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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA CLÁUDIA PATRÍCIA FERREIRA DO VALE EXISTIRÁ UMA MAIOR INCIDÊNCIA DE DISPLASIA DE DENSENVOLVIMENTO DA ANCA EM CRIANÇAS COM PÉ BOTO IDIOPÁTICO? ARTIGO CIENTÍFICO ÁREA CIENTÍFICA DE ORTOPEDIA TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE: PROF. DOUTOR FERNANDO JUDAS DRA. CRISTINA ALVES DR. JOÃO FREITAS FEVEREIRO/2014

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

TRABALHO FINAL DO 6º ANO MÉDICO COM VISTA À ATRIBUIÇÃO DO

GRAU DE MESTRE NO ÂMBITO DO CICLO DE ESTUDOS DE MESTRADO

INTEGRADO EM MEDICINA

CLÁUDIA PATRÍCIA FERREIRA DO VALE

EXISTIRÁ UMA MAIOR INCIDÊNCIA DE DISPLASIA

DE DENSENVOLVIMENTO DA ANCA EM

CRIANÇAS COM PÉ BOTO IDIOPÁTICO?

ARTIGO CIENTÍFICO

ÁREA CIENTÍFICA DE ORTOPEDIA

TRABALHO REALIZADO SOB A ORIENTAÇÃO DE:

PROF. DOUTOR FERNANDO JUDAS

DRA. CRISTINA ALVES

DR. JOÃO FREITAS

FEVEREIRO/2014

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FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

PORTUGAL

EXISTIRÁ UMA MAIOR

INCIDÊNCIA DE DISPLASIA DE

DENSENVOLVIMENTO DA ANCA

EM CRIANÇAS COM PÉ BOTO

IDIOPÁTICO? Artigo Científico

Autor: Cláudia Valea

Co-orientadora: Dra. Cristina Alvesb

Co-orientador: Dr. João Freitasc

Orientador: Prof. Doutor Fernando Judasd

Fevereiro - 2014

a Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra, Portugal, Aluna

b Serviço de Ortopedia Pediátrica do CHUC, EPE- Hospital Pediátrico, Assistente Hospitalar c Serviço de Ortopedia do CHUC, EPE- Assistente Hospitalar de Ortopedia d Clínica Universitária de Ortopedia do CHUC, EPE- Chefe de Serviço de Ortopedia, Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

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RESUMO

Introdução: A relação entre Pé boto idiopático e Displasia de Desenvolvimento da Anca

(DDA) não está completamente estudada, existindo poucos dados relativos à sua incidência e

controvérsia quanto à necessidade de rastreio imagiológico da DDA nestes doentes. Este

estudo tem como objetivos determinar a incidência de DDA em crianças com pé boto

idiopático, compará-la à descrita para a população em geral e determinar se estes doentes

devem ser rastreados para DDA.

Pacientes e Métodos: Realizou-se um estudo coorte retrospetivo, incluindo doentes com pé

boto idiopático tratados no Serviço de Ortopedia Pediátrica do CHUC, EPE- HP, entre 1 de

Janeiro de 2006 e 31 de Dezembro de 2012. Colheram-se os dados demográficos e relativos

ao pé boto e às ancas (utilizou-se a classificação de Graf para a DDA). Realizaram-se

entrevistas telefónicas aos pais dos doentes, para colher dados indisponíveis nos registos

clínicos. O número de nados-vivos em Coimbra foi facultado pelas Maternidades Bissaya

Barreto e Daniel de Matos. O estudo estatístico foi realizado com Microsoft Excel® e SPSS®.

Este estudo foi aprovado pela Comissão Coordenadora do Conselho Científico da Faculdade

de Medicina da Universidade de Coimbra.

Resultados: A incidência anual de pé boto idiopático em Coimbra variou entre 0,87 e

2,58:1000 nados-vivos. Foram tratados 73 doentes no HP, sendo 48 do sexo masculino e 53%

com pé boto bilateral. A idade atual dos doentes é de 4,01 ± 2,01 anos. As crianças foram

tratadas pelo Método de Ponseti com 5,56 ± 1,64 gessos e utilizaram as botas de Dennis-

Browne durante 3,11 ± 1,48 anos. Em 17,8% dos doentes foi realizada investigação

imagiológica para despistar DDA. Foi diagnosticada DDA em 3 crianças e esta foi

clinicamente significativa em apenas 1 menina, que foi tratada com tala de Pavlik. Nas outras

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2 crianças foram identificadas ancas imaturas, que evoluíram para a normalidade. Não se

observou qualquer diagnóstico tardio de DDA. Não foi observada diferença significativa para

a incidência de DDA entre sexo feminino e masculino (p=0,27).

