Exegese Em I Coríntios - Parte II

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GLADSON PEREIRA DA CUNHA SILVINO DA CUNHA DIAS Exegese em I Co.11.2-16 – Parte II Exegese apresentada ao Seminário Teológico Presbiteriano ReVersículo Denoel Nicodemos Eller atendendo as exigências da disciplina de Exegese em Cartas Paulina. Professor: ReVersículo Ms. José João de Paula

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Exegese em 1Co.11 - parte 2

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GLADSON PEREIRA DA CUNHASILVINO DA CUNHA DIAS

Exegese em I Co.11.2-16 – Parte II

Exegese apresentada ao Seminário Teológico

Presbiteriano ReVersículo Denoel Nicodemos Eller

atendendo as exigências da disciplina de Exegese

em Cartas Paulina.

Professor: ReVersículo Ms. José João de Paula

BELO HORIZONTE

2004

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ÍNDICE

ÍNDICE................................................................................................................................................... 2

1 TERMOS CHAVES........................................................................................................................ 3

2 TRAÇOS GRAMÁTICAIS..............................................................................................................4

3 ESTRUTURA DA PASSAGEM......................................................................................................8

4 AMARRAÇÃO DA PASSAGEM.....................................................................................................8

5 MENSAGEM PARA O DIA DO AUTOR.......................................................................................10

BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................................... 26

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3

1 TERMOS CHAVES

Ao trabalharmos a passagem de 1 Corintos 11.2-16, podemos considerar as

seguintes palavras ou expressões abaixo listadas de acordo como seu referente

versículo, como os termos e expressões chaves desta perícope:

Versículo 2

Eu os louvo – )Epainw=Tendes lembrado – me/mnhsqeEntreguei – pare/dwkaTendes mantido – kate/xete

Versículo 3

Cristo é o cabeça do homem – a)ndro\j h( kefalh\ o( Xristo/jO homem é o cabeça da mulher – kefalh\… gunaiko\j o( a)nh/rDeus é o cabeça de Cristo – kefalh\…tou= Xristou= o( qeo/j.

Versículo 4

que ora e que profetiza [orando e profetizando] – proseuxo/menoj h)\ profhteu/wnTendo algo sobre a cabeça – kata\ kefalh=j e)/xwnEnvergonha – kataisxu/nei

Versículo 5

Descoberta – a)kataka/luptojTendo sido raspado – e)curhme/nv

Versículo 6

Cobrir-se – katakalu/ptetaiVergonhoso – ai)sxro\nCortar – kei/rasqaiRaspar – cura=sqai,

Versículo 7Por um lado … por outro lado [essas duas partículas revelam um contraste definido entre o homem e a mulher]1 – men…de/Deve – o)fei/leiImagem e glória de Deus – ei)kw\n kai\ do/ca qeou=É a glória do homem – do/ca a)ndro/j e)stin

Versículo 9

Pois semelhantemente – kai\ ga\r

foi criado – e)kti/sqhpor causa de – dia\

1 KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento – 1Coríntios. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004. 528. Cf. RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Lingüistica do Novo Testamento Grego. São Paulo: Edições Vida Nova, 2003

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Versículo 10

Sinal de autoridade – e)cousi/anTer – e)/xeinPor causa dos anjos – dia\ tou\j a)gge/louj

Versículo 11

Todavia – plh\na parte – xwri\jNo Senhor – e)n Kuri/%

Versículo 12

Provêm de Deus – e)k tou= Qeou=

Versículo 13

Por vocês mesmos – u(min au)toij Julgai – kri/nateAlgo conveniente – pre/pon

Versículo 14

Ou – h)/Natureza – fu/sijSe – e)a/nDeixar o cabelo crescer – kom#= Desonra – a)timi/a

Versículo 15

Cabelo foi dado em lugar do véu – ko/mh a)nti\ peribolai/ou de/dotai

Versículo 16pensar – dokei=contencioso – filo/neikojcostume – sunh/qeianigrejas de Deus– e)kklhsi/ai tou Qeou

2 TRAÇOS GRAMÁTICAIS

Outro elemento importante na elaboração deste trabalho exegético é o

levantamento e análise dos traços gramaticais que são predominantes nesta

passagem. Estes traços determinam, filologicamente, a estrutura, a forma e o

conteúdo das informações que o texto tem a nos oferecer, recordando-nos sempre o

fato que as Escrituras nos foram reveladas através de uma estrutura

lingüisticamente qualificada,2 a qual pode e deve ser analisada pelos estudantes da

Sagrada Escritura.

Esta análise se baseia na observação e avaliação das diversas classes

gramaticais existentes na passagem, porém, evidenciando aquelas que têm maior

importância para o entendimento da idéia exposta pela passagem. Vejamos,

primeiramente, os verbos existentes nesta perícope.

O tempo verbal com maior destaque em todo o texto é o presente, como

cerca de 24 ocorrências. Este tempo grego expressa cronologia e o tipo da ação

descrita pelo verbo, como os verbos dos demais idiomas, contudo, algo que deve

estar sempre presente na mente dos exegetas ao analisar os tempos gregos é o

2 KLOOSTER, Fred H. Toward a Reformed Hermeneutic. Em: PAULA, José João de. Apostila de Metodologia Exegética. Belo Horizonte, 2002. 1

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princípio de que o mais importante neles não é a idéia temporal, mas sim a o tipo ou

a qualidade da ação.3

O presente expressa eventos continuativos e progressivos ou, como os

gramáticos preferem, durativo e linear,4 os quais se processam na ocasião do falar

ou escrever.5 Isto quer dizer que a ação expressada por este tempo é progressiva e

que ainda está acontecendo num tempo presente. O presente tem como uma de

suas características o aspecto de uma declaração, que pode indicar as intenções de

quem está realizando a ação.6

Neste caso, o apóstolo se apropria deste tempo verbal construir a sua

argumentação, a qual se baseia em fatos verificáveis dentro da própria comunidade

que necessitavam ser tratados com as reações apresentadas no discurso de Paulo.

Por meio deste tempo, o apóstolo descreve ações e estados com grande clareza,

sendo necessário para a finalidade exortativa da epistola aos coríntios. E isto está

em pleno acordo com a função deste tempo. Este é se dúvida o tempo verbal mais

importante desta perícope tanto pela sua ocorrência quanto pela sua capacidade

descritiva e argumentativa, sendo que maiores evidências pode ser conseguidas

mediante a análise conjunta com os modos, nos quais este tempo aparece do

desenvolvimento do texto.

O segundo tempo verbal com maior ocorrência é o aoristo, com seis casos,

em todos o texto. O aoristo indica uma ação pontilear ocorrida e concluída no

passado, sem que conseqüências dela se projetem para o futuro, não sendo a sua

função descrever a ação em si, mas exclusivamente afirmá-la.7 É justamente isto

que acontece no texto paulino.

