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FACULDADE CAPIVARI – FUCAP TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
APURAÇÃO DO CUSTO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA PROPRIEDADE
RURAL NO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA
Autora: Juçana Fratoni Redivo Orientador: Prof. Msc. Edilson Citadin Rabelo
RESUMO Por diversos motivos, hoje a Contabilidade rural é considerada uma ferramenta indispensável em uma propriedade rural, pois o produtor rural precisa estar atualizado ao mercado no estágio da tomada de decisões e também sobre o resultado econômico da gestão de sua riqueza. Em razão dessa realidade atual, o estudo tem como pergunta de pesquisa: qual o custo da engorda de animais bovinos em uma propriedade rural no município de São Ludgero? Buscando como objetivo geral, demonstrar o custo da engorda de animais bovinos em uma propriedade rural no município de São Ludgero num período de dez meses. A natureza do objetivo da pesquisa é exploratória e descritiva, sendo ela prática, com a utilização do método dedutivo, com dados coletados de origem primária, abordagem qualitativa e quantitativa, e como resultado da pesquisa básica. Os procedimentos utilizados foram bibliográfica, documental e estudo de caso. Para proporcionar um melhor entendimento ao estudo, este se dividiu da seguinte forma: embasamento teórico com apresentação de noções sobre contabilidade geral e sua finalidade, especialmente no que se refere a contabilidade de custos, gerencial e rural, e relatos sobre a pecuária no Brasil; métodos e técnicas de pesquisa, com a apresentação do enquadramento metodológico e os procedimentos para coleta e análise dos dados; e a caracterização do próprio objeto de estudo, com apresentação de características da empresa onde se realizou o estudo de caso, coletando os dados e identificando os custos existentes na engorda de gado. Com a realização do estudo, foi possível constatar que os resultados revelam um custo total final com os lotes de machos de R$ 2.700,19 e com o lote de fêmeas R$ 2.791,48, o equivalente a um custo por kg produzido de R$ 5,36 os machos e R$ 5,92 as fêmeas. Considerando o imposto sobre a venda e o custo total o proprietário obtém um resultado positivo por cabeça de R$ 374,38 com os lotes de macho e negativo de R$ (102,56) com o lote de fêmeas. Palavras chave: Custos. Contabilidade Rural. Custo Engorda. Pecuária.
1 INTRODUÇÃO
O Produto Interno Bruto - PIB da agropecuária cresceu no primeiro trimestre de 2017
cerca de 13,4%, a maior alta já registrada em mais de vinte anos, puxando a alta de 1% da
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economia brasileira. A agropecuária está em constante modernização, sempre buscando
melhores raças e genéticas para um melhor ganho em produtividade e consequentemente
melhor remuneração (LAPORTA; SILVEIRA, 2017).
Na engorda do gado de corte, desde a aquisição até o abate o produtor possui custos,
que são essenciais para o crescimento e também para o desenvolvimento na obtenção de
maiores e melhores resultados.
Com esse crescimento, a contabilidade surge em uma propriedade rural para
desempenhar funções que permitem planejamento e controle gerencial. O produtor precisa
estar atualizado com informações do mercado no estágio da tomada de decisões, por isso a
contabilidade rural se torna uma ferramenta indispensável na propriedade.
Para Crepaldi (2012), a contabilidade é uma ciência, uma disciplina de conhecimento
que tem como objeto estudar os fenômenos patrimoniais de qualquer tipo de entidade, através
do registro, demonstrando expostamente os fatos que ocorrem em determinado período, com a
finalidade de oferecer informações sobre sua composição e alteração e também sobre o seu
resultado econômico da gestão de sua riqueza.
Além disso, a contabilidade desempenha um papel de análise nas entradas e saídas,
como também o custo. Auxilia na avaliação dos recursos físicos da propriedade e no controle
patrimonial da empresa.
Segundo Martins (2010), com as mudanças que vem ocorrendo no mercado, e com o
aumento da competitividade, os custos são de grande relevância para a tomada de decisão em
uma empresa.
Portanto, a pergunta dessa pesquisa é: qual o custo da engorda de animais bovinos em
uma propriedade rural no município de São Ludgero?
Para responder a esta pergunta, o objetivo geral é demonstrar o custo da engorda de
animais bovinos em uma propriedade rural no município de São Ludgero num período de dez
meses.
O tema foi escolhido devido ao custo estar presente na rotina dos profissionais, não só
da área contábil, mas também em todos os setores, inclusive no rural. Assim, a contabilidade
através de informações oriundas da propriedade rural, pode buscar um melhor planejamento,
transformando as mesmas em empresas com capacidade para acompanhar o desenvolvimento
do setor, através do controle de custos.
Para atingir o objetivo geral têm-se os seguintes objetivos específicos: identificar o
custo na propriedade Weber; coletar os dados através de planilhas de controles fornecidas
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pelo proprietário num período aproximado de dez meses; demonstrar os cálculos e custos
existentes no objeto de estudo a partir de dados coletados.
A empresa escolhida como objeto de estudo é uma propriedade rural localizada na Rua
Antonio Schlickman no município de São Ludgero, Santa Catarina, tendo como proprietário o
Sr. Helton Weber Stang, o mesmo possui um confinamento de engorda de rebanho.
No meio empresarial, o estudo irá contribuir de forma significativa para a empresa
estudada, pois será identificado o custo de produção de um período analisado, promovendo ao
proprietário conhecimento de quanto custa cada quilo por animal, assim auxiliando para
futuras tomada de decisões, pois o mesmo conhecerá o resultado de sua atividade.
Para a sociedade, o estudo pode contribuir para que mais produtores da área rural
percebam a necessidade e levem de exemplo, o quanto esse controle é fundamental para o
desenvolvimento de sua atividade atualmente.
