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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Engenharia Mecânica
TAIS HELENA COSTA SALLES
Desenvolvimento de membranas poliméricas pelo
processo de eletrofiação para aplicação em
regeneração tecidual
CAMPINAS
2017
TAIS HELENA COSTA SALLES
Desenvolvimento de membranas poliméricas pelo
processo de eletrofiação para aplicação em
regeneração tecidual
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade
de Engenharia Mecânica da Universidade
Estadual de Campinas para obtenção do título
de Doutora em Engenharia Mecânica, na
Área de Materiais e Processos de Fabricação.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila
CAMPINAS
2017
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA
TESE DEFENDIDA PELA ALUNA TAIS HELENA COSTA
SALLES, E ORIENTADA PELO PROF. DR. MARCOS
AKIRA d’ÁVILA
___________________________________
ASSINATURA DO ORIENTADOR
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CNPq, 401297/2014
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e ArquiteturaLuciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129
Salles, Tais Helena Costa, 1986- Sa34d SalDesenvolvimento de membranas poliméricas pelo processo de eletrofiação
para aplicação em regeneração tecidual / Tais Helena Costa Salles. –Campinas, SP : [s.n.], 2017.
SalOrientador: Marcos Akira D'Ávila. SalTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de
Engenharia Mecânica.
Sal1. Engenharia tecidual. 2. Eletrofiação. 3. Polímeros. 4. Regeneração
tecidual guiada. 5. Extratos vegetais. I. D'Ávila, Marcos Akira,1972-. II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Mecânica. III.Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Development of polymer membranes by electrospinning processfor application in tissue regenerationPalavras-chave em inglês:Tissue engineeringElectrospinningPolymerGuided tissue regenerationPlant extractsÁrea de concentração: Materiais e Processos de FabricaçãoTitulação: Doutora em Engenharia MecânicaBanca examinadora:Marcos Akira D'Ávila [Orientador]Mary Ann FoglioAna Rita MoralesEliana Cristina da Silva RigoArnaldo Rodrigues dos Santos JuniorData de defesa: 21-02-2017Programa de Pós-Graduação: Engenharia Mecânica
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MANUFATURA E
MATERIAIS
TESE DE DOUTORADO
Desenvolvimento de membranas poliméricas pelo
processo de eletrofiação para aplicação em
regeneração tecidual
Autor: Tais Helena Costa Salles
Orientador: Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila
A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:
Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila
Universidade Estadual de Campinas – FEM/DEMM
Profa. Dra. Mary Ann Foglio
Universidade Estadual de Campinas – FCF
Profa. Dra. Ana Rita Morales
Universidade Estadual de Campinas – FEQ/DEMBio
Profa. Dra. Eliana Cristina da Silva Rigo
Universidade de São Paulo – FZEA
Prof. Dr. Arnaldo Rodrigues dos Santos Junior
Universidade Federal do ABC – CCNH
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno
Campinas, 21 de Fevereiro de 2017.
Dedico este Doutorado aos meus pais Luís e Maria Aparecida; pelo
esforço, dedicação, compreensão e amor, em todos os momentos da
minha vida. Meus agradecimentos pelo carinho e amor incondicional
que sempre me estimularam nos momentos difíceis, concedendo a mim
a oportunidade de me realizar ainda mais. A Vitória desta conquista
dedico com todo o meu amor, unicamente a vocês!
Parabéns!
Agradecimentos
Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas na vida, pois minha caminhada tem
sido marcada por realizações diárias. Por ter me dado força nos momentos difíceis, por me
iluminar e me dar tranquilidade para seguir em frente com os meus objetivos.
Aos meus pais Luiz Anilton de Salles e Maria Aparecida de Salles, razão da minha vida e da
minha luta. Sempre apoiaram as minhas escolhas, incentivaram os meus sonhos e
proporcionaram condições para eu alcançá-los. Não poderia ter encontrado e vivido ao lado de
pais melhores. Vocês são a riqueza e felicidade da minha existência! Rezo para que Deus os
proteja e abençoe grandemente! Muito Obrigada pela vida, pelo amor incondicional, por vibrar
com as minhas conquistas e por serem as pessoas que posso e poderei me apoiar a vida inteira!
Eu Amo Muito Vocês! Muito Obrigada!
À alma gêmea de minha’alma Fernando Bertini Sartori, por estar ao meu lado de forma
incondicional e pelo apoio e incentivo que tem demonstrado nesta longa caminhada. Obrigada
por ter acreditado em mim muitas vezes mais do que eu mesma! Por me encorajar os 8 meses
de ausência que permaneci em College Station e se fazer presente me dando força e
tranquilidade para alcançar meus objetivos. Obrigada por me fazer feliz!
Ao Prof. Dr. Marcos Akira d’Ávila, meu agradecimento por ter me aceito e pela confiança em
ter em seu grupo de Engenharia de Materiais uma aluna Odontóloga. Por ter acreditado, me
incentivado nos momentos de dificuldades e se fazer sempre presente como orientador.
Obrigada pela oportunidade, apoio e suporte para realização desta pesquisa, dedicação e
orientação no desenvolvimento deste trabalho. Obrigada por me ajudar a conquistar esse sonho.
À Profa. Dra Maria Cristina Zindel Deboni, por ser tão amigável e amável. Por ter aceito nossa
parceria, se fazer sempre presente, pelo interesse evidenciado, incluindo o benéfico
acompanhamento ao longo do meu percurso acadêmico, contribuindo de forma ímpar para
minha formação profissional. Exemplo de profissional e pessoa, sou grata por ter lhe conhecido.
Obrigada pelos conselhos, que foram muitos nesta caminhada. Te admiro muito!
To Prof. Dr. Roland Kaunas for giving me an opportunity to work in Texas A & M University,
College Station, where I did part of my PhD project. Thanks for the orientation and share your
knowledge. For being gentle and attentive. And also by the support of your students. Thank
you! I hope I can work with you again.
A Profa. Dra Mary Ann Foglio por ter acreditado e confiado no meu trabalho. Por fornecer os
extratos vegetais que nos concebeu uma patente. Sou muito grata a essa parceria e oportunidade
que engrandeceu meu projeto. Que possamos continuar trabalhando juntas.
Ao Prof. Dr. Marcelo Lancelloti e a Pós-doc Daisy Machado pelos ensinamentos, pela
disponibilidade para realização dos ensaios in vitro no Departamento de Bioquímica do Instituto
de Biologia, que nossa parceria continue dando frutos.
Aos membros da banca examinadora, Profa. Dra Eliana Cristina da Silva Rigo, minha primeira
orientadora durante a Iniciação Científica, obrigada por me introduzir nesse universo de
pesquisa, pelo incentivo e paciência. A Profa. Dra Ana Rita Morales, que tive o privilégio de
assistir as suas aulas e aprender muito, sempre atenciosa e amigável. A Profa. Dra Mary Ann
Foglio, que contribiu ricamente com esse trabalho. Ao Prof Dr Arnaldo Rodrigues Santos Junior
pela atenção, disponibilidade de tempo e prontidão. Meu Muito Obrigada!
À Natacha Kalline de Oliveira e Daniel Sendyk pela dedicação, paciência, pelos ensinamentos,
por acreditar em nosso trabalho e pela ajuda técnica disponibilizada aos ensaios in vivo
realizado na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Muito Obrigada.
À Fabiana Volpe Zanutto, que se tornou minha amiga e companheira de testes, análises e
discussões. Você foi uma supresa e um presente na minha vida durante o Doutorado. Obrigada
por compartilhar seu conhecimento, ser sempre muito prestativa e atenciosa, por não medir
esforços para me ajudar. Por ser amiga, ouvir meus desabafos e conflitos. Conquistamos muitas
coisas juntas e espero que nossa caminhada continue. Obrigada por tudo Minha Querida!
A Ilza Maria de Oliveira Souza da Divisão de Fitoquímica - CPQBA/UNICAMP, pela
colaboração e parceria, por permitir a execução das análises laboratoriais, pela ajuda técnica
disponibilizada aos ensaios, por ser sempre prestativa e atenciosa.
A todas as pessoas do Laboratório de Polímeros do Programa de Pós Graduação em Engenharia
Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) – Rosimeire dos Santos
Almeida, Geraldine Perea, Nicolao Lima, Ana Flávia Nascimento, Peterson Pulgrossi, José
Luis Dávila e João de Deus Moraes que eu fiz amizade e que me ajudaram direta ou
indiretamente, pois estas fizeram ser um ótimo lugar para trabalhar. Meus agradecimentos pelas
conversas, o interesse, as dúvidas, os estímulos, o auxílio nas dificuldades e o carinho.
Agradeço a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Departamento de Engenharia
Manufatura e Materiais da Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP, pelo apoio
financeiro, estrutura física e pedagógica que me pertimiram realizar o meu projeto de
Doutorado. Tenho orgulho e consciência que a UNICAMP tem um caminho institucional sólido
e consistente que nos inspira e nos respalda para construir nosso sonho acadêmico. Muito
Obrigada.
A todos os funcionários da Faculdade de Engenharia Mecânica pelo agradável convívio e
dedicação do seu tempo.
To my best friends in College Station, Lyndsay Phillips, Hilary Crowder and Enoc Medina,
without you I can not would support live there. You were my friends and family all time. I
learned so much with you. I never forgot what you did for me. Thank God for putting you in
my life.You live in my heart and I love you so much! I hope I can see you soon.
Ao Meu Grande Amigo Adilson Vitor Rodrigues, foi minha primeira amizade no Mestrado que
perdura até os dias de hoje. Um grande incentivador e paciente em um dos momentos mais
difíceis da minha vida acadêmica, o primeiro contato com a área de exatas. Sou grata por sua
amizade, apoio, ensinamento, pela ajuda, pelo auxílio nas dificuldades. Somos amigos na vida
pessoal e compartilhamos muitos momentos de desabafos, frustações, conquistas e alegrias,
sempre torcemos um pela Felicidade do outro! Migs Muito Obrigada!
Aos meus queridos amigos (as) e familiares que de perto e de longe, me acompanharam por
quatro anos nesta luta do Doutorado, com quem compartilhei tantas preocupações, aflições.
Agradeço pela compreensão por tantos momentos de ausência. Que nossas vidas seguirão para
um lado bonito e estaremos juntos por muito mais tempo ainda. Citar nomes, aqui, me levaria
a uma obrigatória omissão ou esquecimento, portanto fica a mensagem. Obrigada por terem
crescido comigo. Foi bom conviver com vocês, Minha Eterna Gratidão! Às novas amizades.
Muito obrigada!
Nesta hora de encerramento de uma etapa muito especial, de uma maneira muito sincera,
agradeço a todos que de uma forma ou de outra colaboraram para a realização desse sonho.
Meus sinceros agradecimentos!
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as
grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.” Charles Chaplin
Resumo
Há uma necessidade de desenvolvimento em recursos biocompatíveis para preservar ou
restaurar a função de células, tecidos e órgãos danificados e/ou perdidos, como consequência
de acidentes, traumas, queimaduras e doenças graves. A engenharia tecidual consiste no
desenvolvimento de novos dispositivos com o auxílio dos biomateriais, que fornecem apoio
estrutural e funcional para proliferação, adesão e diferenciação celular, proporcionando uma
melhora na saúde humana e na qualidade de vida. O processo de eletrofiação é uma técnica
promissora para produção de membranas poliméricas fibrosas que são extensivamente
aplicadas na área de regeneração tecidual, devido às suas principais vantagens como alta área
superficial em relação ao volume, alta porosidade e mimetizar a morfologia da matriz
extracelular (MEC). Neste estudo, membranas poliméricas de poli (ε-caprolactona) (PCL) e
polirotaxano (PR), e respectiva blenda, com arquitetura e topografia diferentes foram obtidas
pelo processo de eletrofiação com o intuito de avaliar se estas eram capazes de serem utilizadas
em aplicações médicas e odontológicas. A fim de melhorar o potencial de aplicação,
membranas poliméricas de PCL foram associadas a dois extratos de plantas Pterodon pubescens
Benth (Sucupira) e/ou Arrabidaea chica Verlot, que apresentam atividade antiinflamatória e
cicatrizante, respectivamente. Assim, este trabalho foi dividido em 3 estudos distintos, onde o
foco dos estudos foram regeneração tecidual guiada, crescimento celular em tecidos submetidos
a solicitações mecânicas cíclicas e liberação controlada de princípios ativos vegetais. Os
resultados fundamentais obtidos por este trabalho, sugerem que as membranas são
biocompatíveis, servem de suporte biológico para crescimento celular e possuem perfil para o
sistema de liberação controlada de princípios ativos, apresentando alto potencial para futuras
aplicações em regeneração tecidual.
Palavras-Chave: Engenharia tecidual; polímeros; eletrofiação, extrato vegetal, regeneração
tecidual guiada.
Abstract
There is a need for development in biological resources to preserve or restore a function of
damaged and/or lost cells, tissues and organs as result of accidents, burns, and severe diseases.
Tissue engineering consists of the development of new devices with the aid of biomaterials,
which provide a structural and functional support for cell proliferation, treatment and
differentiation, improving in human health and a quality of life. The electrospinning process is
a promising technique for the production of fibrous polymer membranes that are extensively
applied in the area of tissue regeneration due to its main advantages such as high surface area
in relation to volume, high porosity and mimetize an extracellular matrix morphology (ECM).
In this study, the polymer membranes of poly (ε-caprolactone) (PCL) and polyrotaxane (PR),
and respective blends, with different architecture and topography were obtained by the
electrospinning process in order to evaluate then capacity for use in medical and dental
applications. In order to improve the application potential, PCL polymer membranes were
associated with two plant extracts Pterodon pubescens Benth (Sucupira) and/or Arrabidaea
chica Verlot. Thus, this work was divide into 3 distinct studies, where the focus was on guided
tissue regeneration, cell growth in tissues submitted to cyclical mechanical demands and the
controlled release of active principles of plants. The fundamental results obtained by this work
suggest that the membranes are biocompatible, serve as biological support for cell growth and
have a profile for the controlled release system of active principles, presenting high potential
for future applications in tissue regeneration.
Keywords: Tissue engineering; polymer; electrospinning, vegetal extract, guided tissue
regeneration.
Lista de Ilustrações
Figura 2.1: Equipamento de eletrofiação. A) Bomba infusora; B) Placa coletora; C) Fonte de
alta tensão. ........................................................................................................................... 34
Figura 2.2: Micrografia das fibras eletrofiadas (A) PCL e (C) PCL/PR e os respectivos
histogramas de distribuição dos diâmetros das fibras das membranas (B) PCL e (D) PCL / PR.
............................................................................................................................................ 40
Figura 2.3: Ângulo de contato: Gotas de água destilada sobre as membranas poliméricas..... 42
Figura 2.4: Distribuição do diâmetro dos poros na membranas de PCL/PR .......................... 43
Figura 2.5: Avaliação da viabilidade em células BALB/c 3T3. As células BALB/c 3T3 foram
cultivadas sobre as membranas de PCL e PLC/PR por 24 horas. Os valores foram expressos em
absorbância em relação ao grupo controle, onde as células não foram expostas aos materiais. O
experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os resultados representam as médias e
desvios padrão do experimento. * p<0,05. ............................................................................ 44
Figura 2.6: As médias e desvio padrão (mm2) das áreas da imagem radiográfica do defeito em
diferentes períodos experimentais. Teste de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney. Significativo
quando p <0,05. ................................................................................................................... 47
Figura 2.7: Fotomicrografias do aspecto histológico do reparo do defeitos ósseos: Período de 7
dias, A) Grupo PCL/ PR apresentou maior quantidade de tecido de granulação (seta); B) Grupo
controle, organização de tecido de granulação (seta); Período 14 dias, C) Neoformação óssea
PCL/PR (seta); D) Grupo controle área de formação óssea (seta). Período de 21 dias, E) Grupo
PCL/PR, mostrou formação de tecido ósseo (asterisco) e aglomerado de células gigantes (seta);
F) Grupo controle, tecido ósseo neoformado (seta). Período de 42 dias, G) Grupo PCL/PR,
mostra clusters de células gigantes (seta) e neoformação óssea (asterisco); H) Grupo controle
com neoformação óssea (seta). Hematoxilina e eosina, baixo aumento, objetivo 2.5X. ......... 51
Figura 2.8: Distribuição da média e desvio padrão das áreas totais de neoformação óssea em
μm2. Kruskal-Wallis e teste de Mann-Whitney. * Significativo p <0,05. .............................. 52
Figura 3.1: Representação esquemática da montagem básica de um aparelho de eletrofiação
(Salles et al, 2015). .............................................................................................................. 63
Figura 3.2: Ilustração esquemática de um coletor com dois eletrodos em paralelo, utilizados
para a produção de fibras altamente alinhadas no processo de eletrofiação (Bellan & Craighead
2011). .................................................................................................................................. 64
Figura 3.3: Fotografias do equipamento Zaber Technologies T-LSR075D. A) Antes das
adaptações: 1 e 2) correspondem aos braços dos dois motores dispostos linearmente, 3) Suporte
de aço inoxidável; B) Após as adaptações: 4) Suporte de alumínio, 5) Componentes de alumínio
(parafusos + roscas) e 6) Caixa de metacrilato fixa à estrutura de metal. ............................... 69
Figura 3.4: Micrografias das fibras eletrofiadas (A) PCL-R e (C) PCL-A e os respectivos
histogramas de distribuição dos diâmetros das fibras das membranas (B) PCL-R e (D) PCL-A.
