Fabricação de uma Embarcação

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    1 Preparao do Material

    Os aos de construo naval antes de passarem face de elaborao dos

    caldeireiros navais, devem ser previamente preparados.Com efeito o material ao sair da siderurgia sofre deformaes resultantes dosarrefecimentos desiguais a que est sujeito aps a laminagem.Posteriormente e por mais cuidado que haja com o seu transporte emanipulaes, outras deformaes acontecem, pelo que necessriodesempen-lo.

    Por outro lado est cada vez mais aceite a ideia de se submeter previamenteo ao a uma decapagem e pintura com primrio, que assegura a protecodo material durante o tempo que dura a construo at que a aplicao dasdemos definitivas de pintura. Efectivamente o tratamento da superfcie docasco apenas no final da construo tem inconvenientes e preos toelevados que hoje em dia inconcebvel projectar um estaleiro moderno semuma instalao de decapagem e pintura.

    Estas instalaes so normalmente automatizadas, compondo-se dumaprimeira fase em que as chapas so elevadas com gua doce e secas emestufas. De seguida so decapadas com grenalha que projectada emambas as faces simultaneamente. Dispositivos de sopragem aspiraoremovem a grenalha que limpa para ser reutilizada.

    Fig. 12

    As chapas limpas so imediatamente cobertas com uma camada de primrio,conforme mostra a (fig.12). A tinta a utilizar alem de proteger o ao durante afabricao, mantm a superfcie em condies para levar as demos finais depintura sem necessidade de nova decapagem.

    Alm disso deve ter uma composio que evite a libertao de gases txicos

    durante a soldadura ou aquecimento das chapas na enformao a calores.

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    Descrevem-se a seguir os processos mais significativos utilizados nodesempeno de chapas.

    1.1 Desempeno na Fieira

    A fieira um processo mais importante no desempeno de chapas. Trata-seduma mquina composta por duas sries de rolos, por onde as chapas soobrigadas a passar, sofrendo deflexes alternadas.

    Utilizando-se em construo naval chapas de grande espessura, estasmquinas tero de ter grande capacidade e potncia para apenas numapassagem as desempenarem em toda a sua dimenso (fig.13).

    Fig. 13

    As chapas so comprimidas pela presso dos rolos superiores e empurradaspela fora de traco dos rolos inferiores que so accionadosindependentemente um do outro.

    A preciso consegue-se evitando qualquer flexo entre os rolos, pelo queestes esto apoiados em contra-rolos que por sua vez esto apoiados emvigas muito robustas.

    1.1.1 Fundamento da fieira

    Se houver uma chapa com curvaturas emambos os sentidos, ao passar entre osrolos 1,2 e 3 indicados na fig.14, a pressoexercida entre os rolos tal que o limiteelstico da chapa ultrapassado, pelo queesta fica com curvatura apenas numsentido, embora varivel de geratriz para

    geratriz. Quando em seguida forada adobrar entre os cilindros 2, 3 e 4, ao ser

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    ultrapassado o limite elstico a chapa fica com curvaturas em sentido oposto,mas agora uniforme.

    Finalmente ao passar entre os rolos 3, 4 e 5 d-se uma nova curvatura emsentido oposto ao da ltima, mas agora a deformao existente para alm daforma plana corresponde forma elstica, ou seja igual e oposta ao efeito demola que resulta da cessao das foras aplicadas.

    A chapa fica ento plana. Do exposto conclui-se que a fieira ter no mnimocinco rolos. Nas chapas muito finas, o desempeno faz-se em fieiras tendomais rolos.

    1.2 Desempeno por estancao

    Uma mossa ou cova numa chapa fina pode resultar da sua martelagem sobreum bigorna em passes sucessivos e decrescentes do centro para a periferia,conforme mostra a fig.15. Na zona martelada, a espessura da chapa diminui

    ligeiramente ao mesmo tempo queaumenta a superfcie, impedida dese estender os bordos pelo resto dachapa no martelada.

    Forma-se assim uma mossa queser tanto maior quanto mais semartelar a zona central.

    Fig. 15

    a esta compresso local muito intensa que se designa por estancao, e oseu efeito pode ser aproveitado no desempeno.

    Para anular a mossa, torna-se necessrio alongar a chapa em volta damossa. Esse alongamento ter de ser nulo no centro, crescendo depois paraa periferia da zona deformada e mantendo-se uniforme na chapa nomartelada inicialmente (fig.16).

    Fig. 16 Fig. 17

    Para alongar, ou seja martelar a zona no deformada inicialmente, vrios

    processos so possveis:

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    - Por passes circulares (fig.17).

    um mtodo difcil de aplicar correctamente quando existem deformaesmltiplas e principalmente em chapas rectangulares.

    Por passesradiantes (fig.18)

    Neste mtodo, indispensvel execuo correcta do desempeno de chapasfinas, uma vez que se exigem passes intermdios e alternados como mostraa figura.

    Fig. 18Fig. 19

    - Por passesparalelos (fig.19)

    Este o mtodo que d melhores resultados. Na zona da mossa osalongamentos devem ser cada vez menores espaando os golpes demartelagem e reduzindo a sua intensidade.

    No entanto h um cuidado a ter qualquer que seja o mtodo. Nunca se devemartelar junto ao bordo da chapa, devendo os passes parar pelo menos a10mm do extremo, como mostra a fig.20.

    Fig. 20 Fig. 21

    Tudo o que ficou dito se aplica ao caso de deformaes mltiplas (fig.21),incluindo os bordos distendidos que podem ser considerados como mossascortadas ao meio e assinalado na figura com a letra D.

    O mtodo dos passes em todas as zonas muito alongadas.

    Se necessrio faz-se uma segunda srie de passes, segundo uma direco

    perpendicular precedente e assim sucessivamente at ao desempenoperfeito.

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    O desempeno da curvatura de chapas espessas tambm pode ser feito peloprocesso de estiramento. Neste caso aplicam-se golpes de marreta ouprensa no lado cncavo da chapa, conforme mostra a (fig.22).

    Fig. 221.3 Desempeno por estiramento

    O desempeno por estiramento praticamente s usado nas siderurgias.

    Consiste em dar chapa uma deformao plstica provocada por umatraco.

    A chapa fixada por mordentes nos topos e submetida a um esforo detraco que ultrapassa o limite de elasticidade primeiro nas zonas planas, e medida que o comprimento aumenta, tambm as zonas deformadas se voendireitando at ficarem tambm elas planas.

    A deformao plstica deve ser feita de modo a que fiquem tenses iguaisem todas as

    seces e assim ao ser retirada a fora aplicada, a chapa permanea plana.

    1.4 Desempeno por processos trmicos

    Neste processo h duas variantes a distinguir:

    1.4.1 Calores meia espessura

    O desempeno por calores meia espessura fundamenta-se numa deflexoprovocada por tenses de origem trmica, quando se provoca oaparecimento de uma variao de temperatura na direco da espessurapelo aquecimento rpido da chapa feita de um s lado, seguido dearrefecimento.

    Assim se numa chapa plana, fizermos um aquecimento rpido de uma dasfaces, criam-se nessa face tenses internas de compresso devido dilatao do material junto a essa face ser contrariada pelo material que noaqueceu. Se o aquecimento for suficientemente rpido haver deformaoplstica por compresso do lado da face aquecida; se seguidamente, a peaarrefecer aparecem tenses inversas ( porque as partculas do material dolado quente ficaram mais curtas, devido deformao plstica sofrida ) emaiores que as anteriores, visto que as tenses mximas que se podematingir correspondem ao limite elstico e este maior a frio do que a quente.

    Devido a isto a chapa forada a flectir, como se mostra na fig.23.

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    Aqui a chapa era inicialmente plana, e no fim, ficou flectida. claro que seinicialmente a curva fosse no sentido inverso, a chapa teria ficado plana.

    Fig. 23 o que se fez aplicando calorespontuais (ventosas) no ladoconvexo da chapa quando sepretende desempen-la (fig.24).

    Como se ver mais frente, emcertos casos vantajoso aaplicao de calores lineares meia espessura em vez deventosas.

    Fig. 24

    1.4.2 Calores a todo a espessura

    Este processo de certa forma, inverso do processo de estancao efundamenta-se num aumento de espessura e consequente reduo desuperfcie, resultante da deformao plstica por compresso a que ficasujeita a regio duma chapa que seja aquecida e no possa dilatar-selivremente por as regies frias da chapa a constrangerem.

    Este processo pode ser utilizado na supresso mossas, aplicado uma sriede ventosas a toda a espessura e em nmero varivel segundo a importnciada deformao conforme indicado na fig.25.

    Fig. 25

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    Para o aquecimento utiliza-se normalmente o maaricooxiacetilnico. O desempeno a calores pouco eficaz no alumnio,uma vez que a sua boa condutibilidade se ope aplicao decalores localizados.

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    2 Elementos InformativosComo j foi visto noutra disciplina, a traarem o conjunto de tarefasexecutadas pela sala do risco, para traduzir em linguagem oficial, oselementos informativos referentes ao casco.

    Os elementos informativos oficinais podem dividir-se basicamente em doistipos:

    Elementos destinados ao corte : Moldes e Crceas

    Elementos destinados enformao : Crceas e Carcaas

    2.1 Elementos informativos destinados ao corte

    Estes elementos permitem fazer a marcao escala natural, o que feitoassinalando directamente sobres as chapas os pontos notveis com auxliodum puno.

    Para se obter a forma da pea, os pontos so ento unidos, o quenormalmente feito pelo batimento das linhas a giz.

    Os moldes so utilizados para a marcao de peas pequenas. Sonormalmente feitos de carto hidrulica, uma vez que as peas representamso regra geral direitas e de pequenas dimenses. O traado dos moldes feito a lpis por construo geomtrica sobre o carto.

