Eurobarómetro 82

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Eurobarómetro Standard 82 OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA Outono 2014 Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da Comunicação Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal. Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores. Eurobarómetro Standard 82 / Outono 2014 – TNS Opinion & Social RELATÓRIO NACIONAL PORTUGAL

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Relatorio Final de Portugal

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Eurobarómetro Standard 82

OPINIÃO PÚBLICA NA UNIÃO EUROPEIA

Outono 2014

Esta sondagem foi encomendada e coordenada pela Comissão Europeia, Direcção-Geral da

Comunicação

Este relatório foi produzido para a Representação da Comissão Europeia em Portugal.

Este documento não reflecte as opiniões da Comissão Europeia. As interpretações ou opiniões expressas neste relatório são apenas dos seus autores.

Eurobarómetro Standard 82 / Outono 2014 – TNS Opinion & Social

RELATÓRIO NACIONAL

PORTUGAL

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

1

Índice

1. Introdução................................................................................................................................2

2. A Situação Atual e as Expetativas em Relação ao Futuro..................................................3

3. A Imagem da UE......................................................................................................................4

4. A Europa 2020 e o Futuro da EU………………………………...............................................10

5. Conclusões…….....................................................................................................................13

Este Relatório Nacional do Eurobarómetro 82 foi elaborado para a Representação da Comissão Europeia

em Portugal por uma equipa composta por Marina Costa Lobo (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa),

Carlos Jalali (U. Aveiro), José Santana Pereira (Instituto de Ciências Sociais – U. Lisboa) e Patrícia Silva

(U. Aveiro). O texto do relatório foi elaborado de acordo com as normas do novo acordo ortográfico.

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1. Introdução

O Eurobarómetro 82 foi realizado no outono de 2014, com o objetivo de monitorizar a opinião pública

europeia. O presente relatório analisa os dados relativos a Portugal em perspetiva comparada com os

restantes Estados-membros da União Europeia (UE). O relatório incide sobre três temas: em primeiro

lugar, as perceções dos portugueses sobre a situação atual do país e as suas expetativas para os

próximos doze meses. Em segundo lugar, a imagem que os portugueses têm da UE. Em terceiro e último

lugar, a forma como os portugueses encaram o futuro da UE. Em alguns casos, a análise é aprofundada,

seja através de comparações longitudinais (comparando os resultados atuais com os de inquéritos

anteriores), seja através da desagregação dos perfis sócio-demográficos dos inquiridos.

Em Portugal, o trabalho de campo deste Eurobarómetro foi realizado entre os dias 8 e 17 de novembro de

2014. Este foi o segundo Eurobarómetro realizado desde o fim do Programa de Ajustamento Económico e

Financeiro (PAEF) iniciado em maio de 2011 e que terminou em maio de 2014. É de notar, que tal como a

Irlanda e ao contrário do que sucedeu na Grécia, foi possível ao Governo Português negociar uma saída

limpa do Programa, no sentido em que não foi necessário contrair nova dívida nem fazer ulteriores

compromissos com a Troika.

No dia 31 de Outubro, poucos dias antes do trabalho de campo deste Eurobarómetro, foi aprovado o

Orçamento de Estado para 2015. Este Orçamento visa atingir as metas de consolidação orçamental

obrigatórias para os membros da zona Euro, prevendo uma redução do défice orçamental para 2,7 por

cento. O governo na sua proposta de orçamento previu um crescimento de 1,5 por cento. Em termos

económicos, o período que antecede este trabalho de campo é marcado por uma redução na taxa de

desemprego que se cifrava nos 13.7 por cento em Outubro de 2014 (a mesma taxa era de 15,7 por cento

em Outubro de 2013). Além disso, o Orçamento previu para 2015 a reposição de parte dos valores que

haviam sido subtraídos aos vencimentos dos funcionários públicos e às pensões dos reformados, com o

governo a prever um aumento no rendimento das famílias em 2015.