Note: o * indica a fita dupla face de carbono. ....................................................................... 72
Figura 3.5: A) Distribuição da orientação das fibras aleatórias; B) Distribuição da orientação
das fibras alinhadas. ............................................................................................................. 73
Figura 3.6: Imagens de microscopia confocal de fibroblastos cultivados em placa de
poliestireno (controle) por 1 (A), 3 (B) 3 e (C) 7 dias. Em verde observa-se os filamentos de
actina e em vermelho o núcleo. ............................................................................................ 75
Figura 3.7: Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL arranjadas
aleatoriamente (A). Por microscopia confocal dos fibroblastos aderidos neste arcabouço, as
células foram analisadas após 1 (B), 3 (C) e 7 dias (D). Em verde observa-se a marcação para
filamentos de actina e em vermelho o núcleo. ...................................................................... 76
Figura 3.8: Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas (A). Por
microscopia confocal dos fibroblastos aderidos neste arcabouço, mostra que as células se
apresentaram alinhadas na mesma orientação das fibras. As células foram analisadas após 1
(B), 3 (C) e 7 dias (D). Em verde observa-se a marcação para filamentos de actina e em
vermelho o núcleo. ............................................................................................................... 76
Figura 3.9: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL arranjadas
aleatoriamente, Imagens de microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após
o teste de alongamento sobre fibras de PCL-R. Em verde observa-se a marcação para filamentos
de actina e em vermelho o núcleo. Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento
foi aplicada. ......................................................................................................................... 79
Figura 3.10: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas,
Imagens de microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após o teste de
estiramento paralelo às fibras de PCL-A. Em verde observa-se a marcação para filamentos de
actina e em vermelho o núcleo. Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento foi
aplicada................................................................................................................................ 79
Figura 3.11: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas;
Imagens de microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após o teste de
estiramento perpendicular às fibras de PCL-A. Em verde observa-se a marcação para filamentos
de actina e em vermelho o núcleo. Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento
foi aplicada. ......................................................................................................................... 80
Figura 4.1: Fotografias do esquema do aparato adaptado de célula de Franz, utilizado no ensaio
de liberação dos extratos vegetais: 1) Membrana associada com extrato recortada (1,0 x 1,0
cm2); 2) Célula de Franz adaptada; 3) Agitador magnético; 4) Selamento das células de Franz;
5) Câmara aquecedora com agitação magnética; 6) Câmara acrílica adaptada contendo água
aquecida; 7) Termômetro. .................................................................................................... 95
Figura 4.2: Micrografias das fibras eletrofiadas A) PCL-Pp, C) PCL-Ac e E) PCL-PpAc e os
respectivos histogramas de distribuição dos diâmetros das fibras das membranas B, D e E. 100
Figura 4.3: Fotografias de gotas de água destilada sobre membranas poliméricas para análise
do perfil de ângulo de contato. A) Membrana eletrofiada de PCL puro (controle); B) PCL-Pp:
membrana eletrofiada de PCL associada com P. pubescens; C) PCL-Ac: membrana eletrofiada
de PCL associada com A.chica; D) PCL-PpAc: membrana eletrofiada de PCL associada com
P. pubescens e A.chica. ...................................................................................................... 101
Figura 4.4: Cromatogramas referente à análise padrão de P. pubescens (sucupira) A)
Voucapano m/z 362 (tempo de retenção 8.89 min) e B) Voucapano m/z 404 (tempo de retenção
12.98 min). ........................................................................................................................ 103
Figura 4.5: Cromatogramas referente à análise de liberação de P. pubescens (sucupira) A)
Voucapano m/z 362 (tempo de retenção 8.71 min) e B) Voucapano m/z 404 (tempo de retenção
13,06 min). ........................................................................................................................ 104
Figura 4.6: Gráfico de liberação do extrato vegetal P. pubescens associado às membranas de
PCL em períodos de 1,3 e 7 dias de imersão em PBS. A) PCL-Pp e B) PCL-PpAc............. 108
Figura 4.7: Cromatograma referente à análise padrão de A.chica (carajurina) (tempo de retenção
13.05 min). ........................................................................................................................ 108
Figura 4.8: Cromatograma referente à análise de liberação de extrato A.chica (carajurina)
(tempo de retenção 13.03 min). .......................................................................................... 109
Figura 4.9: Fotografias da membrana de PCL-Ac após ensaio de liberação do extrato vegetal
no período de 7 dias. A) 1: Célula de Franz e 2) Solução de PBS avermelhada; B) 3: Membrana
de PCL-Ac e 4: Agitador magnético avermelhado. ............................................................. 110
Figura 4.10: Avaliação da viabilidade em células BALB/c 3T3. As células BALB/c 3T3 foram
cultivadas sobre as membranas de PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAC por 24 horas. Os valores
foram expressos em absorbância em relação ao grupo controle, onde as células não foram
expostas aos materiais. O experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os resultados
representam as médias e desvios padrão do experimento. * p<0,05. ................................... 112
Figura 4.12: Avaliação da proliferação de células de fibroblastos BALB/c 3T3 em membranas
de PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc, após 1, 3 e 7 dias. Os valores foram expressos em
porcentagens de redução de MTT em relação ao ensaio controle, onde as células não foram
expostas as membranas. O experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os
resultados representam as médias e desvios padrão do experimento em triplicata. * p<0,05 113
Lista de Tabelas
Tabela 2.1: Parâmetros de eletrofiação ................................................................................. 33
Tabela 2.2: Resultado da intrusão de mercúrio na membrana de PCL/PR ............................. 43
Tabela 2.3: Distribuição das amostras finais nos grupos e períodos experimentais. ............... 45
Tabela 2.4: Distribuição dos valores médios ± desvio padrão das mensurações das áreas
radiográficas dos defeitos ósseos comparativamente entre os grupos e os períodos. .............. 46
Tabela 2.5: Dados descritivos em média ± desvio padrão da mensuração da área de neoformação
óssea (µm2), comparativamente intergrupos para cada período de observação. ..................... 52
Tabela 3.1: Parâmetros de eletrofiação ................................................................................. 67
Tabela 4.1 Quantidade em massa (mg) dos extratos vegetais ................................................ 92
Tabela 4.2: Condições cromatográficas utilizadas para quantificação de voucapanos em extratos
de P. pubescens. ................................................................................................................... 96
Tabela 4.3: Condições cromatográficas utilizadas para quantificação da carajurina em extratos
de A. chica. .......................................................................................................................... 97
Tabela 4.4 Média do total dos vouacapanos m/z 362 e m/z 404 liberado em microgramas por
centímetro quadrado (µg/cm2) por tempo (dias).................................................................. 105
Lista de Abreviaturas e Siglas
Abreviações
3D Tridimensional
ANOVA Análise de variância
MEC Matriz extracelular
PCL Poli (ε-caprolactona)
PR Polirotaxano
PLGA Poli (ácido lático-co- ácido glicólico)
PLA Poli (ácido láctico)
PLLA Poli (L-ácido láctico)
RTG Regeneração tecidual guiada
TG Transição vítrea
TGA Termogravimetria
CDs Ciclodextrinas
UV Ultravioleta
OH Hidroxilas
DP Desvio padrão
µm Micrômetro
nm Nanômetro
mm Milímetro
≅ Igual aproximadamente
NIH National Institute of Health
3T3 3-day transfer, inoculum 3 x 105 cells
NIH 3T3 Swiss mouse embryo cultures
HPLC Cromatografia liquida de alta performance
PEG Polietilenoglicol
PTFE Politetrafluoretileno
MEV Microscopia eletrônica de varredura
PBS Phosphate buffered saline
EDTA Ethylenediaminetetraacetic acid
RPMI
1640
Roswell Park Memorial Institute
m/z
Massa molecular nominal
Siglas
ASTM American Society for Testing and Materials
FDA Food and Drug Administration
IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 24
Objetivos .................................................................................................................. 27
1.1.1 Objetivo geral ................................................................................................... 27
1.1.2 Objetivos específicos......................................................................................... 27
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 28
2. Desenvolvimento e fabricação de membranas de policaprolactona (pcl) e
polirotaxano (pr) pelo processo de eletrofiação: estudo com caracterização e
avaliação in vitro e in vivo. ..................................................................................... 29
Introdução ................................................................................................................ 30
Material e Métodos ................................................................................................... 33
2.2.1 Material ............................................................................................................ 33
2.2.2 Eletrofiação ...................................................................................................... 33
2.2.3 Caracterização ................................................................................................. 34
2.2.3.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) para as membranas ...........................................34
2.2.3.2 Ângulo de contato ................................................................................................................35
2.2.3.3 Porosimetria por intrusão de mercúrio .................................................................................35
2.2.4 Ensaios in vitro ................................................................................................. 36
2.2.4.1 Esterilização das membranas ................................................................................................36
2.2.4.2 Cultura celular ......................................................................................................................36
2.2.4.3 Ensaio de viabilidade celular .................................................................................................36
2.2.5 Ensaio in vivo ................................................................................................... 37
2.2.5.1 Eutanásia e amostras de fixação ...........................................................................................38
2.2.5.2 Preparação de amostras para análises de raios X e de imagem .............................................38
2.2.5.3 Preparação e análise histológica ...........................................................................................39
Resultados e Discussões ........................................................................................... 40
2.3.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV) .................................................... 40
2.3.2 Ângulo de contato ............................................................................................. 41
2.3.3 Porosimetria ..................................................................................................... 42
2.3.4 Ensaios biológicos ............................................................................................ 44
2.3.4.1 Viabilidade Celular – Ensaio in vitro ......................................................................................44
2.3.5 Ensaio in vivo ................................................................................................... 45
2.3.5.1 Características pós-operatório in vivo ...................................................................................45
2.3.5.2 Análise das imagens radiográficas ........................................................................................46
2.3.5.3 Análise Histomorfológica ......................................................................................................48
2.3.5.3.1 Período de 7 dias .............................................................................................................48
2.3.5.3.2 Período de 14 dias ...........................................................................................................48
2.3.5.3.3 Período de 21 dias ...........................................................................................................48
2.3.5.3.4 Período de 42 dias ...........................................................................................................49
2.3.5.4 Análise histomorfométrica ...................................................................................................51
Conclusão................................................................................................................. 55
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 56
Anexo A .............................................................................................................................. 60
3. Influência do alinhamento de fibras eletrofiadas de poli (ε-caprolactona )
pcl e os efeitos biológicos em ensaio de estiramento celular em fibroblastos . 61
Introdução ................................................................................................................ 62
Material e Métodos ................................................................................................... 66
3.2.1 Materiais .......................................................................................................... 66
3.2.2 Eletrofiação ...................................................................................................... 66
3.2.3 Caracterização das membranas ........................................................................ 67
3.2.4 Preparação das amostras ................................................................................. 67
3.2.5 Esterilização das membranas............................................................................ 68
3.2.6 Cultura celular – Fibroblastos 3T3 ................................................................... 68
3.2.7 Ensaio de estiramento (stretch) cíclico uniaxial ................................................ 69
3.2.8 Morfologia celular – Microscopia confocal ...................................................... 70
Resultados e Discussões ........................................................................................... 71
3.3.1 Microscopia eletrônicade varredura – MEV ..................................................... 71
3.3.2 Ensaios biológicos ............................................................................................ 74
3.3.2.1 Caracterização morfológica dos fibroblastos – Teste estático ................................................74
3.3.2.2 Caracterização morfológica dos fibroblastos – Ensaio de estiramento (Stretching) ................78
Conclusão................................................................................................................. 82
Referências Bibliograficas ........................................................................................ 83
4. Desenvolvimento de membranas poliméricas obtidas pelo processo de
eletrofiação com associação de pterodon pubescens benth e arrabidaea chica
verlot para aplicação em regeneração tecidual guiada ....................................... 89
Introdução ................................................................................................................ 90
Material e Métodos ................................................................................................... 92
4.2.1 Preparo das soluções ........................................................................................ 92
4.2.2 Eletrofiação ...................................................................................................... 93
4.2.3 Caracterização ................................................................................................. 93
4.2.3.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) para as membranas ...........................................93
4.2.3.2 Ângulo de contato ................................................................................................................93
4.2.4 Ensaio de liberação do extrato vegetal ............................................................. 94
4.2.5 Análise por HPLC ............................................................................................ 95
4.2.5.1 Condições cromatográficas para P. pubescens ......................................................................96
Coluna ................................................................................................................................. 96
4.2.5.2 Condições cromatográficas para A. chica ..............................................................................96
Coluna ................................................................................................................................. 97
4.2.6 Ensaio in vitro .................................................................................................. 97
4.2.6.1 Ensaio de viabilidade e proliferação celular ..........................................................................97
4.2.7 Teste estatístico ................................................................................................ 98
Resultados e Discussões ........................................................................................... 99
4.3.1 Caracterização das membranas ........................................................................ 99
4.3.1.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV) .........................................................................99
4.3.1.2 Ângulo de contato .............................................................................................................. 100
4.3.2 Ensaio de liberação dos extratos vegetais ....................................................... 102
4.3.3 Ensaio de viabilidade celular .......................................................................... 111
4.3.4 Ensaio de proliferação celular ........................................................................ 113
Conclusão............................................................................................................... 116
Conclusões finais.................................................................................................... 117
Sugestões para trabalhos futuros ............................................................................. 119
Referências Bibliográficas ...................................................................................... 120
24
1. INTRODUÇÃO
Engenharia de tecido é um campo multidisciplinar e abrange áreas da medicina clínica,
engenharia mecânica, ciência dos materiais, dentre outras (O’Brien, 2011; Singh et al, 2016).
O campo de pesquisa em engenharia tecidual tem como intuito desenvolver métodos e
dispositivos que possam promover qualidade de vida através de terapias que preservem,
melhorem e/ou restaurem as funções teciduais (Singh et al. 2016).
O desafio deste trabalho foi desenvolver, utilizando o processo de eletrofiação,
membranas poliméricas biocompatíveis que possibilitam a regeneração tecidual guiada, o
crescimento celular em tecidos submetidos a solicitações mecânicas cíclicas e possuam a
capacidade de liberação controlada de princípios ativos vegetais.
O processo de eletrofiação é um método de fabricação de membranas com fibras
poliméricas em escala micro e nanométricas a partir de polímeros biorreabsorvível como poli
(ε-caprolactona) (PCL) e polirotaxano (PR) (Zhao et al. 2016). No caso de aplicações
biomédicas, o uso de membranas eletrofiadas de polímeros biorreabsorvível, como poli (L-
ácido láctico) (PLLA), poli (L-lactideco-glicolido) (PLGA), celulose, gelatina, colágeno e
quitosana (Moheman et al. 2016; Nune et al. 2016), tem encontrado grande potencial em várias
aplicações, como pode ser constatado em diversos estudos na literatura (Chew et al, 2006;
Kulkarni et al, 2010; Guimarães et al, 2015; Moheman et al, 2016; Nune et al, 2016).
As membranas obtidas pelo processo de eletrofiação possuem estrutura fibrosa com
elevada área superficial em relação ao volume, alta porosidade e poros interconectados e,
portanto, apresentam semelhança com a matriz extracelular (MEC), o que pode proporcionar
aumento na adesão, proliferação e crescimento de células (Meng, et al. 2010). As aplicações
destas membranas em regeneração tecidual podem promover o reparo da região a ser
regenerada, podendo ser espontânea ou induzida, como por exemplo, quando associado com
extratos vegetais como a Arrabiadaea chica e/ou Pterodon pubescens, que apresentam
atividade cicatrizante e antiinflamatória, respectivamente.
Assim, nesta tese foram desenvolvidas membranas de PCL e blenda de PCL/PR, com
arquiteturas e morfologias diferentes. Este trabalho foi divido em 3 estudos distintos, onde cada
25
um deles teve como foco estudar um determinado aspecto na obtenção e/ou aplicações das
membranas desses polímeros e blenda. Estes estudos correspondem aos Capítulos 2 a 4 desta
tese e são apresentados na forma de artigos, pois correspondem a manuscritos submetidos e em
preparação para submissão em revistas indexadas.
No primeiro estudo (capítulo 2), blendas de PCL/PR foram fabricadas visando
aplicações em regeneração tecidual guiada (RTG), que são cada vez mais utilizadas na
odontologia moderna para tratamento de reparação de tecidos ósseos perdidos ou danificados.
O sistema PCL/PR foi caracterizado e a sua citotoxicidade foi avaliada em um modelo de
cultura fibroblástica, bem como o seu comportamento biológico em um experimento de defeito
ósseo de tamanho crítico em calvária de rato Wistar. Neste estudo foi apresentado pela primeira
vez na literatura resultados inéditos de blendas de PCL/PR eletrofiadas visando aplicações
biomédicas.
No capítulo 3 consiste no estudo de fibras de PCL com orientações aleatória e alinhada
que foram obtidas pelo processo de eletrofiação, com o intuito de compreender a influência do
alinhamento das fibras e de estímulo mecânico cíclico na resposta celular, visando aplicações
em tecido que recebem solicitações mecânicas cíclicas, tais como o menisco do joelho e
músculos. As fibras foram incorporadas às células de fibroblastos 3T3. As estruturas foram
estudadas sob condições estática em períodos de 1, 3 e 7 dias e de alongamento cíclico de 10%
a frequência de 1 Hz com duração de 6 horas.
Finalmente, no capítulo 4 é apresentado um estudo onde foram obtidas membranas de
PCL associada com os extratos vegetais de Pterodon pubescens Benth (Sucupira) e/ou
Arrabidaea chica Verlot, que apresentam atividade antiinflamatória e cicatrizante,
respectivamente. Foi analisada a capacidade das membranas de liberarem princípios ativos
vegetais, com as referidas atividades biológicas sendo esses extratos utilizados pela primeira
vez em associação, assim estas membranas foram patenteadas (Número do registro no INPE:
BR 10 2016 028506 2).
No capítulo 5 e 6, respectivamente, uma conclusão geral sobre os três estudos
desenvolvidos neste trabalho e sugestões para trabalhos futuros fundamentados pelos resultados
obtidos nesta tese são apresentados.
Portanto, através destes estudos, foi possível apresentar novas estruturas e aspectos
relevantes acerca das membranas de PCL e PR para aplicações na área de engenharia tecidual
26
guiada, como suporte para crescimento celular em tecidos que são submetidos a solicitações
mecânicas cíclicas e na capacidade de liberação de princípios ativos vegetais. Pode-se então
constatar que os estudos contidos nesta tese contribuem para pesquisas relacionadas ao
processamento e desenvolvimento de novos materiais visando aplicações nas áreas médicas e
odontológicas, utilizando membranas poliméricas biocompatíveis obtidas pelo processo de
eletrofiação.
27
Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Obter e caracterizar membranas poliméricas de PCL e PR que possuam capacidades
biológicas para aplicações em engenharia tecidual.
1.1.2 Objetivos específicos
Determinar os parâmetros de processamento adequados para a obtenção das membranas
poliméricas de PCL e PR em suas diferentes composições.
Caracterizar as propriedades das membranas obtidas pelo processo de eletrofiação.
Avaliar o aspecto topográfico das membranas de PCL-R (membranas com fibras
aleatórias) e PCL-A (membranas com fibras alinhadas) em relação a morfologia celular.
Analisar o potencial mecânico cíclico e a orientação das fibras aleatórias e alinhadas em
relação a morfologia celular.
Associar extratos vegetais, de Pterodon pubescens Benth (Sucupira) e/ou Arrabidaea
chica em membranas poliméricas de PCL para aplicações em regeneração tecidual.
Analisar a capacidade das membranas eletrofiadas de PCL para liberação in vitro dos
extratos vegetais Pterodon pubescen e Arrabidaea chica.
Observar a influência dos extratos vegetais no crescimento e proliferação de
fibroblastos.
Verificar o potencial das membranas de PCL/PR in vitro e in vivo, para serem aplicadas
nas áreas médicas e odontológicas.
28
Referências Bibliográficas
Chew, S. Y., Mi, R., Hoke, A., Leong, K.W. The effect of the alignment of electrospun
fibrous scaffolds on Schwann cell maturation. Biomaterials, 29(6), pp.653–661, 2008.
Guimarães, P. P. G., Oliveira, M. F., Gomes, A. D. M., Gontijo, S. M. L., Cortés, M. E.,
Campos, P. P., Vianad, C.T.R., Andrade, S.P., Sinisterra, R. D. PLGA nanofibers improves the
antitumoral effect of daunorubicin. Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, 136, pp.248–255,
2015.
Kulkarni, A., Bambole, V. a. & Mahanwar, P.A. Electrospinning of Polymers, Their
Modeling and Applications. Polymer-Plastics Technology and Engineering, 49(January 2013),
pp.427–441, 2010.
Meng, Z. X., Wang, Y. S., Ma, C., Zheng, W., Li, L., & Zheng, Y. F. Electrospinning
of PLGA / gelatin randomly-oriented and aligned nano fi bers as potential scaffold in tissue
engineering, 30, pp.1204–1210, 2010.
Moheman, A., Sarwar, M. & Mohammad, A., 2016. Recent trends in electrospinning of
polymer nano fibers and their applications in ultra thin layer chromatography, 229, pp.1–24.
Nune, M., Krishnan, U.M. & Sethuraman, S., 2016. PLGA nano fi bers blended with
designer self-assembling peptides for peripheral neural regeneration. , 62, pp.329–337.
O’Brien, F.J. Biomaterials & scaffolds for tissue engineering. Materials Today. March
2011, 14, Number 3.
Singh, R. S., Kaur, N., Rana, V., & Kennedy, J. F. Recent insights on applications of
pullulan in tissue engineering. Carbohydrate Polymers, 153, pp.455–462, 2016.
Zhao, W., Li, J., Ji, K., Liu, W., Qiu, X., & Li, C.. Fabrication of functional PLGA-
based electrospun scaffolds and their applications in biomedical engineering. Materials Science
and Engineering C, 59, pp.1181–1194, 2016
29
2. Desenvolvimento e fabricação de membranas de policaprolactona (PCL) e
polirotaxano (PR) pelo processo de eletrofiação: estudo com caracterização
e avaliação in vitro e in vivo.
