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1 ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE PASSAGEIROS NA LAGOA DE MARICÁ (RJ) PEDRO AGUIAR KASKUS Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Prof. Luiz Felipe Assis, D Sc. Prof. Richard David Schachter, Ph.D. Rio de Janeiro Setembro de 2019

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ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE

PASSAGEIROS NA LAGOA DE MARICÁ (RJ)

PEDRO AGUIAR KASKUS

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia Naval e Oceânica da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientadores: Prof. Luiz Felipe Assis, D Sc.

Prof. Richard David Schachter, Ph.D.

Rio de Janeiro

Setembro de 2019

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ESTUDO PARA IMPLANTAÇÃO DE TRANSPORTE AQUAVIÁRIO DE

PASSAGEIROS NA LAGOA DE MARICÁ (RJ)

Pedro Aguiar Kaskus

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA NAVAL E OCEÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO

DE NAVAL E OCEÂNICO.

Examinada por:

Prof. Luiz Felipe Assis, D Sc.

Prof. Richard David Schachter, Ph.D.

Prof. Claudio Luiz Baraúna Vieira, Ph.D.

Prof. Floriano Carlos Martins Pires Junior, D.Sc.

.

RIO DE JANEIRO, RJ -BRASIL

Setembro de 2019

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Kaskus, Pedro Aguiar

Estudo para Implantação de Transporte Aquaviário

de Passageiros na Lagoa de Maricá (RJ) / Pedro Aguiar

Kaskus – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,2019.

X, 78 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Luiz Felipe Assis

Coorientador: Richard David Schachter

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso

de Engenharia Naval e Oceânica, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 79-81.

1. Introdução 2. Embarcações para Transporte de

Passageiros. 3. Rota Proposta. 4.Seleção das Embarcações.

5.Análise de Tempos. 6. Estimadores de Custo. 7. Análise

de Viabilidade. 8. Conclusão.

I. Assis Felipe, Luiz. II. Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Naval

e Oceânica. III. Análise do Transporte Aquaviário de

Passageiros na Lagoa de Maricá.

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Agradecimentos

Inicialmente gostaria de agradecer por ter tido a possibilidade de poder ter estudado na

Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição fundamental para a formação do futuro de nosso

país, esperando que sempre seja para todos.

Tenho que agradecer a todos aqueles que me acompanharam, me deram carinho, suporte e

compaixão ao longo da minha vida, tenho certeza que sem vocês eu não conseguiria concluir até

hoje a etapa mais importante da minha vida. Seja um colega que esteve ao meu lado em um momento

de necessidade ou a um amigo que teve a paciência de me escutar.

Para essa jornada foram fundamentais todos os professores, e servidores das instituições de

ensino nas quais estudei, que através do amor a profissão e ao carinho aos alunos, puderam me fazer

chegar aonde estou. Nunca irei esquecer-me de cada um daqueles que incentivaram o meu

conhecimento e aprendizado, além daqueles que o tornaram possível.

Gostaria de agradecer a todos meus colegas da Genesis, que me acolheram, me ensinaram e

me ajudam todos os dias a dar o meu melhor. O aprendizado que levo tenho certeza que o irei

carregar pela vida inteira.

Aos meus colegas da naval não existem palavras que descrevam a importância de vocês na

minha vida. Hoje considero que possuo uma segunda família e a sala de estudos uma segunda casa.

Não consigo imaginar uma forma de encerrar o curso sem o companheirismo de vocês.

Em especial gostaria de agradecer à minha família, principalmente aos meus pais, Marcel e

Gloria Regina, aos meus irmãos Marcel e Isabel, à minha tia, Marcia, à minha companheira,

Gabriela, e à minha avó, Marly, minha eterna professora. Saber que eu tenho pessoas do meu lado

que me amam dessa forma incondicional é o que me faz ter forças para enfrentar o mundo, sabendo

que sempre terei um porto seguro. Obrigado por acreditarem em mim. Simplesmente obrigado!

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Naval e Oceânico.

Estudo para Implantação de Transporte Aquaviário de Passageiros na Lagoa de Maricá (RJ)

Pedro Aguiar Kaskus

Setembro/2019

Orientador: Luiz Felipe Assis

Coorientador: Richard David Schachter

Curso: Engenharia Naval e Oceânica

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise preliminar para implantação de um

sistema de transporte aquaviário para atender as regiões do entorno da lagoa de Maricá. O

trabalho faz uma descrição dos principais tipos de embarcações empregadas no transporte

hidroviário de passageiros apontando as suas características relevantes, vantagens e

desvantagens. O estudo envolveu um levantamento das características físicas da região, com

ênfase nas profundidades da Lagoa e da ocupação humana na área do seu entorno. Com base

nas características físicas da região. Também foi feito um levantamento das alternativas de

deslocamento existentes com base no transporte público, tendo em vista tempo e preços das

viagens. Com base nesses levantamentos, foram averiguadas as possíveis rotas para a conexão

das diferentes localidades, respeitando às limitações físicas apresentadas, e, em seguida,

selecionados os tipos de embarcações mais adequados para o emprego em cada rota. Foi feita

então uma análise de viabilidade, considerando-se diferentes alternativas para cada uma das

rotas estudadas, com base em estimadores de custo para implantação e operação do serviço,

tempos de deslocamento e características do acesso. Ainda que não conclusiva, a análise

preliminar indicou que há espaço para implantação de sistemas de transporte hidroviário de

passageiros de pequeno porte na região de Maricá.

Palavras-chave: Transporte Aquaviário Urbano, Viabilidade Econômica, Embarcações para

Transporte de Passageiros, Estimadores de Custo, Análise de Tempos, Lagoa de Maricá,

Maricá

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

Study for Implementation of a Passengers Waterway Transportation in Maricá’s Lagoon (RJ)

Pedro Aguiar Kaskus

September/2019

Advisor: Luiz Felipe Assis

Co-Advisor: Richard David Schachter

Course: Naval and Marine Engineering

Abstract

This study aims to carry out a preliminary analysis for the implementation of a waterway

transportation system to serve the regions around the Maricá lagoon. The analysis describes the

main types of vessels used in passenger waterway transportation, pointing out their relevant

characteristics, advantages and disadvantages. The study involved a survey of the physical

characteristics of the region, with emphasis on the depths of the lagoon and human occupation

in the surrounding area. Based on the physical characteristics of the region. It was also made a

survey of the alternatives of displacement based on public transport, taking into account time

and travel prices. Based on these surveys, the possible routes for the connection of the different

locations were verified, respecting the physical limitations presented, and, then selected the

types of vessels best suited for use on each route. A feasibility analysis was then performed,

considering different alternatives for each of the studied routes, based on cost estimators for

service implementation and operation, travel times and access characteristics. Although not

conclusive, the preliminary analysis indicated that there is room for the implementation of small

passenger waterway transportation systems in the Maricá region.

Keywords: Urban Waterway Transportation, Economic Feasibility, Passenger Watercraft,

Cost Estimators, Time Analysis, Maricá Lagoon, Maricá

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 10

2. EMBARCAÇÕES PARA TRANSPORTE DE PASSAGEIROS ....................................... 13

2.1. Embarcações de Superfície de Alto Desempenho ................................................................13

2.2. Classificação de Embarcações por sua Sustentação .............................................................14

2.2.1. Embarcações de Sustentação Hidrostática .......................................................................... 14

2.2.2. Embarcações de Sustentação Hidrodinâmicas .................................................................... 17

2.2.3. Sustentação Aerostática ...................................................................................................... 19

2.2.4. Sustentação Aerodinâmica .................................................................................................. 21

2.3. Sistemas Propulsivos ...........................................................................................................22

2.3.1. Hélices .................................................................................................................................. 22

2.3.2. Hidrojato .............................................................................................................................. 23

2.3.3. Hélices Aéreos ...................................................................................................................... 24

2.4. Fontes Energéticas ...............................................................................................................25

2.5. Outras classificações ............................................................................................................26

3. ROTA PROPOSTA ............................................................................................... 27

3.1. Rota Terrestre Existente ......................................................................................................27

3.2. Rota Hidroviária ..................................................................................................................30

4. SELEÇÃO DAS EMBARCAÇÕES PARA ANÁLISE .................................................... 37

4.1. Seleção do tipo de embarcação ...........................................................................................37

4.1.1. Rota A ................................................................................................................................... 37

4.1.2. Rota B ................................................................................................................................... 38

4.2. Fonte energética..................................................................................................................39

4.3. Capacidade da embarcação .................................................................................................39

4.4. Embarcações selecionadas ..................................................................................................40

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4.5. Terminal de Passageiros ......................................................................................................42

4.5.1. Cais fixo ................................................................................................................................ 42

4.5.2. Cais flutuante ....................................................................................................................... 42

4.5.3. Terminais terrestres ............................................................................................................. 43

4.5.4. Controle de embarque ......................................................................................................... 43

5. ANÁLISE DE TEMPOS ......................................................................................... 44

5.1. Tempo de aceleração e desaceleração .................................................................................44

5.2. Tempo de atracação e desatracação ....................................................................................44

5.3. Tempo de Viagem Aquaviária ..............................................................................................44

5.4. Tempo de embarque e desembarque nos terminais ............................................................45

5.5. Tempo de viagem redonda ..................................................................................................46

5.6. Intervalo entre partidas .......................................................................................................46

5.7. Tempo médio de permanência do usuário no sistema .........................................................47

6. ESTIMADORES DE CUSTO .................................................................................. 52

6.1. Estimadores de Custo ..........................................................................................................52

6.2. Custo de Capital...................................................................................................................53

6.2.1. Custo de capital da embarcação importada ........................................................................ 53

6.2.2. Custo de capital da embarcação nacional ............................................................................ 54

6.2.3. Custo de capital dos terminais ............................................................................................. 55

6.3. Custo Operacional ...............................................................................................................57

6.3.1. Tripulação............................................................................................................................. 57

6.3.2. Administração ...................................................................................................................... 58

6.3.3. Manutenção e Reparos ........................................................................................................ 59

6.3.4. Materiais e Sobressalentes .................................................................................................. 60

6.3.5. Seguros ................................................................................................................................. 60

6.3.6. Docagem e Vistorias ............................................................................................................. 60

6.4. Custo de Viagem ..................................................................................................................60

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6.5. Custo Diário da Embarcação ................................................................................................61

6.6. Custo de Viagem Redonda ...................................................................................................62

6.7. Custo por Lugar Oferecido ...................................................................................................62

6.8. Custo por Lugar Ocupado ....................................................................................................62

7. ANÁLISE DE VIABILIDADE ................................................................................... 64

7.1. Frequência das embarcações ...............................................................................................64

8. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 75

8.1. Capacidade de passageiros ..................................................................................................75

8.2. Número de embarcações da frota .......................................................................................75

8.3. Escolha da embarcação .......................................................................................................76

8.4. Local de Construção .............................................................................................................76

8.5. Escolha da rota ....................................................................................................................76

8.6. Tipo de terminal ..................................................................................................................76

8.7. Recomendações futuras ......................................................................................................77

9. REFERÊNCIAS .................................................................................................... 79

9.1. Páginas da Internet Pesquisadas .........................................................................................81

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1. Introdução

Hoje a região sudeste do país apresenta, segundo o IBGE (2017), a maior população

urbana do Brasil. Estima-se que 93,14% da população da região sudeste é urbana. As cidades

sofreram um aumento populacional desorganizado e expressivo nas últimas décadas. A falta de

um plano diretor para o crescimento das cidades levou a um problema na malha de transporte

dos centros urbanos.

O crescimento dessas cidades gera a necessidade de se rever não só a malha de

transporte dos municípios como o próprio sistema de transporte. Uma vez que há menos áreas

disponíveis para o crescimento do transporte terrestre, poucas modernizações se tornam

possíveis nas vias terrestres. As modernizações objetivam evitar e superar problemas como os

grandes engarrafamentos gerados pelo intenso tráfego de veículos. O grande número de

veículos também torna difícil a possibilidade de novas rotas de transporte coletivo.

A necessidade de rever o sistema de transporte se torna cada vez mais evidente. Novos

modos de transporte de passageiros são necessários a fim de aliviar a sobrecarga das vias

urbanas. Outro objetivo é melhorar a conectividade modal entre os sistemas a serem

implementados e aqueles já existentes. O Brasil, e, particularmente, o estado do Rio de Janeiro,

possui regiões com grande potencial para o desenvolvimento transporte hidroviário urbano.

O objetivo do presente trabalho é verificar, por meio de uma análise preliminar, se há

condições mínimas para impantação de serviços de pequeno porte para transporte de

passageiros na Lagoa de Maricá. Trata-se de uma região que passou por um grande crescimento

econômico e populacional nas últimas décadas e que tem apresentado problemas para

deslocamentos na área do município. Se por um lado há dificuldade para expansão da malha

rodoviária na região, por outro, há a disponibilidade de um grande corpo d’água conectando as

regiões mais populosas da cidade. O transporte hidroviário urbano na lagoa de Maricá poderia

diminuir o tempo médio de transporte entre as regiões mais populosas.

Esse modelo de transporte existe em diversos países e cidades do mundo. Os sistemas

mais modernos apresentam na intermodalidade a principal ferramenta para a efetividade do

sistema. Conectar o sistema de transporte hidroviário com o sistema terrestre pode ter como

modelo os já existentes como Niterói x Rio de Janeiro, Seattle (Estados Unidos), Vancouver

(Canadá) e Sidney (Austrália).

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Esse sistema deve-se mostrar competitivo quando comparado com aqueles já existentes

na região para que seja implementado. O transporte hidroviário deve apresentar,

comparativamente, uma melhora no tempo utilizado para a locomoção dos passageiros entre as

regiões de interesse. Dessa forma, além de ser analisado o sistema, também foi analisada sua

eficiência quando comparado com os sistemas já existentes no município de Maricá.

Esse trabalho foi realizado de acordo com o seguinte molde:

O primeiro capítulo visa explicar a forma como são realizados os sistemas de transportes

de passageiros em regiões urbanas. Da mesma forma visa elucidar o papel que o sistema

hidroviário pode ter, justificando seu emprego e a escolha da região de análise, Maricá.

O segundo capítulo tem como função apresentar os tipos de embarcações normalmente

utilizadas no serviço de transporte de passageiros. Além de diferenciar as embarcações e

discriminar suas vantagens e desvantagens. O capítulo finaliza com um resumo esquemático

das embarcações e seleciona os tipos de embarcação que serão analisados nesse trabalho.

No terceiro capítulo são apresentadas as rotas de transporte terrestre existentes, suas

frequências e a capacidade de passageiros suportada por elas. São, então, propostas possíveis

rotas, além das limitações de cada rota do projeto, como profundidade do local e distância entre

os pontos de embarques previstos.

No quarto capítulo, após a delimitação das condições de contorno, é selecionado o tipo

de embarcação a ser utilizado para cada possível rota, tendo em vista a capacidade. Em seguida

é apresentada uma lista de embarcações que respeitam os limites indicados e as instalações

necessárias para o embarque dos passageiros para os diferentes tipos de embarcação.

