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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
EXPERIÊNCIAS COLETIVAS EM CENTROS DE REFERÊNCIA
EM ASSISTÊNCIA SOCIAL
PROPONENTE: Dra. Kátia Maheirie
Professora Associada do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
(PPGP) da UFSC. Coordenadora do NUPRA (Núcleo de Pesquisa em Relações Éticas,
Estéticas e Processos de Criação)
EQUIPE:
Dr. Frederico Viana Machado (UFRGS/Departamento de Saúde Coletiva)
Ms. Allan Gomes (doutorando do PPGP/UFSC)
Andressa Dias (mestranda do PPGP/UFSC)
Resumo
O presente projeto de pesquisa, proposto para ser desenvolvido nos próximos dois anos,
visa, fundamentalmente, investigar os Centros de Referência em Assistência Social –
CRAS, visando compreender a experiência coletiva a partir do discurso de psicólogos e
psicólogas que lá atuam, tomando como base o referencial teórico de Jacques Rancière
na análise dos processos de emancipação dos sujeitos. Para tanto faremos um
levantamento dos CRAS nos municípios de Florianópolis (SC), Joinville (SC), Curitiba
(PR) e Porto Alegre (RS) e entrevistaremos psicólogos e psicólogas que queiram
contribuir com esta investigação, visando, dentre outras informações produzidas,
conhecer quais e como são desenvolvidos trabalhos com grupos e coletivos em
contextos comunitários. Por meio de tais informações, objetivamos compreender a
experiência de trabalhos com tais coletivos, focando os avanços e recuos que encontram
em suas práticas e, ao mesmo tempo, na potência destes trabalhos naqueles contextos. O
material obtido nesta investigação será analisado a partir da análise de discurso,
compreendido como ações situadas socialmente e na qual o texto é ponto de partida e de
chegada. Procederemos na construção de “categorias” ou “unidades” a partir do próprio
texto, ou seja, a posteriori, mesmo que alguns aspectos já sejam estabelecidos a priori.
Trata-se, aqui, da experiência de psicólogos e psicólogas atuantes nas políticas sociais,
no que se refere ao trabalho com coletivos, analisando a potência das objetivações em
relação à promoção de sujeitos de direitos, dos processos de emancipação e do
envolvimento comunitário. O “discurso”, tal como é entendido aqui, produz-se como
ato, como acontecimento em um contexto específico, surgindo na relação dialógica
entre posições sociais que se confrontam nos cenários da pesquisa.
Palavras-chave: experiência coletiva; CRAS; políticas sociais.
1. Introdução e Justificativa
Os últimos projetos de pesquisa desenvolvidos por mim envolveram a criação
musical no seu aspecto estético-político, ou seja, a criação coletiva e seu impacto no
contexto político tem sido alvo de meus interesses. Depois de minha tese de doutorado
acerca da música como mediadora de identidades coletivas (Maheirie, 2002a, 2002b,
2003), investiguei a apropriação técnica da música em aulas de percussão (Zanella,
Urnau & Maheirie, 2004); e, com os mesmos sujeitos, pesquisei a produção e
objetivação coletiva de um espetáculo musical (Maheirie, Strappazzon, Barreto, et all.,
2008). A criação e produção de um vídeo acerca de um processo de criação musical
(Maheirie, 2010) fizeram parte da minha pesquisa intitulada “Música e a dialética
objetivação/subjetivação: investigando a imaginação e os processos de criação em
oficinas de percussão”, projeto aprovado pelo CNPq, relativo à Bolsa Produtividade
2009-2012. A criação musical no seu aspecto estético-político foi o tema de minha
última pesquisa, relativa à Bolsa Produtividade 2012-2014. Para tanto, investigamos um
grupo de RAP de uma comunidade de periferia, no município de Florianópolis (SC).
Como resultados desta pesquisa, vimos que os processos de criação coletiva
apontam para a existência de uma unificação das singularidades em torno de um projeto
em comum, onde se negociam, por meio das relações de poder e resistência, as
diferenças e semelhanças dos indivíduos em contextos grupais, situados sócio-
historicamente.
A partir daí, pôde-se pensar a música como uma ação que envolve relações de
subjetivação e objetivação na constituição de sujeitos em contextos de criação musical.
A música, como linguagem, se fez objetivação da subjetividade, atividade fundamental
que compôs nosso universo de pesquisa que, pela mediação semiótica proporcionada na
intersubjetividade, possibilitou um diálogo com a esfera do político no campo social-
comunitário. A experiência musical do grupo investigado foi caracterizada como
experiência estético-política, facilitando a unificação das singularidades na construção
do coletivo e, assim, apontou estratégias de enfrentamento aos processos de violência e
exclusão social.
Temas como “política”, “subjetividade”, “criação”, “objetivações artísticas”,
“estética” e “música” permeiam minhas produções, tanto na pesquisa, quanto na
extensão, no ensino de Graduação e de Pós Graduação.