    As crceas destinam-se marcao de chapas do costado, desuperestruturas ou de cavernas como indicada na (fig.26).

    Nestes casos dadas as grandes dimenses das peas, no prtico o usode carto hidrulico, pelo que seconstrem molduras de tbuas quecubram as reas pretendidas. Estasmolduras so devidamente travadas enelas se inscrevem todas as linhas amarcar nas chapas. Para permitir umajustamento perfeito do puno, so ascrceas furadas nos pontos notveis,com uma broca de dimetro ligeiramente

    superior ao puno a usar.

    Fig. 26

    2.2 Elementos informativos destinados enformao

    Consistindo a enformao em transformar uma superfcie plana numadeterminada superfcie curva, os elementos informativos dados aoscaldeireiros navais devem permitir a definio dessa superfcie curva.

    As crceas de enformao so construdas de forma idntica s de marcao

    e destinam-se definio de chapas simples como sejam as chapascilndricas. Nestes casos a enformao consiste em dar chapa uma

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    curvatura constante para o que se usa calandra ou a quinadeira como sever mais frente. Um exemplo de crcea deste tipo a que contm ocontorno de vrias balizas iguais que se ligam mesma chapa na zonacilndrica dum navio.

    H casos em que a enformao duma chapa definida por um conjunto decrceas, como seja o caso duma chapa cnica. Neste caso h tambm quefornecer aos caldeireiros os diedros (ngulos) que definem os planos dasbalizas com a superfcie da chapa, para que as respectivas crceas possamser devidamente posicionadas.

    A fig.27 indica uma crcea,pertencente a um conjunto decrceas, definindo a enformaoduma chapa quilha.

    Mas as superfcies enformadasmais complexas so definidasatravs das carcaas queconsistem numa armao demadeira (a trs dimenses) e que

    materializa escala natural, essa superfcie.

    Fig. 27

    Para tanto so fixadas entre si e respeitando as distncias e ngulos devidos,uma srie de crceas que fornecem os contornos dos troos das balizas

    correspondentes chapa a considerar.Uma carcaa define a respectivasuperfcie na ossada e contm ainda asmarcaes indispensveis que devemser transportadas para a chapa aps aenformao, e que permitam no s ocorte do seu contorno, como asoperaes seguintes de montagem.

    A fig.28 mostra a carcaa que defineuma chapa na zona do encolamento.

    A realizao das crceas ou dascarcaas faz-se obtendo elementos doplano geomtrico.

    Fig. 28

    No caso dos perfis, os elementos informativos necessrios resumem-se marcao por medio para o corte e sua utilizao de crceas ou umsimples virote para o caso da enformao.

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    3 CorteSeguindo a trajectria do material ao longo da oficina de construo naval, aschapas e perfis depois de marcados, so cortados.

    O corte pode ser feito basicamente por dois meios:- Trmicos

    - Mecnicos

    3.1 Corte trmico

    No corte trmico, tal como o nome indica, o corte feito sob aaco do calor havendo trs tipos diferentes a considerar:

    3.1.1 Oxicorte

    O oxicorte o processo mais importante de corte em construo naval. A suautilizao no entanto restringida aos aos com baixo teor em carbono. Oprincpio do oxicorte assenta na combusto localizada do ao. Para issoutilizam-se os chamados maaricos de corte que consomem acetileno oupropano, e oxignio.

    A operao faz-se em dois tempos:

    Aquecimento da chapa a cerca de 1300C com uma chama de

    aquecimento, regulada pelas torneiras A e B indicadas na fig. 29.

    b) Projeco dum jacto de oxignio concentrado que queima o metal a suapassagem, realizando como que uma sangria por oxidao. A presso dooxignio regulada pela torneira indicada com a letra S, facilita a expulso doxido.

    O bico do maarico possui um orifcio central por onde passa um jacto decorte, rodeado pela chama de aquecimento.

    Deslocando-se continuamente o maarico, o corte prossegue, conseguindo-se cortar chapas com espessuras desde 1mm at 150 mm.

    A ttulo indicativo, mostram-se no quadro 1 as caractersticas do processo deoxicorte com acetileno:

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    Espessura doao

    (mm)

    Presso doOxignio(Kg/cm)

    Litros deAcetileno/m

    Litros deOxignio/m

    Velocidade decorte

    (m/h)

    35

    10

    20

    30

    40

    50

    1,52,5

    3

    3,5

    4

    5

    5,5

    1012

    17

    25

    40

    50

    60

    5575

    120

    225

    350

    450

    600

    2220

    18

    15

    12

    10

    8

    Quadro 1A presso de Oxignio e de Acetileno para a chama de aquecimento normalmente de 1Kg/cm para cada um.

    O oxicorte pode serrealizado

    manualmente ou commquinas semi-

    automticas, conforme

    mostra a (fig.30), em que um pequeno carro elctrico se desloca sobre umasguias, permitindo cortes rectos perfeitos.

    das dum molde (fig.3). Com estas mquinasobtm-se grande produtividade.

    umrico (computarizado) ou por leitura ptica em desenhoapropriado.

    Quando se pretende cortar um grande nmero de peas iguais como quesejam esquadros para a construo dum navio, h vantagem em utilizar

    mquinas automticas que com auxlio dum sensor e dum pantgrafo cortamuma pea com dimenses copia

    Existem ainda outros tipos de mquinas de oxicorte em que o seu comandopode ser n

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    Fig. 31 Fig.32

    Em algumas mquinas podem cortar-se os dois bordos paralelos dumachapa, o que equilibra as deformaes de origem trmica.

    Montando dois ou trs maaricos desfasados na cabea duma mquinaautomtica, podem obter-se numa nica passagem chapas cortadas echanfradas, conforme mostra a (fig.32).

    3.1.2 Corte por plasma

    Como por oxicorte apenas se podem cortar aos com baixo teor em carbono,o corte trmico dos aos inoxidveis, alumnio e ferros fundidos faz-se por

    outros processos como o caso do corte por plasma.Consiste num corte por fuso em que nu

    que

    ig. 33

    m maarico especial, normalmentechamado tocha se mistura um gscomposto de argon e hidrogniosob a aco dum arco elctrico,formando o plasma que incididosobre uma chapa desenvolvetemperaturas muitos altas e quepodem atingir os 20 000 C(fig.33).

    Com esta tcnica,dispendiosa, podem-se cortarespessuras at um mximo de100 a 150 mm.

    F

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    3.1.3 Corte por arco elctrico

    Outro processo o corte por arco elctrico com elctrodos de carvo (ochamado abrir o carvo ).

    O metal fundido sob a aco dum arco elctrico entre a pea e o elctrodo

    de carvo, sendo em seguida soprado por um jacto de ar comprimido. Estatcnica d cortes imperfeitos, pelo que raramente usada, com excepo dareparao de cordes de soldadura onde tem grande utilizao.

    3.2 Corte mecnico

    O corte por meios mecnicos tem vindo a cair em desuso nos estaleirosnavais, embora ainda se use para pequenas peas.

    Descrever-se-o a seguir os tipos de mquinas mais importantes.

    3.2.1 Tesoura Guilhotina

    As tesouras guilhotinas utilizam-se no corte de bainhas direitas.

    Para isso tm lminas compridas, sendo o corte feito num nico movimentoao longo de todo o comprimento. A sua capacidade pode ir, em certas

    Fig. 34

    mquinas, at chapas com comprimentos de 5m e espessuras de 50mm.

    Conforme mostra a fig.34, a chapa fixada por grampos ou macacoshidrulicos que a impedem de rodar quando pressionada pela lminasuperior mvel. O corte feito pelo desenvolvimento de tenses tangenciaisentre as duas lminas, que ultrapassam a tenso de rotura.

    Para que o esforo seja mais concentrado de modo a que as tenses (cargapor unidade de superfcie) sejam maiores, a lmina superior normalmenteinclinada (fig.35).

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    Fig. 35

    O esforo necessrio para efectuar o corte dado pela formula:

    P= 0,6 eRm

    tg

    Em que:

    P- Carga aplicar na lmina superior

    E Espessura da chapa a cortar

    Rm Tenso de rotura da chapa

    x- ngulo formado pelas lminas de corte

    Para evitar qualquer interferncia entre as duas lminas, existe uma folgaentre elas, assinalada na figura pela letra S e que no deve ser superior a 0,4

    mm. As faces de corte das lminas so tambminclinados para evitar qualquer atrito com bordosda chapa aps o corte.

    Com o mesmo princpio de funcionamento, outrostipos de tesouras so usadas nos estaleirosnavais:

    Quando se pretendem cortes com formassinuosas, utilizam-se tesouras circulares que em

    vez das lminas direitas, utilizam dois rolosrotativos (fig.36) que rolando em sentido inversoum do outro e estando em contacto com a chapaapenas numa pequena rea, permite que esta aomesmo tempo que cortada seja deslocada por

    forma a seguir o traado de corte desejado . O manuseamento destasmquinas exige pessoal altamente qualificado.

    Fig. 36

    No corte de chapas finas (at 3mm) usual utilizarem-se tesourasalternativas (tipo Pullmax).

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    Estas mquinas so caracterizadas pelas dimenses reduzidas das suaslminas (30 a 50 mm de comprimento) e pelo seu movimento alternativorpido (1000 a 2000 golpes por minuto) e de fraca amplitude. A mesa tem aforma duma ferradura com uma abertura (garganta) de 1 a 1,5 m deprofundidade, o que lhe permite fazer cortes direitos, embora a sua maior

    utilidade seja o corte de figuras irregulares. A sua velocidade de corte cercade 3 a 4 m /minuto, uma vez que em cada curso a chapa cortada numcomprimento igual ao das suas lminas.