No quinto capítulo são apresentados os aspectos técnicos da rota hidroviária do projeto.

Como Tempo de Viagem Redonda (TVR), tempo de embarque/ desembarque nos terminais

(Tterminal) e o Intervalo entre Partidas (Headway). Esses serão comparados com as informações

dos sistemas de transportes existentes para a região.

No sexto capítulo são definidos os estimadores de custos. Esses possibilitam a análise

de viabilidade das embarcações selecionadas, para cada uma das rotas propostas e para os

diferentes cenários propostos.

No sétimo capítulo são apresentados os custos por lugar ocupado para diferentes

cenários, utilizando 3 taxas de ocupação e 2 limites de tempo entre intervalo de partidas. Os

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resultados obtidos foram comparados com o preço estabelecido para o transporte coletivo na

região. Os tempos de permanência dos usuários para os dois sistemas foram comparados a fim

de estabelecer os melhores cenários.

O oitavo capítulo apresenta as principais relações e os resultados encontrados.

Estabelece o número de embarcações da frota, qual embarcação deve fazer o trajeto e a rota a

ser utilizada. O trabalho é finalizado com as recomendações para futuras análises da região.

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2. Embarcações para Transporte de Passageiros

As embarcações podem ser classificadas quanto ao seu uso. Nesse capítulo estão

presentes os diferentes tipos que podem ser utilizados para o propósito de transportar

passageiros. Com o objetivo de descrever de modo geral as embarcações utilizadas no

transporte de passageiros e a partir destas poder selecionar aquelas aplicáveis para o estudo.

2.1. Embarcações de Superfície de Alto Desempenho

Entende-se por embarcações de superfície aquelas que operam na interface ar/água ou

na sua proximidade, havendo ou não uma porção submersa, segundo AZEVEDO (1996). As

embarcações de superfície podem ser separadas em dois grandes grupos, embarcações de

deslocamento e embarcações de alto desempenho.

As embarcações de deslocamento são aquelas de construção convencional, as quais

normalmente são utilizadas na atividade pesqueira e transporte de cargas. Também podem ser

utilizadas para o transporte de passageiros, porém devido a sua baixa velocidade normalmente

não são utilizadas para o transporte de passageiros em regiões urbanas.

As embarcações de alto desempenho (AMVs – Advanced Marine Vehicles) como

explicado por AZEVEDO (1996), podem ser definidas como aquelas em que a manutenção de

alta velocidade não é prejudicada mesmo em estados de mar elevados sem notável

comprometimento da manobrabilidade, estabilidade, capacidade de carga e outros requisitos de

projeto conflitantes com as altas velocidades. Segundo MARQUES (1997), no caso de

embarcações de passageiros a estabilidade está intimamente relacionada ao conforto.

As embarcações conhecidas como AMVs normalmente retiram parcialmente ou

completamente o casco do contato com a água, afim de diminuir a resistência ao avanço da

embarcação. Assim tem seu peso não mais suportado pelo empuxo como em embarcações

tradicionais, quando estão em navegando em velocidade de serviço. Para conseguir elevar a

embarcação da água são utilizados tipos de mecanismo baseados em efeitos aerostáticos como

o caso de colchões de ar aerodinâmicos, através de asas ou hidrodinâmicos como no caso de

hidrofólios. Quando é observada a fórmula da resistência ao avanço, pode-se observar que esse

método busca reduzir a massa específica do fluído no qual a embarcação está inserida ou

diminuir a superfície molhada. Retirando a embarcação da água modifica-se drasticamente a

massa específica do fluido, uma vez que o ar possui uma massa específica 817 vezes menor do

que a da água.

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2.2. Classificação de Embarcações por sua Sustentação

Outra forma de dividir as embarcações pode ser dada pela forma de sustentação da

mesma, que pode envolver o hidrostático, o hidrodinâmico, o aerostático e o aerodinâmico.

Segundo WRIGHT (1998), existem 8 grupos de embarcação: monocasco, catamarã,

small water plane área twin hull (SWATH), planadores, aerobarcos, embarcações de efeito de

superfície, air cushion vehicle (ACV), também conhecidos como hovercrafts, dos quais todos

exceto os monocascos podem ser consideradas embarcações de alto desempenho, pois

conjugam altas velocidades com um bom comportamento em ondas, enquadrando-se na

definição de AZEVEDO (1996).

2.2.1. Embarcações de Sustentação Hidrostática

A sustentação hidrostática segundo LEMOS (2000) é obtida pela imersão do volume do

casco, o empuxo, conforme as Leis de Arquimedes. Assim o empuxo é responsável por prover

toda a sustentação necessária para suportar o peso da embarcação e sua carga. Dessa forma são

inclusas as embarcações convencionais, ou de deslocamento, os SWATHs e os catamarãs.

2.2.1.1. Monocascos de Deslocamento

Monocascos de deslocamento são os navios mais tradicionais encontrados no mundo.

Essas foram as primeiras embarcações desenvolvidas pelo ser humano, inicialmente sendo

esculpidas em troncos de árvores. Com sua evolução foram utilizados nas grandes navegações

utilizando a força dos ventos para sua propulsão. Atualmente são constituídos de aço e

propelidos por hélices e motores de combustão interna. Esse tipo de embarcação foi a

empregada para construir os maiores navios existentes na história da humanidade.

Seu emprego se deve à possibilidade de transportar alta capacidade de carga, possuir

uma grande eficiência energética e ser um dos tipos de embarcação com menor custo de

produção. É empregada no transporte de cargas, em barcos de suporte offshore, além da

atividade pesqueira tradicional, como em barcos de arraste, e de embarcações pequenas.

Essas embarcações têm como principal desvantagem a baixa velocidade alcançada. Essa

característica dificulta sua utilização para o transporte de passageiros em médias e pequenas

distâncias. Porém tendo grande utilização em navios de cruzeiros, devido à grande quantidade

de passageiros e as largas distâncias percorridas, situação na qual a velocidade da embarcação

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não tem uma posição de suma importância. Na figura abaixo podemos ver o maior cruzeiro do

mundo, Symphony of the Seas.

Figura 1 - Maior cruzeiro do mundo o Symphony of the Seas

2.2.1.2. Catamarãs

Catamarãs são barcos que consistem em dois cascos que apresentam profundos ou rasos

“V”, como em monocascos de planeio, unidos para a formação de uma única embarcação.

Foram desenvolvidos afim de melhorar a estabilidade encontrada pelas embarcações

monocasco, devido ao seu afastamento transversal. Devido ao aumento da altura do seu raio

metacêntrico, que gera uma melhor resposta a pequenas inclinações. Além de sua estabilidade

em boas condições de operação, seu afastamento transversal entre os cascos lhe garante uma

grande área de convés, sendo uma ótima característica para o transporte de passageiros.

Porém, em grandes inclinações geradas devido a condições de mar mais severas, torna

essa embarcação inadequada para o uso em regiões que se encontram propícias a essa situação.

Porém “v” mais profundos podem melhorar a governabilidade, a estabilidade e o conforto

nesses casos. Assim foram criadas embarcações chamadas Wave Piercing, catamarãs

australianos que modificaram a forma para melhorar o comportamento em mares desfavoráveis.

Outra desvantagem desse tipo de embarcação consiste na necessidade de duas praças de

máquinas, elevando os custos de aquisição e manutenção da embarcação. Os esforços torcionais

são mais elevados que aqueles apresentados em embarcações monocascos, devido ao seu

comportamento em ondas transversais. Além dos pontos já apresentados, os catamarãs tem

calados maiores do que as outras embarcações. Na figura 2 há um catamarã tradicional, que

realiza o transporte de até 150 passageiros

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Figura 2 - Catamarã com capacidade para o transporte de 150 passageiros

2.2.1.3. SWATH

Outra embarcação a utilizar sustentação hidrostática são os chamados SWATHs, Small

Water plane Area Twin Hull, em tradução livre catamarã com pequena área no plano da linha

d’água. Essas embarcações possuem o volume de casco responsável pela sua flutuação abaixo

da linha d’água, minimizando sua área na linha d’água. A figura 3 apresenta o projeto de um

casco de navio SWATH, tanto sua parte emersa quanto a submersa, onde pode ser observada a

pequena área na linha d’água, característica principal da embarcação, assim como seus dois

cascos.

Figura 3 - Modelo de um projeto de um casco de uma embarcação SWATH

A principal vantagem desse tipo de embarcação está em sua ótima resposta a condições

de mar desfavoráveis, uma vez que a região responsável por manter a flutuação está abaixo das

ondas. Além desse fato consegue alcançar velocidades mais altas do que aquelas apresentadas

por embarcações monocasco de deslocamento. Por esse motivo são muito utilizados para

transporte de passageiros em regiões com condições de mar menos favoráveis, além do seu uso

para embarcações de pesquisa.

Sua principal desvantagem está na sua baixa capacidade de transporte de carga. Outros

pontos negativos são a necessidade de maiores profundidades para sua navegação e atracação.

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Seu projeto envolve grande complexidade, menores que de WIGs, porém acima da encontrada

por catamarãs, elevando seu preço de aquisição. Na figura 4 está o SWATH Planet, utilizado

para pesquisas pela marinha alemã.

Figura 4 - SWATH utilizado para pesquisas, o navio Planet da marinha alemã

2.2.2. Embarcações de Sustentação Hidrodinâmicas

Embarcações de sustentação hidrodinâmicas têm parte ou toda sua sustentação

proveniente de fenômenos hidrodinâmicos, quando estão navegando em sua velocidade de

serviço. Dependendo assim da velocidade na qual o fluido passa em seu casco ou hidrofólio

para gerar sua sustentação. Nesse grupo encontram se os monocascos planadores e os

aerobarcos.

2.2.2.1. Monocascos Planadores

Os monocascos planadores utilizam sua forma em “V” para que grande parte da sua

sustentação seja proveniente do casco com o fluxo de água em alta velocidade, efeito que pode

ser explicado através do princípio do escoamento em placa plana.

Dentre as embarcações normalmente utilizadas no transporte de passageiros, é a que

possui o projeto mais simples e mais barato de ser adotado. Portanto sua forma em “V” com

quinas vivas e sua única praça de máquinas permitem que possa ser construído de forma mais

fácil e rápida. Sua principal desvantagem se deve ao seu desconforto gerado em condições mais

severas de navegação. A figura 5 apresenta o monocasco planador Quer 50, o qual possui

capacidade para até 50 passageiros.

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Figura 5 - Monocasco de planeio, Quer 50 com capacidade para 50 passageiros

2.2.2.2. Aerobarcos

Segundo SCHACHTER e VIANNA (1996) os aerobarcos podem ser decritas como

embarcações que, em suas velocidades de operação, são sustentados hidrodinâmicamente por

fólios submersos. Dessa forma retiram o casco da água. Assim as únicas partes da embarcação

que ficam em contato com a água são os próprios hidrofólios, a estrutura que conecta o casco

aos hidrofólios e os propulsores. Dessa forma os aerobarcos conseguem reduzir a área de

contato com a água enquanto está navegando, permitindo alcançar velocidades muito elevadas.

Suas principais vantagens estão na grande velocidade desempenhada por essas

embarcações além do seu bom comportamento em condições de mar moderadas. Assim sendo

recomendados em condições de mar moderadas e normalmente empegados no transporte de

passageiros.

Uma de suas desvantagens é a incapacidade de transportar números muito elevados de

passageiros, pois para aumentar a capacidade de carga da embarcação deve aumentar a área do

hidrófolio, o que aumenta de forma a não se tornar possível o seu emprego em grandes

capacidades de carga. Além do problema já citads existe a necessidade de regiões de atracação

com profundidades significativas. Pois em baixas velocidades utiliza sustentação hidrostática,

havendo ainda a estrutura do hidrofólio e o próprio hidrofólio abaixo da linha d’água.

Devido as suas características, normalmente essas embarcações são utilizadas para

transporte de passageiros em regiões com profundidades mais consideráveis. Esse tipo de

embarcação no passado já fez o transporte de passageiros entre as cidades do Rio de Janeiro e

Niterói. Implementados na década de 1970 através da Baia da Guanabara, região que possui as

características mencionadas. A embarcação utilizada alcançava a velocidade de 70 quilômetros

por hora e transportava até 74 passageiros, realizando a travessia em 5 minutos. Na figura 6

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pode ser observada uma das embarcações que realizavam o transporte, o aerobarco Flecha de

Icaraí.

Figura 6 - Aerobarco Flecha de Icaraí

2.2.3. Sustentação Aerostática

O efeito aerostático consiste em utilizar o ar para manter parte ou toda a sustentação da

embarcação independentemente da velocidade em que se encontra. Utilizada em embarcações

que utilizam os chamados colchões de ar.

2.2.3.1. Air Cushion Vehicles

Segundo SCHACHTER e TEIXEIRA (2008), as embarcações conhecidas como

hovercrafts, ou Air Cushion Vehicles (ACV) flutuam sobre um colchão de ar que é criado por

um ventilador na cavidade sob o casco. Esta cavidade é circundada pelas chamadas “saias”, que

restringem a saída do ar. O colchão de ar reduz a resistência friccional do ACV, o que faz dele

uma embarcação bastante eficiente, embora dependente do ventilador que insufla o colchão.

Dessa maneira utilizam o colchão de ar para gerar a sustentação aerostática e suportar todo o

peso transportado. Sua propulsão se dá através da utilização de hélices que impulsionam a

embarcação, alcançando altas velocidades devido à falta de contato com água. Devido a redução

da resistência friccional não necessitam de grandes potencias para alcançá-las, quando

comparadas a outras embarcações. Suas utilizações podem ter fins particulares, transporte de

passageiros e até militares. Na figura 7 pode ser observado o maior veículo de colchão de ar do

mundo, o navio militar da série Zubr desenvolvido pela Rússia.

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Figura 7 – Maior hovercraft militar do mundo, classe Zubr da Rússia

Sua principal vantagem é não possuir calado, podendo ser utilizado sobre diferentes

superfícies como areia, gelo, neve e água, além de poder navegar em corpos d’água que

apresentem qualquer profundidade. Sua versatilidade torna possível utilizar zonas de embarque

para passageiros em terra, tornando desnecessária a construção de cais de atracação, sendo

esperada normalmente uma redução do custo do projeto. Podendo ser empregado para o

transporte de passageiros em diferentes ambientes, e transformações ambientais anuais em

regiões com climas árticos.

Sua principal desvantagem é a impossibilidade de ser utilizada em severas condições de

mar ou de vento. Assim sua utilização enfrenta restrições principalmente frente às condições

climáticas. Devido à necessidade de utilizar um ventilador para sustentar a embarcação sobre o

corpo d’água através do colchão de ar, para transportar uma maior quantidade de passageiros

se torna necessário utilizar ventiladores mais potentes, aumentando o consumo da embarcação.

Outra desvantagem pode ser considerada o alto custo de aquisição. Porém não significa que

necessariamente a utilização desse tipo de embarcação aumente o custo de capital do projeto.