Conclusão: Os doentes com pé boto idiopático tratados no HP apresentam uma baixa

incidência de DDA (4,1%), sobreponível à incidência encontrada na população em geral. Os

resultados obtidos não suportam uma associação entre pé boto e DDA, sugerindo que o pé

boto não constitui um fator de risco para a DDA e que o exame clínico das ancas é suficiente

para o rastreio da DDA em crianças com pé boto.

ABSTRACT

Introduction: The relationship between idiopathic clubfoot and Developmental Dysplasia of

the Hip (DDH) its not completely studied, existing scarce data about incidence and

controversy about the need for an imagiological screening of DDH in these patients. This

study aims to determine the incidence of DDH in children with idiopathic clubfoot, compare

it with the described for the general population and ascertain if these patients should be

screened for DDH.

Patients and methods: A retrospective cohort study was performed, including patients with

idopathic clubfoot treated in the Pediatric Orthopaedics Division of CHUC, EPE- HP,

between January 1st 2006 and December 31st 2012. Demographic data and data regarding the

clubfoot and hips (Graf Classification was used for DDH) were collected. Telephone

interviews were made with patient's parents in order to complete data that was unavailable in

patients’ charts. The number of births was requested to Maternidade Bissaya Barreto and

Maternidade Daniel de Matos. The results were analyzed using Microsoft Excel® and SPSS®.

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This study was approved by the Coordinator Comission and the Scientific Border of the

Faculty of Medicine, University of Coimbra.

Results: The annual incidence of idiopathic clubfoot in Coimbra has varied between 0,87 and

2,58:1000. HP treated 73 patients, 48 males and 25 females, with 53% of children having

bilateral clubfeet. Age of the patients at the time of this study was 4,01 ± 2,01 years. All

children were treated by the Ponseti Method, with 5,56 ± 1,64 casts and using Dennis-Browne

boots for 3,11 ± 1,48 years. From these, 17,8% had imaging investigation in order to look for

DDH. However, DDH was diagnosed only in 3 patients, and this was clinically significant in

only 1 child, as immature Graf 2A hips were identified in the other 2 children who ultimately

evolved into normality, without the need of any treatment. Despite DDH being more frequent

in females, DDH incidence was not significantly different between girls and boys (p=0,27).

Conclusion: Idiopathic clubfoot patientes treated in HP, present a low incidence (4,1%) of

DDH in patients with idiopathic clubfoot, matching the expectactions for the general

population. The results obtained do not support an association between clubfoot and DDH,

suggesting that clubfoot is not a risk factor for DDH and that the clínical hip exam is

sufficient to screen DDH in children with clubfoot.

PALAVRAS CHAVE

Pé boto, displasia do desenvolvimento da anca, incidência, exame clínico, ecografia, rastreio.

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INTRODUÇÃO

As deformidades congénitas do pé e a displasia do desenvolvimento da anca (DDA)

são frequentes em ortopedia pediátrica. O pé boto é a malformação congénita do pé mais

frequente, com uma incidência de 1-8:1000 recém-nascidos, enquanto a DDA afeta 1-77:1000

recém-nascidos.1

O pé boto predomina no sexo masculino (2:1), sendo bilateral em 30-50% dos casos.2

É uma deformidade tridimensional irredutível, caracterizada por cavo, adução do antepé, varo

da articulação subtalar e equino. Descrevem-se diferentes tipos de pé boto: idiopático,

postural, neurogénico e sindrómico.2 O tratamento deve ser iniciado no 1º mês de vida, pelo

método de Ponseti, consistindo em manipulações seriadas do pé, realizando abdução do pé em

supinação com contrapressão na parte lateral da cabeça do talus e subsequente aplicação de

gesso cruropodálico. O gesso, que se estende até ao terço superior da coxa com o joelho a 90º,

mantém o pé numa posição parcialmente corrigida durante 5 a 7 dias, após os quais se faz

nova manipulação e gesso. A correção é gradual, sendo necessários 5-6 gessos. A maioria dos

doentes necessita ainda de tenotomia percutânea do tendão de Aquiles e um último gesso por

