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Evolução de Estrelas em Sistemas Binários Sandra dos Anjos IAG/USP AGA 210 – 2° semestre/2016 www.astro.iag.usp.br/~aga210/ Binárias: novas, novas recorrentes Supernova tipo Ia Nucleossíntese Agradecimentos: Prof. Gastão B. Lima Neto E Profa. Vera Jatenco

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Evolução de Estrelas em Sistemas Binários

Sandra dos AnjosIAG/USP

AGA 210 – 2° semestre/2016

www.astro.iag.usp.br/~aga210/

Binárias: novas, novas recorrentesSupernova tipo IaNucleossíntese

Agradecimentos: Prof. Gastão B. Lima NetoE Profa. Vera Jatenco

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Evolução de Estrelas em Sistemas Binários

• Se uma estrela com massa menor que 8 MᏫ evolui sozinha:– termina como uma anã branca.

• Contudo, muitas estrelas se encontram em sistemas múltiplos, em particular, em pares.

• A evolução de estrelas muito próximas, ou seja, em um sistema binário cerrado é diferente.

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Evolução de Estrelas em Sistemas Binários

• Em um par onde as estrelas têm massas diferentes:

– A estrela mais massiva do par evolui mais rápido.– Ela evoluirá para uma Anã Branca, enquanto a outra estrela, menos massiva

ainda estará na Sequência Principal.

– Ex:– Sírius A ainda está na Sequência

Principal (é uma estrela tipo A).

– Mas Sirius B é uma Anã Branca,já saiu da Sequência Principal.

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Pares de Estrelas

• Qual é a força sentida por uma partícula entre as estrelas ?• Como se comportará considerando esta força exercida ?

estrela 1estrela 2

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Pares de Estrelas: binárias de contato

Existem pares de estrelas cuja distância entre elas é muito pequena e, consequentemente, estão fisicamente muito próximas. Nestes casos uma força gravitacional de 2a ordem, conhecida como “força de maré”, vai atuar no sistema de pares de estrelas. Como as estrelas são objetos gasosos, a atuação da força gravitacional atrai este material, podendo arrancar material de uma estrela e tranferí-lo para a outra. Dizemos então que trata-se de uma binária de contato, mesmo que as superfícies das duas não estejam se tocando diretamente.

A transferência de massa entre um componente de uma binária de contato e outro é semelhante à de uma bola que sobe uma elevação, atinge seu cume e rola pelo outro lado. A bola tem que ter energia cinética suficiente para atingir o topo, excedendo assim o potencial gravitacional em seu topo.

estrela 1estrela 2

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Outro exemplo seria o de dois lagos separados por um morro. Se o nível de água sobe em ambos, a cada instante ele estará ocupando uma linha de potencial constante, uma equipotencial.

Ao atingir a equipotencial do cume do morro, as águas dos dois lagos se encontrarão.

Linhas de equipotencial são semelhantes a linhas de contornos de mapas, onde cada contorno representa um nível. O nível de agua no lago aumenta seguindo linhas de equipotencial. Pode acontecer do nível de água aumentar nos

2 lagos a ponto de se unirem e serem então representados por um único nivel de agua, e uma única linha equipotencial

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Row 1 Row 2 Row 3 Row 40

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Com Sistemas Binários ocorre um fenômeno semelhante...

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Com Sistemas Binários ocorre um fenômeno semelhante...

Os Lóbulos de Roche representam superfícies equipotenciais.

O Ponto Lagrangeano representa o ponto onde não existe força atuando, ou seja, as forças gravitacionais sobre qualquer massa teste nesta posição será balanceada pela força centrífuga. (http://www.esa.int/Our_Activities/Operations/What_are_Lagrange_points)

O Centro de Massa representa um ponto de equilíbrio da distribuição de massa.

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Pares de Estrelas

• A gigante vermelha durante a expansão do envelope preenche o Lóbulo de Roche, e parte do material do envelope externo escoa pelo Ponto de Lagrange, L1, sobre a Anã Branca.

• O gás que cai através de L1 não atinge a Anã Branca diretamente devido a rotação da binária.

• Como consequência, forma-se um disco de acreção em torno da Anã Branca

L1-> transferência de matéria

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Nova...uma possível evolução de um Sistema Binário

• Hidrogênio acrescentado pelo disco se acumula na superfície da anã branca.

• Camada quente e densa de hidrogênio até...

• Fusão explosiva de hidrogênio na superfície da estrela.

• Explosão: ... uma Nova.

Nova Cygni 1975

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Nova...as diferentes classes de Novas dependem da luminosidade gerada no evento

• Se o aumento de luminosidade é de um fator 10 (2,5 magnitudes):– Nova anã.

• Quando o aumento é de um fator 10.000 (10 magnitudes):– Nova clássica.