Pois quando analisado o custo de capital do projeto, somando-se as obras de infraestrutura

necessárias para os terminais e a embarcação, o custo alcançado pode mostrar ser

compensatório a utilização desse tipo de embarcação.

2.2.3.2. Surface Effect Ships

O tipo de embarcação conhecido como SES, Surface Effect Ship, em tradução livre,

navio de efeito de superfície, ou ainda, Air-Cushion Catamaran, consiste em uma embarcação

com a mesma configuração de superestrutura e casco que em um catamarã. Porém parte de sua

sustentação é proveniente da sustentação aerostática, a qual é gerada por um colchão de ar

gerado entre os dois cascos dentro das saias na popa e na proa, similar com a utilizada nos

ACVs. A sustentação aerostática eleva parte do casco, diminuindo a superfície molhada,

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reduzindo o arrasto hidrodinâmico. Dessa forma se reduz a potência propulsora e o consumo

de combustível. Na figura 8 pode-se observar o SES San Paul do armador Venezia Lines, que

transporta passageiros na travessia Itália-Croácia.

Figura 8 – Navio de Efeito de Superfície San Paul na travessia Croácia-Itália.

Além da redução de combustível essa classe de navios possui melhor manobrabilidade

e eficiência quando comparado com ACVs, pois possui seus lemes e propulsores submersos.

Essas embarcações não são utilizadas em condições de mar severas, devido a reação da

embarcação perante as ondas, as quais criam espaços entre a saia e o corpo d’água perdendo

parte do efeito do colchão de ar. Assim a embarcação perde sustentação e eficiência. Seu projeto

é mais complexo do que catamarãs convencionais e monocascos planadores.

2.2.4. Sustentação Aerodinâmica

A sustentação hidrodinâmica, segundo LEMOS (2000), é obtida por efeito da passagem

do ar em velocidade pelas áreas não submersas do casco ou por fólios não submersos. Assim

quando não estão em velocidade de serviço, sua sustentação normalmente se deve ao empuxo

de seu casco.

2.2.4.1. WIGs

Os WIGs, wing in ground effect, são veículos que atuam a maior parte do tempo em vôo

próximo à superfície da água, explorando o fenômeno do efeito de solo, onde se obtêm aumento

da eficiência da asa, pela diminuição do arrasto induzido e da formação de downwash, como

descrito por SCHACHTER e COSTA (2004). Dessa maneira retirando o casco da embarcação

da água, reduz-se o arrasto da embarcação e possibilitando alcançar velocidades mais altas.

Uma das desvantagens dessas embarcações são suas limitações quanto à altura que

levantam da superfície, tornando inviável a navegação em condições de mar com grande altura

significativa de ondas. Foi amplamente utilizado pela na antiga União Soviética, a qual se

utilizava dessas características para que militares pudessem movimentar tropas sem ser

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monitorados por sonares ou radares. Uma vez que não tinham contato com a superfície não

eram captados pelos sonares e como não alcançavam alturas significativas não podiam ser

localizadas por radares. Assim, devido suas limitações e características, foram utilizados

principalmente pelo exército russo na região do Mar Cáspio, até que o desenvolvimento de

satélites possibilitou que esse tipo de embarcação pudesse ser localizada. Também apresenta

alto custo de aquisição e baixa capacidade de carga.

Sua principal vantagem no passado era sua furtividade, a qual não existe mais

contemporaneamente. Assim sua principal vantagem encontrada hoje é a possibilidade de

conseguirem alcançar altas velocidades, reduzindo o tempo de transporte para grandes

distâncias. Sendo uma das embarcações de transporte mais rápidas utilizadas.

Hoje seu principal emprego é no transporte de passageiros ou uso pessoal e recreativo.

Existem empresas que comercializam esse tipo embarcação, porém seu custo quando

comparado com os outros tipos de embarcação que transportam o mesmo número de

passageiros é muito mais elevado, sendo apenas justificado para grandes distâncias. Na figura

9 é apresentado um WIG da empresa Wing Ship.

Figura 9 - WIG utilizado para transporte de passageiros da empresa Wing Ship

2.3. Sistemas Propulsivos

O sistema propulsivo, além de fundamental para a embarcação, serve para caracterizá-

la. Serão aqui retratados aqueles que utilizam fontes energéticas para tal. Serão apresentados

três sistemas: hidrojato, hélices convencionais e hélices aéreas.

2.3.1. Hélices

O sistema propulsivo mais utilizado são aqueles compostos com hélices convencionais.

Seu uso consiste em uma turbina ou motor acoplado a um eixo, o qual movimenta um hélice

submerso. Seu uso se dá devido principalmente por sua grande eficiência energética a baixas

velocidades e baixo custo para seu emprego.

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O efeito de cavitação representa um grande limite ao se usar esse tipo de propulsão, o

qual consiste na vaporização do líquido, que está imersa, quando criada uma redução de pressão

entre as diferentes faces do hélice. A cavitação além de gerar ruído e vibração no eixo, desgasta

o hélice, fragilizando-o e retirando parte de sua eficiência. Esse efeito é gerado em altas

rotações, assim para embarcações de alta velocidade são necessários utilizar hélices especiais,

conhecidos como supercavitantes, os quais exigem mais complexidade e custo mais elevado.

Para uma boa eficiência do propulsor é necessário separá-lo do casco, para que o fluxo

do fluido que passará pelo hélice não sofra influência da interferência com o casco. Dessa forma

torna o propulsor muito exposto. Portanto em um abalroamento ou encalhe existe a

possibilidade de o sistema propulsivo sofrer avarias. Na figura 10 pode ser observado um

esquema de um sistema convencional de propulsão.

Figura 10 – Sistema Propulsor com Hélice

2.3.2. Hidrojato

Segundo a empresa neozelandesa, Hamilton Jet, o sistema a hidrojato consiste em um

jato de água, que gera impulso propulsivo a partir da reação criada quando a água é forçada na

direção contrária que se pretende locomover. Funciona conforme à Terceira Lei do Movimento

de Newton : “toda ação tem uma reação igual e oposta”.

Um dos benefícios de se usar esse tipo de sistema consiste no fato de que podem ser

instalados de forma a não gerar apêndices a embarcação. Dessa forma não aumentam a

resistência ao avanço da embarcação, apresentando um aumento da eficiência energética em

altas velocidades quando comparados com o sistema convencional. Devido a esse fator,

segundo LEMOS (2000), a utilização para velocidades acima de 25 nós podem representar

reduções na faixa de 8% a 12%, quando comparados com a utilização de leme e hélices. Na

figura 11 pode ser observado um sistema a hidrojato.

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Figura 11 – Sistema a hidrojato

O sistema possui melhor manobrabilidade, pois não precisa reduzir o giro do motor para

acionar a ré, o sistema propulsivo encontra-se de certa forma protegido em uma eventual colisão

ou encalhe. Esse sistema pode ser utilizado em baixas profundidades, porém respeitando o

limite imposto pelo fabricante de acordo com o tipo de leito do local.

2.3.3. Hélices Aéreos

Outro sistema utilizado são aqueles em que o hélice se encontra no meio aéreo e não

submerso, semelhantes com aqueles utilizados em aviões à hélice. Normalmente a hélice é

acoplada diretamente ao motor que a propulsiona. Utilizam grades para proteger a hélice de

danos e de possíveis acidentes.

Esse sistema apresenta uma grande vantagem frente aos outros em locais de baixa

profundidade, pois o propulsor encontra-se sempre protegido do choque com o leito ou outras

embarcações, além de não apresentar limitações para seu uso. Em alguns tipos de embarcações

que não estão em contato com a água, como os WIGs e os hovercrafts, são os únicos a poderem

ser utilizados.

Seu uso acarreta em algumas desvantagens, entre elas pode ser observado seu alto ruído

provocado pelas hélices, redução de sua manobrabilidade, devido ao fato de o leme se encontrar

no meio aéreo, além da menor eficiência, também devido ao meio que está inserida. A figura

12 apresenta o hovercraft Christy 9205 utilizando hélices aéreos.

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Figura 12 – Hovercraft Christy 9204 utilizando hélices aéreos

2.4. Fontes Energéticas

O sistema propulsivo pode ser alimentado por sistemas elétricos ou sistemas a

combustão ou até mesmo um conjunto entre os dois, utilizando geradores a combustão para

fornecer a energia necessária para o sistema propulsivo. Os motores a combustão utilizam

fontes não renováveis de combustível, como diesel, gasolina, óleo pesado ou LNG. Fontes de

energias não renováveis são as mais utilizadas.

Os sistemas inteiramente elétricos podem ser abastecidos por sistemas externos ou por

energia solar, ambos sendo armazenados em baterias, sendo as embarcações que as utilizam

conhecidas como embarcações com zero emissão. As baterias apresentam uma grande parte do

peso das embarcações elétricas. No caso de embarcações movidas a energia solar ainda deve

ser acrescentado o peso das placas solares. Embarcações solares necessitam de uma grande área

de exposição ao sol para alocar os painéis fotovoltaicos.

Embarcações solares não podem navegar com velocidades elevadas, pois a energia

proveniente das placas não consegue alimentar grandes potências necessárias para alcançar

altas velocidades. Na figura 13 é apresentada a embarcação movida a energia solar Abra 36 da

empresa Smart Own, utilizada para transporte de até 20 passageiros e velocidade máxima de

10 nós, utilizando 27 cavalos-força, horse-power (hp).

Figura 13 – Embarcação Abra 36 movida a energia solar

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2.5. Outras classificações

Algumas classificações de embarcações provêm da união de mais de uma característica.

Uma dessas embarcações são as pantaneiras. As quais utilizam monocascos planadores,

normalmente de fundo chato, e propulsão com hélices aéreos. Essas embarcações conseguem

navegar em pequenas profundidades e possuem a capacidade de se locomoverem em altas

velocidades. Muito empregada para transporte de passageiros e turismo em regiões pantanosas

nos estados unidos, e em climas árticos, uma vez que se locomovem sobre o gelo.

Esse tipo de embarcação apresenta algumas desvantagens. Além do seu elevado custo

de aquisição frente as embarcações que utilizam sistema convencional de propulsão, apresenta

grandes ruídos sonoros provocados pelos hélices aéreos. Muitas empresas que as fabricam

utilizam produção customizada, não apresentando modelos já consolidados. Sendo sempre

necessária a criação de um novo projeto de embarcação afim de atender as necessidades do

cliente. Normalmente os modelos existentes são apenas para fins recreativos. Na figura 14 é

apresentada a embarcação 24’ Caravan da empresa 1000 Island Airboats, que pode ser usada

para transporte de até 10 passageiros.

Figura 14 – Embarcação 24' Caravan da 1000 Island Airboats com capacidade de 10 passageiros

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3. Rota Proposta

Grande parte da renda gerada pelos habitantes do município de Maricá é proveniente de

serviços prestados em outras cidades, segundo o IBGE (2017), apresentando um percentual de

77,8 por cento das receitas oriundas de fontes externas. Assim grande parte dos habitantes são

trabalhadores, que todos os dias se deslocam por grandes distâncias entre Maricá e as cidades

onde trabalham.

A cidade possui aproximadamente 161 mil habitantes segundo o IBGE (2017), os quais

estão majoritariamente distribuídos ao longo da orla da lagoa de Maricá. Segundo IBGE (2017),

seus residentes possuem um salário mensal de 2,3 salários mínimos. Seu comércio está

concentrado no centro da cidade. Assim temos uma circulação de pessoas entre essas regiões

diariamente.

A região metropolitana do município de Maricá tem apresentado grande crescimento

populacional, estimado pelo IBGE (2017), em 25 por centro entre os anos de 2010 e 2018. Esse

crescimento é acompanhado por um desenvolvimento econômico, o qual pode ser observado

através do aumento de empregos na região, segundo a Prefeitura de Maricá de 107,8% entre os

anos de 2008-2017.

Com o crescimento é esperado um aumento da demanda por transporte público na

região. Este deve ser acompanhado por uma modernização da infraestrutura, permitindo que

haja o crescimento regional sem comprometer o trafego de veículos. Suas principais regiões

são interligadas de forma terrestre, com muitas ruas residenciais, havendo apenas uma grande

via de acesso para circulação de ônibus. Sua malha terrestre não possui grandes possibilidades

de expansão. Há nessas mesmas zonas a possibilidade de conexão através da Lagoa de Maricá,

assim torna-se evidente a comparação entre a malha terrestre existente e a malha hidroviária a

ser criada.

3.1. Rota Terrestre Existente

A empresa responsável pelo transporte público da região chama se Empresa Pública de

Transporte (EPT). Na figura 15 podem-se observar as linhas de ônibus existentes na região de

Maricá. Seus trajetos encontram-se sinalizados em vermelho, sendo selecionados apenas

aqueles que condizem com a região desejada.

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Figura 15 – Linhas de ônibus no entorno da lagoa de Maricá

Na figura 16 retirada do Google Maps pode-se observar o tempo necessário para se

locomover entre São José do Imbassaí e o centro de Maricá, trajeto mais longo do entorno da

região ao centro, sendo desconsiderada qualquer anormalidade no trajeto, como trânsito.

Figura 16 – Linhas de ônibus no entorno da lagoa de Maricá

Como pode ser observado na figura 17, o tempo de viagem a bordo do transporte de São

João do Imbassaí ao centro de Maricá é de aproximadamente 53 minutos e seu custo é de cerca

de R$ 4,55.

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Figura 17 – Tempo de viagem no transporte e custo do trajeto São João do Imbassaí e centro de Maricá

É notório observar que as regiões de Itapeba e Araçatiba são as únicas a terem conexões

com o centro próximas à lagoa. Outro fator a ser analisado é a falta de ligação direta entre os

locais, havendo a necessidade de sempre trocar de linha no centro. As linhas da região, que

conectam São Jose do Imbassaí e Ponta Grossa ao centro, utilizam o mesmo caminho, a rodovia

Amaral Peixoto. Possuem um tempo de transporte longo, levando cerca de uma hora para se

locomover apenas entre os pontos de embarque e desembarque. Além de ser necessário para

aqueles que se encontram perto da lagoa caminhar até a rodovia Amaral Peixoto, levando em

torno de 18 minutos de caminhada para o ponto de ônibus mais próximo. Esse deslocamento

que pode ser observado na figura 18 proveniente do Google Maps.

Figura 18 – Tempo necessário para se comover da lagoa ao ponto de embarque em São Jose do Imbassaí

A partir das informações da EPT, podem-se observar na tabela 1 as linhas responsáveis

pelo transporte na região e suas frequências. Deve-se evidenciar que as frequências

apresentadas são para o funcionamento em dias úteis. O percurso Rodoviária x Itapeba conecta

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Itapeba ao centro. Enquanto Rodoviária X Barra liga o centro à região de Araçatiba. Rodoviária

X Retiro, realiza a conexão de São João do Imbassaí e Ponta Grossa ao centro.

Tabela 1 - Linhas municipais de Maricá e suas frequências

Linhas EPT Frequência das Linhas

Rodoviária x Itapeba 1 hora

Rodoviária x Barra 1 hora e 10 min

Rodoviária x Retiro 1 hora e 30 min

3.2. Rota Hidroviária

Na figura 19 são apresentados os pontos de interesse da Empresa Pública de Transportes

de Maricá para analisar a possibilidade da criação do sistema de transporte hidroviário para

Maricá.