Resumo
A eletrofiação é reconhecida como uma técnica para produzir fibras poliméricas que apresentam
várias vantagens, tais como alta área superficial, alta porosidade e similaridade física com a
morfologia da matriz extracelular (MEC). Sabe-se que a hidrofilicidade da matriz extracelular
é um fator importante que afeta a adesão das células. A fim de melhorar a hidrofilicidade das
membranas fibrosas eletrofiadas de poli (ε-caprolactona) (PCL), o polímero poli (rotaxano)
(PR) foi utilizado com PCL e fibras eletrofiadas dessa blenda foram obtidas a partir de soluções
poliméricas. A citotoxicidade das membranas de PCL/PR foi avaliada in vitro em células NIH-
3T3 durante 24 horas. Além disso, a avaliação in vivo foi realizada através da implantação da
mesma em 8 mm de diâmetro de defeito crítico de calvária 40 ratos Wistar machos. Dois grupos
foram estudados: no primeiro grupo os defeitos da calvária foram cobertos com membranas
PCL/PR, enquanto que no segundo grupo os defeitos da calvária permaneceram descobertos,
onde apenas o coágulo de sangue ocupou o defeito. Os animais foram eutanasiados aos 7, 14,
21 e 42 dias pós-operatórios. Os espécimes foram radiografados e preparados para análise
histológica. Os resultados sugerem que a membrana eletrofiada de PCL/PR é um biomaterial
que é adequado para aplicações futuras em regeneração tecidual guiada, onde pode se
incorporar materiais funcionais, tais como agentes antibacterianos, extratos vegetais e fatores
de crescimento.
Palavras-chave: regeneração óssea, cicatrização de feridas, eletrofiação, polímero.
30
Introdução
A engenharia tecidual consiste no desenvolvimento de novos dispositivos utilizando
biomateriais (Kulkarni et al. 2010), que fornecem alternativas eficazes para o tratamento de
doenças graves, cujo transplante ou enxerto sejam as únicas opções. As técnicas de regeneração
tecidual guiada (RTG) são cada vez mais utilizadas no tratamento de defeitos periodontais, na
reconstrução de tecido ósseo perdido, danificado e atrofiado, em procedimentos de implantes
dentários ou na preservação de cavidades alveolares após a extração dentária (Sela & Sela
1995). Geralmente, as membranas poliméricas utilizadas na RTG são divididas grosseiramente
em bioabsorvíveis e não reabsorvíveis, onde em ambos os casos devem ter as seguintes
propriedades: biocompatibilidade, manutenção no espaço de implantação, adaptação à área de
uso, flexibilidade e cobertura ótima do defeito tecidual (Xue et al. 2015; Wang et al. 2016)
Eletrofiação é um processo de fabricação utilizado para obter fibras com diâmetros na
faixa micrométrica a nanométrica. Esta técnica permite obter fibras com grande potencial para
uma variedade de aplicações biomédicas, tais como scaffolds (estruturas tridimensionais
porosas), membranas fibrosas para administração controlada de fármacos, regeneração guiada
de tecidos (GTR), materiais adsorventes, entre outros (Garg et al. 2014; Ghorani & Tucker,
2015). Assim, há uma ampla gama de potenciais aplicações de tais membranas em periodontia
e implantologia oral, uma vez que as membranas poliméricas podem atuar como uma barreira,
o que ajuda a prevenir a migração do tecido epitelial para a área defeituosa, permitindo tempo
suficiente para regeneração óssea, cemento e ligamento periodontal (Wang et al. 2016). Tais
membranas atuam na retenção do coágulo sanguíneo e proporcionam um ambiente seguro à
migração de células indesejadas, o que pode comprometer a reparação óssea (Oster et al. 2015).
A partir de pesquisas no campo da bioengenharia foram desenvolvidas várias membranas não
reabsorvíveis e reabsorvíveis para uso em GTR (Annen et al. 2011). Estes estudos visaram
melhorar as limitações das barreiras clássicas não reabsorvíveis de politetrafluoroetileno
expandido (ePTFE), que apresenta desvantagens, tais como o risco de remoção prematura do
implante e a necessidade de um segundo estágio cirúrgico para a remoção do implante (Nyman
et al. 1982). Para ultrapassar algumas destas limitações, as membranas poliméricas de
PLGA/PGA mostraram ser tão eficientes como o ePTFE, contudo, a sua degradação hidrolítica
associada à reabsorção de parte do osso regenerado pode comprometer a resposta do hospedeiro
31
(Nyman et al. 1982; Al-nawas et al. 2009). As membranas de colágeno apareceram como um
substituto natural que poderia promover a integração de tecidos e o transporte de nutrientes. No
entanto, a rápida degradação por atividade enzimática de macrófagos e leucócitos
polimorfonucleares, reduz substancialmente a resistência mecânica levando ao colapso da
membrana (Annen et al. 2011). Assim, para a obtenção de membranas adequadas a serem
utilizadas como barreira física, foram estudados neste trabalho, polímeros utilizados em
aplicações biomédicas, PCL e PR, e seu comportamento biológico por meio de uma blenda
polimérica eletrofiada sendo avaliado em modelo de regeneração óssea guiada.
A poli (ε-caprolactona) (PCL) é um polímero sintético semicristalino biorreabsorvível
com boa biocompatibilidade e flexibilidade. É um polímero hidrofóbico com alta resistência
mecânica e baixa citotoxicidade. PCL é aprovado pela Food and Drug Administration (FDA)
para uso como biomaterial (Woodruff & Hutmacher, 2010). As aplicações biomédicas deste
polímero são diversas, tais como liberação controlada de fármacos e engenharia de tecidos em
tecidos epidérmicos, musculares, ósseos e cartilaginoso (Gautam et al. 2013).
Poli (rotaxano) (PR) é um polímero com arquitetura topológica supramolecular, com a
inclusão de múltiplas moléculas cíclicas (por exemplo, α-ciclodextrinas) em um polímero linear
(por exemplo, polietilenoglicol, PEG) e as extremidades da cadeia bloqueadas com grupos
volumosos (adamantanaminas) (Lipatova et al. 1982; Scientific et al. 2001). As ciclodextrinas
(CDs) são oligossacáridos cíclicos formados por moléculas de D-glicose ligadas entre si através
de ligações (α-1, 4), são cristalinos, homogêneos e não higroscópicos. Suas moléculas têm
grupos hidroxilas primárias anulares na parte mais estreita do cone, enquanto que os grupos
hidroxilas secundárias estão na parte mais larga do cone. Assim, os grupos hidroxilas na
extremidade tornam as ciclodextrinas hidrofílicas e solúveis em água (Wang et al. 2012). Este
material tem excelentes propriedades de elasticidade e dilatação, o que é atraente para várias
aplicações no campo biomédico, tal como no sistema de liberação de fármaco bioativo e
hidrogéis biocompatíveis (Lipatova et al. 1982; Araki & Ito, 2007; Gong et al. 2015).
No presente estudo, membranas fibrosas de PCL e PCL/PR foram obtidas por
eletrofiação visando futuras aplicações na regeneração de tecidos. Até onde sabemos, não foram
relatados na literatura estudos de blendas de PCL/PR eletrofiadas visando aplicações
biomédicas.
32
O objetivo deste estudo foi obter pelo método de eletrofiação, membranas de PCL puro
e membranas de blendas de PCL com polirotaxano (PCL/PR). Assim, analisando
comparativamente algumas das características micromorfológicas, o comportamento in vitro
das fibras pura e de sua blenda, além de verificar o efeito da blenda de PCL/PR na recuperação
de um defeito ósseo crítico in vivo.
33
Material e Métodos
2.2.1 Material
Neste trabalho foram utilizados PCL com massa molecular de 80000 g/mol (Sigma
Aldrich®), PR com massa molecular 496000 g/mol e índice de hidroxila de 71 mg KOH/g, que
foi gentilmente fornecido pela UBE, sendo um material de grau não-comercial. Os solventes
utilizados foram clorofórmio (Merck, Alemanha) e acetona (Synth-Brasil).
O clorofórmio e a acetona foram misturados em proporções em peso (1:1) e as soluções
de polímero foram obtidas por adição de PCL e PR (1:1). As soluções foram agitadas
magneticamente durante 2 horas a 23 °C. Todas as soluções foram eletrofiadas no mesmo dia
de preparação.
2.2.2 Eletrofiação
O sistema de eletrofiação utilizado neste estudo consistiu de uma seringa de 10 mL e
utilizando agulhas com diâmetro de 0,55 a 0,7 mm, uma bomba de infusão (kdScientific,
modelo KDS-100), uma fonte de alta tensão (Testtech) e uma placa coletora aterrada. Soluções
foram eletrofiadas a 23ºC com tensões de 15 a 20 kV e vazões de 1 a 5 mL/h. A Tabela 2.1
mostra os parâmetros de eletrofiação utilizados neste trabalho. Figura 2.1 mostra uma foto do
equipamento de eletrofiação utilizado neste trabalho.
Tabela 2.1: Parâmetros de eletrofiação
Parâmetros PCL PCL/PR
Vazão (mL/h) 1 5
Voltagem (kV) 15 20
Diâmetro da agulha (mm) 0,55 0,7
Distância (cm) 10 20
34
Figura 2.1: Equipamento de eletrofiação. A) Bomba infusora; B) Placa coletora; C)
Fonte de alta tensão.
2.2.3 Caracterização
2.2.3.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) para as membranas
A morfologia das fibras obtidas a partir das soluções eletrofiadas neste estudo foi
avaliada por microscopia eletrônica de varredura (MEV) utilizando um equipamento ZEISS
(Modelo Evoma-15). As amostras foram fixadas em suporte metálico com fita dupla face de
carbono e revestidas em ouro, utilizando um equipamento Sputter Coater, Bal-Tec (Modelo
SCD-O5O). Os diâmetros médios das fibras foram determinados por análise das imagens de
MEV, utilizando o programa de análise de imagens ImageJ®, onde foram medidos os diâmetros
de 50 fibras de cada amostra escolhidas aleatoriamente, valores médios e desvios-padrão foram
obtidos.
35
2.2.3.2 Ângulo de contato
O ângulo de contato foi medido para avaliar o caráter hidrofílico das membranas
eletrofiadas. Foi utilizado um microscópio óptico Hitachi com o software Axio s40 V4.8.2.0®.
Gotas de água deionizada (5,0 µL) foram colocadas sobre a superfície da amostra, utilizando
uma pipeta (Transferpette®). Todas as medições foram realizadas a 25 ± 3 °C com uma umidade
relativa de 40 ± 4%. Os ângulos de contato foram medidos usando o programa ImageJ® 1.47v
com o plugin Análise Drop (LB-ADSA®). Três medições foram realizadas para cada grupo de
amostras e valores médios e desvios-padrão foram obtidos. Após a coleta dos dados e a
categorização das variáveis, foi realizada a transferência dos valores para o Programa GraphPad
Prism 5®. As análises estatísticas dos resultados foram analisadas, aplicando-se os testes
estatísticos Análise de Variância (Anova) e Comparação múltipla com o teste de Tukey.
Considerou-se o nível de significância de 5%, ou seja, os dados foram estatisticamente
significativos para p <0,05.
2.2.3.3 Porosimetria por intrusão de mercúrio
As determinações de porosimetria por intrusão de mercúrio foram realizadas em
equipamento AutoPore IV – Micromeritics, de acordo com o procedimento descrito pela norma
ISO 15901-1/ 2005. O volume de mercúrio que penetra na amostra é função de pressão
hidrostática aplicada, que é relacionada ao diâmetro dos poros pela equação de Washburn (dp =
-4.γ.cosθ / P).
As medidas foram efetuadas com leitura gradual para cada pressão aplicada (modo
stepwise), na amostra previamente seca.
36
2.2.4 Ensaios in vitro
2.2.4.1 Esterilização das membranas
As membranas eletrofiadas de PCL e sua respectiva blenda (PCL/PR) foram
esterilizadas com radiação ultravioleta (UV) em ambos os lados, durante 30 min cada (Gautam,
et al. 2013). A radiação UV tem sido utilizada para reduzir a microbiota nos materiais e uma
alternativa para a inativação microbiana (Li et al, 2007; Artemenko et al, 2012; Gautam et al.
2013). O UV na faixa de 210 a 330 nm são eficientes como germicidas por serem absorvidos
por proteínas e ácidos nucleicos, fazendo a ruptura dos cromossomas, mutações genéticas,
inativação de enzimas e, consequentemente, a morte celular (Elmnasser et al. 2007).
2.2.4.2 Cultura celular
Neste trabalho foi utilizada linhagem estabelecida BALB/c NIH-3T3 (fibroblasto
murino). As células foram cultivadas em meio RPMI 1640 suplementado com 10% de soro
fetal bovino (SFB) e 1% de antibiótico (penicilina e estreptomicina). As células foram
plaqueadas em garrafas de 75 cm² na densidade de 2x104 células/mL e incubadas a 37°C sob
atmosfera úmida com 5% de CO2.
2.2.4.3 Ensaio de viabilidade celular
Ensaio de viabilidade celular através da redução do MTT (3-brometo de (4,5-dimetil-2-
tiazolil)-2,5-difenil-tetrazólio).
Nesse ensaio, a viabilidade celular foi avaliada através da medida da capacidade das
células de reduzir o MTT (3-brometo de (4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-tetrazólio) a
formazan. O formazan é um pigmento insolúvel que é extraído das células e quantificado
espectrofotometricamente em =570 nm. A redução do MTT é catalisada principalmente pelas
37
desidrogenases mitocondriais e também do citoplasma. Portanto, a alteração da função
mitocondrial poderá ser detectada através da variação da capacidade de redução do MTT
(Mosmann, 1983).
As células foram plaqueadas na densidade de 6 x 104células/mL em placas de 24 poços
que já continham lamínulas com ou sem biomaterial a ser estudado. Posteriormente, foram
incubadas a 37ºC, 5% de CO2 por 24h. Após 24h de incubação, o meio foi removido, os poços
foram lavados com tampão fosfato salino (PBS) e adicionado no meio sem soro contendo o
corante MTT (0,5 mg/mL). Após incubação por 3h a 37ºC, o meio foi retirado cuidadosamente
e adicionado 100 L de etanol para solubilização do formazan. As placas foram agitadas por 5
minutos e a absorbância correspondente a cada poço foi lida no leitor de placas em = 570 nm.
Os valores foram expressos em porcentagens de redução de MTT em relação ao controle, onde
as células não foram expostas aos agentes testes (Mosmann, 1983).
2.2.5 Ensaio in vivo
Todos os procedimentos experimentais foram realizados de acordo com a Care
International e Uso de Animais de Laboratório, sendo aprovados pelo Comitê de Ética
Institucional para Pesquisa Animal (CEP FOUSP No. 20/2013) (ver anexo I) Os ensaios em
animais foram realizados na Universidade de São Paulo - USP, campus São Paulo, na Faculdade
de Odontologia no Departamento de Cirurgia Odontológica e Bucomaxilofacial.
Quarenta e um Rattus norvegicus, albinus, ratos Wistar (Centro Experimental Animal,
ICB, Intituto de Ciências Biomédicas, São Paulo, Brasil), pesando cerca de 200 a 250g, foram
submetidos à cirurgia sob anestesia geral com injeção intramuscular de 0,8 mg / kg de peso
corporal (pc) de cloridrato de cetamina (Dopalen®, Vetbrands, São Paulo, Brasil) e 0,3 mg / kg
de peso corporal de cloridrato de xilazina. Todos os animais também receberam profilaxia com
antibióticos via injeção intramuscular com 150.000 UI/Kg de peso corporal de benzilpenicilina
benzatina (Roche Brasil, São Paulo, Brasil). O acesso a calota craniana do animal através de
uma incisão foi retilíneo na pele da área média do crânio, seguida por uma divisão lateral do
tecido subcutâneo, músculo temporal e periósteo. O defeito ósseo foi feito com uma trefina de
aço (8 mm de diâmetro; SIN®, São Paulo, Brasil), que foi adaptado para uma peça de mão
38
dentária na broca implante (600 baby®, Driller, São Paulo, Brasil) em baixa velocidade. Os
defeitos foram feitos sob irrigação constante de solução salina. Finalmente, a pele foi suturada
com fio de sutura de seda 3-0 (Ethicon, Somerville, NJ, EUA). Após a cirurgia, os animais
foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Defeitos no grupo de teste (n = 21) receberam
uma cobertura de membrana de PCL/PR. Defeitos no grupo controle (n = 20) não tem cobertura
por qualquer membrana e foram preenchidas apenas por coágulo de sangue. Todos os animais
foram mantidos em gaiolas de plástico individuais com dieta padrão (Labina®, Purina, São
Paulo, Brasil) e água ad libitum.
2.2.5.1 Eutanásia e amostras de fixação
Os animais de cada grupo por período experimental foram eutanasiados numa câmara
de CO2 a 7, 14, 21, e 42 dias após a operação. Após a eutanásia, os crânios foram dissecados e
amostras, incluindo a região com defeito em conjunto das calvárias foram imediatamente
fixados em solução tamponada formalina a 10% para imagens de raios X e procedimentos de
preparação histológicos.
2.2.5.2 Preparação de amostras para análises de raios X e de imagem
Antes do processamento laboratorial para análise histológica, todas as amostras
cirúrgicas foram radiografadas. As imagens de raios X foram obtidas em filme dental periapical
(Kodak Insight, Eastman Kodak Co. EUA), utilizando um raio X odontológico (Timex 70E,
Gnatus® São Paulo, Brasil). Todas as radiografias foram obtidas de uma forma padronizada,
utilizando uma distância focal de 4,5 cm e um tempo de exposição de raios X de 3,2 segundos.
Os filmes de raio-X de todas as amostras foram desenvolvidos em conjunto, de acordo com
critérios padronizados de tempo e temperatura. A análise de raios X foram cegos para as
designações de grupo e consistiu de medida da área do defeito ósseo radiotransparente usando
ImageJ® (NIH, Bethesda, Maryland, EUA).
39
2.2.5.3 Preparação e análise histológica
Para preparar as seções histológicas as amostras foram embebidas em solução de EDTA
(ethylenediaminetetraacetic acid) a 7,4% m /M pH 10 durante 6 semanas por descalcificação
do tecido ósseo. A área do defeito foi seccionada exatamente no plano sagital meio de calvária,
resultando em duas partes para a ferida: os lados esquerdo e direito. Cada lado foi incluído em
seu próprio bloco de parafina. Em seguida, quatro seções parassagitais de 4,5 mícrons de
espessura foram coradas com hematoxilina e eosina.
Os cortes histológicos foram acessados cegamente por um patologista usando um
microscópio de luz convencional (DM5000, Leica Microsystems, Alemanha) em 40X de
objetiva de ampliação. Os aspectos histomorfológicas de reparação óssea focada principalmente
na presença de infiltrado inflamatório, tecido de granulação, necrose, vasos recém-formados e
formação de osso novo. A análise histomorfométrica foi executada para quantificar a área de
formação de novo osso em cortes histológicos aleatórios a partir de ambos os lados do defeito
(direito e esquerdo) em três regiões distintas da ferida: dois na borda lateral e um no centro do
defeito. As imagens de cada área da secção histológica foram digitalizadas e transferidas para
um software de morfometria digital (ImageJ, NIH). As medidas foram realizadas em quatro
seções histológicas de cada lado. A área total de formação de osso novo em cada lado foi
calculada pela soma da área obtida em cada campo. Este valor foi então somado ao obtido a
partir do outro lado. No final, obteve-se a média do total da área de formação de osso novo para
cada grupo e período experimental.
40
Resultados e Discussões
2.3.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)
A Figura 2.2 apresenta as imagens de MEV das membranas eletrofiadas de PCL e
PCL/PR e as distribuições de diâmetro das fibras. Observa-se que os diâmetros das fibras estão
na escala de micrômetros e foram obtidas com sucesso pelo processo de eletrofiação. Nota-se
que as membranas são altamente porosas sem a presença de defeitos, como pérolas ou beads.
De acordo com (Zhu et al. 2008), esta morfologia pode promover boa adesão e diferenciação
de células na membrana e, regeneração do tecido danificado.
Figura 2.2: Micrografia das fibras eletrofiadas (A) PCL e (C) PCL/PR e os respectivos
histogramas de distribuição dos diâmetros das fibras das membranas (B) PCL e (D) PCL /
PR.
