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3315 EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA: FORMAÇÃO DE DOCENTES EM LIBRAS POR MEIO DE INTERAÇÕES NA REDE SOCIAL WHATSAPP Mariane Della Coletta Savioli Garzotti de Araujo - [email protected] Valéria Isaura de Souza Adriana Aparecida de Lima Terçariol Raquel Rosan Christino Gitahy Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos Universidade do Oeste Paulista - UNOESTE Eixo 06: A formação de professores na perspectiva da inclusão 1. Introdução Atualmente, observa-se a importância da formação de docentes e do uso de recursos tecnológicos para esse fim, principalmente, quando se trata da formação para a inclusão de pessoas com deficiências, estendendo a todas as etapas e modalidades da educação, desde o ensino infantil até o ensino superior. Compreende-se que o uso das tecnologias na educação, nesse contexto, seja de, de suma relevância (BOZZETTO, 2003). Para que as escolas realizem o processo de inclusão, é necessário que seja oferecido ao estudante com deficiência, condições para que não esteja apenas integrado na sala de aula, mas que possa participar ativamente das aulas, desenvolvendo seu potencial como estudante. Dessa forma, afirma Werneck (2007) que, no sistema educacional, para haver inclusão, cabe à escola se adaptar às necessidades do estudante e não aos estudantes se adaptarem ao modelo da escola. Observa-se, porém que, muitos professores da classe comum do ensino regular não possuem informação ou formação para adequar recursos ou mesmo utilizá-los com a finalidade de tornar o conteúdo de ensino acessível ao Estudante Público-Alvo da Educação Especial (EPAEE): crianças com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Para Werneck (2007), a “falta de formação” é um processo silencioso, lento, progressivo e cumulativo de noções inadequadas sobre temas-tabu como a deficiência. Em consequência disso, afirma Sá (2003) que há a necessidade de formação dos professores para a utilização adequada e eficaz dessas tecnologias, pois o progresso, sucesso e o direito à educação com condições para o pleno desenvolvimento dos EPAEE, pode ficar comprometido se faltarem esses recursos e soluções necessárias ao seu desenvolvimento e acessibilidade no âmbito escolar.

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EXPERIÊNCIA COMPARTILHADA: FORMAÇÃO DE DOCENTES EM LIBRAS PORMEIO DE INTERAÇÕES NA REDE SOCIAL WHATSAPP

Mariane Della Coletta Savioli Garzotti de Araujo - [email protected]

Valéria Isaura de SouzaAdriana Aparecida de Lima Terçariol

Raquel Rosan Christino GitahyDanielle Aparecida do Nascimento dos Santos

Universidade do Oeste Paulista - UNOESTEEixo 06: A formação de professores na perspectiva da inclusão

1. Introdução

Atualmente, observa-se a importância da formação de docentes e do uso de

recursos tecnológicos para esse fim, principalmente, quando se trata da formação para a

inclusão de pessoas com deficiências, estendendo a todas as etapas e modalidades da

educação, desde o ensino infantil até o ensino superior. Compreende-se que o uso das

tecnologias na educação, nesse contexto, seja de, de suma relevância (BOZZETTO,

2003).

Para que as escolas realizem o processo de inclusão, é necessário que seja

oferecido ao estudante com deficiência, condições para que não esteja apenas integrado

na sala de aula, mas que possa participar ativamente das aulas, desenvolvendo seu

potencial como estudante. Dessa forma, afirma Werneck (2007) que, no sistema

educacional, para haver inclusão, cabe à escola se adaptar às necessidades do

estudante e não aos estudantes se adaptarem ao modelo da escola.

Observa-se, porém que, muitos professores da classe comum do ensino regular

não possuem informação ou formação para adequar recursos ou mesmo utilizá-los com a

finalidade de tornar o conteúdo de ensino acessível ao Estudante Público-Alvo da

Educação Especial (EPAEE): crianças com deficiências, transtornos globais do

desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Para Werneck (2007), a “falta de

formação” é um processo silencioso, lento, progressivo e cumulativo de noções

inadequadas sobre temas-tabu como a deficiência.

Em consequência disso, afirma Sá (2003) que há a necessidade de formação dos

professores para a utilização adequada e eficaz dessas tecnologias, pois o progresso,

sucesso e o direito à educação com condições para o pleno desenvolvimento dos

EPAEE, pode ficar comprometido se faltarem esses recursos e soluções necessárias ao

seu desenvolvimento e acessibilidade no âmbito escolar.