Figura 19 - Projeto da malha hidroviária proposta pela empresa EPT

Pode-se notar a presença de todas as regiões já apontadas na análise, pois nessas estão

distribuídas fatias significativas da população de Maricá. Essas regiões são banhadas pela lagoa,

o que torna possível utilizar o corpo d’água para o transporte da população residente nessas

regiões.

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Para a definição dos pontos de embarque deve-se observar a profundidade da região por

meio da batimetria do local. A batimetria utilizada no presente trabslho foi realizada pela ONG

Lagoa Viva na década de 1990 para a criação da carta náutica do Sistema Lagunar de Maricá

(ROSMAN, 2007). A figura 20 apresenta a batimetria original apresentada em ROSMAN

(2007).

Figura 20 - Batimetria apresentada em Rosman 2007

A figura 21 apresenta a batimentria da lagoa de Maricá apresentada por sistemas de

cores com base no trabalho desenvolvido por ROSMAN (2007 Nessa batimetria pode-se

observar os pontos possíveis de localização dos pontos de embarque, simbolizados através dos

círculos pretos, o contorno da lagoa e sua profundidade através de um sistema de cores, e sua

legenda onde os valores se encontram em metros. Para realizar essa imagem foi utilizado o

software Origin, inserindo latitude, longitude e profundidade. Além disso, pode-se ver os

possíveis terminais de embarque e uma possibilidade de como a rota pode ser realizada e seus

sentidos. Baseada em uma rota circular, assim como feita pela EPT.

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Figura 21 - Batimetria da Lagoa de Maricá

Evidencia-se através da batimetria apresentada na figura 21, que a região mais

promissora se tornou a região de São João do Imbassaí, com profundidade média acima de 1,4

metros. Já a região de Itapeba apresenta profundidades muito baixas, dificultando a navegação

no local e limitando os tipos de embarcação que podem ser utilizados. Caso contrário será

necessária a realização de grandes obras no local, como grandes dragagens e decks muito

longos, medidas as quais encarecem algum projeto a ser realizado.

Além da operação de dragagem possuir um custo elevado, torna-se necessário que seja

repetida constantemente, pois com o uso do local normalmente ocorre novamente seu

assoreamento. O preço de decks está diretamente relacionado com seu tamanho, assim decks

com grandes dimensões resultam em custos mais elevados de manutenção e de construção.

A utilização de longos cais aumenta a distância que os passageiros devem se deslocar

para alcançar onde está atracada a embarcação e como pode ser observada na batimetria seria

necessária a utilização de piers de aproximadamente 500 metros. Grandes distâncias podem

provocar uma barreira para seu uso. Como a batimetria observada já se encontra desatualizada,

torna-se impossível sem um estudo mais detalhado da região determinar o tamanho exato do

cais necessário na região para a introdução de embarcações que utilizem sustentação

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hidrostática. Dessa forma foi desconsiderada para o estudo a possibilidade de utilizar piers em

Itapeba. Observa-se, porém, que podem ser feitas análises mais refinadas que envolvam a

construção de piers e o uso de lanchas, embarcações que certamente apresentam custos mais

baixos em relação às outras alternativas consideradas.

Outra solução seria utilizar embarcações mais especializadas que possibilitem a

navegação em condições de baixa profundidade. A utilização delas aumenta o custo de

aquisição de embarcação do projeto. Porém esse é compensado pela redução dos custos de

infraestrutura dos pontos de embarque, o que as torna uma opção para ambas as rotas.

Torna-se de extrema importância discutir a criação do ponto de embarque em Itapeba,

ou realizar uma rota excluindo a localidade. A inclusão da região aumenta diretamente a

distância total da rota imaginada, além de limitar as condições de contorno para o sistema de

transporte. Assim nas figuras 22 e 23 são apresentadas as duas possíveis rotas, uma com todas

as regiões já citadas e outra excluindo Itapeba. Ambas as rotas foram criadas utilizando o

Google Maps e utilizando a ferramenta de medição de distâncias para que possam ser feitas

estimativas das distâncias totais de cada uma das rotas.

Figura 22 – Rota A: sem Itapeba

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Figura 23 – Rota B: incluindo Itapeba

Através da análise das duas rotas pode-se notar que a variação entre as distâncias totais

delas é de aproximadamente um quilômetro, demonstrando que a inclusão de Itapeba não gera

um aumento significativo na distância total da rota.

As localidades das estações de Ponta Grossa, Centro e Araçatiba possuem batimetrias

semelhantes, assim para a rota A serão essas nossas limitações de projeto. Enquanto para a rota

B, devem-se considerar as características físicas da região de Itapeba como fator limitante.

A rota A proposta tem 15,99 km, que correspondem a 8,63 milhas náuticas como pode

ser observado na figura 21. Através da figura 21 é possível perceber uma zona próxima à

margem com profundidade de 0,6 metros nas regiões com maiores restrições. Torna necessária

a construção de zonas de embarque através de decks para a atracação para a utilização de

embarcações mais convencionais. Por esse motivo foi considerada a possibilidade do uso de

embarcações mais especializadas e também das menos sofisticadas.

A rota B idealizada possui uma distância total de 17,05 km como se pode observar na

figura 22, que podem ser convertidas para 9,2 milhas náuticas. Deve-se considerar a lâmina

d’água mínima da região como 0,2 metros na zona de atracação de Itapeba. Essa condição faz

necessária a utilização de embarcações especiais, tornando possível utilizar pontos de embarque

em terra.

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Segundo o Sistema Base de Hidrodinâmica Ambiental (SiSBaHiA) as marés

encontradas na região têm influência muito baixa sobre o complexo lagunar, logo não se torna

necessária a preocupação com a variação dessa profundidade da região de atracação. E segundo

ROSMAN (2007) o leito do complexo lagunar é caracterizado por um fundo arenoso com a

predominância de areias médias.

Alguns fatores podem dificultar a implementação da rota pretendida:

• Assim como observado por FARAH (2005) a dispersão das populações dos

terminais pode resultar em mais pessoas optarem pela viagem de ônibus, devido

ao tempo necessário para chegar ao terminal, aumentando o tempo de viagem

do usuário;

• O alto custo do transporte pode resultar em mais pessoas optarem pelo transporte

terrestre, mesmo que esse possa ser mais lento, ou seus pontos de embarque

estarem mais distantes.

Para finalizar as rotas, devem ser estabelecidas as regiões de navegação em baixa

velocidade, devido à aproximação do local de atracação. Foram utilizadas as Recomendações

Permanentes de Segurança da Navegação da Capitânia dos Portos do Rio de Janeiro para essa

tarefa.

Segundo as recomendações não se deve navegar a menos de 200 metros da linha de

base, a qual pode ser estabelecida onde se inicia o espelho d’água. Segundo a Norman-03/DPC

(2005) embarcações de propulsão a motor poderão se aproximar da linha de base caso não haja

nenhum dispositivo contrário estabelecido pela autoridade competente. Toda aproximação

deverá ser feita perpendicular à linha base e com velocidade não superior a 3 nós, preservando

a segurança das pessoas.

Assim os trechos de 200 metros próximos às zonas de embarque deverão ter navegação

com velocidade de 3 nós, totalizando 1600 metros para a rota A e 2000 metros para a rota B de

navegação em velocidade reduzida para o atracamento da embarcação por volta completa na

rota estabelecida. Além dos trechos de aceleração e desaceleração os quais segundo FARAH

(2005) podem ser consideradas como 0,25 milhas náuticas (mn), correspondendo a um total de

2 mn para a rota A e 2,5 mn para a rota B, ou seja, 3,7 e 4,63 quilômetros respectivamente.

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Em resumo a rota A apresenta:

• 14,39 quilômetros de navegação alternando entre ponto de aceleração,

desaceleração e velocidade de cruzeiro;

• 1,6 quilômetros navegando a uma velocidade de 3 nós;

• Profundidade mínima de 0,6 metros;

• 4 pontos de embarque.

Enquanto a rota B:

• 15,05 quilômetros de navegação alternando entre ponto de aceleração,

desaceleração e velocidade de cruzeiro;

• 2 quilômetros navegando a uma velocidade de 3 nós;

• Profundidade mínima de 0,2 metros;

• 5 pontos de embarque.

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4. Seleção das Embarcações para Análise

Para a seleção das embarcações utilizadas na análise foram respeitados os limites de

cada rota, o calado e o fundo arenoso. Primeiro foram considerados apenas os limites da rota

A, uma vez que essa é a rota com as condições menos severas. Dessa forma, todas as

embarcações que não podem ser utilizadas para a rota A, também não poderão ser

implementadas na rota B.

4.1. Seleção do tipo de embarcação

4.1.1. Rota A

Primeiramente foram analisadas as propulsões possíveis de serem utilizadas. A primeira

a ser descartada foi a utilização de hidrojato, após representantes da empresa Rjet informarem

que em ambientes arenosos não é recomendável a utilização de hidrojatos com uma distância

entre a quilha e o fundo de menos de 60 centímetros. Assim qualquer tipo de embarcação que

tivesse sua sustentação através do empuxo ou efeitos hidrodinâmicos e utilizasse o sistema a

hidrojato poderiam comprometer o sistema propulsor. Essas são as únicas que utilizam esse

sistema. Logo o uso de hidrojato foi considerado inadequado para a análise. Na figura 24 pode-

se observar o funcionamento do sistema e o porquê é possível entrar detritos.

Figura 24 - Funcionamento do sistema a hidrojato

O sistema a hélice foi analisado junto com os tipos de meios de transporte hidroviários

que normalmente o utiliza. Embarcações que têm como meio de sustentação a hidrostática ou

hidrodinâmica, sendo incluídas embarcações de planeio, catamarãs, de deslocamento,

aerobarcos e SWATHs.

Devido à pequena profundidade na região, existe a possibilidade de que mesmo uma

embarcação com um pequeno calado próxima ao sistema apresente pouca distância até o fundo,

o que poderia resultar em um golpe acidental do propulsor ao solo. Há também a possibilidade

de remexer o leito levando detritos ao hélice, danificando o propulsor. Logo, embarcações já

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existentes no mercado não iriam garantir a integridade do sistema, mesmo que possuam calado

menor do que o mínimo estabelecido.

Um estudo específico para as condições de projeto deve ser realizado para a inclusão

desse sistema através da utilização de catamarãs ou monocascos. Essa análise que não foi

realizada nesse projeto.

Devido à falta de condições severas, uma vez que a navegação seja feita dentro de uma

lagoa, o uso de SWATHs são injustificáveis. A baixa profundidade impossibilita sua utilização

juntamente aos aerobarcos, devido às estruturas que possuem abaixo da linha d’água.

O último sistema a ser analisado foi a utilização de hélices aéreos. Nenhuma das

condições das limitações da região apresenta um problema para a utilização deles. Logo os

hélices aéreos, não apenas podem ser utilizados, como foram adotados enquanto a solução para

o baixo calado de projeto.

Decidido o tipo de propulsão a ser utilizado, deve-se determinar qual o tipo de

embarcação. É notório que apenas 3 tipos de embarcação normalmente utilizam aero-hélices,

WIGs, ACV e pantaneiras. Os WIGs foram descartados devido ao elevado custo de aquisição.

Uma vez que temos pequenas distâncias a serem percorridas não são necessárias velocidades

que justifiquem seu emprego.

Devido ao seu casco chato e seu sistema de propulsão não possuir contato com o meio

aquático, as pantaneiras podem navegar em pequenas lâminas d’água. Essa condição as torna

apropriadas ao trajeto.

Por fim devem-se analisar os hovercrafts. Como essa embarcação possui sustentação

aeroestática não possui contato com a água. Dessa forma podem navegar a qualquer

profundidade.

4.1.2. Rota B

A partir das conclusões obtidas para a rota A, na qual pantaneiras e hovercrafts podem

realizar o transporte dos passageiros, deve-se analisar se estas também podem ser utilizadas no

trajeto B. Como a região de Itapeba possui uma zona de navegação considerável a 20

centímetros de profundidade, mesmo que fossem adotados projetos de pantaneiras que teriam

calado inferior ao exigido pela região, o efeito squat poderia provocar o encalhe da embarcação.

Esse fenômeno hidrodinâmico é causado quando uma embarcação se move de maneira rápida

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em uma região de baixa profundidade gerando uma área de baixa pressão que aproxima a

embarcação do fundo. Na figura 25 pode ser observada uma representação do efeito squat.

Figura 25 - Efeito Squat

Dessa forma não se torna recomendável a utilização de pantaneiras, sendo os hovercrafts

os mais adequados para esse trajeto.

4.2. Fonte energética

Devido à alta potência normalmente utilizada nesses tipos de embarcações torna-se

impossível a utilização da fonte energética ser a solar. As embarcações para transporte de

passageiros que utilizam a energia solar apresentam uma potência na ordem de grandeza de 5 a

10 por cento daquelas utilizadas por ACVs.

A utilização de uma fonte elétrica externa não seria um problema em relação à potência.

Porém seu uso acarreta a necessidade de utilização de grandes baterias agregando peso à

embarcação. O aumento de carga gera uma diminuição do peso com passageiros sustentado por

ACVs e um aumento de calado em pantaneiras, necessitando de embarcações maiores para o

transporte de um mesmo número de pessoas, além de encarecer o projeto. Assim serão

utilizados motores a combustão para a propulsão das embarcações, estes normalmente já

utilizados pelas empresas que fabricam esses tipos de embarcação.

4.3. Capacidade da embarcação

Estabelecida a fonte energética e o tipo de embarcação falta determinar a ordem de

grandeza do número de passageiros das embarcações a serem analisadas. Para essa análise foi

determinado que fossem consideradas capacidades entre 10 e 40 passageiros, uma vez que essa

é normalmente a mesma de ônibus e micro-ônibus.

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4.4. Embarcações selecionadas

Deve-se ser recordado que para hovercrafts o calado não é uma informação importante

uma vez que utilizam sustentação aerostática. Porém condições de mar e de vento podem

apresentar-se como limitações para o uso dessa embarcação. Como teremos a navegação em

uma lagoa, as ondulações apresentadas no local podem ser desprezadas. Condições de vento

podem apresentar restrições quanto ao uso de hovercrafts. Porém a região não possui histórico

de condições severas. Assim haverá dias que não será possível navegar com ACVs devido às

condições meteorológicas, mas não sendo configurado como um dos fatores limitantes para a

seleção dos hovercrafts.

Assim os limites estabelecidos para ambas as rotas são:

• Capacidade mínima de passageiros: 10;

• Capacidade máxima de passageiros: 40;

Para a rota A:

• Calado máximo de 0,6 metros;

• Embarcações do tipo hovercraft ou pantaneiras.

Para a rota B:

• Embarcações do tipo hovercraft.