A estrutura do trabalho será de cinco seções, sendo a primeira seção a introdução onde
se apresenta uma prévia do estudo, com os seus objetivos. Na segunda seção, apresenta-se o
embasamento teórico onde demonstra a opinião de diversos autores sobre o assunto. Na
terceira têm-se os aspectos metodológicos utilizados na elaboração do trabalho, com a
descrição do enquadramento metodológico e os seus procedimentos. Na quarta seção constitui
a caracterização da empresa, com a análise dos dados coletados e discussão dos resultados,
além da visão sistêmica aplicada ao caso. E na quinta e última seção as considerações finais
sobre a pesquisa, demonstrando se realmente foram alcançados os seus objetivos.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
Esta seção trata dos conceitos fundamentados dos principais termos que serão
apresentados ao longo do trabalho, sempre baseados em teorias feitas por pesquisas e
estudiosos da área que se dedicam a esses assuntos, com isso, auxiliará no entendimento do
tema proposto ao trabalho.
2.1 CONHECENDO A CONTABILIDADE
A contabilidade, desde o momento que surgiu, é como um conjunto sistemático cheio
de conhecimentos, com objetivos e finalidades bem definidos, além de ser considerada como
arte, técnica ou como ciência (FRANCO, 1997).
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Desde o início da civilização as pessoas tinham ambição de preservar seu capital, por
isso, lá no passado, a contabilidade já apresentava a função de avaliar a riqueza do homem e
analisar as alterações ocorridas em seu patrimônio (IUDICIBUS; MARION, 2002).
A contabilidade nasceu a partir da necessidade da criação de um meio de informações
que pudesse atender os usuários, buscando respostas aos seus questionamentos e dando
posicionamento futuros, que mostrem de forma mais segura à maneira de se obter resultado
hábil e eficaz (SILVA, 2008).
2.1.1 Objeto e Finalidade
A finalidade da contabilidade é controlar o patrimônio através da classificação, do
registro, da demonstração expositiva, da análise e interpretação dos fatos nele ocorridos, com
o objetivo de orientar e passar informações fundamentais à tomada de decisões sobre sua
movimentação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão do patrimônio
(FRANCO, 1997).
A função da contabilidade é registrar, analisar, demonstrar, classificar, auditar todos os
acontecimentos que incidem no patrimônio das empresas, sempre com o objetivo de fornecer
informações, interpretações e orientação aos seus usuários, relacionando a composição do
patrimônio e todas as suas variações (FRANCO, 2006).
O objeto da contabilidade é o patrimônio de qualquer e toda a entidade, onde
acompanha o desenvolvimento qualitativo e quantitativo desse patrimônio (IUDÍCIBUS;
MARION; FARIA, 2009).
2.2 RAMOS DA CONTABILIDADE
A contabilidade tem diversas ramificações e, diante disto, será relatado o conceito das
ramificações da Ciência Contábil, utilizadas no estudo.
2.2.1 Contabilidade Gerencial
A contabilidade gerencial está voltada exclusivamente para a gerência do ente e que
pode abranger áreas mais amplas, podendo ser utilizada em outros campos que não seja à
contabilidade (IUDÍCIBUS 1998).
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Assim Padoveze (2010) vem reforçar que, em cada organização utiliza-se da
informação de maneira distinta, cada qual com um plano de agregação diferente, onde a
contabilidade gerencial através do sistema de informação entra para melhor suprir a
necessidade de cada departamento dentro de uma entidade.
Segundo Crepaldi (2011), a contabilidade gerencial é o ramo de atividade que tem por
objetivo fornecer aos administradores instrumentos que possam auxiliar em suas atividades
gerenciais. Através de um apropriado controle dos insumos e na melhor utilização dos
recursos econômicos, executado por um sistema de informação gerencial.
Dentro da contabilidade gerencial, tem-se a contabilidade de custos que é necessária
para que juntas, promovam o gerenciamento de uma empresa. Devido a isso, existe uma
grande seriedade no entendimento dos seus conceitos e ferramentas gerenciais aplicáveis a
gestão de custos.
Por tratar-se do foco principal da pesquisa, a contabilidade de custos será abordada
em um capítulo especial.
2.3 CONTABILIDADE DE CUSTOS
O objeto principal das empresas através da contabilidade de custos é maximização dos
lucros. Diante disso a contabilidade de custos visa produzir informações para vários níveis
gerenciais de uma empresa, no auxílio às funções de desempenho, planejamento das
operações e de tomada de decisões (LEONE, 1997).
Salienta Martins (2000) que a contabilidade de custos surgiu da contabilidade
financeira quando da necessidade de avaliar estoques na indústria, tarefa essa que era fácil na
empresa simbólica na Idade Moderna. Seus princípios resultam dessa primeira finalidade, por
isso nem sempre conseguem atender as duas tarefas mais recentes e importantes o controle e a
decisão.
O objetivo principal da contabilidade de custos nasceu diante da necessidade de se
conhecer o custo dos produtos mediante avaliação de estoques e apuração de resultados.
Devido à crescente complexidade do mundo empresarial no século XX, o controle de custos
se tornou indispensável na área gerencial da empresa como ferramenta utilizada no
planejamento, na tomada de decisão e no atendimento a exigências fiscais e legais
(CREPALDI, 2010).
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Para Crepaldi (2010) a contabilidade de custos é uma técnica utilizada para mensurar,
identificar e mostrar informações do custo de produtos ou serviços. É voltada para a análise
de gastos da entidade no proceder de suas operações, com o intuito de gerar informações
rápidas e precisas para a administração.
Verifica-se, então, a importância que tem essa contabilidade para uma boa gestão,
como: na avaliação de desempenho, redução dos custos, acompanhamento dos gastos,
previsões orçamentárias, conhecimento de lucro, entre outras (CREPALDI, 2010).
Com todas essas possibilidades, a contabilidade de custos passou a ser utilizada não só
no campo industrial mais em outros como: lojas comerciais, financeiras, bancos, escritórios de
consultoria e outros, que percebem da vantagem que é a aplicação de uma boa gestão de
custos (CREPALDI, 2010).
2.3.1 Terminologias Contábeis Aplicadas a Custos
Apresenta-se a seguir os conceitos mais utilizados na contabilidade de custos.