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A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva

trouxe novidades quanto à inclusão escolar dos EPAEE, dentre elas, a de que para haver

a inclusão de estudantes com surdez bilateral, severa a profunda, e que necessitam da

comunicação dada, por meio da Língua Brasileira de Sinais, a Libras, faz-se necessário

que essa língua seja incorporada, veiculada e utilizada no âmbito escolar, com intuito de

oferecer estratégias pedagógicas e metodológicas, representando a alternativa mais

eficaz no processo de atendimento a esses estudantes (BRASIL, 2007).

Diante disso, observa-se a necessidade de que a formação de professores do

ensino regular, que se encontram ainda sem recursos ou conhecimentos para esse novo

processo e para o uso efetivo da Libras, ofereça bases para a inclusão e para o ensino

do estudante surdo. Isso porque, de acordo com Manzini e Deliberato (2006), o

profissional da educação possui um papel importante a desempenhar, principalmente,

quanto às estratégias de recursos no ensino de estudantes com deficiências, nesse

tocante, o estudante surdo.

A formação do professor da classe comum do ensino regular pode contemplar o

esclarecimento sobre as adaptações curriculares necessárias para a inclusão do

estudante surdo, assim como, o uso da Libras e da Tecnologia Assistiva (TA), que não

precisam ficar restritos ao ambiente da Sala de Recursos Multifuncionais (SRM).

Nesse sentido, os professores podem conhecer outras modalidades de

comunicação e no caso da inclusão do estudante surdo, conhecer e fazer uso da Libras.

Com a Lei nº 10.436/02 e o Decreto nº 5626/05 ficou estabelecido e claro que a Libras é

a língua principal das comunidades surdas brasileiras.

Atualmente, as instituições escolares contam com um professor da Educação

Especial para atender na SRM, realizando o Atendimento Educacional Especializado

(AEE) de estudantes com deficiências das diferentes áreas (visual, surdez, deficiência

física, deficiência intelectual e transtornos globais do desenvolvimento), aplicando

recursos de TA e Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC).

Nesse cenário, a inclusão do estudante surdo na escola regular pode ser

desenvolvida com apoio do AEE, mas ainda se faz necessário que o professor da classe

comum conheça a Libras em seus diferentes aspectos.

Considerando essas premissas, formou-se com os docentes matriculados no

curso intitulado “Curso Libras Fateb 2015”, no período de abril a dezembro de 2015, um

grupo fechado no Facebook e no WhatsApp, considerados ambientes de formação

colaborativos, pois todos os inscritos podiam compartilhar experiências inclusivas com

estudantes surdos, enviar informações, discutir sobre conceitos, obras e vídeos sobre

Libras, além de realizarem também, por meio de pequenos vídeos a interação prática da

língua.

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Neste artigo serão descritos os resultados das interações vivenciadas nessa

formação, especialmente, via WhatsApp, com foco na possibilidade e velocidade de

interação e ensino colaborativo que a ferramenta propõe, bem como na importância da

aprendizagem da Libras para os professores que atuam nas classes comuns do ensino

regular.

2. Língua Brasileira de Sinais

A linguagem é primordial no convívio da espécie humana. É por meio da

linguagem que dimensionamos o nosso mundo interior, os valores, as relações sociais,

as aspirações de justiça e liberdade.

No diálogo, a linguagem e o uso de uma língua, nos permite ir além dos nossos

limites individuais e dos limites do estado de coisas existentes no mundo. Ir ao encontro

do outro significa sair do nosso mundo particular, ter condições de expressar nossa

individualidade, e nesse sentido, também acolher a diferença. Superar essa diferença e o

individualismo da vida moderna, é descobrir que na interação podemos construir e

compartilhar um mundo melhor.

Pensando nisso, verifica-se que a língua de sinais pode atuar nesse processo de

emancipação do surdo, afim de que possam fazer parte do compartilhamento de ideias,

assim como de transformação da sociedade, e entendendo que a valorização da

diversidade deve ser o eixo central do convívio social, não só de surdos, mas também

dos não surdos e todos que integram a sociedade, assim a utilização da língua de sinais,

além de afirmar a pessoa surda como indivíduo e participante da comunidade humana,

permite a eles partilhar e ampliar conhecimentos socialmente construídos e exercer sua

cidadania, colaborando para que a sociedade se modifique e se abra para o surdo.

Para que a escola de ensino regular possa realizar a inclusão dos estudantes

surdos, torna-se imprescindível oferecer e disponibilizar a língua de sinais, para que os

estudantes surdos possam ter avanços significativos em sua aprendizagem.