Na tabela 2 estão as embarcações selecionadas e suas principais características, onde

apenas a pantaneira, Caravan 24’ e a Touring 22, não podem ser utilizadas para a rota B:

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Tabela 2 - Embarcações selecionados

Nome do Modelo

Fabricante Comprimento

(m) Calado

(m) Capacidade

(psg.) Velocidade

Cruzeiro (nós) Potência

(Hp) Consumo

(litros/hora) Combustível

Vanguard V18

Vanair Hovercraft

11,05 - 19 35 350 33 Diesel

Vector V25 Vanair

Hovercraft 12,49 - 25 35 370 35 Diesel

Christy 9204

Christy Hovercrafts

8,23 - 12 32 205 20 Gasolina/

Diesel

Griffon 2000TD

Griffon Hoverwork

12,7 - 15 34 440 75 Diesel

Griffon 2400TD

Griffon Hoverwork

13,4 - 18 35 585 100 Diesel

A8 hovercraft

Aerohod 8,25 - 10 27 198 30 Gasolina/

Diesel

A20 hovercraft

Aerohod 12,9 - 28 27 370 59 Diesel

24' Caravan

1000 Islands Airboats

7,19 0,3 10 30 550 27 Gasolina

Touring 22 Diamondback

Airboats 7,32 0,2 22 25 550 46 Gasolina

Todas as embarcações selecionadas obedecem aos pré-requisitos de projeto. Percebe-se

que todas as embarcações possuem velocidades de cruzeiro próximas a 30 nós e que o aumento

da capacidade de passageiros não acarreta um grande aumento no seu comprimento.

Alguns dos ACVs tiveram sua concepção de direção parecida com veículos terrestres

para facilitar a sua navegação, utilizando volantes, instrumentação e um painel muito similar

àqueles encontrados em carros. Algumas das embarcações, tanto pantaneiras quanto

hovercrafts utilizam motores automotivos, até mesmo regionais, para facilitar a manutenção e

a reposição de peças. Tais peças são normalmente feitas no Canadá, Reino Unido, Rússia ou

Estados Unidos, podendo se adequar ao mercado nacional, facilitando a manutenção e reposição

de peças e o aprendizado para seu uso. Um exemplo desse tipo de embarcação é a Christy 9204,

a qual encontra na figura 26 demonstrando seu interior.

Figura 26 - Interior do hovercraft Christy 9204

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4.5. Terminal de Passageiros

A região não possui nenhum tipo de terminal previamente utilizado para transporte de

passageiros em hidrovias. Assim para a implementação do transporte se faz necessário que

sejam construídos todos os pontos de embarque.

4.5.1. Cais fixo

São construções realizadas para locais específicos, as quais podem utilizar aço, concreto

e madeira, servindo de conexão de passarelas e atracadouros para as embarcações. Uma vez

que não existe variação de maré sua utilização é recomendada para a rota A, a qual irá servir

para que as embarcações atraquem em regiões mais profundas, em caso de ser escolhida e ser

utilizadas embarcações de sustentação hidroestática ou hidrodinâmicas.

4.5.2. Cais flutuante

Os cais flutuantes são construídos normalmente em aço, podendo ser utilizado

poliestireno expansível (EPS) naval, reforçados com fibra de vidro, ou matérias poliméricas

com o mesmo fim do cais fixo. Normalmente é utilizado em locais com variação de maré. Seu

projeto é de fácil montagem e pode ser adaptado em diferentes locais, podendo ser utilizado em

locais de teste. Mesmo que a região de análise não apresente variação de maré, esse poderia ser

adotado, uma vez que existem incertezas de projeto. Dessa forma se faz possível realizar

pequenas modificações a fim de melhorá-lo. Na figura 27 é apresentado um cais flutuante

utilizado para fins particulares fabricado pela empresa Smart Pier.

Figura 27 – Cais flutuante da empresa Smart Pier

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4.5.3. Terminais terrestres

Embarcações como hovercrafts e pantaneiras podem utilizar terminais terrestres para

embarcar e desembarcar passageiros. As pantaneiras podem encalhar para tal finalidade e os

ACVs conseguem subir em terra. Para os hovercrafts normalmente é feita a terraplanagem do

local e depois é asfaltado o local que será utilizado, sendo esse o adotado para todas as paradas

da rota B. A figura 28 apresenta um terminal de hovercraft utilizado na Inglaterra.

Figura 28 – Terminal de hovercrafts, Inglaterra

4.5.4. Controle de embarque

Além do terminal responsável pelo atracamento da embarcação, deve-se recordar que é

preciso haver o controle de embarque de passageiros. Esse controle pode ser feito no próprio

cais ou no terminal terrestre, implementando catracas para controle do acesso, assim como

ponto de venda de bilhetes e assentos, para que os passageiros possam esperar pelo transporte

de forma adequada.

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5. Análise de Tempos

A partir das embarcações já selecionadas, deve ser elaborada a análise de tempos para

as embarcações, a fim de descobrir o tempo total para cada embarcação percorrer todo o trajeto,

o que levará ao custo do projeto.

5.1. Tempo de aceleração e desaceleração

Segundo LEMOS (2001), embarcações convencionais utilizam cerca de 2 a 3 minutos

para acelerar e de 1 a 2 minutos para desacelerar, enquanto EAVs necessitam de 2 e 1 minuto

respectivamente para cada tarefa. Como todas as embarcações selecionadas podem ser

consideradas EAVs, o tempo de qualquer uma das embarcações para realizar manobras de

aceleração e desaceleração é de 3 minutos por parada.

5.2. Tempo de atracação e desatracação

Segundo FARAH (2005), EAVs tardam a atracar ou desatracar 2 minutos em média

para cada ação, enquanto embarcações convencionais o fazem entre 2 e 4 minutos. Dessa forma

é totalizado um tempo de 4 minutos por ponto de embarque para as embarcações já

selecionadas.

5.3. Tempo de Viagem Aquaviária

Pode ser entendido como Tempo de Viagem Aquaviária (TVA) o somatório dos tempos

de desatracação, aceleração, viagem em cruzeiro, desaceleração e atração total do trajeto. A

diferença entre as duas rotas além da distância, se dá pelo número de paradas, o trajeto A tem

4 pontos de embarque e desembarque enquanto o B possui 5. Assim ao tempo de viagem

aquaviária de A são somadas 4 tempos de aceleração, desaceleração, atracação e desatracação

enquanto em B são 5. Assim TVA pode ser entendido como tempo da embarcação navegando,

para tal pode ser usada a seguinte expressão:

𝑇𝑉𝐴 = ∑𝑇𝑑𝑒𝑠𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜 + ∑𝑇𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + 𝑇𝑣𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚𝑑𝑒𝑐𝑟𝑢𝑧𝑒𝑖𝑟𝑜 + ∑𝑇𝑑𝑒𝑠𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 + ∑𝑇𝑎𝑡𝑟𝑎𝑐𝑎çã𝑜

Onde:

• Tdesatracação: tempo necessário para retirar as amarras do atracadouro e manobrar

a embarcação ao sentido desejado, alcançando a velocidade restrita;

• Taceleração: tempo que leva a embarcação a passar da velocidade restrita para de

serviço;

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• Tviagem de cruzeiro: duração da viagem sob velocidade restrita e sob velocidade de

serviço;

• Tdesaceleração: tempo que leva a embarcação a passar da velocidade de serviço para

restrita;

• Tatracação: tempo necessário para manobrar e colocar as amarras para seu

atracamento.

A tabela 3 apresenta os tempos de viagem aquaviária das embarcações selecionadas:

Tabela 3 - Tempo de viagem aquaviária para ambas rotas

Embarcação

Velocidade

Reduzida (hr)

Velocidade de

Serviço (hr)

Tempo Aceleração /

Desaceleração (hr)

Tempo Atracação /

Desatracação (hr) Total (hr)

Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B

Vanguard

V18 0,28 0,36 0,16 0,16 0,27 0,33 0,27 0,33 0,98 1,19

Vector V25 0,28 0,36 0,16 0,16 0,27 0,33 0,27 0,33 0,98 1,19

Christy 9204 0,28 0,36 0,18 0,18 0,27 0,33 0,27 0,33 0,99 1,2

Griffon

2000TD 0,28 0,36 0,17 0,17 0,27 0,33 0,27 0,33 0,98 1,19

Griffon 2400TD

0,28 0,36 0,16 0,16 0,27 0,33 0,27 0,33 0,98 1,19

A8 hovercraft 0,28 0,36 0,21 0,21 0,27 0,33 0,27 0,33 1,03 1,24

A20

hovercraft 0,28 0,36 0,21 0,21 0,27 0,33 0,27 0,33 1,03 1,24

24' Caravan 0,28 - 0,19 - 0,27 - 0,27 - 1,01 -

Touring 22 0,28 - 0,23 - 0,27 - 0,27 - 1,04 -

5.4. Tempo de embarque e desembarque nos terminais

De acordo com LEMOS (2000) considera-se uma taxa de transferência de 200

passageiros por minuto em média para embarque e desembarque de passageiros em EAVs.

Assim utilizada essa estimativa para embarque e desembarque em embarcações com a

capacidade daquelas selecionadas, o tempo em terminal (Tterminal) poderia ser considerado

desprezível para o problema, o que não é real para este problema. Assim, a partir do tempo

encontrado por LEMOS (2000), foi considerando um efeito de escala a fim de estabelecer uma

taxa de embarque e desembarque. A taxa de transferência da embarcação selecionada com a

maior capacidade, A20 Hovercraft com capacidade para 28 passageiros, tardaria o mesmo que

o maior tempo encontrado por LEMOS (2000), ou seja, 2,5 minutos para realizar o embarque

ou desembarque a fim de encontrar a taxa de transferência correspondente. O resultado

encontrado foi de uma taxa de transferência de 11 passageiros por minuto. Essa taxa foi

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utilizada para estabelecer todos os tempos de embarque e desembarque para todas as

embarcações, inclusive da embarcação A20 Hovercraft resultando em um tempo de embarque

e desembarque de 2,55 minutos por ponto de embarque.

5.5. Tempo de viagem redonda

O tempo de viagem redonda (TVR) para uma rota circular, assim como as selecionadas

pode ser considerado como o tempo de viagem aquaviária mais o tempo em terminal, assim

como na expressão:

𝑇𝑉𝑅 = 𝑇𝑉𝐴 + ∑𝑇𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙

Onde:

• TVA = Tempo de Viagem aquaviária;

• ∑TTerminal = Somatório dos tempos de embarque e desembarque para cada rota

proposta.

Os tempos de viagem redonda estão apresentados na tabela 4.

Tabela 4 - Tempo de viagem redonda para ambas rotas

Embarcação TVA (min) TVR (min)

Rota A Rota B Rota A Rota B

Vanguard V18 58,69 71,24 72,51 88,52

Vector V25 58,69 71,24 76,88 93,97

Christy 9204 59,62 72,15 68,35 83,06

Griffon 2000TD 58,99 71,53 69,89 85,16

Griffon 2400TD 58,69 71,24 71,79 87,61

A8 hovercraft 61,63 74,10 68,90 83,19

A20 hovercraft 61,63 74,10 81,99 99,56

24' Caravan 60,34 - 67,62 -

Touring 22 62,65 - 78,65 -

5.6. Intervalo entre partidas

Segundo LEMOS (2000) existem duas formas de determinar o intervalo entre partidas

sucessivas (Headway) das embarcações (Tentre partidas).

A primeira utiliza a demanda da capacidade de passageiros da embarcação e a demanda

sendo o intervalo calculado através da seguinte expressão:

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𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 = 60 𝑥𝑝𝑎𝑥

𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎

Onde:

• I = frequência de atendimento, em minutos;

• Pax = capacidade de passageiros da embarcação;

• D = demanda de passageiros, por hora.

A segunda estabelece uma comparação com serviços prestados por outros modais e

então utiliza os valores estabelecidos por eles para se manter competitivo. Esse foi o método

adotado para a análise, o qual utiliza a seguinte expressão:

𝑇𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 = 𝑇𝑉𝑅

𝑛

Onde:

• I = frequência de atendimento, em minutos;

• TVR = tempo de viagem redonda;

• n = número inteiro de embarcações que realizará o transporte.

5.7. Tempo médio de permanência do usuário no sistema

O tempo médio de permanência (TMP) foi descrito por FARAH (2005) como o tempo

percebido pelo usuário ao utilizar o sistema. A partir do conceito, pode ser descrito para um

sistema circular como:

𝑇𝑀𝑃 = 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜𝑑𝑒𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 + 𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒 +𝑇𝑉𝐴

2+ ∑ 𝑇𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑚𝑒𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑜𝑠 +

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas; essa hipótese pode ser utilizada para processos

completamente randômicos, como em serviços urbanos ou de alta frequência;

• ½ TVA = Tempo médio de viagem aquaviária.

• ½ Tdesembarque= Tempo médio que um passageiro leva para desembarcar em sua

parada final;

• Tembarque = Tempo de embarque no terminal inicial;

• Tterminais intemediários = Tempo de terminal para os pontos de embarque entre os final

e inicial.

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A figura 29 ilustra como foi encontrada a equação do TMP para a rota A, onde os

círculos pretos representam os terminais da rota, as setas o percurso, a letra E os tempos de

embarque e a letra D os tempos de desembarque para a média de percurso.

Figura 29 – Esquema TMP rota A

Assim o TMP pode ser descrito pela seguinte expressão para a rota A:

𝑇𝑀𝑃𝐴 = 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 +𝑇𝑉𝐴𝐴

2+ 2𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒 +

3𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• TMPA = Tempo médio de permanência do usuário no sistema da rota A;

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas;

• ½ TVAA = Tempo médio de viagem aquaviária para a rota A;

• ½ Tdesembarque= Tempo médio que um passageiro leva para desembarcar em sua

parada final;

• Tembarque = Tempo de embarque nos terminais;

• Tdesembarque = Tempo de desembarque nos terminais.

O tempo médio de volta redonda (TVR) para a rota A pode ser representado pela

seguinte expressão:

𝑇𝑉𝑅𝐴

2=

𝑇𝑉𝐴𝐴

2+ 2𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒 + 2𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

Onde:

• TVRA = Tempo de volta redonda da rota A;

• ½ TVAA = Tempo médio de viagem aquaviária para a rota A;

• Tembarque = Tempo de embarque nos terminais;

• Tdesembarque = Tempo de desembarque nos terminais.

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Dessa forma substituindo o TVR na fórmula do TMP, encontra-se a seguinte expressão:

𝑇𝑀𝑃𝐴 = 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 +𝑇𝑉𝑅𝐴

2−

𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• TMPA = Tempo médio de permanência do usuário no sistema da rota A;

• TVRA = Tempo de volta redonda da rota A;

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas;

• ½ Tdesembarque= Tempo médio que um passageiro leva para desembarcar em sua

parada final;

Para a rota B foi feito o mesmo processo. A figura 30 ilustra como foi encontrada a

equação do TMP para a rota B. Onde os círculos pretos representam os terminais da rota, as

setas o percurso, a letra E os tempos de embarque e a letra D os tempos de desembarque para a

média de percurso, assim como feito para a rota A.