3 semanas, passando depois a utilizar o aparelho de Dennis-Browne até aos 4-5 anos de idade,

inicialmente por 23 horas diárias e depois por períodos nunca inferiores a 12 horas.3, 4

A DDA corresponde a um espectro de patologia que engloba displasia acetabular,

instabilidade, subluxação e luxação, sendo mais frequente no sexo feminino (6:1) e atingindo

predominantemente a anca esquerda (60%).5 Enquanto o diagnóstico de Pé boto é clínico, o

diagnóstico de DDA exige a conjugação de achados clínicos e imagiológicos (ecográficos ou

radiográficos).6 O tratamento da DDA é tanto mais eficaz quanto mais precocemente for

iniciado. A tala de Pavlik é frequentemente utilizada como tratamento inicial na maioria dos

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casos diagnosticados precocemente, entre o 1º e o 6º mês de vida. Pode ser necessário recorrer

a um programa de tração, seguido da aplicação de um calção gessado e eventualmente do uso

de talas de Dennis-Browne até à correção completa da displasia. Caso a redução da anca não

seja adequada ou o tratamento se inicie após os 6 meses, pode ser necessária uma intervenção

cirúrgica para redução da anca.1

Tanto o Pé boto idiopático como a DDA são de etiologia desconhecida, mas vários

fatores de risco estão identificados. Hipotetizam-se múltiplas etiologias para o Pé boto:

fatores ambientais e genéticos; modelação in útero; lesão primária de músculos, nervos, ossos

ou vasos; infeção viral ou fibrose retráctil.2,7

A DDA tem etiologia multifatorial, incluindo

fatores genéticos e ambientais. Poderá ser causada por malformações de estruturas anatómicas

no período embrionário, que podem estar associadas a hiperelasticidade dos ligamentos

capsulares, alongamento do ligamento teres ou eversão do rebordo acetabular hipertrofiado.8

Como fatores de risco para a DDA foram identificados a posição pélvica, oligohidroâmnio,

história familiar, sexo feminino e primeira gestação. Esta patologia está também associada a

outras anomalias da modelação in útero como o torcicolo ou o metatarso aducto.7

Existem poucos dados na literatura relativamente à incidência de DDA em crianças

com pé boto idiopático, existindo controvérsia quanto à necessidade de realizar o rastreio

imagiológico da DDA nestes doentes. Como tal, torna-se importante estabelecer se o Pé boto

é um fator de risco para DDA. Assim, este estudo tem como objetivos estabelecer a incidência

de DDA em crianças com pé boto idiopático, tratadas no Serviço de Ortopedia Pediátrica do

CHUC, EPE-Hospital Pediátrico (HP), compará-la à incidência descrita para a população em

geral e determinar se as crianças com Pé boto devem ser rastreadas para DDA.

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PACIENTES E MÉTODOS

Realizou-se um estudo coorte retrospetivo. Os doentes foram selecionados a partir da

base de dados do Serviço de Ortopedia Pediátrica do CHUC, EPE- HP, tendo-se identificado

os doentes com diagnóstico de pé boto idiopático. Foram incluídas no estudo crianças que

iniciaram tratamento por pé boto idiopático no período de 1 de Janeiro de 2006 a 31 de

Dezembro de 2012. Excluíram-se doentes com síndromes genéticos, patologia neuromuscular,

artrogripose ou mielomeningocelo.

A Consulta dos Processos Clínicos permitiu a colheita de dados demográficos (sexo,

data de nascimento e tempo de seguimento), dados relativos ao pé boto (lateralidade,

tratamento prévio, idade da primeira observação, tipo de tratamento, número de gessos

realizados, tenotomia, cirurgia e idade de cirurgia, recidiva e idade de recidiva e tempo de

utilização de botas), assim como dados relativos ao restante exame clínico e exame

imagiológico das ancas (ecografia ou radiografia). De referir que o exame clínico das ancas é

realizado pelos Ortopedistas do HP a todos os doentes com pé boto, em cada Consulta.