Como gasto/custos e despesas é interessante mencionar a diferença que existe entre
gastos e custos. Custo está ligado ao produto, que serão realmente aplicados. Já gasto está
relacionado com todos os produtos adquiridos, não interessando se houve venda ou não. E as
despesas são todos os gastos que uma empresa possui para se administrar e realizar suas
vendas, logo gerando sua receita (BORNIA, 2002; MEGLIORINI, 2007). O desembolso quer
dizer pagar efetivamente. Quanto aos investimentos, são aqueles avaliados como todos os
gastos que são estocados nos ativos da entidade para baixa ou amortização, de seu consumo
ou até mesmo na desvalorização (MARTINS, 2010). Já a perda, está ligada ao fato de
ocorrências anormais na empresa, situações inesperadas que se distanciam da anormalidade
da empresa e que não são acionadas no estoque (MARTINS, 2010).
2.3.2 Custos Fixos e Custos Variáveis
Dentro da contabilidade de custos existe a separação entre custos fixos e variáveis.
Fixos são aqueles que não variam conforme o volume de produção da empresa. É o caso, por
exemplo, do aluguel da fábrica e do salário do gerente que terá o mesmo valor qualquer que
seja a produção do período. Uma vez que, inclusive se a fábrica nada produzir, o mesmo será
cobrado (VICECONTI; NEVES, 2003).
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Para Bornia (2010), custos variáveis estão relacionados diretamente com a produção,
crescem na mesma proporção com o aumento do plano de atividade da empresa.
Pode-se classificar os custos fixos e variáveis em relação a outra base que não a
produção. Por exemplo, o consumo de energia elétrica, em função do tempo de
funcionamento pode ser um custo variável, ao invés do volume de produção (BORNIA,
2010).
2.3.3 Métodos De Custeio
Método é a forma pela qual se chega a um determinado resultado. Já custeio é o método
usado para apropriação dos custos, onde ocorre o processo de identificação do custo unitário
de um produto ou serviço, desenvolvido para servir entidades externas à organização, como
credores, investidores e Estado (PADOVEZE, 2010).
Criaram-se sistemas que atendem os interesses gerenciais e outros utilizados no
processo de decisão.
Existem três formas de custeio, são eles:
• Custeio por absorção;
• Custeio direto ou variável; e
• Custeio por atividade (ABC).
2.3.3.1 Custeio por Absorção
Os custeios por absorção e variável seguem as mesmas informações de produção e
custos indo para o mesmo resultado, a diferença entre ambos estão no tratamento dado aos
custos fixos (MEGLIORINI, 2001).
Salienta Megliorini (2001), que no custeio por absorção os produtos geram lucros,
enquanto que no custeio variável, geram margem de contribuição. Onde o custeio por
absorção é a diferença entre o preço de venda e o custo de produção, já no variável é a
diferença entre o preço de venda e o custo variável mais despesas variáveis.
O método de custeio por absorção respeita os princípios fundamentais da
contabilidade. É aceito pela legislação comercial e pela legislação fiscal, sendo o mais usado
no Brasil. Todo o custo que envolver direta ou indiretamente sua fabricação deve ser alocado
a ele, independente de ser considerado fixo ou variável (CREPALDI, 2010).
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2.3.3.2 Custeio Direto ou Variável
Custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem conforme o andamento da
produção, quanto mais se produz, maior a sua necessidade, e maior o uso de equipamentos
assim irá consumir mais, portanto maior será o custo sendo estes alguns exemplos deste
comportamento (MEGLIORINI, 2001).
Custeio variável também é conhecido como custeio direto, ou seja, os custos variáveis
incididos no período, desconsiderando os custos fixos que vão diretamente para o resultado
como despesa. É baseado na separação dos gastos em variáveis e fixos, ou seja, em gastos que
oscilam proporcionalmente e se mantém estáveis ao volume de produção/venda, sendo
oscilantes dentro de certos limites (CREPALDI, 2010; MEGLIORINI, 2001).
2.3.3.3 Custeio por Atividade (ABC)
Uma característica básica do custeio por atividade (ABC) é a apropriação aos serviços,
produtos e mercadorias de todos os custos diretos e indiretos, sejam eles fixos ou variáveis
(SANTOS, et al., 2006).
Conforme afirma Santos et al., (2006), o sistema ABC está constantemente atrelado à
informática, devido a ótica operacional. Apesar de o sistema já ter sido concebido em épocas
passadas, seria inviável segundo alguns estudiosos fazer sua operacionalização antes do
surgimento da informática.
Segundo Martins (2010), o custeio baseado em atividade é uma importante ferramenta
a ser utilizada na gestão de custos, pois, possui uma extensa visão para fins estratégicos e
gerenciais, ou seja, sua utilidade não se limita somente ao custeio de produtos.
2.4 CONTABILIDADE RURAL
Para que a contabilidade rural possa atuar com êxito na propriedade rural, faze-se
necessário um bom planejamento. Uma propriedade de pequeno porte deve contar com um
sistema de contabilidade simples, para permitir futuras análises. Já em grandes propriedades
rurais há a necessidade de um sistema mais completo e conta com a presença de um
profissional competente (NEPOMUCENO, 2004).
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Nepomuceno (2004) ressalta que a atividade rural é uma atividade econômica como
tantas outras, indústria, comércio, de produção de serviços. E como tal, todas essas, e
principalmente a atividade rural, exige um controle financeiro e um acompanhamento
exclusivo para aquela atividade exercida. No final de determinado período o produtor além
de saber seu negócio foi bem-sucedido, precisa também conhecer principalmente o nível de
lucratividade ou déficit de cada produção explorada.
Assim, a contabilidade rural segundo Crepaldi (2012), é um dos principais
instrumentos de informações, onde afirma a necessidade de reduzir custos e despesas, além de
evidenciar o momento certo da captação de recursos e os resultados.
A contabilidade rural tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades rurais,
que é o conjunto de bens direitos e obrigações. Sem esses, seria impossível controlar os
registros e alterações ocorridas dentro do patrimônio. Para isso, o administrador deve fazer o
acompanhamento de todas as atividades que fazem parte do desenvolvimento da empresa e
avaliar o desempenho da organização, verificando se está de acordo com os planos traçados
para o alcance dos objetivos (CREPALDI, 2012).