Figura 30 – Esquema TMP rota B

Assim o TMP pode ser descrito pela seguinte expressão para a rota B:

𝑇𝑀𝑃𝐵 =𝑇𝑉𝐴𝐵

2+ 3𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒 +

5𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• TMPB = Tempo médio de permanência do usuário no sistema da rota B;

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas;

• ½ TVAB = Tempo médio de viagem aquaviária para a rota B;

• ½ Tdesembarque= Tempo médio que um passageiro leva para desembarcar em sua

parada final;

• Tembarque = Tempo de embarque nos terminais;

• Tdesembarque = Tempo de desembarque nos terminais.

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50

O tempo médio de volta redonda (TVR) para a rota B pode ser representado pela

seguinte expressão:

𝑇𝑉𝑅𝐵

2=

𝑇𝑉𝐴𝐵

2+

5𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2+

5𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• TVRB = Tempo de volta redonda da rota B;

• ½ TVAB = Tempo médio de viagem aquaviária para a rota B;

• Tembarque = Tempo de embarque nos terminais;

• Tdesembarque = Tempo de desembarque nos terminais.

Dessa forma substituindo o TVR na fórmula do TMP, encontra-se a seguinte expressão:

𝑇𝑀𝑃𝐵 = 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 +𝑇𝑉𝑅𝐵

2+

𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• TMPB = Tempo médio de permanência do usuário no sistema da rota B;

• TVRB = Tempo de volta redonda da rota B;

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas;

• ½ Tdesembarque= Tempo médio que um passageiro leva para desembarcar em sua

parada final;

Foram analisadas as possibilidades de utilização de 1 a 3 embarcações daquelas

selecionadas para ambas as rotas. Seus resultados estão na tabela 5.

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Tabela 5 - Tempo médio de permanência do usuário no sistema

Embarcação

TVA (min)

1/2 Headway Tempo Médio de Permanência

Quantidade de barcos Quantidade de barcos

1 2 3 1 2 3

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Rota

A

Rota

B

Vanguard V18 72,5 88,5 72,5 88,5 36,3 44,3 24,2 29,5 71,6 89,4 53,5 67,3 47,5 59,9

Vector V25 76,9 94,0 76,9 94,0 38,4 47,0 25,6 31,3 75,7 95,1 56,5 71,6 50,1 63,8

Christy 9204 68,3 83,1 68,3 83,1 34,2 41,5 22,8 27,7 67,8 83,6 50,7 62,8 45,0 55,9

Griffon

2000TD 69,9 85,2 69,9 85,2 34,9 42,6 23,3 28,4 69,2 85,8 51,7 64,6 45,9 57,5

Griffon

2400TD 71,8 87,6 71,8 87,6 35,9 43,8 23,9 29,2 71,0 88,4 53,0 66,5 47,0 59,2

A8 hovercraft 68,9 83,2 68,9 83,2 34,4 41,6 23,0 27,7 68,4 83,6 51,2 62,8 45,5 55,9

A20 hovercraft 82,0 99,6 82,0 99,6 41,0 49,8 27,3 33,2 80,7 100,8 60,2 75,9 53,4 67,6

24' Caravan 67,6 - 67,6 - 33,8 - 22,5 - 67,2 - 50,3 - 44,6 -

Touring 22 78,7 - 78,7 - 39,3 - 26,2 - 77,7 - 58,0 - 51,4 -

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6. Estimadores de Custo

O sistema de transporte proposto não pode possuir um intervalo entre partidas maior do

que os meios de transportes coletivos atuais já possuem. Dessa forma a frequência do sistema

deve ser próxima àquela observada na tabela 1, a fim de utilizar a menor quantidade de

embarcações possíveis. Na tabela 1 são apresentadas as frequências de 3 linhas municipais que

realizam o transporte de passageiros da região, uma vez que o serviço proposto irá realizar o

transporte das 3 regiões, logo não poderá apresentar uma frequência menor do que qualquer

uma das apresentadas, sendo o tempo máximo de headway igual a uma hora. Deve ser

assegurado também que o tempo médio de permanência do sistema dos passageiros não se veja

afetado, o qual também tem relação com TVA.

Com o intuito de determinar o tempo de operação diário do sistema, foram utilizados os

dados do sistema de transporte coletivo terrestre. Segundo a empresa EPT a operação diária tem

início às 4 horas e 30 minutos da manhã e encerrando aproximadamente às 23 horas e 30

minutos, para a linha Rodoviária X Retiro, a qual possui o maior período de funcionamento

diário. Assim pode ser adotado como período de operação 19 horas diárias. Os horários de

menor fluxo de passageiros devem ser utilizados para a manutenção e abastecimento da

embarcação, a fim de que os horários de pico funcionem normalmente.

Segundo FARAH (2005) devem-se adotar 20 dias de off-hire anuais a fim de revisões

de casco, máquinas, equipamentos de automação, segurança e vistorias para manutenções e

notação de classe que deverão ser realizadas. Logo, o ano operacional é de 300 dias. Como

existe normalmente uma queda de transporte nos fins de semana, podem ser adotados intervalos

maiores entre partidas, a fim de se adequar melhor ao fluxo de passageiros.

6.1. Estimadores de Custo

Segundo STOPFORD (1997), o custo total do navio pode ser calculado através da

seguinte equação:

𝐶𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝐶𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 + 𝐶𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 + 𝐶𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚

Custo de capital deve ser entendido como o custo de aquisição das embarcações que

serão utilizadas para o transporte e os terminais. Custo operacional como aquele referente à

manutenção e operação da embarcação, enquanto o custo de viagem diz respeito aos

consumíveis. O custo total é calculado como um custo diário.

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6.2. Custo de Capital

Segundo LEMOS (2000), ao se utilizar terminal privado, o custo de capital do terminal

é somado ao custo de capital e o custo de administração do terminal é contado no custo

operacional. O custo de capital é formado pelo somatório dos custos de aquisição das

embarcações e terminais, sendo aplicadas as devidas taxas de financiamento e de desconto.

A taxa de desconto pode ser entendida como a taxa mínima de atratividade (TMA)

definida a priori pelo investidor com base no custo de oportunidade e benefícios de cada uma

das fontes de capital. Segundo SOUZA (2010), as taxas de desconto para estimar o custo de

capital das embarcações podem variar entre 8% e 12%. Assim para análise foi adotada a média

de 10%. Esse valor junto ao tempo de vida útil, de 20 anos para a análise, é utilizado para

calcular o custo de capital anual referente às embarcações

Através de catálogos das fabricantes das embarcações selecionadas foi determinado o

preço internacional das embarcações, que se encontram na tabela 6. Assim foram calculados

dois custos de capital, um utilizando um sistema de financiamento internacional, os impostos

referentes à sua importação e o preço internacional, enquanto o outro foi calculado utilizando

um estimador para a correção para o preço nacional e financiamento através do fundo da

marinha mercante.

Tabela 6 – Preço internacional das embarcações selecionadas

Nome do Modelo Preço Internacional (US$)

Vanguard V18 789.000,00

Vector V25 889.000,00

Christy 9204 128.540,00

Griffon 2000TD 1.452.000,00

Griffon 2400TD 1.936.000,00

A8 hovercraft 73.000,00

A20 hovercraft 360.000,00

24' Caravan 169.000,00

Touring 22 120.000,00

6.2.1. Custo de capital da embarcação importada

Para determinar o custo de capital da embarcação importada se faz necessário

determinar o montante da barreira tarifária referente à importação de embarcações de

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passageiros. Segundo SOUZA (2010) a carga tributária total envolvida no processo de

importação representa 41% do valor do contrato.

As condições de financiamento para a aquisição das embarcações foram determinadas

através das condições de financiamento internacional da Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OECD). Os juros aplicados têm sido muito reduzidos, porém é

esperado que retornem aos encontrados anteriormente como os apresentados por SOUZA

(2010), os quais foram utilizados na análise:

• Carência de 6 meses;

• Financiamento de 80% da embarcação;

• Período de amortização de 12 anos;

• Taxa de juros de 5 % ao ano.

Os custos de capital de cada uma das embarcações para a situação descrita encontram-

se apresentados na tabela 7, junto ao custo de capital anual para a condição.

6.2.2. Custo de capital da embarcação nacional

Historicamente o Brasil apresenta preços mais elevados do que aqueles praticados no

mercado internacional, segundo SOUZA (2010) essa situação continua a se repetir. De acordo

com GEIPOT (1999) a diferença pode ser estimada para a ordem de 40%. A estimativa de

GEIPOT refere-se a um valor médio de embarcação de grande porte praticadas nos anos 1970-

1990, a qual foi adotada na análise devido à falta de estimadores mais apropriados. Encontrar

os preços praticados nacionalmente pode ser uma solução, a qual tentou-se adotar para a análise,

porém a falta de informações de ACVs e pantaneiras impossibilitou determinar esses valores.

Para o financiamento da embarcação foram utilizadas as condições oferecidas pelo

fundo da marinha mercante para embarcações de passageiros:

• Carência de 4 anos;

• Financiamento de 90% da embarcação;

• Período de amortização de 20 anos;

• Taxa de juros de 2,5~5 % ao ano.

Assim foram calculados os custos de capital para embarcações nacionais utilizando a

taxa média de 3,75% de juros. Os valores encontrados para cada uma das embarcações

selecionadas encontram-se na tabela 7, junto aos custos de capital anual correspondentes.

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Tabela 7 – Custo de capital para das embarcações selecionadas para a situação de importação e a de fabricação nacional

Embarcação Capital Total

Nacional Capital Anual

Nacional Capital Total

Importada Capital Anual

Importada

Vanguard V18 597.226,31 70.149,98 792.558,85 93.093,67

Vector V25 672.920,39 79.040,98 893.009,91 104.892,61

Christy 9204 97.297,17 11.428,49 129.119,79 15.166,36

Griffon 2000TD 1.099.078,08 129.097,30 1.458.549,37 171.320,66

Griffon 2400TD 1.465.437,44 172.129,73 1.944.732,49 228.427,55

A8 hovercraft 55.256,68 6.490,43 73.329,27 8.613,23

A20 hovercraft 272.498,70 32.007,59 361.623,81 42.476,20

24' Caravan 127.923,00 15.025,79 169.762,29 19.940,21

Touring 22 90.832,90 10.669,20 120.541,27 14.158,73

Como pode ser observada na tabela 7, a condição para a importação apresenta um

aumento de 25% frente à possibilidade de construção pelo mercado nacional. As duas

possibilidades continuarão a ser observadas

6.2.3. Custo de capital dos terminais

Para os custos de capital referente aos terminais foram utilizados estimadores de

fornecedores nacionais de cais. Para o custo dos terminais da rota A foram estimados 4 piers,

variando sua área entre 30, 40 e 50 metros quadrados para os diferentes tipos de cais existentes

(fixo, flutuante e de plástico flutuante). Os estimadores por metro quadrado podem ser

observados a seguir:

• Cais fixo = 1500,00 R$/m²

• Cais flutuante = 2500,00 R$/m²

• Cais flutuante em módulos de polímero = 900,00 R$/m²

Para os terminais terrestres foram considerados os custos com a cimentação de 300

metros quadrados por terminal a fim de alocar até duas embarcações. Para um dos terminais foi

considerado o custo de gradeamento do local, para funcionar como garagem das embarcações,

sendo considerados 70 metros de perímetro com gradeamento. Os estimadores, adquiridos

através de empresas de construção civil se encontram a seguir:

• Cimentação = 90 R$/m²

• Gradeamento = 140 R$/m

Para ambas as rotas foram consideradas a instalação de uma catraca. O custo por catraca

foi adquirido através do catálogo da empresa canal automação, cerca de R$ 2000,00. A venda

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de bilhetes foi designada ao funcionário presente em cada terminal, sendo necessária a

construção de uma cabine para alocá-lo. O custo por cabine foi determinado através do custo

médio para obras civis determinado pelo IBGE (2019) de 1230,00 reais por metro quadrado

para o estado do Rio de Janeiro. O tamanho por cabine foi considerado como 3 metros

quadrados, e seu custo como 3690 reais por terminal.

Para calcular o custo de capital para os diferentes tipos de terminais, foram utilizadas as

condições de financiamento do BNDES (2019) para sistemas de transporte público, as quais

podem ser observadas a seguir:

• Taxa de 7,25~8,5% de juros anuais;

• Amortização de 20 anos;

• Carência de 6 meses;

• Financiamento de 90% do projeto.

A partir dos estimadores determinados e a taxa de juros média, 7,75%, foram calculados

os custos de capital para os terminais para cada rota sendo convertidos em dólar através da taxa

de conversão média de R$ 2,95 para cada dólar americano, segundo o Centro de Estudos

Avançados em Economia Aplicada da USP (CEPEA) para o período de 2012 a julho de 2019,

os quais podem ser observados na tabela 8, 9, 10 e 11.

Tabela 8 – Custo de capital para os diferentes tipos de cais para a rota A com custo otimista

Área de Cais (m²) 30

ROTA A

Tipo de Terminal Cais Fixo Cais Flutuante Cais Polímero

Custo de Capital Anual (US$) 7713,75 12279,00 4974,60

Tabela 9 – Custo de capital para os diferentes tipos de cais para a rota A com custo esperado

Área de Cais (m²) 50

ROTA A

Tipo de Terminal Cais Fixo Cais Flutuante Cais Polímero

Custo de Capital Anual (US$) 12279,00 15781,82 7713,75

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Tabela 10 – Custo de capital para os diferentes tipos de cais para a rota A com custo pessimista

Área de Cais (m²) 70

ROTA A

Tipo de Terminal Cais Fixo Cais Flutuante Cais Polímero

Custo de Capital Anual (US$) 16844,25 27496,50 10452,90

Tabela 11 – Custo de capital para terminais terrestres para ambas rotas

Área do Terminal (m²) 300

ROTA A B

Tipo de Terminal Terrestre Terrestre

Custo de Capital Anual (US$) 5347,43 6591,08

6.3. Custo Operacional

O custo operacional é constituído pela despesa com tripulação, rancho, manutenção,

reparos, provisão para docagem, sobressalentes, materiais, seguros e administração.

6.3.1. Tripulação

Devido ao pequeno porte das embarcações selecionadas, contando um arqueamento

bruto abaixo de 10 e a potência máxima abaixo de 750 kW, o capítulo 2 da NORMAN (2005),

estabelece que se faça necessária a presença de um comandante e de um marinheiro de

máquinas.

Segundo GEIPOT (1999), os encargos sociais incidentes no salário são de 131,30%

como pode ser observado na tabela 12.

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Tabela 12 – Encargos sociais incidentes

Item Índice Descrição

Salário Básico 100,00% 12 vezes o salário básico

Salário Indireto 15,32% 13º e abonos

Previdência Social 27,52% INSS e seguros de acidentes de trabalho sobre salário básico e indireto

FGTS 9,23% 8% do salário básico e indireto

Outros encargos 7,00% Incra e salário educação sobre salário básico e indireto

Férias 39,27% 90 Dias (salários, prev. Social, FGTS e outros encargos)

Ponto 7,85% 5% sobre salários, prev. Social, FGTS e outros encargos

Seguros Privados 22,27% Seguro de vida e saúde referentes a acordos coletivos

Demissões 4,74% Aviso Prévio

Total 231.10%

Fonte: GEIPOT (1999)

Devido ao longo período de operação foi adotada a utilização de duas tripulações por

embarcação além de um período de férias de 30 dias o qual deverá ser cumprido por

contratações temporárias de profissionais no mercado. O custo com tripulação para cada

embarcação encontra-se na tabela 13, com base nos salários determinados por GEIPOT (1999).

