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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANTERO EDUARDO FERNANDES GONÇALVES ESTUDO DE TENSÃO PARA CENÁRIO DE EXPANSÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DA ILHA DE SANTIAGO CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANTERO EDUARDO FERNANDES GONÇALVES

ESTUDO DE TENSÃO PARA CENÁRIO DE EXPANSÃO DO SISTEMA

ELÉTRICO DA ILHA DE SANTIAGO

CURITIBA

2011

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ANTERO EDUARDO FERNANDES GONÇALVES

ESTUDO DE TENSÃO PARA CENÁRIO DE EXPANSÃO DO SISTEMA

ELÉTRICO DA ILHA DE SANTIAGO

CURITIBA

2011

Trabalho Conclusão de Curso

apresentado à disciplina Projeto de

Graduação como requisito parcial à

conclusão do Curso de Engenharia

Eletrotécnica, setor de ciências

tecnológicas, Engenharia Elétrica,

Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. João Américo

Vilela Junior

Co-orientador: Prof. Dr. Roman Kuiava

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A vida é uma constante batalha, e, soldados não páram!

Os guerreiros mesmo, só páram quando morrem.

Laura Yasmin de Paula Miranda

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANTERO EDUARDO FERNANDES GONÇALVES

ESTUDO DE TENSÃO PARA CENÁRIO DE EXPANSÃO DO SISTEMA

ELÉTRICO DA ILHA DE SANTIAGO

Trabalho Conclusão de Curso apresentado à disciplina Projeto de Graduação

como requisito parcial à conclusão do Curso de Engenharia Eletrotécnica, setor

de ciências tecnológicas, Engenharia Elétrica, Universidade Federal do Paraná.

________________________________________

Orientador:

________________________________________

Co-orientador:

________________________________________

________________________________________

Curitiba, 01 de julho de 2011.

Prof. Dr. João Américo Vilela Junior

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Prof. Dr. Roman Kuiava

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Prof. Dr. João Américo Vilela Junior

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

Prof. Dr. Gideon Villar Leandro

Departamento de Engenharia Elétrica, UFPR

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Aos meus pais Eduardo e Manuela.

Aos meus irmãos.

Por todo amor, por quem sou e por tudo que alcancei.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida e seu amor infinito.

Aos professores João Américo e Roman Kuiava, pela orientação,

apoio, incentivos, confiança e principalmente amizade.

Ao professor Vilson, pela amizade e apoio.

Aos funcionários da Electra S.A, Ricardo e Arikson, pelo pronto

atendimento na ajuda com o levantamento dos dados, pela confiança e apoio.

Aos funcionários da Leão Junior S.A, principalmente engenheiro

Clelso e o colega Marlon, pela ajuda, apoio e principalmente pelas amizades.

Ao colega, Leandro Borsa, pelo apoio, incentivo e principalmente

pela amizade.

Aos Professores do departamento de engenharia elétrica da

UFPR, pela paciência, incentivos e apoio, durante todo período de curso.

Aos colegas do curso, que sempre me incentivaram a acreditar e

seguir em frente, pelas amizades.

Ao Governo de Cabo Verde, pela ajuda financeira e confiança

depositada em mim.

A todos que participaram, de forma direta ou indireta, dessa minha conquista, meu muito obrigado.

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RESUMO

O sistema elétrico da ilha de Santiago terá em 2012 uma grande mudança na sua estrutura, passando de um sistema isolado para um sistema interligado. Essa interligação deverá melhorar o atendimento no fornecimento de energia elétrica com qualidade e mínimo custo possível. Investimentos em fontes de energia renovável para geração de energia elétrica, nomeadamente solar, eólica e biodiesel, deverão ser realizados de modo a atender as demandas máximas de potência das cargas nos próximos anos. O objetivo desse trabalho foi avaliar o comportamento desse novo sistema em termos de nível de tensão, um dos requisitos de qualidade de energia elétrica, em regime permanente em barramentos específicos, no ano de 2012 e nos próximos cinco anos, definindo a melhor alocação das futuras unidades geradoras de energia elétrica e a interligação de barramentos do sistema. Foram realizadas simulações de fluxo de potência continuado através do programa computacional ANAREDE para dois casos. No primeiro caso avaliou-se o sistema proposto para 2012 em termos de nível de tensão em regime permanente, e chegou-se a conclusão que este sistema atende perfeitamente a situação de demanda máxima prevista para esse ano. No segundo caso avaliou-se em termos de nível de tensão em regime permanente o sistema elétrico integrado de Santiago para o cenário de expansão num horizonte de tempo de cinco anos, a saber, 2013 a 2017. Através dessa análise, se constatou que este sistema possui capacidade para atender a demanda máxima prevista para o ano 2012. Nos anos seguintes investimentos terão que ser realizados nesse sistema de modo a atender as demandas máximas de potência das cargas prevista para esses anos. Para o início do ano de 2013 é sugerida a instalação de uma linha de transmissão interligando os conselhos de Santa Cruz e São Miguel. No ano de 2014 sugere-se a instalação de novas unidades geradoras na Central elétrica de Palmarejo. Em 2015, se propõem a instalação de novas unidades geradoras no conselho de São Miguel e na central elétrica de Palmarejo, assim como a instalação de bancos de capacitores em algumas barras do sistema. Para os anos 2016 e 2017 esperam-se novos investimentos, no sistema, em linhas de transmissão e unidades geradoras na central elétrica de Palmarejo.

Palavras-chave: Sistema Elétrico de Santiago. Estabilidade de tensão. Fontes

de energia renováveis. Expansão de sistema elétrico.

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ABSTRACT

The electrical system of the island of Santiago in 2012 will have a major change

in its structure, from a single system for an interconnected system. This

interconnection will improve service in the supply of electric power quality and

lowest possible cost. Investments in renewable energy sources for electricity

generation, including solar, wind and biofuel, should be made to meet the

demands of peak power loads in the coming years. The aim of this study was to

evaluate the behavior of this new system in terms of voltage level requirements

of a power quality, steady-state buses in particular, in the year 2012 and over

the next five years, setting the best allocation of future electricity generating

units and the interconnection bus system. Simulations were performed using

continuation power flow computer program ANAREDE for two cases. In the first

case we evaluated the proposed system for 2012 in terms of level of tension in

steady state, and came to the conclusion that this system meets perfectly the

situation of maximum demand expected this year. In the second case was

evaluated in terms of level of tension in steady state the integrated electrical

system from Santiago to the scenario of expansion in a time horizon of five

years, namely 2013 to 2017. Through this analysis, it was found that this

system has the capacity to meet peak demand forecast for the year 2012. In the

following years investments will be made in this system to meet peak power

demands of the loads provided for those years. For the beginning of 2013 is

suggested to install a transmission line connecting the boards of Santa Cruz

and San Miguel. In the year 2014 suggest the installation of new generating

units at the Palmarejo power plant. In 2015, they propose the installation of new

generating units on the board of San Miguel and the Palmarejo power station,

as well as the installation of capacitor banks in some buses. For the years 2016

and 2017 are expected to further investment in the system of transmission lines

and generating units in the Palmarejo power station.

Keywords: Electrical System of Santiago. Voltage stability. Renewable energy

sources. Expansion of the electrical system.

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – ARQUIPÉLAGO DE CABO VERDE .....................................................................16

FIGURA 2 – ILHA DE SANTIAGO .............................................................................................17

FIGURA 3 - REGIÕES COM POTENCIALIDADE PARA O PLANTIO DA PURGUEIRA EM SANTIAGO..................................................................................................................................22

FIGURA 4 - DESENHO ESQUEMÁTICO DE UMA TURBINA EÓLICA MODERNA ............... 24

FIGURA 5 - PROJETOS EÓLICOS EM CABO VERDE – 2012 ................................................26

FIGURA 6 - ILUSTRAÇÃO DE UM SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA DE ENERGIA ELÉTRICA ..................................................................................................................................30

FIGURA 7 - EXEMPLO ILUSTRATIVO DA CURVA PV ............................................................42

FIGURA 8 - ARQUITETURA ELÉTRICA DO SISTEMA ELÉTRICO DE CABO VERDE ..........41

FIGURA 9 - ESQUEMÁTICO DO SISTEMA ELÉTRICO DE SANTIAGO (2010) ......................44

FIGURA 10 - COMBUTÍVEIS UTILIZADOS NA GERAÇÃO ELÉTRICA EM CABO VERDE........................................................................................................................................45

FIGURA 11 - VARIAÇÃO DO PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS – CABO VERDE ......................45

FIGURA 12 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SEP DE PRAIA ..................................46

FIGURA 13 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO DIAGRAMA UNIFILAR DE MÉDIA

TENSÃO DO SEP DE PRAIA ....................................................................................................47

FIGURA 14 - PROJETO INTEGRADO DE SANTIAGO .............................................................48

FIGURA 15 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SISTEMA ELÉTRICO DE SANTIAGO –

2012 ............................................................................................................................................48

FIGURA 16 - REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA DE UM SISTEMA DE ENERGIA

ELÉTRICA...................................................................................................................................52

GRÁFICO 1 - AUMENTO DA CARGA DO SISTEMA 2012 – 2017 ...........................................60

FIGURA 16.1 - DIAGRAMA DE CARGA TÍPICO DO SEP PRAIA (16/12/2009) .......................61

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FIGURA 17 - DIAGRAMA ELÉTRICO DO SEP DE SANTIAGO EM ESTUDO - 2012 (SEM

ESCALA) ....................................................................................................................................62

FIGURA 18 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO DO SEP

SANTIAGO 2012.........................................................................................................................65

FIGURA 19 - CURVA PV NA BARRA 21 – 2012 .......................................................................65

FIGURA 20 - POTÊNCIA DA BARRA 1 EM FUNÇÃO DA DEMANDA PREVISTA PARA

2013.............................................................................................................................................67

FIGURA 21 - NÍVEL DA TENSÃO NO BARRAMENTO 21 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO

– 2013 .........................................................................................................................................68

FIGURA 22 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DA DEMANDA PREVISTA PARA

2014............................................................................................................................................ 69

FIGURA 23 - NÍVEL DE TENSÃO NA BARRA 21 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO – 2014

.....................................................................................................................................................69

FIGURA 24 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DA DEMANDA PREVISTA PARA

2015.............................................................................................................................................69

FIGURA 25 - NÍVEL DE TENSÃO NA BARRA 21 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO -

2015.............................................................................................................................................70

FIGURA 26 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO PREVISTO

PARA 2016 .................................................................................................................................70

FIGURA 27 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO PREVISTO

PARA 2015.2 ..............................................................................................................................71

FIGURA 28 - NÍVEL DE TENSÃO NA BARRA 21 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO -

2015.2......................................................................................................................................... 72

FIGURA 29 - POTÊNCIA NA BARRA 1 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO PREVISTO

PARA 2016.2...............................................................................................................................72

FIGURA 30 - NÍVEL DE TENSÃO NA BARRA 21 EM FUNÇÃO DO CARREGAMENTO -

2016.2......................................................................................................................................... 73

FIGURA 31 – Diagrama unifilar do SEP de Santiago cenário (2013 – 2017)............................ 74

FIGURA 32 – Diagrama unifilar do SEP de Santiago (2013 – 2017)......................................... 75

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LISTAS DE TABELAS

TABELA 1: POPULAÇÃO DA ILHA DE SANTIAGO (ESTIMATIVA) ........................................18

TABELA 2: COMPARAÇÃO ENTRE ÓLEO DIESEL E PURGUEIRA ......................................20

TABELA 3: ÁREA COM POTENCIAL PARA EXPLORAÇÃO DE PURGUEIRA EM CABO VERDE .......................................................................................................................................21

TABELA 4: EFICIENCIA DE CONVERSÃO E CUSTO DE CÉLULAS SOLARES....................30

TABELA 5: PRODUÇÃO POR CENTRAL E TIPO DE EQUIPAMENTO EM 2005(kWh)...................................................................................................................................43

TABELA 6: PRODUÇÃO POR CENTRAL E TIPO DE EQUIPAMENTO EM 2009(kWh)...................................................................................................................................43

TABELA 7 EVOLUÇÃO DAS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA EM CABO VERDE........................................................................................................................................59

TABELA 8: PREÇO DA TARIFA DE ELETRICIDADE – 2011 ..................................................60

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LISTA DE SIGLAS

ANEL - Agência Nacional de Energia Elétrica

ARE - Agência de Regularização Econômica

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

DER - Divisão de Energias Renováveis

INE - Instituto Nacional de Estatística

MDR - Ministério do Desenvolvimento Rural

PND - Plano Nacional de Desenvolvimento

SEP - Sistema Elétrico de Potência

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SUMARIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................14

2 ILHA DE SANTIAGO – CABO VERDE, ÁFRICA .......................................16

2.1 Recursos naturais de Santiago – fontes de energia....................................18

2.1.1 Biodiesel ..................................................................................................19

2.1.2 Energia eólica ..........................................................................................22

2.1.3 Energia solar ............................................................................................28

3 FLUXO DE POTÊNCIA ................................................................................32

3.1 Formulação do problema ............................................................................33

3.2 Solução do fluxo de potência ......................................................................36

4 LEVANTAMENTO DOS DADOS DO SETOR DE ENERGIA .....................39

4.1 Electra S.A .................................................................................................40

4.2 Estrutura do sistema de Cabo Verde ..........................................................41

4.3 Centrais produtoras de energia elétrica no país .........................................42

4.4 Sistema elétrico de potência Santiago ........................................................44

4.5 Sistema integrado de Santiago ...................................................................47

4.6 Investimentos no setor elétrico de Santiago ...............................................49

4.7 Estudo de expansão do sistema de Santiago .............................................51

4.8 Características do consumo de energia elétrica na ilha de Santiago .........58

4.9 Representação do SEP da Ilha de Santiago em estudo .............................61

5 RESULTADOS DAS ANÁLISES E DISCUSSÕES ...................................63

5.1 Análise do sistema integrado de Santiago para o ano de 2012 .................64

5.2 Análises do sistema interligado de Santiago para 2013 a 2017 ................66

5.2.1 Análises com as futuras gerações em qualquer barra do sistema...........67

5.2.2 Análises considerando alocação das futuras gerações na barra1...........71

5.3 Análises dos Resultados .............................................................................73

6 CONCLUSÃO ................................................................................................76

REFERÊNCIAS ................................................................................................77

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1. Introdução

Segundo o Ministério da Economia a energia constitui um dos setores

estratégicos em qualquer plano de desenvolvimento sustentável. Porém, Cabo

Verde é um país de economia frágil que carece de fontes primárias, tendo que

importar combustíveis, o que exige consideráveis recursos financeiros.

Um dos motores do crescimento econômico de um país é a energia

elétrica. Para Cabo verde, a energia se torna imprescindível, pois o país é

dependente da água dessalinizada que, por sua vez, exige um processo

energético intenso.

A ilha de Santiago, a mais desenvolvida das10 ilhas que compõe Cabo

Verde, apresenta crescimento anual, de consumo da energia elétrica, acima

dos 15 % na cidade da Praia, capital e maior centro de consumo do país e

cerca de 7 % no interior da ilha. O sistema elétrico dessa ilha vem enfrentando

graves problemas no fornecimento de energia elétrica aos seus consumidores,

muito pela falta de investimentos no setor elétrico do país durante os anos de

2002 a 2006 (Relatório da Electra, 2009).

A utilização de combustíveis, derivados de petróleo, para geração de

energia elétrica faz com que a energia consumida nessa ilha seja das mais

caras do mundo (PECV, 2008).

A grande aposta no atual sistema de Santiago é a produção de energia

através de fontes alternativas, como solar, eólica e biodiesel. Este último ainda

sem projeto de aproveitamento apesar de apresentar um potencial

considerável.

O projeto de reestruturação do sistema de Santiago começa com a

interligação do sistema elétrico da Praia com o restante da ilha, centralizando

toda a geração de energia elétrica numa única central em Palmarejo, região

localizada a oeste da cidade da Praia, prevista para o ano 2012. Espera-se que

com este projeto seja resolvido o grande problema de insuficiência no

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fornecimento de energia elétrica, com qualidade e custo baixo, a população

dessa ilha.

Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo analisar o sistema

interligado de Santiago previsto para 2012 em termos de estabilidade de

tensão de regime permanente. Além disso, são propostas alternativas a

expansão (em termos de capacidade de geração e transmissão) deste sistema,

de modo que seja possível atender com o montante de carga esperado num

horizonte de tempo de cinco anos, 2013 a 2017, dentro de certos critérios

preestabelecidos de qualidade de fornecimento de energia (em termos de

estabilidade de tensão de regime permanente).

Neste sentido o trabalho será organizado em quatro capítulos. No

capitulo 2 são apresentados os recursos energéticos alternativos da ilha de

Santiago. O capítulo 3 traz a teoria do fluxo de potência utilizado nas análises.

Os dados referentes ao sistema elétrico dessa ilha, desde a geração até ao

consumo são apresentados no capítulo 4. No capítulo 5, apresentar-se-á as

analises sobre estabilidade de tensão de regime permanente realizadas para

duas situações: análises do sistema previsto para 2012 e o para cenário de

expansão de cinco anos. Por fim, o capítulo 6 traz as conclusões finais sobre o

tema e o caso abordado.

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2. Ilha de Santiago – Cabo Verde, África.

O Arquipélago de Cabo Verde faz parte da Macaronésia, vasta regiões

do Oceano Atlântico constituído por cinco grupos de ilhas situadas ao largo das

costas do sudoeste Europeu e nordeste da África.

Cabo Verde compõe-se de um conjunto de dez ilhas e oito ilhéus, com

uma superfície total de 4.033km2 e situa-se a 450 km da costa senegalesa,

entre os 14º48’ e 17º12’ de latitude Norte e 22º41’ e 25º22’ de longitude Oeste,

ilustrado no mapa da figura 1.

O clima de Cabo Verde é do tipo tropical seco, caracterizado por um

longo período de estação seca (8 a 9 meses) e uma curta estação chuvosa,

com temperaturas moderadas devidas à influencia marítima, com valores

médios por volta dos 25ºC. As temperaturas médias mensais são mais

elevadas em Setembro (26,7ºC) e as mais baixas registram-se em Janeiro e

Fevereiro (18,4ºC).

Figura 1 - Arquipélago de Cabo verde

A maior das ilhas de Cabo verde, Santiago, pertence ao grupo do Sotavento (O

arquipélago de cabo verde é dividido em dois grupos: Barlavento e Sotavento;

As ilhas de Santiago, Fogo, Brava, Maio e Boavista pertencem ao grupo

Sotavento e os restantes pertencem ao grupo Barlavento). Estende-se por

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cerca de 75 km de comprimento, no sentido norte-sul e cerca de 35 km de

largura, no sentido leste-oeste. Está localizada à cerca de 50 km em linha reta

da ilha do Fogo, a oeste, e 25 km da ilha de Maio, a leste. Administrativamente,

a ilha de Santiago está dividida em nove conselhos. A cidade da Praia é ao

mesmo tempo a capital do país e sua cidade mais populosa. A ilha de Santiago

e a Praia tiveram extraordinário desenvolvimento desde a independência em

1975, tendo a população duplicado desde aquele ano. Uma das povoações

mais antigas é São Domingos, no interior da ilha. A figura 2 ilustra a ilha de

Santiago e seus conselhos (AMARAL, I. 1964).

Figura 2 - Ilha de Santiago

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Dado referentes à população de Santiago são mostrados na tabela 1,

os quais estão divididos de acordo com os seus concelhos (INE CV, 2011).

TABELA 1 - POPULAÇÃO DA ILHA DE SANTIAGO (ESTIMATIVA)

Conselho População

(2010)

Peso

Santiago (%)

Peso Cabo

Verde (%)

População

(2017)

Tarrafal 18.565 6,77 3,8 19.085

Santa Catarina 43.297 15,79 8,8 45.115

Santa Cruz 26.617 9,71 5,4 27.549

Praia 131.719 48,06 26,8 158.458

S. Domingos 13.808 5,04 2,8 14195

C. S. Miguel 15.648 5,71 3,2 15.319 S.S do Mundo 8.677 3,17 1,8 8.312

S.L. dos Órgãos 7.388 2,69 1,5 7.647

R.G de Santiago 8.325 3,04 1,7 8.377

TOTAL 274.044 100 55,8 304.057 FONTE: INE (2011)

A ilha de Santiago representa em 2010 55,8 % da população de Cabo

Verde. A cidade capital de Cabo Verde Praia, um dos conselhos da ilha

Santiago, concentra em 2010 48,06% da população dessa ilha e 26,8% da

população do país.

2.1 Recursos naturais da ilha de Santiago – fontes de energia

O setor energético de Cabo Verde é caracterizado pelo consumo de

combustível fóssil (derivados do petróleo), biomassa e energia renovável. Esta

última, nomeadamente a eólica, embora represente ainda uma pequena

percentagem do total de energia consumida, é utilizada principalmente na

produção de energia elétrica. Quanto à energia elétrica, ela é produzida

essencialmente a partir de centrais térmicas utilizando o diesel e o óleo

combustível (fuel 180 e fuel 380). Cabo Verde quer mudar de cenário no que

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diz respeito à dependência dos produtos petrolíferos apostando fortemente nas

suas fontes renováveis de energia.