    3.2.2 Plaina

    Uma mquina tambm importante em estaleiros de construo naval aplaina, que permite um acabamento perfeito das bainhas e topos dumachapa, quer o bordo seja recto ou chanfrado.

    constituda por uma mesa onde as chapas so posicionadas e fixadas como auxlio de macacos ou grampas hidrulicas. Dispe ento de um carro que

    se desloca ao longo da mesa e onde montado o ferro de corte que permitefazer os chanfros (fig.37) ou espartilhados, tambm conhecido por (dente)(fig.38). Nas plainas modernas, o carro dispe tambm de um disco de corte,o que permite na mesma mquina fazer o corte das bainhas.

    Fig. 37 Fig. 38

    3.2.3 Outras mquinas de corte mecnico

    Alm das referidas, outras mquinas so utilizadas, embora em escala maisreduzida, como sejam as prensas saca-bocados, que dispondo duma mesaonde podem ser montadas matrizes de formas variadas, bem como osrespectivos punes na corredia ou porta-punes, permitem obter o corteduma pea numa nica operao.

    Embora a sua capacidade esteja limitada a pequenas peas, com a suautilizao obtm-se grande nmero de cortes repetitivos.

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    4 ENFORMAO

    4.1 Definies e Princpios Gerais

    A enformao mecnica o conjunto de operaes que permitemtransformar uma superfcie plana numa superfcie curva pretendida, forandoo material a mover-se por deformao plstica.

    O trabalho de enformao deve ser norteado por duas regras fundamentais:

    - boa produtividade

    - eliminao das tenses internas do material

    A primeira regra suficientemente simples, dispensando explicaes, almde que a forma final das chapas obtida na oficina tem de ser muitoaproximada da pretendida, uma vez que qualquer correco a bordo originagrandes problemas.

    A eliminao de tenses residuais no material prende-se com a resistnciadeste para resistir aos esforos a que vai sendo sujeito e principalmente comos esforos de fadiga, que nem sempre sendo previsveis, podem emdeterminadas condies provocar o aparecimento de fissuras e at mesmo arotura dos materiais.

    A enformao de chapas pode dividir-se em dois grandes grupos:

    - enformao de superfcies planificveis

    - enformao de superfcies no planificveis

    Uma superfcie diz-se planificvel quando pode ser gerada por uma linharecta, ou seja, colocando uma rgua sobre um ponto qualquer dessasuperfcie sempre possvel encontrar uma posio em que a rgua est emcontacto com a superfcie em todo o seu comprimento.

    Por exemplo, as geratrizes de um cilindro direito ou oblquo so linhas rectas(Fig. 39).

    A enformao destas superfcies relativamente fcil de obter porenrolamento ou quinagem na calandra ou quinadeira, como se ver mais frente.

    Qualquer superfcie gerada por uma linha quebrada ou curva no palnificvel, tais como as calotes esfricas e as chapas em flecha (Fig. 40)

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    Estas superfcies podem ser obtidas por estancao, por estampagem, meiostrmicos ou outros e regra geral a sua execuo apresenta dificuldades bemmaiores que as planificveis.

    Depois de enformada praticamente impossvel dar a uma chapa noplanificvel a sua forma e dimenses iniciais, pois normalmente a suamanufactura acompanhada de modificaes sensveis na superfcie e naespessura.

    Descrever-se-o a seguir os principais efeitos conseguidos com a aplicao

    de esforos mecnicos, com a aplicao de calores e com a aplicao deambos, tendo como objectivo reuni-los posteriormente em mtodosoperatrios de enformao.

    4.1.1 Solicitaes Mecnicas

    Os processos de enformao a frio tm como base a deformao do materialprovocada por cargas que podem atingir centenas de toneladas. A fim de seconseguir um rendimento de trabalho aceitvel necessrio conhecer bem aforma de distribuir as deformaes sobre a chapa, de tal maneira que unsefeitos no contrariem os outros. H ainda que contar sempre com a

    recuperao elstica (efeito de mola) que o material sofre, sendo convenienteultrapassar a deformao pretendida a fim de que a chapa depois de aliviadaa carga, reduza a deformao ficando com a forma final pretendida.

    As solicitaes mecnicas que intervm na enformao so de trs tipos:

    - traco

    - compresso

    - flexo

    a) A traco resulta do efeito de duas foras contrrias que tendem a alongar

    uma

    pea, obtendo-se em toda a seco tenses uniformes de traco. Como se

    viu no estudo dos materiais, a tenso dada por:

    S

    Pt=

    em que a rea da seco considerada (Fig. 41).S

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    Este tipo de esforo pouco utilizado isoladamente, uma vez que a

    resistncia deformao oposta pela pea muito grande e o incio da

    deformao plstica apenas se d quando for ultrapassado o limite elstico, o

    que equivale a uma aproximao da tenso de rotura, pelo que ao menor

    descuido o processo difcil de controlar, podendo dar-se a rotura da pea.

    No entanto, conforme se viu no 3.3, as siderugias utilizam este tipo deesforo no desempenho por estiramento.

    b) A compresso tende a aproximar os topos da pea em carga e tem efeitosiguais aos de traco ou ainda maiores se se tiver em conta o perigo deflambagem, embora este s se ponha para peas altas e finas (Fig. 42).

    O efeito de compresso utilizado no desempeno por estancao, conformese viu no 3.2.

    c) Outro efeito e este largamente utilizado, o da flexo. Como asdeformaes por flexo so muito mais sensveis que as deformaes portraco ou compresso, o processo mais fcil de controlar circunscrevendo-

    se a uma zona bem definida. Efectivamente, aplicando uma carga sobre umabarra apoiada nos extremos, obtm-se tenses variveis em espessura e aolongo da barra (Fig. 43).

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    Aumentando a carga at que o limite elstico seja atingido nos extremos daseco, iniciar-se- uma deformao plstica que no caso dos metaisdcteis, como o caso do ao, progride lentamente do exterior para ointerior. Cessando a aplicao da carga, a pea embora recupere o efeito demola, j no volta posio inicial devido deformao plstica que sofreu e

    a fizeram aumentar de comprimento na face inferior e encurtar na superior(Fig. 44).

    As tenses de flexo podem ser controladas no s variando a cargaaplicada, como tambm variando a distncia entre os apoios da pea.Qualquer destes processos largamente utilizado na enformao mecnica,como o caso da calandra.

    d) A flexo pode aparecer combinada com a traco ou compresso. Aconfigurao destes efeitos acelera a deformao plstica. Com efeito, aaplicao de uma fora de traco a uma barra flectida provoca na faceinferior tenses de traco muito altas que ultrapassam o limite elstico,dando-se um estiramento do material nessa zona. Na face superior astenses de compresso so baixas, no bastando para o material sedeformar plsticamente (Fig. 45).

    Se a sobreposio for de compresso com flexo, as tenses mais elevadasatingem-se na face superior, sendo neste caso de compresso. D-se,portanto, o estancamento do material nessa zona, enquanto na face inferiorno se atinge o limite elstico (Fig. 46).

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    Estes efeitos so muito aplicados na estampagem, em que na primeira fase omaterial estirado por aco da funo e finalmente estancado no fundo damatriz. Em linguagem oficinal o estancamento conhecido por prender omaterial. Mas a estampagem ser tratada mais em pormenor noutrocaptulo.

    e) Um ltimo tipo de solicitao mecnica a torso, que nos estaleirosnavais praticamente s aplicada a alguns perfis.

    4.1.2 Aplicao de Calores

    A enformao a calores utiliza o calor localizado como forma de reduzir olimite elstico do material e consequentemente o esforo necessrio paraefectuar a deformao pretendida.

    Em regra utilizam-se os calores a meia-espessura para obter o efeito dequinagem, enquanto que o calor dado a toda a espessura conduz a umacontraco do material na zona onde aplicado.

    Neste tipo de enformao podem ser aplicadas solicitaes mecnicas, masapenas com o fim de reforar e orientar a aco dos calores, como o casoda utilizao da prensa para corrigir pequenos defeitos locais.

    Far-se- em seguida uma anlise dos diferentes efeitos do calor:

    a) Pontos de calor (ventosas)

    Fazendo incidir a chama de um maarico verticalmente sobre uma chapa,

    forma-se um crculo aquecido em que a temperatura mxima no centro eonde as tenses de compresso, que se geram nas fibras dilatadas eimpedidas de se expandir pelo material circundante que permaneceu frio,podem ultrapassar o limite elstico (Fig. 47).

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    Ao dar-se o arrefecimento inicia-se a recuperao elstica do material,reduzindo-se progressivamente as tenses de compresso at o seu valor seanular. A partir de ento a contraco das fibras prossegue, estabelecendo-se entre elas tenses de traco medida que a temperatura desce,acabando o material por ficar deformado (Fig. 48).

    Este calor pode ser aplicado de diversas formas, quer conseguindo umadistribuio homognea em espessura, quer apenas junto a uma das faces eobtendo-se consequentemente efeitos diversos, conforme j foi visto no 3.4sobre desempeno a calores.

    b) Linhas de calor

    H uma diferena fundamental entre pontos de calor e linhas de calor, no querespeita ao comportamento do material. Enquanto que com pontos de calor azona de trabalho circunscrita, opondo a chapa grande resistncia deformao, com linhas de calor a deformao mais sensvel econsequentemente mais controlvel, muito especialmente se o aquecimentofor aplicado de extremo a extremo da chapa.

    As alteraes da forma que uma linha de calor provoca sobre uma chapaplana, resultam da aco de contraco do material junto da superfcie deaquecimento, conduzindo a um efeito duplo de quinagem e encolhimentolongitudinal ao longo da linha de calor. Deste efeito de conjunto resulta emgeral uma enformao em concha (Fig. 49).