Tabela 13 – Salários das tripulações por embarcação

Tripulante QT Salário

(US$)

Encargos

(US$)

Total Unitário

(US$)

Total

(US$)

Comandante (CMT) 2 1.030,00 1.350,33 2.380,33 4760,66

Marinheiro de Convés (MNC) 2 380,00 498,18 878,18 1756,36

TOTAL 4 6517,02

Fonte: GEIPOT (1999)

Além das tripulações deve ser contratado ao menos um profissional de terra com

treinamento especializado em comissariado de bordo por ponto de embarque. Segundo LEMOS

(2001), os salários desses profissionais estão na faixa de US$ 270,00.

6.3.2. Administração

Segundo LEMOS (2001), não existem dados seguros e confiáveis quanto aos custos de

administração para empresas brasileiras em operação na área de transporte de passageiros.

Esses custos incluem aluguel de escritório, contas de luz, água e outros. Pode ser considerada

uma faixa de 10 mil a 50 mil dólares mensais, uma vez que o sistema proposto representa uma

operação pequena foi utilizado o valor de 10 mil dólares mensais.

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6.3.3. Manutenção e Reparos

O trabalho realizado por FOSS (1991) estabeleceu estimadores de custos para a

manutenção de embarcações que utilizam motores diesel de média e alta rotação, a partir dos

valores encontrados para o motor MTU 16V 396 74L. A potência de um motor pode ser

modificada variando sua rotação ou o volume dos cilindros. A periodicidade das manutenções

e revisões das unidades propulsoras varia de acordo com o nível de potência que o motor é

ajustado.

As manutenções podem apresentar duas condições descritas por FARAH (2005): a

favorável, onde se encontra uma situação ideal de manutenção em que as peças de reposição

estão no local de docagem além de pessoal especializado. E a desfavorável, onde pode ser

necessária a importação de peças ou grandes deslocamentos de mão de obra especializada. Na

tabela 14 estão apresentados os estimadores de custo encontrados por FOSS (1991).

Tabela 14 – Salários das tripulações por embarcação

Fonte: FOSS (1991)

Existem na tabela 13 dois grupos de estimadores de custo: custo de manutenção e reparo

de casco e sistemas de automação, e custo de manutenção e reparos de instalação propulsora,

com motor diesel de alta rotação.

O primeiro grupo pode ser utilizado por todas as embarcações, a não ser hovercrafts e

SES, devido às suas saias de borracha. Já o segundo grupo refere-se às embarcações que

utilizam arranjos de sistemas propulsivos que utilizem motor diesel de alta rotação. Como não

há informações disponíveis de custos de manutenção específicos para cada tipo de embarcação

ou para embarcações a gasolina, esse foi adotado para todas as embarcações selecionadas na

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análise. Foram consideradas, assim como FARAH (2005), operações em regime de 100%, em

que os componentes são adquiridos a custos médios e que as condições de manutenção são

desfavoráveis.

Segundo FARAH (2005), para hovercrafts pode-se atribuir o seguinte estimador de

custo de manutenção, onde estão inclusos manutenção dos motores, do hélice, do insuflador de

ar, das saias e demais sistemas:

𝐶𝑀𝑎𝑛 𝑒 𝑅𝑒𝑝 = 0,0033%. 𝑃

Onde:

• P = Preço da Embarcação;

• Cman e Rep = possui a unidade de US$/h.

6.3.4. Materiais e Sobressalentes

Segundo LEMOS (2001), operadores de transporte aquaviário de passageiros atribuem

o custo anual de 1% do valor da embarcação para materiais e sobressalentes.

6.3.5. Seguros

Segundo LEMOS (2001), o custo geral com seguro está numa faixa de 2,5% a 3,2% ao

ano sobre o preço das embarcações. Sendo adotado o valor médio de 2,85% para o estudo.

Porém para uma análise mais profunda cabe buscar encontrar estimadores mais precisos.

6.3.6. Docagem e Vistorias

É mandatório para cada período de renovação de classe, a cada cinco anos, que a

embarcação seja inspecionada em dique seco. Além da vistoria de renovação de classe, ainda

são necessárias as vistorias anuais e intermediárias. Após o terceiro ciclo de renovação se faz

necessária a docagem em dique seco da embarcação também nas vistorias intermediárias. As

vistorias podem ser relacionadas a itens de classe como casco e máquinas e a requisitos

estatutários (vinculados a MARPOL, ICLL e SOLAS). O custo anual de um ciclo completo de

vistoria mandatória é da ordem de 35% do custo de manutenção por ano, de acordo com dados

da sociedade classificadora Bureau Veritas, FARAH (2005).

6.4. Custo de Viagem

Custos de viagem podem ser entendidos como o conjunto de custos variáveis, os quais

dependem da realização de uma viagem. Logo são os custos com combustível, no mar e no

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61

porto, despesas portuárias, taxas de travessia de canais, comissões e limpeza de porões ou

tanques. Para a análise, compreende a distância percorrida e tempo de uso da embarcação.

Refere-se dessa forma aos consumíveis da embarcação, combustível e óleo.

O regime de operação foi adotado como 345 dias ao ano, com funcionamento de 19

horas diárias. Os consumos das embarcações foram obtidos a partir dos catálogos dos

fabricantes para a velocidade de serviço. Esse consumo foi adotado para todo o percurso, e

sendo desconsiderado o consumo em atracação e embarque de passageiros. Segundo LEMOS

(2000) o custo com óleos e lubrificantes pode ser considerado como 2% do custo total com

combustíveis.

Uma vez que a maioria das embarcações selecionadas utiliza motores automobilísticos

e se tem maior disponibilidade de combustíveis veiculares na região do que de combustíveis

marítimos, fez-se necessário estipular os valores dos combustíveis, tanto do diesel quanto da

gasolina. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) entre

2013 e julho de 2019 o preço médio da gasolina vendida no estado do Rio de Janeiro foi de R$

3,38 por litro, enquanto do óleo diesel foi de R$ 2,58 por litro. Para o mesmo período o preço

do dólar teve uma taxa de conversão média de R$ 2,95 para cada dólar americano, segundo o

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (CEPEA). Dessa forma o preço

médio da gasolina foi estipulado como US$ 1,15 por litro enquanto do diesel foi de US$ 0,87.

6.5. Custo Diário da Embarcação

O custo total da embarcação deve ser calculado para um custo anual, então transformado

em um custo total diário, através da seguinte expressão:

𝐶𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜 = 𝐶𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙_𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙

𝐴𝑛𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

Onde:

• CDiário = Custo total diário do sistema de transporte;

• CTotal Anual = Custo total anual da operação;

• Ano Operacional = Ano comercial menos período de off-hire, 345 dias.

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62

6.6. Custo de Viagem Redonda

O custo de viagem redonda é obtido através da divisão do custo diário pelo número

inteiro de voltas redondas dado pela embarcação em um único dia, apresentada na seguinte

expressão:

𝐶𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑅𝑒𝑑𝑜𝑛𝑑𝑎 =𝐶𝐷𝑖á𝑟𝑖𝑜

𝑁𝑉𝑅

Onde:

• CViagem Redonda = Custo de viagem redonda da embarcação;

• CDiário = Custo total diário da operação;

• NVR = Número inteiro de voltas redondas dado em um dia pela embarcação.

6.7. Custo por Lugar Oferecido

O custo por lugar oferecido é determinado pela capacidade de passageiros da

embarcação para uma volta redonda. Existem alguns pontos de embarque e desembarque para

ambas as rotas, o que possibilita que um mesmo lugar que tenha sido ocupado anteriormente

possa voltar a ser ocupado antes de terminar a volta redonda. Assim o custo por lugar oferecido

se refere à capacidade da embarcação e à quantidade de pontos de embarque e desembarque.

Calculada pela seguinte expressão:

𝐶𝐿𝑂𝐹 =𝐶𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑅𝑒𝑑𝑜𝑛𝑑𝑎

𝑃𝐴𝑋 𝑥 𝑁𝑃

Onde:

• CLOF = Custo por lugar oferecido;

• CViagem Redonda = Custo de viagem redonda da embarcação;

• PAX = Capacidade de passageiros da embarcação;

• NP = Número de pontos da rota referida.

6.8. Custo por Lugar Ocupado

O custo por lugar ocupado é determinado pela divisão do custo por lugar oferecido pela

porcentagem de ocupação da embarcação, como pode ser observada na seguinte expressão:

𝐶𝐿𝑂𝐶 = 𝐶𝐿𝑂𝐹

% 𝑂𝑐𝑢𝑝𝑎çã𝑜

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63

Onde:

• CLOC = Custo por lugar ocupado;

• CLOF = Custo por lugar oferecido;

• %Ocupação = Taxa de ocupação média por viagem redonda.

Como foram apresentadas antes, para ambas as rotas existe a possibilidade de se ocupar

o mesmo lugar mais de uma vez por viagem redonda. Assim para uma taxa de 100% a cada

ponto de embarque desembarcariam todos a bordo e embarcaria uma quantidade de passageiros

igual à capacidade da embarcação.

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64

7. Análise de Viabilidade

7.1. Frequência das embarcações

Como foi elucidado, o tempo de headway do sistema aquaviário deve buscar um valor

próximo àquele desempenhado pelos outros modais. Dessa forma foram adotadas duas

situações: uma onde o intervalo entre partidas obedece ao menor tempo para a frequência dos

ônibus, e outra ao maior tempo, com as informações dos períodos retratados na tabela 2, a fim

de comparar os custos obtidos. Assim foi determinada a partir da tabela 4, onde estão os

intervalos entre partidas a partir da variação do número de embarcações entre 1 e 4, o número

de embarcações necessárias, para cada uma das embarcações selecionadas. Foi considerada

apenas a utilização de embarcações iguais, uma vez que dessa forma permite uma maior

facilidade de peças de reposição e aprendizado da equipe de manutenção, além da possibilidade

de conseguir descontos para a fabricação em série no estaleiro. As tabelas de 15 a 20 apresentam

a quantidade de embarcações e os custos por lugar ocupado para as diferentes situações

apresentadas, a partir de diferentes taxas de ocupação. Apresentam também os diferentes

tamanhos de cais de polímero (30 m², 50 m², 70 m²) para a rota A, que utilizam pantaneiras e

os terminais terrestres para os hovercrafts em ambas as rotas para as embarcações importadas.

Tabela 15 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 30%, headway máximo de 90 minutos e construção nacional

Embarcação Frota Cap

(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 30%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 5,28 4,23 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 3,56 2,90 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 5,46 4,40 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 9,91 7,92 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 9,93 8,18 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 7,41 5,94 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 3,71 3,01 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 6,06 6,10 6,14 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 3,87 3,89 3,92 - - 57,99 -

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65

Tabela 16 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 30% e headway máximo de 60 minutos e construção

nacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 30%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 4,55 3,62 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 3,56 2,90 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 4,39 3,52 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 9,06 7,21 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 9,22 7,59 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 6,13 4,88 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 3,71 3,01 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 6,06 6,10 6,14 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 3,87 3,89 3,92 - - 57,99 -

Tabela 17 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 50% e headway máximo de 90 minutos e construção

nacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 50%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 3,17 2,54 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 2,14 1,74 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 3,28 2,64 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 5,95 4,75 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 5,96 4,91 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 4,45 3,57 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 2,23 1,81 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 3,63 3,66 3,68 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 2,32 2,34 2,35 - - 57,99 -

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66

Tabela 18 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 50% e headway máximo de 60 minutos e construção

nacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 50%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 2,73 2,17 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 2,14 1,74 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 2,63 2,11 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 5,43 4,33 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 5,53 4,55 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 3,68 2,93 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 2,23 1,81 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 3,63 3,66 3,68 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 2,32 2,34 2,35 - - 57,99 -

Tabela 19 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 70% e headway máximo de 90 minutos e construção

nacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 70%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 2,26 1,81 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 1,53 1,24 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 2,34 1,89 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 4,25 3,40 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 4,26 3,50 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 3,18 2,55 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 1,59 1,29 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 2,60 2,61 2,63 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 1,66 1,67 1,68 - - 57,99 -

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67

Tabela 20 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 70% e headway máximo de 60 minutos e construção

nacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Nacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 70%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 1,95 1,55 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 1,53 1,24 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 1,88 1,51 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 3,88 3,09 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 3,95 3,25 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 2,63 2,09 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 1,59 1,29 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 2,60 2,61 2,63 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 1,66 1,67 1,68 - - 57,99 -

Os mesmos resultados apresentados nas tabelas de 15 a 20 são apresentados nas tabelas

de 21 a 26, porém essas são referentes à importação das embarcações.

Tabela 21 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 30%, headway máximo de 90 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap

(pax)

CLOC Construção Internacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 30%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 8,01 6,41 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 3,77 3,07 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 5,75 5,94 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 12,56 11,74 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 12,87 12,20 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 7,61 7,64 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 3,80 3,08 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 6,09 6,13 6,18 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 3,89 3,91 3,93 - - 57,99 -

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68

Tabela 22 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 30% e headway máximo de 60 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Internacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 30%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 2,05 1,64 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 1,61 1,31 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 1,91 1,53 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 4,11 3,27 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 4,20 3,45 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 2,64 2,11 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 1,63 1,32 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 2,61 2,63 2,65 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 1,67 1,67 1,68 - - 57,99 -

Tabela 23 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 50% e headway máximo de 90 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Internacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 50%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 4,81 3,85 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 2,26 1,84 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 3,45 3,57 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 7,54 7,04 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 7,72 7,32 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 4,57 4,58 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 2,28 1,85 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 3,66 3,68 3,71 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 2,33 2,34 2,36 - - 57,99 -

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69

Tabela 24 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 50% e headway máximo de 60 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Internacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 50%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 2,87 2,29 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 2,26 1,84 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 2,67 2,14 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 5,75 4,58 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 5,88 4,83 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 3,70 2,95 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 2,28 1,85 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 3,66 3,68 3,71 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 2,33 2,34 2,36 - - 57,99 -

Tabela 25 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 70% e headway máximo de 90 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Interacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 70% TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 1 19 - - - 3,43 2,75 71,65 89,38

Vector V25 2 25 - - - 1,61 1,31 56,52 71,62

Christy 9204 1 12 - - - 2,47 2,55 67,80 83,60

Griffon 2000TD 1 15 - - - 5,38 5,03 69,21 85,85

Griffon 2400TD 1 18 - - - 5,52 5,23 70,97 88,43

A8 hovercraft 1 10 - - - 3,26 3,27 68,44 83,65

A20 hovercraft 2 28 - - - 1,63 1,32 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 2,61 2,63 2,65 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 1,67 1,67 1,68 - - 57,99 -

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70

Tabela 26 – Custo por lugar ocupado para taxa de ocupação de 70% e headway máximo de 60 minutos e construção

internacional

Embarcação Frota Cap.(pax)

CLOC Construção Internacional (US$/Psg.) Taxa de Ocupação 70%

TMP (min)

Cais 30 m² Cais 50 m² Cais 70 m² Terrestre

Rota Rota

A A A A B A B

Vanguard V18 2 19 - - - 2,05 1,64 53,52 67,25

Vector V25 2 25 - - - 1,61 1,31 56,52 71,62

Christy 9204 2 12 - - - 1,91 1,53 50,72 62,84

Griffon 2000TD 2 15 - - - 4,11 3,27 51,74 64,56

Griffon 2400TD 2 18 - - - 4,20 3,45 53,02 66,52

A8 hovercraft 2 10 - - - 2,64 2,11 51,22 62,85

A20 hovercraft 2 28 - - - 1,63 1,32 60,22 75,94

24' Caravan 2 10 2,61 2,63 2,65 - - 50,26 -

Touring 22 2 22 1,67 1,67 1,68 - - 57,99 -

Os resultados obtidos das tabelas de 14 a 19 devem ser comparados com os dados do

sistema de transporte terrestre a fim de estabelecer a viabilidade do projeto proposto.