Segundo Crepaldi (2012), a contabilidade rural tem como finalidade: orientar as
operações agrícolas e pecuárias; medir o desempenho econômico-financeiro; apoiar as
tomadas de decisões; auxiliar nas projeções de fluxos de caixa; conduzir as despesas pessoais
de sua família e do proprietário; permitir a comparação de desempenhos; justificar a liquidez
e a capacidade de pagamento; ser base para arrendamentos, seguro e outros contratos. Assim,
para obter o sucesso o produtor precisa estar atendo as mudanças que ocorrem no mercado
agropecuário.
2.4.1 Custo Rural
Nos dias atuais, a tecnologia está em constante evolução em todas as áreas de trabalho,
sempre na busca pela qualidade, maior produção e redução da mão de obra e dos custos.
Como pode-se perceber a propriedade rural não fica fora disso, pois está investindo em raças
mais apuradas, alimentação de alta qualidade, novas formas de manejo, maquinários,
aparelhos entre outros. Tudo isso para o aumento da qualidade do produto com mais
praticidade, facilidade no manejo em busca de melhor retorno.
Para que o produtor rural reconheça todos os seus custos na criação de gado, ele
precisa aderir de todas essas tecnologias oferecidas, para desenvolver e organizar seu trabalho
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com técnicas atuais, visando garantir um bom desempenho no gerenciamento financeiro do
seu negócio. Assim, o processo de engorda de gado também requer que seus custos sejam
tratados como qualquer outra atividade.
2.5 PECUÁRIA NO BRASIL
A pecuária iniciou nos estados do Nordeste no século XVI, na capitania de São
Vicenti onde vieram cabeças de gado de Cabo Verde. Os gados eram utilizados para tração
nos engenhos. Em 1550, Tomé de Souza, trouxe um novo carregamento desta vez para
Salvador, se expandindo nesse momento a pecuária para outras regiões do Nordeste e
tornando-se uma atividade independente no século XVII (PECUÁRIA NO BRASIL, 2017).
Devido ao crescimento da pecuária, houve a necessidade de se expandir para os
interiores, passando a ser um fator importante na colonização do centro-oeste e interior do
nordeste Brasileiro (PECUÁRIA NO BRASIL, 2017).
Na primeira metade do século XVII, a pecuária bovina se estende para o sul do Brasil,
onde se encontra grandes pastagens naturais, tornando-se a principal atividade econômica por
muito tempo (PECUÁRIA NO BRASIL, 2017).
A atividade pecuária se dividiu em dois tipos, corte e de leite, sendo desenvolvidas na
pecuária de duas formas: intensiva e extensiva. Ela pertence ao setor primário da economia e
é uma das principais áreas de produção de riquezas no país. Exerce um grande destaque nas
exportações brasileiras, onde a carne bovina é considerada uma das melhores do mundo
(PECUÁRIA NO BRASIL, 2017)
No nosso estado, SC, segundo dados da Secretária de Estado da Agricultura e da Pesca
de Santa Catarina, em 2017, há 10 anos está como uma zona livre de febre aftosa sem
vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o que é ainda mais importante
para qualidade. Ressalta ainda, que em 25 de maio de 2007, o Estado se tornou o único do
país a conquistar esse status sanitário diferenciado. O último foco da doença em Santa
Catarina foi apontado em 1993 e a última vacinação em maio de 2000 (CERON, 2017).
Conforme dados da Epagri, Santa Catarina é o maior produtor nacional de suínos e
segundo maior de aves, vem expandindo o desempenho em gado para corte. O Estado ainda
ocupa o 13º lugar na produção brasileira de bovinos, e precisa importar 40% da carne de boi
que consome. No entanto, o cenário tem melhorado ano a ano. Entre 2011 e 2015, o rebanho
catarinense cresceu 8,49%, enquanto no Brasil aumentou apenas 1,12% (LINDER, 2017).
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No mesmo período, a carne bovina passou da 11ª para a 6ª posição no ranking dos
produtos mais importantes para o agronegócio catarinense. De 2014 para 2015, o abate em
Santa Catarina teve incremento de 1,71%, e no país registrou um tombo de 9,6%. Temos
como principais importadores de carne bovina em Santa Catarina (SC) Hong Kong, Egito e
Vietnã (LINDER, 2017).
3 MÉTODOS E TÉCNICAS DA PESQUISA
Essa seção abordará o enquadramento metodológico e os procedimentos utilizados
para a confecção do presente artigo.
3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO
A natureza do artigo é exploratória e descritiva já que o projeto busca verificar os
custos de produção de um rebanho. Segundo Ruiz (2008), a pesquisa exploratória é realizada
quando um problema é pouco conhecido, ou seja, pouco explorado, através de investigações
sobre o assunto, com o objetivo de formular questões sobre o problema e caracterizá-lo,
desenvolver hipóteses, além de aumentar a familiaridade do pesquisador com o ambiente.
Ao se referir sobre a pesquisa descritiva, Beuren (2008, p. 61) ressalta que: “[...]
descrever significa identificar, relatar, comparar, entre outros aspectos”. Ainda Andrade apud
Beuren (2008, p. 610) adverte: “[...] que a pesquisa descritiva se preocupa em observar os
fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere
neles”.
Quanto à natureza trata de estudo se caracteriza como prático, pois investiga a
propriedade com profundidade no tema proposto.
A lógica da pesquisa é dedutiva, pois testa a teoria pela observância empírica, ou seja,
em campo. Os argumentos dedutivos são verdadeiros quando as premissas alimentam de
modo completo a conclusão e incorreto se não sustentam de nenhuma forma, ou seja, os
argumentos dedutivos através de um determinado conteúdo visam atingir a certeza
(MARCONI; LAKATOS, 2009).
Sobre a coleta de dados pode-se afirmar que o estudo utiliza dados primários, pois faz
levantamento de informações e valores financeiros da propriedade. Conforme Andrade
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(2010), as fontes primárias são constituídas por obras originais, que vão formar uma literatura
ampla sobre o determinado assunto.
Na abordagem da pesquisa têm-se um estudo qualitativo com alguns aspectos
quantitativos. Cabe destacar, que os aspectos quantitativos se limitam aos cálculos das
análises onde Beuren (2008) afirma que esse tipo de pesquisa é utilizado de instrumentos
estatísticos desde a coleta, até a análise e o tratamento de dados, esse procedimento se
preocupa com o comportamento geral dos acontecimentos. Já na qualitativa, serão analisados
os números referentes aos custos a serem estudados na propriedade selecionada, porém não
são usados instrumentos estatísticos para análise do problema (BEUREN, 2008).