    As deformaes do material devidas s tenses trmicas de aquecimentoso muito inconvenientes por reduzirem o efeito de enformao.

    Com efeito, se o aquecimento for rpido e a chapa no estiver presa, omaterial pode dilatar-se no sentido oposto ao pretendido, provocando umaliviamento de tenses e uma maior dificuldade em ser atingido o limite

    elstico no compresso, necessrio para se obter o efeito de quinagem (Fig.50).

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    H ento todo o interesse em manter a chapa plana durante o aquecimento,para o que se pode recorrer a pesos, calos e grampos (Fig. 51), aplicandoum aquecimento lento e um arrefecimento rpido.

    A orientao da contraco longitudinal, que aparece juntamente com aquinagem, depende da posio do eixo neutro da chapa, que de uma formasimplificada se pode considerar passando pelo seu centro de gravidade.

    Se a linha de calor est situada superiormente ao eixo neutro, como o caso

    da chapa plana, o momento flector originado confere-lhe a forma de concha(Fig. 52).

    No caso da linha de calores ser inferior ao eixo neutro obtm-se aenformao em sela (Fig. 53). E logicamente no existe deformaolongitudinal quando a linha de calor passa pelo eixo neutro (Fig. 54).

    No entanto, a deformao provocada pela contraco longitudinal bastanteinferior conseguida pelo efeito de quinagem.

    Uma forma de reduzir a contraco longitudinal aplicar as linhas de calor deforma descontnua, ou seja, em segmentos isolados, embora o efeito dequinagem tambm seja menor.

    O enrolamento de uma chapa pode ser conseguido utilizando linhas de calorparalelas distribudas ao longo da superfcie e conduzindo normalmente a umefeito de concha pouco pronunciado (Fig. 55).

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    Uma distribuio de linhas de calor maior na periferia que no centro dachapa, favorece o efeito de concha (Fig. 56), enquanto que uma distribuiomaior no centro conduz ao efeito contrrio, ou seja, de sela (Fig. 57).

    Porm, nem sempre os enrolamentos so variveis da banha para o centroda chapa, a que conduzem aquelas distribuies de calor. entoconveniente aplicar linhas contnuas nas banhas e descontnuas no centropara chapas em concha ou contnuas no centro e descontnuas nas banhas

    para chapas em sela.Ao efectuar o aquecimento de linhas paralelas, este deve ser dado sempreno mesmo sentido sob pena de aparecerem deformaes variveis einconvenientes, que derivam da sobreposio das temperaturas deaquecimento das linhas de calor contguas.

    A profundidade da zona aquecida condiciona substancialmente o estado finalde tenses atingidos. Se essa zona se localiza junto superfcie, as fibras domaterial dessa zona ao ultrapassarem o limite elstico ficam reduzidas noseu comprimento, uma vez que a zona resistente (fria) tem grandesdimenses e no se deforma. Ao dar-se o arrefecimento da zona aquecida

    obtm-se o efeito de quinagem.Se, porm, a profundidade de aquecimento for muito grande, haver umaaltura em que a seco resistente insuficiente para suster a dilatao dazona aquecida, dando-se uma deformao contrria pretendida e que jno recuperada no arrefecimento.

    Nas linhas de calor a aplicao de calores deve, portanto, estar limitada ameia espessura.

    c) Calores em V

    Os calores em V so calores a toda a espessura, com a forma que o prprio

    nome indica (Fig. 58).

    Aplicam-se normalmente nas banhas das chapas, quando se pretende queestas se contraiam.

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    O seu princpio de funcionamento o mesmo das ventosas a toda aespessura: a chapa da zona aquecida, impedida de se dilatar livremente pelazona fria, deforma-se plasticamente, pelo que ao dar-se o arrefecimentoprovoca a contraca da banha.

    A sua aplicao no muito controlvel, provocando frequentemente oaparecimento de gelhas na zona que foi aquecida.

    Os calores em V utilizam-se principalmente em conjugao com os mtodosde enformao mecnica como, por exemplo, a obteno de uma chapa emconcha a partir de uma cilndrica enformada na calandra.

    Tanto as ventosas como os calores em V, provocando tenses internas etratando termicamente o ao, conduzem sua fragilizao reduzindo a suaresistncia, pelo que a sua utilizao se deve limitar aos casos estritamentenecessrios.

    4.2 Enformao mecnica4.2.1 Processos de enformao mecnica de superfcies planificveis.

    Descrever-se-o a seguir as principais mquinas utilizadas na enformao dechapas e perfis que constituam superfcies planificveis.

    4.2.1.1 Calandra

    Uma das mquinas mais importantes na enformao de chapas a calandra.Ela a rainha das mquinas-ferramentas dos estaleiros navais sendo, aindahoje, um dos elementos descritivos da sua capacidade.

    , normalmente, constituda por trs votos principais: dois inferiores, motores,que traccionam a chapa e um terceiro situado acima do plano dos primeiros,tendo num movimento regulvel segundo a vertical. O maior ou menorafastamento entre os rolos permite variar o raio de curvatura a obter nachapa, o qual no pode ser inferior ao raio do rolo superior (fig. 59).

    Figura 59

    O rolo superior e, por vezes, tambm os inferiores podem ser deslocadosseguindo a horizontal para facilitar determinadas operaes de dobragem(fig.61).

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    Os rolos principais movimentam-se apoiados noutros mais pequenos,destinados a aumentar a sua resistncia deformao (fig. 60).

    Estas mquinas tm capacidade que pode ir at chapas com 14,4m x 45mm,como o caso da existncia no estaleiro de gotaverken na Sucia.

    Baseiam-se no efeito de flexo em que, fazendo entrar a chapa no domnioplstico com alongamento das fibras inferiores e encurtamento dassuperiores, se obtm uma deformao permanente.

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    Figura 60

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    Quando a chapa sai da calandra verifica-se uma certa recuperao elstica(efeito mola) em relao imposta pela calandra, que ser tanto maiorquanto maior for o limite elstico do material.

    Um problema que surge com a utilizao da calandra a dobragem da parteinicial e final da chapa.

    Isto pode ser resolvido ou deslocando os rolos inferiores da calandrarelativamente ao superior (fig. 61) ou recorrendo quinadeira e fazendodobragens sucessivas (fig. 62).

    Figura 61 Figura 62

    Quando a linha de torcimento (geratriz) paralela s banhas, a chapa pode

    ser trabalhada facilmente, pois a seco da chapa que suporta o seu pesoprprio suficientemente resistente, mas o mesmo no acontece quando aslinhas de torcimento so paralelas aos topos, em que conveniente autilizao de meios de suspenso auxiliar sob pena da chapa quebrar.

    Em certas calandras, alm de chapas cilndricas, podem-se obter chapascnicas. Para isso colocam-se os trs rolos com eixos concorrentes. Comocada rolo cilndrico, esta operao de bobragem em clone implicaescorregamento da chapa em relao aos rolos. Devido a isso a operao difcil de controlar, pelo que se costumam traar sobre a chapa, geratrizes dasuperfcie cnica pretendida, de modo a poderem ser feitos os necessriosacertos.

    A dimenso das chapas enroladas est nas calandras normais limitada ameias-virolas. No entanto, em alguns estaleiros existem calandras verticaisque permitem um enrolamento complexo. Nesses casos a sada das virolasfaz-se pelo topo dos rolos.

    4.2.1.2 6.2.1.2 - Quinadeira

    A quinadeira uma prensa constituda por duas mesas: uma inferior fixaonde apoia a matriz normalmente com forma em V e que serve de apoio pea em trabalho e outra superior, com movimento vertical e que suporta aferramenta superior (puno) de forma paralelipipdica com a face inferior em

    cunha, que serve para estancar a chapa contra a matriz.

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    Figura 63

    Estas mquinas so, normalmente, de accionamento electro-hidrulico,conforme se mostra na fig. 63.

    Tem, geralmente, comprimento para dobrar de um s golpe as chapas nosentido do comprimento, podendo em alguns casos quinar-se chapas com5m de comprimento e 30 mm de espessura.

    O fundamento da quinadeira a flexo a que se adciona a fora de atritoentre a chapa e a matriz resultando num estiramento das fibras exteriores aque se segue a compresso de puno contra a matriz e provoca oestancamento e priso do material na forma desejada e evitando arecuperao elstica.

    Para no causar rotura no material e evitar ngulos vivos, o raio interior dequinagem est limitado aos seguintes valores:

    - Aos macios 2 a 3 vezes a espessura- Alumnio 3 a 4 vezes a espessura

    Com a quinadeira conseguem-se trabalhos de enformao muito variados,como sejam a curvatura das extremidades da chapa (fig. 64), a canelagem(fig. 65) e a quinagem para manufactura de perfis (fig. 66).

    Figura 64 Figura 65 Figura 66

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    Figura 67

    A ttulo de curiosidade, mostram-se na fig. 67, alguns tipos de perfis que sopossveis de executar com uma quinadeira.

    4.2.1.3 6.2.1.3 - Prensa de Enformao

    As prensas de enformao so prensas accionadas hidraulicamente, comprincpio de funcionamento idntico ao descrito para a quinadeira.

    So mquinas universais pois permitem fazer qualquer tipo de trabalho de

    enformao a frio. Com efeito, dependendo apenas do puno e matriz

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    instalados, conseguem-se gerar superfcies planificveis (fig. 68-c, d, e), noplanificveis (fig. 68-a) e mesmo proceder a desempenos (fig.68-b).

    Figura 68

    A sua limitao est na profundidade da garganta, mas em alguns casos asua capacidade pode ir at 1000 t de fora e 2m de garganta.