Em 2009, sob coordenação da Profª Drª Lúcia Rabello de Castro, passei a
integrar o Projeto de Pesquisa Integrado e financiado pelo CNPq “A Participação Social
Juvenil: subjetividade, cultura, política e direitos”, o qual envolveu a UFSC, UFRJ,
UFPE, UFMG, UFAL e PUC/Minas, com estudos específicos acerca da juventude e
política. Em 2010, participei do I Seminário Internacional de Juventude e Política e o IV
Internúcleos sobre Juventude e Política na UFRJ, igualmente financiado pelo CNPq,
apresentando trabalhos desenvolvidos no NUPRA que dialogavam juventude, política e
linguagens artísticas. O II Seminário Internacional de Juventude e Política e o V
Internúcleos sobre Juventude e Política foi organizado pelo núcleo de pesquisa que
participo e coordeno na UFSC, em 2011, também, financiado pelo CNPq. Em 2013, o
VI Internúcleos aconteceu em Maceió (UFAL), objetivando aprofundamento conceitual
e teórico de nossos trabalhos acerca dos processos políticos no qual, por meio de Mesas
Redondas que abordaram temas como Juventude e Política, Formação de Coletivos,
Identidade Coletiva, Estética e Metodologia. Este ano, o VII Internúcleos acontecerá na
UFMG/UFOP, no mês de setembro, onde pretendemos discutir “Teorias de
Sujeitos/Subjetivação/Subjetividade e Política”.
Por meio de minha atuação junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da UFSC, na Área de Concentração “Práticas Sociais e Constituição do Sujeito”, na
Linha de Pesquisa “Relações Éticas, Estéticas e Processos de Criação”, até o presente
momento, conclui a orientação de 16 dissertações de mestrado, 5 teses de doutorado e
13 trabalhos de Iniciação Científica, cuja temática é focada nos temas arrolados acima.
Atualmente, oriento uma dissertação de mestrado, oito teses de doutorado e dois
trabalhos de Iniciação Científica, voltados aos temas da estética e política.
Na graduação, a partir de uma Reforma Curricular realizada em 2010, assumi a
disciplina “Fundamentos da Ênfase em Processos Comunitários e Ações Coletivas”, a
qual visa fornecer bases teóricas para alunos em estágio curricular em Centros de
Referência amparados em Políticas Públicas em Assistência Social (PPAS) ligados ao
Sistema Único de Assistência Social (SUAS), centros comunitários, movimentos
sociais, associações e outras Organizações Não-Governamentais voltadas à construção e
apropriação da cidadania, possibilitando a criação e fortalecimento de laços coletivos,
familiares e comunitários.
Como professora desta ênfase, além da disciplina ministrada, eu supervisiono
estágio curricular em dois CRAS no município de Florianópolis. Até o momento,
conclui quatro orientações de estágio em Psicologia em dois CRAS do município e,
como produto deste trabalho, encaminhamos dois artigos científicos para publicação em
periódicos bem conceituados no Qualis/CAPES. Com isso, meu interesse por tais
práticas tem crescido e meus questionamentos em torno dos processos de subjetivação
política têm-se ampliado. Os dois artigos encaminhados encontram-se, no momento, em
processo de avaliação.
Na experiência pautada em pesquisas anteriores aliada ao engajamento na ênfase
em processos comunitários e ações coletivas na graduação em Psicologia, é que surge
este projeto de pesquisa. No momento, meu interesse de investigação se pauta na
necessidade de um aprofundamento na potência do conceito de subjetivação política e
experiência coletiva, a partir das atividades de grupo e outras atividades de caráter
coletivo desenvolvidas por psicólogos e psicólogas em Centros de Referência em
Assistência Social (CRAS).
Sendo assim, pretendemos mapear todos os CRAS dos municípios de
Florianópolis (SC), Joinville (SC), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS) e os trabalhos que
psicólogos e psicólogas desenvolvem com grupos e outros coletivos, buscando
identificar dois focos de estudo:
1. Na atividade dos psicólogos e psicólogas com interesse no modo como é
desenvolvido este trabalho; como dialogam com sua formação; que
dificuldades e avanços identificam na sua prática; que impasses, tensões
e que soluções inventam e apontam para a superação dos impasses.
2. Na identificação de trabalhos com coletivos (grupos, oficinas, formação,
etc.) que se propõem ser experiências promotoras de superação de
vulnerabilidades, riscos e precariedade; mediadoras na criação e
fortalecimento de sentimentos de pertencimento e laços coletivos.
Interessa-nos identificar em profundidade a criação destes trabalhos com
coletivos, desde o modo como foram propostos, até suas características operacionais e
de envolvimento e parcerias (ou não) com moradores do território na coordenação de
oficinas e/ou cursos promovidos pelo CRAS. Como os psicólogos e as psicólogas
compreendem as demandas da população e da gestão? Como experenciam a violência e
as diferentes formas de exclusão vividas pelas famílias nos territórios? Que impasses e
avanços observam? O que e como propõem? Como significam as experiências na
relação com os usuários? Que experiências conseguem vivenciar e desenvolver que
possibilitam ou apontam para processos de subjetivação política?
Visando a retotalização dos temas de interesse e seu respectivo aprofundamento
no campo, é que propomos o desenvolvimento da investigação que ora se apresenta.