A Libras, no Brasil, só passou a receber o status de língua em 24 de abril de 2002

com a sanção da lei nº 10.436, regulamentada pelo decreto 5.626 de 05 de dezembro,

reconhecendo-a, como meio legal de comunicação e expressão das comunidades surdas

brasileiras, prevendo, que o poder público e as concessionárias de serviços públicos

devem garantir de forma institucional o apoio e o uso, a difusão da Libras como meio de

comunicação com as pessoas surdas.

Para que seja possível acolher a diferença dando ao surdo à possibilidade de

comunicar-se e expressar-se na língua que lhe é própria, facilitando sua inclusão em

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todos os meios, o aprendizado da língua de sinais é a melhor maneira para estabelecer

uma comunicação entre surdos e surdos e mediar a conversa entre surdos e ouvintes

não usuários da língua de sinais.

O uso adequado da Libras, vai além da sua existência no universo escolar, é

necessário que o professor saiba utilizá-la. Seu uso correto poderá colaborar com o

estudante surdo, garantindo as condições de acessibilidade e fornecendo autonomia,

atendendo as necessidades educacionais específicas.

3. Inclusão de estudantes com deficiências e surdos nas escolas regulares

Importante analisar como se dá o processo de inclusão dos EPAEE,

principalmente, dos estudantes surdos no ensino regular, para avaliar as reais

necessidades que viabilizaram a formação.

Gomes (2007), afirma que, o processo de segregação ainda é forte e enraizado

nas escolas e, com todas as dificuldades e desafios a enfrentar, os docentes acabam por

reforçar o desejo de manter este público em espaços especializados. Isso, pois, na

escola regular as práticas pedagógicas demandam esforços e transformações para que

possam proporcionar aos EPAEE um ensino de qualidade.

Entretanto, embora a Instituição Escolar pareça despreparada para o acolhimento

do EPAEE, Mantoan (2004), ressalta que é função da escola e do professor proporcionar

o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, não os punindo se não atingem os

objetivos, mas auxiliando-os a alcançarem a aprendizagem.

É assegurado aos estudantes no Brasil, pelos sistemas de ensino, segundo a Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9.394/96, em seu artigo 59, o

currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas

necessidades específicas educacionais. Já em 1999, surge o Decreto nº 3298, que

regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência, dessa forma educação especial é caracterizada como

modalidade transversal de ensino em todos os seus níveis.

É também, promulgado pelo Decreto nº 3.956/2001, com grande repercussão no

ensino, em 1999 a Convenção de Guatemala, que reinterpreta a educação especial e tem

o intuito de eliminar a barreiras de acesso à educação inclusiva. A Resolução da CNE/CP

nº 1/2002, nessa mesma perspectiva, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Formação de Professores da Educação Básica, que deve ter uma atenção voltada

ao ensino para a diversidade.

O Ministério da Educação (MEC), em 2003, implementa o Programa Educação

Inclusiva, com o objetivo de garantia da acessibilidade. Em 2004, o Ministério Público

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Federal publica o documento que garante a inclusão e o Acesso de Estudantes com

Deficiências nas Escolas e Classes Comuns. Também para promover o acesso de

pessoas com deficiência e mobilidade reduzida para a inclusão educacional e social, o

Decreto nº 5.296/04 que regulamentou as Leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00. Até 2005,

foram implantados os núcleos de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação, o

NAAH/S em todos os estados e no Distrito Federal.

O processo de inclusão do EPAEE surdo ainda apresenta diversos problemas,

dentre os principais está a falta de formação de professores para o uso da Libras nas

relações e comunicação com o estudante surdo.

4. Procedimentos metodológicos

A experiência vivenciada tem como natureza a abordagem qualitativa, do tipo

intervenção, pois o pesquisador faz parte do curso, e por ser este um curso de formação

com caráter colaborativo, o pesquisador também realiza a intervenção.

O curso para o ensino da Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS, foi pensado com

o objetivo de que os professores cursistas possam atender o aluno com surdez em todo e

qualquer setor ou instituição escolar, além de ser desenvolvido para que a LIBRAS

(língua oficial da comunidade surda brasileira) se difunda em nossa sociedade como

forma de inclusão da pessoa com surdez, tanto na escola, na comunidade como em

todas as instancias.

A coleta, seleção e análise dos dados foi realizada com base nos critérios que

conferiam às interações o caráter de formação, sendo esses os estudos, pesquisas e

atividades do curso, cuja configuração geral é apresentada a seguir.