2.1.1 Biodiesel

O biodiesel é por definição um óleo biodegradável, obtido a partir de

gorduras vegetais ou animais, através de um processo designado por

transesterificação que consiste numa reação de triglicéridos com um

intermediário ativo, formado pela reação de um álcool de cadeia curta (metanol

ou etanol) e um catalisador, produzindo um éster (o biodiesel) e o glicerol,

como um co-produto segundo Parente (2005). O biodiesel substitui total ou

parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel (caminhões,

tratores, camionetas, automóveis, etc.) ou estacionário (moto bombas,

geradores de eletricidade, calor, etc.).

Em Cabo Verde o bicombustível pode ser produzido através da planta

Jatropha Curcas L. Em 1944 a 1949, atingiu, respectivamente, 74,1% e 83,5%

do total dos produtos agrícolas cabo-verdianos exportados para Europa

Segundo Freitas (1906).

a. Jatropha Curcas L. (purgueira)

Linnaeus (1753) foi o primeiro a dar a designação científica de Jatropha

curcas L. à purgueira, de acordo com a nomenclatura binomial em Species

Plantarum, mantendo-se esta designação válida ainda hoje.

Para Purcino e Drummond (1986) o pinhão manso/purgueira é uma

planta produtora de óleo com todas as qualidades necessárias para ser

transformado em óleo diesel. Além de perene e de fácil cultivo, apresenta boa

conservação da semente colhida, podendo se tornar grande produtora de

matéria prima como fonte opcional de combustível. Para estes autores, esta é

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uma cultura que pode se desenvolver nas pequenas propriedades, com a mão-

de-obra familiar disponível, como acontece com a cultura da mamona, na

Bahia, sendo mais uma fonte de renda para as propriedades rurais. Além disso,

como é uma cultura perene, segundo Peixoto (1973), pode ser utilizada na

conservação do solo, pois o cobre com uma camada de matéria seca,

reduzindo, dessa forma, a erosão e a perda de água por evaporação, evitando

enxurradas e enriquecendo o solo com matéria orgânica decomposta.

TABELA 2 - COMPARAÇÃO ENTRE ÓLEO DIESEL E PURGUEIRA

Óleo de pinhão manso em comparação com óleo diesel Parâmetro Diesel Biodiesel de pinhão manso Energia (MJ/kg) 42.6 - 45.0 39.6 - 41.8 Spec. peso (15/40 °C) 0.84 - 0.85 0.91 - 0.92 Ponto de solidificação -14.0 2.0 Ponto de fulgor 80 110 - 240 Valor do cetano 47.8 51.0 Enxofre 1.0 - 1.2 0.13

b. A purgueira em Cabo Verde

O pinhão manso, Jatropha Curcas, possivelmente originária do Brasil,

foi introduzido pelos navegadores portugueses, no século XVIII, nas ilhas de

Cabo Verde e em Guiné, de onde mais tarde foi disseminada pelo continente

africano. No começo do século XIX era usado, em alguns países, para

aumentar a ação purgativa do óleo de rícino, com o qual era misturado (Freitas,

1906).

Ferrão (1962) refere para o arquipélago de Cabo Verde em 1940, um

total de 714 613 plantas das quais 313 503 na Ilha de Santiago, sobretudo em

Santa Catarina (208 800 plantas).

De acordo com Wiesenhütter (2003), Cabo Verde dispõe de uma área

com cerca de 80000 ha (ver a tabela 3). Considerando uma produção média de

1,5 toneladas por hectare, o país pode produzir cerca de 120 000 toneladas de

sementes por ano o que corresponderá a uma produção de 36 000 toneladas

em óleo e 32400 toneladas de biodiesel que podem ser utilizadas como

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mistura ou aditivo no mercado de combustível e uma produção de 3600

toneladas de glicerina para outras indústrias.

TABELA 3 - ÁREA COM POTENCIAL PARA A EXPLORAÇÃO DE PURGUEIRA EM CABO VERDE

Classificação Ilhas Área (ha)

Zonas de

vocação agrícola

marginal

Santiago Nordeste da ilha e a região do Tarrafal.

Fogo – Zona sul entre S. Lourenço e Cova Figueira.

Santo Antão – vertente exposto para sul entre

600m e 110m de latitude.

12530

Zonas de

vocação agro-

silvo-pastoril

Santiago – Vertente semi-árido do Curralinho e

Serra Malagueta

Santo Antão – vertente da região de NE

Fogo – Zona E. e N

Maio – solos cultivados em sequeiro

15865

Zona silvo

pastoril

Santiago – Achada S. Felipe e Achada Mosquitos

Fogo – S. Felipe e vários cones vulcânico formados

de escorias

S. Nicolau – Campo do Porto e Campo da Preguiça

Maio – “aval de glacis” da ilha (estação florestal e

39560

Zona pastoril

extensiva

Santo Antão – vertente NE

S. Nicolau – Ribeira da Prata

Fogo – Ribeiras NE

Brava – arredores da Nova Sintra

20000

FONTE: Adaptado de Furtado (1989)

c. Potencial energético da ilha de Santiago

A ilha de Santiago é a maior ilha de Cabo verde e, como conseqüência

disso e das condições morfológicas de seu solo, representa aproximadamente

60 % (48000 ha) do potencial de produção do biodiesel a partir da purgueira

em Cabo Verde, correspondendo à média anual de 19440 t. As regiões com

condições favoráveis ao plantio da purgueira estão mostradas na figura 3.

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Figura 3 - Regiões com potencialidade para o plantio da purgueira em Santiago

FONTE: Correia (2009)

Como já comentado anteriormente a energia produzida pelo biodiesel

de Purgueira é aproximadamente 40 MJ/kg.

A ilha de Santiago possui uma capacidade de geração a partir do óleo

de biodiesel de purgueira estimada em aproximadamente 15 MW de potência

(Correia, 2009). São 15 MW que poderão ser aproveitados no futuro para

auxiliar a matriz de geração de energia elétrica da ilha. Esta geração pode ser

feita no interior da ilha para alimentar os conselhos do interior ou na Praia,

maior centro de consumo do país. Ou ainda, pode ser repartido pela ilha com

gerações tanto no interior como na capital.

2.1.2 Energia eólica

Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de

ara em movimento (vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão

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da energia cinética de translação em energia cinética de rotação, com emprego

de turbinas eólicas, também denominadas aerogeradores para geração de

eletricidade.

Recentes desenvolvimentos tecnológicos (sistemas avançados de

transmissão, melhor aerodinâmica, etc), têm reduzido custos e melhorando o

desempenho e confiabilidade dos equipamentos.

a. Tecnologias de aproveitamento

No inicio da utilização da energia eólica, utilizavam-se turbinas de

vários tipos – eixo vertical, eixo horizontal, com uma pá, duas pás e três pás

acopladas à geradores de indução, ou geradores síncronos. Atualmente, os

projetos de turbinas eólicas possuem as seguintes características: eixo de

rotação horizontal, três pás, alinhamento ativo. Tais turbinas são acopladas em

geradores de indução.

O controle de potência utiliza a combinação de duas técnicas (stall e

pitch) em pás que podem variar o ângulo de passo para ajustar a potência

gerada.

A figura 4 apresenta um desenho esquemático de uma turbina

moderna para aproveitamento do potencial eólico para geração de energia

elétrica.

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Figura 4 - Desenho esquemático de uma turbina eólica moderna

FONTE: CBEE / UFPE (2000) (adaptado)

b. Potência eólica disponível e utilizável

Através das turbinas eólicas, a energia cinética contida no vento é

convertida em energia mecânica pelo giro das pás do rotor e transformada em

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energia elétrica. A potência P contida no vento fluindo perpendicularmente com

velocidade do vento � através de uma área A e dada por:

� � 12 ���³ 2.2.2.1

Onde: ρ = densidade do ar.

A potência máxima utilizável é de aproximadamente 42% da potência P

disponível no vento.

c. Energia eólica em Cabo Verde

Devido à localização geográfica, Cabo Verde dispõe de recursos

eólicos extremamente favoráveis, podendo estes ser utilizados para a produção

de energia elétrica e assim obter-se assinaláveis poupanças na importação de

combustível. Foi neste sentido que, em 1994, a ELECTRA procedeu à

instalação de três parques eólicos com capacidade de 2x300 kW na ilha do Sal

e 3x300 kW nas ilhas de S. Vicente e Santiago. Estes parques são compostos

por aerogeradores da Nordtank de 300 kW, com regulação “Stall”. Cada um

dispõe de baterias de condensadores dimensionadas para compensar os

consumos de potência reativa dos aerogeradores quando estes se encontram

em vazio (Relatório Electra, 1998).

Uma parceria Publico / Privada entre o Governo de Cabo Verde,

ELECTRA & InfraCo, estabelece a construção de 4 parques eólicos nas ilhas

de cabo Verde, com previsão para inicio de operação nos finais de 2011, como

mostra a figura 5.

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Figura 5- Projetos eólicos em Cabo verde – 2012.

FONTE: Fortes (2012)

d. Energia eólica na ilha de Santiago

A ilha de Santiago é uma das menos áridas do Arquipélago. Quase

todo ano está sob a influência dos ventos alísios do hemisfério Norte, sendo

que nos meses considerados húmidos - Agosto, Setembro e Outubro - é

freqüente a ocorrências de precipitações.

A média das precipitações nos 10 anos compreendidos entre 1998 e

2007 é de cerca de 160 mm, com média máxima no mês de Setembro com

cerca de 70 mm.

A análise do regime de ventos reporta-se ao mesmo período

referenciado acima, ou seja, de 1998 a 2007. Os ventos dominantes da ilha de

Santiago, como no restante do arquipélago, são do Noroeste, atingindo

velocidades médias na ordem dos 19 km/h. O regime sazonal de ventos é

dominado pela presença dos ventos alísios (ventos do quadrante Noroeste),

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que sopra predominantemente entre Novembro a Maio em toda a faixa litoral

oriental (Relatório Energias Renováveis, 1984).

Segundo a referência (Relatório Energias Renováveis, 1984), a

República de Cabo Verde foi atacada por um período de seca que durou quase

duas décadas. Metade do abastecimento da água (água potável e irrigação)

teve que ser feita por bombagem. A utilização da energia eólica para

bombagem de água foi urna necessidade econômica, visto que o país não

possui recursos fósseis. A Divisão de Energias Renováveis (DER) do Ministério

do Desenvolvimento Rural (MDR) realizou, em 1977, um programa de

instalação e manutenção de aerobombas. Os moinhos importados foram

Dempsters, dos Estados Unidos e os Southern Crosses da Austrália.