Desta forma, identificaram-se os doentes com pé boto a quem foi diagnosticada DDA,

a idade de aparecimento e o grau de displasia. Utilizou-se a classificação de Graf: tipo I, anca

normal, para ângulos α > 60º; tipo II para ângulos α de 43-60º, (tipo IIA para ângulos α de 50-

59º, em doentes com menos de 3 meses; tipo IIB sobreponível, em doentes com idade

superior a 3 meses, tipo IIC para ângulos α de 43-49º); tipo III para ângulos α < 43º, com

ancas instáveis e tipo IV para ancas luxadas (Tabela 1).6,7

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Alguns dados indisponíveis nos registos dos Processos Clínicos foram completados

através de entrevista telefónica com os pais dos doentes incluídos no estudo.

Os dados referentes ao número de nados-vivos no período de 2006 a 2012 foram

solicitados à Maternidade Bissaya Barreto e à Maternidade Daniel de Matos.

Os resultados foram analisados utilizando o Microsoft Excel® e o SPSS® (Statistical

Package for the Social Sciences).

A proposta deste estudo foi aprovada pela Comissão Coordenadora do Conselho

Científico da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.

RESULTADOS

Desde Janeiro de 2006 a Dezembro de 2012 foram tratadas 84 crianças com pé boto

no HP, tendo sido excluídos 11 doentes deste estudo, por apresentarem síndromes

e Ângulo α: ângulo formado entre as linhas do fundo acetabular e do córtex vertical do ilíaco (Normal 60º)

Grau de classificação Ângulo αe Tipo de anca

Tipo I >60º Normal / Madura

Tipo IIA: idade <3 meses 50-59º Imatura

Tipo IIB: idade >3 meses 50-59º Displasia moderada

Tipo IIC 43-49º Displasia grave

Tipo III <43º Instável

Tipo IV <43º Luxação

Tabela 1: Classificação ecográfica de Graf para a DDA

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mielodisplásicos associados. A incidência anual de pé boto idiopático em Coimbra variou

entre 0,87:1000 e 2,58:1000 (Tabela 2 e Gráfico1).

Dos 73 casos de pé boto idiopático, 48 são do sexo masculino e 25 do sexo feminino

(Gráfico 2). A idade aquando da primeira observação em Consulta de Ortopedia Pediátrica foi

f Nascimentos: dados fornecidos pelas Maternidades Bissaya Barreto e Daniel de Matos de Coimbra

Ano Nascimentosf Pé boto

idiopático

Incidência

2006 6523 8 1,23:1000

2007 6643 13 1,96:1000

2008 6590 17 2,58:1000

2009 6018 9 1,50:1000

2010 6232 9 1,44:1000

2011 5775 5 0,87:1000

2012 5279 12 2,27:1000

Total 43060 73 1,70:1000

Tabela 2: Incidência anual de Pé boto no distrito de Coimbra

Gráfico 1: Incidência de Pé Boto Idiopático em Coimbra

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em média 43,93 ± 140,98 dias, sendo a mediana de 9 dias. A idade média atual dos doentes

estudados é de 4,01 ± 2,01 anos, sendo o tempo de seguimento no HP de 3,26 ± 2,03 anos

(Tabela 3 e Gráfico 4). Foram observadas 39 crianças com pé boto bilateral (53% dos casos),

21 com pé boto direito e 13 com pé boto esquerdo (Gráfico 3).

Todas as crianças foram tratadas inicialmente pelo Método de Ponseti. Em média

foram realizados 5,56 ± 1,64 gessos em cada pé. Dos doentes estudados, 65 foram submetidos

a tenotomia percutânea do tendão de Aquiles (89% dos pés). O tempo médio de utilização das

botas de Dennis-Browne foi de 3,11 ± 1,48 anos, sendo que 19 doentes (29 pés) tiveram uma

recidiva (10 bilaterais e 9 unilaterais) e 10 crianças (22 pés) necessitaram de tratamento

cirúrgico em Bloco Operatório (4 bilaterais e 6 unilaterais). A idade média aquando da

recidiva foi de 2,42 ± 1,87 anos, sendo a idade média aquando da cirurgia de 3,48 ± 0,23 anos

(Tabela 3).

