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ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO LAST PLANNER SYSTEM APLICADO AO PLANEJAMENTO E CONTROLE NA CONSTRUÇÃO DE UMA USINA HIDRELÉTRICA DE GRANDE PORTE Bruno Freijanes Costa Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Agosto de 2017

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ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO LAST PLANNER

SYSTEM APLICADO AO PLANEJAMENTO E CONTROLE NA CONSTRUÇÃO

DE UMA USINA HIDRELÉTRICA DE GRANDE PORTE

Bruno Freijanes Costa

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto de 2017

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ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO LAST PLANNER

SYSTEM APLICADO AO PLANEJAMENTO E CONTROLE NA CONSTRUÇÃO

DE UMA USINA HIDRELÉTRICA DE GRANDE PORTE

Bruno Freijanes Costa

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

__________________________________________

Jorge dos Santos, D. Sc.

__________________________________________

Luís Antônio Greno Barbosa, M. Sc.

__________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

__________________________________________

Willy Weisshuhn, M. Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2017

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Costa, Bruno Freijanes

Estudo sobre os ganhos obtidos com a adoção do Last

Planner System aplicado ao planejamento e controle na

construção de uma usina hidrelétrica de grande porte /

Bruno Freijanes Costa. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica, 2017.

XIV, 66 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 67 - 71.

1. Construção civil. 2. Last Planner System 3. Planejamento

e controle da produção 4. Construção enxuta

I. Santos, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Estudo

sobre os ganhos obtidos com a adoção do Last Planner

System aplicado ao planejamento e controle na construção

de uma usina hidrelétrica de grande porte.

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DEDICATÓRIA

Aos meus avós que sempre me inspiraram e me

incentivaram a perseguir meus sonhos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à minha família. À minha mãe, que desempenhou um

papel essencial em minha educação baseado num amor incondicional e eterno. Ao meu

pai, por sempre acreditar em mim e torcer por cada conquista como se fosse sua própria.

À minha irmã, por todos os ensinamentos, companheirismo e torcida mostrados em todas

as etapas de minha vida. Me orgulho muito em tê-los ao meu lado e sou eternamente grato

pelo constante suporte e por tudo que vocês já abdicaram para oferecer as condições que

tive durante todo esse caminho.

Às minhas tias, tios, primos e primas que mantiveram a torcida em todos os

momentos, bons e ruins. Muito obrigado pelos conselhos e palavras. Vocês sem dúvida

ajudaram a construir a pessoa que sou hoje.

Aos meus amigos da UFRJ, eternos companheiros de engenharia: Rodrigo, Ingrid,

Juliana, Clara, Ana, Marcus, Henrique, Renan, Bia Rodrigues, Bia Pereira, Carol, Karine

e Peleta. Vocês ajudaram a tirar grande parte do peso desses longos anos e demonstraram

onde podemos chegar com amizades verdadeiras. Sem dúvida esses anos não seriam os

mesmos sem as nossas conversas, almoços, piadas, risadas e o eventual estudo pré-prova.

Agradeço a todos por cada momento e pelo que vocês representaram e ainda representam

para mim.

Agradeço à UFRJ, pela estrutura e excelência no ensino. Aos meus professores, que

não apenas conseguiram transmitir o conhecimento que tinham, mas também serviram de

inspiração para este aspirante a engenheiro. Um agradecimento especial aos professores

Elaine Vasquez, Paulo Renato, Sandra Oda, Ginette Jalbert e Monica Moulin pela

encantadora dedicação aos alunos dessa Escola. Ao meu orientador, Jorge dos Santos,

pela dedicação, paciência e apoio em todos os momentos desse trabalho, desde a escolha

e estruturação do tema até sua conclusão. Este trabalho não teria a mesma qualidade se

não fosse por sua disponibilidade e orientação. Muito obrigado.

Gostaria de agradecer ao governo brasileiro, por todo investimento fornecido na

educação pública de qualidade da qual tive acesso desde meus dez anos de idade.

Educação essa que ainda é extremamente inacessível. Tenho consciência da enorme sorte

que tive e farei valer as oportunidades a mim concedidas pelo resto de minha vida.

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Agradeço também à empresa da qual fui estagiário, por todo o investimento e

conhecimento transmitido ao longo do estágio obrigatório. Um obrigado especial a todos

os funcionários que de alguma forma contribuíram para minha formação como

engenheiro e pessoa.

Por último, mas não menos importante, ao Colégio Pedro II pelos valores dados a

mim em todos os 7 anos que pisei em seus corredores. Aos funcionários daquele colégio

e, claro, aos meus companheiros de sala que me mostraram o significado de amizade da

forma mais bonita que alguém pode ter. Agradeço em especial aos meus eternos amigos

Rodolfo Viera e Lara Martins pela torcida e companheirismo mostrado ao longo de todos

esses anos.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO LAST PLANNER

SYSTEM APLICADO AO PLANEJAMENTO E CONTROLE NA CONSTRUÇÃO

DE UMA USINA HIDRELÉTRICA DE GRANDE PORTE

Bruno Freijanes Costa

Agosto/2017

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

Devido à recente conjuntura político-econômica, a realidade do setor da construção civil

é caótica e preocupante. O ambiente atual é extremamente competitivo e desleal. Fica

cada vez mais evidente a necessidade de se reinventar a construção civil e para isso o

setor precisa inovar. A busca pela redução dos desperdícios e aumento da eficiência,

fizeram com que a utilização dos conceitos lean em projetos de construção civil se

tornassem não só realidade como indispensáveis. Algumas empresas começaram a

desenvolver as técnicas voltadas à construção enxuta em seus projetos e já conseguem

colher os frutos dessa escolha tida até então como inovadora. O Last Planner System,

baseado em conceitos lean, busca através de um rigoroso processo de planejamento ajudar

a assegurar que as atividades sejam entregues conforme o prazo, custo e qualidade. Esse

sistema prevê um ambiente confiável de produção, estabelecido através da redução da

variabilidade do fluxo de trabalho. Este trabalho avalia os procedimentos adotados por

uma construtora brasileira ao aplicar a metodologia Last Planner System durante a

construção de uma usina hidroelétrica de grande porte e com isso verificar sua

aplicabilidade buscando que, através da conclusão deste trabalho, possa-se obter uma

melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de

produção.

Palavras-chave: Last Planner System, planejamento e controle da produção, construção

enxuta.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

STUDY ON THE BENEFITS FOUND WITH THE USE OF THE LAST PLANNER

SYSTEM APPLIED TO THE PLANNING AND CONTROL DURING THE

CONSTRUCTION OF A LARGE-SCALE HYDROELECTRIC POWER PLANT

Bruno Freijanes Costa

August/2017

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

Due to the recent political-economic situation, the reality of the construction industry is

chaotic and worrying. The current environment is extremely competitive and disloyal. It

becomes increasingly evident the need to reinvent construction engineering and for this

the sector needs to innovate. The search for reduction of waste and increase of efficiency

has led to the use of lean concepts in construction projects. It has become not only a reality

but also mandatory. Some companies have begun to develop these lean techniques in their

projects and are already able to reap the benefits of their choice. The Last Planner System,

based on lean concepts, seeks through a rigorous planning process, to help ensure that

activities are delivered on time, cost and quality. This system provides a reliable

production environment, established by reducing workflow variability. The present work

evaluates the procedures adopted by a Brazilian construction company when applying the

Last Planner System methodology during the construction of a large-scale hydroelectric

power plant. It intends to verify its applicability and seeks to obtain better visibility on

the methodology applied in production planning and control after the conclusion of this

work.

Keywords: Last Planner System, production planning and control, lean construction.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1

1.1. Importância do tema ...................................................................................................... 1

1.2. Objetivos ....................................................................................................................... 1

1.3. Justificativa da escolha do tema .................................................................................... 2

1.4. Metodologia adotada ..................................................................................................... 2

1.5. Estrutura da monografia ................................................................................................ 3

2. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO ........................................................ 5

2.1. Conceituação de Planejamento e Controle .................................................................... 5

2.2. Aspectos Históricos ....................................................................................................... 6

2.3. Aplicabilidade na Construção Civil e suas dificuldades ............................................... 7

2.4. Problemas com o PCP Tradicional .............................................................................. 10

2.5. Lean Construction (Construção Enxuta) ..................................................................... 12

2.5.1. Aspectos Históricos ..................................................................................................... 12

2.5.2. Os Cinco Princípios do Pensamento Enxuto ............................................................... 12

2.5.3. Conceitos de Agregação de Valor ............................................................................... 14

2.5.4. Surgimento da filosofia da construção enxuta ............................................................ 15

2.5.5. Adaptação do lean à construção civil .......................................................................... 16

2.5.6. Princípios da construção enxuta .................................................................................. 17

2.5.6.1. Reduzir o percentual de atividades que não agregam valor; ............................... 17

2.5.6.2. Aumentar o valor agregado considerando os requisitos dos clientes; ................. 18

2.5.6.3. Reduzir a variabilidade nos processos ................................................................. 18

2.5.6.4. Reduzir tempos de ciclo ...................................................................................... 19

2.5.6.5. Simplificação do processo reduzindo etapas intermediárias ............................... 19

2.5.6.6. Aumentar a flexibilidade de saída ....................................................................... 19

2.5.6.7. Aumentar a transparência do processo ................................................................ 20

2.5.6.8. Controlar o processo em todas as suas etapas ..................................................... 20

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2.5.6.9. Garantir a melhoria contínua ............................................................................... 20

2.5.6.10. Equilibrar melhorias processuais no fluxo e nas conversões .............................. 21

2.5.6.11. Realizar benchmarks ........................................................................................... 21

2.5.7. Comparação – Modelo Convencional versus Modelo Enxuto .................................... 22

3. LAST PLANNER SYSTEM .................................................................................................. 25

3.1. Conceituação da metodologia Last Planner System .................................................... 25

3.2. Aspectos históricos ...................................................................................................... 25

3.3. Should – Can – Will – Did (Deve – Pode – Vai – Fez) .............................................. 26

3.4. Sequência do Last Planner System .............................................................................. 27

3.4.1. Planejamento Inicial .................................................................................................... 28

3.4.2. Planejamento Lookahead ............................................................................................ 30

3.4.3. Planejamento de Comprometimento ........................................................................... 34

3.5. Importância da análise de restrições ............................................................................ 38

3.6. Etapas do LPS e ferramentas de apoio ........................................................................ 39

3.6.1. Cronograma Gerencial ................................................................................................ 40

3.6.2. Pull Planning .............................................................................................................. 41

3.6.3. Planejamento Lookahead ............................................................................................ 42

3.6.4. Programação Semanal ................................................................................................. 43

3.6.5. Reuniões Diárias de Desempenho ............................................................................... 44

3.6.6. Resumo das etapas ...................................................................................................... 45

3.7. Dificuldades na implantação do LPS .......................................................................... 47

4. A EMPRESA CONSTRUTORA ........................................................................................ 49

5. O EMPREENDIMENTO A SER ESTUDADO ................................................................. 50

6. O LPS APLICADO AO EMPREENDIMENTO ................................................................ 54

7. ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS OBTIDOS ...................................................... 58

7.1. Obtenção de dados ...................................................................................................... 58

7.2. Revisão do conceito de PPC ........................................................................................ 60

7.3. Estudo de Caso ............................................................................................................ 61

7.3.1. Caso I .......................................................................................................................... 61

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7.3.2. Caso II ......................................................................................................................... 62

7.3.3. Resultado Final ............................................................................................................ 64

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 67

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema do processo construtivo .............................................................................. 10

Figura 2 – Tipos de Desperdícios ................................................................................................ 15

Figura 3 – Processo LPS (Adaptado) .......................................................................................... 27

Figura 4 – Níveis do Planejamento no Last Planner System (adaptado) .................................... 28

Figura 5 - Modelo de Planejamento Inicial ................................................................................. 29

Figura 6 - Modelo de Planejamento Lookahead ........................................................................ 32

Figura 7 – Modelo de Planejamento de Comprometimento ........................................................ 37

Figura 8 - Etapas do Last Planner System ................................................................................... 40

Figura 9 - Exemplo de Linha de Balanço .................................................................................... 42

Figura 10 - Processo de remoção de restrições através da 6WLA .............................................. 43

Figura 11 - Resumo das etapas do LPS ....................................................................................... 45

Figura 12 - Processo LPS e suas etapas (adaptado) .................................................................... 46

Figura 13 - Esquema desvio do rio para construção da UHE...................................................... 51

Figura 14 - Esquema das estruturas construídas ......................................................................... 52

Figura 15 – Treinamento Villego representando uma reunião de Check out .............................. 54

Figura 16 - Exemplo de calendário de reuniões utilizado no empreendimento .......................... 56

Figura 17 - Planilha de Produtividade CGII - Forma Convencional ........................................... 59

Figura 18 – Exemplo de agenda de Pull Planning ...................................................................... 59

Figura 19 - Planilha de restrições levantadas na 6WLA ............................................................. 59

Figura 20 - PPC - Forma Convencional - Frente: CGII – Sem. 294 / Sem. 306 ........................ 62

Figura 21 - PPC - Forma Convencional - Frente: CGII – Sem. 294 / Sem. 316 ......................... 63

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quadro comparativo Convencional vs. Enxuto.......................................................... 23

Tabela 2 - Modelo de plano Lookahead ...................................................................................... 33

Tabela 3 - Modelo de Plano Lookahead ...................................................................................... 34

Tabela 4 - Modelo de Planejamento de Comprometimento ........................................................ 38

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LISTA DE SIGLAS

6WLA – Six-Week Lookahead

AV – Atividade que Agrega Valor

CPM – Critical Path Method – Método do Caminho Crítico

DE – Desperdício Evidente

DO – Desperdício Oculto

IDC – Índice de Desempenho de Custo

IDP – Índice de Desempenho do Projeto

ISO – International Organization for Standardization – Organização Internacional de Normalização

KPI – Key Performance Indicator – Indicador-chave de Desempenho

LBMS – Location Based Management System – Sistema de Gerenciamento Baseado em Localização

LCI – Lean Construction Institute – Instituto de Construção Enxuta

LPS – Last Planner System

MRP – Material Requirement Planning – Planejamento das Necessidades de Materiais

MW – Megawatt

OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series – Série de Avaliação de Segurança e Saúde Ocupacional

PCP – Planejamento e Controle da Produção

PDCA – Plan; Do; Check; Act – Planejar; Fazer; Verificar; Atuar

PERT – Program Evaluation and Review Technique – Técnica de Avaliação e Revisão do Programado

PPC – Percentual da Programação Cumprida

STP – Sistema Toyota de Produção

TOC – Theory of Constraints – Teoria das Restrições

UHE – Usina Hidroelétrica

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Importância do tema

A construção civil brasileira passa por um dos seus piores momentos em anos.

Alavancada pela crise econômica e política vista nos últimos anos, a crise no setor da

construção civil se ainda se mantém firme e nociva. Motivada pela diminuição do crédito

e de investimentos públicos e privados, aumento da inflação e da taxa de juros nos últimos

anos. A crise ocasionou um aumento significativo da taxa de desemprego, reduzindo a

renda e o consumo.

Todos do setor foram afetados desde as grandes empreiteiras, envolvidas em

escândalos de corrupção e lavagem de dinheiro, aos trabalhadores diretos que foram

reduzidos expressivamente e hoje precisam aceitar qualquer oportunidade, inclusive

aquelas com condições de trabalho precárias, por questão de sobrevivência. Triste

realidade para um país que recentemente viu um crescimento econômico expressivo.

É clara a necessidade de se reinventar e para isso o setor da construção civil precisa

inovar. Não se pode mais aceitar o “planejar por planejar”, muito menos as quantidades

expressivas de desperdício vistas na construção civil. É preciso construir com maior

qualidade e ser mais eficiente. Outros países em especial os desenvolvidos conseguem

construir com índices de produtividade, desperdício e qualidade melhores do que os

brasileiros e isso precisa mudar.