Ambas as membranas de PCL (Fig. 1A) e PCL/PR (Fig. 1C) apresentaram morfologias
semelhantes, caracterizada como uma manta de não tecido, com alta dispersão de diâmetros. O
41
diâmetro médio da fibra de PCL (Fig. 1B) e PCL/ PR (Fig. 1D) foram de 2,5 (± 0,88) e 2,3 µm
(± 0,82) µm, respectivamente. Por conseguinte, as amostras não são estatisticamente diferentes
em relação ao diâmetro da fibra.
2.3.2 Ângulo de contato
O ângulo de contato de PCL e PCL/PR foram 131,58o ± 0,74o and 108,45o ±3,72o,
respectivamente. Este resultado mostra que a presença de PR aumentou a hidrofïlicidade da
membrana, demonstrado por uma diminuição de 18% no ângulo de contato médio, o que pode
ser observado na Figura 2.3. O valor médio para PCL foi comparável aos relatados por outros
autores, com valores variando de 118º ± 6 a 124º ± 3 ( Lipatova et al. 1982; Meng, Zheng, et
al. 2010; Gautam et al. 2013).
O PCL é um polímero amplamente utilizado em aplicações biomédicas e o uso do PR
para formar blendas com PCL são interessantes devido às possibilidades de melhorar as
propriedades mecânicas e de superfície, pois a presença de grupos hidroxilas das ciclodextrinas
(α-CDs) permite a funcionalização de polímeros inertes. De maneira geral, a CDs tem o papel
de molécula “hospedeira” (Fett 1999; Fraceto et al. 2007), pois apresentam cavidade
hidrofóbica e superfície hidrofílica, devido à presença em sua estrutura de grupos hidroxilas
(OH) primários e secundários orientados para o exterior (Fett 1999; Fraceto et al. 2007). Estes
grupos podem melhorar as propriedades físicas e biológicas para liberação de fármacos, tais
como estabilidade, aumentar a solubilidade do fármaco hidrofóbico em meio aquoso e/ou
biodisponibilidade ( Li et al, 2011; Jiang et al, 2013). Assim, a abundância de grupos funcionais
(OH) nas CDs facilita a capacidade dos PR de transportar uma grande dose de fármacos
hidrofóbicos (Jiang et al, 2013). O aumento da hidrofilicidade da membrana da blenda PCL/PR
em comparação à membrana de PCL, indica que a blenda pode promover uma melhora na
adesão celular (Wan et al. 2003; Webb et al. 2009).
42
Figura 2.3: Ângulo de contato: Gotas de água destilada sobre as membranas poliméricas
A) PCL; B) PCL/PR
2.3.3 Porosimetria
A porosimetria de mercúrio é uma técnica que caracteriza o tamanho e a quantidade de
poros. O teste de porosimetria foi realizado somente na membrana de PCL/PR devido a
disponibilidade do equipamento. Porém, conforme apresentado na Figura 2.4, devido à
membrana de PCL ser morfologicamente similar à membrana de PCL/PR, sugere-se que a
porosidade de ambas as membranas são semelhantes. Ainda, como a membrana de PCL/PR
apresentou-se mais hidrofílica, esta membrana foi escolhida para ser utilizada nos testes in vivo.
A Tabela 2.2 apresenta os resultados de porosidade da membrana de PCL/PR, onde se
verifica a presença de poros com diâmetros médios de 4,5 µm e uma área total dos poros de
0,954 m2/g. Pela Figura 2.4, que apresenta a curva de distribuição de poros, pode-se observar
um pico largo e definido na faixa de 1000 a 10000 nm, que representa uma homogeneidade no
tamanho do diâmetro dos poros. De acordo com a União Internacional de Química Pura e
Aplicada (IUPAC) a membrana analisada apresenta macroporos, pois apresenta poros maiores
que 0,05 µm e menores que 7,5 µm. A porosidade da membrana foi de 39%. No entanto, a
porosidade e o tamanho dos poros podem variar dependendo do grau de interligação das fibras,
tornando as membranas mais densas (Ionescu & Mauck, 2013).
43
Tabela 2.2: Resultado da intrusão de mercúrio na membrana de PCL/PR
Volume de intrusão 0,825 ml/g
Área total de poros 0,954 m2/g
Diâmetro mediano dos poros 4464,0 nm
Porosidade 39,51%
Figura 2.4: Distribuição do diâmetro dos poros na membranas de PCL/PR
A importância da interconexão dos poros na aplicação da engenharia tecidual, está
relacionada com a capacidade de favorecer a difusão dos gases e nutrientes necessários para
suportar o crescimento celular in vitro ou in vivo promovendo o metabolismo celular (Kim et
al. 2012; Guo et al. 2015). No trabalho de Guo et al. 2016, observou-se que a alta porosidade
nos scaffolds e uma boa interconexão entre os poros favorece o crescimento, migração e
regeneração celular, demonstrando que scaffolds que apresentam essas propriedades são
adequados para aplicações em engenharia tecidual. . Ainda, Guo et al., (2015), observou que
44
scaffolds com porosidade da ordem de 45%, que é próxima a porosidade encontrada neste
trabalho, apresentam um aumento na proliferação celular. Membranas altamente porosas são
promissoras em medicina regenerativa por simularem a matriz extracelular (Garg & Bowlin
2011).
2.3.4 Ensaios biológicos
2.3.4.1 Viabilidade Celular – Ensaio in vitro
A Figura 2.5 mostra a atividade mitocondrial dos fibroblastos murinos (BALB/c 3T3)
após 24h em cultura. Pode-se observar que todas as membranas estudadas não foram citotóxicas
quando comparadas com o controle.
Figura 2.5: Avaliação da viabilidade em células BALB/c 3T3. As células BALB/c 3T3
foram cultivadas sobre as membranas de PCL e PLC/PR por 24 horas. Os valores foram
expressos em absorbância em relação ao grupo controle, onde as células não foram expostas
aos materiais. O experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os resultados
representam as médias e desvios padrão do experimento. * p<0,05.
45
Em relação às membranas de PCL e PCL/PR não houve diferença significativa na
viabilidade celular conferida entre as membranas e entre o grupo controle (p > 0,05) e todas
apresentaram biocompatibilidade.
A média dos resultados proveniente do cultivo sobre as membranas poliméricas confere
viabilidade celular superior a 70% em comparação ao controle negativo, demonstrando a
citocompatibilidade das membranas em todas as composições (ISO 10993-5, 2009), com
valores na faixa de 113 a 117% aproximadamente.
Estes resultados estão de acordo com a literatura, que sugere que membranas de
polímeros sintéticos PCL, obtidas pelo processo de eletrofiação apresentam biocompatibilidade
in vitro (Wutticharoenmongkol et al. 2006; Sahoo et al. 2010; Goes et al. 2012). Neste contexto,
as membranas apresentaram propriedades para fixação e crescimento celular, pois as fibras
mimetizam a morfologia da matriz extracelular, demonstrando assim, alto potencial em
aplicações nas áreas médicas e odontológicas (Sahoo et al. 2010; Garg & Bowlin 2011; Chen
et al. 2015)
2.3.5 Ensaio in vivo
2.3.5.1 Características pós-operatório in vivo
Dos 50 ratos, oito morreram no dia seguinte ao procedimento cirúrgico experimental e
um no momento da anestesia. A amostra final foi composta por 41 animais distribuídos em dois
grupos Tabela 2.3.
Tabela 2.3: Distribuição das amostras finais nos grupos e períodos experimentais.
Grupo 7 dias 14 dias 21 dias 42 dias
PCL/PR 4 5 7 5
Controle 5 5 5 5
46
Durante o período experimental, o peso dos animais em todos os grupos variou de 240 a
250 g e no dia da eutanásia oscilou entre 260 e 320g. Nenhum animal apresentou sinais de
infecção na região da ferida cirúrgica. Todas as feridas foram limpas e a região da incisão
cutânea não apresentou deiscência visível ou exposição da membrana ao ambiente externo.
2.3.5.2 Análise das imagens radiográficas
A Tabela 2.4 apresenta a comparação entre as áreas dos defeitos ósseos em ambos os
grupos experimentais. Os valores médios e os correspondentes desvios-padrão são apresentados
em unidades de pixel/mm2. A Figura 2.6 mostra graficamente a diferença entre os grupos para
o tamanho variável da imagem de defeito ósseo.
Tabela 2.4: Distribuição dos valores médios ± desvio padrão das mensurações das áreas
radiográficas dos defeitos ósseos comparativamente entre os grupos e os períodos.
Grupo
Período (dias)
n
Média ± DP (pixel/mm2)
(p)
PCL/PR
7
14
21
42
4 52,89±2,05
0.014
0.60
0.37
0.08
Controle 5 56,44±1.31
PCL/PR 5 52,72±7,34
Controle 5 54,55±4,39
PCL/PR 7 51,34±3,56
Controle 5 52,95±3,06
PCL/PR 5 46,63±4,99
Controle 5 53,20±2,09
Test of Kruskal-Wallis. Significância p ≤ 0,05.
47
Figura 2.6: As médias e desvio padrão (mm2) das áreas da imagem radiográfica do defeito
em diferentes períodos experimentais. Teste de Kruskal-Wallis e Mann-Whitney.
Significativo quando p <0,05.
Qualquer teste biológico visa verificar três características celulares fundamentais, tais
como, adesão, proliferação e diferenciação de um dado biomaterial, bem como propor
melhorias e personalização para aplicações clínicas. Neste estudo, a membrana PCL/PR foi
utilizada isoladamente, uma vez que o objetivo era testar se o polímero poderia exercer algum
efeito sobre a reparação óssea sem interferência de outros substitutos ósseos ou fatores de
crescimento.
Tanto os resultados radiográficos como os histológicos apresentaram resultados
consistentes e coerentes que se complementam. As medidas das imagens radiográficas
mostraram que a diminuição na área corrobora com achados histológicos. No entanto, deve ser
observado que a análise da imagem radiográfica isoladamente é um método subjetivo e limitado
48
para avaliar neoformação óssea. Resultados coerentes entre a análise de imagem e os achados
histológicos podem reduzir os erros inerentes à subjetividade da análise por radiografia.
2.3.5.3 Análise Histomorfológica
2.3.5.3.1 Período de 7 dias
O grupo PCL/PR apresentou um infiltrado neutrofílico e linfocitário mais intenso
quando comparados ao controle. A presença de osteoclastos foi ligeiramente mais intensa, mas
não significativa no grupo Controle. Houve formação de tecido de granulação no grupo controle
e semelhança de resultados para necrose, e neoformação óssea e células gigantes (ver
Figura 2.7 A,B).
2.3.5.3.2 Período de 14 dias
A presença de células gigantes foi mais intensa no grupo PCL/PR. O processo
inflamatório no grupo PCL/PR manteve-se moderado, com redução da intensidade
comparativamente ao período anterior. As áreas de necrose, tecido de granulação e hemorragia
foram similares em ambos os grupos (ver
Figura 2.7 C,D).
2.3.5.3.3 Período de 21 dias
Houve uma redução no processo inflamatório nos dois grupos. A presença de células
gigantes foi mais intensa e significativa para PCL/PR (p=0,009). As áreas de necrose, tecido
49
de granulação e hemorragia foram similares para o controle e para a membrana grupos. Houve
uma atividade osteoclástica ligeiramente maior no grupo controle (ver
Figura 2.7 E,F).
2.3.5.3.4 Período de 42 dias
A presença de células gigantes foi intensa e significativa no grupo PCL/PR. A
neoformação óssea foi semelhante para os dois grupos, entretanto houve uma concentração
maior de células gigantes no grupo da membrana. O infiltrado inflamatório, as áreas de
hemorragia, necrose e tecido de granulação, foram similares (ver
Figura 2.7 G,H).
50
51
Figura 2.7: Fotomicrografias do aspecto histológico do reparo do defeitos ósseos: Período
de 7 dias, A) Grupo PCL/ PR apresentou maior quantidade de tecido de granulação (seta); B)
Grupo controle, organização de tecido de granulação (seta); Período 14 dias, C) Neoformação
óssea PCL/PR (seta); D) Grupo controle área de formação óssea (seta). Período de 21 dias,
E) Grupo PCL/PR, mostrou formação de tecido ósseo (asterisco) e aglomerado de células
gigantes (seta); F) Grupo controle, tecido ósseo neoformado (seta). Período de 42 dias, G)
Grupo PCL/PR, mostra clusters de células gigantes (seta) e neoformação óssea (asterisco);
H) Grupo controle com neoformação óssea (seta). Hematoxilina e eosina, baixo aumento,
objetivo 2.5X.
2.3.5.4 Análise histomorfométrica
3.2.3. Análise histomorfométrica
As médias das áreas de neoformação óssea mensuradas nos corte das três áreas de defeito
(anterior, central e posterior) em µm2 são mostradas na Tabela 2.5. A Figura 2.8 mostra
graficamente as diferenças da neoformação óssea entre os grupos de acordo com os períodos
de observação.
52
Tabela 2.5: Dados descritivos em média ± desvio padrão da mensuração da área de
neoformação óssea (µm2), comparativamente intergrupos para cada período de observação.
Grupo
Período (dias)
n
Média ± DP
(µm2)
(p)
PCL/PR 7
14
21
42
4 23.886 ± 16.824
0.0001
0,1071
0,0004
0,2192
Controle 4 20.52 ± 15.468
PCL/PR 4 42.848 ± 17.204
Controle 4 37.81 ± 8.488
PCL/PR 4 62.832 ± 21.174
Controle 4 43.278 ± 10.393
PCL/PR 4 290.117 ± 121.742
Controle 4 335.864 ± 146.32
Kruskal-Wallis Test. Significance p ≤ 0.05.
Figura 2.8: Distribuição da média e desvio padrão das áreas totais de neoformação óssea
em μm2. Kruskal-Wallis e teste de Mann-Whitney. * Significativo p <0,05.
53
A avaliação histomorfológica mostrou que a neoformação óssea em todos os grupos foi
madura, organizada e exibiu trabéculas coalescentes. Entre os 7 e 14 dias, o grupo PCL/PR
apresentou inflamação mais intensa, que diminuiu em 21 dias e neoformação óssea significativa
em todos os períodos de tempo. Em 14, 21 e 42 dias, o grupo PCL/PR apresentou uma intensa
atividade de células gigantes, sugerindo uma reação de corpo estranho, e uma discussão
posterior é apresentada a seguir.
Em todos os períodos experimentais, foram encontrados vestígios de membranas, o que
está de acordo com a literatura, onde o material exógeno pode ser observado em vários períodos
de avaliação, como no trabalho de (Polimeni et al. 2008), com dispositivos de PLA, que
exibiram uma quantidade substancial de biomaterial residual nos períodos de 3, 5, 7 e 12 meses.
Neste estudo, o dispositivo de PLA permaneceu intacto durante o intervalo de cicatrização de
12 meses, onde estavam presentes sinais de bioresorção, mas estavam confinados à periferia do
dispositivo. Além disso, a análise histológica permitiu observar que a formação óssea ocorreu
de forma centrípeta, ou seja, desde as bordas até o centro da ferida. É interessante notar que,
apesar de uma maior neoformação óssea após 42 dias, a formação óssea foi maior entre 7 e 14
dias do que entre 21 e 42 dias, mostrando que em um defeito crítico, o crescimento ósseo tende
a se estabilizar.
Verificou-se que os dados comparativos entre os grupos controle e o grupo PCL/PR
estavam muito próximos e, portanto, a membrana PCL/PR não promoveu uma regeneração
óssea guiada expressiva. Além disso, observamos que os aglomerados de células gigantes foram
encontrados mais intensamente no grupo PCL/PR. Além disso, a permanência de células
gigantes em um estágio tardio de reparação poderia ser possível devido a uma resposta
individualizada de espécies animais ao tipo de polímero utilizado. A porosidade da membrana
provavelmente influenciou a resposta inflamatória crônica. Assim, no primeiro momento, esta
reação ao corpo estranho pode ser considerada como um fator negativo para o efeito de
biocompatibilidade desta membrana. Entretanto, alguns autores, como Ghanaati et al. 2010,
mostraram que o papel da reação de corpo estranho aos biomateriais deve ser reconsiderado,
uma vez que a presença de células gigantes com características histoquímicas específicas pode
estar relacionada a um estímulo para a formação de tecido vascular. Embora a
imunorreatividade aos fatores vasculares não tenha sido testada aqui, observamos que a
54
presença de membrana PCL/PR pareceu ter aumentado a presença de vasos. Marcadores
imunohistoquímicos poderiam confirmar essa hipótese.
O modelo proposto de membrana PCL/PR por eletrofiação não demonstrou desempenho
efetivo para terapia de regeneração óssea guiada em grandes defeitos ósseos quando usado
sozinho. No entanto, uma vez que apresentou viabilidade, melhorias em relação à padronização
em sua produção e características morfológicas, podem levar a estudos deste material como um
arcabouço funcionalizado com fármacos, proteínas, células tronco que promovem a
regeneração óssea guiada.
A blenda de PCL/PR mostrou biocompatibilidade in vitro, revelando aspectos
promissores a serem funcionalizados por células-tronco com potencial para ser utilizado como
biomaterial bioativo para a reconstrução do tecido ósseo. A bioengenharia adota três estratégias
para a criação de novos tecidos orgânicos: em primeiro lugar, a presença de células,
particularmente células-tronco, que poderiam ser induzidas a diferenciar para o tecido
adequado, em segundo lugar, fatores específicos de crescimento que devem ser apresentados
para estimular as células à proliferação adequada e, finalmente, um scaffold para desempenhar
um papel como estrutura, que sustentarão e manterão células viáveis a serem transferidas para
um leito de recepção para formar um novo tecido (Changotade et al. 2015).
A distribuição geométrica das fibras poliméricas mostrou que as células têm espaço e
interconectividade porosa para a proliferação e diferenciação celular, embora, outros testes in
vitro específicos devam ser realizados para confirmar. Além disso, a presença de ciclodextrinas
em sistemas poliméricos pode ser promissora em aplicações farmacêuticas como veículos para
liberação controlada de fármacos ou fatores de crescimento. Quando utilizados como uma
blenda com outros polímeros, os anéis de ciclodextrinas podem melhorar as características
físicas e biológicas, como estabilidade e solubilidade em ambiente aquoso (Jiang et al. 2013;
Li et al. 2011). Além disso, a possível ligação de grupos OH funcionais pode enriquecer
propriedades de degradação e transporte para fármacos hidrofóbicos em sistemas de
administração de fármacos biocompatíveis (Jiang et al. 2013).
De nosso conhecimento, a literatura científica sobre o uso de membranas fibrosas de um
polímero sintético do sistema PCL/PR para fins de regeneração óssea é inexistente. Assim, os
dados originais obtidos aqui não devem desencorajar a bioengenharia, mas sim estimular novos
estudos a fim de melhorar e compreender as propriedades desses biomateriais.
55
Conclusão
As membranas PCL e PCL/PR eletrofiadas foram produzidas com sucesso. Com a
adição de PR, a hidrofilia da membrana aumentou quando comparada com a de PCL pura, e
ambas apresentaram biocompatibilidade e favoreceram o crescimento celular in vitro após 24
horas. Para o caso de testes in vivo, as membranas PCL/PR promoveram uma intensa atividade
de células gigantes, sugerindo uma reação de corpo estranho. No entanto, o comportamento in
vivo foi estável e não aumentou a área do defeito crítico e seu desempenho foi comparável ao
grupo controle. Sob os limites deste estudo, as membranas de PCL/PR eletrofiadas
demonstraram que não são citotóxicas em um teste de viabilidade em 24 horas, contudo, este
material não melhorou a reparação em um defeito de tamanho crítico ósseo.