Em momento algum, Paulo utilizou o aoristo para descrever como a ação se

processou, mas que tais ações descritas historicamente aconteceram, quando ele

usa o indicativo ou que deveriam se acontecer, quando ele usa o infinitivo ou o

imperativo. Contudo, em apenas dois casos o aoristo é utilizado na construção da

3 PINTO, Carlos Osvaldo Cardoso. Fundamentos para a Exegese do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2002. 35

4 PINTO. Fundamentos para a Exegese NT, 35; TAYLOR, William Carey. Introdução ao Estudo do Novo Testamento Grego. São Paulo: Editora Batista Regular, 2000. 13; LUZ, Waldir Carvalho. Manual de Língua Grega. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1991. 1355;

5 CHAMBERLAIN, William Douglas. Gramática Exegética do Grego Neotestamentário. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989. 96

6 TAYLOR. Introdução ao Estudo. 13; PINTO. Fundamentos para a Exegese NT. 377 CHAMBERLAIN, William Douglas. Gramática Exegética do Grego Neotestamentário. São

Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1989. 101

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narrativa do argumento paulino, juntamente quando ele se apresenta no indicativo,

que é o modo que dá o sentido histórico a ação indicada pelo aoristo.8

O tempo verbal encontrado no texto em questão é o Perfeito, com apenas três

ocorrências. A qualidade perfectiva deste verbo sempre merece a atenção dos

exegetas, porque ela pode esconder detalhes importantes para se estabelecer o

sentido real da palavra, dando mais elementos para o estabelecimento da

mensagem do texto. Sendo, por isso, considerado como o mais importante de todos

os tempos verbais gregos.9

A ênfase do perfeito recai sobre os resultados ou condição resultante de uma

ação e não propriamente na ação.10 Por exemplo, quando Paulo fala que os coríntios

se lembravam dele [gr. me/mnhsqe], ele está afirmando que aquele fato ainda se

reveste de resultados significativos11, o que seria útil para a apresentação do

argumento que seria ainda processado. No entanto, o seu uso no texto está mais

relacionado a ênfase em certas afirmações apostólicas que necessariamente em

para elucidação ou teologização de qualquer elemento do seu discurso.

Quanto aos modos, quatro dos cinco modos verbais existentes no Coinê

estão presentes no texto paulino: o Indicativo, o Imperativo, Subjuntivo e o Infinitivo.

Em primeiro lugar, está o modo indicativo que pode ser encontrado 22 vezes no

texto, sendo que 18 delas estão ligadas ao tempo presente, na voz ativa. O

indicativo é o modo da afirmação, que apresenta a ação ou estado como algo real

ou factual, não havendo qualquer possibilidade implícita de dúvida ou contingência

quando este modo é utilizado, a menos que sejam utilizados os recursos gramaticais

adequados para estabelecer tanto uma como outra.12

O segundo modo que encontramos no texto é o imperativo. O imperativo é o

modo das ordens taxativas, das exortações e das determinações13. Este modo está

ligado as questões da volição, isto é, o modo da vontade e do desejo que expressa a

determinação de uma vontade sobre a de outra pessoa.14 Duas destas ocorrências

8 LUZ. Manual de Língua Grega, 13749 CHAMBERLAIN. Gramática Exegética, 9810 PINTO. Fundamentos para a Exegese NT, 4311 CHAMBERLAIN. Gramática Exegética, 9812 PINTO. Fundamentos para a Exegese do Novo Testamento, 29; LASOR, William Sanford.

Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova,1986. 3613 LUZ. Manual de Língua Grega, Vol.2, 140614 PINTO. Fundamentos para a Exegese do Novo Testamento, 32

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estão relacionadas às incisivas ordens do apóstolo quanto a observância de cortar

os cabelos ou cobri-los, e um única vez para a avaliação de todo o argumento por

parte dos coríntios.

O modo subjuntivo é o último encontrado neste texto, com apenas duas

ocorrências, o qual expressa uma idéia de probabilidade, da incerteza, da

dependência e de contingência, não havendo necessariamente o aspecto temporal,15

sendo de certo modo o contrário do indicativo. De fato, as duas ocorrências estão

relacionadas ao mesmo ao verbo grego koma/w [trad. que deixe o cabelo

comprido]. O interessante é que nestes dois casos a idéia de dúvida é realçada pela

conjunção condicional de dúvida16 e)a/n, que antecede o verbo. O apóstolo utilizou

deste modo para criar as conseqüências de determinada atitude (cf. v.14-15), caso

ela fosse tomada pelo homens ou pelas mulheres. Contudo, este modo é mais um

acessório lingüístico usado pelo apóstolo das gentios.

Os particípios são um caso à parte aparecendo no texto 8 vezes. Um aspecto

do particípio grego é o de assumir uma forma adjetival ou uma forma adverbial,

agindo, portanto, como uma espécie de adjetivo verbal17. No caso que temos em

mãos, todos estes particípios assumem a forma adverbial qualificando várias ações

ou estados verbais. Exemplo bem claro disso é proseuxo/menoj h)\

profhteu/wn [trad. que ora e que profetiza]18, cujo uso se repete alterando apenas

os gêneros.

O infinitivo é a outra forma nominal do verbo grego que é encontrado, com

sete ocorrências. Como vimos anteriormente o particípio é uma espécie de adjetivo

verbal, já o infinitivo é um substantivo verbal, predominando em alguns casos o

aspecto verbal e em outras o nominal.19 Tendo, portanto, um aspecto nominal, o

infinitivo deve ser encarado como um gênero neutro, que faz referência ao ato e não

a uma pessoa.20

A existência de várias conjunções é algo que deve ser também analisado

neste texto. Paulo usa em seu texto nada mais nada menos que 42 conjunções em

15 LASOR. Gramática Sintática, 37; LUZ, Manual de Língua Grega, Vol.2. 139516 SCHALKWIJK Francisco Leonardo. Coinê – Pequena Gramática do Grego

Neotestamentário. Patrocínio: CEIBEL, 1998, 13017 Ibid., 8618 Cf. Ibid., 86; KISTEMAKER. 1Coríntios, 19 SCHALKWIJK. Coinê,102; CHAMBERLAIN. Gramática Exegética, 12920 Ibid., 102

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15 versículos, uma média de 2,8 conjunções por versículo. Podemos definir as

conjunções como partículas conectivas, isto é, que têm como função ligar palavras a

palavras ou mesmo cláusulas a cláusulas, relacionando estes períodos entre si,

adicionando, divergindo, comparando, condicionando uma a outra.

É possível considerar que a grande quantidade de conjunções existentes

nesta perícope se deve ao fato do apóstolo estar desenvolvendo um argumento.

Mais do que um amontoado de frases, ele precisava definir a sua idéia e deixar claro

a suas intenções, a isto os gramáticos dão o nome de textualidade. E as conjunções

cumprem o papel decisivo na construção da textualidade,21 tornado o texto e,

consequentemente, a idéia clara, articulada e coerente.