2. Alguns pressupostos teóricos
2.1. Psicologia e Política: articulando fragmentos invisibilizados
Como afirma Prado (2014), o encontro da Psicologia com a Política possui longa
história, mesmo que invisibilizada pela maior parte de nós. Visando recuperar
fragmentos da história da inserção do estudo sobre Movimentos Sociais (MS) na
Psicologia, destacamos Gabriel Tarde e de Gustave Le Bon. O primeiro se interessou
pelo comportamento coletivo, buscando compreender a criminalidade como fenômeno
social e, assim, suas explicações giravam em torno de conceitos como “imitação” e
“influência pela propaganda”, situando a ação coletiva no campo do desvio (Maheirie,
1997). O segundo autor, com a “teoria da mente coletiva”, via o indivíduo perdendo sua
individualidade e comportando-se de forma irracional, uma vez inserido em
aglomerados humanos (Del Prette, 1991).
Para Le Bon, o estado de alta irracionalidade produzia-se através de uma
regressão à mente coletiva primitiva (Le Bon, 1995). Para Tarde, este fenômeno de
irracionalidade se daria através de um “estado hipnótico” (magnetismo). Segundo
Camino (1991), estes autores em seus estudos apresentavam um sentimento de repúdio
com relação às manifestações e tumultos, centrando a atenção basicamente sobre os
processos de controle social. De qualquer forma, eles influenciaram estudos posteriores
sobre o tema que, muito mais voltados para afirmações teóricas do que para achados
empíricos, reproduziam uma visão psicologizada do social (Del Prette, 1990a, 1991;
Camino, 1991, Maheirie, 1997), partindo de teorias da personalidade "adaptadas" para o
comportamento coletivo.
Somente depois dos estudos de Le Bon, explicitaram-se as diferentes formas de
ação coletiva. Destacamos a posição de Toch (1966) que colocava os MS como
derivações do comportamento coletivo, visando a resolução de problemas. Pode-se
mesmo afirmar que Toch, numa abordagem psicológica do comportamento coletivo,
assim como Smelser com uma teoria estrutural-funcionalista, foram os primeiros no
âmbito da Psicologia a superar o paradigma da irracionalidade (Del Prette, 1990a;
Camino, 1991).
Importante destacar que as décadas de 70 e 80 trazem a contribuição de autores
da Psicologia Social que buscam uma reflexão a partir de uma perspectiva intergrupal
(Maheirie, 1997). Os MS são vistos como agentes de mudança, e conceitos como
identidade social, consciência social, ideologia e minorias ativas ganham espaço nas
análises deste objeto. Os principais representantes desta perspectiva psicossocial no
estudo dos MS são Moscovici, Tajfel, Turner e Reicher, para citar alguns. Moscovici
(1985), por exemplo, afirma a dificuldade em estudarmos os MS, se ficarmos
demarcando rigidamente o social e o psicológico. Tajfel (1978) coloca que a realidade
social tem uma estrutura sócio-econômica, histórica e política, mas ao apreendê-la, o
indivíduo gera um sistema de crenças que afeta seu comportamento (Del Prette, 1990a).
Para Tajfel (1978), nem todas as ações coletivas são MS e o que caracterizaria a
diferença seria a duração do evento, o número de pessoas pertencentes a grupos sociais
e um sistema de crenças compartilhado.
Mas, enquanto na Europa vivia-se a efervescência de maio de 68 e a Psicologia
Social ampliava seu olhar para os movimentos e suas inteligibilidades, em grande parte
da América Latina vivíamos a ditadura militar que, “em nome da ‘democracia’, instituiu
um dos períodos mais antidemocráticos da história do Brasil. A Escola Superior de
Guerra reafirmava o compromisso com o crescimento e desenvolvimento do país,
necessitando para isso, do controle sobre as excessivas reivindicações dos movimentos
sindicais e de trabalhadores...” (Yamamoto e Oliveira, 2014, p. 28).
Os anos de ditadura foram impossibilitando que a Psicologia pensasse sobre seus
pressupostos e ampliasse sua visão de sujeito, invisibilizando a crescente desigualdade
econômica e social que se instalava e se fazia determinante na produção da
subjetividade. Importamos ideologias e conhecimento produzido em outros contextos,
sem a devida crítica que pudesse distanciar verdades e relativizar teorias cristalizadas.
Não foi unânime tal postura, mas apenas predominante, em um contexto adverso a
qualquer visão que pudesse se aproximar de idéias consideradas ideológicas ou
comunistas.
Os colapsos econômicos eram crescentes e, aliados a pressão da sociedade civil,
acrescidas por alianças de diferentes setores de oposição, foram, com a força dos
movimentos sociais, findando o período da ditadura e abrindo campo para um governo
de civis (Yamamoto e Oliveira, 2014).
Os anos 80 marcam uma nova força dos movimentos sociais no Brasil,
especialmente o estudantil e o sindical, por meio da análise crítica da situação
econômico social brasileira (Yamamoto e Oliveira, 2014) e, também, por meio de novas
reflexões teóricas e novas pesquisas realizadas na América Latina, centralizando a
atenção em grupos específicos organizados, encontrando neles novas maneiras de fazer
política a atuar sobre o social (Maheirie, 1997).