Gráfico 2: Distribuição dos doentes

com Pé boto idiopático por sexo

Gráfico 3: Lateralidade do Pé

boto idiopático

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O exame clínico das ancas foi descrito como ‘anormal’ em 3 dos 73 doentes com pé

boto idiopático, tendo sido realizada ecografia das ancas em 2 destas crianças (por noção de

limitação da abdução das ancas) e radiografia da bacia noutra criança (por noção de alteração

da marcha, aos 3 anos de idade). Apenas 1 destas 3 crianças evidenciou DDA significativa

(foi diagnosticada com DDA bilateral: uma anca Graf 2B e uma anca Graf 3C).

Adicionalmente, 4 doentes, com exame clínico normal, foram submetidos a ecografia das

g Exame clínico anormal: Positividade para os sinais de Ortolani, Barlow ou limitação da abdução das ancas

Dados 73 Doentes com pé boto idiopático

Sexo (M:F) 48:25

Idade atual 4,01 ± 2,01 Anos

Idade da primeira observação 43,93 ± 140,98 Dias (Mediana=9 Dias)

Tempo de seguimento 3,26 ± 2,03 Anos

Pé boto

Lateralidade 39 Bilateral; 21 Direito; 13 Esquerdo

Número de gessos 5,56 ± 1,64 Gessos

Tempo de utilização de botas 3,11 ± 1,48 Anos

Tenotomia 65 Doentes; 100 Pés

Cirurgia 22 Pés (19,6%)

Idade de cirurgia 3,48 ± 0,23 Anos

Recidivas 29 Pés (25,9%)

Idade de recidiva 2,42 ± 1,87 Anos

DDA

Exame clínico anormalg 3 Crianças

Ecografias 6 Realizadas; 3 Anormais

Radiografias da bacia 7 Realizadas; 1 Anormal

DDA 3 Crianças

Idade de aparecimento DDA 2,33 ± 1,26 Meses

Tabela 3: Características da população estudada.

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ancas, por decisão do Ortopedista, hipoteticamente relacionada com a presença de fatores de

risco para DDA. Em 2 destes doentes, foi diagnosticada DDA bilateral (ancas Graf 2A), tendo

sido verificada posterior evolução para a normalidade, sem necessidade de tratamento.

Finalmente, foi realizada radiografia da bacia em 6 outros doentes, também por decisão do

Ortopedista, hipoteticamente relacionada com a presença de fatores de risco para DDA

Assim, 17,8% dos doentes incluídos neste estudo foram alvo de investigação

imagiológica, além do exame clínico, para despistar uma eventual DDA associada ao pé boto.

Contudo, foi diagnosticada DDA em apenas 3 dos 73 doentes incluídos neste estudo (Tabela

3). A DDA foi clinicamente significativa em apenas 1 das 73 crianças, já que 2 crianças (1

menino e 1 menina) foram identificadas ancas imaturas Graf 2A, que evoluíram para a

normalidade, sem necessidade de qualquer tratamento (Tabela 4).

A menina com pé boto idiopático em quem foi identificada DDA bilateral (1 anca Graf

2B e uma anca Graf 3 C) teve o diagnóstico de DDA aos 3 meses e 3 semanas de idade na

Gráfico 4: Idade atual e tempo de seguimento dos doentes com Pé boto idiopático

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sequência de ecografia realizada por limitação da abdução das ancas, tendo sido submetida a

tratamento com tala de Pavlik durante 3 meses e evoluído favoravelmente. O pé boto desta

criança foi corrigido com 4 gessos, tendo utilizado botas de Dennis-Browne durante 1,5

meses. A aplicação das botas de Dennis Browne foi interrompida para possibilitar o

tratamento da DDA com a tala de Pavlik, verificando-se posteriormente intolerância da

criança à retoma da aplicação do aparelho de Dennis-Browne para o pé boto. Tem sido

vigiada em Consulta, mantém o pé boto corrigido e as ancas têm evoluído favoravelmente. A

última Consulta de seguimento foi realizada quando a criança tinha 23 meses de idade.