As preposições encontradas no texto, as quais somam um total de 16 casos,

não despertam a necessidade de uma análise imediata mais profunda. O uso de

algumas delas poderá ser trabalhado no momento em que o texto for trabalhado de

modo mais amplo na análise das mensagens.

3 ESTRUTURA DA PASSAGEM

A partir das informações dadas em aula reconhecemos como a estrutura da

passagem as seguintes colunas:

I. A Submissão confere dignidade a mulher – [v.3-6]

II. A Submissão é dever da mulher – [v.7-10]

III. A Submissão é uma glória para a mulher – [v.11-16]

4 AMARRAÇÃO DA PASSAGEM

Antes de partirmos para a análise da mensagem para os dias do autor, faz-se

necessário trabalharmos a estrutura contextual, afim de conhecermos o contexto em

que nossa passagem se encontra.

O contexto próximo anterior apresenta uma realidade difícil que carecia ser

trabalhada pelo apóstolo, aliás, toda a epistola aos coríntios é assim. A tarefa

apostólica, neste contexto, é justamente limitar a liberdade cristã através da ênfase

desta mesma liberdade.22 Isto propunha que os cristãos de Corinto abdicassem

deles mesmos em favor dos irmãos, buscando o bem deles (1Co.10.23-30) em

detrimento de si mesmos, de modo que se tornava possível estabelecer dentro da

21 MAGALHÃES, Thereza Cochar; CEREJA, William Roberto. Gramática – Texto, Reflexão e Uso. São Paulo: Editora Atual, 1998. 168

22 PRIOR, David. A Mensagem em 1º Coríntios. Em: STOTT, John R.W. [ed.]. A Bíblia Fala Hoje. São Paulo: ABU Editora,1993.

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comunidade um forte relacionamento entre os irmãos (1Co.11.17-22). Neste sentido,

quando a mulher aceitava sobre si a submissão devida ao seu marido e se cobria

com o véu, ela não buscava os seus interesses, mas os do marido, e não somente

dele, mas também de toda comunidade, que não teria a sua consciência ferida pela

liberdade excessiva desta mulher aparecer em público sem o véu. Além disso, tal

ato era para própria mulher algo que lhe conferia dignidade, como é digno qualquer

ato abnegado que produza o bem e fortaleça a fé do próximo.

Mas também, Paulo argumenta, no contexto próximo anterior, acerca do

dever de cada cristão procurar glorificar a Deus, ao invés de buscar a glória para si

mesmo (1Co.10.31). Um grande exemplo disto está no contexto próximo posterior, e

este exemplo é o próprio Deus Encarnado, Jesus Cristo, que negou a si mesmo

como exemplo de abnegação para a sua igreja (1Co.11.23-27). E sobre a base

desta doação deveria ser construído a comunhão da comunidade cristã coríntia,

portanto, a submissão feminina entra neste contexto como um exemplo, porque não

havia este interesse por parte de algumas mulheres que entendiam, com base na

liberdade cristã, abrir mão de um paramento, mas essa ação motivava o escândalo,

que não glorificava de modo algum a Deus e nem criava um ambiente de comunhão.

Algo que ainda o apóstolo trabalha no contexto de 1Co.11.2-16, é a idéia de o

interesse do cristão deve ser buscar a salvação de muitos (1Co.10.32-33). Paulo

demostra isso através da necessidade dele de buscar se tornar agradável a todos

com a finalidade de que estes alcançassem a salvação (v.33). Neste sentido, é

requerido dos cristãos de Corinto que eles avaliassem a si mesmos antes de

participassem da Ceia do Senhor, e sobre este auto-exame deveria ser estabelecida

a comunhão daqueles crentes (1Co.11.28-32). Por que isso? Porque assim eles não

trariam juízo para si mesmo, antes as bênçãos da comunhão com Deus e com os

irmãos. Assim, quando a mulher assume ser submissa ao seu marido, ela está

assumindo o propósito de abençoar não a si mesma, mas aqueles que estão ao seu

redor isentando-os que qualquer tipo de repúdio ou constrangimento, motivado pela

a sua possível atitude de rebelião contra Deus e os costumes daquela sociedade.

Ela se avaliava e buscava com a sua atitude correta abençoar a sua comunidade,

aceitando ser submissa, o que produzia glória em seus atos, no sentido de que isso

se transformava em bênçãos e virtude para ela, para a igreja de Cristo e, acima de

tudo isso, estava a própria glorificação de Deus.

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5 MENSAGEM PARA O DIA DO AUTOR

Todo o estudo exegético visa, em última instância a edificação do corpo de

Cristo, por meio da mensagem contida numa passagem estudada. Qualquer esforço

exegético que não tenha este alvo é vão. Mesmo se tratando de um trabalho

acadêmico, não é possível dissociar da Palavra de Deus seus aspectos didáticos

nem os kerigmáticos; de certo ela será útil para o ensino, para correção, para a

educação na justiça, como ele a mesmo se descreve (2 Tm.3.16).

Uma pergunta básica deve ser feita neste momento, cuja a resposta nos dará

o conteúdo da mensagem que objetivamos. Esta pergunta é: o que os leitores

primários desta epistola entenderam quando ela foi lida por eles? Acreditamos que

as três colunas do texto respondem esta questão.

5.1 A Submissão confere dignidade à mulher [vv.3-6]

Introduzindo o assunto desta perícope, Paulo usa a seguinte construção

qe/lw de\ u(ma=j ei)de/nai, indicando que ele diria algo que ainda não havia sido

mencionado entre os coríntios, mas que seria de maior importância do que eles

poderiam supor, por causa dos princípios envolvidos neste argumento.23 Esta

introdução paulina de um assunto pode ser verificada em outros momentos

(Rm.1.13;11.25; 2Co.1.8).

O apóstolo, então, diz ao que veio e inicia o seu argumento, transmitindo o

novo conceito que ele tem em mente aos membros daquela comunidade, o qual é

desenvolvido, inicialmente, nos versículos 3 à 6.

Fazendo a sua própria análise deste texto, Gordon Fee sugere uma estrutura

que permite a melhor visualização destes versículos e, consequentemente, do

argumento existente em cada versículo.24 Vejamos esta estrutura e a analisemos:

v.3 o CABEÇA [gr. kefalh\] de todo HOMEM [gr. a)nh/r]25 é Cristo,

(e) o HOMEM é o CABEÇA [gr. kefalh\] da mulher [gr. gunh/],(e) Deus é o CABEÇA [gr. kefalh\] de Cristo.