Uma das maneiras mais eficazes de aumentar a eficiência do setor da construção

civil é melhorando o Planejamento e Controle da Produção (BALLARD, 2000). A

introdução de um rigoroso processo de planejamento através do Last Planner System

ajuda a assegurar que as atividades sejam entregues conforme o prazo, custo e qualidade.

Isso ocorre através da criação de fluxo contínuo e do conceito de proteção da produção

que exerce papel fundamental mitigando a expressiva variabilidade encontrada na

construção civil.

1.2. Objetivos

O objetivo desta monografia é trazer à luz as motivações por trás do uso do Last

Planner System na construção civil. Bem como apresentar seus conceitos, etapas e, por

fim, avaliar a aplicação da metodologia em uma obra civil de grande porte.

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1.3. Justificativa da escolha do tema

A escolha por este tema deu-se inicialmente pela busca de um aprendizado mais

aprofundado sobre a evolução e a aplicabilidade de novos sistemas de planejamento e

controle da produção estabelecidos no setor da construção civil. Tal escolha é justificada

pela pouca abordagem desta temática no decorrer do curso de graduação e pela evidente

necessidade de melhoria nessa área chave em qualquer tipo de projeto. O planejamento e

controle ainda é negligenciado por diversas empresas de construção no Brasil.

O autor foi introduzido ao tema durante seu estágio obrigatório e desde então

buscou se aprofundar nos conceitos referentes à metodologia Last Planner System e o que

ela representa para a construção civil nos dias de hoje. Aliado a isso o mesmo teve a

oportunidade de visitar uma das obras de sua empresa e observar a metodologia sendo

posta em prática o que motivou a concepção desta monografia.

O setor da construção civil no Brasil tem mostrado certa deficiência no que tange à

melhoria das produtividades de sua força de trabalho. Além disso a atual situação

econômica trouxe à tona a urgência da implantação de melhorias no modo de se construir.

Hoje não se pode mais acreditar que os conceitos desenvolvidos em meados do século

passado são insubstituíveis ou inadaptáveis. É possível que os conceitos mostrados nesta

monografia já sejam conhecidos por diversas empresas brasileiras. No entanto, não

parecem ser adotados pela maioria delas, o que mostra uma grande perda de oportunidade

em melhorar seus processos e, com isso, colher melhores resultados.

É preciso construir de forma enxuta, consumindo menos recursos, entregando

projetos com qualidade, dentro do prazo e custo estabelecidos inicialmente. Nesse

sentido, o tema abordado nesta monografia se alinha às inovações que estão sendo

implantadas na construção civil e busca analisar as adaptações e impactos do Lean

Construction ao setor da construção civil brasileira.

1.4. Metodologia adotada

A estratégia escolhida para este trabalho foi o estudo de caso, que consta da

investigação de um fenômeno baseada na experiência, visando uma compreensão e

interpretação mais profunda dos fatos e fenômenos normalmente isolados, sem buscar a

generalização dos resultados (COSTA, 2003 apud GUERRA, 2013).

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Num estudo de caso, o pesquisador possui pouco controle sobre os fenômenos e

busca responder a questões do tipo “Por quê” e “Como” os eventos ocorrem (YIN, 2001).

Nesta pesquisa a forma de questão é o “como”, uma vez que esta monografia visa

descobrir de que forma acontece o planejamento e controle na empresa estudada, o seu

grau de maturidade e os ganhos obtidos através da aplicação da metodologia Last Planner

System.

No início desta monografia foi desenvolvida uma ampla pesquisa à literatura em

artigos científicos, trabalhos acadêmicos, e livros sobre os diversos temas relacionados

ao trabalho. A parte de estudo de caso contou com a análise de documentos, projetos,

indicadores e outros dados fornecidos pela empresa construtora além das percepções e

constatações vistas pelo autor durante a visita à obra que foi objeto de estudo desta

monografia.

1.5. Estrutura da monografia

Buscando um correto entendimento dos conceitos, a presente monografia está

estruturada em oito capítulos que abordam os temas relacionados ao Last Planner System

e sua relação com o planejamento e controle e com as diretrizes da construção enxuta.

Conforme um novo conceito era apresentado buscou-se fazer, sempre que necessário, a

devida ligação com os conceitos apresentados previamente.

O primeiro capítulo apresenta uma introdução ao tema, evidenciando a sua

importância, objetivos, justificativa da escolha do tema, metodologia adotada para o

desenvolvimento do trabalho e sua estruturação.

No capítulo 2 é feita uma contextualização nos conceitos de planejamento e

controle da produção (PCP), mostrando sua importância, aplicabilidade à construção civil

e alguns dos problemas acerca do planejamento tradicional. Neste momento, introduziu-

se o conceito de construção enxuta, sua motivação e seus princípios. Por fim, buscou-se

nesse capítulo comparar os dois modelos de planejamento – o tradicional e o enxuto – a

fim de se avaliar as vantagens e desvantagens de cada um.

O capítulo 3 contextualiza a metodologia Last Planner System, através de sua

conceituação, apresentação de aspectos históricos e do levantamento dos diferentes níveis

de planejamento em que a metodologia se baseia. Neste capítulo são apresentadas as

diferentes etapas do Last Planner System do controle da produção e, por fim, são

apontadas algumas das dificuldades levantadas durante a implantação da metodologia.

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O capítulo 4 apresenta a empresa construtora, fazendo uma pequena descrição sobre

sua cultura, segmento de atuação, tipos de projetos executados, atuação recente voltada à

excelência operacional e, por fim, são listadas algumas de suas certificações recentes.

O capítulo 5 apresenta o empreendimento central estudado nessa monografia, a

construção de uma usina hidrelétrica de grande porte, mostrando alguns detalhes sobre

seu projeto e contextualizando o leitor da magnitude do empreendimento, seus desafios e

sua importância no setor hidrelétrico do país.

No capítulo 6 são descritas algumas informações sobre a aplicação do Last Planner

System à obra estudada descrevendo algumas das rotinas implantadas à obra após a

adoção da metodologia e dificuldades encontradas ao propor as mudanças necessárias

para a estabilização dos novos processos.

O capítulo 7 mostra o estudo de caso propriamente dito, onde são expostas as

premissas definidas no trabalho, a análise dos dados e resultados obtidos ao final desta

análise. Nele são demonstrados apenas aqueles resultados que estão dispostos no material

fornecido pela empresa baseados em fatos e dados, sem que seja feita nenhum tipo de

afirmação vaga ou suposições descasadas ao propósito desta monografia.

O capítulo 8 apresenta as conclusões e considerações finais encontradas pelo autor,

bem como algumas sugestões para possíveis trabalhos futuros.

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2. PLANEJAMENTO E CONTROLE DA PRODUÇÃO

2.1. Conceituação de Planejamento e Controle

LIMMER (2015) define planejamento como um processo por meio do qual se

estabelecem objetivos, são discutidas expectativas acerca de situações previstas e onde

são veiculadas informações sobre os resultados esperados entre pessoas, unidades de

trabalho, departamentos e até mesmo empresas.

ACKOFF (1976) apud FILHO (2010) vai além e diz que planejamento é algo que

se faz antes de agir, uma espécie de tomada antecipada de decisões. Para ele planejamento

é um processo que se destina a produzir estados futuros desejados e que só ocorrerão caso

“alguma coisa seja feita”, que nesse contexto pode-se assumir ser o gerenciamento do

projeto.

O planejamento e a programação de um projeto conduzem ao seu controle,

permitindo avaliar a qualidade daquilo que foi planejado e programado. Planejamento e

controle são, portanto, complementares entre si. Sendo assim, um não faz sentido sem o

outro. Implica-se num processo decisório contínuo onde o planejamento busca decidir

antecipadamente e o controle objetiva conhecer e atuar sobre desvios que venham ocorrer

sobre aquilo que fora planejado (LIMMER, 2015).

FORMOSO (1991) corrobora essas afirmações dizendo que é através do

estabelecimento de metas e determinação dos meios para atingi-las que o planejamento

se caracteriza como um processo gerencial e, para torná-lo efetivo, surge a necessidade

do controle que deve também ser efetivo, possibilitando retroalimentar o planejamento

sempre que possível.

O planejamento deve ser repetido diversas vezes durante o tempo de execução de

um projeto. O replanejamento, por sua vez, não significa necessariamente a existência de

falhas no projeto ou na gestão. É natural dos projetos da construção civil a necessidade

de se rever os planos elaborados, uma vez que com o passar do tempo uma quantidade

maior e até melhor de informações se põem disponíveis, reduzindo as incertezas. O

planejamento não é, portanto, um processo único (SLACK, CHAMBERS &

JOHNSTON, 2002).

PIRES (2014) afirma que atualmente as empresas têm gasto uma quantidade maior

de tempo e de recursos nas atividades de controle e de previsão, deixando os aspectos

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formais de planejamento numa posição secundária. Segundo o autor, é essencial a

elaboração do planejamento antes e durante a execução dos projetos de construção.

CIMINO (1987) assegura que o período dedicado a um planejamento mais bem

programado garante a participação de todos da empresa, diminuindo a possibilidade de

erros. Esse processo inicial, segundo o autor, é futuramente compensado, evitando perdas

que possam chegar a grandes proporções, representando uma boa parte do orçamento do

destinado ao projeto.

2.2. Aspectos Históricos

A necessidade de se planejar ações não é algo novo, ou particularmente dos tempos

modernos. Planejar é uma ferramenta utilizada desde as antigas civilizações (BOFF,

2003). Segundo o autor, há evidências que figuras históricas e governantes precisavam

decidir previamente quais rumos e decisões deveriam seguir, e de que forma fariam para

impor seu domínio.

Com o surgimento do sistema fabril em 1776 começou a ser abordada de forma

sistemática. Adam Smith, precursor da teoria econômica voltada à produção, aponta em

seu livro “A Riqueza das Nações” três vantagens econômicas fundamentais advindas da

divisão do trabalho que acarretavam num aumento de produtividade (GAITHER, 2001):

a) Desenvolvimento de habilidades quando uma única tarefa é realizada de

forma repetitiva;

b) Economia de tempo já que o mesmo é costumeiramente perdido quando da

mudança de uma atividade para outra;

c) Invenção de máquinas e ferramentas para executar estes serviços

repetitivos.

A divisão do trabalho continuou através dos anos e durante a primeira metade do

século XX foram concebidas as grandes linhas de produção, representando o princípio da

divisão de trabalho levado ao extremo. Frederick Taylor foi, sem sombra de dúvidas, a

figura mais preponderante no que tange a administração científica da produção. Sua

filosofia estabelecia a base da aplicação de métodos científicos a todos os problemas da

de administração e do planejamento, buscando alcançar o máximo de produção e

rendimento com o mínimo de esforços (GAITHER, 2001).

Segundo HOBSBAWN (2013), o conceito de planejamento começou a se

desenvolver na Segunda Guerra Mundial pelos ensinamentos da guerra anterior uma vez

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7

que, durante essa fase, era importante não só levar em conta os custos como também a

produção a ser administrada e planejada. Isso fez com que o planejamento entrasse na

agenda de governos e chefes de Estado que perceberam que era essencial planejar e saber

alocar recursos, motivados pelos fracassos ocorridos com a Primeira Guerra Mundial.

BOFF (2003) afirma que o planejamento estratégico, por sua vez, teve início em

meados do Século XX motivado pela necessidade mostrada pelas empresas em saber

tomar decisões acerca de onde e como operar no futuro. Este tipo de planejamento prevê

o futuro da empresa, em relação ao longo prazo. De uma forma genérica, consiste em

saber o que deve ser executado e de que maneira deve ser executado, sendo crucial para

o sucesso da organização. A responsabilidade deste planejamento assenta sobretudo nos

gestores de topo, dado o nível de decisões que é necessário tomar (TEIXEIRA, 2005).

Com base em conceitos de demanda (dependente e independente) desenvolveu-se

a lógica do Manufacturing Resource Planning (MRP) baseada principalmente nas

informações sobre lista de materiais, ciclos de produção (lead times), programação ou

plano mestre, níveis de inventários e no conceito de lotes econômico para a execução do

planejamento. Estes conceitos desenvolvidos são os componentes do que hoje chamamos

de Planejamento e Controle da Produção tradicional. (SACOMANO, 2001).

2.3. Aplicabilidade na Construção Civil e suas dificuldades

A construção civil por tratar de empreendimentos (ou projetos de uma forma geral)

com alto número de recursos alocados aliado ao seu caráter de transformação de um

produto, implicando muitas vezes em altos valores de custo, mostra uma inegável

necessidade da aplicação dos conceitos de planejamento e controle. LIMMER (2015)

destaca a aplicação desses conceitos lembrando que hoje se fala muito em qualidade que,

por consequência, traz consigo temas como produtividade e até mesmo a construção

enxuta. É preciso, segundo ele, que o gerenciamento de um projeto seja feito como um

todo, concatenando-se recursos humanos, materiais, equipamentos de forma a obter o

produto desejado – a obra construída – dentro dos parâmetros de prazo, custo, qualidade

e risco previamente estabelecidos.

LIMMER (2015) lembra que atualmente observa-se, tanto na execução quanto no

gerenciamento das construções brasileiras, uma certa predominância de um sistema

informal. Há, segundo o autor, uma deficiência de integração entre as várias equipes

participantes do processo construtivo impedindo a racionalização dos procedimentos de

implementação do projeto.

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PICCHI (1993) considera a indústria da construção civil defasada em relação às

outras no que diz respeito ao desenvolvimento de técnicas gerenciais e de planejamento.

Essa defasagem reflete em problemas de qualidade, baixa produtividade e elevados

índices de desperdício, estimados em pelo menos 30%, em relação ao custo da obra.

O relatório mundial voltado para a construção civil da consultoria McKinsey (2017)

aponta que apesar da contribuição importante do setor de construção no crescimento da

economia brasileira, sua produtividade vem diminuindo nos últimos 20 anos.

Recentemente, escândalos de corrupção na indústria tiveram um impacto negativo

nos investimentos. No entanto, mesmo durante o boom da construção, o capital sempre

foi mais escasso do que a mão de obra. Muitas vezes equipamentos são alugados e

trabalhadores são contratados sob demanda. Esta abundância de mão de obra local e

barata acrescida à característica volátil de contratação, em geral, gera uma carência de

investimentos na capacitação da mão de obra. Além disso, não existem incentivos para se

investir em formas de redução de custos e tempo de projetos, o que levaria a uma maior

produtividade (MCKINSEY, 2017).

Para SAMPAIO (1991) e SOIBELMAN (1993) algumas características inerentes a

construção civil fazem com que existam dificuldades na implantação de um sistema de

gerenciamento eficaz:

1) Caráter nômade da construção civil, onde a constância das características nas

matérias primas e nos processos é mais difícil de se conseguir do que em outras

indústrias de caráter fixo;

2) Complexidade e natureza única de seus produtos. Dificultando a aplicação da

produção em série, uma vez que o produto é fixo e os operários são móveis.

Agravando ainda mais as dificuldades referentes à operação e o controle;

3) A construção é uma indústria muito tradicional, avessa às alterações, se

comparada às outras indústrias que têm um caráter mais inovador;

4) Mão de obra ainda é pouco qualificada, com baixas possibilidades de promoção

afetando a motivação dos funcionários;

5) Trabalho sujeito às intempéries com dificuldades de armazenamento, submetida

ao tempo, entre outros;

6) Em outras indústrias se fabricam produtos com vida limitada. Na indústria da

construção, pelo contrário, o produto é único ou quase único na vida de cada

usuário e, consequentemente, sua experiência não repercute posteriormente;

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7) As responsabilidades se apresentam espalhadas e pouco definidas, gerando

zonas de sombra na qualidade;

8) A precisão das estimativas de custo e prazo é baixíssima, menor que outras

indústrias;

9) A construção emprega especificações complexas, contraditórias, onde o projeto

está sempre mudando. Resultando numa má qualidade desde a origem;

Se mostra imperativo, portanto, que se procure ao máximo aplicar os conceitos

referentes ao planejamento e controle de obras no Brasil. Este esforço deve ser contínuo

buscando adaptações e modernizações sempre que necessário. As dificuldades são

diversas como listadas acima. No entanto, as mesmas já são conhecidas e podem ser

contornadas sem que se aceite eternamente suas justificativas.