    4.2.1.4 6.2.1.4- Prensa de curvar perfis

    Para curvar perfis, como por exemplo as balizas dum navio, utilizam-seprensas horizontais accionadas hidraulicamente e dispondo de mesasespeciais que permitem apoiar directamente os perfis sem haver o perigo deenfolar a alma ou os banzos (fig. 69).

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    Figura 69

    A enformao produz-se pela presso exercida entre as garras lateraisaccionadas por mbolos e a garra central.

    O princpio de funcionamento o mesmo que o descrito para a calandra.

    Se a capacidade da mquina o permitir, vantajoso curvar simultniamenteduas balizas simtricas dispondo-as com as abas em sentido oposto.

    A verificao da curvatura est facilitada porque o bordo do perfil que irsoldar a chapa fica sempre em posio exterior mquina.

    4.2.2 Processos de enformao mecnica de superfcies noplanificveis

    Dos processos de enformao mecnica de superfices no planificveis,

    apenas a prensa tem grande utilizao em construo naval. No entanto,descrevem-se a seguir sumariamente outros mtodos.

    4.2.2.1 6.2.2.1- Prensa de enformao

    A prensa foi j descrita no .6.2.1.3. Para que o seu aproveitamento sejaconveniente, deve estar acompanhada de uma boa coleco de cunhos ematrizes que lhe permitam fazer as necessrias enformaes, como sejammoldes para copar e ferramentas a enformao de chapas em conha e emsela. Tambm se recorre, normalmente, ao uso de calos e palmetas parobter uma boa distribuio de cargas ao longo da chapa.

    No entanto, com a calandra tambm possvel obter superfices noplanificves. Com efeito se uma chapa, aps ter sido encurvada

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    transversalmente, for de novo passada calandra no sentido longitudinal nacampanha duma barra de ao com o mesmo comprimento e uma expessuraligeiramente superior mxima deflexo transversal da chapa, obtm-se umasuperfcie que, consoante as posies relativas da chapa e da barra, emconcha (fig. 70-a) ou em sela (fig. 70-b).

    Figura 70

    4.2.2.2 6.2.2.2- Estampagem

    A estampagem consiste em obter uma peacncava a partir duma chapa metlica, sem

    A enformao obtida

    alterao da espessura.

    em prensas, onde as

    atriz e a

    fundamento da estampagem o mesmo que o

    em ser

    Figura 71

    .2.2.3 6.2.2.3- Torneamento plstico

    chapas so foradas a ultrapassar o limite

    elstico, por deslocamento de um puno contrauma matriz, conforme mostra a fig. 71.

    Para evitar o atrito, a folga entre a mpuno 10 a 30% mais larga que a espessurado material.

    Oreferido anteriormente para a quinadeira.

    As peas de configurao complexa pod

    estampadas por fases sucessivas.

    4

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    O torneamento plstico tambm chamado

    .2.3 6.2.3- Tipos de chapas e sua formao mecnica

    spin um processo de enformaoaplicvel apenas a pequenas peas em queutilizando tornos especiais, a chapaanimada de movimento de rotao

    forada por um rolete ou outra ferramenta adeformao plsticamente at se adptarperfeitamente ao molde (fig. 72).

    Figura 72

    4

    oncluda a apresentao dos principais mtodos de enformao mecnica,

    ara melhor compreender as discrises que se seguem, definem-se alguns

    Cdescrever-se-o agora alguns modos de fabrico para diferentes tipos dechapas.

    Ptermos que vo ser referidos com frequncia:

    - Banha Lado maior da chapa, suposta rectangular

    - Topo Lado menor da chapa

    Linha de torcimento

    - Direco caracterstica de enformao duma zona

    orcimento duma chapa

    determinada zona de chapa, que no caso de superfcies planificveis uma geratriz. Uma linha de torcimento coincide ou paralela com aslinhas de calor ou de dobragem dessa zona.

    T Menor ngulo que as geratrizes da superfcie

    nrolamento

    cilndrica imaginria a que a chapa pertence depois de enformada, fazemcom a sua banha ou com os seus topos. No caso dessas geratrizes seremparalelas banha ou aos seus topos, diz-se que a chapa no temtorcimento.

    E Curvatura obtida na chapa pela quinagem mecnica ou acalores, segundo as linhas de torcimento.

    Flecha Curvatura segundo uma direco perpendicular ao enrolamento,resultante normalmente duma contrao longitudinal.

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    Os tipos de chapas enformadas mais comuns em construo naval, somuito variados, sendo razovel distingui-los em:

    - Chapas copadas- Chapas cilindricas

    a) sem flechab) com flecha

    b1) em concha

    b2) em sela

    - Chapas em ventoinha- Chapas em telhado- Chapas cnicas

    As chapas cilndricas podem ainda dividir-se globalmente em:

    - Chapas sem torcimento- Chapas com torcimento

    No entanto esta diviso tem importncia no processo de enformao acalores, pelo que no ser tida em conta na descrio que se segue:

    Em grande parte, os modos de fabrico que se iro descrever no sorigorosamente mecnicos pois, como se ver, h vantagens em recorrer enformao a calores como complemento dos meios mecnicos.

    4.2.3.1 6.2.3.1 Chapas copadas

    Uma chapa copada apresenta uma curvatura prticamente uniforme,conforme se ilustra na fig. 73.

    Os elementos informativosnecessrios enformao dumachapa deste tipo so habitualmentemoldes ou caracas em madeira.Para se acompanhar a evoluo dotrabalho, podem tambm serconstruidas crceas japonesas oude arame.

    Figura 73

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    Dentro das chapas copadas, considerar-se-o dois casos:

    a) Se a fecha de enformao a obter na chapa for pequena, os elementosinformtivos podem limitar-se a um croquis.

    A fase de trabalho da chapa pode ento iniciar-se por uma passagem ligeira

    calandra ou quinadeira ao longo de linhas paralelas. Posteriormente,aplicam-se calores em V nas binhas (fig. 58) por forma a contra-las e obtera forma desejada.

    b) Se a copagem for muito acentuada, os elementos informativos devemestar reunidos numa carcaa de madeira.

    Figura 74

    Neste caso, antes de iniciar a enformao devem-se referenciar sobre as

    chapas as banhas, de tal forma que em cada verificao a carcaa sejaapoiada sempre no mesmo local.

    As banhas e a posio das balizas marcam-se sobre a chapa ainda plena,oscilando a carcaa sobre ela para um lado e para o outro (fig. 74).

    Figura 75 Figura 76

    O incio da aplicao de enformao propriamente dita deve comear peloestancamento com moldes na prensa junto a um dos cantos mas de formaque a chapa fique toda acompanhada inferiormente e progredindo de umabanha para outra, de modo a que as sucessivas zonas enformadas sesobreponham significativamente (fig.75).

    Uma vez atingida a zona prxima da outra banha e sempre com a chapa

    toda apoiada no molde inferior de copar, avana-se longitudionalmente

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    apenas o necessrio para prosseguir o deslocamento em direco banhade partida, com sobreposio das zonas batidas (fig. 76).

    Esta operao dever ser repetida tantas vezes quantas as necessrias atse conseguir uma forma prxima da pretendida.

    De cada vez que se precorre toda a chapa com a ferramente, deve fazer-seuma verifcao ou com as crseas de arame enquanto a flecha por aindapequena ou com carcaas quando a chapa j estiver da forma definitiva.

    A chapa deve ser mais estancada na zona de maior flecha, o quenormalmente acontece prximo do centro, devendo reduzir-se oestancamento medida que a zona de trabalho se aproxima das banhas.

    Para conseguir um estancamento progressivo de forma a evitar oaparecimento de covas, e quando no houver moldes de copagem

    suficientemente escalonados,podem-se utilizar bolachas em aopara reduzir o raio de curvatura noincio do trabalho (fig. 77). Podemesmo dizer-se que o processode trabalho mais produtivo (emboramenos perfeito) uma vez que asubstituio de moldes devido ao

    seu elevado peso uma operaomuito demorada.Figura 77

    .2.3.2 6.2.3.2 Chapas cilndricas

    ) Sem flecha

    4

    a

    Figura 78

    s chapas cilndricas sem flecha so as mais fceis de emformar, utilizando-

    a na capacidade de enrolamento da calandra. Caso

    ra este

    A

    se para isso a calandra.A nica dificuldade estro raio curvaturo desejado seja inferior ao raio do rolo superior da calandra, necessrio recorrer quinadeira onde o enrolamento mais moroso.

    Os elementos informativos patipo de chapas so em geralcrceas demadeira. Se a chapa tem torcimento, ascarcass devem ter inscritas as posiesdas banhas relativamente a cada linhade curvatura (fig. 78).

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    A primeira fase ser ento definir o torcimento da chapa e depois bater linhasa uma distncia entre 5 e 10 cm a fim de obter as linhas de quinagem.

    b) com flecha

    b1 - Chapas em concha

    Em regra quan

    Fig. 79

    do a flecha muito grande, conveniente efectuar umacopagem geral da pea, destinada a

    A quinagem reduz a flecha que a pea j possusse da copagem, havendoento necessidade de efectuar operaes alternadas para quinar e aumentar

    mento

    facilitar o trabalho subsequente. O

    enrolamento ou quinagem posteriordever efectuar-se na prensa com umferro curvo, a fim de evitar a formaode covas na zona de aplicao dostopos da ferramenta (fig. 79).

    a flecha (fig. 80).

    Aumento do enrolamento

    com reduo da flecha

    Aumento da fleccha com

    reduo do enrola

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    Fig. 80

    O aumento da flecha poder ser feito na prensa, com distenso do centro da zonatrabalhada ou por estancao (fig. 81) ou por estiramento (fig. 82).