Essas novas formas de expressão social, esses coletivos organizados como
movimentos sociais,
“aproveitam o contexto da abertura para reassumirem uma posição ofensiva
contra as sucessivas perdas recorrentes da acumulação excessiva do capital e
a favor de medidas que restaurassem a responsabilidade do Estado sobre as
políticas sociais, especialmente aquelas defendidas em nome das
conseqüências da pauperização extrema do trabalhador decorrente dos anos
de exploração” (Yamamoto e Oliveira, 2014, p. 31)
Assim, pela pressão e participação dos movimentos sociais e de diferentes
segmentos da sociedade civil, pela mobilização popular e dos consensos e dissensos
políticos, nasce a Constituição de 1988, avançando na garantia dos direitos sociais
(Oliveira, Dantas, Sólon & Amorim, 2011, p. 140).
Neste período, a Psicologia Social no Brasil passa a produzir um conhecimento
voltado a superação das desigualdades sociais, buscando criar estratégias metodológicas
próximas da pesquisa ação e da pesquisa participante e categorias teóricas que
pudessem dar conta da análise da subjetividade em relação.
Já, a Psicologia, de forma geral, não caminhou em seus cursos de formação no
mesmo ritmo e com o mesmo foco que propunha a Psicologia Social. Uma perspectiva
clínica se fazia predominante, tanto na formação profissional, quanto no imaginário
social acerca do trabalho deste profissional, gerando expectativas específicas voltadas
ao atendimento individual com foco na subjetividade privada. Isto se dava, muito
provavelmente, pela imposição de uma visão que insistia em separar a Psicologia da
Política, invisibilizando o cenário que as engendrou.
2.2. O foco nos CRAS
A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) que deu origem à criação ao
Sistema Único de Assistência Social e, consequentemente ao Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS), tem na base de sua estrutura profissional um importante
espaço de atuação para o psicólogo.
O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) teve sua criação bastante recente
no Brasil. Após a Constituição de 1988, quando a assistência social passa a ser incluída
na seguridade social, criou-se a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS/8.742) em
1993, garantindo-a como um direito de todos e um dever do Estado (Alberto, Freire,
Leite e Gouveia, 2014). Consta nesta Lei a garantia de proteção social a segurança de
sobrevivência – como direito à alimentação, ao vestuário e ao abrigo, por exemplo – de
acolhida – como diante de situações de violência familiar ou social, drogadição,
alcoolismo, desemprego prolongado e criminalidade – de convívio ou vivência familiar
– como por meio da não aceitação de situações de reclusão, de situações de perda ou
rompimento das relações (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
[MDS], 2004).
Alberto, Freire, Leite e Gouveia (2014), destacam um conjunto de leis
complementares que, de certa forma, contribuíram com o surgimento do SUAS: o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 1990, a Política Nacional do Idoso
(PNI) em 1994, o Estatuto do Idoso em 2003 e a Política Nacional de Assistência Social
em 2004.
Em 2005, aprovado pela Resolução nº 145 do Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS), pela Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e pela Norma
Operacional Básica (NOB/SUAS), nasce o Sistema Único da Assistência Social
(SUAS), como forma de garantir, por meio de políticas públicas, o direito à seguridade
e à proteção social básica aos cidadãos brasileiros (Silva & Corgozinho, 2011).
O SUAS, modelo de gestão por onde a política pública se faz voltada para a
assistência social, precisa focar seu interesse nos contextos, comunidades, famílias e
sujeitos, de forma descentralizada e participativa, assegurando mecanismos de proteção
social. O território é sua base de organização e ele se divide em três níveis de
complexidade – Proteção Social Básica, Proteção Social Especial e Proteção Social
Especial de Alta Complexidade.
O SUAS se volta àqueles cidadãos que estão em situação de vulnerabilidade
e/ou riscos. Compreende essa situação ou de vulnerabilidade ou de risco consumada por
perda ou fragilidade de vínculos afetivos; por ciclo de vida; por termos étnicos, culturais
e sexuais; por alguma deficiência; por exclusão resultante de pobreza ou de falta de
acesso às políticas públicas; por uso de substâncias que causam dependência; por
violência familiar ou urbana; por inserção insuficiente no mercado de trabalho; por
outros tipos de situações de sobrevivência que apresentam como consequência um risco
ao indivíduo (MDS, 2004).
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) situa suas atividades na
proteção social básica e se constitui na unidade pública de base territorial, encontra-se
em regiões de vulnerabilidade social, e consiste na porta de entrada do SUAS. Os
serviços oferecidos pelos CRAS têm como objetivo central a prevenção à ocorrência de
situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios, por meio da organização e
coordenação da rede de serviços socioassistenciais locais da política de assistência
social (MDS, 2004). Oferece serviços que buscam o desenvolvimento de
potencialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e
da ampliação do acesso aos direitos de cidadania (MDS, 2009).
A atuação do CRAS ocorre diretamente com famílias e indivíduos no respectivo
contexto comunitário, assumindo como fatores identitários a matricialidade
sociofamiliar – a família enquanto núcleo social básico das ações e serviços das
políticas – e a territorialização – o território enquanto determinante para a compreensão
e enfrentamento de vulnerabilidade e risco social (MDS, 2009). O principal serviço
oferecido é o Programa de Atenção Integral às Famílias (PAIF), cujo objetivo consiste
na orientação e no convívio sociofamiliar e comunitário (MDS, 2009). Segundo Costa
Santos, Franco, & Brito (2011), pode-se dizer que os profissionais atuam para um
aumento na resiliência dos usuários, ou seja, estimulam o processo que ativa recursos de
enfrentamento de forma positiva de adversidades ao longo do curso do desenvolvimento
humano.