Efetuaram-se medições de vento em 25 locais para analisar o regime

de vento em determinado local escolhido para futura instalação. Realizaram-se

algumas medições de rendimento, isto juntamente com análises teóricas

resultou em curvas de perda de potência das aerobombas utilizadas pela DER,

para os regimes de vento das Achadas e das Ribeiras (Relatório Energias

Renováveis, 1984).

Os locais onde se caracterizou como viável para a instalação das

aerobombas e que representam possível potencial eólico na ilha de Santiago

são: Achada São Felipe, Pensamento, Lem Duque, Grancha S. Felipe,

Trindade, Santa Cruz, João Varela São Pedro, Salinero, R. Flamengos, Rib.

Manel, Ponta Furna, Portete e Pensamento (Relatório Energias Renováveis,

1984).

De acordo com esses relatórios, a conclusão que se obtêm é de que a

ilha é rica em potencial eólico e que seu aproveitamento deve ser melhor

estudado com novas medições do vento. Conclusão partilhada por outros

autores, como Fonseca, que estimam um grande potencial eólico inexplorado

até então na ilha. A falta de estudos direcionados impossibilita afirmar

categoricamente qual o potencial dessa ilha.

Na ilha de Santiago o atual parque do Monte de São Felipe, com

capacidade de geração de 0,9 MW, está sendo substituído por um parque

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eólico de 10 MW de potência no mesmo local, conforme figura 11. (Cabeolica

Wind Farm Project, 2010).

A capacidade total de 10 MW de potência de geração de energia

elétrica a partir da energia eólica a ser instalada na ilha de Santiago, no

município de Praia faz parte do planejamento de operação do sistema para

2012 visando o atendimento do montante de carga previsto para este ano.

O parque eólico será conectado à rede elétrica existente na ilha e os

cabos de transmissão estão previstos para serem totalmente subterrâneos. As

turbinas operarão a velocidades do vento entre 4m/s e 25 m/s

(aproximadamente). Se forem expostos a velocidades do vento superior a 28

m/s na altura das torres, as turbinas desligarão para auto-proteção. Estas

condições do vento são consideradas raras na zona do desenvolvimento do

projeto.

2.1.3 Energia solar

A maior fonte de energia renovável do planeta é aproveitada de forma

direta e indireta. Quase todas as outras formas de energia – eólica, geotérmica,

biomassa, combustíveis fósseis e energia dos oceanos – são formas indiretas

da energia solar. O aproveitamento da radiação solar é uma forma direta de

utilização da energia solar (aquecimento de fluidos e ambientes e geração de

potência mecânica ou elétrica).

A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos

efeitos da radiação (calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente

os semicondutores . Entre esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e

fotovoltaico . O primeiro caracteriza-se pelo surgimento de uma diferença de

potencial, provocada pela junção de dois metais, em condições específicas. No

segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos em energia elétrica,

por meio do uso de células solares.

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a. Conversão direta da radiação solar em energia el étrica

A conversão direta se dá por meio de efeitos da radiação (calor e luz)

sobre determinados materiais, particularmente semicondutores. Entre esses

efeitos se destacam os termoelétricos e fotovoltaicos. O termoelétrico surge de

uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais, quando tal

junção está a uma temperatura mais elevada que as outras extremidades dos

fios. Embora muito empregado na construção de medidores de temperatura,

seu uso comercial para a geração de eletricidade tem sido impossibilitado pelos

baixos rendimentos obtidos e pelos custos elevados dos materiais (GREEN et

al., 2000).

O efeito fotovoltaico decorre da excitação dos elétrons de alguns

materiais na presença da luz solar (ou outras formas apropriadas de energia).

Entre os materiais mais adequados para a conversão da radiação solar em

energia elétrica, os quais são usualmente chamados de células solares ou

fotovoltaicas, destaca-se o silício. A eficiência de conversão das células solares

é medida pela proporção da radiação solar incidente sobre a superfície da

célula que é convertida em energia elétrica. Atualmente, as melhores células

apresentam um índice de eficiência de 25% (GREEN et al., 2000).

Para a geração de eletricidade em escala comercial, o principal

obstáculo tem sido o custo das células solares. Segundo a referência

(CRESESB, 2000), atualmente os custos de capital variam entre 5 e 15 vezes

os custos unitários de uma usina a gás natural que opera com ciclo combinado.

Contudo, nos últimos anos tem-se observado redução nos custos de capital.

Os valores estão situados na faixa de US$ 200 a US$ 300 por megawatt-hora e

entre US$ 4 e US$ 7 mil por quilowatt instalado (Tabela 4). A Figura 6 ilustra

um sistema completo de geração fotovoltaica de energia elétrica.

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Figura 6 - Ilustração de um sistema de geração fotovoltaica de energia elétrica

Fonte: Adaptado CRESESB (2000)

TABELA 4 - EFICIÊNCIA DE CONVERSÃO E CUSTO DE CÉLULAS SOLARES

Tipo de célula Eficiência (%) Custo Teórica Laboratório Comercial (US$/Wp) Silício de cristal simples

30,0 24,7 12 a 14 4 a 7 Silício concentrado 27,0 28,2 13 a 15 5 a 8 Silício policristalino 25,0 19,8 11 a 13 4 a7 Silício amorfo 17,0 13,0 4 a 7 3 a 5 - FONTE: GREEN et al. (2000)

Uma das restrições técnicas à difusão de projetos de aproveitamento

de energia solar é a baixa eficiência dos sistemas de conversão de energia, o

que torna necessário o uso de grandes áreas para a captação de energia em

quantidade suficiente para que o empreendimento se torne economicamente

viável. Comparada, contudo, a outras fontes, como a energia hidráulica, por

exemplo, que muitas vezes requer grandes áreas inundadas, observa-se que a

limitação de espaço não é tão restritiva ao aproveitamento da energia solar.

b. Energia solar na ilha de Santiago

O aproveitamento da energia solar em Cabo verde é muito incipiente,

apesar de esse país apresentar um potencial bastante elevado.

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A situação geográfica, próximo a linha do equador, favorece muito esse

país no que diz respeito ao seu potencial da energia solar. A temperatura

média anual é de aproximadamente 25ºC, apresentando valor mínimo de 17ºC

e máximo de 30ºC aproximadamente.

A ilha de Santiago, como as restantes do país, possui boas condições

de aproveitamento da energia solar. Não se têm dados atualmente do potencial

aproveitável nessa ilha. Isso se justifica pelo pouco investimento por parte

desse país no aproveitamento dessa fonte de energia no passado. A insolação

média anual nessa ilha é de 7,5 horas/dia.

A ilha de Santo Antão possui um estudo do potencial da energia solar.

A radiação média anual nessa ilha varia entre 3,9 MW/m² a 4,7 MW/m². Pela

proximidade das ilhas e condições atmosféricas semelhantes esses valores

podem também ser considerados válidos para Santiago (Luís Alves).

A cidade de Praia, conta com um parque solar instalado em 2010, com

capacidade de geração de 5 MW de potência em seu sistema elétrico. O custo

desse projeto foi de 18,7 Milhões de Euros.

Futuros parques solares deverão ser instalação nessa ilha, pelas

condições favoráveis que apresenta para o aproveitamento dessa fonte de

energia. Estudos deverão ser realizados para definir qual o potencial máximo

aproveitável. A política do atual governo vai nesse sentido e se espera grande

investimento nesse tipo de fonte de energia.

No presente estudo de planejamento do sistema elétrico de Santiago a

geração de energia elétrica a partir das fontes de geração eólica, solar e o

biodiesel, são alternativas prioritárias na expansão do atual sistema.

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3. Fluxo de potência

O planejamento do Sistema Elétrico de Potência (SEP) deve ser feito

de forma a atender certos critérios de qualidade e continuidade de serviços aos

usuários desse sistema. Podemos citar com exemplos de tais critérios de

qualidade, valores máximos e mínimos de tensão nos pontos de entrega,

excursão máxima de freqüência em torno do valor nominal, carregamento

máximo dos componentes do sistema, entre outros. No planejamento da

ampliação de sistemas, devido ao crescimento da carga, impõem-se

instalações de novas usinas e reforços nos sistemas de transmissão e

distribuição (Zocollotti, 2002).

Estudos de fluxo de potência permitem verificar, admitida uma projeção

do aumento de carga ao longo de um determinado tempo, se o sistema será

capaz de manter-se dentro dos critérios estabelecidos no atendimento aos

usuários, como níveis de tensão nos barramentos. Permitem ainda uma

comparação entre diferentes soluções propostas para a expansão do sistema,

bem como a avaliação do impacto no sistema em função da entrada de novas

unidades geradoras.

Como uma das ferramentas básicas para analise de sistemas elétricos

as equações do fluxo de potencia podem ser aplicadas tanto em sistemas de

grande porte quanto em pequenas instalações. Através da análise do fluxo de

potência pode-se conhecer o desempenho de sistemas sob o ponto de vista de

operação ou planejamento.

A operação de um sistema é considerada adequada quando os níveis

de tensão permanecem dentro de determinadas faixas. Em sistemas de grande

porte é usual considerar como normal, variações de tensão entre 0,95 pu e

1,05 pu. Valores fora desta faixa podem significar que o sistema opera de

forma não segura, próximo de seus limites de estabilidade. Entretanto, existem

exceções, como em sistemas de pequeno porte, onde é permitida a operação

do sistema em níveis de tensão próximos a 0,90 pu (SENAI, 2007).

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3.1 Formulação do problema

Problemas que envolvam análises de redes elétricas em regime

permanente (como, o cálculo do fluxo de carga ou fluxo de potência) são

formulados geralmente na forma de sistemas de inequações algébricas não-

lineares, onde cada uma das equações se refere a uma barra presente nesta

rede. O conjunto de equações do problema do fluxo de carga é formado por

duas equações para cada barra do sistema, levando-se em conta o princípio da

conservação das potências ativa e reativa em cada nó da rede, isto é, a

potência líquida injetada deve ser igual às somas das potencias que fluem

pelos componentes internos e que têm este nó como um dos seus terminais

(Monticelli et al.,2000).

As equações que modelam as potências em cada nó da rede são

funções das seguintes variáveis:

• Pi - Potência ativa na barra i

• Qi - Potência reativa na barra i

• Vi - Módulo de tensão na barra i

• Θi - Fase da tensão na Barra i

Com duas destas variáveis fornecidas como dados de entrada, as

outras duas serão as incógnitas do problema. A partir disto, podem ser

definidos três tipos de barras: (i) as barras do tipo PQ, onde os dados

fornecidos são as potências ativa e reativa nos nós, e são calculados o modulo

e a fase da tensão; (ii) barras do tipo PV, que tem como dados de entrada a

potência ativa e o modulo da tensão na barra, enquanto a potência reativa e a

fase da tensão são as incógnitas; (iii) barras do tipo Vθ, que também pode ser

chamada de barra de referência. Nela são fornecidos os valores de módulo e

fase da tensão enquanto que as potências ativa e reativa são as incógnitas.