Por último, e embora a DDA seja mais frequente no sexo feminino, salienta-se que

neste estudo não foi observada diferença significativa para a incidência de DDA entre sexo

feminino e masculino (p=0,27). (Tabela 4)

DDA Sem DDA Total

Sexo Masculino 1 47 48

Sexo Feminino 2 23 25

Total 3 70 73

Tabela 4: Incidência de DDA por sexos na população estudada

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DISCUSSÃO

Nos últimos anos, a incidência de pé boto idiopático em Coimbra tem variado entre

0,87 e 2,58:1000 nados-vivos, o que está de acordo com a literatura (1-8:1000)1. Verifica-se

um predomínio de crianças do sexo masculino (2:1), sendo a frequência de bilateralidade

(53%) ligeiramente superior ao que é habitualmente descrito.1,3,4,9,10

Nos doentes com pé boto

idiopático, que constituíram a população estudada, a incidência de DDA (4,1%) encontra-se

dentro do esperado para a população em geral (1-77:1000)1.

A idade média da primeira observação destes doentes no HP foi ligeiramente superior

ao recomendado para início do tratamento do Pé boto (preferencialmente nos primeiros 30

dias), mas este valor foi afetado por 7 doentes que tiveram tratamento prévio noutro hospital e

foram referenciados mais tardiamente para o HP, por insucesso do tratamento inicial ou para

continuação do mesmo. Assim, a mediana torna-se um valor mais explicativo, sendo de 9 dias

a idade de primeira observação no HP.

A maior parte dos doentes estudados apresenta atualmente idades compreendidas entre

os 2 e os 6 anos, com um tempo de seguimento de 2 a 5 anos, pelo que já todos os doentes

progrediram para além da idade da marcha, o que permite aos autores concluírem que não

ocorreu qualquer diagnóstico tardio de DDA.

Os doentes estudados tiveram um tratamento adequado para o pé boto, uma vez que

foram aplicados em média 5-6 gessos seriados segundo o Método de Ponseti.1, 3,4,9,10

O tempo

de utilização de botas de Dennis-Browne foi geralmente inferior a 4 anos e superior a 3 anos,

o que está de acordo com as recomendações feitas por muitos autores, mas é inferior aos 4-5

anos recentemente preconizados.10

A deformidade do pé boto recidivou em 25,9% dos pés

tratados (29 dos 112 pés botos tratados), tendo sido necessária cirurgia adicional, não

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articular, em 19,6% dos pés (22 dos 112 pés botos tratados), o que está de acordo com a

experiência reportada por diversos autores. 4,9,10

Apesar do pé boto e da DDA serem patologias frequentes em ortopedia pediátrica,

existem poucos casos relatados de doentes que apresentem simultaneamente as duas doenças

e nenhum estudo conseguiu calcular a verdadeira incidência de ambas as condições em

simultâneo, ou a existência de uma relação causa-efeito.

Alguns estudos revelaram que a incidência de DDA em doentes com pé boto é de

0,44%11

a 15,7%12

. As taxas de coexistência das duas doenças variaram entre 0,37 e 1,6%

8

(Tabelas 5 e 6). Destes estudos, apenas 3 sugeriram uma possível relação entre Pé boto e

DDA.5,7,8

Com a taxa mais elevada, Perry D.C. et al.6 indicaram que a incidência de DDA em

doentes com pé boto é de 1:17 bebés, 45 vezes superior à da população em geral. Estes

autores hipotetizaram que os doentes com pé boto e DDA podem ter uma síndrome não

diagnosticada, tornando os resultados da associação das duas patologias discutíveis. Já Carney

et al.12

e Canavese et al.8 concluíram que há relação entre ambas as patologias, embora estes

estudos tenham que ser interpretados com cautela, já que as casuísticas são pequenas.

Canavese8 sugeriu mesmo uma relação de possível causa-efeito entre o tratamento do pé boto

pelo método Ponseti e a DDA, reforçando que o seu estudo foi o primeiro realizado com o

tratamento segundo Ponseti instaurado. Contudo, a casuística apresentada por este autor é

pequena e carece de explicações fisiopatológicas para essa hipótese.