Em 2008, o Conselho Federal de Psicologia elaborou um documento com
referências técnicas para a atuação do psicólogo no CRAS, no qual sanciona que o
trabalho deste profissional deve ser baseado em ações interdisciplinares, cuja finalidade
consiste em fundamentar investigações acerca das situações do território de referência
de cada de CRAS.
Toda política da assistência social está fundamentada nas garantias sociais, as
quais conduzem ações que objetivam assegurar a efetivação dos direitos sociais
homologados pelo Estado brasileiro. Dentre essas formas de garantias sociais, encontra-
se a acolhida, o convívio familiar e comunitário e o desenvolvimento da autonomia.
Destaca-se aqui que o convívio familiar e comunitário pode se basear em vivências que
colaboram para o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, em que os
sujeitos possam reconhecer potencialidades que lhes empoderem como sujeitos de sua
história, possibilitando uma maior compreensão de seu território, uma maior
participação social (MDS, 2012).
Nos últimos dez anos houve uma ampliação da inserção do psicólogo nas
políticas públicas e, aliado a isso, é possível afirmar que diferentes experiências foram
proporcionando diferentes práticas no enfrentamento da vulnerabilidade (Alberto et all,
2014).
No entanto, “o psicólogo é ainda percebido como um profissional da saúde que
atua no atendimento de problemas, distúrbios, desajustamentos na perspectiva
individualizante, remediativa e curativa, bem de acordo com o modelo médico
tradicional” (Guzzo, Mezzalira e Moreira, 2014).
Tal cenário implica na necessidade de uma formação e atuação deste profissional
comprometida com as transformações sociais e coadunando com as diretrizes das
políticas públicas. Implica, também e como conseqüência, na invenção de estratégias de
enfrentamento a burocracia das instituições, realizando ações e estabelecendo
compromissos que, sem deixar de lutar pela aquisição das condições básicas de
trabalho, possa criar laços e alternativas de resistência que indiquem novos fazeres no
campo psi.
2.3. Subjetivação política e as experiências na gestão
A política pode ser entendida como o encontro entre dois processos
heterogêneos: o da governança e o da igualdade, sendo esta composta por um conjunto
de práticas emancipatórias (Rancière, 1995). Como encontro entre governança e
igualdade, a política, na perspectiva de Rancière, não pode ser confundida com formas
de gestão, políticas públicas ou mesmo com diretrizes governamentais e formas de
consenso comunitário. Para este autor, a política depende de um conflito, de uma
negação do consenso, de uma verificação da igualdade. Ela não tem conteúdo, não é
uma substância e nem uma encarnação de um princípio.
“Assim o dissenso, antes de ser a oposição entre um governo e pessoas que o contestam, é um conflito sobre a própria configuração do sensível. Os manifestantes tem na rua um espetáculo e um assunto que não tem ai seu lugar. E aos curiosos que veem esse espetáculo, a polícia diz: vamos circular, no há nada pra ver. O dissenso tem assim por objetivo o que chamo o recorte do sensível, a distribuição dos espaços privados e públicos, dos assuntos de que neles se trata ou não, e dos atores que tem ou não motivos de estar aí para deles se ocupar. Antes de ser um conflito de classes ou de partidos, a política é um conflito sobre a configuração do mundo sensível na qual podem aparecer atores e objetos desses conflitos” (Rancière, 1996b, p. 373).
A igualdade não é um valor, nem tampouco um objetivo. Para Ranciére (1995),
a igualdade é um princípio, um operador lógico, o único universal em política, o qual
pode ser verificado e demonstrado, em cada caso. Sua efetividade é a construção
discursiva e prática, como subjetivação em um enredo argumentativo.
Aquilo que Rancière (1995) chama de política depende de uma heterologia, ou
seja, de uma lógica que esteja voltada para o outro, um outro que surge e permanece
“invisível” para a governança. As práticas emancipatórias implicam necessariamente na
luta contra o egoísmo como um estatuto lógico, e um movimento em direção ao outro é
o que marca a motivação: a verificação da igualdade de qualquer ser falante com
qualquer outro ser falante.
Este movimento em relação ao outro sem lugar de pertença, que se faz pelo
enfrentamento da injustiça, é chamado por Rancière (1995) de subjetivação política. A
subjetivação política não pode ser considerada uma identidade, mas ao contrário, é um
processo relacional, é a relação do eu com o outro, experenciado como processo de
desidentificação ou desclassificação. É o postulado da igualdade ou enfrentamento da
injustiça.
Nós podemos atuar como sujeitos políticos, como subjetivação política, no
intervalo, no “in between” (Rancière, 1995) de identidades, mas sem nos identificarmos
com nenhuma delas. Em síntese, subjetivação política implica em um processo de
desidentificação e em uma demonstração argumentativa da igualdade, situada no lugar
do “in between”, ou do intervalo, no “entre” identidades.
