lotes.

    Com o passar dos anos, com as alteraes dos mercados, com a

    evoluo tecnolgica, as empresas tiveram que se adequar a quesitos como escassez

    de mo-de-obra qualificada, de recurso materiais, alta competitividade e a reduo dos

    custos de produo, tais processos tenderam a se alterar, a se tornarem, mais rpidos,

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    mais seguros e mais baratos, enquanto anos atrs tnhamos um homem contando os

    produtos vendidos diariamente e assim calculando manualmente o quanto deveria

    agora ser produzido afim se suprir tal demanda, hoje os computadores atravs de

    sistemas integrados o faz em segundos, com um ndice maior de acerto e com um

    custo com mo-de-obra reduzido, uma vez que no preciso recrutar e selecionar,

    treinar, avaliar o desempenho de tal funcionrio, pagar salrio, vales e demais

    benefcios a que lhe so direitos e a empresa obrigaes.

    Quando o Kanban apresenta-se auxiliado pela tecnologia da informao,

    acaba por se destacar no que diz respeito administrao dos processos, h a

    possibilidade dele ser integrado com sistemas de informao de outros setores

    empresariais. Por exemplo, pedidos ordenados pelo setor de vendas podem orientar

    diretamente a linha de produo via Kanban eletrnico (ARGENTA; OLIVEIRA;2001).

    Segundo Ribeiro (1984, p.45), existe quatro tipos de kanbans, o kanban

    de fabricao que aquele que diz respeito do processo de fabricao at o

    supermercado ou linha de montagem. apresentado tambm o kanban de matria-

    prima que aquele carto usado entre os setores de almoxarifado de matria-prima e

    de fabricao, mais especificamente no inicio. J o kanban de montagem aquele

    utilizado entre a rea de montagem e o mercado de peas, neste somente no momento

    de retirada do carto kanban que o pessoal saber a quantidade a serem produzidas,

    assim as quantidades produzidas so exatamente as programadas. Por ltimo, temos o

    de fornecedor que representa aquele carto entre os setores da linha de produo ou

    de montagem e o fornecedor, importante temas como intervalos de entrega e tempo de

    reposio so controlados de perto, de maneira rgida, vale citar que geralmente os

    fornecedores presentes neste mtodo operam como unidades-satelites e apresentam

    localizao prxima empresa-me.

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    2.4 Mtodos de estoque puxado e empurrado

    Dois importantes conceitos devem ser destacados vendo a sua relevncia

    na relao demanda-produo, os mtodos puxados e empurrados.

    Vale ressaltar que quando dado o modelo kanban indicado utilizar o

    mtodo puxado, porm, o mais comum o mtodo empurrado. De acordo com Caio

    Argenta e Leonardo de Oliveira (2001) conceitua-se o mtodo puxado como aquele que

    se traduz na produo de apenas os materiais necessrios, quando esses foram

    solicitados por um nvel subseqente, de acordo com a quantidade demandada. A linha

    de montagem tem acesso a informaes das peas necessrias e quando estas

    avanaro ao nvel posterior para assim t-las no tempo, na qualidade exigida e na

    quantidade correta. Apenas quando um produto comprado desencadeia-se a

    produo a partir do fim da linha, a produo sendo puxada pelo mercado.

    Ao se utilizar do mtodo puxado encontram-se duas restries, a

    programao de produo fica dependente de ter uma demanda regular e estabilidade

    do projeto do produto, para evitar o risco de produtos ficarem estocados antes da

    montagem por muito tempo e at mesmo de se perderem com uma queda brusca da

    demanda ou uma determinada mudana no projeto. O contrrio do que se pensado o

    mtodo de produo puxado encaixa-se a empresas que procuram produzir uma

    grande variedade de produtos, possvel fazer uma adequao do modelo puxado a

    fim de utilizar-se da demanda para produzir, basta fazer um estudo, uma curva ABC de

    seus produtos, tendo assim os mais produzidos e os mais representativos, tal quesito

    inclusive pode levar a deciso entre os dois modelos, se o que se encaixaria melhor

    seria o puxado ou o empurrado (TUBINO, Andrade, 2003, p. 97 apud. COLIN, 1996, p.

    121; ABDULNOUR, et ALLI, 1998, p. 79).

    O sistema de programao de produo empurrado aquele no qual no

    se estabelece uma relao direta entre a produo e a demanda, empurra-se os

    produtos em prateleiras, vitrines a fim de forar a compra do cliente, ele associado ao

    sistema de planejamento das necessidades de materiais (MRP), que dimensionaria a

    quantidade a ser produzida.

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    2.5 O kanban na prtica

    Quanto aplicabilidade do kanban, temos atravs de diversos tipos,

    primordialmente era atravs de cartes em um quadro, no qual, apresentam-se com

    cdigo de cores. O quadro possui uma faixa colorida para um determinado produto com

    uma determinada quantidade de posies.