    Fig. 81 Fig. 82

    Uma vez distendido o material por qualquer destes processos, as banhas entram emcarga e resistem ao prosseguimento do trabalho, sendo necessrio aquec-las comcalores em V at linha neutra da seco resistente e sob a aco dum esforo queamplie a acodos calores (fig. 83).

    Conseguida essa contraco e sem endireitar as banhas afim de aproveitar ao mximo as cargas de tracointroduzidas no centro da chapa, h que repetir a operaode estancao ou estiramento do centro e s depois corrigiros defeitos introduzidos nas banhas pelos calores em V.

    Fig. 83

    O mtodo operatrio mais conveniente ser ento:

    1- Aplicao de calores em V nas banhas

    2- Alongamento da zona central da chapa

    3- Desempeno das banhas.

    Aps uma sequncia deste tipo convm corrigir o enrolamento perdido com os esforosaplicados na obteno da flecha.

    No caso das chapas terem uma seco resistente com um momento de inrcia muitogrande que dificulte o trabalho de enformao, torna-seconveniente cortar as abas a fim de tornar a operaomais fcil e soldando-as posteriormente (fig. 84).

    O acabamento deste tipo de chapas , em regra, umtrabalho de eliminao cuidadosa de covas e gelhas,seguida de corte, pois estas chapas so enformadas com

    material em excesso.Fig. 84

    38

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    b2 - chapas em sela

    Para se enformar uma chapa em sela, comea-se por a enrolar na calandra ou naguinadeira. Aps essa operao, h que provocar o alongamento das banhas, o quepode ser feito por calores em V nas banhas conjugados com a aplicao duma carga oupor calores em losango no centro da chapa (fig. 85).

    Fig. 85 Fig. 86

    Por vezes e para pequenas correces, tambm se empregam calores lineares nocentro, destinados a obter um efeito de guinagem. Apesar de pouco activos, estescalores tm, no entanto, interesse por no provocarem defeitos (fig. 86).

    A enformao de chapas em sela mais fcil do que a de chapas em concha, uma vezque no h o perigo de flambagem (compresso instvel) das banhas.

    ento conveniente fazer o alongamento das banhas,corrigir os defeitos e prosseguir com o aquecimento do

    centro, repetindo esta operao at ser conseguido oefeito desejado.

    O alongamento das banhas , normalmente, feito naprensa por estiramento, provocando o aparecimento degelhas na banha (fig. 87). Estas gelhas devem serfeitas, preferencialmente, com o material aquecido, afim de facilitar a deformao plstica por reduo dolimite elstico.

    Figura 87

    O arrefecimento das gelhas dever ser lento, evitando tmperas que dificultariam aaplicao de novos calores.

    Na execuo de gelhas, a chapa enforma em concha e s depois de desempenadas asbanhas que toma a forma de sela (fig. 88).

    39

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    1. fase 2. fase

    Fig. 88

    Tal como referido para o caso das chapas enformadas em concha, quando a forma daschapas muito resistente enformao, torna-se necessrio cortar as abas para facilitar

    o trabalho. Neste caso, porm, a soldadura posterior, tendo tendncia a contrair abanha, vai reduzir a flecha, pelo que necessrio fazer uma correo final da pea.

    O corte final da chapa, uma vez que ela enformada com excesso de material, exigetambm uma correco de enformao, pois h tendncia para contraco das banhas,contrariando o trabalho realizado.

    4.2.3.3 6.2.3.3- Chapas em ventonha

    Designam-se com forma em ventonha as chapas enformadas que apresentemtorcimento dos topos muito acentuado (fig. 89).

    Figura 89

    A primeira operao a efectuar construircarcaas parciais em arame soldado apartir da carcaa global (fig. 90).

    Figura 90

    o a giz para referenciar a posio

    Estas, depois de roladas sobre as chapas, permitem a definio das linhas de

    torcimento variveis de zona para zona (fig. 91).

    Fig. 91 Fig. 92

    conveniente efectuar simultneamente uma marcada carcaa de arame de cada vez que necessrio "apalpar" a forma da chapa (fig. 92).

    40

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    A enformao deste tipo de chapas dever-se- iniciar por um enrolamento das banhas,destinado a facilitar o torcimento dos topos (fig. 93).

    1. fase - banhas alongadas 2. fase - chapa enrolada

    Fig. 93

    Segue-se o enrolamento segundo as direces de torcimento definidas anteriormente.

    O grande problema de enformao destas chapas reside no facto do torcimento variarde zona para zona e, portanto, a aplicao dumenrolamento pode vir alterar o anterior. H,assim,necessidade de enrolar as chapas lenta euniformemente, uma vez que um enrolamentolocalizado muito intenso dificulta o trabalho detodas as zonas vizinhas.

    Fig. 94

    Se a chapa possui um enrolamento longitudinal (topos curvos), a enformao ainda mais complicada, pois a aplicao desse enrolamento implica uma diminuio da flecha(fig. 94).

    Em regra, a enformao deste tipo de chapas no exige calores, sendo, no entanto, umdos mais difceis de conseguir.

    Resta acrescentar que, no sendo este tipo de chapas planificvel, a enformao tem deser feita com material a mais, pelo que ao efectuar o corte para obter a forma definitiva,se altera ligeiramente a forma, havendo necessidade duma correco final.

    4.2.3.4 6.2.3.4 - Chapas em telhado

    Uma chapa diz-se em telhado quando trabalhada ao longo de linhas de quinagemconcorrentes (fig. 95).

    A forma mais conveniente de enformar taischapas executar a quinagem gradualmente,uma vez que a resistncia da chapa aumentacom progredir da operao.

    Fig.95

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    Se a chapa muito aberta, a contraco pequena e a aplicao de calores reduzida,apenas se verificando ser necessria no final para corrigir a flecha (fig. 96).

    Fig. 97

    e a contraco a exigir muito intensa, ento os calores a empregar so em grande

    ativos para este tipo de chapas tanto podem ser fornecidos por

    no planificveis, a chapa enformada com material a mais,

    m-se considerar como um caso particular das chapas

    .3 Enformao a Calores

    ao a Calores

    ig. 96F

    Squantidade (fig. 97).

    Os elementos informcarcaas ou por crceas.

    Tal como noutras chapaspelo que necessrio que seja cortada no final.

    4.2.3.5 Chapas cnicas

    As chapas cnicas podecilndricas, pelo que se aplicar tudo quanto foi dito para esse tipo de chapas, com anica diferena das linhas de torcimento no serem paralelas nas chapas cnicas.

    4

    4.3.1 6.3.1 Processo de Enform

    as de enformao, a aplicao de

    pas com maaricos

    enformao. Estes so superfcies

    am-se beros para fixao daschapas. Os beros so estruturas feitas a partir de desperdcios de material, quereproduzem a superfcie exterior da chapaa enformar (forro).

    Com a evoluo e aperfeioamento das mquincalores com o mesmo fim tem vindo a perder a sua importncia. No entanto, em alguns

    casos ela ainda fundamental na obteno das formas desejadas.A enformao a calores obtida pelo aquecimento das chaoxiacetilnicos. Estes so, normalmente, montados em rodzios destinados a manterconstante a distncia do bico superfcie da chapa.

    As chapas so colocadas nos chamados planos deperfeitamente niveladas e constitudos normalmente por grandes blocos de ferro fundidopouco sensveis ao aquecimento e com capacidade para suportar grandes esforos. Aintervalos regulares so furados para permitir a introduo de grampas, tambmdenominadas ces, que permitem a fixao das chapas.

    Em certos casos, em vez de planos de enformao utiliz

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    Os elementos informativos a utilizar so, como j se viu, crceas e carcaas quereproduzem a superfcie interior da chapa a enformar (ossada).

    As chapas que vo ser enformadas a calores devem ser marcadas e cortadas com uma

    terminao da linha de

    rceas dos dois topos e posicionam-se sobre a

    margem de 50 a 100 mm em cada topo.

    A enformao, duma maneira geral, deve iniciar-se pela detorcimento, a fim de se obter a direco em relao qual as linhas de calor soparalelas. Para isso constroem-se as cchapa, acertando o plano de destorcimento (Fig. 98).

    Se as linhas curvas definidas pelas crceas forem ambas tangentes superfcie dachapa, os pontos de tangncia definem a linha de torcimento.

    Nas chapas do costado, o torcimento varia de baliza para baliza. Mas, para efeitos de

    as dos topos. Exceptua-se

    to consegue-se um enrolamento segundo a direco longitudinal da

    tico do material. Com

    em rodar (Fig. 99).

    enformao, admite-se que a variao pequena ao longo da chapa sendo, portanto,aproximao suficiente para obter o torcimento entre as crceo caso das chapas cnicas em que o torcimento pode variar substancialmente dumabaliza para outra.

    Definido o torcimento h que marcar as linhas h que marcar as linhas de calor,geralmente paralelas. O intervalo mais utilizado entre linhas de 30 cm.

    Com o aquecimenchapa, quando esta no tem torcimento. Caso a chapa tenha torcimento obtm-setambm um desvio angular entre os topos (torcimento dos topos).

    Os efeitos de quinagem obtidos com a aplicao de calores, e que foram j basicamenteestudados no 6.1, podem ser ampliados pela aplicao de solicitaes mecnicas. Aaco destas est facilitada pelo facto do calor reduzir o limite elsesse fim utilizam-se vrias ferramentas, das quais as mais importantes so: grampas,calos e pesos.

    Com as grampas consegue-se fixar a chapa ao plano de enformao, funcionando essafixao como um apoio de encastramento s solicitaes mecnicas, dada a dificuldadeque a chapa tem

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    Os calos destinam-se a manter a chapa afastada do plano de enformao (Fig. 99 e100).