56
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60
Anexo A
61
3. Influência do alinhamento de fibras eletrofiadas de poli (ε-caprolactona )
PCL e os efeitos biológicos em ensaio de estiramento celular em
fibroblastos
Resumo
Eletrofiação é uma técnica promissora de processamento de membranas fibrosas, devido à sua
versatilidade e potenciais aplicações em regeneração tecidual. As fibras processadas podem ser
alinhadas para mimetizar a natureza anisotrópica de fibras de tecidos alinhados, tais como o
menisco do joelho, disco intervertebral e os músculos. A influência da orientação das fibras e
os efeitos dos estímulos mecânicos na interação com a morfologia celular foram o foco deste
estudo. Fibras a partir de poli (ε-caprolactona) (PCL) foram processadas com orientações
aleatórias (PCL-R) e alinhadas (PCL-A), visando aplicações em tecido que recebem
solicitações mecânicas cíclicas. As fibras foram incorporadas em células de fibroblastos 3T3.
As estruturas foram estudadas sob condições estáticas em períodos de 1, 3 e 7 dias e sob
estiramento mecânico, sujeitos a alongamento cíclico de 10%, frequência de 1 Hz, com duração
de 6 horas. Microscopia confocal foi utilizada para avaliar a orientação e morfologia das células.
Observou-se que o alinhamento das fibras influencia diretamente no alinhamento celular,
facilitando a orientação da célula ao longo da fibra, em contrapartida, os ensaios de
alongamento cíclico com as variáveis adotadas neste estudo não influenciaram diretamente a
morfologia dos fibroblastos.
Palavra-chave: eletrofiação, poli (ε-caprolactona) (PCL), estiramento mecânico, fibras
alinhadas.
62
Introdução
Engenharia tecidual é uma abordagem científica que visa o desenvolvimento de métodos
para regenerar e/ou substituir órgãos e tecidos danificados. A falência orgânica e perda de tecido
devido a traumas ou problemas de saúde têm acessibilidade limitada e dificuldade para
encontrar doadores compatíveis (Unnithan et al. 2017). O uso de membranas fibrosas tem
apresentado excelente desempenho em aplicações na área biomédica (Erickson et al. 2015;
Tang & Yu 2015), pois apresentam uma arquitetura semelhante à matriz extracelular (MEC),
que pode atuar no sentido de orientar o crescimento e o desenvolvimento celular (Xu et al.
2004; Baker & Mauck 2007).
A eletrofiação é um processo no qual uma solução polimérica pode ser transformada em
membranas fibrosas utilizando forças elétricas externas (Tang & Yu 2015). São necessários
quatro componentes básicos: uma fonte de alta voltagem, uma bomba de infusão, uma seringa
conectada à uma agulha metálica e uma placa coletora de metal. O processo de eletrofiação
inicia-se quando cargas elétricas passam para a solução polimérica através da agulha metálica,
resultando na indução de cargas sobre as gotículas do polímero. Com o uso de uma bomba de
infusão, a solução polimérica pode ser alimentada a uma taxa constante e controlável. Para
formar um campo elétrico, um eletrodo da fonte de alta tensão está conectado à ponta da agulha
para carregar eletricamente a solução, enquanto que o outro eletrodo está conectado a um
coletor de polaridade oposta, geralmente um condutor aterrado. Quando o campo elétrico é
submetido, as forças elétricas agindo na solução polimérica supera a tensão superficial,
ocasionando o estiramento e escoamento da solução polimérica na direção do campo elétrico.
Antes do jato atingir a placa coletora, o solvente da solução evapora-se, solidificando o
polímero, que é recolhido em forma de pequenas fibras como uma rede interligada (Huang et
al, 2003; Garg et al, 2014; Haider et al, 2015). A Figura 3.1 mostra um esquema de um sistema
de eletrofiação.
63
Figura 3.1: Representação esquemática da montagem básica de um aparelho de eletrofiação (Salles
et al, 2015).
A geometria do coletor utilizado no processo de eletrofiação que são normalmente
metálicos, tais como cobre e alumínio (Bhardwaj & Kundu 2010), influenciam na disposição
das fibras (Bhardwaj & Kundu 2010). As fibras com orientação aleatória são depositadas sobre
um coletor plano e estático, isso ocorre devido à instabilidade do escoamento do jato na
trajetória da ponta da seringa ao coletor. Fibras aleatórias podem ser aplicadas em películas de
recobrimento de implantes, curativos e sistemas de liberação controlada de fármacos (Huang et
al, 2003). Para obtenção de fibras alinhadas, uma das alternativas é fixar dois eletrodos em
paralelo com uma abertura ou secção de isolamento entre os eletrodos, que criam um perfil no
campo elétrico que obrigam as cargas das fibras a cobrirem esse espaço ( Huang et al, 2003; Li
et al, 2003; Jalili et al, 2006; Teo et al, 2011), obtendo-se assim fibras altamente alinhadas.
Fibras alinhadas são interessantes, pois melhoram as propriedades mecânicas para aplicações
específicas, como regeneração de nervos, tendões e diferenciação celular ( Schnell et al. 2007;
64
Chew et al. 2008). A Figura 3.2 apresenta um esquema de um sistema de coletor com dois
eletrodos em paralelos e deposição de fibras alinhadas.
Figura 3.2: Ilustração esquemática de um coletor com dois eletrodos em paralelo, utilizados
para a produção de fibras altamente alinhadas no processo de eletrofiação (Bellan &
Craighead 2011).
Uma variedade de polímeros sintéticos são investigados para aplicação em engenharia
tecidual. Entre eles, o PCL é material promissor para a fabricação de membranas fibrosas
obtidas pelo processo de eletrofiação, devido à sua biocompatibilidade e biorreabsorbilidade
(Elzubair et al. 2006; Shor et al. 2007; Pok et al. 2010; Abdelrazek et al. 2016). É um material
reconhecido e aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) (Kweon et al. 2003; Kim
et al. 2012) e tem sido utilizados em suturas reabsorvíveis, sistemas de liberação controlada de
fármacos e como scaffolds para auxiliar o crescimento de células e em substitutos de enxertos
ósseos (Elzein et al. 2004; Elzubair et al. 2006; Pok et al. 2010).
Os scaffolds podem substituir vários tecidos, incluindo artérias, pulmões e pele, que
estão sujeitos a cargas mecânicas significativas. Consequentemente, os scaffolds que podem
substituir estes tecidos devem suportar os efeitos de estresse e de tensões específicas exercidas
por cada estrutura (Guilak et al. 2001). Estes efeitos incluem não apenas as propriedades
65
mecânicas gerais dos scaffolds (Pelham & Wang et al. 1997), mas também as respostas
celulares às tensões mecânicas as quais estão expostas, que respondem para regular a
proliferação celular, a rigidez das células (Solon et al. 2007) e diferenciação (Engler et al.
2006). As células têm a capacidade de responder à rigidez mecânica da matriz extracelular
circundante (Buxboim et al. 2011). Além disso, as células cultivadas em estruturas de suporte
alinhadas demonstraram produzir matriz extracelular organizada in vitro, portanto, melhoram
as propriedades mecânicas para aplicações específicas como em menisco do joelho, disco
intervertebral e músculos (Ifkovits et al. 2010).
Assim, o objetivo deste estudo foi desenvolver e caracterizar scaffolds de PCL com
fibras alinhadas e cultivar fibroblastos sobre as mesmas para avaliar alterações morfológicas
das células sob as influências em ensaios estáticos e cíclicos para aplicações em engenharia
tecidual, tais como músculos cardíacos, ligamentos, nervos, tendões, menisco do joelho e com
potencial entrega de células in vivo.
66
Material e Métodos
3.2.1 Materiais
Neste trabalho foram utilizados PCL com massa molecular de 80000 g/mol (Sigma
Aldrich). Os solventes utilizados foram clorofórmio (Merck, Alemanha) e acetona (Synth-
Brasil).
As soluções foram preparadas por dissolução de 27% em massa de PCL e 36,5% em
peso de clorofórmio e acetona (1:1), foram agitadas magneticamente durante 3 horas à
temperatura de aproximadamente 23 a 26 °C. Todas as soluções foram eletrofiadas no mesmo
dia de preparação.
3.2.2 Eletrofiação
O processo de eletrofiação foi realizado à temperatura de aproximadamente 23 a 26 °C,
utilizando uma seringa descartável de 10 mL e uma agulha metálica de 0,55 mm de diâmetro
interno. O pólo positivo da fonte de alta tensão (0-30kV, Testtech) foi conectado à ponta da
agulha metálica da seringa. Para obter fibras aleatórias utilizou uma placa de cobre plana e
estática, em contrapartida para produzir as fibras alinhadas empregou dois eletrodos de
alumínio em paralelo com uma abertura de 7 x 10 cm. A vazão foi controlada por uma bomba
de infusão (KD-Scientific, KDS Model-100), ligada à seringa. A distância da ponta da agulha
para o coletor, a tensão da solução processada, esses parâmetros são apresentados na Tabela
3.1. As amostras foram coletadas na forma de membranas sobre folha de alumínio. Para cada
ensaio, aproximadamente 5 ml da solução de polímero foi utilizada.
67
Tabela 3.1: Parâmetros de eletrofiação
Parâmetros Fibras Aleatórias (PCL-R) Fibras Alinhadas (PCL – A)
Voltagem (kV) 15 20
Vazão (mL) 1 8
Distância (cm) 15 20
Dimensões da placa (cm) 9.0 x 15.0 13.0 x 16.0
Geometria da placa Placa plana Eletrodos paralelos
Material da placa Cobre Alumínio
3.2.3 Caracterização das membranas
A morfologia das fibras obtidas a partir das soluções eletrofiadas neste estudo foram
avaliadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) utilizando um equipamento ZEISS
(Modelo Evoma-15). Para a observação pelo MEV, as amostras foram fixadas em suporte
metálico com fita dupla face de carbono e revestidas em ouro utilizando um equipamento
Sputter Coater, Bal-Tec (Modelo SCD-O5O). Os diâmetros médios das fibras foram
determinados por análise das imagens de MEV, utilizando o programa de análise de imagens
ImageJ, onde foram medidos os diâmetros de 50 fibras de cada amostra escolhidas
aleatoriamente, valores médios e desvios-padrão foram obtidos. O alinhamento das fibras foi
qualificado utilizando o programa ImageJ com o plugin OrientationJ para analisar a orientação
das fibras.
3.2.4 Preparação das amostras
As fibras aleatórias (PCL-R) e alinhadas (PCL-A) foram fixadas sobre uma fina
membrana de silicone, uma vez que estas são altamente transparentes, elásticas e não tóxicas
para as células cultivadas (Wang et al. 1995; Wang et al. 2000). Com o auxílio de uma cola de
silicone (Sylgard® 184 Silicone Elastómero) que apresenta propriedades como, qualidade
translúcida para microscopia óptica e de fluorescência e biocompatibilidade, este elastomêro de
silicone comercial, foi utilizado na proporção de 1:10 do agente de cura/base, e foram
68
misturados manualmente durante 10 min. Em seguida, o conjunto fibras de PCL fixado as
membranas de silicone foram colocadas no forno (VWRTM) durante 24 horas à temperatura de
23 °C de acordo com o fabricante (Versaevel et al. 2014).
3.2.5 Esterilização das membranas
As membranas eletrofiadas de PCL-R e PCL-A foram esterilizadas com radiação
ultravioleta (UV) em ambos os lados, durante 30 minutos cada (Gautam et al. 2013). A radiação
UV tem sido utilizada para reduzir a microbiota nos materiais e uma alternativa para a
inativação microbiana (Li, 2009; Artemenko et al. 2012; Gautam et al. 2013). O UV na faixa
de 210 a 330 nm são eficientes como germicidas por serem absorvidos por proteínas e ácidos
nucleicos, fazendo a ruptura dos cromossomas, mutações genéticas, inativação de enzimas e,
consequentemente, a morte celular (Elmnasser et al. 2007).
3.2.6 Cultura celular – Fibroblastos 3T3
As células de fibroblastos 3T3 foram cultivadas DMEM (ATCC) suplementado com
10% soro bovino fetal (ATCC) e 1 mM penicilina/estreptomicina. As culturas de células
permaneceram à temperatura de 37°C, em estufa umidificadora contendo 95% de ar e 5% de
CO2 (Kaunas et al. 2006). As membranas de PCL foram divididas em dois grupos
experimentais compreendendo o grupo estático e o grupo de estiramento cíclico uniaxial. O
grupo estático e o grupo de estiramento uniaxial foram compostos por fibras de PCL aleatórias
(PCL-R) e alinhadas (PCL-A). As membranas de PCL para o ensaio estático foram cortadas
para se encaixar em cavidades de uma placa com 6 poços, em contrapartida, as membranas de
PCL para o ensaio de estiramento foram cultivadas em placas de petri (15x60 mm). As fibras
de PCL foram então enxaguadas 3 vezes com PBS estéril antes de semear as células. Em
seguida, as células foram semeadas sobre as fibras fixadas à membrana de silicone. As células
foram semeadas sobre as fibras em alíquotas de 50μl contendo 2,5 × 105 células e em seguida
69
os poços foram completados com 2,5 mL e a placa de petri com 5 mL de meio para células de
fibroblastos. Após 24 horas de cultivo o teste de estiramento foi realizado por 6 horas, no
entanto, o grupo estático foi analisado em períodos de 1, 3 e 7 dias.
3.2.7 Ensaio de estiramento (stretch) cíclico uniaxial
O teste de estiramento uniaxial cíclico foi conduzido na direção longitudinal e
perpendicular às fibras. O dispositivo Zaber Technologies T-LSR075D foi utilizado para
estiramento uniaxial cíclico, onde foi necessário fazer adaptações no equipamento. Foram
adicionadas duas peças de alumínio, que foram fixadas nos dois motores lineares (Parker
Propostas) de uma maneira simétrica. O dispositivo de estiramento foi montado em um suporte
de aço inoxidável (Gibraltar). Uma caixa de metacrilato foi fixada à estrutura metálica e
componentes de alumínio foram utilizados para prender a caixa aos braços dos motores. As
amostras permaneceram sujeitas a um alongamento cíclico de 10% a 1 Hz com duração de 6
horas. A Figura 3.3 representa as fotografias do equipamento Zaber Technologies T-LSR075D
com suas adaptações.
Figura 3.3: Fotografias do equipamento Zaber Technologies T-LSR075D. A) Antes das
adaptações: 1 e 2) correspondem aos braços dos dois motores dispostos linearmente, 3) Suporte
de aço inoxidável; B) Após as adaptações: 4) Suporte de alumínio, 5) Componentes de alumínio
(parafusos + roscas) e 6) Caixa de metacrilato fixa à estrutura de metal.
70
3.2.8 Morfologia celular – Microscopia confocal
Após o teste de estiramento e o ensaio estático, todas as membranas com as células
foram lavadas com solução tampão fosfato salinas (PBS) e fixadas em paraformaldeído
preparado a 4% em PBS durante 30 minutos a temperatura ambiente. Após lavagem com PBS,
foi colocado Triton X-100 a 0,1% durante 20 minutos e seguida de lavagem por 3 vezes com
PBS. Após a lavagem foi realizada a coloração com “Alexa Fluor® 488 Phalloidin - Thermo
Fisher Scientific” por 1 hora, seguida de lavagem por 3 vezes com PBS. Assim, em seguida
colocou-se o RNase (SIGMAR-4875) durante 1 hora e 30 minutos, após realizar lavagem com
PBS por 3 vezes, aplicou-se o iodeto de propídio durante 20 minutos, assim, realizou-se
lavagem com PBS 3 vezes. As imagens foram capturadas usando um microscópio confocal de
varredura a laser Nikon C1 com uma objetiva de 60X (necessário cobrir a amostra com água)
iluminada por um laser de íons 40-mW de argônio e hélio néon verde (Melles Griot).
71
Resultados e Discussões
3.3.1 Microscopia eletrônicade varredura – MEV
A Figura 3.4 apresenta a morfologia e o histograma de distribuição das membranas de
PCL-R e PCL-A. Nota-se que as orientações das fibras são diferentes. Na Figura 3.4A as fibras
possui orientação aleatória e na Figura 3.4C as fibras possuem um elevado grau de
alinhamento. Pode-se também observar que em ambas, as fibras são uniformes e livres de
defeitos, como pérolas e beads. Os diâmetros médios das fibras aleatória e alinhadas foram de
2,5 (± 0,88) e 1,66 (± 0,7), respectivamente. Observa-se que na Figura 3.4C, devido as fibras
apresentarem maior espaçamentro entre elas, aparece ao fundo a fita dupla face de carbono,
utilizada para fixar as fibras para obtenção das micrografias no MEV.
72
Figura 3.4: Micrografias das fibras eletrofiadas (A) PCL-R e (C) PCL-A e os respectivos histogramas de
distribuição dos diâmetros das fibras das membranas (B) PCL-R e (D) PCL-A. Note: o * indica a fita dupla
face de carbono.
A Figura 3.5 A, B apresentam os gráficos de grau de orientação, que está associado ao
ângulo de alinhamento das fibras aleatórias (Figura 3.5A) e alinhadas (Figura 3.5B),
respectivamente. Na Figura 3.5 A nota-se que não há um ângulo de orientações definido,
enquanto que na Figura 3.5 B, pode-se observar um pico com alta intensidade bem definido.
73
Figura 3.5: A) Distribuição da orientação das fibras aleatórias; B) Distribuição da orientação
das fibras alinhadas.
A área de aplicação das membranas é um fator importante para considerar na escolha da
arquitetura e orientações das fibras, assim uma das limitações encontrada em scaffolds com
fibras aleatórias por eletrofiação é a redução da porosidade, devido ao empacotamento denso
das fibras, que pode diminuir a infiltração das células através da profundidade dos scaffolds
(Ifkovits et al. 2010; Kim et al, 2016), a distribuição desigual das células sobre os scaffolds é
capaz de impedir o desenvolvimento homogêneo da MEC, limitando o progresso nas
74
propriedades mecânicas em menisco, que foi o modelo utilizado (Ionescu & Mauck 2013). No
trabalho de Kim, et al (2016), foi observado que o aumento da porosidade das membranas está
relacionado com o aumento da molhabilidade, que é um requisito importante para scaffolds
poliméricos aplicados em áreas biomédicas.
No entanto, outro ponto relevante são as propriedades mecânicas dos scaffolds, assim,
Xie et al (2010), em seu trabalho realizaram testes mecânicos, onde observaram que nas curvas
de tensão-deformação as fibras alinhadas apresentaram os valores de módulo e tensão final
significativamente maiores em relação às fibras aleatórias, demonstrando que as propriedades
mecânicas dos scaffolds são dependentes da distribuição de orientação das fibras, resultados
semelhante encontrado no trabalho de Lee et al ( 2005) e Baker & Mauck (2007), onde os
scaffolds com fibras alinhadas apresentaram melhores propriedades mecânicas em relação as
com fibras aleatórias. Devido a estes fatores, optamos pelos coletores com dois eletrodos
paralelos que permite produzir fibras com espaçamento maiores e alinhadas, características
promissoras para os ensaios de estiramento cíclico.
3.3.2 Ensaios biológicos
3.3.2.1 Caracterização morfológica dos fibroblastos – Teste estático
Para avaliar a biocompatibilidade das fibras de PCL, os fibroblastos foram cultivados
por 1, 3 e 7 dias em membranas de PCL com fibras aleatórias e alinhadas em ensaio estático e
foram examinadas em microscópio confocal.
As Figura 3.6Figura 3.7Figura 3.8 mostram imagens de microscopia confocal, onde
os fibroblastos foram cultivados sobre a placa de poliestireno (controle), fibras de PCL
aleatórias (PCL-R) e fibras de PCL alinhadas (PCL-A), respectivamente. Observa-se que as
células exibiram morfologias substancialmente diferentes.
A Figura 3.6 representa os fibroblastos cultivados em placas de poliestireno que foram
utilizados como controle e apresentaram em sua maioria um formato poligonal rico em
75
filopódios para as primeiras 24 horas e mais espraiado e alongado para 3 e 7 dias em orientação
aleatória na placa de cultura.
Figura 3.6: Imagens de microscopia confocal de fibroblastos cultivados em placa de poliestireno
(controle) por 1 (A), 3 (B) 3 e (C) 7 dias. Em verde observa-se os filamentos de actina e em
vermelho o núcleo.
