Exegese mc 6, 1-16 (2)

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Exegese de >Disciplina: Evangelhos SinticosDocente: P.e Georgino RameauDiscentes: Clia Regina Miranda da Silva; Douglas Henrique Almeida da Silva; Flvio Jesus da Silva e Roque Moro

>Primeiro devemos observar que no possvel trabalhar este texto como uma nica unidade textual. Dentro desta grande unidade textual h diferenas de assunto, personagens, espao que no nos permite trabalha-la uniformemente, seria um grande erro por no considerar que h peculiaridades nas unidades textuais menores (Mc 6, 1-6; 7-13) que o autor elaborou de modo autnomo e, em outro caso, separar uma unidade textual, como o caso dos v. 14-16 que esto separados de sua percope originria. Trabalharemos cada unidade explicando melhor o que foi acima afirmado.Mc 6,1-6Delimitao textualNo incio desta unidade textual (terminus a quo) a primeira informao que o autor nos d que ocorre uma mudana de espao: Saindo dali, foi para a sua ptria... (Mc 6,1). Na unidade textual anterior, Jesus se encontrava em uma outra regio, isto , do do outro lado; beira-mar (Mc 5,22) e, mais, precisamente na casa de Jairo; dali ele saiu em direo sua ptria. Tambm ocorre uma mudana temporal, que na unidade est bem definido por: Vindo o sbado... (Mc, 6,2), fica subentendido que sua atividade anterior no era na mesma data deste fato agora iniciado. Outro fato que favorece o argumento do incio de uma nova unidade textual a mudana de assunto ocorrida. Na unidade anterior se fala da cura da hemorrossa e da ressurreio da filha de Jairo, j na unidade que estamos trabalhando trata-se do ensino de Jesus em sua ptria. Outro elemento a mudana de personagens que passa de alguns discpulos e pessoas que receberam os milagres para um grupo do povo de Nazar. Por fim, quanto ao terminus a quo, na unidade precedente constata-se que o autor usa uma narrativa de cura como gnero literrio, j nesta unidade, ele usa a narrativa de ensino intercalada de discursos diretos dos personagens.Por outro lado, o limite final desta unidade literria (terminus ad quem) versculo 6, pois exatamente nele acontece uma mudana espacial em relao unidade posterior Mc 6,7-13, onde Jesus sai de sua ptria e percorre os povoados circunvizinhos. Tambm acontece uma mudana de personagens, de gnero literrio e assunto. Por fim, o elemento mais forte para a caracterizar Mc 6, 1-6 como uma unidade textual coesa e autnoma o uso que o hagigrafo faz do recurso literrio de incluso nos versculos 1 e 6, em que ele amarra a unidade como quadro fechado pela repetio da ideia de mudana de lugar.Anlise sintticaNa unidade textual, o autor procura caracterizar os momentos que antecedem o ponto no qual ir acontecer a trama central. Ele busca mostrar que Jesus primeiro a agir: sai do lugar em que estava e se dirige para a sua ptria; logo aps, os discpulos reagem atravs do seguimento. Semelhante construo se dar no centro da narrativa. Assim, pode-se dizer que h trs momentos chaves na unidade: o ensino de Jesus, a reao do povo e a resposta de Jesus. No primeiro momento os verbos saindo, foi, comeou a ensinar refere-se s aes de Jesus. Ele primeiramente age, isto , vai para a sua ptria e, ao chegar o sbado, ensina. Somente aps estas descries sobre Jesus e sua misso, o autor diz algo sobre os ouvintes e, as informaes so de uma reao negativa a respeito dele e seu ensinamento. Esta reao tirada da boca do prprio autor quando se refere a eles pelos verbos ficavam admirados, dizendo e estavam chocados; estas reaes, percebidas pelo autor, so reforadas pelas falas dos prprios personagens que se indagam a respeito da origem de Jesus, que eles conhecem e por isso se admiram, e seu ensino, que eles no conhecem. Sem que os personagens consigam chegar a uma resoluo desta problemtica, o autor relega a Jesus a ltima reao que resolve a questo e supera a fala dos ouvintes: um profeta s desprezado em sua ptria (v. 4).

Anlise semnticaA linguagem usada fortemente sinagogal, uma vez que usa dos termos como sbado, sabedoria, sinagoga, ouvinte e ensino. Porm, Jesus encontra muitas objees dos seus contemporneos que, primeiramente, se admiram de sua sabedoria e de seus milagres, mas que ao fim no acreditam nele.

Estrutura do texto A estrutura do texto parte do relato introdutrio do autor (v. 1-2), informando ao leitor sobre localizao, tempo, personagens e a controvrsia que se dar; depois, segue o discurso dos ouvintes admirados, que fornecem mais informaes sobre Jesus, mas que ao fim no lhe do crdito. Aqui aparece um paralelismo antittico, pois o autor primeiramente introduz algo sobre Jesus > (v. 1) e deixa a cargo dos personagens completarem as informaes > (v. 3), em seguida retoma o relato para dizer apenas que ficaram >, mas a concluso de sua > vem somente aps a fala de Jesus, que arremata como palavra final sobre o assunto: > (v. 5). Sobre a incredulidade do povo versa esta unidade textual. O texto finalizado com o recurso literrio da incluso, pela qual fecha este ciclo do ensino de Jesus em sua ptria (v.6).