    Ao se tratar da seleo de itens para o kanban, vemos que no existe

    uma limitao para a sua implementao com o uso de cartes, explicito que tal

    sistema mais efetivo quando os itens controlados possuem repetibilidade, alta

    atividade e tem uma pequena sazonalidade nas quantidades consumidas. (RIBEIRO;

    1998, p.46).

    Um exemplo citado por Correa e Gianesi (1996, p. 91) o kanban de

    transporte, ele pode autorizar a movimentao de determinado material pela fbrica,

    como um determinado componente produzido em um centro de produo para outro

    centro de produo que vai consumi-lo. Normalmente um carto de transporte

    apresenta informaes como nmero da pea, descrio da pea, centro de produo

    de origem, centro de produo de destino e tamanho do lote que foi movimentado.

    Nem uma nica atividade de movimentao pode ser executada sem que um kanban

    autorize.

    J para Reid e Sanders (2005, p. 125) quando um recipiente se

    apresentar vazio em uma determinada estao (Estao X), e uma rea de produo

    ou o trabalhador precisar de mais peas, o mesmo teria de levar este recipiente vazio

    com um carto (kanban) de retirada a estao anterior de trabalho(Estao Y). Ento,

    o funcionrio retira um carto de produo de um determinado recipiente cheio com

    peas e o troca pelo carto de retirada que permite a movimentao e assim a retirada

    de tais peas. J o carto de produo colocado em um ponto de recebimento de

    cartes na estao X de trabalho, mostrando que esta autorizada a produo de outro

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    recipiente, lote de peas. Vale destacar que o recipiente vazio tambm permanece na

    estao de trabalho X para ser cheio.

    Depois de deixar o carto de produo e o recipiente vazio no centro de

    trabalho X, o funcionrio toma o recipiente cheio e o carto de retirada e volta para o

    centro Y. Quando o recipiente estiver vazio novamente, o carto de retirada e o

    recipiente vazio voltam ao centro de trabalho X e assim o ciclo vai se repetindo.

    Quanto ao numero de kanbans no processo de produo, Reid e Sanders

    (2005, p. 126) afirmam que o numero de kanbans tem de ser compatveis com o

    numero de recipientes. Se houverem kanbans demais pode haver produo e assim

    estoques em excesso, pelo contrrio, se no houver kanbans suficientes o processo

    pode no estar girando com a rapidez necessria. Cabe ao gerente de produo

    avaliar e assim acrescentar ou retirar kanbans do sistema para equilibr-lo. Como o

    objetivo deste modelo aumentar a eficincia do sistema, isso pode significar uma

    busca para diminuir as quantidades em estoque e o numero de kanbans. Apresenta-se

    assim, uma frmula para calcular o nmero de kanbans para controlar a produo:

    N=DT/C

    Aonde N representa o nmero total de kanbans, D a taxa de demanda de

    um determinado ponto de trabalho, T o tempo de recebimento de material pedido

    estao anterior (tempo de espera) e C representa o tamanho do recipiente.

    Quanto s funcionalidades do kanban destacada tambm a sua

    presena no que diz respeito a coordenar entrega de bens de fornecedores.

    Fornecedores entregam recipientes cheios nos locais de utilizao na fabrica e ao

    mesmo tempo recolhem o recipiente vazio que l estava com um kanban e para ser

    cheio mais tarde. Como normalmente o fabricante tem diferentes fornecedores,

    instalam-se caixas de correio na fabrica para cada um desses fornecedores, assim os

    fornecedores podem olhar em suas caixas de correio a presena de novos pedidos.

    Os kanbans geralmente so feitos de plstico ou metal, mas estes tambm existem em

    formas de cdigos de barras e kanbans eletrnicos que facilitam e agilizam ainda mais

    as comunicaes com os fornecedores.(REID, SANDERS; 2005 p.126).

  • 14

    2.6 O Kanban eletrnico

    Segundo Dalmas;Tubino; Molina; Mascheroni (1995) o kanban eletrnico

    uma importante ferramenta uma vez que agiliza a tomada de deciso, pois

    computadores permitem rpida alimentao de informaes. Para se visualizar as

    informaes podem ser usados painis eletrnicos, nos quais so apresentados

    diferentes produtos feitos em clulas, ou etapas da produo, os mesmos podem ser

    preenchidos com diversos dados dos meios de controle de vendas e estoque, aonde se

    apresentam necessidades, tipos de produtos e quantidades, assim como o nvel de

    urgncia que os mesmos tm de ser fabricados.