A nível partidário nacional, é de salientar a eleição de António Costa para secretário-geral do Partido

Socialista no final de Setembro de 2014. Pela primeira vez foram organizadas eleições diretas primárias

para a seleção de um líder de um partido com representação parlamentar. Depois de uma campanha que

suscitou interesse público, António Costa derrotou António José Seguro. Entre simpatizantes e militantes

cerca de 177 mil portugueses votaram para escolher o candidato a Primeiro-Ministro do PS.

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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2. A Situação Atual e Expetativas em Relação ao Futuro

Nesta secção, analisamos a forma como os portugueses encaram a situação económica em Portugal.

Como podemos constatar através da análise do Gráfico 2.1., no outono de 2014, 94 por cento dos

portugueses consideravam que a situação económica era má ou muito má. Apenas os cidadãos

gregos (98 por cento) e os espanhóis (97 por cento) perspetivavam o estado das suas economias

nacionais de modo mais negativo do que os portugueses. Os cidadãos destes três países da Europa do

Sul encontram-se longe da média europeia, que se situa nos 63 por cento.

Quando o tema é a situação financeira do agregado familiar, as percentagens de respostas negativas são

mais baixas. Em Portugal, 56 por cento dos inquiridos afirmam que a situação do seu agregado

familiar é má ou muito má, enquanto a média europeia não vai além dos 32 por cento. Este valor é

substancialmente mais baixo do observado em 2013 (EB 80), quando mais de dois terços dos inquiridos

afirmavam que a situação financeira da sua família era má ou muito má.

98

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92

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12

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Grécia

Espanha

Portugal

Chipre

Bulgária

Itália

França

Eslovénia

Croácia

Eslováquia

Roménia

Finlândia

Hungria

Letónia

Bélgica

UE28

República Checa

Lituânia

Irlanda

Polónia

Áustria

Reino Unido

Estónia

Países Baixos

Luxemburgo

Alemanha

Malta

Dinamarca

Suécia

2.1. Percentagem de inquiridos que consideram "má" ou "muito má" a situação da economia nacional e a situação do agregado familiar (UE-28)

Situação do Agregado Familiar Situação da Economia Nacional

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

4

3. A Imagem da UE

Neste indicador, a Grécia sobressai consideravelmente dos restantes países, incluindo Espanha e

Portugal, uma vez que 75 por cento dos inquiridos gregos afirmam que a situação do seu agregado

familiar é má ou muito má. Juntando os dois indicadores, conclui-se que as perceções negativas na Grécia

são absolutamente maioritárias, mesmo em comparação com os restantes países da Europa do Sul.

Também é visível uma grande diferença em relação a certos países da Europa Central e do Norte,

onde as visões positivas imperam (Alemanha, Dinamarca, Luxemburgo), apresentando assim um

cenário vivamente contrastante com o clima de opinião pública nos países do Sul.

Do ponto de vista económico, por vezes as expetativas são positivas e maior confiança no futuro

económico/financeiro do país poderão conduzir a mais investimento e consumo por parte dos cidadãos.

No gráfico seguinte, podemos constatar que Portugal se situa próximo da média europeia: 21 por cento

dos portugueses têm expetativas positivas sobre a economia nacional em 2015 (a média da UE é

de 22 por cento). Já no que concerne as expetativas positivas para a situação financeira do

agregado familiar no próximo ano, estas são partilhadas por uma proporção menor de cidadãos

nacionais (apenas 16 por cento). Assim sendo, no que diz respeito à economia nacional, apesar de o

presente ser encarado de forma bastante negativa, já parece haver alguma confiança em relação ao

próximo ano, sobretudo em comparação com a Grécia.

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

5

Quando inquiridos sobre a presente situação do emprego ao nível nacional e as expetativas para os

próximos doze meses, os portugueses exprimem opiniões semelhantes àquelas relativas à economia

nacional. Assim, 94 por cento acham que a situação do emprego é má ou muito má em Portugal, e

apenas 19 por cento acham que a situação vai melhorar em 2015 (as percentagens

correspondentes para a UE são de 73 e 21 por cento, respetivamente).