A partir destas considerações, como poderíamos pensar os processos de gestão
no CRAS, objetivados em práticas e sentidos de psicólogos e psicólogas no exercício de
seu trabalho e nos resultados das atividades coletivas que promovem? Que experiências
podem ser promotoras de processos de subjetivação política?
Podemos analisar o CRAS e suas práticas como processos de gestão. Mas, será
que poderíamos pensar que processos de subjetivação política acontecem nestes
contextos?
Ao pensarmos que os movimentos sociais impulsionaram e pressionaram o
Estado na criação de Políticas Públicas e Políticas Sociais, entendemos que atos
políticos provocaram dissensos e denunciaram danos, cujas demandas, uma vez
incorporadas, tornam-se práticas de governo, as quais produzem novos danos:
O dano é simplesmente o modo de subjetivação no qual a verificação
da igualdade assume figura política. [...] O dano institui um universal
singular, um universal polêmico, vinculando a apresentação da
igualdade, como parte dos sem-parte, ao conflito das partes sociais
(Rancière, 1996, p. 51).
A emancipação que se coloca no horizonte dos trabalhos que lá são propostos,
aposta na diminuição da desigualdade social e econômica e no campo do direito à
cidadania. Vale pensar que
A inteligência coletiva da emancipação não é a compreensão de um
processo global de sujeição. É a coletivização das capacidades
investidas nessas cenas de dissenso. É a aplicação da capacidade de
qualquer um, da qualidade dos homens sem qualidade (Rancière,
2012, p.48).
Faz-se importante pensar os processos de gestão e governo para entendermos a
própria política como dissenso e antagonismo (Prado, 2002). Mesmo sob a diretriz de
práticas institucionalizadas, as atividades desenvolvidas por psicólogos e psicólogas nos
CRAS, por meio do que potencializam, podem expressar o lugar do abismo, o lugar do
não lugar, abrindo campo para os processos de subjetivação política.
É apostando na descoberta de tais processos e seus impasses, que propomos a
presente investigação.
4. Objetivos
Geral
Investigar os discursos sobre as práticas de psicólogos e psicólogas que atuam em
Centros de Referência em Assistência Social (CRAS), visando identificar avanços e
recuos no que se refere a promoção de processos de subjetivação política, por meio de
suas experiências com coletivos.
Específicos
1. Mapear os CRAS dos municípios de Florianópolis (SC), Joinville (SC), Curitiba
(PR) e Porto Alegre (RS), e os trabalhos que psicólogos e psicólogas
desenvolvem com grupos e outros coletivos;
2. Investigar as atividades dos psicólogos e psicólogas com interesse no modo
como é desenvolvido este trabalho;
3. Compreender o modo como dialogam com sua formação, as dificuldades e
avanços neste fazer;
4. Analisar os trabalhos com coletivos (grupos, oficinas, formação, etc.) que se
propõem ser experiências promotoras de direitos e fortalecimento de
sentimentos de pertencimento e laços coletivos;
5. Fornecer subsídios científicos e assim contribuir para a formação de psicólogos
e psicólogas na atuação de Políticas Sociais;
6. Contribuir na análise das Políticas Sociais, visando seu aprimoramento no
contexto da desigualdade social brasileira.
5. Procedimentos
Estudo Bibliográfico
Durante todo processo desta investigação, realizaremos a pesquisa bibliográfica
em: artigos científicos, livros, capítulos de livros; documentos oficiais, como textos,
portarias e resoluções do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
(MDS) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP); teses e dissertações.
Buscaremos informações, também, em documentos do CRAS, como material de
divulgação de grupos e oficinas, relatórios, etc.
Entrevistas, questionários e participantes da investigação
Este projeto se caracteriza por desenvolver, primeiramente, um mapeamento dos
CRAS nos municípios mencionados, identificando quantos psicólogos e psicólogas
atuam em cada unidade e como as equipes de cada uma é composta. Para tanto,
entraremos em contato com as Secretarias Municipais de Assistência Social das
Prefeituras dos municípios e solicitaremos autorização para a pesquisa. Nesta etapa,
assim como nas que se seguem, utilizaremos o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido e seguiremos todos os procedimentos éticos, inserindo este projeto na
Plataforma Brasil.
Realizado os procedimentos éticos necessários, iniciaremos buscando
informações preliminares na figura dos Coordenadores Geral dos CRAS acerca do
número de psicólogos e psicólogas e as equipes que os compõem. A entrevista com
roteiro norteador a ser realizada com o coordenador e a análise de documentos de
referência irá embasar a busca destas informações. Os dados obtidos serão tabulados e
servirão para as etapas seguintes da investigação.
Visando identificar e mapear os trabalhos desenvolvidos pelos psicólogos e
psicólogas, neste primeiro estudo pretendemos trabalhar com questionários que nos
tragam informações mais objetivas acerca do cotidiano e das atribuições exercidas por
eles. Este primeiro estudo embasará as etapas subseqüentes e fornecerá subsídios para a
graduação, assim como para outras questões voltadas as Políticas Sociais. Utilizaremos
para esta etapa, o software IRAMUTEQ, amplamente trabalhado, sistematizado e
difundido pelo Laboratório de Psicologia Social da Comunicação e Cognição
(LACCOS) da UFSC, sob coordenação do Prof. Brígido Vizeu Camargo.