Considera o resultado da pesquisa como básica, tem como propósito completar uma
lacuna no conhecimento através de estudos (GIL, 2010).
Quanto aos procedimentos utilizados para conduzir o estudo serão utilizados
basicamente três métodos: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e o estudo de caso.
A pesquisa bibliográfica se apresenta devido ao fato de que há a necessidade de se
colher informações sobre determinado problema, onde se procura uma resposta ou uma
hipótese que se quer experimentar. Além de que ela é em parte obrigatória, pois é nos
documentos que se reúnem as metodologias de vários autores (BEUREN, 2008).
A pesquisa documental também visa o recolhimento de informações, mas tem como
diferença os materiais a serem utilizados, já que estes não receberam o parecer final, podendo
ser reelaborados. Tem-se como exemplo: reportagens, cartas, notícias de jornais, entre outras
(BEUREN, 2008).
O estudo de caso será adotado pelo fato de auxiliar na obtenção de dados sobre a
pesquisa abordada, reunindo informações sobre o assunto, para que se possa compreender a
situação, de modo a permitir um amplo conhecimento (BEUREN, 2008).
3.2 PROCEDIMENTOS PARA COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
A pesquisa iniciou-se com a coleta de dados da empresa para a caracterização do
objeto de estudo, através de observações no decorrer do estágio e entrevistas informais com o
responsável pela supervisão do estágio.
Na análise e discussão dos resultados, a pesquisa buscou conhecer todo o processo de
engorda de gado de corte, apurando e apresentando todos os custos ligados a essa atividade.
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4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Essa seção trata dos resultados da pesquisa, abordando a caracterização do objeto de
estudo, a análise e discussão dos resultados e visão sistêmica do caso.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO
A propriedade Weber, onde será realizado o estudo, está localizada na região Sul de
Santa Catarina, mais precisamente no interior da cidade de São Ludgero. Trata-se de uma
propriedade familiar, gerenciada apenas pelo proprietário. Essa propriedade não possui
contabilidade e não está registrada na Junta Comercial, assim se trata apenas de um
proprietário rural autônomo.
O proprietário trabalha nesse ramo de atividade desde 2005, ou seja, há doze anos
onde começou com seis cabeças de gado. Elenca ainda que essa iniciativa de criar gado de
engorda partiu da vontade própria, sempre teve aptidão por esse ramo de atividade.
O terreno de adaptação do rebanho é arrendado de seu avô, possuindo 3,5 hectares de
pastagem todo cercado em arame farpado e com uma mangueira construída em madeira com
quatro divisórias, toda coberta que serve para o manejo do rebanho.
O galpão utilizado no processo final de engorda é da própria empresa familiar que
possui 360m², em anexo uma mangueira de 50m² em madeira com duas divisórias com local
apropriado para carga e descarga do rebanho nos caminhões, dois silos de armazenagem dos
grãos e uma balança utilizada na pesagem do rebanho. A única pessoa que auxilia quando há a
necessidade é seu irmão, portanto a propriedade não tem colaboradores.
Os bovinos em adaptação ficam durante o dia na pastagem nativa e também no trato,
ou seja, os que estão com o peso adequado para o processo final da engorda são transferidos
para o galpão onde recebem alimentação controlada com milho e alto grão.
O rebanho é vendido para alguns frigoríficos da região como: Frigorífico Zanella
Grassi, Duas Meninas e Bismark e o frigorífico São João da cidade de Itaperiú - SC. O
proprietário sclarece ainda, que os bovinos de sua propriedade são das raças britânicas, tais
como Angus (aberdeen e red), Hereford, Brahman e Charolês entre outros.
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4.2 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nesse capítulo serão apresentados os resultados obtidos com base nos objetivos
específicos anteriormente constituídos, os quais buscam: identificar o custo na propriedade
Weber; coletar os dados através de planilhas de controles fornecidas pelo proprietário num
período aproximado de dez meses; demonstrar os cálculos e custos existentes no objeto de
estudo a partir de dados coletados. Para melhor compreensão deste processo, será apresentado
um fluxograma detalhando o processo da engorda.
Fig. 1- Aquisição do rebanho Fig.2 –Período de adaptação Fig.3 - Final do confinamento
O empresário adquire o rebanho com um peso médio de 180 kg, e faz uma seleção da
raça no momento da compra. Trabalha com raças bem apuradas com carne de qualidade e boa
aceitação pelo mercado da região. Geralmente tem-se apurado o custo por arroba, porém por
questões práticas nesse estudo optou-se em usar kg (quilograma) como unidade de medida.
Após a compra, o rebanho permanece na mangueira até receber todas as medicações e
vacinas necessárias para não promover risco ao resto do rebanho já em adaptação. Logo, o
rebanho permanece aproximadamente 90 dias pré-confinado, soltos na pastagem nativa e
recebendo alimento direto nos cochos que são feitos de madeira para melhor distribuir o
alimento, antes de passar para o confinamento final. Esse processo ocorre para que o rebanho
se adapte a nova alimentação e não sofra diminuição de peso.
Os bovinos pesando em média 500 kg, prontos para a venda aos frigoríficos, levam
aproximadamente dez meses para completar seu ciclo na propriedade.
4.2.1 Recursos da propriedade
De acordo com a atividade que se busca desenvolver faz-se necessário investimentos e
recursos suficientes para atender a demanda da empresa. Dessa forma, foram analisados os
dados ligados diretamente a engorda do rebanho.