Para completar esta secção, apresentamos dois indicadores relativos à opinião dos europeus sobre a

trajetória dos seus países e da UE (Gráfico 2.3). O primeiro dado a salientar é que a média de

europeus que consideram que “as coisas vão na direção certa” no seu país e na UE é de 25 e 26

por cento, respetivamente. Os valores correspondentes para Portugal são de 22 e 27 por cento,

respetivamente. Portanto, os portugueses apresentam-se relativamente mais confiantes na direção

tomada pela UE do que pelo seu país. Mesmo assim, a larga maioria dos portugueses não acha que as

direções tomadas pela UE e por Portugal sejam as mais corretas – um padrão a destacar na opinião

pública nacional neste outono de 2014.

45

39

38

38

36

35

29

24

24

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22

22

22

22

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21

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20

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18

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15

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13

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17

19

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13

17

20

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Irlanda

Malta

Países Baixos

Reino Unido

Dinamarca

Roménia

Estónia

Letónia

Lituânia

Áustria

Espanha

Itália

República Checa

UE28

Chipre

Portugal

Eslováquia

Suécia

Polónia

Bélgica

Bulgária

Eslovénia

Finlândia

Hungria

Croácia

França

Grécia

Alemanha

Luxemburgo

2.2. Percentagem de inquiridos que têm expetativas positivas para os próximos doze meses, em termos da situação económica nacional e da

situação financeira do agregado familiar (UE-28)

Expetativas Situação Agregado Familiar Expetativas Economia Nacional

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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Nesta secção analisamos a imagem que os portugueses têm da UE, de uma forma genérica e mais

detalhadamente, no que diz respeito a representações da UE e da sua relação com a crise económica. 38

por cento dos portugueses têm uma imagem positiva da UE e 25 por cento tem uma imagem

negativa, representando um diferencial de 13 pontos percentuais. Estes valores não se afastam muito

da média da UE (39 por cento e 22 por cento respetivamente). O que é mais importante, é que notamos

uma inversão de 2013 para 2014: em 2013, a imagem que os portugueses tinham da UE era mais

negativa que positiva – com 39 por cento com uma imagem negativa da UE e 22 por cento com uma

imagem positiva. Estamos assim de volta aos valores de 2010, sensivelmente, onde 40 por cento

tinha uma imagem positiva da UE e 19 por cento uma imagem negativa. Este dado é importante, pois

assinala um regresso a uma perspetiva mais positiva da UE – e talvez não por acaso, coincide com o fim

do programa de ajustamento de Portugal, e da saída da Troika de Portugal.

56

51

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44

40

38

38

37%

36

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34

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33

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30

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20

17

17

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12

10

9

9

38

38

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27

27

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40

55

38

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32

27

32

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23

34

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16

17

26

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Malta

Irlanda

Dinamarca

Países Baixos

Estónia

Alemanha

Suécia

Lituânia

República Checa

Áustria

Polónia

Roménia

Letónia

Reino Unido

Bélgica

Luxemburgo

UE28

Hungria

Portugal

Eslováquia

Finlândia

Bulgária

Chipre

Espanha

Croácia

Itália

Grécia

França

Eslovénia

2.3. Percentagem de inquiridos que consideram que no seu país ou na União Europeia "as coisas vão na direção certa" (UE-28)

UE na direção certa País na direção certa

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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O gráfico 3.2 ilustra os significados da UE para o conjunto dos portugueses no outono de 2014. Em

Portugal, a UE está associada principalmente à possibilidade de viajar, estudar e trabalhar nos

restantes Estados-membros. De facto, 46 por cento dos inquiridos escolheram esta opção quando

confrontados com a pergunta: “O que é que representa a UE para si pessoalmente?”. Esta

afirmação é a mais escolhida também no conjunto dos países europeus. Verifica-se que a mobilidade

assegurada pelo Mercado Único e reforçada com o Tratado de Schengen é vista como uma grande mais-

valia do projeto europeu. Os dirigentes políticos devem ter isso em consideração sempre que emerge uma

tentação securitária, como poderá acontecer, por exemplo, no seguimento dos ataques terroristas em

Paris, ocorridos em janeiro de 2015.