O planejamento realizado no escritório central tende a ser pouco utilizado pela

equipe de obra. Muitas vezes os administradores da obra utilizam um planejamento

paralelo sem seguir aquele definido pelo escritório para ser utilizado durante a execução

dos serviços. Isso se deve, entre outras razões, a dificuldade de atualização dos planos por

parte da equipe de planejamento da obra, já que as informações do canteiro retornam com

certo atraso e nem sempre de forma adequada (NOVAIS, 2000).

MATTOS (2010) complementa os pontos mostrados até aqui citando algumas

razões para explicar a deficiência do planejamento e controle nas obras civis brasileiras,

como:

a) Maioria das empresas, principalmente aquelas de pequeno e médio porte,

não têm planejamento propriamente dito e, muitas vezes, quando têm fazem

um planejamento mal feito em seus empreendimentos;

b) Segregação dos setores de planejamento e controle dos demais faz com que

os relatórios, dados, gráficos e cronogramas gerados por estes setores sejam

“meramente ilustrativos” para atender demandas dos clientes, ou apenas

como um trabalho isolado de aplicações técnicas na empresa. O

planejamento deve permear por toda empresa como um processo gerencial,

com reuniões periódicas de acompanhamento junto às áreas;

c) Muitos dos setores da obra são descrentes em relação ao planejamento por

desconhecerem as premissas e parâmetros adotados pelo mesmo. Ao invés

de ser rejeitado por adotar premissas em desacordo com os outros setores, o

planejamento deveria ser visto como referência na assimilação das

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mudanças de premissa e na avaliação do avanço da obra no tempo, para

assim tomar ações que mantenham a obra no rumo;

d) A valorização do “tocador de obras”, que em muitos casos podem ser

encarregados, mestre de obras e até mesmo engenheiros. Estes deveriam ser

reconhecidos pela sua capacidade de avaliar e programar suas atividades do

que executá-las no improviso como se vê em obras brasileiras.

2.4. Problemas com o PCP Tradicional

FORMOSO (2010) afirma que o modelo tradicional apresentado pela construção

civil é baseado num conjunto de atividades de conversão, tal como processos com

entradas e saídas definidas. Neste caso, esta conversão se dá pela transformação de

insumos (materiais e informações) em produtos intermediários (paredes, lajes, vigas) ou

finais (edificação como um todo), caracterizando a utilização de processos construtivos

conforme Figura 1. Ainda neste tópico, NOVAIS (2000) complementa dizendo que essa

visão processual acaba gerando grandes perdas de materiais, retrabalhos, baixa

produtividade e uma enorme aversão à mudança.

Figura 1 – Esquema do processo construtivo (Fonte: NOVAIS, 2010)

KOSKELA (1992) também critica o sistema tradicional de gestão da produção, em

sua base conceitual dada pelos processos de conversão. Ele complementa as

características do PCP tradicional com os seguintes pontos:

a) Processo de conversão pode ser dividido em subprocessos, que também são

processos de conversão;

b) O custo do processo total pode ser minimizado, reduzindo-se o custo de cada

subprocesso;

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c) O valor da saída de um processo (produto) é associado com os custos (ou valor)

das entradas do mesmo processo.

Além disso, no modelo tradicional de PCP os objetivos do projeto são assumidos

fixos. Os meios para atingi-los só são modificados quando é preciso recupera-se de uma

falha de desempenho frente ao plano inicial estabelecido. Em outras palavras, o sistema

de controle tradicional verifica principalmente o tamanho do desvio entre o que se

executou e o que se planejou inicialmente em termos de custo, prazo e qualidade. O papel

do controle neste tipo de sistema é, em resumo, uma mera verificação prevista vs. real

que nada informa acerca das causas para o não cumprimento de prazos e/ou objetivos

(BALLARD & HOWELL, 1996 apud ARANTES, 2010).

De posse dessas informações, pode-se pressupor que os sistemas tradicionais de

PCP têm forte ligação ao método do caminho crítico (CPM) e à técnica de avaliação e

revisão do programado (PERT). A aplicação de tais técnicas é inadequada visto que as

mesmas foram desenvolvidas para serem aplicadas em situações onde existe um controle

central, o que raramente ocorre na construção civil. (LAUFER & TUCKER, 1987)

Segundo BERNARDES (2003), o sequenciamento das atividades pelo método do

caminho crítico é definido sobretudo em função das restrições tecnológicas, enquanto

restrições referentes aos recursos são raramente consideradas. Além disso, as redes

PERT/CPM destinam-se às operações sequenciais e, deste modo, não se aplicam à grande

parte das atividades da construção civil.

LAUFER & TUCKER (1987) argumentam que as técnicas de rede pecam por

necessitar um excessivo grau de detalhamento. Sabendo-se que o planejamento de um

empreendimento requer um elevado grau de detalhamento e que, a realização de

alterações nas redes consome muito tempo, as técnicas de PERT/CPM consideram que a

variabilidade e a interferência raramente ocorram.

Ademais, é bastante comum que as atividades planejadas precisem ser modificadas

por forças que fogem ao controle da empresa construtora, já que diversas organizações

estão envolvidas no processo construtivo. (BERNARDES, 2003).

Tendo em vista todos os pontos apresentados anteriormente apontando para

inúmeros problemas com o PCP tradicional, alguns modelos foram pensados buscando

melhorar a estrutura de produção. Destaca-se aqui o aparecimento do Lean Construction

(Construção Enxuta, em português), que é baseado na filosofia da produção enxuta e será

analisado item 2.5.

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2.5. Lean Construction (Construção Enxuta)

A aplicação da teoria da Construção Enxuta tem como objetivo definir uma nova

maneira de se entender os processos produtivos da construção civil, alterando a filosofia

de produção e adaptando-a ao gerenciamento da construção (KOSKELA, 1992). Segundo

BERNARDES (2003), esta nova filosofia de produção, que ainda é pouco empregada

pela indústria da construção, apresenta-se como uma solução adequada para os problemas

do setor, vistos no item 2.4.

2.5.1. Aspectos Históricos

Para iniciar a discussão sobre a Construção Enxuta é fundamental analisar a

filosofia por trás da produção enxuta. Durante a década de 1950, a montadora japonesa

Toyota, buscando se posicionar no hall das grandes montadoras mundiais, desenvolveu

uma filosofia diferente daquela seguida pelas empresas à época. Essa filosofia recebeu o

nome de Lean Production (Produção Enxuta) ou Sistema Toyota de Produção (STP)

(OHNO, 1997).

PRADO (2006) afirma que o sistema de produção enxuta foca na eliminação de

desperdício, que pode ser definido como tudo aquilo que não é necessário no ciclo

produtivo de um produto ou serviço.

Esse sistema consiste principalmente em organizar a produção de forma a excluir

ou minimizar as ações que não agregam valor aos produtos. Busca-se, ao mesmo tempo,

fazer com que as ações que agregam valor sejam feitas de forma mais eficaz e no

momento em que o cliente deseja (ARANTES, 2010).

2.5.2. Os Cinco Princípios do Pensamento Enxuto

Com o desenvolvimento dos conceitos disseminados pelo Sistema Toyota de

Produção através de diversas indústrias manufatureiras foi criada uma barreira mental de

que o mesmo só se aplicava para esse tipo de indústria. A fim de quebrar este paradigma

WOMACK e JONES (1996) identificaram em seu livro “Lean Thinking – Banish waste

and create wealth in your corporation” cinco princípios fundamentais do Pensamento

Enxuto, mostrando que os conceitos podem ser estendidos para qualquer tipo de indústria,

empresa ou organização:

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i. Especificação do Valor

É essencial para aplicar o pensamento enxuto definir previamente o que é valor.

Neste caso, o valor do produto é definido pelo ponto de vista do cliente final, e não pela

empresa. O valor é identificado através dos requisitos que atendam às necessidades do

cliente e aquilo pelo qual ele está disposto a pagar. Quaisquer características do produto

que não atendam as percepções de valor do cliente representam oportunidades de

melhoria buscando a racionalização.

ii. Identificação do fluxo de valor

Este princípio busca visualizar holisticamente os processos e não apenas atividades

ou serviços isolados dentro do fluxo de determinado produto. Desta forma, devem ser

identificadas quais etapas agregam valor ao produto. Para ROTHER e SHOOK (1998)

identificar e mapear com precisão o fluxo de valor completo do produto é uma tarefa

imprescindível para enxergar possíveis desperdícios em cada processo e, assim, possam

ser implantadas ações para eliminá-los, criando um novo fluxo de valor otimizado.

iii. Criar fluxo de trabalho contínuo

Uma vez que, para determinado produto o valor tenha sido especificado com

precisão, o fluxo de valor mapeado, as etapas que não agregam valor eliminadas, é

fundamental que o valor em processo flua, suave e continuamente. (WOMACK e JONES,

1998). Este princípio busca, portanto, fazer com que o fluxo otimizado do princípio

anterior flua de forma suave até a entrega do produto ao cliente final, redefinindo a função

dos departamentos e permitindo que os mesmos contribuam para a geração de valor ao

cliente. (RIANI, 2006).

iv. Estabelecer a produção puxada

Este princípio consiste em produzir apenas o que é necessário no momento em que

se mostra necessário, buscando evitar a acumulação de estoque e superprodução. É o

cliente que “puxa” a produção, eliminando estoques e outros desperdícios, agregando

valor ao produto e estabelecendo ganhos em produtividade (RIANI, 2006).

v. Buscar a perfeição

A perfeição deve ser meta constante de todos os envolvidos nos fluxos de valor.

Após aplicar interativamente cada um dos princípios citados acima, a empresa pode

enxergar novas oportunidade de melhoria, permitindo a eliminação de desperdícios e

outros obstáculos ao fluxo de valor. Este processo deve ser contínuo buscando sua

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efetividade. Existem metodologias de melhoria contínua, chamadas de kaízen, que podem

auxiliar nesta tarefa como o ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act) (RIANI, 2006).

Dentro do ciclo PDCA (Planejar – Fazer – Checar – Atuar), “Planejar” refere-se a

selecionar um processo de trabalho para estudar, reunir pessoas, analisar etapas do

processo, fazer um brainstorm1 sobre como eliminar alguma dessas etapas, verificar se

há segurança, qualidade e produtividade. O “Fazer” significa pôr em prática aquilo que

fora planejado, testando sua aplicação no processo. A fase de “Checar” serve para

descrever e medir o que realmente acontece verificando se existem desvios e

oportunidades de melhoria. Por fim, a etapa de “Atuar” refere-se a propor ações de

melhoria, atuando sobre os desvios e por fim reunir a equipe e desdobrar qual o método

melhorado e o desempenho esperado para atender este padrão (ABDELHAMID, 2005).

De posse das considerações acerca dos cinco princípios descritos pode-se notar que

o alicerce da transformação enxuta se baseia na especificação correta do que é valor para

o cliente final, indo contra à forma tradicional onde cada membro da produção

determinava de forma diferente o que era valor. Além disso, nota-se o foco na eliminação

de desperdícios ou atividades que não agregam valor, mantendo o fluxo contínuo e

puxado pelos clientes. Por fim, o último princípio busca garantir a manutenção da

excelência gerada pelos princípios anteriores buscando continuamente a eliminação de

desperdícios que serão analisados a seguir.

2.5.3. Conceitos de Agregação de Valor

Conforme observado no item 2.5.1, a essência da filosofia enxuta é a eliminação ou

minimização daquelas atividades que não agregam valor ao cliente. É preciso, como

forma de contextualização, conceituar algumas classificações das atividades realizadas

em uma linha de produção. HINES e TAYLOR (2000) classificam as atividades

produtivas da seguinte forma:

i. Atividades que agregam valor (AV): são aquelas atividades que diferenciam

o produto ou serviço de modo que o cliente esteja disposto a pagar como,

por exemplo, a montagem correta de uma forma para posterior concretagem;

ii. Desperdícios ocultos (DO): são comumente chamados de desperdício oculto

aquelas atividades que não agregam valor, mas são necessárias para o

processo. Dentro da ótica do cliente elas não tornam o produto mais valioso,

1 Brainstorm é uma técnica utilizada para gerar novas ideias

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mas são indispensáveis para a realização das demais atividades. Como

exemplo pode-se citar o tempo gasto para a regulagem inicial de uma

máquina ou o transporte de material dentro de um canteiro;

iii. Desperdícios evidentes (DE): Essas atividades não se mostram essenciais

ao processo nem mesmo tornam o produto mais valioso sob a ótica do

cliente. Um exemplo desse tipo de desperdício são as atividades de

retrabalho que ocorrem numa obra.

Para HINES e TAYLOR (2000), a maior parte das atividades são classificadas

como atividades que não agregam valor ou desperdícios. Geralmente, num ambiente de

manufatura, a relação entre os tempos consumidos pelos três tipos gira em torno de 5%

para as atividades que de fato agregam valor, 35% para aquelas que não agregam valor,

mas se veem necessárias (desperdício ocultos) e 65% para atividades que não agregam

valor nem são necessárias (desperdício evidente). Os autores chegam a dizer que num

ambiente administrativo, por exemplo, as atividades que de fato agregam valor

correspondem a 1% do tempo total.

Figura 2 – Tipos de Desperdícios (Fonte: Construtora ABC, 2015)

A imagem acima mostra, de forma representativa como são divididas as atividades

com base na agregação de valor. A essência da implantação do Lean Construction na

indústria da construção civil é exatamente estimular a produção a anular os desperdícios

evidentes e minimizar os desperdícios ocultos, como forma de aumentar a produtividade

e reduzir os custos do empreendimento.

2.5.4. Surgimento da filosofia da construção enxuta

Como citado no item 2.5.2, a construção enxuta é uma filosofia que deseja adaptar

e traduzir os princípios do pensamento lean e da produção lean ao setor da construção

civil. Seu marco inicial se deu através da publicação de Lauri Koskela, engenheiro

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finlandês do artigo “Application of the New Production Philosophy to Construction” pela

Universidade de Stanford em 1992.

Neste marco, Koskela busca instigar os profissionais da construção civil a rever os

paradigmas criados até ali no setor, buscando adaptar as ferramentas difundidas pelo

Sistema Toyota de Produção, deixando claro que a base para essa nova filosofia, que eles

chamaram de Lean Construction (Construção Enxuta) seriam os mesmos conceitos lean

de fluxo e geração de valor disseminados pelo pensamento enxuto (Lean Thinking)

(JUNQUEIRA, 2006).

A partir desses estudos, dois outros engenheiros, Gregory Howell e Glenn Ballard,

fundaram um grupo internacional de pesquisadores voltado a construção enxuta e o

chamaram de IGLC, que se reunia anualmente para discutir os avanços deste novo modelo

de produção voltado ao setor da construção. No Brasil a construção enxuta começou a ser

considerada por pesquisadores e consultores de planejamento em meados da década de

1990 e hoje conta com alguns pesquisadores referências no tema como Carlos Formoso

e Mauricio Bernardes.

2.5.5. Adaptação do lean à construção civil

É essencial ressaltar a dificuldade de se adaptar os conceitos lean disseminados para

manufaturas e linhas de produção ao ambiente de obras vistos na indústria da construção.

Cada obra é diferente da outra, os processos não seguem o mesmo nível de repetição que

uma fábrica onde seus produtos são manufaturados em sequência e ambientes

controlados. O modelo conceitual visto na construção civil é o de que a produção é

composta de um conjunto de atividades de conversão que transformam insumos em

produtos intermediários ou finais. Esse processo de conversão é depois dividido em

subprocessos, também de conversão. No modelo tradicional, o esforço feito para reduzir

o custo de um processo é dissolvido em ações para reduzir o custo de cada subprocesso

separadamente, como se eles não tivessem nenhuma relação entre si (FORMOSO, 2002).