    Em conjunto com os calos utilizam-se por vezes pesos.

    O aquecimento altera as caractersticas do ao de construo naval, pelo que no conveniente ultrapassar os 650C.

    O arrefecimento com gua no , em regra, prejudicial, excepto para os aos de altaresistncia onde um tal arrefecimento provocaria uma tmpora, fragilizando-os.

    4.3.2 Tipos de chapas e sua enformao a calores

    A exemplo do referido para a enformao mecnica, podero dividir-se as chapasenformadas mais utilizadas em construo naval nos seguintes tipos:

    - Chapas cilndricas

    a) sem torcimento

    a.1 sem flecha

    a.2 com flecha

    a.2.1 em concha

    a.2.2 em sela

    b) com torcimento

    b.1 sem flecha

    b.2 com flecha

    b.2.1 em concha

    b.2.2 em sela

    - Chapas em ventonha

    - Chapas cnicas

    - Chapas semi-curvas

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    4.3.2.1 6.3.2.1 Chapas cilndricas

    Estas chapas podem imaginar-se como fazendo parte da superfcie dum cilndro, emque se distinguem:

    - Chapas sem torcimento em que as geratrizes so paralelas s banhas ou aostopos da chapa

    - Chapas com torcimento em que as geratrizes so oblquas em relao s

    banhas ou topos.

    a) Chapas sem torcimento

    As marcaes das linhas de calor esto neste caso facilitadas, pois so paralelas sbanhas ou aos topos.

    As crceas permitem, por simples montagem, verificar rapidamente se a chapa temflecha e qual o seu tipo: se a distncia mxima dos pontos da curva de enrolamento aoplano de destorcimento for maior para a zona central que para os topos, a chapa terenformao em concha. Caso se verifique o contrrio, a chapa ter enformao emsela (Fig. 101).

    Depois de apoiadas e alinhadas sobre a chapa, as crceas do-nos a indicao dasalturas e posio dos calos. As distncias dos extremos das crceas chapa, quepodem ser medidas relativamente ao plano de destorcimento, permitem obter a distnciaa que diversos pontos da linha de contorno devero ficar do plano de enformao (Fig.

    102).

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    Esta operao de grande interesse, pois a chapa deve ser calada correctamente emtoda a periferia a fim de se poder controlar convenientemente a enformao.

    a.1) Chapas sem flecha

    Embora o processo mais simples de enformao deste tipo de chapas sejamecanicamente na calandra, pode tambm enformar-se dando linhas de calor, conformeindicado na Fig. 103 1 fase. No entanto, h quase sempre tendncia para a formaode uma pequena flecha em concha, pelo que necessrio compensar esse efeito compequenos calores aplicados na face convexa (Fig, 103 2 fase). A aplicao dessescalores implica, porm, uma pequena reduo do enrolamento.

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    a.2) Chapas com flecha

    As chapas com grande flecha no so bem enformadas unicamente a calores, pois astenses internas a que a chapa fica sujeita aps ter sido enformada a calores torna difcilconseguir uma nova enformao pelo mesmo processo.

    Com efeito, as tenses trmicas induzidas pelo aquecimento vo-se adicionar stenses internas do material j arrefecido de efeito contrrio, o que dificulta adeformao plstica.

    prefervel ento a enformao mecnica, conforme se viu no 6.2.3.2 b), servindoneste caso a aplicao de calores como complemento daquela. No entanto, parapequenas flechas, a enformao a calor pode ser rentvel.

    a.2.1) Chapas em concha

    Neste caso, para aumentar o efeito de concha conveniente dar calores contnuos juntos banhas e descontnuos no centro (Fig. 104).

    A utilizao de pesos na zona central para acentuar a enformao no praticvel, pela

    necessidade de dar calores nessa zona restando o peso prprio da chapa.

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    Podem tambm utilizar-se calores em V para reforar a contraco das banhas embora,como j se viu, essa contraco provoque um engelhamento das banhas sendonecessrio o seu desempeno prensa.

    Se a flecha a obter for j razovel conveniente iniciar a sequncia pela aplicao decalores nas banhas seguido ento de linhas de calor ao longo das geratrizes. Oprocesso repetido tantas vezes quantas as necessrias, sendo interrompido apenaspara se efectuar a reparao do engelhamento das banhas prensa.

    a.2.2) Chapas em sela

    Nas chapas em sela h que conseguir uma sobre-elevao da zona centralrelativamente aos topos, pelo que se solicita a chapa, conforme indicado na Fig. 105.

    Alm disso, se o enrolamento o permitir, poder-se- utilizar o efeito de dar linhascontnuas no centro e descontnuas junto s banhas.

    As solicitaes mecnicas devem ser elevadas, para o que pode ser conveniente fixaros topos com grampas, por forma que o material deforme plasticamente em toda a suaextenso, logo que a elevao de temperatura reduza o limite elstico. O alongamentodas fibras conduz ento deformao pretendida.

    O efeito de sela pode tambm ser conseguido com a aplicao de calores na faceconvexa da chapa, aps a obteno do enrolamento (Fig. 106). No entanto, os caloresna face convexa fazem diminuir o enrolamento.

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    b) Chapas com torcimento

    As chapas com torcimento tm uma enformao idntica s chapas sem torcimento.Verifica-se, no entanto, que como as seces feitas por planos perpendiculares linhade torcimento tm reas variveis, a posio do centro de gravidade dessas secesvaria de seco para seco. Na Fig. 107 a rea das seces crescente de A a FF,mantm-se constante de FF a KK e decrescente de KK a C. Nestas condies, ocentro de gravidade para igual enrolamento (igual raio de curvatura) est situado tantomais baixo quanto menor for a seco recta da chapa. Assim, para um enrolamentorazovel, s a parte central da chapa poder ter tendncia para enformar em sela,enquanto que as restantes seces tero tendncia para o efeito de concha. Esta a

    razo pela qual quando se pretende uma enformao em sela de chapas com bastantetorcimento necessrio solicit-lo mecanicamente a fim de procurar atingir com cargasaplicadas a forma mais adequada para posterior enformao, fixando-se os topos dalinha do torcimento com grampos e encurvando a chapa com calos nos cantos maisafastados da linha de torcimento.

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    b.1) Chapas sem flecha

    Aplicar-se- tudo o que foi dito anteriormente para as chapas sem torcimento e semflecha, com a nica diferena de que, neste caso, as linhas de calor tero torcimento.

    b.2) Chapas com flecha

    b.2.1) Chapas em concha

    As chapas em concha devem calar-se na periferia, de forma a manterem-se afastadasdo plano de enformao e fixando os topos da linha de torcimento (Fig. 108).

    Tal como referido para as chapas sem torcimento, as linhas de calor devem serdescontnuas no centro e contnuas junto s banhas. No caso de a flecha serinsuficiente h necessidade de utilizar calores em V nas banhas e carregar com pesos ocentro da chapa.

    O efeito de concha ser tanto mais pronunciado quanto maior for o mnimo de linhas decalor que intersectarem a banha.

    b.2.2) Chapas em sela

    Practicamente tudo o que se disse em relao s chapas sem torcimento e com a formaem sela, se aplica a este caso.

    Assim, tambm se devero solicitar as chapas, mas agora o torcimento facilita adeformao, uma vez que a seco resistente nos cantos menor.

    Tambm aqui na primeira fase se devero aplicar linhas de calor contnuas no centro edescontnuas junto s banhas e, numa segunda fase, calores descontnuos na faceconvexa. Estes calores devero ser perpendiculares linha de torcimento de modo areduzir ao mnimo a diminuio do enrolamento (Fig. 109).

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    Estes calores na face convexa devero ter uma distribuio to homognea quantopossvel. Alm disso, no se devero aproximar dos topos, pois sendo esta zona livre,mais facilmente se desenrolar.

    4.3.2.2 Chapas em ventonha

    A enformao de chapas em ventonha torna necessria a torso dos seus topos,exigindo o alongamento das banhas uma vez que, enquanto a zona central se mantmpraticamente sem deformao durante a operao, as banhas tomando a forma de umhlice, esticam substancialmente (Fig. 110).

    Em regra, a obteno do torcimento neste tipo de chapas difcil, mesmo entre duasbalizas consecutivas. Trabalham-se ento os topos da chapa independentemente um dooutro at ao torcimento pretendido, utilizando linhas de torcimento inclinadas a 45 emrelao s banhas ou aos topos (Fig. 111). Esta inclinao corresponde ao torcimentomximo que, s por acaso, corresponder ao torcimento da chapa a enformar. Noentanto, solicitando a chapa com grampos e calos consegue-se obter a enformaopretendida.

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    Mais complicado o caso de chapas em ventonha com grande flecha, uma vez que otorcimento dos topos aumenta grandemente a resistncia da chapa flexo, exigindouma grande profuso de linhas de calor descontnuas na parte convexa.

    Os calores utilizados para atingir a flecha pretendida contrariam o enrolamento exigindo,tal como nas chapas em sela, operaes alternadas em cada uma das faces da chapa.

    Neste tipo de chapa faz-se, por vezes, a aplicao de ventosas para contrair o materialda zona central, com o que se consegue resultados anlogos ao alongamento dasbanhas. Esta utilizao, devido fragilizao que introduz no material, de evitar omais possvel.

    4.3.2.3 Chapas cnicas

    A enformao deste tipo de chapas muito idntica enformao de chapas cilndricas,sendo-lhe directamente aplicvel o que foi dito para este ltimo tipo de enformao,apenas com excepo na forma de obter as linhas de torcimento.

    As chapas cnicas caracterizam-se por terem enrolamentos diferentes nos topos oubanhas opostas ou, dito de outra forma, por apresentarem variao no raio das linhasde curvatura da chapa. O torcimento varia de inclinao, de uma banha para outra oude um topo para outro, conclundo-se que as linhas de calor no so paralelas, variandoo seu nmero de crcea para crcea e aumentando no sentido do maior enrolamento.