A moeda única, o Euro, é o segundo símbolo mais forte da UE. Com efeito, a moeda única

representa a UE para 35 por cento dos portugueses e 39 por cento dos europeus, respetivamente.

Em terceiro lugar, para 25 por cento dos portugueses a UE representa a diversidade cultural (a média da

UE é 28 por cento). Existe também uma percentagem mais pequena de portugueses (15 por cento) do que

de europeus (25 por cento) que afirmam que a UE representa sobretudo um desperdício de dinheiro.

De assinalar, no entanto, que uma percentagem de cidadãos portugueses superior à média

europeia associa a UE ao desemprego (24 por cento, contra apenas 17 por cento mediano conjunto

dos Estados-membros). Estes dados sugerem que, apesar das dimensões positivas que a imagem da

UE suscita, existem também fatores negativos, como o desemprego, que, devido à crise económica, estão

associados à imagem da UE.

61

59

53

51

51

50

47

45

42

42

41

40

40

39

39

39

38

38

38

37

37

37

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31

31

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24

23

6

9

16

18

16

6

8

7

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19

23

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22

22

18

19

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11

26

17

28

21

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32

38

44

Polónia

RoméniaIrlanda

BulgáriaLuxemburgo

LituâniaMalta

Estónia

BélgicaCroáciaFrança

Hungria

SuéciaUE28

Dinamarca

EslováquiaAlemanha

PortugalEslovénia

República ChecaLetónia

Países Baixos

FinlândiaItália

EspanhaÁustria

Reino UnidoChipreGrécia

Gráfico 3.1 - A imagem da UE (Percentagens, UE-28)

Total 'Positiva' Total "Negativa"

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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Quando consideramos concretamente a imagem da UE no contexto da crise económica verificamos o

seguinte: 72 por cento dos portugueses considera que a UE é responsável pela austeridade na

Europa (contra 63 por cento dos Europeus) e que é demasiado burocrática (62 por cento contra 72

por cento na UE). É um valor semelhante ao de 2013 para a mesma pergunta. Por outro lado, os

portugueses também consideram maioritariamente (53 por cento) e acima da média da UE (49 por

cento) que a UE torna a qualidade de vida melhor na Europa. Além disso, os portugueses revelam-se

mais optimistas do que a média da UE: 46 por cento crê que a UE vai emergir mais justa da crise

contra 38 por cento na UE.

No gráfico seguinte apresentamos a desagregação socio-demográfica desse indicador revelador de como

a UE está associada à crise económica atual.

50%

39%

28%

17%

25%

20%

15%

25%

46%

35%

25%

24%

19%

18%

15%

15%

Liberdade de viajar, estudar e trabalhar na UE

O Euro

A diversidade cultural

O desemprego

Uma voz mais forte no mundo

Insuficiente Controlo das Fronteiras externas

Mais criminalidade

Um desperdício de dinheiro

Gráfico 3.2 - "O que é que a UE representa para si pessoalmente?" (Percentagem de inquiridos que referiram cada representação, Portugal e UE-28)

UE28 Portugal

63

72

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49

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62

60

53

46

45

34

A UE é responsável pela austeridade na Europa

A UE é demasiado burocrática

A UE facilita os negócios na Europa

A UE torna a qualidade de vida melhor na Europa

A UE vai emergir mais justa da crise

A UE está a criar condições para mais empregos naEuropa

A UE torna o custo de vida mais barato na Europa

Gráfico 3.3 - A UE e a crise Económica (% daqueles que afirmam concordar com as afirmações abaixo, Portugal e

média UE)

UE28 Portugal

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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Constatamos assim que os indivíduos que mais associam a austeridade à Europa em Portugal são

os jovens adultos (77 por cento dos que têm entre 25 e 39 anos), aqueles com escolaridade

intermédia (76 por cento dos que estudaram até aos 19 anos), os trabalhadores manuais (80 por

cento) e finalmente, os habitantes de zonas rurais (78 por cento).