Primeiramente deve-se conferir se o tempo de permanência nos dois sistemas são semelhantes,

para ambas as situações analisadas, headway menor que 60 minutos e headway menor que 90

minutos. Para que possa ser feita tal comparação foi estabelecido o tempo médio de

permanência no sistema terrestre como:

𝑇𝑀𝑃𝑡𝑒𝑟𝑟𝑒𝑠𝑡𝑟𝑒 = 𝑇𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎 + 𝑇𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒 + 𝑇𝑉𝑖𝑎𝑔𝑒𝑚 +𝑇𝑑𝑒𝑠𝑒𝑚𝑏𝑎𝑟𝑞𝑢𝑒

2

Onde:

• Tmédio de espera = ½ Tentre partidas; essa hipótese pode ser utilizada para processos

completamente randômicos, como em serviços urbanos ou de alta frequência;

• TViagem = Tempo de viagem em transporte terrestre apresentado na figura 17,

entre as regiões de São João do Imbassaí e o centro de Maricá, 53 minutos.

• ½ Tdesembarque= Tempo médio de desembarque dos passageiros, o qual foi

desconsiderado para a análise.

• Tembarque= Tempo de embarque de passageiros, o qual foi desconsiderado.

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71

Foram considerados 2 intervalos entre partidas, 60 e 90 minutos, respectivamente o

menor e o maior intervalo encontrado para as linhas do sistema de transporte existente que faz

a conexão das regiões analisadas, apresentados na tabela 1. Foram encontrados os valores de

83 minutos e 98 minutos respectivamente. Utilizando esses valores como condições limites para

analisar as tabelas de 15 a 26 pode-se perceber que nenhuma das condições apresentadas acaba

sendo descartada devido a essa restrição.

Após a verificação do tempo médio de permanência deve-se comparar o custo por lugar

ocupado para cada alternativa com o preço da passagem das linhas de transporte coletivos

terrestres existentes. Como foi apresentado na figura 17, o preço da passagem das linhas

municipais encontra-se com o valor de 4,55 reais, a qual foi convertida em dólar a uma taxa de

2,95 reais, segundo CEPEA (2019), valor médio comercial correspondente ao período de

janeiro de 2012 a julho de 2019, obtendo o valor de US$ 1,54. Após a comparação foi possível

notar que para taxas de ocupação abaixo de 70 por cento, o custo por lugar ocupado encontra-

se maior do que o preço dos outros modais que irão competir com o sistema proposto, tornando

inviável sua implementação abaixo dessa taxa de ocupação, frente às taxas de ocupação

estudadas.

A tabela 27 apresenta as 5 condições que apresentam o custo por lugar ocupado menor

que o preço da passagem do transporte terrestre, e tempo médio de permanência do usuário

abaixo do limite estabelecido e suas taxas de ocupação respectivas.

Tabela 27 – Custo por lugar ocupado abaixo dos limites pré-estabelecidos

Embarcação Frota Capacidade

(pax)

Taxa de

Ocupação

(%)

Custo Por Lugar

Ocupado (US$/Psg.) Construção Rota

Vector V25 2 25 70 1,24 Nac. B

A20 hovercraft 2 28 70 1,29 Nac. B

Vector V25 2 25 70 1,31 Int. B

A20 hovercraft 2 28 70 1,32 Int. B

Vector V25 2 25 70 1,53 Nac. A

A tabela 28 apresenta as porcentagens do custo total para as condições apresentadas na

tabela 27.

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72

Tabela 28–Porcentagens dos custos para as condições abaixo dos limites estabelecidos

Embarcação Frota Rota Custo de Capital (%) Custo de Operação (%) Custo de Viagem (%)

Nacional Internacional Nacional Internacional Nacional Internacional

Vector V25 2 B 18% 23% 48% 45% 34% 32%

A20 hovercraft 2 B 7% 9% 42% 41% 51% 50%

Vector V25 2 A 18% - 48% - 33% -

A tabela 29 apresenta as porcentagens do tempo de volta redonda para cada rota e

embarcação para cada momento da operação.

Tabela 29 – Porcentagem do TVR para cada rota e embarcação

Embarcação

Velocidade

Reduzida (%)

Velocidade de

Serviço (%)

Tempo Aceleração /

Desaceleração (%)

Tempo Atracação /

Desatracação (%)

Tempo Total em

Terminal (%)

Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B Rota A Rota B

Vanguard V18 23% 24% 14% 11% 22% 23% 22% 23% 23% 24%

Vector V25 22% 23% 13% 10% 21% 21% 21% 21% 22% 23%

Christy 9204 25% 26% 16% 13% 23% 24% 23% 24% 25% 26%

Griffon 2000TD 24% 25% 15% 12% 23% 23% 23% 23% 24% 25%

Griffon 2400TD 23% 25% 14% 11% 22% 23% 22% 23% 23% 25%

A8 hovercraft 24% 26% 19% 15% 23% 24% 23% 24% 24% 26%

A20 hovercraft 20% 22% 16% 13% 20% 20% 20% 20% 20% 22%

24' Caravan 25% - 17% - 24% - 24% - 25% -

Touring 22 21% - 18% - 20% - 20% - 21% -

A Tabela 30 apresenta as diferenças percentuais entre os TMP terrestres e os aquaviários

para as condições que apresentam viabilidade econômica positiva.

Tabela 30 – Diferença proporcional entre o TMP aquaviário e o terrestre para as situações viáveis

Embarcação Frota TMP Rota

Terrestre

(min)

TMP Rota Aquaviária

(min) Diferença Proporcional (%)

Rota A Rota B Rota A Rota B

A20 hovercraft 2 83 60,2 75,9 27% 9%

Vector V25 2 83 56,5 71,6 32% 14%

Também foram feitos gráficos de dispersão para demonstrar os diferentes resultados

encontrados para as condições que apresentaram os menores custos por lugar ocupados, ou seja,

embarcações nacionais com intervalo entre partida menores de 60 minutos. Os gráficos de 1 a

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3 apresentam os resultados dos custos por lugar ocupado pelo tempo médio de permanência do

usuário no sistema, para as taxas de 30%, 50% e 70% respectivamente.

Gráfico 1 – Tempo médio de permanência do usuário x custo por lugar ocupado, headway de 60 minutos, embarcações

nacionais, taxa de 30% de ocupação

Gráfico 2 – Tempo médio de permanência do usuário x custo por lugar ocupado, headway de 60 minutos, embarcações

nacionais, taxa de 50% de ocupação

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Gráfico 331 – Tempo médio de permanência do usuário x custo por lugar ocupado, headway de 60 minutos, embarcações

nacionais, taxa de 70% de ocupação

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75

8. Conclusão

A partir dos resultados encontrados na análise de viabilidade podem ser retiradas

algumas conclusões sobre o sistema de transporte hidroviário proposto. Essas se encontram

descritas no presente capítulo.

8.1. Capacidade de passageiros

Nota-se que as embarcações selecionadas possuem velocidade de serviço próxima a 30

nós. Conclui-se que a velocidade das embarcações não é uma variável que gera grandes

diferenças quanto ao tempo médio de permanência do passageiro no sistema (TMP). Ao

desmembrar as porcentagens dos diferentes itens do TVR, como pode ser observado na tabela

29, torna-se evidente que o grande diferencial entre as embarcações é o tempo em terminal.

Este se refere ao tempo necessário para o embarque e desembarque dos passageiros. É possível

observar que a utilização de embarcações de maior capacidade possui essa barreira. Ao

aumentar a capacidade, também acresce o tempo de terminal, levando ao incremento do TMP.

Este tempo médio para as maiores embarcações encontra-se perto do limite estabelecido, como

demonstrado na tabela 30. Também pode ser observado, entre as tabelas 15 e 26, que o aumento

da capacidade da embarcação para uma mesma taxa de ocupação diminui o custo por lugar

ocupado (CLOC). Dessa forma as embarcações com maior capacidade foram as que

apresentaram o menor custo por lugar ocupado.

8.2. Número de embarcações da frota

É possível ser observado na tabela 15 a 26 que o aumento do número de embarcações

para uma mesma taxa de ocupação diminui o CLOC. Isso se deve ao fato de que o aumento de

embarcações não gera um aumento proporcional ao custo de operação, uma vez que o custo

administrativo não se modifica para uma pequena variação na frota.

Dentre os cenários que se aproximam do intervalo entre partidas do sistema de

transporte terrestre, aquele que apresenta o menor custo determina o número de embarcações.

A utilização de mais de 2 embarcações não se encontra de acordo com a demanda esperada para

o transporte proposto, pois gera um intervalo de partidas menor do que aqueles utilizados pela

EPT, não devendo serem adotados. Logo não foi considerado esse cenário para as análises de

viabilidade. A partir da tabela 30 pode-se estabelecer que a utilização de duas embarcações se

encontra perto dos tempos esperados e apresenta menor custo por lugar ocupado quando

comparada com a utilização de apenas uma embarcação. Assim foi determinando que serão

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76

adotadas duas embarcações como cenário ideal de acordo com os parâmetros estabelecidos na

análise.

8.3. Escolha da embarcação

A partir dos resultados encontrados no capítulo 7 pode-se notar que, dentre as

embarcações selecionadas, os ACVs foram os que apresentaram melhor viabilidade. Em parte,

o resultado se deve ao custo do combustível utilizado, uma vez que as pantaneiras selecionadas

utilizam gasolina enquanto os hovercrafts utilizam diesel. Por outro lado, essa viabilidade se

deve à maior capacidade de passageiros entre as embarcações selecionadas. Dentre os cenários

analisados, a embarcação Vector V25 foi a que apresentou os menores custos por lugar ocupado

devido à sua maior capacidade frente a maioria das embarcações e seu menor consumo de

combustível frente a outras embarcações.

8.4. Local de Construção

Como pode ser observado na tabela 27, as embarcações construídas no Brasil

apresentam condições melhores. Porém as diferenças para os custos entre produzir

nacionalmente ou importar a embarcação não influenciam de forma tão significativa na análise.

O custo de capital é aquele que menos tem influência frente ao custo total para cada cenário,

como pode ser observado na figura 28. São obtidas 3 condições viáveis dentre as analisadas

com produção nacional e 2 com a importação das embarcações.

8.5. Escolha da rota

A partir dos resultados encontrados no capítulo 7 pode-se notar que a rota A apresenta

maiores custos por lugar ocupado frente a rota B, mesmo a rota B apresentando de maneira

geral custos totais anuais maiores. Esse fenômeno se deve ao fato de que ao existir mais um

ponto de embarque é proporcionada a possibilidade de atender mais passageiros em uma volta

redonda. Assim o aumento de passageiros é benéfico ao CLOC, mesmo havendo um acréscimo

no custo total. Uma vez que o aumento do custo de capital e de viagem devido à inclusão de

Itapeba é pouco significativo.

8.6. Tipo de terminal

Através da análise foi possível observar que as diferentes considerações referentes aos

tipos de terminais pouco impactaram o custo por lugar ocupado. Essa situação se deve ao fato

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de que os terminais representam a menor fatia do custo de capital. Além disso, como já

mencionado, o custo de capital foi o que menos gerou impactos no projeto.

8.7. Recomendações futuras

Uma possível solução para diminuir o custo de viagem das pantaneiras é o estudo da

sua implementação utilizado motores a diesel. Outra forma é a seleção de pantaneiras com

maior capacidade. Essa modificação se deve ao maior custo da gasolina frente ao diesel e à

observação de que embarcações com maiores capacidades apresentaram valores menores para

o custo por lugar ocupado, para as maiores taxas de ocupação.

Outra possibilidade para a redução dos custos encontrados é a análise de embarcações

monocasco planadores ou catamarãs que utilizem propulsão convencional, pois essas

normalmente apresentam preços de aquisição mais baixos. Como o custo de capital foi o que

menos influenciou o custo total, a utilização dessas não deve apresentar valores muito diferentes

dos apresentados nessa análise.

Para a análise foi considerado que o aumento da frota não modificaria a taxa de

ocupação. A realização de pesquisas para levantamento da demanda do transporte indica as

reais taxas de ocupação, verificando quais dos cenários apresentados mais se aproxima da

realidade. Assim a pesquisa pela demanda pode comprovar um cenário de viabilidade, ou não,

mais preciso. A análise de demanda ainda pode ser utilizada para inclusão, ou não, de Itapeba,

pois, como ficou demostrado a sua inclusão gera uma redução do custo por lugar ocupado,

quando considerada a mesma taxa de ocupação. Porém uma baixa intenção de transporte para

a localidade poderia influenciar a taxa de ocupação do sistema, interferindo diretamente no

custo por lugar ocupado.

Para viabilizar a utilização de embarcações de maior porte deve ser feito um estudo para

determinar com mais exatidão a taxa de transferência de passageiros em embarcações similares

às selecionadas. Dessa forma, junto com o estudo de demanda, pode-se chegar a um cenário em

que seja possível a utilização de embarcações com maior capacidade. E como ficou

demonstrado na análise, para taxas de ocupação semelhantes, o aumento da capacidade reduz

o custo por lugar ocupado.

Como também pode ser observado, embarcações com maiores preços se tornaram mais

vantajosas do que outras com preços mais baixos devido ao consumo delas. Dessa forma se

mostra evidente que, encontrar embarcações com consumo de combustível mais baixo se torna

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altamente atrativo para a análise, podendo reduzir o custo total, mesmo com um custo de capital

mais elevado.

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79

9. REFERÊNCIAS

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Recreio e para Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades

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81

9.1. Páginas da Internet Pesquisadas

www.1000islandairboats.com

www.aerohod.ru

www.canalautomacao.com.br

www.christyhovercraft.com

www.diamondbackairboats.com

www.griffonhoverwork.com

www.pierglass.com.br

www.smartpier.com

www.vanairhovercraft.com