Na formulação do problema de fluxo de carga, são necessárias duas

equações para cada barra presente na rede, uma que expressa a potencia

ativa, e outra que expressa a potencia reativa.

Para apresentá-las será feita uma breve introdução a respeito da

relação entre potencia, tensão e corrente, lembrando que as variáveis deste

problema são complexas. Admite-se que todos os valores são fornecidos em

p.u.

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Em redes elétricas balanceadas e leneares, é válida a seguinte relação

entre corrente e tensão:

� � � (1)

Onde é o vetor de correntes injetadas nos nós, é o vetor das

tensões nos nós, e � é a matriz de admitância nodal, sendo, cada elemento (i,i)

de sua diagonal principal a representação da soma de todas as admitâncias

ligadas ao nó i, e os elementos (i,j) fora da diagonal a representação do

negativo da admitância entre as barras i e j. A partir desta equação pode-se

observar que a corrente � que é injetada no nó é dada por:

I = � Y i,k

N

k=1

* � �2�

Onde �,� é o elemento (i,k) da matriz admitância nodal e � é a tensão

no nó k.

A potência ��, para um nó i, pode ser descrita como:

�� = � � �� �3�

Então, a partir das equações (2) e (3) tem-se que:

�� = � � � ��,��

N

k=1

* �� �4�

A equação (4) é uma das equações básicas do fluxo de carga, e a

partir dela, chega-se às equações que representam as potências ativas e

reativas de cada uma das barras da rede. Para isto, é necessário saber que a

potência �� e cada elemento da matriz de admitância ��,�, podem ser expressos

em suas formas retangulares, respectivamente como:

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�� = �� � ��� �5�

��,� = ��,� � ���,� �6�

Onde ��,� e ��,� são respectivamente a condutância e susceptância do

nó i em relação ao nó k, e �� e �� são respectivamente as potências ativas e

reativa no nó i .

Representando os termos � e � em formas polares:

� � � � !"# �7�

� � � � !"% �8�

A partir dessas definições e da equação (4) chega-se às seguintes

equações para as potências ativa e reativa para cada barra da rede.

�� = � �N

k=1

� � ���,� � cos *�,� + ��,� � sin *�,�� �9�

�� = � �N

k=1

� � /��,� � sin *�� + ��,� � cos *�,�0 �10�

Onde *�,� � *� 2 *�.

As equações (9) e (10) expressam as potências ativa e reativa em

uma barra a partir dos módulos e fases das tensões, do próprio nó, e de nós

adjacentes a ele. É possível perceber isso quando se observam os

componentes ��,� e ��,�, pela definição da matriz de admitância. Estes irão

apresentar valores diferentes de zero quando o nó i for adjacente ao nó k.

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3.2 Solução do fluxo de potência

O Estudo de Fluxo de Potência, também denominado de “Fluxo de

Carga” ou de “Load Flow”, pode ser entendido como sendo um processo de

cálculo onde o sistema elétrico é trabalhado através de modelos físico-

matemáticos visando à obtenção dos fluxos de potência ativa e reativa através

das linhas e transformadores, tensões em módulo e ângulo nas barras, valores

de geração ativa e reativa das unidades geradoras etc., nos vários pontos de

um sistema elétrico de potência (Zocollotti, 2002).

As análises do sistema através de estudos de fluxo de potência

representam o comportamento do sistema para uma dada condição de

configuração, geração e carga. A escolha dessas condições deve representar o

comportamento do sistema em uma determinada situação, o mais próximo da

operação real

As análises do sistema através de estudo de fluxo de potência

possuem um elevado grau de confiabilidade (Zocollotti, 2002).

Como em um SEP não conhecemos os valores das correntes dos

diversos ramos do circuito, mas sim as especificações de potência Ativa e

Reativa, o problema, que inicialmente se trataria de forma linear, passa a ser

encarado como um problema não linear, que não pode ser resolvido

diretamente pelas técnicas clássicas de álgebra linear. Pelo contrário, a

solução deve ser obtida por um procedimento iterativo. Os métodos

convencionais de cálculo de fluxo de potência em redes de transmissão são os

de Newton-Raphson, Desacoplado Rápido, etc. (Monticelli, 1983).

Várias ferramentas computacionais são utilizadas atualmente para

resolver o fluxo de potência de uma rede. As análises realizadas nesse

trabalho utilizam o método de Newton-Raphson através do Programa de

Análises de Rede – ANAREDE versão V08-Jan03 (CEPEL – programa

ANAREDE, 2003).

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a. Programa de análises de rede – ANAREDE

O ANAREDE é um conjunto de aplicações computacionais

desenvolvido pela CEPEL – Centro de Pesquisas de Energia Elétrica com o

intuito de tornar disponível, às empresas do setor, novas técnicas, algoritmos e

métodos eficientes, adequados a realização de estudo nas áreas de operação

e planejamento de sistemas elétricos de potência (ANAREDE, 2008).

A versão V08-Jan03 é composta por vários programas, como é o caso

dos programas fluxo de potência e fluxo de potência continuado utilizados

nesse trabalho para análise das tensões nas barras do sistema em decorrência

do aumento de carga prevista para um determinado período de tempo.

O Programa fluxo de potência tem como objetivo o cálculo do estado operativo

da rede elétrica para definidas condições de carga, geração, topologia e

determinadas restrições operacionais (ANAREDE, 2008).

O Programa de fluxo de potência continuado processa seqüencialmente vários

casos de fluxo de potência aumentando a carga de um conjunto de barras de

acordo com uma direção especificada. É utilizado para a determinação das

margens de estabilidade de tensão e para análise do perfil de tensão frente ao

crescimento da demanda do sistema. Curvas PxV podem ser obtidas para

diferentes cenários de crescimento de carga e geração. Curvas QxV também

podem ser obtidos automaticamente (ANAREDE, 2008).

b. Curvas PV na análise de expansão

Um sistema elétrico é dito estável do ponto de vista de tensão se após

distúrbios, contingências ou aumento de carga, um novo estado de equilíbrio é

obtido com todas as tensões dentro de limites aceitáveis. O estudo de

estabilidade de tensão permite determinar o quanto um estado de operação

está próximo do ponto de colapso de tensão, evitando-se possíveis

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desligamentos com conseqüências graves como as relatadas em [Kundur,

1994].

Um sistema entra em estado de instabilidade de tensão quando o

aumento de demanda da carga ou alterações nas condições de operação

produz uma progressiva e incontrolável queda de tensão. Isso é esperado

porque as quedas de tensões sobre as linhas de transmissão são funções das

potências ativas e reativas transferidas [Kundur, 1994].

O uso de curvas PV é uma maneira prática de se analisar a

estabilidade de tensão de regime permanente de um sistema elétrico de

potência. Tais curvas fornecem o limite de operação estável de um sistema e

através dela pode ser avaliada a necessidade de expansão do sistema em

termos de geração e transmissão.

Esse trabalho faz a análise dessa curva para determinar as tensões

nos barramentos do sistema através do programa do calculo de Fluxo de

potência no ANAREDE.

Figura 7 - Exemplo ilustrativo da Curva PV

Nesse trabalho mantém-se o fator de potência constante no

crescimento da carga e consideram-se os limites de geração de potência

reativa dos geradores nas simulações, através do ANAREDE.

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4. Levantamento dos dados do setor de energia de ca bo verde

Cabo verde é um país desprovido de recursos naturais abundantes. A

necessidade de importá-los de outras nações fez com esse país tivesse uma

grande dificuldade na estruturação do seu setor elétrico. Com a independência

de 1975, os colonizadores portugueses abandonaram o país, deixando-o num

estado precário, onde não existiam recursos, e nem sequer existia setor

privado. Nessa situação o recente formado governo teve que participar de

todos os setores da economia do país, principalmente as chamadas indústrias

de base, como é o caso do setor elétrico (PEAS - Projeto de Energia, Água e

Saneamento, 2002).

Em 1976, através do departamento de Eletricidade, estabeleceu como

principais metas do seu programa a eletrificação das principais cidades e vilas

do país. Em 1990, após 15 anos de trabalho essa meta foi cumprida (Relatório

Electra, 2009).

A estruturação dos setores de produção e distribuição de energia

elétrica e água (por processos de dessalinização) passaram por várias

tentativas. A primeira ocorreu nas ilhas de S. Vicente, Santiago (Praia) e Sal,

com a criação de três empresas estatais. Em S. Vicente, a Eletricidade e Água

do Mindelo (EAM), que resultou da fusão em 1978 da Junta Autónoma das

Instalações de Dessalinização de Água (JAIDA) com a Central Eléctrica do

Mindelo (CEM); na Ilha de Santiago, a Central Eléctrica da Praia, (CEP), que

produzia e distribuía a eletricidade na Cidade da Praia; e na ilha do Sal, a

Eletricidade e Água do Sal (EAS) (PEAS, 2002).

A segunda tentativa de estruturação ocorreu quando foi criada a

ELECTRA, Empresa Pública de Eletricidade e Água, a 17 de Abril de 1982,

pelo Decreto-lei nº 37/82. Esse decreto consistia em consolidar as três

empresas regionais numa única estatal nacional, que produzisse e distribuísse

energia e água dessalinizada nessas três ilhas. O total da produção de energia

atingia os 14.155.000 kWh, e o consumo era de 9.538.000 kWh. A produção de

água era de 519.996 m3, registrando então um consumo de 302.290 m3. Em

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40

1992, a ELECTRA celebrou com a Câmara da ilha de Boa Vista um contrato de

concessão e passou a assegurar a produção e distribuição de eletricidade e

água, na vila de Sal Rei e na zona norte da ilha (PEAS, 2002).

Com a entrada do novo governo em 1991 e a elaboração do III PND

(1992/1996), o setor elétrico foi orientado visando a construção de

infraestruturas necessárias para a eletrificação de todos os principais centros

de cada conselho, assim como o reforço e valorização dos recursos endógenos

como o caso da energia eólica. No período compreendido entre 1990 e 1995, a

capacidade instalada duplicou passando de 21,4 MVA para 42,3 MVA

(Cardoso, 2005).

Outro momento de reestruturação da empresa ocorreu em 1998,

quando ela visava estender sua ação a todo território nacional. Houve

mudanças no estatuto e na composição societária da empresa, onde a Electra

passou a ser Sociedade Anônima.