Na Construção Enxuta, um processo consiste em um fluxo de materiais, desde a

matéria-prima até o produto final, sendo o mesmo constituído por atividades de

transporte, espera, processamento e inspeção. As atividades de transporte, espera e

inspeção não agregam valor ao produto final, sendo por esta razão denominadas

atividades de fluxo (FORMOSO, 2002).

BALLARD e HOWELL (1998) corroboram essa visão dizendo que a construção

enxuta é fundamentalmente diferente da manufatura que deu origem a produção enxuta.

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Esforçar-se para transformar os processos construtivos em processos tais quais aqueles

usados na manufatura (como normalização e repetição de processos) pode ser até fácil

em projetos simples ou pequenos, porém isto se torna extremamente complicado de se

adaptar em projetos dinâmicos, complexos e imprevisíveis como aqueles vistos na

maioria dos exemplos da construção civil. Os autores terminam propondo que seja

desenvolvida, portanto, uma cultura lean adaptada à construção.

2.5.6. Princípios da construção enxuta

Para KOSKELA (1992), os processos devem ser adaptados seguindo alguns

princípios, onde cada um deles possui características específicas que quando aplicadas à

produção na construção civil pode aumentar a eficiência dos processos de forma

considerável. Estes princípios são:

1) Reduzir o percentual de atividades que não agregam valor;

2) Aumentar o valor agregado através de uma sistemática que considere os requisitos

dos clientes;

3) Reduzir a variabilidade nos processos;

4) Reduzir tempos de ciclo;

5) Simplificar o processo através da redução de etapas intermediárias;

6) Aumentar a flexibilidade de saída;

7) Aumentar a transparência no processo;

8) Controlar o processo em todas as suas etapas;

9) Garantir a melhoria contínua nos processos;

10) Equilibrar melhorias processuais no fluxo e nas conversões;

11) Realizar benchmarks;

2.5.6.1. Reduzir o percentual de atividades que não agregam valor;

Segundo ARANTES (2010), esse princípio busca trazer para os processos uma

melhor eficiência através da redução de perdas. Essa melhoria acontece apenas pela

melhoria da eficiência das atividades de conversão e de fluxo como também pela

eliminação de algumas atividades de fluxo.

Para BERNARDES (2001) apud ARANTES (2010), o processo de planejamento e

controle tem função de facilitar a implantação desse princípio uma vez que busca reduzir

atividades de espera, movimentação, transporte, entre outras atividades que consomem

tempo, porém não agregam valor ao cliente final.

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Para isso podem ser feitos estudos de um arranjo físico do canteiro que minimizam

as distâncias entre locais de entrega de cargas e os locais de aplicação. Podem ser

utilizadas também simulações da movimentação de mão de obras e materiais, como o

diagrama de spaghetti2 que têm o papel de facilitar a visualização das zonas de

interferência de fluxo para posteriormente (BERNARDES, 2001).

2.5.6.2. Aumentar o valor agregado considerando os requisitos dos clientes;

Cliente neste contexto refere-se tanto ao cliente final, geralmente o contratante,

como o responsável por uma atividade posterior no fluxo do processo. Esse princípio

pode ser atendido através da disponibilização de dados com os requisitos e preferências

informados pelo cliente por meio de contrato (ARANTES, 2010).

2.5.6.3. Reduzir a variabilidade nos processos

A construção civil lida com a variabilidade constantemente seja através da variação

dimensional de materiais entregues, da variabilidade inerente na execução de um

determinado processo, ou através da variabilidade de demanda que está relacionada as

mudanças das necessidades e desejos do cliente, alterando muitas vezes o escopo daquilo

que fora pedido inicialmente (ARANTES, 2010).

Para KOSKELA (1992), existem dois pontos de vista que explicam a necessidade

por reduzir a variabilidade. Um deles é o do cliente que deduz uma maior aceitação por

aqueles produtos uniformes. O outro refere-se a quem executa o processo que, por conta

da variabilidade, acaba necessitando de tempos maiores para execução de uma tarefa além

de aumentar a quantidade de atividades que não agregam valor ao produto.

ISATTO (2000) aponta que esse aumento temporal ocorre devido às interrupções

dos fluxos de trabalho e pelo fato de os clientes não aceitarem produtos fora de suas

especificações. ARANTES (2010) sugere a aplicação de procedimentos padronizados

durante a execução dos processos de forma a reduzir a variabilidade, diminuindo

problemas e eliminando a incidência de retrabalhos.

2 Diagrama de Spaghetti – ferramenta utilizada para auxiliar na elaboração do layout ideal com as observações das distâncias percorridas durante a realização de uma determinada atividade.

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2.5.6.4. Reduzir tempos de ciclo

Tempo de ciclo pode ser traduzido como o tempo medido para que uma peça do

processo percorra o fluxo agregando valor ou não. Em outras palavras, é a diferença de

tempo entre a finalização e o início de uma atividade, por exemplo.

A redução do tempo de ciclo traz os seguintes benefícios (KOSKELA, 1992):

a) Possível redução de prazo através de uma entrega mais rápida;

b) Redução das perdas através da implantação de melhorias analisadas com

base no tempo de ciclo (ex: redução de espera, ociosidade de mão de obra);

c) Redução das interrupções no processo ocasionadas pela variação na

demanda;

d) Maior facilidade na gestão do processo;

2.5.6.5. Simplificação do processo reduzindo etapas intermediárias

Esta simplificação proposta por KOSKELA (1992) pode ser entendida como a

redução do número de componentes ou partes de um produto. Segundo o autor, pode-se

eliminar atividades que não agregam valor já que o número delas tende a aumentar com

conforme o número de componentes do processo aumentam.

KOSKELA (1992) sugere para atingir essa simplificação a utilização de elementos

pré-fabricados, participação de equipes multidisciplinares e planejamento eficaz do

processo de produção.

O planejamento e controle pode implementar a simplificação através de uma análise

de métodos executivos do processo, que de preferência deve ser feita durante a etapa de

projeto, onde melhorias são mais visíveis é tendem a ser mais facilmente implantadas.

Conforme mais repetitivas são as etapas do processo, maior é a facilidade em identificar

áreas de simplificação, por isso é recomendado a divisão em zonas de trabalho similares

durante a preparação do planejamento (BERNARDES, 2001).

2.5.6.6. Aumentar a flexibilidade de saída

KOSKELA (1992) define este princípio como o aumento das possibilidades

ofertadas ao cliente sem que seja necessário o aumento do preço. O autor traz algumas

sugestões para aplicação deste princípio:

a) Minimização do tamanho do lote para refletir sua demanda;

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20

b) Redução do tempo de preparação e troca de ferramentas e equipamentos

(setup time);

c) Uso de mão de obra versátil.

2.5.6.7. Aumentar a transparência do processo

O aumento da transparência do processo traz uma maior facilidade em identificar

problemas e desvios durante a execução dos serviços, reduzindo a possibilidade de erros.

KOSKELA (1992) sugere algumas ações para a aplicação de mais este princípio:

a) Implantação de uma gestão visual eficiente no canteiro;

b) Emprego de indicadores de desempenho (KPIs – Key Performance

Indicators) que tornem visíveis os desvios do projeto e possibilitem a

sugestões de melhoria;

c) Remoção de obstáculos visuais como tapumes, além da aplicação de

programas voltados a organização e limpeza do canteiro.

2.5.6.8. Controlar o processo em todas as suas etapas

Este princípio está relacionado ao impacto negativo de se analisar partes de um

processo sem atentar-se ao todo. KOSKELA (1992) afirma que a partir do momento em

que etapas ou partes de um processo passam a ser focadas, passam a existir perdas.

Quando se busca melhorar a parcela de trabalho de cada subprocesso individualmente,

acaba não se considerando o desempenho global.

Segundo ISATTO (2000) inicialmente devem ser introduzidas melhorias nos

processos para que sejam introduzidas melhorias nas operações. Com isso, é essencial

que exista um controle do processo e um responsável atrelado a ele. Para o autor, este

princípio deve ser aplicado quando há uma mudança de postura em relação à percepção

de problemas por parte aos envolvidos.

2.5.6.9. Garantir a melhoria contínua

Todos os esforços de melhorias devem ocorrer de maneira contínua buscando

sempre a elevação dos patamares de excelência, seja em relação a redução de desperdícios

ou ao aumento do valor do produto final, objetivando a eliminação das causas raízes dos

problemas ao invés de apenas mitiga-los. KOSKELA (1992) sugere alguns métodos

como:

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a) Medir e monitorar a melhoria;

b) Estipular metas e mantê-las visíveis;

c) Tomar iniciativas de reconhecimento da mão de obra;

d) Disseminar padrões de melhores práticas através de procedimentos,

buscando elevá-los;

e) Vincular melhoria ao controle.

2.5.6.10. Equilibrar melhorias processuais no fluxo e nas conversões

Quanto maior a complexidade do processo produtivo maior será o impacto com as

melhorias no fluxo. Existem diversos potenciais para os fluxos e conversões, no entanto

deve-se balancear estas diferenças para que sejam reduzidas as variabilidades no processo

produtivo (KOSKELA, 1992).

Para o autor as melhorias processuais de fluxo e conversão estão diretamente

ligadas, uma vez que:

a) Melhores fluxos requerem menor capacidade de conversão e menor

investimento;

b) Fluxos quando mais controlados promovem a implantação de novas

técnicas de conversão;

c) Melhores técnicas de conversão podem diminuir a variabilidade

beneficiando, portanto, o fluxo.

2.5.6.11. Realizar benchmarks

Benchmark é o processo de comparação de produtos, serviços e práticas

empresariais. Para ISATTO (2000), o processo permite aprender práticas de outras

empresas consideradas referências num determinado segmento da produção. KOSKELA

(1992) descreve alguns requisitos para aplicar este princípio:

a) Conhecer os próprios processos de sua empresa;

b) Identificar melhores práticas no mercado;

c) Entender os princípios destas práticas;

d) Aplicá-las à realidade da empresa.

Nota-se, após a descrição dos princípios, que os mesmos têm uma natural interação

entre sim. Consequentemente, eles devem ser aplicados de maneira integrada na gestão

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dos processos. Fica evidenciado a eficiência do fluxo de processos pode ser considerável

e rapidamente melhorada através da aplicação desses princípios (KOSKELA, 1992).

2.5.7. Comparação – Modelo Convencional versus Modelo Enxuto

Conforme visto no item 2.4, o modelo convencional visto no planejamento e

controle da produção assume objetivos fixos, sem que haja oportunidades de revê-los a

tempo de evitar maiores desvios. Neste sistema o controle serve apenas como uma

comparação entre previsto e real, sem investigar as causas para desvios e com tempos

maiores para a tomada de decisões.

Em contrapartida, o modelo enxuto propõe um sistema de controle que busca

garantir que o planejado se concretize. É inerente ao sistema a função complementar do

planejamento e do controle. Na construção enxuta, um dos principais conceitos é o de que

na fase de execução uma tarefa só deve ser iniciada quando tudo aquilo que é necessário

para concluí-la com sucesso esteja disponível e resolvido antecipadamente (BALLARD

& HOWELL, 1996).

No caso onde as tarefas não possam ser realizadas por algum motivo ocasionado

pela ineficiência do planejamento, o sistema recebe rapidamente um retorno negativo

permitindo que se identifiquem as causas para tal, recomenda-se nesse caso buscar a causa

raiz do problema, de forma à trata-lo de forma total e eliminar suas chances de

reincidência. Com base nesse tipo de informação a gestão é capaz de tomar ações

preventivas, melhorando o processo de planejamento e retroalimentando-o buscando sua

excelência (BALLARD & HOWELL, 1998)

Como forma de resumir a comparação entre essas duas formas de gestão da

construção, ABDELHAMID & SALEM (2005) propuseram a Tabela 1.

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Tabela 1 - Quadro comparativo Convencional vs. Enxuto (FONTE: ABDELHAMID & SALEM, 2005)

Modelo Convencional da Construção Modelo Enxuto da Construção

Sabe-se como transformar materiais em estruturas fixas

Sabe-se também como transformar materiais em estruturas fixas

Espera-se que ocorram mudanças de escopo e falhas de projeto durante a construção, no entanto estes só serão resolvidos quando acontecerem, de forma reativa

Desenha-se o produto e o processo construtivo de forma colaborativa buscando evitar erros/omissões de desenho e dimensionamento que levariam a problemas futuros de construção

O gestor é o único responsável pelo planejamento

Os gestores são os primeiros responsáveis pelo planejamento dos processos e suas fases. Já encarregados e operadores também estão no processo de planejamento, neste caso como últimos planejadores

Assume-se que reduzindo o custo de uma peça irá se reduzir o custo de todo o projeto → o todo é a soma das partes

Trata-se todo o projeto como um sistema e faz-se o uso do Target

Costing para alcançar as reduções do custo de projeto → o todo é mais que a soma dos custos das suas partes

Empurra-se a produção ao nível local pensando erroneamente que será a forma de se alcançar eficiência global

Empurra-se a produção para maior processamento do sistema considerando ser a única forma de alcançar eficiência global

Gere-se o processo utilizando os elementos que se referem à evolução de custos, os quais estão na base dos pagamentos

Utiliza-se elementos de evolução de custos como entrada (input) para o planejamento e controle das operações no canteiro de obras

Guia-se pelo paradigma de retornos em termos de prazo, custo e qualidade

Desafia-se o paradigma de retorno em termos de prazo, custo e qualidade ao remover as fontes de desperdício nos processos de desenho e produção de forma a promover um melhor e mais confiável fluxo de trabalho

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Não se planeja ou controla as operações de produção no canteiro a não ser que se verifiquem desvios de custo e de prazo. Espera-se até que os problemas aconteçam para então corrigi-los e então "pôr o projeto de volta ao rumo"

Planejam-se e controlam-se as operações de produção no canteiro de forma a prevenir que os indicadores de desempenho do projeto não desviem dos prazos e custos definidos

Considera-se fornecer valor ao cliente quando se maximiza o desempenho em relação ao custo, ou seja, com custos menores

Considera-se fornecer valor ao cliente quando o valor do produto é aumentado (quando efetivamente corresponde às necessidades do cliente) através da gestão do processo de valor da construção

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3. LAST PLANNER SYSTEM

3.1. Conceituação da metodologia Last Planner System

No intuito de melhorar a eficácia dos sistemas de planejamento e controle da

construção civil, o Last Planner System (LPS) foi desenvolvido a partir de modelos e

conceitos desenvolvidos na engenharia industrial e de produção (BALLARD, 2000 apud

MOURA, 2008). Esse “novo” sistema prevê um ambiente confiável de produção,

estabelecido através da redução da variabilidade do fluxo de trabalho. Dessa forma, o

planejamento é elaborado na melhor sequência de execução possível, atendendo o ritmo

desejado do empreendimento (ROEHRS, 2012).

No cenário da construção civil onde os ambientes são dinâmicos e o sistema de

produção é incerto e variável, uma programação confiável não pode ser executada em

detalhes muito antes dos eventos serem planejados. Consequentemente, decidir quanto e

qual trabalho deve ser feito em seguida por uma equipe de planejamento ou uma equipe

de construção raramente é uma questão de simplesmente seguir um planejamento macro

estabelecido no início do projeto. Como são tomadas tais decisões e como podem ser

aperfeiçoadas? Essas foram as perguntas que direcionaram o início da pesquisa no campo

do planejamento e controle ao nível de da unidade de produção, conhecido hoje como

Last Planner System (BALLARD, 2000).

Last Planner é uma alusão ao “último planejador”, quem em última instância

planeja as atividades a serem executadas. É a pessoa/grupo mais próxima ao “trabalho”

com autoridade para tomar decisões e estabelecer tarefas (LCI, 2013). O Last Planner é,

portanto, alguém que necessita fazer a transição entre o planejamento e a produção

propriamente dita. Em obras de grande porte esta tarefa pertence ao encarregado.