23 ROBERTSON, Archibald; PLUMMER, Alfred. A Critical and Exegetical Commentary on the Firth Epistle of St. Paul to the Corinthians. Em: DRIVER, Samuel Rolles; PLUMMER, Alfred, BRIGGS, Charles Augustus [eds.]. The International Critical Commentary on the Holy Scripture of the Old Testament and New Testament. Edinburg: T&T Clark, 1955. 229

24 FEE, Gordon. The New Internacional Commentary on the New Testament – The First Epistle to the Corithians. Grand Rapids: Wm. Eerdmans Publishing Co., 1987. 493

25 O uso de a)nh/r em lugar de a)nqrw/poj para marcar o contraste econ gunh/. Cf. ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 229

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Analisando as três cláusulas existentes neste versículo podemos verificar

alguns detalhes que nos conduziram ao desenvolvimento da idéia deste trecho da

epistola. A primeira coisa que percebemos é a progressividade da construção

fraseológica destas cláusulas, que indica a subordinação de cada uma das pessoas

apontadas nelas, com exceção do próprio Deus, o qual mantém sua preeminência

sobre os demais.26 Outra coisa que deve chamar a nossa atenção neste texto é a

tríplice repetição da palavra kefalh\, o que nos conduz a análise do seu significado

cognitivo, como nos sugere Kistemaker.27

É atribuído à palavra kefalh\ duas possibilidades de interpretação, é evidente

que ambas estão num sentido figurativo. Alguns interpretam esta palavra como

significando fonte ou origem, enquanto outros insinuam que o melhor significado

para ela seja autoridade.28

De fato, teríamos um sério problema em admitirmos o primeiro significado

como o melhor sentido. Visto que ao aceitar esta posição submissão pelo motivo de

derivação, teremos um razoável aplicação em relação Cristo-homem e homem-

mulher; entretanto, na relação Deus-Cristo seriamos conduzidos ao mesmo erro do

arianismo29, que considerava o Filho como criação do Pai e, portanto, inferior ao Pai.

Claramente, rejeitamos tal idéia, e assumimos o dogma que Cristo é Eterno e não

criado.30 Logo, temos que admitir que autoridade é o melhor sentido para kefalh\.

Assim, autoridade, como tradução para kefalh\, vai indicar melhor a forma de

submissão existente neste texto, mesmo parece haver uma ligação entre esta e a

palavra grega e)cousi/a,31 que aparece no v.10. Contudo, é necessário entender

que, neste sentido, autoridade não quer dizer necessariamente superioridade de um

e inferioridade de outro,32 como alguns poderiam afirmar. A forma de subordinação

expressa por esta palavra indica um relacionamento de reciprocidade e completude

entre as pessoas envolvidas na relação. Por exemplo, o Deus-Pai, o Deus-Filho e o

Espírito Santo são iguais em poder e glória, da mesma substância, isso é conhecido 26 CALVINO, João. Comentário à Sagrada Escritura – Exposição de 1º Coríntios. São Paulo:

Edições Parácletos, 33027 KISTEMAKER. 1Coríntios, 50728 Ibid., 50829 Este era por sinal o texto favorito de Ário para provar a subordinação de Cristo. Cf.

ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 22930 KISTEMAKER. 1Coríntios, 509. Cf. Credo Niceno31 LOPES, Augustus Nicodemus. O Culto Espiritual. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001. 6232 KISTEMAKER. 1Coríntios, 509

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pelos teólogos de trindade ontológica; porém, na história da redenção, eles ocupam

papéis diferentes, e na execução destes o Filho se submete ao Pai, e o Espírito a

ambos, e cada um realiza harmoniosamente a sua obra, essa é a chamada trindade

econômica.33

Paulo utilizou-se, portanto, deste argumento para demonstrar que esta

submissão a autoridade é realizada primeiramente na trindade, que deve ser

continuada tanto na família como na igreja,34 sendo a própria Divindade o exemplo

desta submissão não-humilhante. Logo, toda a mulher, argumenta Paulo, deve

cumprir o seu papel, a sua função, como mulher, sendo submissa ao seu marido

como Cristo é submisso a Deus, o que não conflita com Efésios 5.21-33.

Acrescentamos a isso a idéias do Dr. Augustus de que a diferenciação de funções

não está fundamentada em méritos existentes nas pessoas ou ao gênero a que

pertencem, mas tão somente nos propósitos estabelecidos por Deus.35

Continuando o seu argumento, a Apóstolo deixa a sua introdução e entra no

problema que ele irá tratar, vejamos, portanto, a estrutura dos versículos seguintes.

v.4 Todo HOMEM desonra [gr. kataisxu/nei] a sua CABEÇA.

que ora [proseuxo/menoj] ou profetiza [profhteu/wn], tendo a cabeça

cobertav.5 Todo MULHER desonra [gr. kataisxu/nei] a sua CABEÇA.

que ora [proseu/xome/nh] ou profetiza [profhteu/ousa] com a cabeça sem

véuporque [gr. ga/r] é como se a tivesse rapada.

Antes de procedermos com a análise textual deste versículos, acreditamos

ser interessante a avaliação do contexto do qual se originava o problema que seria

discutido por Paulo. O novo ensino pretendido pelo apóstolo tem a ver com o modo

que aquela comunidade cristã deveria proceder ao se reunirem para o culto. Ele

aborda tanto a questão dos trajes quanto o sentimento presente por de determinada

atitude, afim de que fosse mantido o decoro, o qual poderia ou não manifestar graça

aos participantes daquela comunidade, como bem sugere Calvino.36

33 LOPES. O Culto Espiritual, 64-6534 Ibid., 6435 Ibid., 6536 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 327

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Neste argumento, Paulo inicia tratando da condição dos homens dentro da

comunidade, durante os cultos.37 Isto é verificável a partir dos particípios presentes

na cláusula, os quais identificam o homem, isto é, pa=j a)nh\r proseuxo/menoj

[lit. que ora] h)\ profhteu/wn [lit. que profetiza], por uma razão bem simples; a

oração pode até ser feita privativamente, porém, a profecia não38, logo estamos num

contexto de culto comunitário. Mas como que devemos entender profecia nesta

passagem, já que a oração parece ser um ponto passivo entre cristãos protestantes

de várias tradições?