Nesta etapa, realizaremos uma reunião presencial com a equipe de pesquisa na
UFSC, seguida de um treinamento para a utilização do software a ser ministrado pelo
LACCOS, coordenado pelo prof. Brígido Vizeu Camargo.
A partir da análise dos resultados dos questionários, planejaremos as entrevistas,
as quais serão abertas e com roteiro norteador, individuais e/ou coletivas, a serem
realizadas com os psicólogos e psicólogas que consentirem livremente sua participação,
por meio da aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, a ser elaborado
oportunamente.
As entrevistas serão gravadas com auxílio de microgravador, MP4 e/ou outro
tipo de gravador digital, em local a ser definido posteriormente e serão transcritas na
íntegra. O número de entrevistas deve ser variado, conforme a situação e a
especificidade de cada participante ou grupo como um todo. As entrevistas serão
concebidas em uma perspectiva dialógica, onde sujeitos em relações constroem
discursos nos contextos de investigação.
Por meio das entrevistas, interessa-nos identificar os sentidos que atribuem a
seus trabalhos, suas dificuldades, impasses, anseios, bem como a invenção de
estratégias de atuação e enfrentamento aos trâmites burocráticos da gestão. Interessa-
nos conhecer os trabalhos com coletivos, desde o modo como foram propostos, até suas
características operacionais e de envolvimento e parcerias (ou não) com moradores do
território na coordenação de oficinas e/ou cursos promovidos pelo CRAS.
Igualmente, interessa-nos entender e analisar como os psicólogos e psicólogas
compreendem as demandas da população e da gestão. Como experenciam a violência e
as diferentes formas de exclusão vividas pelas famílias nos territórios? Que impasses e
avanços observam? O que e como propõem? Como significam as experiências na
relação com os usuários? Que experiências conseguem vivenciar e desenvolver que
possibilitam ou apontam para processos de subjetivação política?
Grupos focais
A fim de enriquecer a busca das informações, poderemos realizar grupos
focais, compreendidos como um técnica que permite a interação grupal, o debate, o
embate de opiniões e posturas, trocas de ideias acerca de um tema proposto, assim como
a troca e reflexão acerca de diferentes experiências. A realização dos grupos será
coordenada pela equipe de pesquisa e será registrada videograficamente ou apenas em
áudio, mediante prévia autorização dos participantes.
Observação participativa
Para complementar os questionários, entrevistas e grupo focal, realizaremos
observações de campo, na modalidade participativa, as quais serão auxiliadas pelo
diário de campo, onde observaremos as relações entre psicólogos e psicólogas com a
equipe de trabalho e na sua atuação com grupos, oficinas e outras ações coletivas
realizadas no território.
A “participação, como é definida aqui, rompe com os preceitos da
‘epistemologia da distância’ que tudo faz para preservar a neutralidade do observador”
(Spink, 2007, p. 11). Os indicadores que servirão para a análise a partir do material
obtido por meio destas observações serão construídos na interface da relação dialógica
entre texto e contexto.
Reuniões da equipe de pesquisa
Prevemos realizar duas reuniões presenciais da equipe de pesquisa, sendo uma
em 2015 e outra em 2016. Em 2015 nos reuniremos para elaborar o questionário,
realizar um treinamento no software escolhido1 junto a equipe do LACCOS na UFSC, e
planejar o restante da investigação. A segunda reunião acontecerá em 2016, após as
entrevistas, visando unificar os procedimentos de análise qualitativa, a qual poderá
também se beneficiar pela utilização deste mesmo software.
Análise do material
O material obtido por meio desta investigação será analisado a partir da análise
de discurso, compreendido como ações situadas socialmente (Rocha-Coutinho, 1998).
Neste sentido, a linguagem escrita, assim como as informações do campo serão
entendidas como ato social e serão apreendidas na relação dialógica que compõe a
situação da pesquisa, cujos horizontes apontam para olhares onde “o texto é ponto de
partida e de chegada”, já que “a situação, em seu sentido mais amplo, constrói o próprio
texto, que é sempre de natureza sócio-histórica” (p. 327).
A análise do discurso, sob esta perspectiva, procederá na construção de
“categorias” ou “unidades” a partir do próprio texto, ou seja, a posteriori, mesmo que
alguns aspectos já sejam estabelecidos a priori. O “discurso”, tal como é entendido
aqui, produz-se como ato, como acontecimento em um contexto específico, surgindo na
relação dialógica entre posições sociais que se confrontam nos cenários da pesquisa.
Assim, criaremos categorias a posteriori, as quais devem seguir pontos fundamentais
que dialoguem os discursos sobre fazeres de psicólogos e psicólogas nos contextos dos
CRAS, na interface dos processos de construção de subjetivação política.
A partir da relação dialógica que envolve o pesquisador ao material
bibliográfico e as informações do campo, focaremos esta investigação como um
processo que envolve a linguagem, num movimento de subjetivação e objetivação que
se tornarão presentes no contexto e na totalização analítico-sintética das diferentes
vozes deste processo. Nosso lugar nestas relações implica que estamos ocupando
1 Camargo, Brigido Vizeu, & Justo, Ana Maria. (2013). IRAMUTEQ: um software gratuito para análisede dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518. Recuperado em 04 de novembro de 2014, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2013000200016&lng=pt&tlng=pt. 10.9788/TP2013.2-16.
espaços nos cenários da investigação como alguém que participa, também, da
construção dos sentidos dos conceitos que queremos investigar.