FAUCHIER e ALVES (2013) apontam que o LPS não é apenas uma ferramenta.

Ele é a porta de entrada para comportamentos lean altamente desejados. Concluem em

seu artigo que um dos benefícios mais proeminentes da aplicação do LPS é promover

comportamentos que levam a uma maior colaboração e melhor desempenho das equipes.

3.2. Aspectos históricos

Concebido no Lean Construction Institute (LCI) nos Estados Unidos pelos

engenheiros Glenn Ballard e Greg Howell em 1992, o Last Planner System tem sido

implantado no planejamento e controle de diversas obras ao redor do mundo.

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Diversos artigos, teses de doutorado e materiais apresentados em conferências

foram desenvolvidos pelos autores durante os anos. O Last Planner System do controle

da produção, como é alternativamente chamado, tem se mostrado uma ferramenta eficaz

no que tange a melhoria de produtividade para as unidades de produção que

implementaram seus procedimentos e técnicas (BALLARD, 2000).

Durante o desenvolvimento de seu estudo, houve uma mudança do objetivo na

criação deste novo sistema, inspirada na revolução sofrida pelo setor manufatureiro

devido ao Sistema Toyota de Produção, onde ao invés de se focar numa unidade de

produção imediata foca-se no aumento da confiabilidade do fluxo de trabalho entre

unidades de produção (BALLARD, 2000).

O Last Planner System (LPS) foi desenvolvido como um sistema de planejamento

e controle da produção que procura suavizar as variações nos fluxos de trabalho em

projetos de construção civil. Segundo ARANTES (2010), o LPS é a metodologia que

melhor adaptou as teorias da Produção Enxuta (Lean Manufacturing) ao setor da

construção civil.

Esta ferramenta busca diminuir o grau de incerteza do planejamento criando um

fluxo de trabalho contínuo e trazendo uma maior estabilidade para a produção. O Last

Planner System tornou-se a ferramenta lean mais popular implementada em empresas da

construção por todo o mundo (DAVE et al., 2015).

3.3. Should – Can – Will – Did (Deve – Pode – Vai – Fez)

O Last Planner System adiciona o componente de controle da produção ao

gerenciamento de projeto tradicional. Como mostrado na Figura 3, o LPS pode ser

entendido como um mecanismo que transforma o que DEVE ser feito em algo que PODE

ser feito, formando uma lista de trabalho “pronto para ser executado” a partir da qual as

programações semanais possam ser criadas. (BALLARD, 2000).

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Figura 3 – Processo LPS (Adaptado) – Fonte: BALLARD, 2010

Dessa forma, as atribuições de produção são estabelecidas com base na capacidade

de realizá-las e não apenas com base no que "deveria" ser feito. Após a realização de uma

análise de restrições bem-feita, aquela atividade que deveria ser feita e de fato pode ser

feita, é programada e ganha o status de que VAI de fato ser executada. Assim, cabe à

produção alocar os recursos da forma que foram planejados para que ao final do turno de

trabalho se possa verificar o que efetivamente se FEZ (BALLARD, 2000).

3.4. Sequência do Last Planner System

Segundo MOURA (2008), no Last Planner System o planejamento e controle estão

normalmente divididos em três níveis conforme Figura 4, a saber:

a) Planejamento Inicial (ou de longo prazo);

b) Planejamento Lookahead3 (de médio prazo) e:

c) Planejamento de Comprometimento (ou de curto prazo).

3 Lookahead: Olhar à frente, olhar para o futuro, antecipar-se.

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Figura 4 – Níveis do Planejamento no Last Planner System (adaptado) (MOURA, 2008)

Para BALLARD e HOWELL (1998), o Planejamento Inicial deve estabelecer os

objetivos globais e restrições que governam o projeto como um todo. O Planejamento

Lookahead tem como principal função dar forma e controlar o fluxo de trabalho

(BALLARD, 2000). Já o Planejamento de Comprometimento tem o papel de atribuir

pacotes de trabalho para as equipes, gerenciando compromissos em relação ao que deve

ser feito, avaliando o que pode e deve ser feito através de uma análise sobre os recursos

disponíveis e o cumprimento dos pré-requisitos. (BALLARD et HOWELL, 1998).

Assume-se que a qualidade do trabalho feito no planejamento de longo prazo afeta

diretamente a qualidade do planejamento de médio prazo e assim sucessivamente. Nos

itens 3.4.1 a 3.4.3 são detalhados os três níveis de planejamento propostos por Ballard e

Howell.

3.4.1. Planejamento Inicial

É comum ser realizado um planejamento mestre ao início dos empreendimentos da

construção civil, o qual se refere a toda a fase de construção (BALLARD, 1997). Esses

planos devem servir para muitos propósitos, desde a coordenação de algumas atividades

no longo prazo à projeção dos gastos e desembolsos. Devido às incertezas inerentes ao

início do desenvolvimento de um projeto construtivo e possíveis faltas de informação

sobre as reais durações e entregáveis, estes planos não devem ser muito detalhados

(MOURA, 2008).

O planejamento de longo prazo possui um baixo grau de detalhamento, devendo ser

utilizado para facilitar a identificação dos objetivos principais da obra, sendo definidos

também os ritmos dos principais processos de produção, através de técnicas como a linha

de balanço e os diagramas de Gantt, por exemplo (BERNARDES, 2003).

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BERNARDES (2003) divide o planejamento inicial (ou mestre como é

alternativamente chamado) em diferentes etapas e propõe um modelo de planejamento de

longo prazo como mostra a Figura 5.

Figura 5 - Modelo de Planejamento Inicial (Fonte: BERNARDES, 2003)

Neste modelo o autor parte da coleta de informações, que devem fornecer as

diretrizes e embasamento para a preparação do processo de planejamento. Com isso, são

definidos as cargas de trabalho e as equipes de produção com base no orçamento do

empreendimento e, consequentemente, o fluxo de caixa da empresa de acordo com todas

as previsões de despesas e receitas geradas mudando, sempre que necessário as metas do

planejamento (BERNARDES, 2003). Esse ponto em especial corrobora os conceitos

vistos no item 2.1 acerca da complementaridade do planejamento e do controle (neste

caso o controle do custo) em obras, um não pode caminhar sem atentar ao outro.

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Ainda segundo BERNARDES (2003), a etapa seguinte a geração de fluxo de caixa,

é a difusão das informações preparadas até aquele momento de forma a prover um

alinhamento entre todos os envolvidos no projeto. Com isso, pode-se programar a compra

de Recursos Classe 1 – materiais e equipamentos com longo prazo de entrega, mão de

obra própria ou terceirizada – e difundir sua programação para mais uma vez promover o

alinhamento entre as equipes, em especial as de suprimentos e recursos humanos que

devem se programar de fato para entregar tais recursos.

Após a elaboração do plano inicial, pode-se produzir orçamentos e cronogramas

gerais da obra, definindo datas importantes (marcos), incluindo datas de entrega e

conclusão do empreendimento. (MOURA, 2008).

O planejamento inicial possui extraordinária importância, especialmente ao nível

gerencial. É nele que começa a se configurar um horizonte acerca do rumo que o projeto

tomará em sua totalidade. Posteriormente, a partir desse planejamento inicial é feito o

detalhamento das atividades, dando início ao próximo nível de planejamento

(Planejamento Lookahead ou de médio prazo) (TOSTA, 2013).

3.4.2. Planejamento Lookahead

Segundo BALLARD (2000), as funções do planejamento Lookahead são

cumpridas através de diversos processos específicos, incluindo a definição de atividades,

análise de restrições, “puxando” trabalho das unidades de produção e correlacionando

carga e capacidade

Este nível de planejamento agrega diversas funções, sendo a ligação entre o

planejamento de longo e curto prazo, onde o plano inicial é detalhado e ajustado.

(BERNARDES, 2003). A gerência do empreendimento, a partir de uma maior

disponibilidade de informações, toma as devidas ações para a execução das tarefas

selecionadas, bem como a reprogramação daquelas que, por algum motivo, não puderam

ser executadas até aquele momento. (BALLARD e HOWELL, 1998).

Deste modo, o planejamento Lookahead serve como um mecanismo de proteção

para a produção, uma barreira que impede a liberação de atividades que não cumpram

critérios de qualidade (MOURA, 2008), controlando a liberação de atividades do médio

para o curto prazo somente após a análise e remoção de todas as possíveis restrições em

cada etapa (BERNARDES, 2003).

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Essa etapa de análise de restrições é fundamental no processo do planejamento

Lookahead. Diversos autores mencionam possíveis restrições para o não cumprimento de

atividades no tempo previsto, dentre está a falta de recursos (com curto prazo de entrega)

para execução de uma determinada atividade na hora exata de execução da mesma.

(TOSTA, 2013). O conceito de restrições será detalhado no item 3.5.

Segundo BALLARD (2000), o processo de Lookahead é através do planejamento

de tarefas para as próximas 3 a 12 semanas. O número de semanas pode variar com base

nas características do projeto, a confiabilidade do sistema de planejamento e os prazos

para aquisição de informações, materiais, mão de obra e equipamentos. Ressalta-se, no

entanto, que o horizonte de planejamento é usualmente maior que o ciclo de controle. Por

exemplo, o horizonte de planejamento pode ser de dois meses e o ciclo de controle

quinzenal (MOURA, 2008).

Previamente à entrada das informações no processo Lookahead, as atividades do

cronograma mestre são desmembradas num nível de detalhe apropriado para a atribuição

em planos de trabalho semanais, geralmente produzindo várias tarefas para cada

atividade. Depois, cada uma dessas tarefas é sujeita à uma análise de restrições para

determinar o que deve ser feito a fim de deixar pronta para ser executada (BALLARD,

2000). Alimentando, portanto, o planejamento de curto prazo.

Para COELHO (2003), o planejamento Lookahead é, também, uma etapa de ajuste

dos ritmos definidos no planejamento mestre, que podem já estar desatualizados, isso se

dá pelo detalhamento, nesta fase, das tarefas vindas do planejamento mestre ou pela

retroalimentação de dados coletados na produção para controle.

Uma das ferramentas utilizadas durante o planejamento de médio prazo é o Pull

Planning, técnica que consiste em programar cada fase da produção, de trás para frente,

partindo de uma data de entrega (marco) (BONI, 2014).

BERNARDES (2003) divide o planejamento Lookahead (ou de médio prazo) em

diferentes etapas conforme modelo exposto na Figura 6.

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Figura 6 - Modelo de Planejamento Lookahead (Fonte: BERNARDES, 2003)

Neste modelo o autor parte da coleta de informações, neste caso informações

advindas do planejamento de longo prazo e da retroalimentação do planejamento de curto

prazo. Com isso, são divididas as equipes de trabalho atentando para identificação de

possíveis conflitos espaciais – duas equipes num mesmo local. A partir dessas

informações, elabora-se o plano. Para cada atividade programada, inicia-se a

identificação de restrições em colaboração com outras equipes da obra como as de

suprimentos e de engenharia (BERNARDES, 2003).

Após a identificação de restrições, pode-se programar de fato as atividades e para

isso o plano de médio prazo é passado para o responsável(is) em elaborar o plano de curto

prazo. Com base nessas definições, os setores responsáveis podem programar a

disponibilização dos recursos Classe 2 – recursos com prazo de entrega no horizonte de

30 dias – e Classe 3 – recursos com prazo curto de aquisição ao até mesmo aqueles que

já se encontram em estoque na obra.

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BALLARD (2000) resume os principais objetivos do planejamento Lookahead:

a) Definição da sequência ideal de fluxo de trabalho;

b) Combinação do fluxo de trabalho com capacidade de produção das equipes;

c) Decomposição das atividades do cronograma mestre em pacotes de trabalho

e operações;

d) Desenvolvimento de métodos construtivos detalhados para a execução de

trabalho e, por fim;

e) Atualização e revisão do cronograma mestre, conforme necessário.

BALLARD (2000) propôs um exemplo de plano baseado nos conceitos do

planejamento de médio prazo (Lookahead), representado na Tabela 2.

Tabela 2 - Modelo de plano Lookahead (Fonte: BALLARD, 2000 – Adaptado)

A Tabela 3 apresenta um exemplo de planejamento de médio prazo mais

sofisticado, sugerido por MOURA (2008).

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Tabela 3 - Modelo de Plano Lookahead (Fonte: MOURA, 2005)

3.4.3. Planejamento de Comprometimento

Segundo BALLARD (2000), a fase de planejamento de comprometimento ocorre

quando se especificam os meios para atingir os objetivos propostos no cronograma

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mestre. Normalmente, isso acontece de acordo com planos semanais de trabalho, no qual

a execução da obra é orientada de forma direta, através da atribuição de pacotes de

trabalho para as equipes, observando o comprometimento das mesmas em realizá-los.

O planejamento de comprometimento (ou plano de curto prazo) envolve o nível

operacional e é denominado dessa forma pois é a última etapa do processo de

planejamento e para sua eficiência é necessário o efetivo comprometimento de todos os

envolvidos, principalmente os membros das equipes operacionais (TOSTA, 2013).

Tal comprometimento se dá através da participação de um representante de cada

equipe na reunião semanal de planejamento. MOURA (2008) afirma que, pelo fato de

cada representante possuir conhecimento sobre a capacidade de sua equipe e as restrições

existentes para a execução de suas tarefas, sua contribuição é de vital importância,

estabelecendo um vínculo de comunicação com os demais trabalhadores da obra.

Segundo BALLARD e HOWELL (1998), essas tarefas (ou pacotes de trabalho)

devem atender a alguns requisitos de qualidade, como o dimensionamento e o

sequenciamento, e necessitam ser coerentes com a capacidade produtiva das equipes de

acordo com o tempo disponível para a execução destas. Para isso, é necessária a

disponibilidade de projetos completos e materiais disponíveis na obra, além do

cumprimento de pré-requisitos. Em caso negativo, devem-se buscar as causas raízes para

a não realização das mesmas através de um rigoroso monitoramento (MOURA, 2008).

Geralmente o Planejamento de Comprometimento é realizado em ciclos semanais

definindo as tarefas a serem realizadas no ciclo imediatamente seguinte. Assim, novos

planos são gerados, de forma perspectiva, à medida que são obtidas informações

adicionais sobre os objetivos do empreendimento ou sobre o status do sistema de

produção (FORMOSO, 2009).

Segundo BALLARD (1997), os pacotes de trabalho definidos nesta fase do

planejamento são divididos por equipe a um nível diário de acompanhamento e devem

incluir informações como:

a) Detalhamento das atividades;

b) Data e turno das atividades;

c) Pacote de atividades reservas para serem utilizados caso surja algum

imprevisto;

d) Nome do responsável pela equipe (geralmente encarregados), ou em casos

mais detalhados o do próprio colaborador que executará a tarefa.

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Segundo GREGORIO (2015), o planejamento de curto prazo normalmente está

associado ao nível operacional, sendo normalmente de responsabilidade dos supervisores

de produção. Nele trabalha-se geralmente com materiais disponíveis em estoque

abastecidos a partir da efetivação das ordens de compra, reafirmando uma das

características mais marcantes da produção puxada, o Just in Time4.

A fim de se medir a eficácia do sistema de produção em realizar atividades

(compromissos), o número de atividades concluídas é expresso como uma proporção do

número total de atividades planejadas em uma determinada semana (ABDELHAMID,

2005).

Para isso existe uma ferramenta chamada PPC (Percentual da Programação

Cumprida) que indica a eficácia do processo de planejamento (BALLARD, 2000). O

indicador é a razão entre a quantidade de tarefas cumpridas num período pela quantidade

total de tarefas programadas naquele mesmo período. Esse indicador mede também a

confiabilidade, uma vez que o mesmo mede o grau com que estão sendo incluídas nos

planos de curto prazo tarefas confiáveis, ou seja, que atendem aos requisitos de qualidade

e que têm grande probabilidade de serem concluídas (MOURA, 2008).