    Por outro lado, centros de trabalho diferentes preenchem o sistema com

    dados referentes ao que foi produzido por meio dos terminais, dispositivos de cdigo de

    barras ou teclados, o objetivo deste prover aos demais centros produtivos a

    disponibilidade dos materiais produzidos ou a serem produzidos.

    Outro ponto a ser destacado diz respeito ao kanban de fornecedor, este

    traz o conceito de que atravs da transferncia eletrnica de dados so agilizados os

    pedidos de materiais e peas, assim vemos processamentos de pedidos de clientes e

    procedimentos simplificados, vale destacar que tem- se o custo menor com pessoal

    que diretamente executa as atividades, com a estrutura por trs para mante-la como

    recrutamento e seleo, treinamento e avaliao de desempenho e a confiabilidade

    dos dados tambm maior, uma vez que clculos so feitos por meios eletrnicos,

    evita-se o erro humano.(DALMAS;TUBINO;MOLINA;MASCHERONI; 1995)

    O kanban eletrnico tambm aparece como um agente importante e

    estratgico na gesto financeira das empresas, j que kanbans com cdigos de barras

    no centro de recebimento de materiais que vem de fornecedores externos pode

    simplificar o processo de faturamento, assim agiliza-se a emisso de futuras faturas e

    alimenta-se o sistema contbil da empresa diretamente (DALMAS; TUBINO; MOLINA;

    MASCHERONI;1995, p.4).

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    2.7 Vantagens do kanban

    O kanban um modelo que traz diversas vantagens as grandes

    empresas, e a sua maior relevncia e presena no meio da gesto da produo prova

    a sua aceitabilidade e confiabilidade. O nmero de cartes em circulao, por exemplo,

    restringe o estoque mximo. O sistema facilmente avalivel, uma vez que se pode

    medir a eficincia atravs da reduo do nmero de cartes circulando.

    As necessidades de reposio so observadas visualmente, uma

    contagem dos containers, por exemplo, podem trazer imediata avaliao da situao.

    Elimina-se a burocracia, os cartes se mantendo em giro levam a obsolescncia de

    requisies de material, ordens de servio e outros tipos de controle. Por fim, o sistema

    s precisa ser revisado raramente j que o sistema acaba por compensar sozinho,

    variaes pequenas, s preciso t-lo em foco quando se apresentam mudanas

    grandes nas quantidades produzidas.

    3. Anlise dos resultados

    Neste apresenta-se uma entrevista com o ex-supervisor de tecnologia da

    Rexam, Thiago Passos, formado em Mecatrnica pela UNB (Universidade de Braslia)

    e esteve no quadro de funcionrios da Rexam, por quatro anos, entre 2005 e 2009.

    A Rexam uma dentre as lderes mundiais em fabricao de embalagens

    para consumo. Tem como foco atender a mercados de bebidas, cuidados pessoais,

    alimentos e sade. Possui aproximadamente vinte e trs mil funcionrios e est

    presente em mais de vinte pases com cento e cinco fabricas, sendo no Brasil onze

    destas. A empresa tem como meta, a liderana do mercado, comprometer-se com a

    inovao e seriedade na busca por agregar valor ao seu produto. No mercado de

    produo de latas a Rexam uma das lideres e produz sessenta bilhes de latas ano.

  • 16

    Tem como cliente, por exemplo, a Coca-Cola no Brasil, e domina sessenta e trs por

    cento de market share.

    Quanto presena do kanban na empresa, Thiago detalha que existe um

    quadro na rea de peas mais utilizadas e feito uma segmentao por equipamento,

    uma vez que tais peas, so de reposio dos equipamentos responsveis pela

    produo. Ainda cita que no almoxarifado as de maior giro como correias, rolamentos

    tambm so controlados pelo modelo.

    Perguntado sobre como atravs da implementao do kanban observam-

    se ganhos na linha de produo, onde ponderou que notvel a reduo no tempo de

    troca de peas e conseqentemente a reduo no downtime da linha de produo que

    agora opera com maior facilidade por vinte e quatro horas por dia, em trezentos e

    sessenta e cinco dias no ano.

    Outra ponderao foi a de que antes o operador devia ir at o

    almoxarifado procurar e solicitar a pea. Agora o processo faz com que ela mesma,

    indiretamente, esteja ao lado da mquina em um quadro de controle. Na empresa,

    geralmente o kanban era utilizado em itens que tem vida til curta e itens descartveis

    como materiais utilizados em trocas de rtulos.

    Com relao informatizao dos processos, foi levantado que na rea

    de produo ele todo visual, no entanto, no almoxarifado ele todo informatizado, e

    empregado o kanban eletrnico de fornecedor. A reposio automtica quando

    atingido o limite mnimo de estoque para um determinado produto.

    O valor na organizao dado ao modelo alto. Segundo o entrevistado,

    tal modelo representa um grande ganho de produtividade, onde, corriqueiramente,

    buscam-se alternativas para melhorar o modelo, maximizar os trabalhos e minimizar os

    retrabalhos.