No inicio do ano 2000 a empresa já possuía delegações em todas as

ilhas do país, fornecendo os serviços de produção e distribuição de eletricidade

com exceção de São Filipe e Santa Cruz, na ilha do Fogo e Santiago

respectivamente, assim como no recolhimento e tratamento de águas residuais

do Mindelo (PEAS, 2002).

4.1 ELECTRA S.A

Empresa de Eletricidade e Água, SARL é uma Sociedade Anônima,

cujo objeto social definido pelos seus estatutos, consiste na produção,

distribuição e venda de eletricidade em todo o território nacional, de água na

Praia, São Vicente, Sal e Boa Vista, bem como a recolha e o tratamento para a

reutilização de águas residuais na cidade da Praia e no Mindelo, podendo

dedicar-se a outras atividades relacionadas com o seu objeto social (Relatório

e contas 2009 – Electra S.A, 2009).

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41

4.2 ESTRUTURA DO SISTEMA ELÉTRICO DE CABO VERDE

O sistema produtor de energia elétrica de Cabo Verde baseia-se

essencialmente na exploração, em redes isoladas, de centrais elétricas

equipadas com grupos dieseis, utilizando como combustível o gasóleo e muito

recentemente o fuel. Todos os grupos dispõem de sistemas de regulação de

velocidade e de tensão de modo a manter as grandezas elétricas da rede em

valores próximos dos normais (PEAS, 2002).

As linhas aéreas de média tensão fornecem normalmente energia

elétrica para áreas rurais, pequenas cidades, companhias industriais ou

fábricas, enquanto que as linhas subterrâneas para os grandes centros

urbanos.

Na figura 8 é representado um esquema simplificado da arquitetura do

sistema elétrico cabo-verdiano (PEAS, 2002).

Figura 8 - Arquitetura Elétrica do sistema elétrico de Cabo Verde

FONTE: Jair (2010).

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42

A energia que sai da Central de Produção passa pelas subestações de

distribuição da empresa, é medida, portanto, conhecida e facilmente

controlada. O caminho a ser percorrido por esta energia é determinado por um

conjunto de cabos de média tensão (MT), além de outros equipamentos como

reguladores de tensão e de amperagem. A energia elétrica sai da subestação

e, então, é distribuída para todos os postos de transformação e anéis da

cidade e estes, por sua vez, são distribuídos para os transformadores das

diferentes regiões ou bairros. Essa energia depois de transformada entra nas

portinholas de cada consumidor antes de ser consumida (PEAS, 2002).

A energia elétrica chega aos consumidores através de redes de

distribuição a dois níveis de tensão, media tensão (MT) e baixa tensão (BT).

Em nível de Média Tensão, predominam varias tensões (6, 10, 13.8, 15 a

20kV) (PEAS, 2002).

Um projeto feito pela Electra sobre as novas ligações domiciliares em

2002 realça que as linhas aéreas de baixa tensão são constituídas de quatro

cabos condutores (três fases e um neutro). Os condutores são de cobre ou

alumínio, sendo suportados por isoladores montados transversalmente ao

longo dos postes.

Os cabos são montados num plano vertical, separados entre si de 15 a

25 centímetros. As redes de distribuição aérea operam com circuitos trifásicos

com neutro (220V ou 380V entre fases). O número típico de consumidores por

transformador varia de acordo com as características de potência dos

transformadores (PEAS, 2002).

4.3 Centrais produtoras de energia elétrica no país

Essas centrais produtoras são centrais que vem operando de 2005 a

2009. (Relatório Electra, 2005-2009).

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43

As tabelas 5 e 6 mostram as unidades geradoras da ilha de Santiago

nos anos 2005 e 2009 assim como o tipo de fonte de geração que estas

utilizavam.

TABELA 5 - PRODUÇÃO POR CENTRAL E TIPO DE EQUIPAMENTO EM 2005 (kWh)

Ilha Central Diesel Eólica Total

Repartição

percentual

Santiago

Cidade da Praia 17.802.523 2.299.239 20.101.762

Palmarejo 81.780.047 81.780.047

Porto Mosquito 44.516 44.516

S. Cruz 3.161.620 3.161.620

Total Praia 102.788.706 2.299.239 105.087.945 44,5%

Assomada 6.595.673 6.595.673

Ribeira da Barca 284.525 284.525

Tarrafal 4.061.063 4.061.063

Calheta de S. Miguel 1.343.101 1.343.101

Total interior Santiago 12.284.362 12.284.362 5,2%

TOTAL (Santiago) 115.073.068 2.299.239 117.372.307 49,7%

FONTE: Relatório ELECTRA (2005)

TABELA 6 - PRODUÇÃO POR CENTRAL E TIPO DE EQUIPAMENTO EM 2009 (kWh)

Ilha Central Diesel Eólica Total Repartição percentual

Santiago

Praia - Gamboa 5.178.000 711.542 5.889.542

Palmarejo 131.230.170 131.230.170

Porto Mosquito 0 0

S. Cruz 6.556.699 6.556.699

Total Praia 142.964.869 711.542 143.676.411 48,7%

Assomada 9.319.341 9.319.341

Ribeira da Barca 333.247 333.247

Tarrafal 5.150.906 5.150.906

Calheta de S. Miguel 0 0

Total interior Santiago 14.803.494 14.803.494 5,0%

TOTAL (Santiago) 157.768.363 711.542 158.479.905 53,7%

FONTE: Relatório ELECTRA (2009)

Como se observa nas tabelas 5 e 6 Santiago é o maior centro de

consumo e produção de energia elétrica de Cabo Verde. Representou em 2009

53,7 % de toda geração do país. A maior cidade do país e sua capital, Praia, é

também seu maior centro de consumo representando em 2009 48,7 % de toda

geração produzida.

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A taxa de crescimento anual

Santiago é de aproximadamente 15 % na Praia e 7% no interior da ilha.

4.4 Sistema elétrico de potência da ilha de

A figura 9 representa de forma esquemática o

de Santiago. Nesta é mostrada a localização das centrais produtoras, suas

interligações e tipo de geraç

(Relatório Electra, 2009).

Figura 9 - Esquemático do sistema elétrico

FONTE: Adaptado Relatório Electra (2009)

A taxa de crescimento anual da procura de energia elétrica para

antiago é de aproximadamente 15 % na Praia e 7% no interior da ilha.

Sistema elétrico de potência da ilha de Santiago

representa de forma esquemática o sistema elétrico da ilha

de Santiago. Nesta é mostrada a localização das centrais produtoras, suas

interligações e tipo de geração segundo recursos disponíveis no ano de 2010

(Relatório Electra, 2009).

sistema elétrico de Santiago (2010)

Adaptado Relatório Electra (2009)

44

da procura de energia elétrica para ilha de

antiago é de aproximadamente 15 % na Praia e 7% no interior da ilha.

sistema elétrico da ilha

de Santiago. Nesta é mostrada a localização das centrais produtoras, suas

rsos disponíveis no ano de 2010

Page 45: ESTUDO DE TENSÃO PARA CENÁRIO DE EXPANSÃO DO SISTEMA ... · O sistema elétrico da ilha de Santiago terá em 2012 uma grande mudança na sua estrutura, passando de um sistema isolado

45

O SEP de Santiago é caracterizado pela diversidade nas fontes na

geração de energia elétrica. A geração térmica é predominante, representando

em 2010 mais de 95 % da geração na ilha apesar do país não possuir o

combustível utilizado, sendo este importando a preços altos. A dependência

desse combustível para a geração de energia fez o preço da energia elétrica

que chega aos consumidores ser bastante alto se comparados a energia

vendida em outros países. As figuras (10) e (11) mostram as variações da

quantidade e do preço dos combustíveis, respectivamente, ao longo dos anos

utilizados na geração de energia elétrica pelas centrais térmicas do país.

Figura 10 - combustíveis utilizados na geração elétrica em Cabo Verde

FONTE: ELECTRA 2009.

Figura 11 - Variação do preço dos combustíveis: Cabo Verde.

FONTE: ELECTRA 2009.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

180,00

200,00

Jun

-20

04

No

v-2

00

4

Ag

o-2

00

5

Ab

r-2

00

6

No

v-2

00

6

Jan

-20

07

Ou

t-2

00

7

Ma

r-2

00

8

Jun

-20

08

Se

t-2

00

8

Ou

t-2

00

8

No

v-2

00

8

De

z-2

00

8

Jan

-20

09

Ma

r-2

00

9

Ag

o-2

00

9

Ou

t-2

00

9

Fuel 180 - Esc / Kg

Gasolina Esc / Litro

Fuel 380 - Esc / Litro

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46

O sistema elétrico de Santiago é disperso, ou seja, não é um sistema

interligado como pode ser visto na figura 9. A geração e consumo para os

diferentes conselhos são isolados uma da outra, salvo alguns conselhos como

Tarrafal e Praia que se interligam com S. Miguel e R. Grande, respectivamente.

4.4.1 Sistema elétrico de potência da cidade da pra ia

A cidade da Praia, como já referido ao longo desse trabalho é a maior

cidade do país e também seu maior centro de consumo. A geração e consumo

nessa cidade atingiram no ano 2010 aproximadamente 90 % de toda geração e

consumo da ilha. Ela também possui o maior e mais estruturado sistema

interligado de todas as cidades do país. Na geração temos como fontes

utilizadas a eólica, a solar e a térmica convencional. As tensões de transmissão

entre subestações utilizadas nesse sistema é 15 e 20 kV. As tensões de

consumos são fornecidas a partir das subestações secundárias nos valores de

220/380 V. Nas figuras (12) e (13) encontram-se os diagramas unifilares

esquemático do SEP de praia.

Figura 12 - Representação esquemática do SEP de Praia

FONTE: Electra S.A (2011)

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47

Figura 13- Representação esquemática do diagrama unifilar de média tensão do SEP da Praia.

4.5 Sistema integrado de Santiago

Na figura (14) está representado o projeto integrado de Santiago

financiado pelo BAD/JBIC, que visa eliminação das centrais do interior de

Santiago, produção de energia em toda a ilha com recurso a óleo combustível

(Fuel) até final de 2012 (António Fortes, 2010).

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48

Figura 14 - projeto integrado Santiago 2011-2012

FONTE: António Fortes (2009)

A figura (15) ilustra o esquemático do sistema elétrico de Santiago,

contemplando a projeção dos projetos de expansão em andamento, com

término previsto para finais 2011.

Figura 15 - representação esquemática do sistema elétrico de Santiago - 2012.