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Tabela- 1 Imóveis da propriedade
Descrição
Ano de
início da
utilização
Vida
útil
(Anos)
Valor do
inicio da
aquisição
R$
Valor
residual
(20%)
R$
Valor
Depreciável
R$
Depreciação
Acumulada
R$
Depreciação
mensal
R$
Valor
Contábil
R$
Mangueira 2006 20 20.000,00 4.000,00 16.000,00 9.800,00 66,67 10.200,00
Galpão 2006 20 100.000,00 20.000,00 80.000,00 49.000,00 333,33 51.000,00
TOTAL 120.000,00 24.000,00 96.000,00 58.800,00 400,00 61.200,00
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A mangueira é o local utilizado para recolher o rebanho quando há a necessidade de
fazer o manejo e até mesmo uma análise mais minuciosa. Para cálculo foi considerando o ano
de utilização 2006 e valor de início de utilização R$ 20.000,00 com vida útil de 20 anos. O
valor residual de R$ 4.000,00 é o valor que se espera vender no final de sua vida útil, sendo o
valor depreciável de R$ 16.000,00 a diferença entre valor de aquisição e o valor residual. Já
no que se refere a depreciação mensal de R$ 66,67, divide-se o valor depreciável pela vida
útil do bem que equivale há 240 meses, a depreciação acumulada de R$ 9.800,00 é a
depreciação mensal multiplicada pela quantidade de meses que o bem já depreciou que nesse
caso 147 meses, e por fim o valor contábil de R$ 10.200,00 que é o valor de aquisição menos
a depreciação acumulada.
O galpão que é item fundamental para manter o rebanho em confinamento por
aproximadamente sete meses, é todo coberto com dezoito divisórias em alvenaria medindo
cada uma 20m², e cada divisória contém comedouros de ração, e um tanque d’água. Logo para
fins de cálculo do galpão será considerado o mesmo aplicado na mangueira.
Na manutenção do galpão segundo informações do empresário, de forma arbitrária,
são gastos aproximadamente R$ 1.000,00 por ano, não tendo um controle definido dos
mesmos, assim torna-se difícil a mensuração desses pequenos reparos feitos no decorrer desse
período.
Além da manutenção do galpão, o empresário conta com um veículo conforme será
mencionado que agrega o valor de R$ 200,00 por mês durante os dez meses de combustível
para visita ao confinamento.
Para melhor atender as necessidades e se deslocar na propriedade, a mesma faz uso de
um veículo e três equipamentos, sendo demonstrados na tabela 2.
16
Tabela- 2 Veículos e Equipamentos da propriedade
Descrição Ano de
Aquisição
Vida
útil
(Anos)
Valor de
Aquisição
(custo)R$
Valor
Residual
R$
Valor
Depreciável
R$
Depreciação
Acumulada
R$
Depreciação
Mensal R$
Valor
Contábil
R$
Veículo 2015 5 51.000,00 35.000,00 16.000,00 10.400,00 266,67 40.600,00
Balança 2010 10 5.500,00 3.000,00 2.500,00 2.062,50 20,83 3.437,50
Silos 2012 10 16.000,00 10.000,00 6.000,00 3.750,00 50,00 12.250,00
TOTAL 72.500,00 48.000,00 24.500,00 16.212,50 337,50 56.287,50
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
O veículo é utilizado para o desenvolvimento das atividades propostas dentro da
propriedade, foi adquirido em 2015 por R$ 51.000,00 com vida útil 05 anos, residual R$
35.000,00 é valor que se espera vender o bem no final de sua vida útil, sendo o valor
depreciável de R$ 16.000,00 a diferença entre valor de aquisição e o valor residual. Já no que
se refere a depreciação mensal de R$ 266,67, divide-se o valor depreciável pela vida útil do
bem que equivale há 60 meses, a depreciação acumulada de R$ 10.400,00 é a depreciação
mensal multiplicada pela quantidade de meses que o bem já depreciou que nesse caso 39
meses, e por fim o valor contábil de R$ 40.600,00 que é o valor de aquisição menos a
depreciação acumulada.
A balança para pesagem comporta até 1.000 kg, além de ser indispensável para a
pesagem na aquisição e na venda, serve para controle do crescimento do rebanho no decorrer
do período.
Os dois silos são utilizados para estocagem do milho, com capacidade de
armazenamento de 12.000 quilos cada, ficando o produto livre de roedores, insetos e pássaros,
longe da umidade e com fácil manuseio, mantendo a qualidade dos grãos. Para fins de cálculo
da balança e dos dois silos foram aplicados os mesmos procedimentos do veículo.
4.3 INFORMAÇÕES DA PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE
Nessa etapa busca- se demonstrar para o leitor de onde os custos foram coletados e
para onde irá o resultado alcançado, através da caracterização da empresa e dos custos nela
possuídos. Cabe deixar definido nesse capítulo o método de custeio utilizado para apresentar
os cálculos, que nesse estudo é o custeio por absorção que leva em consideração os custos
diretos, indiretos e variáveis ligados a produção da engorda de rebanho.
17
Logo, definido o sistema de custeio que será utilizado, serão apresentados nas tabelas
alguns parâmetros que influenciam diretamente no processo de custeamento. Definiu-se com
o empresário, parâmetros gerais da fase de engorda, os quais são apresentados de uma forma
clara e precisa.
Tabela 3 - Informações gerais da compra
Lotes Data da compra
Rebanho Raça Quantidade Peso
total/Kg Preço/kg
R$ Total R$
1 14/05/2017 Macho Charolês 16 3.432 6,00 20.592,00
2 16/05/2017 Macho Hereford 29 4.573 6,00 27.438,00
3 18/05/2017 Macho Red Angus 15 2.021 6,00 12.126,00
4 20/05/2017 Macho Bramam 13 2.294 6,00 13.764,00
5 20/05/2017 Fêmea Red Angus 27 6.362 5,50 34.991,00
TOTAL 100 18.682 108.911,00
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Logo para a preparação da tabela considerou-se as seguintes informações: A aquisição
de cinco lotes, quatro de machos e um de fêmeas totalizando 100 bovinos; o peso total da
entrada de 18.682 kg; com o valor de compra de R$ 6,00 o kg dos machos e R$ 5,50 das
fêmeas com custo total de aquisição de R$ 108.911,00.
4.4 CUSTOS FIXOS DA ENGORDA DE BOVINOS
A propriedade em estudo possui custos fixos, esses agregados a produção, onde
independente da quantidade do rebanho em engorda seus custos não variam, conforme tabela
4.