No entanto, é necessário um “desdobramento de olhares a partir de um lugar
exterior” (Amorim, 2003, p. 14), o qual pode ser conceituado como exotopia. Ou seja,
buscaremos, no contexto da investigação, captar o modo como significam seus fazeres
para, em seguida, ocuparmos nosso lugar de exterioridade, visando produzir um olhar
acerca do modo como compreendemos tais sentidos no contexto da investigação.
6. Resultados esperados
A partir desta investigação, pretendemos produzir, pelo menos, seis artigos
científicos publicáveis em revistas indexadas de alto conceito no Qualis/CAPES.
Escrever, pelo menos, 2 capítulos de livros que tragam resultados de tal investigação, a
ser publicado em coletâneas cujo tema verse acerca das questões desenvolvidas aqui.
Apresentar diversos trabalhos nos mais significativos congressos na área, de âmbito
nacional e, pelo menos, um internacional, também faz parte dos resultados esperados.
Além disso, como coordenadora desta pesquisa, pretendo contribuir com a
formação de alunos da graduação do curso de Psicologia, por meio da conclusão de
orientação de, pelo menos, quatro alunos de iniciação científica e oito alunos em
estágios curriculares. Com alunos da pós-graduação, pretendo contribuir, por meio da
orientação de duas dissertações de mestrado e duas teses de doutorado que integram a
linha de pesquisa Relações Éticas, Estéticas e Processos de Criação, que participo
dentro do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). A parceria com o pesquisador Frederico Viana Machado, da
UFRGS, enriquecerá esta investigação, estreitando parcerias e promovendo atividades
conjuntas que realizamos junto ao Grupo de Trabalho da ANPEPP “Psicologia Sócio-
Histórica e o Contexto Brasileiro de Desigualdade Social”, coordenado por mim e pela
Profa. Adélia Souto (UFAL).
No que se refere às Políticas Sociais, os resultados serão apresentados a todos os
psicólogos e psicólogas de todos os CRAS, ao poder público de todos os municípios e
também, se possível, a outros órgãos competentes que tenham interesse e possam
viabilizar soluções para os problemas levantados. Propondo estratégias para este fim,
pretendemos realizar um Seminário sobre a atuação dos psicólogos e psicólogas nos
CRAS a ser realizado na UFSC, esperando que esta iniciativa possibilite um
entrelaçamento maior entre esta categoria de trabalhadores, universidades envolvidas e
poder público.
Por fim, nossa expectativa é dialogar com a produção existente sobre o tema,
visando contribuir para a construção de Políticas Sociais e práticas psi, na
transformação de sujeitos e coletivos em movimentos de maior emancipação.
7. Contrapartida da instituição e infra-estrutura para o desenvolvimento do
projeto
O presente projeto terá sua base de infra-estrutura e de apoio técnico
centralizado na Universidade Federal de Santa Catarina, mais especificamente no
Departamento de Psicologia, na sala do NUPRA, núcleo de pesquisa que coordeno.
Neste núcleo contamos com dois microcomputadores, uma impressora (HP Deskjet
F4280), um gravador digital, uma máquina fotográfica e uma linha telefônica.
8. Cronograma
Período: ano de 2015
ATIVIDADE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Revisão da
literatura X X X X X X X X X X X X
Estudo
bibliográfico
X X X X X X X X X X X X
Levantamento
dos CRAS nos
municípios
X
Entrevista com
a Coordenação
Geral dos
CRAS dos
municípios
X
Elaboração e
aplicação de
questionários
X X
Tabulação dos
dados
X X
Reunião II da
equipe de
pesquisa
X
Entrevistas
individuais
com os
sujeitos
X X X X
Período: ano de 2016
ATIVIDADE JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Revisão da literatura X X X X X X X X X X X X
Estudo bibliográfico X X X X X X X X X X X X
Reunião II da equipe
de pesquisa
X
Observações
participativas
X X X X
Grupo focal X X
Transcrição das
entrevistas
X X X X X
Análise das
informações a partir
de todo material
bibliográfico e de
campo
X X X X X X
Elaboração de
trabalhos para
divulgação científica
X X X X X X X X X X X X
Elaboração do
relatório final
X X X
9. Orçamento
Material de Consumo:
- resmas de papel- 20 resmas= 400,00 reais
- tinta para a impressora= 3 cartuchos ao ano para cada um dos 4 pesquisadores = 24
cartuchos= 480,00 reais
- diárias do CNPq para auxílio das reuniões da equipe- 3 dias para 3 pesquisadores X 2
reuniões = 5.760,00 reais
Passagens:
Porto Alegre- FN- Porto Alegre para duas reuniões = 1000,00 reais
Curitiba- FN- Curitiba para duas reuniões = 1000,00 reais
Joinville – FN- Joinville para duas reuniões = 1000,00 reais
Total= 9640,00 reais
Capital
- Filmadora digital- 1 unidade = 1.360,00 reais
- Notebook- 1 unidade = 2.300,00 reais
Total= 3660,00 reais
Total Geral=
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