    J com relao ao uso que a organizao faz do modelo, se correta ou

    no, observou-se que ela age de forma correta. Implementou a cultura na empresa dos

    5S, os cinco sensos, que so as iniciais de cinco palavras japonesas, que so elas:

    Seiton, Seiri, Seiso, Seiketsu e Shitsuke que respectivamente significam senso de

    utilizao, organizao, limpeza, normalizao e autodisciplina ou hbito.

  • 17

    Os 5S tm como principal objetivo melhorar a qualidade de vida das

    pessoas, construindo um ambiente saudvel e acolhedor para todos. Este objetivo s

    ser alcanado, uma vez que em, respeito ao prximo, exista trabalho em equipe,

    procure-se a qualidade e a excelncia no trabalho. So os cinco sensos que trazem

    empresa um jeito totalmente novo de encarar o ambiente de trabalho. Tal cultura surgiu

    no Japo com o intuito dos pais educarem os filhos com alguns princpios que os

    deveriam acompanhar at a sua fase adulta.

    Para exemplificao do Modelo Kanban, segue abaixo um Carto de

    Produo:

    Grfico 1 Modelo de Kanban (LOPES, 1998)

    Como observado acima, em um Carto Kanban, apresentam-se os

    Processos Precedente e Subseqente. Uma vez que, o Kanban tem como objetivo a

    organizao das linhas de produo, os Processos citados, demonstram que aquilo

    que ser produzido na Forjaria, j tem o seu consumo comprometido no nvel

    subseqente, no caso a Usinagem. Novamente como demonstra o Carto, nota-se a

  • 18

    organizao de um determinado item, como: nmero de prateleira no estoque, nmero

    do item, nome do item, destinao do item e capacidade do lote desse item.

    4.Concluso

    Conclui-se deste que a necessidade de melhorar os processos e

    aperfeio-los, principalmente na rea da gesto da produo, levou muitas empresas

    a adotarem o modelo Just-in-time e a empregarem a ferramenta kanban, destaca-se

    aqui que aps estudo aprofundado acerca do tema, o modelo efetivo e tem grande

    importncia no que diz respeito a sobrevivncia das empresas, quanto a sua

    aplicabilidade e quanto a sua confiabilidade foi constatado que de fato eficaz e no

    h porque no empreg-lo quando se busca a excelncia nos processos, criar um

    ambiente saudvel de trabalho, agregar valor ao produto e visar a boa gesto dos

    recursos, o kanban se mostrou um ferramenta poderosa para a lucratividade,

    produtividade e ser competitivo no negocio.

    Afim de responder os objetivos especficos pondera-se que o conceito de

    kanban aquela ferramenta, o meio para se alcanar o Just-in-time, um mtodo de

    automao e de organizao da produo, no qual, um nvel subseqente puxa a

    produo de um posterior. J quanto ao conceito de Just-in-time uma filosofia que

    visa eliminar os desperdcios, as perdas, primordial a economia com estoques,

    procura-se trabalhar com estoques mnimos, procura-se encaixar o modelo de tal

    maneira que produza elementos variados , procura-se ganhar no tempo de execuo,

    na eliminao de erros e evitar retrabalhos, o foco maximizar o lucro do negocio.

    Com o emprego do kanban obtido um maior controle da produo,

    analisamos mais facilmente, as necessidades so observadas visualmente, mais

    rpida a correo de um erro e mais visvel, com o kanban ganha-se muito em tempo,

    o operrio por exemplo no perde tempo procurando uma pea ou fazendo um

    retrabalho e a confiabilidade maior uma vez que cada produto tem o seu numero de

    serie e os clculos matemticos so feitos por computadores, reduz-se o custo com

  • 19

    pessoal e com a estrutura para manter esse pessoal, como rea de recrutamento e

    seleo, treinamento e de avaliao de desempenho.

    Ao longo dos anos o kanban foi mudando, antes um simples carto, hoje

    um quadro eletrnico em cada parte do processo, fazendo clculos a cada momento

    das futuras requisies do que sai em tempo- real de cada parte do processo, ele

    responsvel pelo crescimento de diversas empresas, como a usada neste, a Rexam. O

    kanban eletrnico um meio mais gil de obter respostas, preencher bancos de dados

    e tomar decises, o gestor ao utilizar-se deste facilitado e beneficiado.

    Num mercado competitivo atual vemos o kanban atravs dos pontos

    citados acima como precursor de uma nova era na gesto da produo, a maior prova

    que aps a crise mundial em 2008, diversas empresas ou procuraram implement-lo

    ou aperfeio-lo e assim conseguiram sobreviver sem mais dificuldades a crise.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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