Tabela 4 - Custos fixos da propriedade Descrição Aluguel Energia Elétrica TOTAL
Valores R$ 900,00 R$ 875,00 R$ 1.775,00 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Os valores apresentados na tabela acima somam um montante de R$ 1.775,00,
referente a três meses de aluguel que corresponde a R$ 300,00 mensais, com energia elétrica
uma média mensal de R$ 125,00 nos sete meses de confinamento, conforme notas
apresentadas pelo proprietário, utilizada para funcionamento de lâmpadas e bomba d’água
para abastecer os reservatórios.
18
4.5 CUSTOS DIRETOS
Como custos diretos da propriedade Weber direcionados ao ramo de engorda de
bovinos têm-se: os custos com aquisição, alimentação e tratamento além dos custos fixos, já
citados.
4.5.1 Custos com alimentação
A alimentação é feita unicamente a base de milho e alto grão, ou seja, a cada 100 kg
de milho e 15 kg de alto grão, proporção essa que acontecerá a mistura. Esses insumos são
adquiridos de cooperativas e quem determina o valor é o mercado, tornando difícil a redução
desses custos.
Tabela 5 - Custo com Milho e Alto Grão
Lote Período
Confinado Bovinos por lote
Total (Kg)
Custo (kg) R$
Consumo por animal
(Kg) Média
Custo diário
R$
Consumo no período
(Kg)
Custo por animal no período
R$
Custo total lote
(bovinos) R$
1 214 16 7.996 0,87 7,25 6,29 1.552 1.346 21.530
2 254 29 14.330 0,78 7,25 5,68 1.842 1.442 41.832
3 301 15 7.852 0,88 7,25 6,36 2.182 1.913 28.694
4 254 13 6.616 0,82 7,25 5,97 1.842 1.518 19.733
5 214 27 12.737 0,87 7,25 6,28 1.552 1.345 36.317
TOTAL 100 49.531 8.970 148.106,00
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
Na tabela 5 foi utilizado um método de arredondamento para melhor visualização das
informações. Calculou-se o custo de alimentação por lote devido a aquisição ser feita de
diferentes fornecedores, com pesagens diferenciadas e por haver aquisição de um lote de
fêmeas. O custo total com a alimentação dos bovinos num período médio de dez meses perfaz
um total de R$ 148.106,00. Segundo o empresário como ele mesmo disponibiliza o alimento
nos cochos, identificou- se que em média o animal consome 7,25 kg por dia nos dez meses
que permanece confinado. Assim, será demonstrado o cálculo do lote 01 servindo de base
para os seguintes.
Considerado um custo total com alimentação do lote 01 de R$ 21.530,00, que dividido
pela quantidade de 16 machos obteve-se um custo por animal no período confinado de R$
1.346,00. Para se obter o consumo no período de 1.552 kg multiplica-se o consumo por
19
animal pelo período confinado de 214 dias, para encontrar o custo por kg de milho e alto grão
de R$ 0,87 deve-se dividir o custo por animal pelo consumo no período. Logo, com o custo
por kg de 0,87 que multiplicado pelo consumo (kg) de R$ 7,25 obtém-se o custo diário de R$
6,29 por animal.
4.5.2 Custos com tratamento
Por fim, apresenta-se os custos com tratamento, já que, a saúde é essencial para o
desempenho do rebanho. Caso a propriedade não trabalhe com um manejo adequado, a
produção não acontecerá com a máxima eficiência, logo evitando custos extras com
veterinário que são necessários para curar enfermidades causadas pela falta de cuidado.
Tabela 6 - Custos com tratamento
Descrição Qtde de bovinos
Qtde (ML)
Custo total R$
Custo por animal
R$
Qtde p/ animal (ML)
Valor por animal R$
Valor total
rebanho R$
Ivermectina 100 1000 340,00 0,34 10 3,40 340,00
Vacina Carbúnculo 100 500 100,00 0,20 5 1,00 100,00
TOTAL 4,40 440,00
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A tabela 6 está detalhando os custos com o tratamento executados na prevenção do
rebanho. Evidencia-se: o Ivermectina que elimina possíveis vermes presente no animal, e o
Carbúnculo que previne doenças como tumores que pode levar a morte do rebanho.
Para o custo total com medicamentos o empresário disponibilizou as notas fiscais de
compra e também informou a quantidade necessária de medicamento para cada animal. Sendo
10 ml de Ivermectina para duas aplicações e 5 ml de Carbúnculo para uma aplicação isso para
o período de dez meses.
Como os valores foram retirados de notas fiscais e a quantidade por animal
disponibilizada pelo empresário, fez-se o custo de cada tratamento pela sua unidade de
medida, que multiplicado pela quantidade utilizada por animal originou-se um tratamento
total por cabeça de R$ 4,40. Todos esses tratamentos, atendendo a demanda de 100 bovinos
que incide um custo total no período de R$ 440,00.
20
4.6 CUSTO TOTAL
O custo direto total é todos os custos elaborados até o momento, visando proporcionar
ao empresário um conhecimento geral de todos os gastos, pois uma vez que decisões tomadas
de forma errada podem ser extremamente custosas para a empresa, por isso a necessidade de
apurar. A informação dos custos totais, auxilia na tomada de decisões, seja no controle de
custos ou investimentos agregando ao empresário conhecimento do valor desembolsado por
animal, sendo possível identificar se a atividade desempenhada na empresa opera com lucro
ou prejuízo.
Tabela 7 - Custo Total
Descrição Macho (R$) Fêmea (R$)
Aquisição 73.920,00 34.991,00
Depreciação 4.352,63 1.609,88
Manutenção 608,33 225,00
Combustível 1.460,00 540,00
Aluguel 657,00 243,00
Energia Elétrica 638,75 236,25
Alimentação 111.789,00 36.317,00
Medicamentos 321,20 118,80
TOTAL 193.746,91 74.280,93 Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A tabela 7 descreve os custos totais desde a aquisição até o final da engorda, os
mesmos foram calculados separadamente, perfazendo um custo total com os machos de R$
193.746,91, que dividido pelo peso de saída, de 36.794 kg, apura-se um custo por kg de R$
5,27. Já as fêmeas tem um custo total de R$ 74.280,93, que dividido pelo seu peso total de
saída de 12.737 kg, obteve-se um custo por kg de R$ 5,83.