Num estudo que incluiu 677 crianças nascidas com pé boto idiopático e 2037

controlos, Mahan et al.11

concluíram que não é necessário o rastreio ecográfico ou

radiográfico por rotina em recém-nascidos com pé boto e que estes exames devem ser

realizados quando existe alguma suspeita após a avaliação clínica.11

Recentemente, Chou et

al.13

chegaram à mesma conclusão, após terem estudado a prevalência da DDA numa

população de 101 crianças tratadas num hospital do Reino Unido. 13

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Relativamente aos 3 casos de DDA descritos neste estudo, há que realçar que nenhum

foi encontrado tardiamente (diagnósticos feitos antes dos 4 meses). Além disso, 2 das doentes

diagnosticadas com DDA apresentavam ancas bilateralmente classificadas como Graf 2A,

Estudo Pé boto DDA %

Wynne Davies14

1 165 0,6

Chung et al.15

12 801 1,5

Westberry et al.7 1 349 0,3

Canavese et al.8 2 125 1,6

Total 16 1440 1,1

Estudo Pé boto DDA %

Lochmiller et al.16

212 5 2,4

Carney and Vanek12

51 8 15,7

Paton and Choudry17

60 7 11,7

Canavese et al.8 26 2 7,7

Perry D.C. et al.6 119 7 5,9

Mahan et al.11

677 3 0,44

Chou et al.13

101 1 0,9

Este estudo - 2014 73 3 4,1

Total 1319 36 2,73

Tabela 3: Dados de estudos sobre coexistência de pé boto e DDA nos mesmos doentes

Tabela 4: Dados de estudos sobre incidência de DDA em doentes com pé boto.

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imaturas, sem necessidade de tratamento. Apenas uma doente apresentou DDA bilateral com

ancas Graf 2B e 2C, tendo evoluído satisfatoriamente com tratamento com tala de Pavlik.

Este estudo tem algumas limitações. O facto de ser retrospetivo, impediu a obtenção

de dados relativamente à gravidade dos pés botos tratados, até porque 7 Ortopedistas

estiveram envolvidos no tratamento destes doentes e não foi adotada, uniformemente,

qualquer classificação para a deformidade. Assim, não foi possível estudar se a incidência de

DDA era maior nas crianças com pés botos de maior gravidade. Por outro lado, houve

dificuldade em identificar nos registos clínicos quais as anomalias observadas no exame

clínico que levaram à realização de ecografia ou radiografia para excluir a presença de DDA.

Por fim, a incidência de Pé boto pode não ser a mais exata, uma vez que são tratados no HP

todos os doentes do Distrito de Coimbra e doentes enviados por outros hospitais.

CONCLUSÃO

Os doentes com pé boto idiopático tratados no HP apresentam uma baixa incidência de DDA

(4,1%), sobreponível à incidência encontrada na população em geral. Os resultados obtidos

não suportam uma associação entre pé boto e DDA, sugerindo que o pé boto não constitui um

fator de risco para a DDA.

Este estudo permite ainda concluir que o exame clínico das ancas, realizado por Ortopedistas

com experiência na patologia ortopédica pediátrica, é suficiente para o rastreio da DDA em

crianças com pé boto, devendo utilizar-se os exames imagiológicos em casos selecionados,

quando exista suspeita clínica.

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AGRADECIMENTOS

A todos aqueles que manifestaram disponibilidade, rigor e dedicação que contribuíram

para o êxito deste projeto, humildemente manifesto os meus sinceros e honrosos

agradecimentos.

Agradeço ao Prof. Doutor Fernando Judas pelo incentivo e disponibilidade

manifestados.

Gostaria de mostrar o meu particular apreço à Dra. Cristina Alves, que se prontificou e

disponibilizou a orientar este trabalho, mostrando-se incansavelmente prestável e orientando-

me da melhor forma possível, com todo o conhecimento e motivação transmitida.

Agradeço ao Dr. João Freitas as palavras de encorajamento e a atenção dedicadas.

Queria agradecer também ao Prof Doutor Paulo Moura e à Dra. Maria do Céu Silva

Almeida pela disponibilização dos dados da Maternidade Daniel de Matos e Bissaya Barreto,

respetivamente.

Não podia deixar de agradecer igualmente ao Serviço de Ortopedia Pediátrica do

CHUC, EPE-Hospital Pediátrico, ao Serviço de Ortopedia do CHUC, EPE, Hospitais da

Universidade de Coimbra e à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, por

autorizarem e permitirem a realização deste trabalho.

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