72

72

71

66

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72

70

72

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70

Portugal

Homens

Mulheres

15-24 anos

25-39 anos

40-55 anos

mais de 55 anos

Estudou até aos 15 anos

Estudou até aos 19 anos

Estudou até depois dos 20…

Quadros Superiores

Trabalhadores Manuais

Domésticas

Desempregados

Aldeias/Zonas Rurais

Vilas e Pequenas Cidades

Grandes cidades

Gráfico 3.4 - "A Europa é responsável pela austeridade" (Percentagem que concorda, grupos sócio-demográficos em Portugal)

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EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

10

4. A Europa 2020 e o Futuro da UE

A terceira e última secção trata das perceções dos portugueses em relação aos objetivos da Europa 2020,

bem como sobre o futuro da UE. A UE definiu uma estratégia denominada Europa 2020, que propõe

várias prioridades e objetivos.

No gráfico 4.1., apresentam-se as perceções, por parte dos portugueses, da importância de um conjunto

de iniciativas no quadro da Europa 2020. Aos inquiridos foi pedido que usassem uma escala de 1 a 10, em

que "1" significava que a iniciativa era, na sua opinião, “nada importante" e "10", "muito importante". No

gráfico, apresentamos, para cada iniciativa, a percentagem daqueles que escolheram valores entre 7 e 10

nesta escala. A maioria dos portugueses considera que as iniciativas da Europa 2020 são importantes. Em

concreto, 92 por cento dos portugueses reconhecem a importância da ajuda aos pobres e pessoas

socialmente excluídas, para que possam desempenhar um papel ativo na sociedade. Trata-se de um valor

bastante acima da média europeia (81 por cento). De igual modo, 92 por cento dos portugueses apoiam “a

modernização dos mercados de trabalho com vista a aumentar os níveis de emprego”, contra uma média

europeia de 81 por cento. Em terceiro lugar, os portugueses afirmam de maneira mais ampla (82 por

cento) do que a generalidade dos cidadãos europeus (74 por cento) o seu apoio “à base industrial da UE

através da promoção do espírito empresarial e do desenvolvimento de novas capacidades”. Nas restantes

iniciativas, o apoio português é sempre maioritário e próximo das médias europeias.

Ainda no que diz respeito aos objetivos a alcançar pela UE até 2020, perguntou-se aos cidadãos europeus

se os consideravam muito ambiciosos, adequados ou muito modestos. Da mesma forma que os

portugueses apoiam iniciativas que diminuam a pobreza e aumentem o emprego (como vimos acima, no

gráfico 4.1.), também consideram maioritariamente, e acima da média europeia, que os seguintes

objetivos são adequados ou até muito modestos (em vez de demasiado ambiciosos): 1) três quartos dos

homens e das mulheres com idades compreendidas entre os 20 e os 64 anos deviam ter um emprego (60

por cento dos portugueses consideram este objetivo adequado, e 11 por cento modesto); 2) o número de

europeus que vivem abaixo do limiar da pobreza deve ser reduzido em um quarto até 2020 (53 por cento

definem-no adequado, e 16 por cento modesto). Há, pois, uma preocupação substancial com o emprego e

com a diminuição da pobreza no nosso país.