Diante do exposto, para que haja a redução desses custos como, por exemplo:
aquisição e alimentação, o empresário deve buscar a melhor oferta, que varia conforme
oscilações do mercado. Cabe ao empresário analisar, pesquisar através dos fornecedores
informações sobre a tomada de preços para tentar diminuir seus gastos.
21
4.7 RESULTADO
Em qualquer ramo de atividade se almeja a obtenção de resultados concretos. Para a
atividade rural não é diferente. Assim, na tabela 8 será demonstrado o resultados finais da
empresa em estudo.
Tabela 8 - Resultado
Venda Qtde
de bovinos
Peso total de venda kg
Preço de
venda kg R$
Valor total de Venda R$
Funrural 1,5%
Custo total R$
Resultado final R$
Resultado final por Kg R$
Macho 73 36.794 6,10 224.443,40 3.366,65 193.746,91 27.329,84 0,74
Fêmea 27 12.737 5,70 72.600,90 1.089,01 74.280,93 -2.769,04 -0,22
TOTAL 100 49.531 297.044,30 4.455,66 268.027,84 24.560,80
Fonte: Elaborado pela autora (2018)
A tabela 8 detalha o resultado final da engorda por kg, onde o empresário em consulta
à seus clientes chegou a um preço de venda acessível e também compatível com mercado
pecuarista de R$ 6,10 para os machos e 5,70 para as fêmeas. Sabendo-se que os lotes de
machos no final do ciclo de engorda produziu um peso total 36.794 kg, multiplicado pelo
preço de venda obteve-se uma receita total de R$ 224.443,40, e o lote de fêmeas também em
seu ciclo final de engorda com peso total 12.737 kg que multiplicado pelo preço de venda R$
5,70 teve-se um receita de 72.600,90. Logo, deduziu os devidos custos totais R$ 268.027,84 e
de impostos (Funrural) R$ 4.455,66 resultou num lucro líquido de R$ 24.560,80.
Apresentando um resultado final por kg de R$ 0,74 com os lotes de machos e um resultado
negativo de R$ (0,22) com o lote de fêmeas.
Vale elencar que o empresário teve um lucro de R$ 374,38 por macho, e com a fêmea
um prejuízo de R$ (102,56). Sendo que se chegou a esses valores dividindo o resultado final
de R$ 27.329,84 pela quantidade de bovinos que no caso dos machos foi de 73 e no das
fêmeas o resultado final de R$ (2.769,04) pela quantidade de 27.
É importante mencionar, que o resultado negativo ocorreu apenas com o lote de
fêmeas, que conta com algumas particularidades. Ou seja, mesmo sendo desembolsado um
valor por quilo menor do que os machos e com peso médio de aquisição maior, as fêmeas
levam o mesmo tempo de confinamento e tem um ganho de peso menor que na comparação
com os lotes de machos. O preço do mercado, na saída, também é determinante para revelar
um ganho menor, já que é pago menos quanto se trata de fêmeas, ou seja, a carne da fêmea é
22
menos procurada pelos frigoríficos, pois rendem menos carne do que o macho. Os resultados
obtidos serão apresentados em gráfico 1.
Gráfico 1: Demonstração dos resultados Obtidos
Fonte: Dados da pesquisa (2018)
4.8 VISÃO SISTÊMICA APLICADA AO CASO
A contabilidade se destacou muito nesses últimos anos, devido a necessidade do
mercado em receber informações cada vez mais detalhadas e hábeis para a tomada de
decisões tanto gerencias, administrativas ou financeiras. Sendo o contador a ferramenta
fundamental na contribuição da gestão do negócio.
Nesse contexto, explorou-se um ramo de contabilidade, que é a de custos,
demonstrando sua evolução, com bases em conceitos mais atualizados. Ela fornece
informações para diversos níveis gerenciais fazendo com que as entidades diminuam seus
riscos relativos à administração presente e futura, visando a garantia e continuidade nos
negócios.
Relacionando a contabilidade de custos com a área rural, percebe-se que nos dias
atuais é muito limitado a utilização de métodos da contabilidade para auxílio na gestão dessa
atividade. Os métodos de custeio normalmente não são utilizados nas propriedades, que não
conhecem seus custos e seus resultados. Além disso, não utilizam suas ferramentas para o
sucesso e alavancagem dos negócios pecuários.
23
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Brasil possui um vasto território, que em grande parte é utilizado para a atividade de
pecuária. É uma forma econômica desenvolvida em áreas rurais que consiste na criação de
gado, com o objetivo de comercializá-los, suprindo ainda as necessidades da família do
criador.
A atividade pecuária brasileira como qualquer outra atividade, necessita cada dia mais
de um modelo de gestão, que forneça ao empresário dados confiáveis que possam ser
utilizados para tomada de decisões. Por esse e outros tantos motivos é necessário que o
empresário rural invista na profissionalização do setor e na adoção de técnicas gerencias, ou
seja, a utilização da contabilidade propriamente dita.
Na busca de apresentar com clareza ao empresário rural, o estudo demonstrou o custo
da engorda de animais bovinos em uma propriedade rural no município de São Ludgero num
período de dez meses, evidenciando de forma simples e objetiva ao empresário qual o custo
por quilo de carne produzida. Desta forma, alcançando o objetivo geral dessa pesquisa que era
demonstrar o custo da engorda de animais bovinos em uma propriedade rural no município de
São Ludgero num período de dez meses, com o auxílio dos objetivos específicos.
Como resultado, chegou-se a um lucro com os machos por cabeça de R$ 374,38 e com
as fêmeas um prejuízo por cabeça de R$ 102,56.
Dessa forma, a pesquisa evidenciou um resultado que promoveu a insatisfação do
empresário com a produção de fêmeas, demonstrando a importância de se conhecer as
informações para melhorar os resultados da propriedade. É importante que o empresário tome
medidas corretivas no rumo de seu negócio.
Portanto, faz-se necessário evidenciar a importância da contabilidade de custos no
meio rural, auxiliando para a evolução dos resultados e apresentando respostas imediatas, no
caminho que a propriedade está seguindo.
Para a pesquisadora o estudo contribuiu para seu conhecimento e afirmou a
importância de seu estudo. Fica aqui o incentivo as novas pesquisas nessa área para aumentar
o conhecimento sobre esse assunto.
REFERÊNCIAS
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24
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