A Figura 3.7 apresenta a morfologia dos fibroblastos para as membranas de PCL-R.
Observa-se que se apresentaram mais arredondados, o que demonstra menor adesão celular a
membrana, baixa quantidade de filopódios e poucas fibras de stress em 1 dia de cultura. Em 3
e 7 dias, apresentaram-se distribuídas aleatoriamente e formação alongada com maior
quantidade de fibras de stress observáveis. Em contrapartida, na Figura 3.8, nota-se que células
cultivadas em PCL-A, apresentaram uma morfologia cordonal alongada (fusiforme) e na
mesma orientação das fibras, sugerindo que o alinhamento atuou como um guia de orientação
da adesão celular, assim as células assumiram um formato fusiforme, semelhante a morfologia
encontrada in vivo. Este alinhamento celular é muito semelhante ao observado em outros
estudos (Yang et al, 2005; Schnell et al. 2007; Chew et al. 2008; Xie et al, 2010; Liu et al.
2015). Observou-se que após a incubação durante 7 dias, a morfologia celular foi semelhante
ao observado durante 1 e 3 dias, mas com maior densidade celular devido à proliferação celular.
76
Figura 3.7: Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL arranjadas aleatoriamente (A).
Por microscopia confocal dos fibroblastos aderidos neste arcabouço, as células foram analisadas após 1
(B), 3 (C) e 7 dias (D). Em verde observa-se a marcação para filamentos de actina e em vermelho o núcleo.
Figura 3.8: Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas (A). Por microscopia
confocal dos fibroblastos aderidos neste arcabouço, mostra que as células se apresentaram alinhadas na
mesma orientação das fibras. As células foram analisadas após 1 (B), 3 (C) e 7 dias (D). Em verde
observa-se a marcação para filamentos de actina e em vermelho o núcleo.
Os fibroblastos cultivados em PCL-R demonstraram múltiplas adesões e as células
assumiram organização irregular e em rede sobre as fibras aleatórias (ver Figura 3.7 B, C e D).
No entanto, em PCL-A os fibroblastos exibiram uma morfologia orientada ao longo eixo das
fibras alinhadas, o que determinou diferença no alinhamento celular (ver Figura 3.8 B, C e D).
Assim para o mesmo período de tempo, os fibroblastos obtiveram comportamento diferente, o
que sugere estar diretamente relacionado com a morfologia topográfica das fibras, pois os
fibroblastos assumiram morfologias distintas de acordo com a orientação das fibras.
77
Nas fibras aleatórias, a apresentação morfológica se mostrou em disposição irregular no
qual as células não assumiram uma morfologia semelhante as demais. O aspecto esférico
(Figura 3.7 B) com 1 dia de cultivo demonstra que neste período de adesão inicial, as células
mostraram pouco espraiamento, o que propõe menor capacidade em formarem contatos focais.
Já após 3 e 7 dias (Figura 3.7 C e D), a adesão foi mais evidente e as células se orientaram
irregularmente conforme as fibras se encontravam distribuídas. No entanto, com o alinhamento
das fibras (Figura 3.8 A), as células assumiram morfologia fusiforme, o qual acompanhou o
sentido da orientação das fibras, assim nos tempo de cultivo inicial de 1 dia. Comparando a
morfologia das células com as fibras aleatórias e alinhadas após 1 dia de cultivo, fica evidente
que a orientação aleatória das fibras pode vir a minimizar a adesão inicial dos fibroblastos em
virtude da morfologia esférica, o que demonstra uma relação direta entre topografia do material
versus capacidade de adesão inicial.
Estudos na literatura mostram a importância na orientação das fibras em relação a
resposta celular. No trabalho de Montero et al ( 2014), observou-se que fibras alinhadas são
capazes de conduzir o crescimento das células endoteliais e sua formação em vasos funcionais,
enquanto que as fibras aleatórias resultaram em células endoteliais desorganizadas. Gaharwar
et al. (2015), observaram que células endoteliais cultivadas em fibras alinhadas, permitem o
alinhamento dos núcleos celulares e das fibras de actina, além de favorecer uma maior
proliferação celular em relação às fibras aleatórias, além de promover a expressão de junção
intercelular específica de células endoteliais, que é um dos principais determinantes da
angiogênese, que consiste no desenvolvimento de novos vasos sanguíneos. No estudo de Shang
et al (2010), foi observado que células cultivadas sobre fibras alinhadas apresentaram
proliferação e migração significativamente mais elevada do que em relação ao grupo controle
(fibras aleatórios e filmes obtidos por casting). As células ficaram alinhadas paralelamente as
fibras alinhadas em contraste com a forma poligonal das células cultivadas sobre fibras
aleatórias.
Este fenômeno da orientação, chamado orientação de contato (Chew et al. 2008),
descreve a migração e orientação de locomoção celular frente a processos químicos, estruturais
e/ou mecânicos dos substratos onde as células são cultivadas (Wang et al. 2000; Baker & Mauck
2007). Assim, o alinhamento das fibras induz o eixo das células a acompanharem a mesma
direção linear por remodelação citoesquelética, resultando em orientação celular controlada. Há
78
interesse significativo na área de engenharia tecidual em estruturas com arquitetura hierárquica
e organizada para aplicações em nervos, tendões, ligamentos, músculo liso (ex: tecido cardíaco)
e ossos, pois permite a replicação da MEC para cada tipo de tecido específico (Wang et al.
2004; Wang 2013). Assim, as características topográficas das membranas aplicadas em
engenharia tecidual podem influenciar no comportamento celular (Montero et al. 2012). A
morfologia fusiforme no qual os fibroblastos aderidos ao PCL-A assumiram, são próximos de
sua morfologia in vivo, e assim pode ser um fator que venha a favorecer sua funcionalidade
diferenciada que é a produção de matriz extracelular.
Desta maneira, fibras alinhadas obtidas pelo processo de eletrofiação podem fornecer
orientação de contato para uma variedade de aplicações como neurônios, fibroblastos, células
endoteliais, cardiomiócitos, células musculares esqueléticas e células de Schwann (Xie et al,
2010)
As Figura 3.6Figura 3.7 Figura 3.8, apresentam os períodos de cultivo celular em um,
três e sete dias, observa-se um crescimento celular sugerindo uma proliferação celular
qualitativa, indicando que as membranas permitem que as células se expandam em proliferação.
3.3.2.2 Caracterização morfológica dos fibroblastos – Ensaio de estiramento (Stretching)
A Figura 3.9 representa a morfologia celular após 6 horas de estiramento cíclico sobre
fibras aleatórias. Nota-se que as células não apresentaram uma tendência de alinhamento e
permaneceram sobre as membranas de forma aleatória mesmo após o teste de estiramento,
consequentemente entende-se que para fibras aleatórias a topografia das fibras mostrou-se
como o fator principal à resposta celular.
79
Figura 3.9: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL arranjadas
aleatoriamente, Imagens de microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após o teste
de alongamento sobre fibras de PCL-R. Em verde observa-se a marcação para filamentos de actina e
em vermelho o núcleo. Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento foi aplicada.
As Figura 3.10 (B, C e D) e Figura 3.11 (B, C e D), mostram imagens, onde observa-
se a morfologia celular após o ensaio com 10% de estiramento durante seis horas com aplicação
de força paralela e perpendicular as células cultivadas sobre as fibras alinhadas,
respectivamente. Observa-se que a tendência dos fibroblastos é de acompanhar
longitudinalmente a direção do alinhamento das fibras independente do sentido da força
exercida.
Figura 3.10: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas, Imagens de
microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após o teste de estiramento paralelo às
fibras de PCL-A. Em verde observa-se a marcação para filamentos de actina e em vermelho o núcleo.
Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento foi aplicada.
80
Figura 3.11: A) Eletromicrografia de varredura da superfície das fibras de PCL alinhadas; Imagens de
microscopia confocal B, C e D) Morfologia dos fibroblastos após o teste de estiramento perpendicular
às fibras de PCL-A. Em verde observa-se a marcação para filamentos de actina e em vermelho o núcleo.
Note: a flecha indica a direção que a força de estiramento foi aplicada.
Para os ensaios de estiramento, os fibroblastos mantiveram morfologias distintas em
relação à orientação das fibras e as forças exercidas pelo ensaio mecânico. Nas fibras aleatórias,
as conformações morfológicas dos fibroblastos mostraram-se irregulares e espraiadas
aleatoriamente, demonstrando que não houve interferência das forças de estiramento na
resposta celular, pois os fibroblastos assumiram a mesma morfologia já apresentada no ensaio
estático (Figura 3.7), constatando sua capacidade em formarem os contatos focais. Todavia, os
fibroblastos cultivados sobre as fibras alinhadas que receberam forças uniaxiais cíclicas
longitudinais e perpendiculares à direção das fibras, apresentam uma morfologia fusiforme e
alongada na direção das fibras. Assim, pode-se constatar que a orientação de contato pré-
estabelecido entre fibras de PCL e os fibroblastos predominaram em relação à orientação da
tensão mecânica aplicada. Portanto, existe um efeito predominante da orientação das fibras do
que das forças exercidas pelo estiramento cíclico na morfologia dos fibroblastos diante dos
parâmetros utilizados neste estudo.
Yoshigi et al (2003) e Huang et al. (2013), observaram que células endotelias e
fibroblastos, respectivamente, cultivadas sobre suportes de silicones (sem texturas pré-
existentes), quando são submetidos à forças de estiramento apresentam reorientação celular no
sentido perpendicular da força aplicada. Essa reposta celular é uma adaptação das fibras de
actina para minimizar as tensões resultantes nos corpos celulares, como uma maneira de “fugir”
da força de estiramento (Neidlinger-Wilke et al. 2001; Ghazanfari et al. 2009). Porém, no
estudo de Wang et al (2004), em fibroblastos de tendão humano cultivados sobre membranas
81
de silicones com micro sulcos retangulares nas dimensões de 10 mm de largura e 3 mm de
profundidade, os fibroblastos permaneceram alinhados na direção dos sulcos, independente das
forças mecânicas exercidas serem paralelas ou perpendiculares aos sulcos. Deste modo, os
resultados obtidos sugerem que não só a magnitude da tensão aplicada, mas a arquitetura dos
suportes influenciam na morfologia das células quando sujeitas a tensão uniaxial cíclica.
No estudo de Lee et al (2005), para fibras de poliuretano alinhadas e aleatórias em ensaio
estático, observou-se que a produção de colágeno nas fibras alinhadas foram superiores em
relação as células cultivadas em fibras aleatórias. No entanto, quando os fibroblastos foram
submetidos a estiramentos nos sentidos paralelos e perperdicular, esses não apresentaram
diferenças histológicas significativas, porém, nas fibras alinhadas que receberam estiramento
paralelo à sua direção, observou-se um aumento significativo de colágeno, indicando que
estruturas com fibras alinhadas tem potencial de aplicação como scaffolds para ligamentos em
engenharia tecidual.
Subramony et al (2013) apresentaram para o sistema de células mesenquimais, quando
estimulado mecanicamente e cultivadas sobre fibras alinhadas de PLGA e submetidas a força
uniaxial na mesma direção das fibras alinhadas, podem induzir a diferenciação celular, fato não
observado quando as células sofrem estímulos mecânicos sobre fibras aleatórias. Esta
combinação do estímulo mecânico e fibras alinhadas promoveram a diferenciação de células
mesenquimais em fibroblastos, sem a necessidade de estímulos químicos.
Portanto, a orientação das fibras como fator determinador da morfologia celular como
um guia de orientação morfológico é um fator que pode diretamente influenciar na
funcionalidade da célula. Assim, é importante compreender a influência topográfica das
membranas, a fim de otimizar o desenvolvimento de novos métodos de regeneração tecidual.
82
Conclusão
As fibras de PCL aleatórias e alinhadas foram obtidas com sucesso. Os tempos de
cultivo de 1 a 7 dias mostraram uma proliferação celular qualitativa, apresentando excelente
biocompatibilidade dos fibroblastos sobre as fibras de PCL, que desempenham um papel
importante na regeneração de tecidos. As células se ligam e se espalham em membranas
fibrosas de PCL em um padrão fusiforme típico de fibroblastos para as fibras alinhadas. A
reorientação dos fibroblastos variou com orientação de fibra inicial do estiramento aplicado, e
em cada caso foi predito com precisão com a suposição de que a reorientação ocorre.
83
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89
4. Desenvolvimento de membranas poliméricas obtidas pelo processo de
eletrofiação com associação de Pterodon pubescens Benth e Arrabidaea
chica Verlot para aplicação em regeneração tecidual guiada
Resumo
A técnica de regeneração tecidual guiada (GTR) pode ser aplicada na odontologia e em outras
especializações da medicina, tal como na ortopedia. Na odontologia moderna a GTR tem sido
principalmente utilizada em periodontia e implantodontia, para tratar defeitos periodontais,
reconstruir tecido ósseo perdido, danificado e atrofiado, em procedimentos de implantes
dentários ou para preservar as bases alveolares após a extração dentária. A fim de melhorar o
potencial de aplicação para a GTR, membranas poliméricas de poli (ε-caprolactona) (PCL)
obtidas pelo processo eletrofiação foram associadas a dois extratos vegetais, o Pterodon
pubescens Benth (P. pubescens) e/ou Arrabidaea chica Verlot (A. chica) que são caracterizados
pelas suas atividades farmacológicas de ação antiinflamatória e cicatrizante, respectivamente.
As membranas fibrosas de PCL associada aos extratos vegetais foram avaliadas na sua
capacidade de liberação dos princípios ativos através da análise de Cromatografia Líquida de
Alta Eficiência (HPLC). Ensaios de citotoxicidade e proliferação celular foram realizados in
vitro em células NIH-3T3 durante 1, 3 e 7 dias. Os resultados sugerem que a membrana de PCL
eletrofiada associada aos extratos vegetais P. pubescens e/ou A. chica apresentam propriedades
anti-inflamatória e cicatrizante, respectivamente, que são promissoras e adequadas para
aplicações em regeneração tecidual guiada.
Palavras-chaves: eletrofiação, PCL, Pterodon pubescens, Arrabidaea chica, liberação de
fármaco
90
Introdução
Eletrofiação é uma técnica promissora e fornece um meio relativamente simples e de
baixo custo para produzir membranas fibrosas que têm sido utilizadas extensivamente em
aplicações no sistema de regeneração tecidual guiada (RTG), liberação controlada de fármaco,
curativos para feridas, suporte de crescimento celular, dentre outras, devido à sua alta relação
área/volume e porosidade (Bhardwaj & Kundu, 2010; Liao et al, 2012; Nune et al, 2016).
As membranas poliméricas (scaffolds) desenvolvidas pelo processo de eletrofiação
podem ser empregadas como barreiras físicas em RTG. O conceito de RTG, baseia-se na
utilização de barreiras físicas que impedem o epitélio gengival e células do tecido conjuntivo
de invadir a cavidade óssea durante o processo de cura (Castillo-dalí et al, 2016). Assim,
recentemente, na área de odontologia, principalmente periodontia e implantodontia, tem usado
amplamente essa prática para tratar defeitos ósseos, alcançando sucesso (Ma et al. 2014;
Jamuna-Thevi et al. 2016). A aplicação dessas membranas poliméricas tem como finalidade a
regeneração do tecido ósseo, promovendo o reparo da região através da síntese do tecido
original, podendo ser espontânea ou induzida associados com fatores de crescimento, fármacos
ou extratos vegetais (P.pubescens e/ou A. chica), sendo aplicadas no local da ferida ou
diretamente na lesão (O’Brien, 2011; Gautam et al, 2013). Atualmente, ocorre a extrapolação
desta técnica para vários tecidos, como tecido nervoso, cartilaginoso e conjuntivo (Iamaguti et
al. 2008).
Polímeros sintéticos biorreabsorvíveis como o poli (ε-caprolactona) (PCL) oferecem
vantagens no desenvolvimento de membranas fibrosas obtidas pelo processo de eletrofiação,
pois possui a capacidade de adequar propriedades mecânicas e cinética de degradação, pode ser
fabricado em diversas formas com características morfológicas e poros interconectados que são
propícios ao tecido em crescimento celular, além de estarem associadas com extratos vegetais
que podem induzir o crescimento tecidual e melhor a resposta inflamatória do hospedeiro
(Gunatillake 2003).
Neste estudo, foram desenvolvidas composições de membrana polimérica de PCL
obtida pelo processo eletrofiação, contendo extratos vegetais. Os extratos utilizados foram
obtidos de Pterodon pubescens Benth (Sucupira) e/ou Arrabidaea chica Verlot, pois estes
apresentam atividade anti-inflamatória (Sabino et al. 1999; Coelho et al. 2005; Montero et al.
91
2012; Hoscheid & Cardoso 2015) e cicatrizante (Zorn et al. 2001; Jorge et al. 2008; Aro et al.
2013; Paula et al. 2013), respectivamente. Ressalta-se que as barreiras físicas devem promover
resposta celular (A. chica estimulação da cicatrização) e não produzir reação inflamatória (P.
pubescens: ajuda no combate do processo anti-inflamatório e apresenta propriedades
analgésicas, devido à presença dos vouacapanos). Portanto, foi desenvolvida uma membrana
com a capacidade de liberar de forma controlada os princípios ativos vegetais com as referidas
atividades biológicas, sendo esses extratos utilizados pela primeira vez em associação. Os
resultados apresentados nesta sessão originaram um pedido de patente (Número do registro no
INPE: BR 10 2016 028506 2).
92
Material e Métodos
O material utilizado neste trabalho foram PCL ( poly(caprolactone) com massa
molecular de 80000 g/mol (Sigma Aldrich) e acetona (Synth-Brasil). O PCL (20% massa) e a
acetona (80% massa) foram misturados sem qualquer tratamento ou purificação e suas
concentrações mantidas constantes nas membranas. Os extratos vegetais Pterodon pubescens
Benth e Arrabidae chica Verlot foram gentilmente fornecidos pela Prof Mary Ann Foglio do
Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) - UNICAMP
da Divisão de Farmacologia e Toxicologia. O preparo e a padronização dos extratos vegetais
P. pubescens e A. chica estão detalhados nos trabalhos de Grando (2013) e Sousa (2013),
respectivamente.
4.2.1 Preparo das soluções
Todas as soluções foram agitadas durante três horas (Shaker Nova Ética, modelo 114),
à temperatura de 23 °C submetido ao processo de eletrofiação no mesmo dia da preparação. A
Tabela 4.1 apresenta a quantidade em massa (mg) dos extratos vegetais adicionada à solução
polimérica de PCL.
Tabela 4.1 Quantidade em massa (mg) dos extratos vegetais
Amostras P. pubescens A. chica
PCL-Pp 0,10 -
PCL-Ac - 0,25
PCL-PpAc 0,10 0,25
*Pp: Pterodon pubescens; Ac: Arrabidaea chica
93
4.2.2 Eletrofiação
O sistema de eletrofiação utilizado neste estudo consistiu de uma seringa de 10 mL e
uma agulha com diâmetro 0,55 mm, uma bomba de infusão (kdScientific, KDS-100 Modelo),
uma fonte de alta tensão (Testtech) e uma placa de colectora aterrada.
As soluções foram fiadas à temperatura ambiente a 25ºC e umidade de 52%, com vazão
de 2 mL/h e tensões de 12 a 13 kV. A distância da ponta da agulha à placa coletora foi de 12
cm.
4.2.3 Caracterização
4.2.3.1 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) para as membranas
A morfologia das fibras obtidas a partir das soluções eletrofiadas neste estudo foram
avaliadas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) utilizando um equipamento ZEISS
(Modelo Evoma-15). Para a observação pelo MEV, as amostras foram fixadas em suporte
metálico com fita dupla face de carbono e revestidas em ouro utilizando um equipamento
Sputter Coater, Bal-Tec (Modelo SCD-O5O). Os diâmetros médios das fibras foram
determinados por análise das imagens de MEV, utilizando o programa de análise de imagens
ImageJ®, onde foram medidos os diâmetros de 50 fibras de cada amostra escolhidas
aleatoriamente, valores médios e desvios-padrão foram obtidos.