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49

4.6 INVESTIMENTOS NO SETOR DE ENERGIA DE SANTIAGO

O setor de energia em Cabo Verde infelizmente, não tem sido

integrado numa política global de energia, de infra-estruturação e de

desenvolvimento econômico do país. Esta falta de visão global, do setor de

energia em geral e do subsetor de eletricidade em particular, terá sido uma das

causas dos vários períodos de “crise de crescimento” do sistema nacional

produtor de energia elétrica. Essas crises terão sido resultantes dos grandes e

graves atrasos verificados no aumento de potência instalada dos centros

produtores de energia, e também na não ampliação e modernização

tempestiva das redes de transporte em média tensão (MT) e de distribuição em

baixa tensão (BT) de eletricidade nas várias cidades e vilas de Cabo Verde

(relatório da Electra, 2008).

As crises no abastecimento de energia elétrica, principalmente na

cidade da Praia, para serem evitadas no futuro requerem a implementação de

um Programa de Emergência, para recuperar o atual atraso de 4 anos (de

2002/3 a 2006), com um conjunto intensivo de investimentos, programa esse

que terá de ser realizado, no quadro de um plano de energia sustentável e

ambicioso de desenvolvimento do sector de energia e água para o futuro (2009

– 2020). Este plano terá de ser integrado no desenvolvimento econômico global

da ilha de Santiago e de todo o Cabo Verde.

O plano sustentável de desenvolvimento de energia deverá

acompanhar com segurança a taxa exponencial (» 15%/ano) de crescimento

da procura energia elétrica principalmente na capital do país e o rápido

aumento da procura de energia e água por todo o país (Sal, Vicente, Boa Vista,

Santo Antão, São Nicolau, Maio, Fogo e Brava).

A Cidade da Praia tem registrado um crescimento anual de consumo

de energia elétrica a uma taxa média superior a 15%, donde uma duplicação

em cada 4,7 anos.

Os últimos grandes investimentos efetuados no sector de produção (+

11.200 kW, dois grupos de 5.600 kW cada) em 2001/2002, na Nova Central

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50

Elétrica do Palmarejo, mas que também foram realizados com um atraso

superior a 3 anos, deveriam ter sido complementados com novos investimentos

de (+ 14.600 kW), em 2003. A instalação deste possível reforço de potência

das centrais elétricas da cidade da Praia com mais 14.600 kW (2 grupos de

7.300 kW cada) em finais de 2007, foi realizado com um novo atraso de mais

de 4 anos. Em 2010 a Nova central de Palmarejo foi reforçada com um parque

solar com capacidade de geração de 5MW de potência.

Nova central única de Santiago está sendo instalada em Palmarejo

com a ampliação da Nova central de Palmarejo. Este processo visa eliminar as

pequenas centrais como é o caso da de Tarrafal, S. Cruz e Santa Catarina.

Será construída uma linha de média tensão de 60 kV que ligará a Nova Central

de Palmarejo a uma subestação abaixadora (60 kV – 20 kV) localizada em S.

Miguel. A subestação abaixadora de S. Miguel se conectará com as

subestações abaixadoras (20kV -127/220/380 V) construídas em Tarrafal, S.

Cruz e Santa Catarina por uma linha de transmissão de 20 kV. A partir destas

subestações, a distribuição de energia elétrica será feita para a população

destas localidades. A previsão de conclusão das obras e início de operação

esta prevista para finais de 2012 (António Fortes, 2010).

Como já comentado anteriormente o atual parque do Monte S. Felipe

será substituído por um novo parque com capacidade de produção de 10 MW

de potência. Será construída uma linha de transmissão de aproximadamente, 8

km desde o Monte Filipe ou Ilhéu de São Filipe, até à subestação da Electra

localizada na Várzea, em frente à Praia da Gamboa. A conclusão deste projeto

está prevista para finais de 2012 (Cabeolica Wind Farm Project, 2010).

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51

4.7 Estudo de expansão do SEP de Santiago

A geração de energia elétrica que no início era baseado na utilização

do combustível no ponto de consumo teve seu cenário mudado quando

Thomas Edison instalou a primeira estação de energia elétrica, chamada Pearl

Street Electric Station, em Nova Yorque, em 1882. A partir desta data a

estações geradoras se espalharam pelo mundo. Algumas das razões pela

expansão gigantesca deste tipo de indústria, como a conhecemos hoje, são

citadas abaixo:

1. A energia Elétrica pode ser transformada em outro tipo de energia,

sendo ela transportada e disponível no ponto de consumo;

2. A energia Elétrica, por não ser efetivamente armazenada, tem

contribuído para seu uso crescente.

Conforme já dito o objetivo básico de um sistema elétrico de potência é

gerar energia de forma que atenda aos seguintes requisitos: continuidade de

serviço e qualidade de energia. O SEP deve gerar energia em quantidades

suficientes e nos locais apropriados, transmití-la em grandes quantidades aos

centros de consumo e então distribuí-la aos consumidores individuais, em

forma e quantidade apropriadas com os mais baixos custos econômicos,

ecológicos e segurança possível, Tubarão (2003).

A estrutura de um SEP é muito complexa, no entanto, pode ser dividida

em 5 grandes blocos:

• Fonte de Energia – Geração;

• Conversor de energia – Transformação;

• Sistemas de transmissão;

• Sistema de distribuição;

• Carga – Consumo.

Na sua forma simplificada, o SEP é devido em meios de produção,

meios de transportes e meios de consumo de energia elétrica, como ilustrado

na figura 16.

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52

Figura 16 - Representação simplificada de um sistema de energia elétrica

FONTE: Fortunato (1990)

A localização dos meios de produção é função da disponibilidade dos

recursos primários. No caso das usinas termoelétricas o mais próxima possível

dos centros de consumo (Fortunato, 1990).

As linhas de transmissão e subestações correspondem aos meios de

transportes, responsáveis pela chegada da energia produzida nas usinas aos

consumidores.

A energia elétrica precisa ser consumida na medida e tempo em que

ela é gerada, uma vez que não há possibilidades reais de armazenamento. Da

eficiência das linhas de transmissão e distribuição dependem a qualidade do

produto final e redução das perdas elétricas.

Os meios de consumo da energia elétrica correspondem a toda a carga

dos diferentes tipos de consumidores. Para efeito de planejamento de sistema

de produção, a distribuição de energia é incluída nos meios de consumo.

A confiabilidade e economicidade dos três elos dependem da

confiabilidade e economicidade de cada um dos componentes. A integração

destas torna o sistema mais confiável e econômico (Fortunato, 1990).

4.7.1 Planejamento de sistemas elétrico de potencia

O planejamento de sistemas elétrico de potência apresenta: as

previsões da demanda futura de eletricidade, a escolha de técnicas e

tecnologias de geração e de transmissão de energia elétrica, a definição e a

determinação da estrutura geral do sistema e a seleção de cenários de

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53

investimentos mais próximos do ótimo considerando a locação e o cronograma

de entrada em operação dos novos equipamentos e componentes do sistema.

O planejamento de um sistema de energia elétrica tem como objetivos

o estabelecimento de um nível de confiabilidade para o atendimento da

demanda máxima futura e baixo custo. Os acréscimos na capacidade instalada

são dimensionados a atender a demanda máxima prevista e aos requisitos de

reserva de potência. A reserva de potência representa uma folga de

capacidade de geração com a finalidade de manter a estabilidade e a

qualidade de suprimento em situações de falhas em unidades geradoras, erros

de previsão de carga, manutenções etc.

4.7.2 Estudo de expansão do sistema de geração

As Usinas termoelétricas podem ser divididas em dois grupos: As

convencionais e as nucleares. As convencionais utilizam como combustíveis

materiais fósseis como carvão, gás natural e combustível (derivados de

petróleo). Podem ser dividas em usinas a vapor, a gás e em usinas com

combustão direta (Fortunato, 1990).

As usinas a combustão direta, funcionam com base no princípio dos

motores a pistão (Combustão interna - a mistura admitida para dentro do

motor é queimada e sua energia térmica é transformada em energia mecânica),

como as usinas de óleo diesel. Estas por sua vez apresentam como vantagem

dimensões reduzidas, facilidade de operação e manutenção e rapidez na

tomada ou redução de carga. Os inconvenientes da sua utilização são,

principalmente, o uso dispendioso de combustível e poluição ambiental

(Fortunato, 1990).

Nos estudos de planejamento de geração a representação das usinas

termoelétricas é feita através de suas características físicas e restrições

operacionais, tais como potência máxima, combustível usado, consumo

específico, taxa de tomada de carga e nível mínimo operativo.

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54

Os níveis mínimos operativos, em estudos de planejamento energético,

podem estar ligados as características físicas das usinas, como manutenção do

ciclo termodinâmico, ou do consumo de combustível secundário nas usinas a

carvão, ou ainda relacionadas a problemas de estabilidade na rede elétrica.

A potência ativa mínima para os geradores utilizados no SEP de

Santiago é limitada a 50% da potência máxima em virtude do tipo de

combustível utilizado ("Fuel" 380 cst).

Na ilha em estudo, Santiago, as usinas convencionais a óleo diesel

predominam e representaram em 2010 90% de toda geração de energia

elétrica. O Anexo A, apresenta os geradores convencionais e suas

características, disponíveis para geração de energia elétrica para o ano de

2012.

As gerações a partir de fontes renováveis nomeadamente solares,

eólicas e biodieseis são representadas no estudo de planejamento como fontes

alternativas de geração com restrições intrínsecas na capacidade de geração.

A dependência dos recursos naturais, nem sempre disponíveis nos momentos

que se precise, torna esse tipo de geração pouco confiável quanto ao

fornecimento de determinado nível de potência. Mas não deixam de ter a sua

grande importância no contexto de planejamento de geração, uma vez que

essas fontes são renováveis podendo ser exploradas por um tempo muito

grande, gerando economia e reduzindo a poluição, um dos grandes problemas

enfrentados hoje pelo planeta.

Na ilha de Santiago a exploração de fontes renováveis para geração de

energia elétrica vem sendo utilizada desde 1994, quando os primeiros parques

eólicos foram instalados, com capacidade de geração de 0,9 MW de potência.

Em 2010, o primeiro parque solar entrou em operação com capacidade de

geração de 10 MW. Em 2012 está previsto a entrada em operação do parque

eólico de Monte de São Felipe, com capacidade de geração de 10 MW. Uma

fonte de energia ainda inexplorada para geração de energia elétrica na ilha de

Santiago é o biodiesel proveniente dos óleos da Purgueira. Esta apresenta um

potencial razoável e que poderá ser utilizada como forma de geração

alternativa enriquecendo o sistema com geração com menos poluição e

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55

combustível nacional obtido a um preço menor se comparado aos derivados do

petróleo.

A ilha apresenta condições favoráveis para esses tipos de gerações

alternativas como vem sendo mostrado ao longo desse trabalho. O atual

governo vem apostando nesses tipos de geração, e previu para 2020 um

sistema elétrico no país com 50 % da sua geração pelas fontes renováveis.

a. Comparação dos diferentes tipos de geração na il ha de Santiago

Segundo Ricardo Martins, do planejamento da Electra S.A, o custo

unitário da implantação de 1 KW de potência eólico em Cabo verde é estimado

em 1500 Euros.