Respondendo a esta pergunta, Gordon Fee afirmou que a profecia, na

epistola aos coríntios, indica uma forma primária de fala inspirada, dirigida a

comunidade para a sua edificação e encorajamento.39 Dr. Plummer parece

concordar com Fee, embora, sua idéia de profecia seja a de um ensinamento

público com a finalidade de admoestar e de confortar40, fica num meio termo entre

uma revelação direta e de uma análise de um texto bíblico em uso. Entretanto,

acreditamos que o Dr. Kistemaker fecha muito bem a questão ao afirmar que

profecia é a pregação, o ensino ou a explicação de uma revelação registrada. 41

E neste contexto, Paulo diz que este homem ao realizar um destes serviços

religiosos não deveria trazer algo em sua cabeça, por isso era desonrava a sua

cabeça. Aqui cabe outra qualificação. Esta cabeça se refere a cabeça, o membro

físico, ou indica Cristo, o cabeça metafórico? Quando ligamos argumento desta

cláusula ao argumento do versículo anterior, embora alguns discordem42, fica

evidente que Paulo está se referindo a Cristo como aquele que é desonrado.43

Tanto, que Calvino chega a dizer que o homem que usa algo sobre a cabeça dirige

um insulto a Cristo, porque desconsidera a preeminência que o próprio Deus lhe

conferiu e se coloca na condição de submisso à outrem.44

37 FEE. The First Epistle to the Corithians, 505; KISTEMAKER. 1Coríntios, 51238 Ibid., 50539 Ibid., 505-50640 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 22941 KISTEMAKER. 1Coríntios, 512. Por registrada entenda aquelas que compunham o cânon

hebreu e que eram utilizados pelos cristãos.42 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 23043 KISTEMAKER. 1Coríntios, 513; FEE. The First Epistle to the Corithians, 5044 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 331

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Porém, algo que é interessante notar é que dentro das comunidades cristãs-

gentílicas não havia nenhum sinal masculino de submissão ao seu cabeça para ser

usado durante a adoração45, embora, no judaísmo adote pelo menos, os chamados

tallith e o kippah. Entretanto, Paulo não havia inserido tal costume entre os coríntios

o que nos leva a entender que o costume do uso do véu para as mulheres, como

veremos a seguir não era um costume adaptado do judaísmo, mas algo ligado a

própria cultura do lugar.46 Ao contrário disso, Dr. Kistemaker nos remete a uma

prática pagã, muito comum aos romanos, portanto, conhecida entre os coríntios de

se cobrir durante a adoração a divindade pagã.47

Paulo, portanto, pretende com este argumento demonstrar que há algo a mais

do que o uso ou não de um sinal de autoridade por parte do homem. O que, de certa

forma, marca a diferença entre os sexos e mantém o decoro durante o culto. Mas

também que os homens cristãos não trouxessem práticas pagãs para dentro da

igreja.48

Retornando ao argumento paulino, o apóstolo demonstra um outro aspecto

nesta estrutura acerca da mulher, que, neste ponto, é oposto ao homem. Enquanto,

o homem desonra sua cabeça ao orar ou profetizar com algo sobre si, a mulher

desonra a sua cabeça, ou seja, seu marido, ao orar ou profetizar sem algo sobre sua

cabeça. Nesta relação, Paulo demonstra a igualdade entre homens e mulheres, , o

qual é o pensamento do apóstolo (Gl.3.8), ao atribuir a mulher a possibilidade tanto

de orar como de profetizar nas reuniões da Igreja, sem que ele faça qualquer

digressão sobre como isto deva acontecer.49 É interessante notar que a construção

de ambas as cláusulas são completamente iguais, no que se trata de direitos na

participação do culto, contudo, as cláusulas se alternam quando se tratar da questão

vestuário feminino.50

O ponto-de-discórdia, neste caso, é o uso de um sinal de autoridade, isto é o

véu. Lembremos que Paulo não está inserindo um costume desconhecido ou

45 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 22946 Ibid., 22947 KISTEMAKER. 1Coríntios, 51248 Ibid., 51349 KLING, Christian Friedrich. Firth Corinthians. Em: LANGE, Jonh Peter. Commentary on the

Holy Scripture Critical, Doctrinal and Homiletical. Grand Rapids: Zondervan Publishing House, [s.d.], 224

50 Ibid., 224

Page 15: Exegese Em I Coríntios - Parte II

15

mesmo elementos do judaísmo, como argumentamos anteriormente, naquela

igreja51, Para alguns comentaristas o não-uso do véu é um abuso originado na

vaidade feminina sob o pretexto de liberdade cristã e de igualdade com os homens.52

Por exemplo, Plummer apresenta que um possível argumento feminino talvez fosse

o de que sendo o véu um sinal de servidão este não deveria compor os trajes

femininos durante o culto, porque em Cristo não há distinção entre homem ou

mulher.53 Contudo, outros elementos estavam incluídos no uso deste apetrecho, e é

isto que Paulo vai argumentar.

Este ato simples tinha intrinsecamente a idéia de renúncia. Quando uma

mulher casada descobria a sua cabeça expondo os seus cabelos, ela renunciava a

subordinação ao seu marido, que mais do que um costume sociocultural, era uma

determinação do próprio Deus.54

Além de renunciar a subordinação ao marido, mulher sem o véu assumia a

autoridade do marido para si mesma, demonstrando, assim, sua completa

insubmissão ao marido.55 Porém, Paulo denúncia um outro lado da moeda, que as

mulheres que estavam desistindo do véu deveriam se lembrar, que também pode

estar ligado ao significado de kefalh\. O argumento é simples, da mesma forma que

as mulher ao despir-se do seu véu, desonra o seu marido, ela também desonra a si

própria, porque expõe a parte do seu corpo na qual a indecência era manifestada,56

tornando-as não atraentes aos homens, mas servindo para despertar paixões

indecentes, tornando-as também um espetáculo indecoroso57 aos olhos da igreja

mas também de toda aquela sociedade.

A respeito da última cláusula deste versículo, Calvino faz um comentário

muito pesado. Para ele, as mulheres se desonravam porque mulheres de cabeça

51 O uso do véu na cultura greco-romana era considerado um símbolo de boa fama e segurança para a mulher que assim procedia. Ele evitava que esta mulher sofresse qualquer tipo de abuso, de modo que ela poderia ir a qualquer lugar com total segurança e respeito, porque era visto como falta de cortesia e ainda extremamente constrangedor para um homem olhar para uma mulher com véu, “é como se ela não existisse”. Cf. THOMSON, Following apud ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 232

52 Ibid., 22453 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 23054 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 514 55 Ibid., 51456 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians, 23057 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 333

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16

raspada é algo asqueroso, deveras é uma visão que agride a natureza. Deste ponto,

Paulo parte para finalizar a primeira parte deste argumento, com o versículo 6.

v.6 porque [gr. ga/r] se a mulher não se cobre, então, que corte [gr.keira/sqw] os seus cabelos mas [gr. de\], se for vergonhoso para a mulher cortá-los ou raspá-los, então, que se cubra [gr. katakalupte/sqw]

Neste versículo, o apóstolo assume uma posição bastante enfática. Nas duas

cláusulas existentes no verso, o qual é um paralelo antitético, isto é, uma é o

contrário da outra, Paulo usa dois verbos no modo imperativo demonstrando que a

intenção dele era dar ordem para as mulheres daquela igreja. Algo interessante de

se notar nestes dois verbos é que ambos estão na voz média, indicando uma

decisão que deveria ser tomada pela mulher ao seu respeito.58 Mesmo assim, ele

oferece duas possibilidades para elas que cortassem os cabelos e assim deixassem

de usar o véu ou que cobrissem cabelo. Simplificando, sem véu, sem cabelo.