4.2.3.2 Ângulo de contato
O ângulo de contato foi medido para avaliar o caráter hidrofílico das membranas de
PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc, no entanto, as membranas de PCL foram utilizadas como
controle. Foi utilizado um microscópio óptico Hitachi com o software Axio s40 V4.8.2.0. Gotas
de água deionizada (5,0 µL) foram colocadas sobre a superfície da amostra, utilizando uma
94
pipeta (Transferpette). Todas as medições foram realizadas a 25 ± 3 ° C com uma umidade
relativa de 40 ± 4%. Os ângulos de contato foram medidos usando o programa ImageJ 1.47v
com o plugin Análise Drop (LB-ADSA®). Três medidas foram realizadas para cada grupo de
amostras e valores médios e desvios-padrão foram obtidos. Após a coleta dos dados e a
categorização das variáveis, foi realizada a transferência dos valores para o Programa GraphPad
Prism 5®. As análises estatísticas dos resultados foram analisadas, aplicando-se os testes
estatísticos Análise de Variância (Anova) + Comparação múltipla com o teste de Tukey.
Considerou-se o nível de significância de 5%, ou seja, os dados foram estatisticamente
significativos para p <0,05.
4.2.4 Ensaio de liberação do extrato vegetal
Para a análise da liberação dos extratos vegetais P. pubescens e A. chica, as amostras
das membranas foram cortadas nas dimensões de 1,0 x 1,0 cm2 e estas foram imersas em
duplicata em células de Franz adaptadas (Figura 4.1.) contendo 2 mL de tampão fosfato salino
(PBS) pH 7,4. As células de Franz foram seladas com Parafilm® M (Sigma-Aldrich®).
O experimento de liberação foi realizado em aparato adaptado de célula de difusão
vertical tipo Franz, conforme a Figura 4.1. Para manter as amostras à temperatura de 37ºC, foi
utilizada uma câmara de aquecimento com agitação magnética IKA® Werke (RT 15 power) e
acima desta, foi adicionada uma câmara acrílica com as mesmas dimensões (180 x 495 mm),
contendo 15 orifícios para posterior introdução das células de Franz adaptadas. Toda a câmara
foi preenchida com água destilada, que manteve-se à temperatura de 37± 2ºC. A temperatura
manteve-se constante e o controle da mesma foi realizada com o auxílio de termômetro digital
(Incoterm®) durante todo o experimento de liberação dos extratos (1, 3 e 7 dias).
A solução de PBS presente nas células de Franz adaptadas mantiveram-se homogêneas
com o auxílio de agitadores magnéticos de 0,5 cm e sob agitação magnética constante de 400
rpm. Em intervalos de tempo pré-estabelecidos (1, 3 e 7 dias) foram coletadas alíquotas de 250
μL de cada réplica e transferidas para inserts de 300 μL e reservadas na geladeira. Após a
95
retirada de cada alíquota foi reposto um volume correspondente ao retirado. Todos os ensaios
foram realizados em triplicata. A Figura 4.1 mostra fotografias do ensaio de liberação dos
extratos vegetais.
Figura 4.1: Fotografias do esquema do aparato adaptado de célula de Franz, utilizado
no ensaio de liberação dos extratos vegetais: 1) Membrana associada com extrato
recortada (1,0 x 1,0 cm2); 2) Célula de Franz adaptada; 3) Agitador magnético; 4)
Selamento das células de Franz; 5) Câmara aquecedora com agitação magnética; 6)
Câmara acrílica adaptada contendo água aquecida; 7) Termômetro.
4.2.5 Análise por HPLC
Nos experimentos in vitro de liberação, a quantidade do composto a ser analisada,
normalmente, é muito pequena, o que requer metodologias analíticas seletivas e de alta
sensibilidade. Em razão disso, a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) tem sido
empregada como método analítico de escolha na maioria dos estudos de liberação in vitro
(SILVA et al., 2010).
96
4.2.5.1 Condições cromatográficas para P. pubescens
As análises foram realizadas por cromatográfo líquido de alta eficiência Shimadzu LC-
10AD, detector espectrofotométrico por conjunto de arranjo de diodos UV/VIS Shimadzu SPD-
M10AVP, sistema controlador SCL-10AVP, conectado a um computador com
software Shimadzu Class-VP versão 5.02, injetor automático (SIL-20ª HT). As condições
cromatográficas utilizadas estão descritas na Tabela 4.2.
Tabela 4.2: Condições cromatográficas utilizadas para quantificação de voucapanos em
extratos de P. pubescens.
Equipamentos e acessórios Especificação
Coluna CN Phenomenex (250mm x 4,6 mm x 5mm)
Volume de injeção 10mL
Vazão 1 mL/min
Fase móvel - H2O: Acetonitrila (65:35 v/v)
Temperatura interna detector 35°C
Software Software Class Vp 5:02
Comprimento de onda 220nm
4.2.5.2 Condições cromatográficas para A. chica
As análises foram realizadas pelo sistema de HPLC, Thermo Scientific (modelo -
Dionex Ultimate 3000), detector espectrofotométrico por conjunto de arranjo de diodos DAD
3000. Módulo de bomba LPG -3400SD e módulo de injetor: WPS – 3000TSL, conectado a um
computador com Software: Chromeleon 6.80®. As condições cromatográficas utilizadas estão
descritas na Tabela 4.3.
97
Tabela 4.3: Condições cromatográficas utilizadas para quantificação da carajurina em extratos
de A. chica.
Equipamentos e acessórios Especificação
Coluna Acclaim 120, C18 - 5um - 4,6x250mm
Volume de injeção 10µL
Vazão 1 mL/min
Fase móvel - H2O: Ácido fórmico (99:1 v/v)
Temperatura interna detector 35°C
Software Software Chromeleon 6.80
Comprimento de onda 470 nm
4.2.6 Ensaio in vitro
Neste trabalho foi utilizada linhagem estabelecida não cancerígena BALB/c 3T3
(fibroblasto murino). As células foram cultivadas em meio RPMI 1640 suplementado com 10%
de soro fetal bovino (SFB) e 1% de antibiótico (penicilina e estreptomicina). As células foram
plaqueadas em garrafas de 75 cm² na densidade de 2 x 104 células/mL e incubadas a 37°C sob
atmosfera úmida com 5% de CO2.
4.2.6.1 Ensaio de viabilidade e proliferação celular
Ensaio de viabilidade e proliferação celular através da redução do MTT (3-brometo de
(4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-tetrazólio).
Nesse ensaio, a viabilidade celular foi avaliada através da medida da capacidade das
células de reduzir o MTT (3-brometo de (4,5-dimetil-2-tiazolil)-2,5-difenil-tetrazólio) a
formazan. O formazan é um pigmento insolúvel que é extraído das células e quantificado
espectrofotometricamente em =570 nm. A redução do MTT é catalisada principalmente pelas
desidrogenases mitocondriais e também do citoplasma. Portanto, a alteração da função
mitocondrial poderá ser detectada através da variação da capacidade de redução do MTT.
98
As células foram plaqueadas na densidade de 6 x 104 células/mL em placas de 24 poços
que já continham lamínulas com ou sem biomaterial a ser estudado. Posteriormente, foram
incubadas a 37ºC, 5% de CO2 por 1, 3 e 7 dias. Após os períodos determinados de incubação,
o meio foi removido, os poços foram lavados com tampão salina tamponado com fosfato (PBS)
e adicionado no meio sem soro contendo o corante MTT (0,5 mg/mL). Após incubação por 3h
a 37ºC, o meio foi retirado cuidadosamente e adicionado 100 L de etanol para solubilização
do formazan. As placas foram agitadas por 5 minutos e a absorbância correspondente a cada
poço foi lida no leitor de placas em =570 nm. Os valores foram expressos em porcentagens de
redução de MTT em relação ao controle, onde as células não foram expostas aos agentes testes
(Mosmann, 1983). As análises foram realizadas em triplicata.
4.2.7 Teste estatístico
Após a coleta dos dados e a categorização das variáveis, foi realizada a transferência
dos valores para o Programa GraphPad Prism 5®. As análises estatísticas dos resultados foram
analisadas, aplicando-se os testes estatísticos Análise de Variância (Anova) + Comparação
múltipla com o teste de Tukey. Considerou-se o nível de significância de 5%, ou seja, os dados
foram estatisticamente significantes para p <0,05.
99
Resultados e Discussões
4.3.1 Caracterização das membranas
4.3.1.1 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)
A Figura 4.2 apresenta as imagens de MEV das membranas eletrofiadas de PCL-Pp,
PCL-Ac e PCL-PpAc e seus histogramas de distribuições de diâmetro. Observa-se que as fibras
estão na escala de micrômetros e foram obtidas com sucesso pelo processo de eletrofiação.
Nota-se que as membranas são altamente porosas sem a presença de defeitos, tais como esferas.
O diâmetro médio das fibras de PCL-Pp (Figura 4.2 B), PCL-Ac (Figura 4.2 D) e PCL-
PpAc (Figura 4.2 F) foram de 0,45 (± 0,12) µm, 1,25 (± 0,5) µm e 1,91 (± 0,71) µm,
respectivamente. No entanto, as amostras são estatisticamente diferentes em relação ao
diâmetro da fibra.
100
Figura 4.2: Micrografias das fibras eletrofiadas A) PCL-Pp, C) PCL-Ac e E) PCL-PpAc e os
respectivos histogramas de distribuição dos diâmetros das fibras das membranas B, D e E.
Observa-se na Figura 4.2 que todas as membranas têm uma ampla distribuição do
diâmetro das fibras e a formação e interligações dos poros. Esta morfologia estrutural das
membranas fibrosas obtidas pelo processo de eletrofiação, destaca-se, pois o tamanho médio
dos poros das membranas eletrofiadas encontram-se na gama de micrômetros, o que dificulta a
infiltração dos fibroblastos (He et al. 2017), consequentemente servem como barreira física
para impedir que o tecido conjuntivo migre para o defeito ósseo (Lee et al. 2016), além de
produzir membranas com alta relação superfície/volume, o que melhora a adesão e proliferação
celular e aumenta área de incorporação de fármacos tais como antibióticos, anti-inflamatórios
e fatores de crescimento para o sistema de liberação controlada (Zhu et al. 2008; Xue et al.
2014; Lee et al. 2016; He et al. 2017)
4.3.1.2 Ângulo de contato
A Figura 4.3 apresenta as imagens dos perfis dos ângulos de contatos entre as
membranas de PCL puro (controle), PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc e uma gota de água
destilada. As fotografias foram obtidas em aproximadamente 3 segundos após a gota de água
entrar em contato com as membranas. Observa-se que apenas para membrana de PCL puro
101
(controle), foi possível mensurar os valores médios de 131,58o ± 0,74o referente ao ângulo de
contato.
Segundo Hayakawa et al (2004) uma superfície é considerada hidrofílica ou hidrofóbica
caso os âgulos estejam entre 0° < θ < 90° ou 90° < θ < 180°, respectivamente. De acordo com
o parâmetro citado anteriormente, observamos que apenas a membrana de PCL puro apresenta
comportamento hidrofóbico, enquanto que as membranas associadas aos extratos vegetais
apresentaram comportamento hidrofílico. As amostras associadas com P. pubescens e A.chica
apresentaram maior molhabilidade em relação às membranas de PCL puro, sendo as fotografias
registradas no mesmo período de tempo.
O aumento dessa molhabilidade é atribuído as modificações químicas que podem ter
ocorrido no PCL. As hidroxilas (OH) livres nos compostos presentes em A. chica e P. pubescens
estão relacionadas ao aumento da hidrofilicidade das membranas, visto que foi observada em
todas as amostras uma rápida absorção de água. Assim, observou-se que os extratos vegetais
aumentaram a hidrofilicidade das membranas de PCL puro, o que pode proporcionar um melhor
perfil na adesão e proliferação celular (He et al. 2015).
Figura 4.3: Fotografias de gotas de água destilada sobre membranas poliméricas para análise do perfil
de ângulo de contato. A) Membrana eletrofiada de PCL puro (controle); B) PCL-Pp: membrana
eletrofiada de PCL associada com P. pubescens; C) PCL-Ac: membrana eletrofiada de PCL associada
com A.chica; D) PCL-PpAc: membrana eletrofiada de PCL associada com P. pubescens e A.chica.
102
4.3.2 Ensaio de liberação dos extratos vegetais
A Figura 4.4 apresenta o cromatograma padrão com os picos dos voucapanos
tradicionais m/z 362 (éster 6α,7β-dihidroxivouacapano-17β-oato de metila) e m/z 404, que que
representa a misturas dos isômeros: m/z 404 A (éster 6α- hidroxi-7β-acetoxi-vouacapano-17β-
oato de metila) e m/z 404 B (éster 6α-acetoxi-7β-hidroxi-vouacapano-17β-oato de metila), que
são utilizados para a identificação do P. pubescens. Uma das vantagens da Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (HPLC) em ensaios de liberação de ativos vegetais, é a sensibilidade
do equipamento, que é capaz de detectar baixas concentrações de vários compostos ao mesmo
tempo.
103
Figura 4.4: Cromatogramas referente à análise padrão de P. pubescens (sucupira) A) Voucapano m/z
362 (tempo de retenção 8.89 min) e B) Voucapano m/z 404 (tempo de retenção 12.98 min).
A Figura 4.5 representa o cromatograma do ensaio de quantificação, obtido neste
estudo após o ensaio de liberação do extrato vegetal P. pubescens. Nota-se a identificação dos
dois voucapanos tradicionais, utilizados como marcadores deste extrato, são eles, o m/z 362 e
m/z 404, que determinam a presença dos mesmos nas soluções analisadas após o ensaio de
liberação.
104
Figura 4.5: Cromatogramas referente à análise de liberação de P. pubescens (sucupira) A) Voucapano
m/z 362 (tempo de retenção 8.71 min) e B) Voucapano m/z 404 (tempo de retenção 13,06 min).
Nos estudos de Cabral et al (2013) e Grando (2013), demonstraram que os frutos de P.
pubescens podem apresentar diferenças significativas em seu perfil químico, como por exemplo
no teor dos compostos ativos m/z 362 e m/z 404. Interessante ressaltar que a concentração do
voaucapano m/z 404 é cerca do dobro do m/z 362, para o extrato diclorometânico de P.
pubescens (Grando, 2013). No entanto, neste estudo, verificou-se uma maior concentração na
liberação do voaucapano m/z 362 em relação ao m/z 404 para as membranas de PCL-Pp, em
contrapartida, para as membranas de PCL-PpAc, observou uma maior concentração liberada de
m/z 404, o que era esperado pelo fato deste ser majoritário no extrato do P. pubescens (ver
Tabela 4.4). Assim, esse sinergismo entre os extratos vegetais P. pubescens e A.chica precisam
ser melhores avaliados e segue como sugestão para trabalhos futuros. A Tabela 4.4 apresenta
os valores médio do total dos vouacapanos m/z 362 e m/z 404 liberado em microgramas por
centímetro quadrado (µg/cm2) por tempo (dias).
105
Tabela 4.4 Média do total dos vouacapanos m/z 362 e m/z 404 liberado em microgramas
por centímetro quadrado (µg/cm2) por tempo (dias)
PCL-Pp PCL-PpAc
Vouacapanos 362 404 362 404
1 dia 2896,0 (±2,90) 2504,0 (±0,87) 1996 (±2,64) 2255,0 (±1,95)
3 dias 2838,4 (±2,81) 2806,8 (±0,45) 1642,5 (±0,35) 2314,1 (±0,52)
7 dias 2935,0 (±0,62) 3057,5 (±0,19) 1795,0(±1,57) 2597,5 (±0,83)
Os diferentes perfis de liberação observados nas membranas de PCL-Pp associada ao
extrato de Pterodon pubencens podem ser explicados devido à substâncias de diferentes
polaridades presente nos extratos.
O fenômeno da liberação encontrada para as membranas de PCL-Pp pode ser explicado
devido à polaridade das substâncias. O composto de m/z 404 (ver Figura 4.4 B) é menos polar
que o m/z 362 (ver Figura 4.4 A), observa-se que o m/z 362 tem maior quantidade de hidroxilas
(OH) livres em sua estrutura molecular, caracterizado como uma molécula polar, ou seja, tem
afinidade pela água. Deste modo, pelo fato do PCL ser hidrofóbico, pode ter ocorrido uma
afinidade entre PCL e a substância m/z 404, e assim por esta ser mais hidrofóbica apresentou
maior dificuldade de ser liberada através da membrana de PCL. Em contrapartida, a substância
de m/z 362 não demonstrou a mesma dificuldade e liberou facilmente da matriz polimérica do
PCL, provavelmente por ser uma substância mais polar e assim, por possuir afinidade com o
meio externo (solução de PBS) foi liberada em maior concentração em relação ao outro
marcador do extrato de P. pubescens.
Deste modo, ocorreu um interessante perfil de liberação nas membranas PCL-Pp, por
liberar maior quantidade de seu marcador minoritário m/z 362 liberando no primeiro dia de
experimento 2896,0 µg/cm2 contra 2504,0 µg/cm2 do marcador m/z 404. Conforme Tabela 4.4
podemos observar que no terceiro dia de ensaio houve uma leve diminuição na liberação do
composto m/z 362 com 2838,4 µg/cm2 e um ligeiro aumento de m/z 404 (2806,8 µg/cm2). Uma
maior liberação do composto m/z 404 (3057,5 µg/cm2) foi observado também no sétimo e
último dia de ensaio, com um ligeiro aumento do composto m/z 362 (2935,0 µg/cm2). Apesar
do composto marjoritário (m/z 404) não ter sido liberado em grande quantidade no primeiro dia
106
do ensaio, nos outros dias apresentou um considerável aumento na liberação com média de 553
µg/cm2 a mais liberado em relação ao primeiro dia. Já o composto m/z 362 apresentou um perfil
de liberação constante em todas as concentrações coletadas, não apresentando diferenças
significativas no perfil de liberação. Considera-se um ótimo resultado de liberação em relação
à área, comprovando que as membranas desenvolvidas atuam como um novo sistema de
liberação de substâncias biologicamente ativas.
Com relação aos resultados de liberação da membrana contendo a associação dos
extratos de P. pubescens e A. chica (PCL-PpAc) observa-se que ocorreu um diferente perfil de
liberação dos principais compostos presentes no extrato de sucupira (P. pubescens), em relação
à membrana contendo apenas P. pubescens (PCL-Pp).
Após 24 horas de liberação a membrana PCL-PpAc liberou um total médio de 1996
µg/cm2 do composto m/z 362, ou seja 900 µg/cm2 à menos em relação à PCL-Pp. Já o composto
de m/z 404 apresentou liberação média de 2255 µg/cm2 apresentando menos 249 µg/cm2 em
relação à outra membrana. No terceiro dia de ensaio, verificou-se que a membrana PCL-PpAc
foi capaz de liberar um total médio de 1642,5 µg/cm2 do m/z 362, representando uma quantidade
de 353,5 µg/cm2 à menos em relação à dosagem inicial. Neste mesmo período de tempo, a
referida membrana liberou 2314,1 µg/cm2, referente à 59,1 µg/cm2 a mais do composto m/z 404
em relação à dosagem coletada referente ao período de 24 horas. No sétimo dia, verificou-se
que houve um ligeiro aumento na quantidade de composto m/z 362 liberado (1795 µg/cm2)
correspondendo 152,5 µg/cm2 a mais relação ao terceiro dia de ensaio. Já o composto m/z 404
apresentou liberação de 2597 µg/cm2 neste dia de experimento, correspondendo a 342,5 µg/cm2
a mais liberado em relação ao primeiro dia de ensaio e 282,9 µg/cm2 em relação ao terceiro dia
de ensaio.
O resultado de liberação apresentado pela membrana PCL-PpAc difere do resultado
discutido anteriormente (PCL-Pp), pois esta membrana apresenta a associação do extrato de A.
chica, que trata-se de um extrato etanólico contendo grande quantidade de compostos polares,
como os flavonoides marjoritários conhecidos como carajurina e carajurona (Jorge et al. 2008).