4. A formação de professores para o uso da Libras - Desenvolvimento

É imprescindível que haja a formação dos profissionais da área educacional, tais

como: professores e demais especialistas da educação, para a inclusão de estudantes

surdos, entre elas: a formação para a aprendizagem e uso da Libras, afim de que os

estudantes surdos possam se comunicar e fazer uso de outros recursos, afim de ampliar

o acesso à educação, de forma igualitária e com qualidade.

O desafio de formar professores, de diferentes perfis, formando-os para o uso da

Libras, deve acontecer de forma constante e com grande intensidade, respeitando e

valorizando os educadores e também o potencial e necessidade do estudante surdo,

rompendo com a homogeneidade na formação e assumindo a heterogeneidade técnica.

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Vislumbrou-se a necessidade de propiciar aos professores do ensino regular, a

formação, por meio das Redes Sociais, permitindo um acesso à informação, dentro do

seu contexto e tempo delimitados. Sabe-se que o acesso à informação faz parte, hoje,

das novas formas de construção do saber e é por isso, que Valente e Moran (2011)

afirmam,

No entanto, a interação com as pessoas e com os objetos do meio tem sidosubstituída por “acesso” à informação, usando para isso, por exemplo, osrecursos tecnológicos. O simples fato do aluno navegar na web tem sidoentendida como uma oportunidade de interagir com a informação e,consequentemente, de construir conhecimento (VALENTE; MORAN, 2011, p. 24-25).

Um fator importante para que haja a formação para o uso de Libras com

qualidade, é a interação e o acompanhamento dessa formação por profissionais e por

estudantes surdos, pois são eles que fazem uso constante da língua e, portanto, suas

vivências e experiências são importantes e necessárias para a aquisição e fluência da

Libras pelos docentes.

A formação permanente de docentes para o ensino da Libras, foi pensada

também com o objetivo de que os cursistas pudessem atender a pessoa surda em todo e

qualquer setor ou instituição. A formação, em seu decorrer, pôde propiciar a interação

desse professor que se tornou estudante, despertando o interesse e o entusiasmo pelo

uso das tecnologias de ensino, de forma colaborativa, para o aprendizado da Libras,

objetivando melhores práticas educacionais.

O curso de extensão de Libras, ministrado por uma faculdade do interior de São

Paulo, com a carga horária de 180 (cento e oitenta) horas, teve 90 horas presenciais

(quinzenais) e 90 horas virtuais, contempladas, por meio das atividades propostas nas

Redes Sociais: Facebook e WhatsApp. No entanto, aqui neste relato de experiência, dar-

se-á enfoque ao uso do WhatsApp no processo de formação em destaque. Para

aprovação e certificação, houve a necessidade do aproveitamento de no mínimo 70% de

frequência da carga horária total do curso e da participação nas atividades.

Inicialmente foram ofertadas 35 vagas para docentes, dos municípios da região

de Birigui e Araçatuba, dentre eles: Clementina, Bilac, Penápolis e Guararapes.

Permaneceram durante toda a formação 32 cursistas profissionais envolvidos com a

educação regular, estando em formação permanente. Tais profissionais são professores

da educação infantil, professores do ensino fundamental de 1º ao 5º ano e de 6º ao 9º

ano, professores do ensino médio, assim como coordenadores, estagiários, psicólogo,

policiais do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd)1,

1 É um programa de educação preventiva ao uso de drogas, que tem por objetivo evitar que crianças e adolescentes iniciem o seu uso.

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profissionais e estudantes de cursos de Pedagogia, surdos e demais profissionais que

atuam de forma direta e indireta com o ensino regular.

O intuito dessa formação permanente em Libras, de acordo com o interesse

desses profissionais, era formar os professores e demais educadores, para o ensino e a

aprendizagem da Libras.

Figura 1. Interações em Libras com desafios para os docentes cursistas colocaremem prática o conhecimento obtido em sala de aula.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

Além disso, a formação contou com a participação de estudantes surdos,

estudantes de cursos de graduação para formação de professores, dentre eles:

Pedagogia e Artes Visuais e outros profissionais surdos, fluentes em Libras, para que

pudessem proporcionar uma melhor capacitação e fluência na língua.

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Figura 2. Pedagoga surda, participante do curso, realizando intervenções nas dinâmicaspráticas ocorridas na Rede Social WhatsApp.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

Figura 3. Docente cursista, realizando um questionamento para a Pedagoga surda.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

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Figura 4. Interações entre docentes cursistas, formador e cursistas surdos

. Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

Dentre as atividades realizadas, foram feitas postagens de vídeoaulas e textos,

pela professora. Os professores cursistas, também realizavam postagens de

curiosidades, livros, filmes, reportagens e artigos para serem analisados e discutidos

entre os colegas.