• Há ejeção de matéria, e pode chegar a ~2000km/s.observação do solo

Nova T Pyxidis

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Nova Recorrentes• Após a explosão da Nova, o

ciclo pode recomeçar, já que pode existir ainda material a ser acrescido da Gigante Vermelha.

• A Anã Branca volta a acumular massa pelo disco de acreção.

• Densidade e temperatura voltam a aumentar.

• Outra Nova ocorre.

T Pyxidis

R Aquarii

erupção a cada 20 anos

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Acreção em Sistemas Binários

• No caso de acreção sobre uma Anã Branca :– Na explosão da Nova, nem todo material é expelido.– A acreção aumenta a massa da anã branca.– A pressão dos elétrons degenerados só pode suportar até 1,4 MᏫ, o Limite de

Chandrasekhar.

• Quando a massa da Anã Branca supera 1,4 MᏫ : – A estrela colapsa.– O carbono e oxigênio iniciam uma fusão em toda a estrela.– Quase toda a estrela é transformada em Ferro e Níquel– A estrela inteira explode.

SUPERNOVA tipo Ia

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Supernova Tipo Ia – só em sistema binário

• Acreção na Anã Branca e detonação da Supernova Ia

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Supernova Tipo Ia• Supernova Ia observada em 1994

pelo telescópio espacial Hubble, em uma galáxia a ~18 Mpc.

• Evento extremamente energético.

• Magnitude absoluta –19,6 (na banda B).– Se ocorresse uma SN Ia a 100 pc de distância, sua

magnitude aparente seria –14,5, mais brilhante do que a Lua cheia.

• Supernovas observadas por Tycho Brahe (11/1572) e Johannes Kepler (10/1604) foram de Tipo Ia.

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Diferenciadas pelos Espectros

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Objetos Compactos em Sistemas Binários• Além de anãs brancas, podem fazer parte como secundárias em um Sistema Binário

estrelas de nêutrons e buracos negros.

• O disco de acreção neste caso é muito mais energético do que no caso da anã branca.

• Não háverá o fenômeno deNovas.

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Objetos Compactos em Binárias• No caso da secundária ser um buraco

negro, a matéria cai no horizonte de eventos e “desaparece”.

• No caso da secundária ser uma estrela de nêutrons, a matéria ao cair na superfície causa um flash de raios-X.

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Observando Buracos Negros• Buracos negros isolados são praticamente impossíveis de serem observados.

• Mas em sistemas binários, observamos a consequência da presença de um buraco negro:– Disco de acréscimo extremamente energético:

emissão em raios-X.

A interação com o campo magnético provoca a ejeção de partículas (jatos)

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Observando Buracos Negros.

• Exemplo: Cygnus X-1

– Estrela da sequência principal com 25 MᏫ.

– Pelo movimento orbital, a massa da dupla é 35 MᏫ.→ companheira invisível

de 10 MᏫ.

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Supenova Tipo Ia Supernova Tipo IIexplosão de uma anã branca em sistema binário Colapso do caroço de estrela massiva

Enriquece o meio interestelar com Ferro e Níquel. Enriquece o meio com C, O, Ne, Mg, Si

Ocorre em todo tipo de galáxias. Ocorre em galáxias que ainda formam estrelas.

Luminosidade máxima é praticamente a mesma. Luminosidade máxima varia de uma SN p/ outra

Não há linhas de hidrogênio no espectro. Tem linhas de hidrogênio no espectro

• Curvas de luz normalizadas

Ia II Outras(Ib e Ic)

total

2 4 0,8 6,8

Taxa de Supernovas

por século, para uma galáxia com a luminosidade da Via Láctea

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Nucleossíntese• Em estrelas massivas, até a explosão da supernova, a estrela sintetiza elementos

até o Fe.

• Pelo processo de captura lenta de nêutrons (chamado processo-s) são sintetizados elementos até o Bismuto (elemento não radioativo mais pesado).

• A captura rápida de nêutrons (chamado processo-r) sintetiza elementos até o Urânio.

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Nucleossíntese e Enriquecimento Químico• SN II => ejeção de “elementos-alfa”:→ elementos formados pela fusão sucessiva de núcleos de hélio (também conhecido

como partícula alfa). Exemplos: carbono, oxigênio, neônio, silício, enxofre, cálcio.

• SN Ia => ejeção de elementos do “grupo do ferro”:→ Níquel e ferro (produzidos durante a explosão da Anã Branca).

• Observe na Tabela abaixo quais os elementos químicos que são produzidos em diferentes tipos de estrelas e processos. Estrelas de baixa massa (como o Sol) contribuem muito pouco com o enriquecimento químico do meio interestelar.

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No próximo Roteiro 17 vamos ver o que ocorre com estrelas que são instáveis e o interesse científico que elas proporcionam nas estimativas de distância.

Além disto, veremos que o estudo de aglomerados de estrelas abre um caminho para estudar os efeitos da evolução das estrelas em diferentes estágios de suas vidas.