As plantas produzem uma variedade de substâncias antioxidantes, dentre as quais se destacam
os compostos fenólicos. A atividade antioxidante de compostos fenólicos, em especial os
flavonóides, deve-se, principalmente, as suas propriedades redutoras e estrutura química
caracterizada pelo grupo catecol (OH-C=C-OH), dupla entre C2 e C3 conjugada (O=C-C-OH-
107
C=C) e dupla entre OH em C3 e C5 com 4-oxo (OH-C=C-C=O-C-OH) (Zanutto et al., 2013).
Assim, os compostos presentes em A. chica podem ter contribuído para alterar a hidrofilicidade
da nova membrana desenvolvida (PCL-PpAc) em associação com dois diferentes tipos de
extratos vegetais. E, estes compostos podem ter influenciado no perfil de liberação dos
compostos m/z 404 e m/z 362 presentes no extrato de sucupira.
A Figura 4.6 A e B mostra os gráficos de liberação do extrato vegetal P. pubescens para
as membranas de PCL-Pp e PCL-PpAc, respectivamente. Membranas fibrosas obtidas pelo
processo de eletrofiação normalmente apresentam uma liberação de explosão inicial severa,
devido à alta concentração do fármaco distribuído na superfície das fibras (He et al. 2015).
Observou-se que o perfil de liberação para ambas as membranas e para ambos voaucapanos
foram caracterizados por uma liberação inicial, e por conseguinte uma liberação gradual e
constante até o sétimo dia. O tempo de degradação in vivo do PCL é de aproximadamente 24 a
36 meses (Barbanti et al., 2005), assim, o mecanismo de liberação dos extratos vegetais
provavelmente será pelo sistema de difusão, ou seja, passagem do extrato vegetal do meio mais
concentrado (membrana), para o local de menor concentração (organismo) (He et al. 2015).
Esta técnica pode ser usadas para dar um controle adequado sobre cinética de liberação de
fármacos (Sill & von Recum, 2008). Sob os efeitos dos fatores acima, as membranas de PCL
mostram uma liberação controlada e sustentada dos voaucapano m/z 362 e m/z 404.
108
Figura 4.6: Gráfico de liberação do extrato vegetal P. pubescens associado às membranas de PCL em
períodos de 1,3 e 7 dias de imersão em PBS. A) PCL-Pp e B) PCL-PpAc.
A Figura 4.7 apresenta o cromatograma padrão com o pico tradicional da carajurina
que é utilizada para a identificação da A. chica.
Figura 4.7: Cromatograma referente à análise padrão de A.chica (carajurina) (tempo de retenção
13.05 min).
109
A Figura 4.8 representa o cromatograma do ensaio de quantificação, obtido neste
estudo após o ensaio de liberação do extrato vegetal A.chica. Nota-se a identificação da
carajurina (6,7-dihidroxi-5,4’-dimetoxiflavilium) utilizada como marcadora do extrato vegetal
A.chica, que determinou a presença da mesma na solução analisada após ensaio de liberação.
Devido a limitação da técnica de HPLC-UV, somente uma amostra de PCL-PpAc do período
de 1 dia foi identificada e quantificada com uma concentração de 540 µg/cm2, assim as outras
amostras serão analisadas pela técnica de LCMSMS (Cromatografia líquida acoplada ao
espectrômetro de massa) em um segundo momento.
Figura 4.8: Cromatograma referente à análise de liberação de extrato A.chica (carajurina) (tempo de
retenção 13.03 min).
A Figura 4.9 mostra fotografias da membrana de PCL-Ac após o ensaio de liberação
do extrato vegetal A.chica. Visualmente, foi observado que após 7 dias do ensaio de liberação
a solução de PBS e o agitador magnético encontram-se avermelhados, este fato pode estar
relacionado com os pigmentos vermelhos que as folhas da A. chica fornecem, caracterizado
como marcador da carajurina (Taffarello 2008).
110
Figura 4.9: Fotografias da membrana de PCL-Ac após ensaio de liberação do extrato vegetal
no período de 7 dias. A) 1: Célula de Franz e 2) Solução de PBS avermelhada; B) 3:
Membrana de PCL-Ac e 4: Agitador magnético avermelhado.
O interesse da associação dos extratos vegetais P. pubescens e A.chica para aplicações
em regeneração tecidual guiada, deve se ao fato destes apresentarem propriedades anti-
inflamatórias/analgésicas e cicatrizantes, respectivamente. O processo de cicatrização pode ser
divido basicamente em três fases, tais como, fase inflamatória (4 a 6 dias), fase de proliferação
(4 a 14 dias) e fase de remodelamento ou de maturação (8 dias à 1 ano) (Childs & Murthy,
2017)
O processo inflamatório é importante para desencadear a cascata da cicatrização e pode
ser visto como um mecanismo de defesa do organismo, porém, a inflamação pode causar
desconforto como dor e edema. Observou na Figura 4.6 que os voaucapanos m/z 362 e m/z 404
tendem a permanecerem lineares entre o período de 3 a 7 dias, sendo que a presença deste
extrato no organismo durante este período pode minimizar a fase inflamatória, pois a planta
medicinal P. pubescens limita significativamente as fases de resposta à dor e a formação de
edema (Nucci et al. 2012). Em cirurgias odontológicas, a intensidade da dor, geralmente está
111
relacionada com a extensão da cirurgia (Fattah et al, 2005), visto que, a dor e o edema fazem
parte de complicações pós-operatórias e pacientes e cirurgiões ficam apreensivos com os
supostos sintomas (Paulesini et al. 2008), propor alternativas para prevenir ou aliviar a dor
aguda e o edema, podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes pós-cirurgia.
A fase proliferativa da cicatrização envolve a migração e proliferação dos fibroblastos
e células endoteliais (Childs & Murthy, 2017). Os fibroblastos compõem o maior número de
células do tecido conjuntivo e sintetizam grande parte da matriz extracelular (Isaac et al. 2010).
Assim, alguns resultados obtidos na literatura (Jorge et al. 2008; Aro et al. 2013; Taffarello et
al. 2013), reportam que o extrato de A. chica tem a capacidade de induzir a proliferação de
fibroblastos, consequentemente, possui ação cicatrizante. Assim, um extrato que estimule a
proliferação de fibroblastos pode favorecer a cura de feridas (Houghton et al. 2005). Então, a
membrana de PCL associada com o extrato de P. pubescens e A. chica tem a intenção de inibir
a ação inflamatória aguda, diminuir a dor pós-cirurgia e estimular o processo de cicatrização.
4.3.3 Ensaio de viabilidade celular
A Figura 4.10 mostra a atividade mitocondrial dos fibroblastos murinos (BALB/c 3T3)
após 24h. Em relação às membranas de PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc todas apresentaram um
comportamento não citotóxico. A média dos resultados proveniente do cultivo sobre as
membranas poliméricas, confere viabilidade celular superior a 70% em comparação ao controle
negativo, demonstrando a citocompatibilidade das membranas em todas as composições (ISO
10993-5, 2009), com valores na faixa de 96 a 148% aproximadamente.
Após 24 horas de cultivo, uma maior densidade de células foram encontradas nas
membranas de PCL-Ac e PCL-PpAc, significativamente mais elevado em 22% (p >0,1) e 48%
(p >0,001) respectivamente, em comparação ao grupo controle (p>0,5, Método de Tukey).
112
Figura 4.10: Avaliação da viabilidade em células BALB/c 3T3. As células BALB/c 3T3
foram cultivadas sobre as membranas de PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAC por 24 horas. Os
valores foram expressos em absorbância em relação ao grupo controle, onde as células não
foram expostas aos materiais. O experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os
resultados representam as médias e desvios padrão do experimento. * p<0,05.
Estes resultados estão de acordo com a literatura que preleciona que o PCL é um
polímero sintético que pode ser utilizado como biomaterial, pois apresentam
biocompatibilidade consagrada e segura para aplicações biomédicas (Elzubair et al. 2006;
Baker et al. 2009; Kim et al. 2015). Além do mais, observou que os extratos vegetais P.
pubescens e A. chica também apresentaram perfil não citotóxico, ressaltando que as membranas
de PCL funcionalizadas com A. chica favoreceram significativamente o crescimento dos
fibroblastos, resultados também observados nos estudo in vitro e in vivo obtidos por Jorge et al
(2008) e Taffarello et al (2013), que sugeriu a ação cicatrizante do extrato vegetal A. chica
(Taffarello et al, 2013).
113
4.3.4 Ensaio de proliferação celular
A Figura 4.11 mostram o perfil de comportamento proliferativo das células de
fibroblastos 3T3 cultivadas sobre as membranas de PCL associados com os extratos vegetais
ao longo do tempo de 1, 3 e 7 dias. Observamos que no decorrer do tempo de cultivo dos
fibroblastos, houve um crescimento ascendente do número de células, onde as membranas de
PCL associados aos extratos vegetais P. pubescens e A. chica susteraram a proliferação celular
até o período de 7 dias in vitro. Estes resultados demonstram que todos os grupos analisados,
podem ser utilizados como membranas funcionalizados em engenharia tecidual.
Figura 4.11: Avaliação da proliferação de células de fibroblastos BALB/c 3T3 em
membranas de PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc, após 1, 3 e 7 dias. Os valores foram expressos
em porcentagens de redução de MTT em relação ao ensaio controle, onde as células não foram
expostas as membranas. O experimento foi realizado em microplacas de 24 poços e os
resultados representam as médias e desvios padrão do experimento em triplicata. * p<0,05
114
Na Figura 4.11, nota-se que a membrana de PCL-Pp quando comparada ao perfil de
crescimento celular do grupo controle, durante o período de 1 e 3 dias, não apresentaram
diferença estatística, porém no sétimo dia o grupo controle apresentou um crescimento celular
significativo (p< 0,01) em relação ao PCL-Pp. Este comportamento revela que a membrana de
PCL-Pp não é citotóxica, mas no entanto, não estimula a proliferação celular. A membrana de
PCL-Ac vs grupo controle apresentou uma diferença significativa (p< 0,001), nos intervalos de
tempo de 3 e 7 dias, em contrapartida a membrana de PCL-PpAc demonstrou resultados
significativamente melhores em todos os intervalos de tempo analisados, (p< 0,01) para 1 dia e
p< 0,001 para 3 e 7 dias. Percebe-se que as concentração de A. chica nas membranas de PCL-
Ac e PCL-PpAc foram a mesma (ver Tabela 4.1), assim ambas apresentaram o mesmo
comportamento durante o ensaio de proliferação celular nos períodos de 3 e 7 dias, ou seja, não
houve convergência na ação dos princípios ativos e não mostraram interferência no perfil de
liberação dos extratos vegetais quando foram associados.
Jorge et al (2008), avaliaram a ação cicatrizante da A. chica para a síntese de colágeno
in vitro e in vivo. Os resultados in vitro demonstraram que uma dose de 250 µg /mL de A. chica
foi capaz de aumentar a produção de colágeno e em testes in vivo o extrato foi capaz de reduzir
lesões da pele em 13 % em dois dias após aplicação tópica, sendo que em 10 dias, 96% da pele
estava cicatrizada, isto é, relatou a eficiência da propriedade do extrato para cicatrização de
feridas.
Segundo Taffarelo et al (2013), em ensaios in vitro demonstraram que o extrato vegetal
de A. chica nas concentrações de 0,25; 2,5 e 25 µg/mL-1 induz o crescimento de fibroblastos da
linhagem 3T3 e sugeriu que a ação cicatrizante dos extratos pode estar relacionada à presença
das antocianinas, que se destacam pela ação antioxidante, anti-inflamatória e anticancerígena.
No trabalho de Aro et al (2013), o tendão de ratos Wistar foram parcialmente lesionados
e em seguida tratados com extratos de A. chica. Assim, no 14º dia perceberam que o extrato
tinha melhorado a organização das fibras de colágeno e notaram a presença das células de
fibroblastos mais alongadas e fibrilas longitudinalmente e transversalmente orientadas, fator
importante para restaurar a organização estrutural da matriz extracelular que foi perdida durante
a lesão. Assim, demonstraram que a aplicação tópica do extrato de A. chica poderia melhorar a
organização das fibras de colágeno no reparo do tendão, sendo interessante para aplicações em
115
procedimentos clínicos, desta maneira as membranas de PCL-Ac e PCL-PpAc apresentam
potencial aplicações em regeneração tecidual.
Estudos da literatura comprovam as atividades antinoceptiva e anti-inflamatória do
extrato P. pubescens, estas atividades são atribuídas à presença de geranilgeraniol e
voaucapanos isolados (Spindola et al. 2010; Spindola et al. 2011).
No trabalho de Vieira et al (2008) foi demonstrado que a atividades no ensaio de
viabilidade celular com extrato alcoólico a partir das sementes de P. pubescens à uma
concentração de 30 mg/mL exerceu uma atividade antitumoral, podendo matar células de
melanona humano. Nota-se que no presente estudo, a concentração do extrato de sucupira
utlizada nas membranas poliméricas (ver Tabela 4.1), não apresentou citotoxicidade e não
afetou o crescimento ascendente dos fibroblastos.
Estudos na literatura têm demonstrado a eficácia do extrato de P. pubescens em
aplicações terapêuticas, como inibir edema e dor causada por artrite (Sabino et al. 1999) e para
tratamento de doenças reumáticas (Hoscheid & Cardoso 2015). Coelho et al (2005), estudaram
os efeitos antinociceptivos do extrato de sementes de Pterodon, sugerindo que ambos os
mecanismos inibitórios periféricos e centrais estão envolvidos e mostraram esse
comportamento com doses baixas (13 µg/kg), justificando o uso popular em distúrbios da dor.
Grando (2013), apresentou em seu estudo dados que sugerem um efeito sinérgico dos
compostos vouacapanos e geranilgeraniol que são encontrados nos extratos de P. pubescens,
favorecendo o aumento do efeito antinociceptivo, todavia mostraram que a atividade anti-artrite
reumatóide do extrato diclometânico foi evidenciado pela redução do índice de artrite e
diminuição do número de linfócitos e o uso contínuo por durante 14 dias, não interferiu nas
funções renais e hepáticas dos animais. Hoscheid et al (2013), mostraram que a administração
do extrato de P. pubescens exibe atividade anti-inflamatória e não apresenta toxicidade para
modelos de pleurisia e artrite induzida em ratos Wistar. Nucci-Martins et al (2015), apresentou
em seu trabalho que a administração oral do óleo de P. pubescens causa inibição significativa
na dor neuropática sem causar efeitos colaterais, como sedação ou disfunção e não apresentaram
toxicidade em níveis de lesão renal ou hepática, destacando seu potencial terapêutico medicinal.
A técnica de eletrofiação tem o potencial de produzir membranas fibrosas
funcionalizadas com a incorporação de agentes bioativos diretamente na matriz polimérica,
como os extratos vegetais e promover a liberação controlada destes agentes durante um período
116
específico. Assim, neste estudo, através do processo de eletrofiação conseguimos funcionalizar
as membranas de PCL com os extratos vegetais P. pubescens e A. chica e com os resultados
obtidos, acreditamos que estas membranas possam ser utilizadas em diversas aplicações na área
médica e odontológica.
Conclusão
Assim, sob as condições adotadas no processo de eletrofiação obtivemos sucesso no
desenvolvimento das membranas de PCL contendo os extratos vegetais A. chica e P. pubescens.
Nas três composições, as membranas não apresentaram efeitos citotóxicos. Com a incorporação
dos extratos vegetais, a membrana hidrofóbica de PCL modificou-se em membranas
hidrofílicas. A liberação dos extratos vegetais apresentaram um perfil de liberação linear e
gradual. A A.chica apresentou atividade de proliferação de fibroblastos. Isto demonstrou que as
referidas membranas PCL-Ac e PCL-PpAC possuem potencial de aplicação em regeneração
tecidual guiada.
117
Conclusões finais
Este trabalho permitiu estabelecer os parâmetros do processo de eletrofiação para obter
membranas fibrosas de PCL e PR, podendo ou não estar associada com os extratos vegetais P.
pubescens e A. chica. Assim, as membranas foram produzidas com sucesso.
A adição do polímero PR e dos extratos vegetais P. pubescens e A. chica melhoraram a
hidrofilicidade das superfícies das membranas de PCL, considerando uma diminuição nos
ângulos de contato das membranas de PCL/PR, PCL-Pp, PCL-Ac e PCL-PpAc.
As características biológicas apresentadas por todas as membranas obtidas neste trabalho,
mostraram que estes biomateriais demonstram comportamento adequado in vitro, como pode
ser observado pela ausência de citotoxicidade. Por conseguinte, indicam que as membranas são
promissoras para aplicações em regeneração tecidual.
Para o ensaio in vivo, as membranas PCL/PR promoveram uma intensa atividade de
células gigantes, sugerindo uma reação de corpo estranho, no entanto, o comportamento in vivo
foi estável e não aumentou a área do defeito crítico e seu desempenho foi comparável ao grupo
controle. Sob os limites deste estudo, as membranas eletrofiadas de PCL/PR demonstraram que
não são citotóxicas em um teste rápido de 24 horas, contudo, este material não melhorou a
reparação em um defeito ósseo de tamanho crítico.
Os efeitos da orientação de contato fornecida pelas estruturas fibrosas aleatórias e
alinhadas, demonstraram em ensaio estático e cíclico que as células de fibroblastos
acompanharam a morfologia das fibras, assim os fibroblastos foram espalhados aleatoriamente
sobre as fibras com direções aleatórias, em contrapartida, em fibras alinhadas, os fibroblastos
mostraram uma morfologia alongada e alinhada uniformemente à direção das fibras. Portanto,
os parâmetros do ensaio de estiramento uniaxial cíclico estabelecidos neste estudo não
influenciaram diretamente na morfologia celular.
118
As membranas de PCL associada com P.pubescens e A.chica desenvolvidas neste estudo,
apresentaram biocompatibilidade e eficiência na liberação controlada dos respectivos extratos
vegetais, mostrando ser uma alternativa viável como sistema de liberação controlada
implantável para o tratamento de regeneração tecidual com potencial aplicação em medicina e
odontologia. Todavia, o extrato de A. chica evidenciou sua eficiência para induzir a proliferação
de fibroblastos, consequentemente, sugerindo ação cicatrizante o que pode favorecer a cura de
feridas.
Assim, o presente trabalho contribuiu para o desenvolvimento de membranas fibrosas de
PCL e PR através do processo de eletrofiação com potencial de aplicação biomédica bastante
expressivo. Além disso, até o momento, não foram relatados na literatura estudos de blendas de
PCL/PR eletrofiadas visando aplicações biomédicas. Contudo, a funcionalização das
membranas de PCL com os extratos vegetais P.pubescens e A.chica que apresentam
desempenho satisfatórios devido suas propriedade anti-inflamatória e cicatrizante,
respectivamente, já conhecidos pela literatura, colaboraram com elaboração das membranas
que foram patenteadas e são promissoras para novas terapias teciduais.
119
Sugestões para trabalhos futuros
Funcionalizar as membranas de PCL/PR com os extratos vegetais P.pubescens e
A.chica para avaliar seu perfil de liberação.
Realizar o ensaio de quantificação das amostras referentes as membranas de PCL-
Ac e PCL-PpAc pela técnica de LCMSMS (Cromatografia líquida acoplada ao
espectrômetro de massaS) para identificar e quantificar a carajurina marcador
principal da A.chica.
Analisar por Desorção por ionização por electrospray (DESI), a quantificação dos
extratos vegetais por cm2.
Associar os extratos vegetais P.pubescens e A.chica em polímeros que apresentem
menor tempo de bioreabsorção.
Realizar estudos in vivo a longo prazo para as membranas de PCL-Pp, PCL-Ac e
PCL-PpAC para avaliar o perfil de liberação dos extratos vegetais e o potencial de
regeneração de tecidual.
120
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