81

82

74

75

79

70

57

92

92

82

77

76

69

56

Modernizar os mercados de trabalho, com vista a aumentar osníveis de emprego

Ajudar os pobres e as pessoas socialmente excluídas e dar-lhes a possibilidade de desempenharem um papel ativo na

sociedade

Ajudar a base industrial da UE a ser mais competitivapromovendo o espírito empresarial e desenvolvendo novas

capacidades

Aumentar a qualidade e atratividade do sistema de educaçãosuperior da UE

Apoiar uma economia que usa menos recursos naturais eemite menos gás com efeito de estufa

Aumentar o apoio às políticas de investigação edesenvolvimento e transformar as invenções em produtos

Desenvolver a e- economia fortalecendo a internet ultra rápidadentro da UE

Gráfico 4.1 - Iniciativas para a UE sair da atual crise financeira e económica e preparar-se para a próxima década

(% daqueles que considera a iniciativa importante , Portugal e média UE)

UE PT

Page 12: Eurobarómetro 82

EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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A maioria dos portugueses (51 por cento) está otimista em relação ao futuro da UE, ainda que

Portugal se situe um pouco abaixo da média da UE (56 por cento). O gráfico 4.2 permite fazer a

desagregação sócio-demográfica deste indicador. Constata-se que é entre os mais jovens, os mais

escolarizados, os quadros superiores e aqueles que vivem em zonas rurais que os níveis de otimismo

ultrapassam a média nacional. Pelo contrário, os idosos, as domésticas e os desempregados são os que

se afirmam mais pessimistas em relação ao futuro da UE. Estas tendências de apoio espelham outras que

foram sendo apresentadas em Eurobarómetros anteriores, onde os mais jovens, os mais escolarizados e

os que auferem maiores rendimentos tendem a apoiar mais o projeto europeu.

Já quanto à possibilidade de Portugal estar melhor fora da UE, apenas 29 por cento concorda com

esta afirmação, um valor sensivelmente idêntico à média europeia (30 por cento).

51%

55%

46%

72%

60%

51%

36%

38%

62%

66%

57%

50%

20%

38%

57%

47%

47%

Portugal

Homens

Mulheres

15-24 anos

25-39 anos

40-55 anos

mais de 55 anos

Estudou até aos 15 anos

Estudou até aos 19 anos

Estudou até depois dos 20…

Quadros Superiores

Trabalhadores Manuais

Domésticas

Desempregados

Aldeias/Zonas Rurais

Vilas e Pequenas Cidades

Grandes cidades

Gráfico 4.2 - Optimismo em Relação ao Futuro da UE (Percentagem, Portugal e grupos sócio-demográficos em Portugal)

Page 13: Eurobarómetro 82

EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

12

De facto, no gráfico 4.3 verificamos que os portugueses não se encontram entre os Estados-membros

onde uma maior proporção de cidadãos considera que o seu país estaria melhor fora da UE. São o Chipre

(49 por cento) e a Eslovénia (47 por cento) os países em que esse sentimento é mais generalizado. Este

indicador é bastante importante, na medida em que mede a (in)satisfação com a pertença à UE.

Olhando para a Espanha e a Grécia, países em que, como vimos acima, os cidadãos estão pessimistas

sobre a situação económica atual, vemos diferenças importantes: a Grécia é o quarto país com uma

percentagem mais elevada de indivíduos que pensam que o seu país estaria melhor fora da UE, um

percentagem bastante superior à que encontramos em Portugal. Já os espanhóis revelam-se um

pouco mais satisfeitos com a pertença à UE, com apenas 20 por cento a defender que Espanha

estaria melhor fora da UE.

49

47

42

40

36

35

35

35

32

30

30

30

29

29

29

28

27

27

26

25

24

22

21

20

18

18

17

16

12

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Chipre

Eslovénia

Reino Unido

Grécia

Croácia

República Checa

Itália

Áustria

Polónia

UE28

Hungria

Roménia

Portugal

Eslováquia

Finlândia

Irlanda

Letónia

Suécia

Bélgica

França

Bulgária

Alemanha

Malta

Espanha

Dinamarca

Países Baixos

Lituânia

Estónia

Luxemburgo

4.3. "O nosso país estaria melhor fora da UE" (Percentagem de inquiridos que concordam, UE-28)