É importante notar que a PPC não mede quão eficientemente foi a realização das

tarefas. Em outras palavras, um PPC de 100% não indica um nível de alta produtividade

do serviço, já que não se está avaliando a quantidade de recursos (mão de obra, materiais,

equipamentos etc.) que foram utilizados. O PPC é uma medida da eficácia do

planejamento da produção e da confiabilidade do fluxo de trabalho, ou seja, o PPC é uma

medida de confiabilidade e desempenho do sistema de planejamento de produção

(ABDELHAMID, 2005).

Sob um paradigma de construção enxuta, o aumento da confiabilidade de

planejamento melhora o sistema como um todo. Essencialmente, o PPC é considerado a

medida de desempenho crítica de um sistema de produção em oposição à visão do

gerenciamento da construção convencional que mantém seu foco na velocidade de

produção que geralmente é máxima quando se maximiza sua capacidade

(ABDELHAMID, 2005).

4 Just in Time é um sistema que visa produzir apenas o que o cliente demanda, na hora em que ele precisa e na quantidade exata. Com isso, busca-se evitar a presença de desperdícios na produção, atendendo a demanda instantaneamente, com a qualidade esperada.

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BERNARDES (2003) divide o planejamento de comprometimento (ou de curto

prazo) em etapas que são apresentadas na Figura 7.

Figura 7 – Modelo de Planejamento de Comprometimento (Fonte: BERNARDES, 2003)

Conforme mostrado nos outros níveis de planejamento, inicia-se pela coleta de

informações, neste caso advindas do planejamento de longo Lookahead e do plano de

curto prazo da semana anterior. De posse dessas informações, discutem-se durante a

reunião semanal de planejamento propostas de programação semanal para a semana

seguinte, envolvendo os envolvidos necessários para geração de um plano de curto prazo

o mais assertivo possível (BERNARDES, 2003).

Após a definição do plano, o mesmo é difundido entre os envolvidos alinhando as

metas da semana entre o engenheiro da frente e as equipes de campo. Posteriormente,

essas metas serão desdobradas entre os encarregados e suas equipes, de preferência ao

início do turno na segunda-feira (BERNARDES, 2003).

Todos os recursos já devem estar alocados nos postos de trabalho, próximos às suas

frentes de serviço, reduzindo possíveis desperdícios referentes ao transporte e espera, por

exemplo, que reduziriam a agregação de valor dada durante a atividade conforme visto

no item 2.5.3 desta monografia. Por fim, avalia-se o processo com base nas atividades

planejadas. Em casos de não cumprimento de tarefas, coletam-se informações e

investigam-se as causas com objetivo de gerar ações para que não se repitam.

Na Tabela 4, MOURA (2008) propõe um modelo de planilha para realização do

planejamento de comprometimento.

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Tabela 4 - Modelo de Planejamento de Comprometimento (Fonte: MOURA, 2005)

3.5. Importância da análise de restrições

CODINHOTO et. al. (2003) definem restrições como sendo atividades gerenciais,

necessidades físicas, financeiras e de informações de projeto que se não disponibilizadas

no momento, na quantidade e especificação corretas, impedem a programação dos

pacotes de trabalho relacionados às mesmas.

TOSTA (2013) adapta a definição anterior contextualizando-a para a atualidade da

construção civil e define restrições como qualquer coisa, de qualquer gênero, que possa

inviabilizar a execução de uma determinada atividade dentro do seu prazo previsto, sejam

essas restrições de origem gerencial, física, financeira, informativa, processual, etc.

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Este tema vem sendo estudado há anos por vários pesquisadores de áreas como

planejamento e produção. O tópico foi se desenvolvendo e deu origem à Teoria das

Restrições (TOC, na sigla em inglês) está diretamente ligada à filosofia da construção

enxuta vista no item 2.5. Esta teoria indica que todo fluxo de trabalho possui um gargalo

(ou uma restrição), e é através da identificação deste gargalo e sua eliminação que se pode

descongestionar o fluxo, aumentando a geração de valor ao produto final (CARVALHO,

2010).

TOSTA (2013) caracteriza restrições como recursos uma vez que as mesmas podem

ser consideradas um elemento necessário para produzir um produto. Dentre esses

recursos, pode-se englobar os recursos materiais como mão de obra, como os recursos

próprios ou de terceiros. Ex.: falta de material, falta de equipamento, atraso na entrega de

material pelo fornecedor, modificações de projetos, entre outros. Todos esses exemplos e

recursos mencionados podem ser considerados “restrições”.

A análise de restrições é um fator fundamental, sendo um pré-requisito para

obtenção da efetividade do processo de planejamento, especialmente em casos onde a

sequência de atividades faz parte do caminho crítico do processo. Deixar de analisar

restrições é se expor a falhas, atrasos e retrabalhos que inevitavelmente surgirão caso essa

etapa não ocorra no processo de planejamento. Desta forma, a análise de restrições se

mostra como um elemento chave no Last Planner System (BALLARD, 2000).

3.6. Etapas do LPS e ferramentas de apoio

Neste item serão apresentadas as etapas do Last Planner System, suas rotinas e

algumas ferramentas de apoio utilizadas durante a implementação da metodologia.

As etapas do Last Planner System são apresentadas na Figura 8.

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Figura 8 - Etapas do Last Planner System (Fonte: Construtora ABC, 2015)

Cada uma das etapas do LPS está diretamente ligada a um dos níveis de

planejamento (longo, médio e curto prazo) mostrados no capítulo 4 desta monografia.

Nota-se, através da Figura 8, que cada uma das etapas do Last Planner System está

conectada a uma das etapas do ciclo PDCA. Admite-se, portanto, que a implementação

do LPS permite sistematizar a aplicação do ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act), que

é uma das metodologias de melhoria contínua que busca alcançar o princípio 5 – Buscar

a Perfeição – apresentado no item 2.5.2 desta monografia.

3.6.1. Cronograma Gerencial

Complementando as informações do item 3.4.1, a etapa de Cronograma Gerencial

(ou planejamento de longo prazo) é onde se definem os marcos principais do projeto, sem

entrar em detalhes exagerados que nesta altura do planejamento seriam vistos como

desnecessários, devido à maior dificuldade em se ter determinadas informações durante

a concepção de um projeto. O Cronograma Gerencial deve fornecer um plano de trabalho

geral preparado com base numa lógica e constando as durações gerais do

empreendimento.

Como o Last Planner System tem sua base na filosofia da construção enxuta –

abordada no capítulo 2 desta monografia – pode-se notar uma direta influência dos 5

princípios lean, vistos no item 2.5.2, em suas etapas. Por exemplo, na fase de cronograma

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gerencial, é especificado o valor para o cliente final com base nos marcos e prazos de

entrega fornecidos a partir das demandas do cliente final.

3.6.2. Pull Planning

O Pull Planning5 é um cronograma específico preparado a partir do Cronograma

Gerencial que utiliza a técnica de “puxar” (do inglês Pull) é baseada em trabalhar a partir

de uma data de conclusão de destino para trás, o que faz com que as tarefas sejam

definidas e sequenciadas para que suas versões de conclusão funcionem (PORWAL et

al., 2010).

Durante essa etapa, o planejamento é feito de forma colaborativa entre quem de fato

executa e a equipe responsável pelo planejamento da obra. Busca-se, assim, garantir que

seja realizada a melhor programação possível para estas equipes (BONI, 2014).

Geralmente, o Pull Planning é feito com base num horizonte de três meses e revisitado a

cada 45 dias de forma a retroalimentar o Cronograma Gerencial e buscando uma maior

assertividade no planejamento de médio prazo.

Uma técnica frequentemente utilizada nesta etapa são as Linhas de Balanço (Figura

9). Essa técnica se baseia numa programação específica das informações de início e fim

das atividades e auxilia na gestão das operações da produção conforme lotes de entrega.

É uma ferramenta que permite visualizar a evolução de um determinado grupo de serviços

(e sua equipe correspondente) simultaneamente no tempo e nas partes que compõem a

obra. No eixo vertical se localizam as partes da obra (ou pacotes de trabalho, que são as

unidades padrão de produção) e no eixo horizontal o tempo (GREGORIO, 2015).

5 Pull Planning se refere ao planejamento puxado, baseado na produção puxada.

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Figura 9 - Exemplo de Linha de Balanço (Fonte: GREGORIO, 2015)

GREGORIO (2015) complementa as informações dizendo que as linhas de balanço

são mais facilmente utilizadas em atividades de caráter repetitivo e sequencial. As

mesmas são de fácil compreensão auxiliando a visualização das atividades inclusive para

o setor operacional da obra. Uma de suas principais vantagens é favorecer a utilização

contínua dos recursos (fluxo contínuo), permitindo a visualização de desperdícios.

O princípio lean relacionado à etapa de Pull Planning é o relacionado a

identificação do fluxo de valor. A partir do momento em que os marcos (valor para o

cliente) são definidos pode-se trabalhar no sequenciamento das atividades de forma a

entregar aquele marco, ou seja, identificando o fluxo necessário para garantir a entrega

ao cliente.

3.6.3. Planejamento Lookahead

A fase de Planejamento Lookahead, já contemplada no item 3.4.2, tem o papel de

ajustar os planos definidos no planejamento de longo prazo e contempla a

compatibilização entre os recursos disponíveis e a capacidade de produção das equipes,

baseados nos prazos e custos definidos (BALLARD, 1997). Isso se dá através da

identificação das restrições pendentes para o início das atividades.

Uma ferramenta frequentemente utilizada nessa etapa são as reuniões de 6WLA

(Six-Week Lookahead) que buscam num horizonte de 6 semanas identificar e remover

aquelas restrições não identificadas ou sanadas até o momento, designando responsáveis

e prazos para eliminação, conforme Figura 10.

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Figura 10 - Processo de remoção de restrições através da 6WLA (Fonte: BALLARD, 2000)

Essa reunião é um fórum onde as equipes têm a última oportunidade de tratar uma

restrição antes de iniciar a produção. Sua realização traz uma maior probabilidade de

entrega no prazo, além de aumentar a qualidade da mesma.

A reunião tem como foco levantar e analisar restrições que afetarão as atividades

em 6 semanas. Após isso, são acompanhadas as ações definidas para restrições mapeadas

entre as semanas 2 e 5. O objetivo final é garantir que não haja nenhuma restrição

impactando a próxima semana ou Semana 1. É recomendado o uso do Diagrama de

Ishikawa6 durante a reunião de 6WLA, para auxiliar a identificação de possíveis

restrições.

O princípio lean relacionado a esta etapa é o de número 3 – Criar fluxo de trabalho

contínuo – buscando garantir que exista um fluxo contínuo de produção são eliminadas

quaisquer interferências que possam impedir o andamento suave até a entrega do produto

ao cliente final.

3.6.4. Programação Semanal

A fase de Programação Semanal está diretamente ligada ao “Faça” do ciclo PDCA,

é nela que o planejamento se põe em prática em forma de pacotes de trabalho atribuídos

6 Diagrama de Ishikawa (6M) é uma técnica utilizada para identificar as causas de diferentes tipos de problemas. A análise através dos 6Ms (Método, Máquina, Medida, Meio Ambiente, Mão de Obra, Material) serve como auxílio durante a identificação dessas causas.

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às equipes. Nesta etapa inicia-se o planejamento de comprometimento conforme visto no

item 3.4.3.

Ao final de toda semana são finalizadas as folhas tarefas para a próxima semana,

que são a materialização da Programação Semanal para ser distribuída a quem de fato

executará as atividades. É imprescindível que nessa programação só constem atividades

que estejam livres de restrições.

O conceito de Proteção da Produção (shielding production) elaborado por

BALLARD & HOWELL (1997) se dá justamente no momento da elaboração dos planos

semanais de produção, quando se garante que sejam incluídas apenas as tarefas que

tenham todas as suas restrições removidas, incluindo a disponibilidade de recursos e a

conclusão das atividades predecessoras. Com isso, busca-se eliminar ou reduzir a

influência de imprevistos que dificultam a execução por completo das tarefas.

3.6.5. Reuniões Diárias de Desempenho

BALLARD (2000) acredita que é necessário aplicar um controle e inspeção de

atividades programadas com intuito de buscar avaliar a eficiência dos planos originados

neste processo. Tal processo deve ser feito de maneira contínua e com ciclos bem

definidos, garantindo a confiabilidade do mesmo. Recomenda-se que o acompanhamento

do PPC seja feito em reuniões diárias ao final do turno de trabalho onde é possível analisar

as causas de desvio e atuar nelas buscando cumprir a programação acordada para aquela

semana como um todo. Para análises posteriores pode-se utilizar o acompanhamento

semanal buscando retroalimentar o planejamento de comprometimento.

As reuniões diárias são comumente chamadas de Check-in e Check-out que ocorrem

ao início e ao fim do turno de trabalho, respectivamente. Normalmente elas ocorrem no

espaço físico da frente de trabalho e usam como base a programação semanal criada para

aquela semana, analisando entre outros aspectos:

a) Como a equipe está indo?

b) As tarefas estão atrasadas ou adiantadas?

c) O que precisa ser mantido para que o planejamento seja realizado

efetivamente?

d) Existem desvios a serem tratados? Se sim, quais são suas causas?

É nesta etapa que a transparência e os compromissos confiáveis são devidamente

medidos. Este é o coração do LPS e, portanto, é de extrema importância tanto para o

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gerente do projeto quanto para a própria equipe. Buscar estabelecer e conduzir reuniões

diárias saudáveis e disciplinadas é imperativo para o sucesso do LPS. Os envolvidos

devem entender que as reuniões diárias são o meio mais rápido para melhorar a

confiabilidade e aumentar a produtividade do fluxo de trabalho (DAVIDSON, 2015).

Conforme mostrado na Figura 8, à medida que o processo de planejamento se

desenvolve através do LPS, existe uma retroalimentação constante com os dados reais

observados em campo, o que traz novas informações acerca das atividades, desempenho,

prazos e do processo em si. São necessárias, portanto, revisões e atualizações sistemáticas

do cronograma detalhado (já no Pull Planning) de modo a garantir o cumprimento do

marco/meta.

3.6.6. Resumo das etapas

A Figura 11 resume como se desenvolve os diferentes níveis de planejamento

(longo, médio e curto prazo) ao longo da aplicação da metodologia Last Planner System.

Figura 11 - Resumo das etapas do LPS (Fonte: Construtora ABC, 2015)

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Os marcos definidos na elaboração do cronograma gerencial servem de balizadores

para todos os níveis do planejamento. A etapa de Pull Planning tem o papel detalhar uma

parcela do Cronograma Gerencial (ou plano mestre) por vez, garantindo que o

detalhamento ocorra gradativamente conforme os eventos se aproximam. Esse princípio

forma a essência do Last Planner System. Para BALLARD (2000) um detalhamento

excessivo muito antes dos eventos serem executados é desnecessário, principalmente em

ambientes dinâmicos onde o sistema de produção é incerto e variável.

A etapa de Planejamento Lookahead utiliza como base esse cronograma detalhado

e atualizado para garantir que nenhuma atividade que esteja programada num horizonte

de 6 semanas possua restrições não resolvidas e, assim, seja mantido o fluxo contínuo da

produção. A etapa de Programação Semanal é meramente um recorte semanal com as

atividades (sem restrições) programadas para determinada semana. Por fim, as reuniões

diárias servem para verificar o cumprimento dos planos propostos e, inevitavelmente,

retroalimentar todo o planejamento.

Finalmente, pode-se complementar a Figura 3 mostrada anteriormente conectando

as etapas do Last Planner System, agora devidamente explicadas, com o processo do LPS

e os conceitos de DEVE. PODE, VAI, FEZ apresentados no item 3.3.

Figura 12 - Processo LPS e suas etapas (adaptado) (Fonte: PORWAL et al., 2010)

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3.7. Dificuldades na implantação do LPS

É praticamente unanimidade entre os autores que a implementação do Last Planner

System tem relatado melhorias no tempo de entrega do projeto, aumento de produtividade,

qualidade e segurança do trabalho (ALSEHAMID et al. 2009, BALLARD et al. 2009,

FORMOSO et al. 2009).