Portanto, é algo intensamente vantajoso para a mulher cobrir sua cabeça com

um véu, porque que ela não será vista como uma mulher com más intenções para

com o seu marido, porém alguém que o respeita e se submete a ele, além, de na

igreja, ser considerada como alguém com condições de ministrar ao demais a

palavra de Deus. Assim, Paulo coloca toda a decisão nas mãos das mulheres.

Kistemaker diz que esta é uma decisão quanto a disposição para se ter um

relacionamento submisso com o marido.59 Consequentemente, ser submissa é uma

condição para que a dignidade feminina tomasse parte na vida das mulheres cristãs

de Corinto.

5.2 A Submissão é dever da mulher

O apóstolo dos gentios, então, recomeça a sua instrução reforçando a idéia

da submissão feminina. Podemos estruturar o versículo da seguinte forma, tomando

por base a estrutura de Fee.

v.7 Pois Por um lado, o HOMEM [gr. a)nh\r] não deve cobrir a cabeça,

visto que ele é a imagem [gr. ei)kw\n] e a GLÓRIA DE DEUS [gr. do/ca qeou=] Por outro lado, a MULHER [gr. gunh\],

é a GLÓRIA DO HOMEM [gr. do/ca a)ndro/j].

58 LASOR. Gramática Sintática, 39-4059 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 515

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17

Este bloco de versículos que estaremos agora devem ser entendidos como

uma explicação dos versículos anteriores, gramaticalmente esta idéia pode ser

deduzida da análise da conjunção pospositiva de causa ga/r [lit. pois] . de fato,

Paulo está oferecendo um suporte para os membros da comunidade cristã de

Corinto entendam por que as mulheres deveriam usar o véu durante os cultos, e por

que o não uso era considerado indignidade para ela e para o seu marido.60

Voltemos os nossos olhos a estrutura acima. Podemos notar que ela é um

paralelo antitético, assim como ocorre no v.6. Nele uma relação antitética entre

anher-gunh, demonstrando que as realidades em que eles estão inseridos são

diferentes. Enquanto, o homem é a imagem e glória de Deus, a mulher é a glória do

homem, e por ser a imagem e glória de Deus ele não deveria cobrir a cabeça, porém

o mesmo não é verdade para a mulher, que é a glória do seu marido. Mas o que

Paulo quer dizer com isso? Analisemos, portanto, esta afirmação.

A maioria dos estudiosos estão em acordo ao dizer que Paulo está fazendo

uma alusão ao relato da criação (Gên.1.26-28;2.18-24). Na segunda cláusula deste

versículo, Paulo, fazendo referência a criação, usa apenas a palavra imagem, que é

entendida pelo Dr. Kistemaker como possibilidade que o homem [gr. a)nh\r] tem de

representar o domínio de Deus sobre a criação e a autoridade de Cristo sobre a

Igreja. Contudo, afirma Fee, este não é o foco do interesse de Paulo.61 Isto porque, o

apóstolo entende que homem e mulher juntos são imagem e semelhança de Deus,

tanto que ele sequer diz que a mulher é a imagem do homem.62

O interesse de Paulo aqui neste versículo é a comparação feita entre homem

e mulher, cujo o foco é a palavra grega do/ca. Tal palavra, no equivalente hebraico,

não aparece em nenhum dos dois relatos da criação (Gên.1.26-28;2.18-24). Porém,

ela é fruto da própria reflexão paulina sobre este evento. Existem dois modo em que

a expressão do/ca qeou= pode ser interpretada, havendo a saudável possibilidade

de mantê-las unidas sob uma tensão dialética. Esta expressão deve ser interpretada

subjetivamente, entendendo que Deus confere glória ao homem63 por meio da

origem divina, e objetivamente, entendendo que este mesmo homem deve render

60 FEE. The First Epistle to the Corithians, 51361 Ibid., 51362 Ibid., 51363 Ibid., 516; KISTEMAKER. 1 Coríntios, 520

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18

glória a Deus64, que o criou. Ambos aspectos não devem ser dissociados para um

bom entendimento desta passagem.

A mulher, entretanto, do/ca a)ne\r estin [lit. é a glória do homem]. É

passível de nota, que a mesma interpretação que Paulo faz para a relação homem-

glória de Deus, deve ser aplicada para a relação mulher-glória do homem, isto é, a

mulher tanto dá glória ao seu marido, como o marido lhe concede a sua glória.

Deste modo, a mulher traz glória ao seu marido ao ser-lhe uma ajudadora que

lhe corresponde-se; sendo tarefa deste homem, amar e proteger a sua esposa,65

concedendo-lhe a sua glória, assim como Deus faz com ele. Nas palavras de João

Calvino, a mulher é a coroa da glória do seu esposo que enriquece sublimemente a

sua vida.66

Paulo parece abrir um parêntesis para explicar porque a mulher é a glória

homem, concordamos, assim, com Robertson e Plummer, e também Gordon Fee,

que estes versículos são parentéticos e, consequentemente, a explicação da

cláusula anterior.67 Vejamos a estrutura deste versículos:

v.8 Pois o HOMEM não tem sua origem na MULHER,

mas a MULHER é que tem sua origem no HOMEM, v.9 Pois, semelhantemente, o HOMEM não foi criado por causa da MULHER,

mas a MULHER foi criada por causa do HOMEM.

Mas intensamente que o versículo anterior, estes versículos são uma

referência inequívoca ao relato da criação, especificamente Gên.2.18-23. Paulo vê,

nos detalhes da criação, os diferentes papéis definidos pelo próprio Criador68, e este

propósito de evidencia na criação da mulher. De fato, Paulo traz neste versículo não

apenas uma demonstração da criação da mulher, mas também o sentido contextual

existente neste evento.

Sobre isto, Dr. Fee argumenta de forma majestosa. Para ele, o homem era

um ser incompleto, sozinho, sem alguém para lhe auxiliar, alguém que fosse como

64 Ibid., 52065 Ibid., 52066 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 33467 ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians.231; Fee concorda que

estes dois versículos são uma explicação adicional para explicar a última cláusula do versículo sete, cuja a idéia será concluída no v. 10. Cf. FEE. The First Epistle to the Corithians, 517

68 LOPES. O Culto Espiritual, 66

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19

ele, mas diferente dele.69 Esta realidade adâmica foi considerada pelo próprio

Criador como algo que não era bom (Gn.2.18). Para suprir esta anomalia, dentro de

uma esfera de perfeição, Deus criou a mulher a partir do homem, e por causa dele.

De certo modo, a mulher é ao mesmo tempo necessária ao homem, pois foi criada

para completar-lhe, como também tem o dever de ser-lhe submissa, por ter sido

criada do homem.70 Desta forma, a existência da mulher visa a honrar o seu marido,

como alguém que pode completá-lo e que juntos podem expressar a humanidade.71

Por esta razão a mulher é a glória do homem, embora, como ele, ela transmita seja

a imagem e semelhança de Deus.72 Assim, fechando o parêntesis, Paulo conclui o

segundo argumento afirmando que pelo fato da mulher ser a glória do homem ela

deve se cobrir, nas seguintes palavras:

v.10 Por causa disso, a MULHER deve ter um SINAL DE AUTORIDADE [gr. e)cousi/an]

sobre a sua CABEÇA [gr. kefalh\]e por causa dos ANJOS [gr. a)ggeloj].