    Se a conicidade bastante pequena, pode utilizar-se uma simples enformao cilndricacom linhas de calor paralelas e solicitando a chapa de forma a conseguir a deformaopretendida (Fig. 112).

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    Nas chapas cnicas com enformao ligeira em concha, e no caso de uma das

    banhas no ser intersectada por linhas de calor, ser necessrio aplicar nessa banhacalores em V (Fig. 113).

    4.3.2.4 Chapas semi-curvas

    Os tipos de chapas j considerados so os mais frequentes. No entanto, tem tambminteresse a anlise das chapas semi-curvas.

    Estas so chapas que tendo uma zona plana s so enformadas nos cantos (Fig. 114).

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    A dificuldade de trabalho destas chapas provm da necessidade de contrariar o efeito desela ou de concha da zona enformada sobre a zona plana.

    Dois casos podem ser considerados: chapas com torcimento de pequena inclinaorelativamente s banhas (Fig. 115) e chapas com torcimento de grande inclinaorelativamente s banhas (Fig. 116).

    No primeiro caso h tendncia para a chapa tomar uma curvatura cncava nos topos,sob a aco do efeito de sela na zona enformada, provocando uma elevao nasbanhas (Fig. 117).

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    Depois de completado o enrolamento deve trabalhar-se a face oposta, voltando a chapae aplicando calores descontnuos paralelos linha de torcimento (Fig. 118).

    No caso em que o torcimento tem grande inclinao relativamente s banhas, devido aoefeito de sela, a chapa tende a deformar as banhas em concavidade e o topo opostoao enformado em convexidade (Fig. 119). A aplicao de calores interrompidos,paralelos linha de torcimento, impe-se sobre a face convexa (Fig. 120).

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    Resta acrescentar, como j foi referido anteriormente, que estas enformaes tm deser feitas com material a mais, pelo que ao efectuar o corte para obter a forma definitiva,altera-se ligeiramente a forma, havendo necessidade duma correco final.

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    5 Desempeno de Painis

    5.1 Princpios Gerais

    A soldadura provoca, como se viu no captulo 7, um empeno de chapas. Embora devahaver o maior cuidado na preveno dessas deformaes, ela atinge por vezes valoresinadmissveis, que exigem se proceda ao seu posterior desempeno.

    As Sociedades Classificadoras definem valores mximos, admissveis para as flechasdos painis e que se representam na Figura 138 pela letra f:

    Localizao Flecha Mxima

    Convs e duplo-fundo 8 mm

    Pavimentos da superestrutura:

    - cobertos 12 mm

    - expostos 8 mm

    Pavimentos das cobertas 10 mm

    Anteparas externas da superestrutura 10 mm

    Anteparas e divisrias internas:

    - revestidas 12 mm

    - no revestidas 8 mm

    Anteparas estruturais 10 mmBancos das longarinas e sicrdias 8 mm

    Para determinar a flecha (f) deve usar-se uma rgua com 1m de comprimento. A rguadeve apoiar em dois pontos que distem pelo menos 30 cm, sendo os valores de f1extrapolados para 1m (Fig. 139).

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    O processo mais eficaz para corrigir essas deformaes a aplicao de linhas de calor,cujo princpio de funcionamento foi j estudado aquando da enformao a calores.

    As chapas devem ser aquecidas a temperaturas que rondem os 600 a 650 C (rubroescuro).

    Para isso utilizam-se maaricos oxi-acetilnicos, providos de roletes, de forma a permitirum melhor controlo de velocidade e da distncia chapa.

    Estudar-se-o dois processos de desempeno, que dependem do tipo de maaricoutilizado.

    5.2 Mtodo Tampo

    Neste mtodo utilizam-se os clssicos maaricos com um nico bico.

    Na sua aplicao comea-se por aquecer um ponto e quando nessa zona se comea aatingir a temperatura desejada Fig. 140.

    A largura da linha de aquecimento (l) depende da espessura da chapa:

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    Espessura da chapa Largura (l)

    2 6 mm 12 17 mm

    6 12 mm 18 25 mm

    12 24 mm 26 35 mm

    O efeito pretendido o de quinadeira, pelo que os calores devero ser do tipo de meiaespessura, embora se obtenham efeitos mais rpidos se a profundidade de aquecimentoatingir pontualmente a outra face da chapa.

    Um exemplo de aplicao deste mtodo no desempeno de pavimentos. Supondo oindicado na Figura 141, comea-se por assinalar os reforos que esto soldados faceoposta da chapa. Deixando uma zona de 300 mm junto s anteparas ou outrassuperfcies perpendiculares, inicia-se o aquecimento aplicando as linhas de calor em zig-zag a uma distncia de 35 mm dos reforos e de ambos os lados. Este aquecimento

    feito junto a cada um dos reforos, seguindo-os de uma extremidade at outra.Terminada esta operao deixa-se arrefecer para ver o resultado.

    As zonas intermdias da chapa que apresentem ainda convexidades (curvaturas viradaspara o operrio) so ento aquecidas pelo mesmo processo, dando uma srie decalores, tal como assinalado na Fig. 142 pelo nmero 2.

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    Estes calores devem distar dos primeiros (1) cerca de 80 a 100 mm. Deixando arrefecerd-se, caso seja necessrio, uma ltima srie de calores assinalada com o nmero 3 naFig. 142.

    Normalmente depois da aplicao desta terceira fase, a chapa fica plana, no sendonecessrio aplicar calores na zona que inicialmente estava cncava (com a curvaturapara baixo, tratando-se de um pavimento). No entanto, por vezes h necessidade deaplicar alguns calores para corrigir as deformaes remanescentes.

    A rectificao do empeno dos cordes de soldadura a topo nas banhas das chapas,deve ser feito entre a segunda e a terceira fase descritas anteriormente, com linhas decalor em zig-zag, conforme se indica na Fig. 143. Estas linhas de calor devero ter umalargura de 15 mm aproximadamente.

    5.3 Mtodo Multi-Chamas

    Recentemente comearam a utilizar-se, no desempeno de painis, maaricos oxi-acetilnicos multi-chamas, normalmente com trs bicos, conforme se mostra na Fig. 144.

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    Com este mtodo obtm-se um melhor efeito de desempeno, com superfcies mais lisase limpas.

    As linhas de calor so tambm dadas na face oposta aos reforos em comprimentos de

    250 a 350 mm e espaados de 100 mm.Tal como nos maaricos de uma chama, comeam-se por aplicar os calores na zona dosreforos e s depois se trata a zona intermdia.

    A posio das chamas relativamente ao reforo varia consoante o sentido de curvaturada chapa e se mostra nas figuras seguintes:

    A Fig. 145-a) o caso mais frequente, devendo a chama central correr oposta aoreforo.

    Na Fig. 145-b), embora as deformaes sejam de sentido contrrio, a posio domaarico deve ser idntica, mas o calor deve ser mais prolongado por forma a atingirtoda a espessura e ser conseguido o efeito de contraco em vez do de quinadeira, comque se obtm o primeiro caso.

    Nos casos em que os empenos da chapa tm sentidos variados, o maarico aplica-sedeslocado lateralmente em relao aos reforos, como se mostra nas Figs. 145-c) e

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    145-d), sendo importante para o prosseguimento do trabalho observar e ter em conta adeformao que a chapa toma junto ao reforo aps um aquecimento.

    O aquecimento da zona dos reforos deve ser feito simultaneamente em reas o maiorpossvel, para que no haja interferncia das linhas de calor entre si, durante o processode contraco.

    Uma sequncia recomendvel a indicada na Fig. 146.

    Depois de desempenada a zona dos reforos, tratam-se as deformaes que aindapermanecem nos vos da chapa.

    Como j se viu, em pavimentos comea-se o desempeno pelas deformaes dirigidaspara cima e nas anteparas pelas que esto viradas para fora.

    Os primeiros calores do-se no centro da deformao, com a sequncia indicada na Fig.147. Logo que arrefeam aplicam-se linhas de calor na sua continuao (na figuraassinaladas com o nmero 2). importante que no se introduza novo calor sem quetenham arrefecido os anteriores.

    Se os calores dados no forem suficientes para eliminar as deformaes, do-se novaslinhas de calor deslocadas lateralmente (Fig. 148). Se o empeno homogneo entrereforos, aplicam-se calores laterais (tipo a) da figura), enquanto que se a deformaofor limitada ao centro, os calores so dados de forma encaixada (tipo b)).

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  • 8/14/2019 Fabricao de uma Embarcao

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    5.4 Observaes Complementares

    Por vezes, auxilia-se o desempeno provocado pela aco dos calores, solicitando achapa com prumos, macacos, grampas e cunhas. Mas, com o desempeno a caloresprocura-se evitar o uso da marreta. No entanto, casos h em que isso necessrio,devendo a martelagem efectuar-se quando a chapa estiver a temperaturas j baixas (daordem dos 60c).

    Na prefabricao, o desempeno s pode efectuar-se se o bloco estiver fixo de formargida para no se deformar globalmente, sob a aco do calor.

    O desempeno das superestruturas deve efectuar-se de acordo com a sequnciaindicada na Fig. 149, iniciando-se pelo primeiro pavimento, tratando s depois as

    divisrias situadas abaixo e assim sucessivamente.Por outro lado, s se deve comear o desempeno depois de estarem concludos ostrabalhos de soldadura.

    No entanto, as formas de trabalho apresentadas so apenas uma base. Como asdeformaes dependem de diversos factores, como sejam a sequncia e os processosd ld d l li d f id f id t i t