A implementação do Last Planner System nas empresas normalmente se inicia

através de um projeto piloto, já que para aquela empresa a metodologia é novidade e

naquele momento ainda precisa ser testada e posta em prática (HILL, 2007). Geralmente,

por ser uma grande mudança de paradigma o LPS é implementado e as melhorias são

vistas logo nas primeiras semanas. Contudo, existem algumas dificuldades enfrentadas

por profissionais da construção que, quando conhecidas, podem auxiliar outros

profissionais a implementarem o LPS de forma efetiva em seus projetos.

PORWAL et al. (2010) afirmam que os profissionais da construção enfrentam dois

tipos de desafio em relação ao LPS. O primeiro deles é na etapa de implementação,

quando a equipe de projeto é apresentada ao LPS e os pilotos são postos em prática. Este

é um desafio organizacional, onde profissionais da alta liderança ainda não veem o

propósito na implementação do LPS. Já o segundo tipo, que vem logo em sequência, é

referente aos desafios técnicos associados à capacitação e às competências necessárias

para o correto uso do Last Planner System.

Os autores fazem uma extensa pesquisa em diversos artigos e publicações referentes

à implementação e uso do LPS por profissionais da construção civil. Seus resultados

mostram causas diversificadas que serão divididas nos dois tipos de desafio apresentados

anteriormente:

A. Desafios na etapa de implementação:

1) Falta de treinamento;

2) Deficiência de liderança / falha no compromisso de gestão;

3) Inércia organizacional e resistência à mudança com atitudes do tipo “Eu

sempre fiz da outra maneira e deu certo”;

4) Dificuldade em encontrar apoio das partes interessadas;

5) Contratação e questões jurídicas / estrutura contratual;

6) Implementação parcial ou tardia do LPS.

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B. Desafios técnicos e de capacitação

1) Falta de entendimento dos conceitos;

2) Falta de compromisso em usar LPS e atitude em relação ao novo sistema;

3) Falta de colaboração e difícil relacionamento entre as equipes;

4) Maior utilização de recursos / Maior controle / Aumento do nº de reuniões;

5) Falta de tempo para implantar as rotinas necessárias.

De todos esses desafios, aquele que é número nas listas e que age como causa raiz

para diversos dos problemas citados é a resistência a mudança ou o não entendimento do

propósito por parte das equipes, seguido pela falta de treinamento e ausência de liderança.

Embora o LPS seja amplamente utilizado em todo o mundo, ele ainda é novo para

muitos profissionais da construção civil. Desenvolver estratégias e investir em

treinamentos durante a implementação do LPS podem ser passos importantes que

auxiliariam no uso bem sucedido do LPS em níveis organizacionais e de projetos. Uma

forte liderança e compromisso de gestão durante a implementação também são

extremamente importantes para a mudança necessária e melhoria contínua (PORWAL et

al., 2010).

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4. A EMPRESA CONSTRUTORA

A empresa construtora, denominada Construtora ABC nesta monografia, solicitou

a não divulgação de sua razão social por motivos de confidencialidade. Buscando

preservar a identidade, documentos referentes a mesma não serão apresentados na

referência bibliográfica desta monografia. Quando a apresentação de modelos, figuras,

fotos e exemplos, for indispensável para melhor caracterizar o assunto em estudo, estes

serão editados de forma a não permitir qualquer ligação com a Construtora ABC.

A empresa construtora possui diversos projetos em todas as áreas de atuação da

construção civil no país. Com aproximadamente 70 anos de história, a construtora

participou dos mais importantes projetos de infraestrutura do Brasil, construindo

inúmeras rodovias, pontes, ferrovias, aeroportos, portos, metrôs e usinas hidrelétricas.

A empresa construtora possui, desde meados de 2014, um sistema integrado voltado

à excelência operacional que busca através da gestão do planejamento e controle da

produção otimizar a produtividade de seus projetos. Isso se dá através da aplicação de

padrões e melhores práticas escolhidos através de uma profunda análise de mercado e

auxílio de uma consultoria externa. Hoje esses padrões se encontram disseminados por

todas as obras da empresa. Uma das várias técnicas utilizadas é o Last Planner System,

tema central desta monografia.

Por ser uma empresa com bastante tempo de mercado e reconhecido prestígio, sua

cultura e princípios são profundamente enraizados em seus projetos e permeiam obras e

escritórios da empresa pelo país. Recentemente, a empresa voltou sua estratégia para a

melhoria contínua do desempenho produtivo de suas obras, produzindo de forma enxuta

e efetiva. Além disso, a empresa tem como um de seus objetivos galgar mercados

maduros buscando diversificar seu portfólio de obras e concretizar sua

internacionalização.

A Construtora ABC possui diversas certificações, entre elas estão as certificações:

ISO 9001 de gestão da qualidade; ISO 14001 voltada à gestão ambiental; OHSAS 18001

que dá diretrizes acerca de temas como saúde e segurança; SA 8000 que certifica quesitos

de responsabilidade social.

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5. O EMPREENDIMENTO A SER ESTUDADO

Da mesma forma como relatado no capítulo 4, em função da Construtora ABC não

ter autorizado sua identificação, nesta monografia o empreendimento estudado será

denominado como UHE (Usina Hidrelétrica) e os dados que de alguma forma permitam

a sua identificação serão omitidos.

O empreendimento em questão refere-se à construção de uma UHE de grande porte

às margens de um dos rios mais volumosos do país, bem como a construção de toda a

infraestrutura necessária para desviar o rio fazendo com que seu reservatório viabilize a

produção de energia elétrica a ser transmitida para todas as regiões do país.

O projeto da usina hidrelétrica prevê a construção de uma barragem principal

localizada neste rio e que forma o Reservatório Principal. A partir deste reservatório, parte

da água será desviada por um Canal de Derivação de 20 km de comprimento, também

incluído no projeto. Esse canal leva a um Reservatório Intermediário, onde armazena a

água para produzir energia na casa de força principal e que depois, deságua de volta no

mesmo rio que a originou.

Para formar os reservatórios foi necessária a inundação de uma área de 478 km²,

sendo 359 km2 referentes ao reservatório principal e 119 km2 ao intermediário. Buscando

não alagar uma área ainda maior o projeto contou com a construção de 28 diques na

região. Existe vertedouro apenas na barragem principal, o qual controla a vazão de água

que entra no reservatório e, consequentemente, o volume do mesmo. Este vertedouro

possui comportas de aproximadamente 400 m2, com vazão máxima de 62.000 m3/s.

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Figura 13 - Esquema desvio do rio para construção da UHE (Fonte: Construtora ABC, 2014)

A usina propriamente dita se encontra no final do canal de derivação e contém duas

casas de força. Seu projeto contou com 18 turbinas hidráulicas tipo Francis, com potência

instalada total de 11 mil MW e vazão total de 13.950 m³/s, o equivalente a encher cinco

piscinas olímpicas a cada segundo ou 9 vezes a vazão média das cataratas do Iguaçu. O

que mostra a grandiosidade e importância deste projeto.

Embora a barragem principal tenha apenas 35m de altura, o declive natural do rio,

no trecho de vazão reduzida, faz com que a queda líquida7 seja de 87 m. A Casa de Força

Complementar foi construída junto à barragem principal e terá seis turbinas de tipo Bulbo,

com potência total instalada de 233 MW, queda líquida de 11,4 m e vazão total turbinada

de 2.268 m³/s.

7 Queda líquida refere-se ao desnível total de água e entre o topo dos reservatórios e a saída das turbinas.

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Figura 14 - Esquema das estruturas construídas (Fonte: Construtora ABC, 2014)

O empreendimento em questão tem proporções extraordinárias. O volume de

escavação estimado supera 200 milhões m3, só para o canal de derivação foram estimados

a retirada de 120 milhões de m3 de solo e rochas. Proporcionalmente, o volume total a ser

escavado é equivalente ao volume de 1.400 estádios do Maracanã.

Por ser um projeto com tamanhas dimensões, foi essencial que se buscasse

preservar as várias formas de vida já existentes na região. Uma das iniciativas foi a

construção de um Escada de Peixes, para permitir a migração dos peixes durante seu

período reprodutivo, fenômeno chamado de piracema.

A fim de assegurar a navegabilidade do rio e condições satisfatórias para a vida

aquática, foi estabelecido um hidrograma para garantir um nível mínimo da água no

trecho de vazão reduzida que varia ao longo do ano.

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A mobilização feita durante a execução do projeto da usina chegou a um pico

superior a 20.000 trabalhadores divididos em três turnos. Foi indispensável a construção

de alojamentos, postos de saúde, refeitórios que comportassem essa quantidade de mão

de obra direta. É importante notar aqui que por conta de suas dimensões, qualquer

economia proposta durante a construção desse tipo de empreendimento pode chegar a

dezenas ou centenas de milhares de reais. Desta forma, mostra-se extremamente relevante

a aplicação de técnicas enxutas buscando a melhoria do desempenho do projeto.

Um fator importante do projeto desta usina hidrelétrica foi a realização a seco pela

maior parte do tempo de construção. As áreas dos reservatórios só foram alagadas após o

fechamento da barragem principal, o que permitiu uma logística muito melhor e fez com

que o tempo total do projeto diminuísse. Somente após a finalização dos diques e das duas

barragens o canal foi liberado para dar início à geração parcial de energia.

É importante ressaltar que o projeto original para a construção desta usina pretendia

alagar uma área superior a 1.200 km2 e afetaria muitas outras cidades, além aumentar

significativamente o impacto sócio ambiental na região, o que acabou inviabilizando a

primeira concepção e dando origem ao projeto que se tem hoje.

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6. O LPS APLICADO AO EMPREENDIMENTO

O Last Planner System começou a ser implantado na UHE em estudo desta

monografia, no segundo trimestre de 2016. Nesse ponto o empreendimento já havia

iniciado há quatro anos e, consequentemente, foi necessária uma mudança radical no

modelo de planejamento demostrado desde o início das obras. Esse modelo executado

inicialmente era bastante semelhante àquele visto no item 2.4.

Como em todos os empreendimentos da Construtora ABC, a implantação se deu

através de ondas de treinamento que buscaram transferir o conhecimento de forma clara

e completa aos responsáveis por áreas como planejamento e produção da obra, que

futuramente estabilizariam as rotinas recomendadas dentro da metodologia LPS. Nesse

ponto foi possível não apenas testar a aplicabilidade da ferramenta e disseminar os

conceitos entre os diversos funcionários do empreendimento.

A implantação é sem dúvida uma mudança de paradigma e cultura. Enquanto os

funcionários não enxergassem o propósito e fossem devidamente capacitados para tal, a

implantação da nova metodologia seria colocada em xeque. Como forma de evitar isso

um dos treinamentos fornecidos a todos os funcionários do empreendimento (desde

engenheiros até encarregados) foi o treinamento Villego (Figura 15).

Figura 15 – Treinamento Villego representando uma reunião de Check out (Fonte: Construtora ABC, 2017)

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Esse treinamento objetiva transmitir os princípios do Last Planner System de forma

lúdica através da construção de uma casa com peças de Lego8 em duas rodadas. A

primeira demonstra a construção através do sistema tradicional de planejamento, sem

colaboração e sem a sistemática de análise de desvios ao final de cada turno gerando

ações. Já a segunda põe em prática algumas das ferramentas do LPS, como o Pull

Planning e as reuniões de Check in e Check out, evidenciando alguns benefícios da

utilização do LPS.

Durante a implantação foram desenhadas reuniões setoriais que tinham como

objetivo organizar as diferentes áreas como forma de convergirem para um mesmo

propósito: avaliar seus desempenhos através dos KPIs monitorados, entender as causas

de eventuais desvios e poder decidir como é a melhor maneira de saná-los de uma forma

sistêmica e eficiente. As reuniões têm, na maioria dos casos, uma frequência semanal.

Nessas reuniões muitas das áreas de apoio à produção poderiam acompanhar a

resolução das restrições mapeadas na reunião de 6WLA buscando aumentar a

possibilidade de resolução das mesmas a tempo.

Para isso foi estipulado um calendário de reuniões que busca organizá-las de forma

a criar uma sequência lógica de transferência de informações entre elas. Nota-se que as

reuniões de 6WLA e de Programação Semanal encontram-se no final da semana, já que

as mesmas precisam dos dados coletados naquela semana para ocorrerem. Esse calendário

ainda utilizado pela obra encontra-se na Figura 16. Neste calendário estão dispostas cada

uma das reuniões setoriais, a reunião gerencial com todos os gerentes de área e as reuniões

de segurança. Vale ressaltar que as reuniões diárias de desempenho ocorrem em campo e

não estão dispostas nessa figura.

8 Lego é um jogo de origem dinamarquesa composto por várias peças de plástico que se encaixam umas nas outras e permitem construir diversas combinações.

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Figura 16 - Exemplo de calendário de reuniões utilizado no empreendimento (Fonte: Construtora ABC, 2017)

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Cabe informar que não foi necessário nenhum tipo de terceirização e/ou consultoria

in loco durante a implantação da metodologia LPS na construção da UHE de grande porte

estudada nessa monografia. Sendo todo o trabalho feito por parte de um time de

funcionários da construtora ABC.

A empresa construtora investiu na criação de procedimentos para todos os

processos padronizados e estabilizados definidos como chaves com base na metodologia

Last Planner System, o que demonstra o grau de maturidade e a relevância que o

planejamento enxuto tem no dia a dia da Construtora ABC. Esses procedimentos visam

garantir a qualidade das rotinas e a padronização das melhores práticas descobertas pela

empresa em suas diversas obras.

O trabalho de padronização através de procedimentos foi realizado recentemente e

hoje consta com procedimentos individuais voltados à elaboração e gestão de cada uma

das fases do Last Planner System, além de uma norma de Planejamento baseada nos

conceitos do Last Planner System que dita as diretrizes para todos os empreendimentos

da Construtora ABC.

Hoje o empreendimento descrito nesta monografia já possui uma estabilização

significativa em seus processos, especialmente naqueles que estão diretamente ligados ao

Last Planner System. No entanto, era claro para alguns dos responsáveis pela implantação

que determinados pontos dificultaram essa implantação no início dos trabalhos (meados

de 2016). Os mesmos relataram certas dificuldades de implantação, como:

a) Resistência a mudança por parte dos envolvidos;

b) As lideranças da obra demoraram a assumir o papel esperado para

estabilização dos processos;

c) Falta de entendimento de alguns conceitos-chave como o de restrições.

Page 72: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

58

7. ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS OBTIDOS

O estudo de caso proposto objetivou comprovar os ganhos obtidos no planejamento

e controle da produção do empreendimento em questão, uma usina hidrelétrica de grade

porte. Apesar do acesso restrito à alguns dados importantes e da confidencialidade

firmada pela empresa construtora, foi possível executar uma análise acerca das

implicações relacionadas à aplicação do Last Planner System ao empreendimento

estudado.

A realização desse estudo se deu em duas fases, são elas: revisão bibliográfica e o

estudo de caso do empreendimento. A primeira etapa, apresentada no início dessa

monografia, foi considerada em todo o desenvolvimento da pesquisa. Já a segunda,

ocorreu através da coleta de dados fornecidos pela construtora relacionados aos tópicos,

bem como a análise dos resultados a serem apresentados neste capítulo.

7.1. Obtenção de dados

O autor desta monografia fez durante três semanas uma visita ao empreendimento

em questão onde pode, através do reconhecimento dos processos relacionados à

metodologia Last Planner System, verificar sua aplicabilidade e obter alguns dados que

foram posteriormente examinados durante a etapa de Estudo de Caso.

Os principais documentos analisados neste estudo de caso foram:

1) Planilhas com os valores dos PPCs semanais para os principais serviços da

obra por frente;

2) Calendário com as datas estipuladas para as sessões de Pull Planning;

3) Apresentações das reuniões de 6WLA referente a uma frente de serviço com

as restrições levantadas.