Este versículo conclui a idéia do cláusula final, e de todo, v.7. Podemos

descrever o pensamento paulino da seguinte forma: sendo a mulher a glória do seu

marido, o que é provado pelo propósito e pela própria Criação, e sendo, por isso

submissa a ele, deve usar um sinal de autoridade. Mas o que vem a ser este sinal

de autoridade? Como podemos entendê-lo?

Primeiramente, Paulo não usa neste versículo um substantivo ou equivalente

para descrever um objeto que deve ser usado sobre a cabeça da mulher, ao invés

disso, ele usa o substantivo e)cousi/a, que literalmente significa autoridade, um

conceito muitíssimo abstrato. Disto surge uma questão: o que Paulo quer dizer com

este termo neste versículo? Algo que precisamos ter em mente é que a fraseologia

dessa parte do texto é sucinta e obscura, como afirmou Dr. Kistemaker,73 o qual dá

um série de possibilidades de interpretação, embora, conclua dizendo incapaz de

determinar o que o apóstolo pretendia com este versículo.74

69 FEE. The First Epistle to the Corithians, 51770 LOPES. O Culto Espiritual, 6671 FEE. The First Epistle to the Corithians, 51772 Ibid., 51873 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 52274 Ibid., 524

Page 20: Exegese Em I Coríntios - Parte II

20

Entretanto, Morris sugere uma resposta meio antinômica, mas que parece ter

fundamento. Para ele, a mulher ao cobrir sua cabeça com um véu estava afirmando

duas realidades75. De um lado, com o véu, ele poderia orar e profetizar na Igreja,

uma possibilidade vetada no culto judaico, que desprezava completamente a

participação feminina. Isto, de certo modo assegurava o lugar de dignidade e

autoridade para ministrar no culto.76 David Prior vai dizer que apenas as mulheres

que se tinham um espírito de submissão à Cristo e ao seu marido, tinham também a

benção de participar no culto.77

Por outro lado, Morris argumenta que e)cousi/a, que aponta para o véu, era

reconhecido pela própria mulher como um sinal de submissão.78 E como tal indicava

que ela estava e era submissa ao seu marido. Consequentemente, além da

dignidade conferida pelo uso do véu, a mulher tinha por natureza de sua criação,

como afirma Calvino, o dever de demonstrar sua submissão ao seu esposo, por que

Deus a criou a fêmea submissa ao macho,79 embora esta submissão e autoridade

não conduza a relação superioridade-inferioridade, como explicamos anteriormente.

Não é sem motivo, portanto, que Paulo recomenda o uso do véu entre as

mulheres cristãs de Corinto. A própria criação demonstra que deve haver por parte

da mulher uma submissão com relação ao seu marido. Além disso, como Calvino

afirmava que o decoro80 fosse também mantido no culto, sem este uso a contribuição

feminina. Ao cumprir seu dever a mulher demonstrava o seu respeito a Deus, o

Criador, e ao seu marido, por causa de quem ela foi criada. Mas como este

elemento deveria se encarado pelos coríntios? Como as mulheres daquela

comunidade cristã deveria entender esta nova realidade?

5.3 A Submissão é uma glória para mulher

Neste ponto, Paulo parte para a última parte deste novo ensinamento que ele

está propondo. Analisemos, então, a seguinte estrutura deste versículos:

75 MORRIS, Leon. 1 Coríntios - Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova e Editora Mundo Cristão, 1992. 124

76 Ibid., 12477 PRIOR, David. A Mensagem em 1º Coríntios. Em: STOTT, John R.W. [ed.]. A Bíblia Fala

Hoje. São Paulo: ABU Editora,1993. 19678 MORRIS. 1 Coríntios, 12479 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 33580 Ibid., 326

Page 21: Exegese Em I Coríntios - Parte II

21

v.11 Todavia, no SENHOR, a MULHER não é independente do HOMEM nem o HOMEM independente da MULHER.

v.12 Pois, assim como a MULHER veio do HOMEM, assim também o HOMEM é nascido da MULHER, mas [gr. me/n] todos provêm de DEUS.

O apóstolo aos gentios concluiu versículo e a idéia anterior dizendo

enfatizando a submissão feminina como um dever que a própria natureza apresenta.

Porém, ele inicia o v.11 de um modo que parece estar alterando o seu argumento e

o desconsiderando. Contudo, isto é apenas aparentemente. Ao usar a conjunção

adversativa plh\n , ele não pretende mudar o seu discurso, mas adicionar um

elemento que inibiria qualquer marido de tratar mal a sua esposa e, ao mesmo

tempo, injetar ânimo às mulheres, afim de que sua submissão não fosse fonte de

aborrecimento,81 mas de felicidade.

Assim, Paulo traz todos os relacionamentos humano para a esfera cristã e

sob o juízo cristão, para demonstrar esta interdependência de todos os membros da

comunidade cristã, sejam eles quais forem, e relacionamento conjugal não foi

descartado, por isso é que ele faz esta afirmação e)n Kuri/% [lit. no Senhor, i.e., em

Jesus Cristo], demonstrando a influência deste sobre a vida da comunidade, não

qual não deveria existir relação entre homem e mulher quando ambos são membros

de Cristo, conforme ele esclarecerá em 1Cor.12.12-27.

Paulo, então, constrói um argumento para provar esta inter-relação, quase

semelhante ao argumento do v.4. Embora, ele tenha afirmado anteriormente que a

mulher procede do homem e por causa, o que ele reafirma novamente no v.12,

dizendo h( gunh\ e)k tou= a)ndro/j, portanto, ele está se contradizendo, agora

ele diz que o( a)nh\r dia\ th=j gunaiko/j. Algo interessante, nestas duas

cláusulas é o uso das preposições.

Em ambos os casos, Paulo está determinado em demonstrar a procedência

de cada um dos gêneros, sendo assim ele poderia usar uma mesma preposição

para indicar esta procedência, neste caso e)k, como usado na primeira cláusula,

serviria ao propósito.82 No entanto, não é assim que ocorre. Paulo usa na primeira

cláusula a preposição e)k, a qual transmite a idéia de uma causa inicial, i.e., o

81 Ibid., 33682 Este nosso argumento teve base na análise gramatical feita por Robertson e Plummer. Cf.

ROBERTSON & PLUMMER. Commentary on the 1th Corinthians. 234

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22

homem é a causa primeira da mulher; porém, na relação homem nascendo da

mulher, ele usa a preposição dia\, que dá a idéia de instrumental, i.e., a mulher é o

instrumento pelo qual o homem nasce. Mesmo neste argumento igualitário, Paulo

mantém a preeminência do homem. Portanto, este argumento paulino poderia ser

reconstruído assim: “a mulher originalmente nasceu do homem, mas hoje o homem

nasce pela instrumentalidade da mulher, portanto, um necessita do outro, tanto

neste sentido como naqueles mais amplos”.