Comentrio atualizante com enfoque em Deus e em JesusJesus encontrou dificuldades em transmitir seu ensino para o povo de sua ptria. Pensemos bem na advertncia que esta Palavra de Deus nos faz! O prprio Filho do Pai, em pessoa, esteve no meio do seu povo, conviveu com ele, falou-lhe, sorriu-lhe, abraou-lhe e, no entanto, no foi reconhecido pelos seus. E por qu? Pela dureza de corao, pela insistncia teimosa em esperar um messias de encomenda, sob medida. Parece que mais cmodo esperar um messias que vem de fora, de lugares ilustres. como se fizssemos como aqueles personagens de filme que esperam um super-heri desconhecido que vem para nos ajudar em nossos problemas.Talvez uma reflexo que podemos trazer para as nossas vidas se tambm nas coisas do dia-a-dia no estamos deixando para que sejam solucionados todos os problemas de modo extraordinrio, uma soluo que vem de fora. Este perigo constante para ns. Como se aqueles que esto ao nosso lado no fossem capazes de nos apresentar a Deus; como se ns no fossemos capazes de apresentar Deus aos outros. Tambm no podemos esquecer que Jesus ali no pde realizar milagre algum devido dureza do corao daquele povo. Deus sempre quer agir em ns e ao nosso favor, mas tudo que Ele faz com a nossa permisso. Se ns no nos abrirmos graa de Deus, vontade de Deus em ns, Ele no vai agir contra a nossa liberdade. Devemos, ento, pedir sempre que Jesus nos ensine a deixar esse corao duro e incrdulo e nos d um corao aberto sua Palavra e sua graa.

>Delimitao textualEsta nova unidade textual se distingue da anterior (terminus a quo) pelo que foi informado antes: personagem, gnero literrio, localizao e assunto. O autor elenca como personagens desta nova percope: Jesus e os doze, apenas, sendo que antes falava para o povo da sua ptria. O fato dos discpulos estarem ou no quando Jesus falava para o povo no significativo, visto que no so eles os destinatrios da fala de Jesus, e sim o povo. A localizao tambm diferente, pois na incluso da unidade anterior o autor nos diz que Jesus ... percorria os povoados circunvizinhos, ensinando (v. 6). O gnero literrio aqui diferente do encontrando na percope de Mc 6, 1-6, estamos diante de um sumrio pelo qual o autor sintetiza todo o seu contedo sem se preocupar em desenvolv-lo, pois na verdade uma preparao para o que dir nos captulos seguintes; outra caracterstica sua que ele interrompe a narrativa que seria uma sequncia do tema da identidade de Jesus nos versculos seguintes (Mc 6,14ss), por isso, pode-se dizer que este gnero literrio delimita o texto quanto seu final, o terminus ad quem; por si j uma unidade literria.O assunto da unidade de Mc 6, 7-13 muda radicalmente em relao a unidade anterior. Nesta unidade hagigrafo procura realizar uma abordagem sobre o chamado e o envio que Jesus fez aos doze, e tambm faz recomendaes que indicam a forma que deve agir seus discpulos, fazendo que os reconheam pelo seu modo de se apresentar.

Anlise sintticaPodemos identificar no texto a presena de verbos que do ideia de incio de nova ao atravs do verbo >, alm do que introduz um novo tema: >. O autor tambm faz uso frequente da partcula grega > ou > para que o texto tenha uma forma de paralelismo sinonmico, ou seja, ideia ou termos que se repete com a finalidade de reforar uma ideia; esta ideia repetida tambm aparece de duas formas: primeiramente pelo relato (v. 7-9), depois pelo discurso direto de Jesus (v. 10-11) nos quais encontramos as instrues aos doze, bem como sua misso. Porm, ao mesmo tempo existe um paralelismo antittico entre os v. 10 e 11: >, >. E, o autor finaliza pelas aes terminais >, expresso do terminus ad quem.

Anlise SemnticaO hagigrafo tenta mostrar que Jesus faz um momento de ensino particular para os discpulos, destacando a relao de mestre e discpulo. Os elementos que nos apontam isso o fato de estar apenas Jesus com os doze e de dar instrues especficas a eles e um ambiente formativo.

Estrutura do textoA unidade textual inicia-se com Jesus chamando os doze para o ensinamento privado. Isto forma uma introduo, pois a partir dai que se entende o destinatrio do que dito a seguir, a forma e o ambiente, fazendo com que se tenha uma viso e sinttica do que aconteceu e se consiga uma viso geral tem a seguir. Logo, a unidade textual se caracteriza como um sumrio. predominante no texto o discurso do autor de forma indireta, enquanto a fala dos personagens se compreendem em poucos versculos. No final da unidade o autor enfatiza o fato de que aquilo que os discpulos fizeram foi grandioso: ... eles pregavam que todos se arrependessem. E expulsavam muitos demnios e curavam muitos enfermos, ungindo-os com leo. (v. 13). Isso mostra, de certa forma, uma repetio de ideia do v. 7 e dos v. 12 e 13, dando o sentido de concluso entre estes versculos.

Comentrio atualizante com enfoque em Deus e em JesusJesus envia seus discpulos dois a dois mostrando que seu testemunho verdadeiro. Os dois do mais autenticidade daquilo que dito. Tambm pedido a eles total despojamento, no levar nada consigo, apontando para uma total confiana em Deus quando estamos em misso. No quer dizer que no tenhamos que nos esforar em prol s necessidades, mas devemos ter claro que tudo que temos e tudo que fazemos graas a Deus, Ele quem tudo realiza em ns e por ns. Outro ponto que temos de observar de no nos prendermos em coisas materiais que podem nos deslumbrar, tirar-nos do centro da misso, que Jesus. Jesus acaba pedindo que deixemos de lado as coisas que so secundrias e nos foquemos no que essencial, que aprendamos a confiar em Deus e perceber que precisamos de outras pessoas ao nosso lado para realizar a misso, visto que somos limitados.