Figura 5. Postagem realizada por uma das docentes cursistas. Sobre reportagemrealizada em site oficial da Polícia Militar e nas Redes Sociais, sobre treinamento em Libras

realizado pelos cursistas e participantes surdos aos Soldados da Polícia Militar de Araçatuba - SP

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

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Figura 6. Docente cursista compartilha vídeo com interpretação em Libras da música“Sementes do Amanhã” do compositor Gonzaguinha.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

Pelo WhatsApp, foram postadas no decorrer do curso, atividades nas quais o

professor, surdos e professores cursistas puderam colocar em prática suas habilidades e

aprendizado prático de Libras.

Figura 7. Vídeo gravado e postado por uma docente cursista de dinâmicas práticas emLibras com Estudante ouvinte, tendo objetivo de ensinar Libras.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

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Figura 8. Vídeo, gravado e postado por docente cursista, colocando em práticaconhecimentos sobre Libras Tátil em interação com aluna surdocega da Rede Estadual de Ensino.

Fonte: print screen do aplicativo WhatsApp, Grupo: Curso Libras Fateb 2015.

Nesse sentido, vivenciaram-se novas formas de construção do saber. Valente e

Moran (2011) afirmam que,

a interação com as pessoas e com os objetos do meio tem sidosubstituída por “acesso” à informação, usando para isso, por exemplo, osrecursos tecnológicos. O simples fato do aluno navegar na web tem sidoentendida como uma oportunidade de interagir com a informação e,consequentemente, de construir conhecimento. (VALENTE; MORAN,2011, p. 24-25)

Após a observação e análise das interações vivenciadas durante o curso,

verificou-se que os participantes obtiveram uma proximidade e afinidade com a Libras de

forma natural, vivenciaram experiências compartilhadas, desenvolveram autonomia e

interesse pelas interações, o que propiciou um aprendizado mais seguro e sistemático da

língua.

5. Considerações finais

A experiência compartilhada neste artigo nos leva a concluir que é possível propor

uma formação e informação aos professores que atuam nas classes comuns do ensino

regular, mediante as ferramentas da Web 3.0, no caso, por meio do WhatsApp.

Surgiu a oportunidade do uso das Redes Sociais e da web 2.0 e 3.0, como

espaços formativos de fácil manuseio, e por já serem bastante utilizadas pelos docentes.

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Nesse sentido, corrobora Hessel et al. (2012, p. 59), por meio de suas pesquisas acerca

das redes sociais na educação.

O uso das redes sociais tem se intensificado, pois cresce a cada dia o número de

usuários que querem estar conectados e gostam de compartilhar todo tipo de

informações e materiais digitais. As redes se expandem e são alocadas para o fazer, para

uso social, para uso comercial, para a cultura, para a educação etc. Nesta área – a

educação – as experiências estão se proliferando e os educadores têm interesse em

conhecer aspectos funcionais e vantagens pedagógicas, isso de forma colaborativa, em

que podem aplicar os recursos, assim como a comunicação necessária para uma

adequada inclusão do estudante surdo seja realizada.

Referências

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Especial.Política Nacional de Educação na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF, 2007.

BOZZETTO, Simone Carla. A Utilização de Recursos Tecnológicos na Educação Infantil.Revista de Pedagogia, número 6, Notas de Pesquisa, 2003.

GOMES, N. L. Diversidade e Currículo. In: BEAUCHAMP, J. ; PAGEL, S D. ;NASCIMENTO, A. R. Indagações sobre currículo: diversidade e currículo. Brasília:Ministério da Educação; Secretaria de Educação Básica: 2007

HESSEL, A. M.; HARDAGH, C.C.; SILVA, J. E.; ALLEGRETTI, S. M. de M.. Aprendizesna Redes Sociais Virtuais: o potencial da conectividade em dois cenários. Revista CETREGIET, v. 2, p. 53-60, 2012.

MANTOAN, M.T.E. O direito de ser diferente na escola. 2004.

MANZINI, José Eduardo; DELIBERATO, Débora. Portal de Ajudas Técnicas ParaEducação Equipamento e Material Pedagógico Especial Para Educação, Capacitação eRecreação da Pessoa com Deficiência Física. Brasília – DF, MEC/SEESP, 2006.

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VALENTE, José Armando; MORAN, José Manuel; ARANTES, Valéria Amorim (org).Educação a Distância: Pontos e Contrapontos. São Paulo. Editora Summus, 2010.

WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho, na sociedade inclusiva. EditoraWVA. Rio de Janeiro, 2007.