Page 14: Eurobarómetro 82

EUROBARÓMETRO STANDARD 82 / OUTONO 2014

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5. Conclusões

Este Eurobarómetro 82 evidencia alguns traços de continuidade em relação ao passado recente, no que

diz respeito à forma como os portugueses percecionam a situação económica do país, a situação do

emprego nacional e ao rumo que tomam tanto a UE como Portugal. Em todos estes indicadores, os

portugueses são um dos povos em que as perceções são mais negativas. Nada disto surpreende, tendo

em conta o contexto de grave crise económica em que o país se encontra. Mesmo assim, e ao contrário

do que ocorreu nos Eurobarómetros realizados durante o período de permanência da Troika em Portugal,

neste Eurobarómetro, conseguimos vislumbrar alguns sinais menos negativos em certos indicadores. A

saber, as expetativas para a economia nacional, que são próximas da média da UE, ou a percentagem de

cidadãos, acima da média da UE, que acham que a UE está “na direção certa”.

Quanto à imagem da UE, verificamos que os portugueses se aproximam da média dos Estados-membros,

com mais portugueses com uma imagem positiva do que negativa. É de assinalar que, neste

Eurobarómetro, a imagem da UE apresenta uma melhoria significativa em relação a 2013, onde a

percentagem de cidadãos nacionais, que têm imagens negativas, era superior à dos que tinham imagens

positivas. Do ponto de vista dos significados, a UE está, em primeiro lugar, associada à mobilidade das

pessoas, viajar e estudar em qualquer Estado-membro; em segundo lugar, à moeda única; e em terceiro à

diversidade cultural. A percentagem de portugueses que associa a UE ao desemprego, está, apesar de

tudo, acima da média europeia. Analisámos também a ligação entre a imagem da UE e a crise económica,

verificando que a larga maioria dos portugueses associa a UE à austeridade e essa percentagem é

superior à da UE. No entanto, noutras dimensões, por exemplo a importância da UE para a qualidade de

vida, a perspetiva da UE se tornar mais justa depois da crise, os portugueses tem expetativas mais

positivas do que a média da UE.

Na terceira parte do relatório, analisámos a forma como os portugueses encaram os objetivos da Europa

2020 e o futuro da UE. Tanto no que diz respeito às iniciativas como aos objetivos para os próximos anos,

os portugueses unem-se em torno do combate ao desemprego e à pobreza. Com efeito, se há um apoio

maioritário a todos os objetivos e iniciativas, há mais unanimidade em torno destes dois temas. Mais uma

vez, este resultado entende-se no quadro das perceções sobre a situação da economia atual. A maioria

dos portugueses sente-se otimista em relação ao futuro da UE, algo que é mais prevalecente entre os

jovens, os mais escolarizados e os quadros superiores – o grupo social com rendimentos mais elevados.

Na parte final, concluímos que cerca de um terço dos portugueses considera que Portugal estaria melhor

fora da UE. Comparando o caso português com os restantes Estados-membros, verificamos que Portugal

não está entre os países em que um maior número de cidadãos gostaria de ver o seu país fora da UE.

Em suma, as perceções negativas dos portugueses, que se têm vindo a acentuar nesta segunda década

do século XXI, continuam bem presentes neste Eurobarómetro 82. No entanto, seja em termos das

expetativas para a economia nacional no próximo ano, em certas dimensões da imagem da UE, ou no

otimismo em relação ao futuro e à pertença à UE, já se vislumbra uma perspetiva um pouco mais positiva,

que se distancia do quadro geral. É certo que é ainda demasiado cedo para se poder afirmar que estamos

perante uma inflexão do padrão atitudinal dos portugueses, e teremos de aguardar posteriores inquéritos à

opinião pública. Contudo, no Outono de 2014, os portugueses surgem um pouco menos negativos e

pessimistas em relação ao país e à UE, ao contrário do que já se havia verificado em anos anteriores.