Com os dados dispostos nestes documentos, foi possível conhecer o desempenho

da obra em relação ao cumprimento do prazo, quantificar o cumprimento do planejamento

de comprometimento (abordado no item 3.4.3) e identificar os principais problemas

enfrentados pela produção da obra.

As Figuras 17, 18 e 19 apresentam exemplos desses materiais.

Page 73: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

59

Figura 17 - Planilha de Produtividade CGII - Forma Convencional (Fonte: Construtora ABC, 2017)

Figura 18 – Exemplo de agenda de Pull Planning enviada por comunicado para toda a obra (Fonte: Construtora ABC, 2017)

Figura 19 - Planilha de restrições levantadas na 6WLA (Fonte: Construtora ABC, 2017)

Última Semana 316

SemanaProdução

realPlanejamento

Horas

disponíveis

Horas

trabalhadasProdução Índice real

Índice

planejado

294 446,00 495,00 3.136,00 2.839,00 388,95 9,11 8,91 96%

FORMA CONV. 295 728,23 705,81 5.676,70 5.081,10 388,95 9,11 8,91 98%

Hh Previsto 2120,31 296 446,00 495,00 3.136,00 2.839,00 388,95 9,11 8,91 92%

Hh Real 1862,67 297 476,33 705,81 5.676,70 5.081,10 388,95 9,11 8,91 87%

Prod Prevista 300,14 298 405,56 531,91 4.865,80 4.467,90 388,95 9,11 8,91 93%

Prod Real 281,26 299 352,38 414,44 6.168,10 5.706,36 388,95 9,11 8,91 98%

Hh Perdas 227,10 300 462,25 498,00 3.652,16 3.049,16 388,95 9,11 8,91 97%

Hh Disponiveis 2089,77 301 705,55 676,49 3.157,40 2.522,33 388,95 9,11 8,91 100%

Indice Previsto 7,06 302 202.77 233,91 2.324,80 1.689,08 388,95 9,11 8,91 99%

303 397,51 372,14 3.288,65 2.604,00 388,95 9,11 8,91 100%

FORMA DESLIZ. 304 341,70 391,30 4.017,00 2.205,00 388,95 9,11 8,91 96%

Hh Previsto 150,46 305 137,00 129,00 1.875,00 1.183,20 388,95 9,11 8,91 96%

Hh Real 338,96 306 268,55 285,02 3.992,50 3.538,80 388,95 9,11 8,91 93%

Prod Prevista 0,00 307 325,50 338,68 3.908,30 3.433,82 388,95 9,11 8,91 90%

Prod Real 0,00 308 549,69 527,15 3.203,73 2.598,51 388,95 9,11 8,91 82%

Hh Perdas 29,18 309 264,52 363,66 2.593,00 2.306,01 388,95 9,11 8,91 77%

Hh Disponiveis 368,14 310 259,90 429,78 2.645,03 2.337,00 388,95 9,11 8,91 81%

Indice Previsto #DIV/0! 311 355,70 445,01 2.406,68 2.187,29 388,95 9,11 8,91 83%

312 315,30 395,38 3.758,64 3.398,73 388,95 9,11 8,91 90%

CONCRETO 313 304,30 335,50 2.538,18 2.219,85 388,95 9,11 8,91 95%

Hh Previsto 4205,08 314 422,58 403,98 2.110,05 1.833,20 388,95 9,11 8,91 98%

Hh Real 3850,55 315 311,00 316,42 1.744,05 1.541,01 388,95 9,11 8,91 97%

Prod Prevista 1682,00 316 281,26 300,14 2.089,77 1.862,67 388,95 9,11 8,91 98%

Prod Real 1860,00 317

MÉDIAS PRODUÇÃO HORAS

FORMA CONVENCIONAL HH/M²

PPC

Nº RESTRIÇÃO

78Definir projeto da cunha de Concreto do CFO09 El. (2º Estágio Virolas 46 a 30)

Resumo Executivo das Restrições - CGII

ÁREA QUE SOLUCIONA A RESTRIÇÃO

INÍCIO2 TÉRMINO DATA # 6M STATUS FAROL OBSERVAÇÕES

Engenharia 17/03/2017 24/04/2017 Método Em Andamento

PRAZO REPROGRAMAÇÃO

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60

7.2. Revisão do conceito de PPC

Grande parte da análise a ser feita nesse capítulo tem base no conceito de Percentual

da Programação Cumprida (PPC). Para a compreensão da metodologia aplicada na

análise dos dados, deve-se entender corretamente este conceito.

O PPC é medido em relação à pacotes de trabalho e pode ser representado através

da seguinte expressão:

PPC (%) = Programado Realizado

Programado =

nº de pacotes 100% concluídos

nº de pacotes planejados

Por exemplo, se em uma semana foram programadas 5 atividades e foram

concluídas apenas 3 o PPC semanal será de 60%. Da mesma forma, se fossem

programadas as mesmas 5 atividades e concluídas 5 atividades, sendo 2 concluídas por

modificação do planejamento após o início da semana, o PPC se manterá em 60%.

O PPC é, portanto, um indicador que mede a aderência entre a programação e os

serviços efetivamente executados no período. Seu objetivo é verificar qual percentual das

atividades planejadas para determinado período foram efetivamente cumpridas. Ele

representa a confiabilidade do planejamento da produção e do fluxo de trabalho. É

importante notar que o PPC não mede o avanço físico da obra, já que ele é representado

por pacotes de trabalho, e esses têm unidades e complexidade distintas.

MOHAMMED (2005) diz que uma vez medidos os PPCs de uma operação

específica da produção, pode-se calcular um valor médio ao longo de um período de

tempo e isso refletirá a eficiência ou ineficiência do planejamento para essa operação em

particular.

O controle do PPC visa principalmente quantificar o nível de comprometimento dos

responsáveis pela frente com o planejamento e levantar possíveis deficiências do mesmo

que possam impactar o desempenho da obra como um todo. É recomendado que se busque

sempre as causas para o não cumprimento dos planos, gerando ações para que o mesmo

não se repita.

Conforme mostrado no item 3.6.5 sobre reuniões diárias, durante o Check out diário

são calculados os PPCs. Isso busca justamente enxergar os desvios para que os mesmos

sejam corrigidos antes que possam impactar ainda mais os planos, impedindo o fluxo

contínuo de produção daquele empreendimento.

Page 75: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

61

7.3. Estudo de Caso

Como o empreendimento em questão não possui dados referentes ao PPC anteriores

à implantação da metodologia Last Planner System, uma vez que tal indicador não era

conhecido pela equipe da produção e a mesma só acompanhava o avanço físico a partir

do Cronograma Mestre sem detalhes, não se pode fazer uma análise entre um caso sem a

aplicação do Last Planner System e após sua implantação por se tratarem de indicadores

conceitualmente distintos.

Como alternativa, foram estudados dois casos buscando avaliar a relevância de uma

das ferramentas fundamentais do Last Planner System, o Pull Planning (ou Planejamento

Puxado). Como visto nos itens 3.4.2 e 3.6.2 o Pull Planning faz parte do nível de

planejamento de médio prazo e busca através do detalhamento do Cronograma Gerencial

evidenciar o sequenciamento das atividades detalhando-as num horizonte de 3 meses

conforme as incertezas vão sendo reduzidas. Ele serve como um input para a etapa de

Programação Semanal que depois é verificada a partir do cálculo do PPC nas reuniões

diárias. Com base nessas premissas foram estabelecidos os seguintes casos:

7.3.1. Caso I

O Caso I representa a realização da sessão de Pull Planning conforme mostrado na

agenda de sessões de Pull Planning mostrada na Figura 18. A mesma ocorreu na semana

297, segundo o planejado sem nenhum atraso.

No empreendimento estudado, o trabalho de realização de Pull Planning

compreende aproximadamente 2 meses e, como produto final, é realizada a sessão com

os encarregados. A sessão seguinte foi prevista para a semana 306.

Page 76: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

62

Figura 20 - PPC - Forma Convencional - Frente: CGII – Sem. 294 / Sem. 306 (Fonte: Construtora ABC, 2017)

Analisando os dados da Figura 20, pode-se notar que o serviço de Forma

Convencional se manteve estável antes e após a realização do Pull Planning na data

confirmada. O momento de realização de Pull Planning é quando o cronograma macro

pode ser detalhado e de onde surge com maior clareza quais são os componentes que

precisam estar prontos para cumprir os marcos estabelecidos no Cronograma Gerencial.

A etapa de Pull Planning é uma oportunidade de haver um replanejamento

buscando atingir os critérios de desempenho (no tempo e no custo) estimados

previamente. As programações semanais podem ter sido mais condizentes com a

realidade do empreendimento e, com isso, os PPCs puderam ter uma sequência de valores

altos.

7.3.2. Caso II

O Caso II representa um atraso na realização da sessão de Pull Planning. A Figura

21 complementa a Figura 20 com os dados posteriores à semana 306. O gráfico mostra

que a sessão de Pull Planning teve um atraso de aproximadamente 3 semanas, o que

visivelmente afetou o PPC do serviço de forma convencional naquela frente.

Page 77: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

63

Figura 21 - PPC - Forma Convencional - Frente: CGII – Sem. 294 / Sem. 316 (Fonte: Construtora ABC, 2017)

A faixa em azul compreende valores de PPC superiores a 85% e é tida pelos

responsáveis do planejamento da obra como “faixa ideal de PPC” no empreendimento

considerado. Com o atraso, essa faixa ideal foi ultrapassada e o PPC chegou aos 77%.

Dentre as várias causas para tal acontecimento pode-se citar o fato de o

replanejamento ter sido postergado em algumas semanas, o que trouxe programações

semanais menos condizentes com a realidade da obra. Por mais que na etapa de

Programação Semanal só se programe atividades que tenham suas restrições sanadas, é

com o cronograma detalhado criado no Pull Planning que se baseiam as análises de

restrições das reuniões de 6WLA. A qualidade dessa análise está diretamente ligada à

qualidade do Pull Planning.

Para confirmar tal argumento, foi levantada a planilha de restrições da reunião de

6WLA ocorrida na semana 303. Essa reunião levantou restrições para a semana 309 –

semana com o menor PPC do gráfico da Figura 21 – e a planilha diz que nessa semana

em específico as equipes encontraram apenas uma restrição referente à um projeto em

atraso. As restrições mapeadas nas semanas anteriores se mantiveram e de fato vieram

impactar as semanas 307 e 308, fazendo com que os PPCs diminuíssem.

Page 78: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

64

7.3.3. Resultado Final

Nota-se uma correlação direta entre o uso da ferramenta do Pull Planning e a

aderência do planejamento representado pelo indicador PPC. A proposta desse estudo foi

avaliar a aplicação da metodologia Last Planner System ao planejamento e controle da

obra, o que pode ser constatado a partir das rotinas mostradas no capítulo 6 e dos

resultados obtidos através da análise no capítulo 7.

Verificar a aplicação numa obra de grande porte é sem dúvida uma tarefa árdua

especialmente quando a metodologia não foi desenvolvida desde a concepção do projeto,

como no caso apresentado nessa monografia. No entanto, pode-se constatar através da

observação analítica dados que o Last Planner System traz uma certa estabilidade aos

processos referentes ao planejamento. O cumprimento das tarefas é maior quando quem

executa sabe o que é pedido para aquele dia.

O lado colaborativo da metodologia faz com que as informações disponíveis sejam

as mais autênticas do que planejamentos que são elaborados remotamente por alguém que

não tem o conhecimento das dificuldades e especificidades do ambiente daquela obra.

Outro ponto que pode ser levantado é o fato de que através da avaliação diária do

cumprimento das tarefas fornece um tempo de resposta menor para os possíveis desvios

encontrados, dando a possibilidade de se recuperar ainda dentro da própria semana.

Com a análise feita neste capítulo, não se pode fazer nenhuma afirmação acerca da

interferência no custo do empreendimento através da aplicação da metodologia Last

Planner System, uma vez que esses dados não foram fornecidos pela empresa construtora.

Não obstante, é de se esperar que o planejamento esteja voltado aos interesses

orçamentários do empreendimento e, portanto, quanto maior a aderência ao planejamento

maior a concretização dos planos estabelecidos. Planos esses que devem ser definidos

entre todas as áreas de apoio, sejam elas de planejamento, controle, produção ou

financeira da obra.

Page 79: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

65

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente monografia buscou ampliar a variedade de pesquisas relativas à

aplicabilidade da metodologia Last Planner System. O estudo trouxe à tona a vertente de

aplicabilidade à empreendimentos de grande porte, pouco frequentes quando se fala no

tema, mas de fundamental importância para credibilidade do uso da metodologia.

Em todas as fases do trabalho buscou-se fazer conexões entre os diferentes tópicos

de forma a reforçar a correlação inerente entre os temas abordados. Não podendo cita-los

em separado como forma de evitar possíveis distorções de conceitos. A base do Last

Planner System é a teoria da construção enxuta, ou lean Construction, que por sua vez

tem seus princípios baseados no pensamento lean, primeiramente aplicado à manufatura.

Todavia, pode-se notar conforme visto nessa monografia, que o pensamento lean é de

fato aplicável ao setor da construção civil.

Durante a coleta de dados notou-se que a obra estudada possui hoje uma extensiva

rotina voltada à aplicação do Last Planner System em seus processos. No entanto, o

planejamento ou setor de planejamento não executa uma obra sozinho. Seu papel é indicar

os melhores caminhos a serem seguidos. Notou-se uma certa sobrecarga na área de

planejamento o que pode ter afetado a qualidade dos planos desenhados e pode, inclusive,

ter influenciado no atraso da realização da sessão de Pull Planning mostrado no item

7.3.2. Sugere-se às empresas que decidam aplicar o Last Planner System em seus

empreendimentos, considerarem um acréscimo no número de funcionários da área de

planejamento, buscando minimizar qualquer tipo de sobrecarga adicional devido ao

aumento das rotinas.

Observando todas as ferramentas que o Last Planner System de planejamento e

controle da produção dispõe, nota-se que a maior parte dos obstáculos identificados no

estudo de caso do presente trabalho são solucionados através da correta aplicação do LPS.

Cabendo às equipes utilizarem essas melhorias de forma correta e holística. De nada

adianta a realização de um planejamento baseado no Last Planner System conforme

mostrado na literatura, se este não for incorporado pelas equipes para que estas trabalhem

em favor dele.

Page 80: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

66

Essa metodologia demonstra grande potencial para enfrentar o atual cenário da

construção civil. Porém é necessário que a mesma siga seus princípios e não sofra

adaptações que possam afetar seu resultado.

Ressalta-se o fato de a Construtora ABC investir na criação de procedimentos para

que seus padrões e melhores práticas baseados na metodologia LPS sejam seguidos por

todas suas obras. Isso demonstra o valor dado pela empresa à procura de novas

metodologias voltadas ao futuro da construção civil e não simplesmente insistir em

métodos obsoletos e ultrapassados. A busca pela melhoria contínua deve ser inerente a

todas as empresas, caso almejem a perenidade no mercado da construção civil.

Para um futuro trabalho, sugere-se alguma análise comparativas com

empreendimentos de pequeno e médio porte, ou ainda o acompanhamento da aplicação

do Last Planner System focado em outras ferramentas aplicáveis à metodologia como

conceitos de Takt e LBMS (Sistema de Gerenciamento Baseado em Localização). Por

fim, propõe-se ampliar as análises feitas nesta monografia buscando correlacionar o PPC

à indicadores de desempenho, como IDC (Índice de Desempenho de Custo) e IDP (Índice

de Desempenho de Projeto), gerando um melhor entendimento sobre a metodologia e seus

resultados voltados ao custo e desempenho financeiro.

Page 81: ESTUDO SOBRE OS GANHOS OBTIDOS COM A ADOÇÃO DO … · melhor visibilidade sobre a metodologia aplicada no planejamento e controle de produção. Palavras-chave : Last Planner System

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