Este argumento é totalmente concluído com a seguinte cláusula: pa/nta e)k

tou= qeou=. Neste sentido, todas as coisas, incluindo homem e mulher, tem sua

origem – Paulo usa a preposição e)k – em Deus, o que coloca todas as coisas num

mesmo nível de igualdade. Logo, todos os padrões estabelecidos procedem de

Deus, sendo ele a origem de todas as coisas. Portanto, como conclui Calvino,

quando homem ou mulher cessam de cumprir suas obrigações recíprocas, as quais

lhes foram dadas por Deus, ambos estão se opondo a autoridade divina.83

Concluindo esta idéia, Paulo volta ao seu argumento demonstrando no

contexto da natureza que existe para a mulher uma glória em usar o cabelo

comprido, o que por sua vez exige que ela faz o uso do véu, como anteriormente

trabalhamos nos versículos 5-6.

Para isso, ele continua este argumento fazendo duas perguntas retóricas, as

quais ele desafia os leitores a responder.84 A primeira delas, para a qual ele espera

uma resposta negativa, tem a ver com o decoro durante os cultos. A pergunta é: “é

apropriado a uma mulher orar a Deus com a cabeça descoberta?“ Ela demonstra

claramente um retorno ao problema do v.5, como havíamos dito, porém, no verso 5,

o argumento estava construído sobre uma base teológica,85 enquanto, aqui Paulo

constrói sobre uma base universal,86 i.e., natural ou, neste contexto, o que era aceito

pelo consenso e uso da época, certamente no que se referia aos gregos.87

Neste argumento, os coríntios deveriam ser os juizes e avaliadores das

decisões e atitudes tomadas por eles. Assim, Paulo demonstra que quando a mulher

está presente no culto e devidamente paramentada com o seu véu ela está

83 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 33784 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 53185 FEE. The First Epistle to the Corithians, 52686 Ibid.,52687 CALVINO. Exposição de 1º Coríntios, 338

Page 23: Exegese Em I Coríntios - Parte II

23

refletindo um costume de sua sociedade, o qual definia e sustentava sua honra e

dignidade de mulher, porque esse sinal marcava a diferença entre os sexos.88

Portanto, a reposta para esta pergunta deveria ser: Não!

Então, ele prossegue levantando o seu segundo questionamento: “a própria

natureza não ensina que é uma vergonha para o homem ter cabelo comprido, e que

o cabelo comprido é uma glória para a mulher? [NVI]”. Paulo sai completamente do

campo teológico e da revelação especial, e analisa a revelação natural para

demonstrar a verdade que ele estava ensinando poderia e era entendida pelos

próprios incrédulos. Mesmo neste argumento devemos considerar o seu vigor

peculiar ao argumentar. Quando ele diz, colocando numa forma positiva, que h(

fu/sij au)th\ dida/skei [lit. a natureza de si mesma ensina], ele valoriza o

substantivo fu/sij com o pronome au)th\, que o sucede, enfatizando a natureza

como um fonte para a constatação da verdade que estava ensinando.

Esta natureza, que consideramos como foi proposto por Calvino, demonstra

que uma mesma atitude pode ser negativa para o homem e positiva para as

mulheres, logo, esta natureza ou consenso cultural, estabelecem tal padrão, que

Deus providenciou para uma visível indicação entre os gêneros.89 Tanto, que um

pagão reconhecendo esta realidade disse que este modo de diferenciar o homem da

mulher não deveria ser eliminado.90

Continuando Paulo demonstra que, ao contrário do homem, o cabelo

comprido é um sinal de glória. O que era vergonha para um era glória para o outro.

Anteriormente, a apóstolo havia dito que era uma vergonha para a mulher ter o

cabelo raspado ou cortado curto, agora ele diz o inverso. Necessariamente, o cabelo

comprido de uma mulher não lhe confere qualquer honra91, porém, ele pode ser

considerado como um dos traços de distinção da feminilidade da mulher. De fato, o

que Paulo está querendo afirmar é que culturalmente havia esta definição e

distinção e ela deveria ser respeitada dentro da vida e do culto cristão. Em outras

palavras homens e mulheres são diferentes, e isto deveria ser mantido. Porém, por

causa deste cabelo comprido, que é a alegria de seu marido 92 e que a natureza

88 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 53189 Ibid., 53090 Ibid., 53091 FEE. The First Epistle to the Corithians, 52692 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 532

Page 24: Exegese Em I Coríntios - Parte II

24

define como a glória para a mulher, é exigido que dela manter uma coberta a cabeça

em ocasiões apropriadas93, e uma delas é o culto público.

Consequentemente, a mulher deveria submissa ao seu marido, o que lhe

daria dignidade, deveria assumir o seu papel como esposa, cumprindo todas as

exigências da lei de Deus com também os padrões socioculturais estabelecidos pelo

seu contexto, que neste caso prescrevia tanto o cabelo comprido como o uso do

véu, o que seria para si uma glória e não um sofrimento ou algo que o valha, como

muito bem expressou, ao comentar este versículo, John MacArthur ao dizer que a

beleza singular da mulher é manifesta gloriosamente na feminilidade nítida retratada

pelo seu cabelo e sua atenção aos costumes femininos .94

Concluindo todo o seu ensinamento, o apóstolo Paulo afirma que se alguém

quiser fazer polêmica a esse respeito, nós não temos esse costume, nem as igrejas

de Deus (v.16 - NVI). Paulo não tinha nenhum interesse sequer em discutir esse

ensinamento com quem quer que fossem, muito menos com filo/neikoj, que

literalmente significa “alguém que gosta de brigar”. Como Dr. Kistemaker deixa bem

claro, Paulo se recusa a entrar num debate, porque ele reconhece que seu

ensinamento está baseado nas Escrituras e, além disso, que ele conta com o apoio

dos demais apóstolos.95 Este último argumento pode ser verificado através da

análise do pronome pessoal grego h)me/i=j, que não deve ser entendido como o

nós editorial, mas como um pronome inclusivo que inclui todos os outros líderes da

igreja.96 Portanto, toda a igreja de Cristo estava unida no sentido de compreender e

praticar estas observações paulinas referente ao modo de se apresentar no culto,

mantendo o decoro, a honra e o respeito uns aos outros.

93 MORRIS. 1 Coríntios, 12594 MACARTHUR. John, Jr. New Testament Commentary - 1 Corinthians. Chicago: Moody

Press. 1984, 26295 KISTEMAKER. 1 Coríntios, 534 96 Ibid., 534

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