O custo total do atual parque solar instalado em 2010, na cidade da

Praia, com 5 MW de potência de capacidade de geração, é de 18,7 Milhões de

Euro (Ricardo Martins, 2011).

O custo de implantação de um gerador térmico a diesel e ou biodiesel é

o custo do gerador mais 10 % deste, aproximadamente.

Em Cabo Verde a taxa de cobrança de energia elétrica é uniforme para

qualquer que seja o tipo de geração. Não existe hoje ainda nesse mercado um

sistema regulatório e estruturado que defina o preço da geração produzida

pelos parques solares e eólicos, segundo Ricardo Martins do planejamento da

Electra S.A.

4.7.3 Estudo de expansão das linhas de transmissão

O transporte de energia elétrica é realizado em todos os níveis,

diferenciando-se pelas tensões e quantidades de energia que cada um de seus

elementos básicos transporta. Os elementos-base, responsáveis pelo

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transporte que poderiam, genericamente, ser chamados eletrodutos, são

representados por linhas aéreas ou cabos, subterrâneos ou Submarinos. Suas

designações particulares o nível a que pertencem (Fuchs, 1977).

Linhas de transmissão são linhas que operam com tensões mais

elevadas do sistema tendo como função principal o transporte de energia

elétrica entre centros de produção e centros de consumo, como também a

interligação dos centros de produção e mesmo sistemas independentes. Em

um mesmo sistema pode haver, e em geral há linhas de transmissão em dois

ou mais níveis de tensão (Fuchs, 1977).

No SEP de Santiago, em estudo, predominam duas tensões de

transmissão: 20 e 60 kV. Os dados das linhas transmissão do referido sistema

foram fornecidos pela empresa Electra S.A para consulta.

a. Limites térmicos de capacidade de transporte

As secções dos cabos condutores são fixadas normalmente, através de

um equacionamento de custo da instalação, dimensionadas para operação nas

condições desejadas e as perdas de energia que ocorrem nessas condições de

operação. As restrições impostas são, em geral, de natureza tal que as

densidades de corrente nos condutores se mantêm relativamente baixas, não

havendo, portanto, maiores problemas com o aquecimento excessivo dos

condutores. Sob certas circunstâncias, pode ser de toda conveniência a

operação de linhas com densidades de corrente mais elevada, como no caso

de linhas relativamente curtas destinadas ao transporte de potências elevadas.

Neste caso, o aquecimento dos condutores, em virtude das perdas por efeito

joule, pode ser o fator de limitação de maior importância. A limitação da

corrente em um determinado condutor, a fim de que sua temperatura não

ultrapasse determinados valores prefixados, é necessária em virtude dos

seguintes fatores:

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• Os projetos de distribuição das estruturas das linhas sobre o terreno se

baseiam nas flechas máximas admitidas para os seus condutores.

Estas são função das temperaturas máximas admitidas em projeto.

Qualquer acréscimo não previsto de temperatura fará com que as

flechas aumentem, reduzindo as alturas de segurança exigidas pela

norma.

• As perdas de energia por efeito joule são proporcionais as resistências

dos condutores, que aumentam com o aumento da temperatura.

• As deformações plásticas dos condutores e a perda cumulativa de

resistência mecânica são também função das temperaturas máximas

alcançados pelos condutores (Fuchs, 1977).

b. Equilíbrio térmico de um condutor

Os cabos elétricos das linhas de transmissão estão sujeitos a um

aquecimento adicional causado pela radiação solar, que se sobrepõe a efeito

térmico da corrente. Por outro lado, a superfície dos condutores perde calor de

duas maneiras: por irradiação e convecção.

Sob condições de regime permanente, temperatura ambiente, radiação

solar e corrente elétrica, a equação 11 é válida:

34 + 35 � 6. 7 + 38 �11�

Onde:

34 – Perda de calor por convecção

35 2 Perda de calor por radiação

38 – Ganho de calor por radiação solar

7 – Resistência do condutor à corrente alternada

A capacidade máxima de corrente sob limite de temperatura pré-

estabelecido poderá ser calculada pela equação 12:

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� 9:,;;<=>? �@AB@C� D 5EF

�12�

Onde:

35 , 34 2 GH/JKL²M

7N4 – Resistência à corrente alternada [ohms/ 1000 pés]

O – Diâmetro do condutor

A avaliação da capacidade máxima de corrente de expansão nas linhas

de transmissão não será realizada pelos seguintes motivos:

� Tempo insuficiente para levantamento dos dados da equação 12;

� Estamos assumindo, que nesse estudo inicial de planejamento de

expansão do sistema elétrico de Santiago, que os limites de estabilidade

de tensão de regime permanente estão sendo atingidos a níveis

inferiores à capacidade máxima de corrente permitida nas linhas da

rede.

4.8 Características do consumo de energia elétrica na ilha de Santiago

Os desafios energéticos que se colocam a Santiago são caracterizados

por duas tendências: a expansão e o crescimento acelerado da população e a

crescente procura (por parte de nacionais e turistas), que inflacionam o

aumento do consumo de energia nessa ilha. Uma importante parte do

crescimento econômico está associada ao turismo que deve absorver um forte

crescimento anual, com impactos significativos no consumo de energia.

A dependência externa (importação de combustíveis) para produção de

energia e aumento da demanda por eletricidade e alguma ineficiência no setor,

resulta num elevado custo de eletricidade em Cabo Verde que é cerca de 70%

superior ao da União Européia, como mostra a PECV (2008).

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Segundo a Agência Nacional de regularização econômica (ARE), o

sistema elétrico de Cabo verde passou 17 anos (1985-2003), sem ajuste

tarifário. Nessa época a empresa era estatal e não possuía um órgão

regularizador. A tabela 7 mostra a evolução no preço da tarifa ao longo dos

anos.

TABELA 7 - EVOLUÇÃO DAS TARIFAS DE ENERGIA ELÉTRICA EM CABO VE RDE

Escalões Tarifa (EUR/kWh sem IVA)

01/08/1985 01/01/2003 01/06/2006 05/03/2007 27/06/2008

I Tarifas de baixa tensão

BT Doméstica Social 0,13 0,15 0,18 0,19 0,20

BT Doméstica 0,15 0,19 0,22 0,24 0,26

Iluminação Pública - 0,11 0,13 0,14 0,18

Baixa Tensão Industrial 0,11 0,15 0,17 0,19 0,22

II Tarifa de média tensão 0,10 0,12 0,14 0,15 0,19

FONTE: Adaptado de ARE (2009)

Devido aos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis em

Abril de 2006 e a eliminação do subsídio do gasóleo, a ARE procedeu, em 1 de

Junho de 2006, ao aumento das tarifas de eletricidade em 20% e de água em

10%. Por este reajuste tarifário não ter sido suficiente para fazer face ao

aumento dos combustíveis, pois o “mix” dos custos de combustíveis, incluindo

a perda do subsídio de gasóleo aumentou cerca de 75%, a ARE procedeu a

um novo reajuste, em 5 de Março 2007, das tarifas de Eletricidade com um

aumento de 6,5% (Relatório da Electra, 2007) .

Na seqüência do sucessivo aumento de preço dos combustíveis em 27

de Junho de 2008, a ARE procedeu ao aumento das tarifas de eletricidade em

19,73% e de água em 10%. No dia 12 de abril de 2011, entraram em vigor

novos valores das tarifas de eletricidade, ajustada pela Agência de

Regularização Econômica - ARE em função do aumento dos preços dos

combustíveis, como mostra a tabela 8.

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TABELA 8 - PREÇO DA TARIFA DE ELETRICIDADE - 2011.

TARIFA DE ELETRICIDADE (EUR/kWh)

Escalões Tarifa base (T)

IVA (15%X30%T)

Tarifa c/IVA

Baixa Tensão Doméstica

<=60kWh 0,24 1,19 0,25

>60kWh 0,30 1,50 0,32

Iluminação Pública 0,22 1,12 0,23

Baixa Tensão Industrial 0,27 1,33 0,28

Média tensão 0,23 1,13 0,24

FONTE: Adaptado de Are (2011)

A taxa de crescimento da procura por energia elétrica para a ilha de

Santiago é aproximadamente 15% ao ano. Este valor se refere somente a

cidade da Praia que no caso representa aproximadamente 90 % de toda

energia consumida na ilha. No interior da ilha esse crescimento é de

aproximadamente 7 % anual, representado no gráfico (1).

GRÁFICO 1 - AUMENTO DA CARGA DO SISTEMA DE 2012 – 2017

A figura 16.1 mostra a curva de carga típica num dia normal, sábado e

domingo. O sistema é mais carregado nos horários de ponta entre as 7 - 10

horas e das 18 - 22 horas.

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

2012 2013 2014 2015 2016 2017

ANO

Crescimento da Carga - Santiago

P. Santiago (MW)

Q. Santiago (MVar)

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Figura 16.1 - diagrama de carga típicos do SEP de Praia (16-12-2009).

FONTE: Electra S.A (2011)

4.9 Representação do SEP da ilha Santiago em estudo

A figura 18 apresenta o diagrama unifilar do sistema integrado elétrico

de Santiago, que é a base sobre a qual é realizado o presente trabalho de

estudo de planejamento do SEP de Santiago.

Os dados desse sistema utilizados na realização das análises foram

fornecidos pela área de planejamento da concessionária Electra S.A, através

dos funcionários Ricardo e Arikson, para consultas.

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Figura 17 - diagrama elétrico do SEP de Santiago em Estudo (sem escala)

FONTE: Electra S.A (2011)

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5 Resultados das análises e discussões

As análises de fluxo de potência continuado para obtenção do perfil de

tensão nos barramentos do sistema foram divididas em duas etapas. A primeira

etapa teve por objetivo avaliar os níveis de tensão nos barramentos do sistema

integrado de Santiago, tendo em vista a previsão de carga e geração para o

ano de 2012. Foram utilizadas as demandas de carga mínima e máxima

previstas para este ano para realização das análises. A segunda etapa teve

como objetivo avaliar esse sistema, também em termos de níveis de tensão de

regime permanente nas barras, para os próximos cinco anos, ou seja, avaliar o

comportamento desse sistema num cenário de expansão de 2013 a 2017.

Todos os dados necessários para realizar as análises de fluxo de

potência continuado foram disponibilizados pela Electra S.A.

As simulações do fluxo de potência continuado foram realizadas

através do programa computacional ANAREDE. Através destas simulações

foram geradas curvas tipo PV e os casos mais críticos, ou seja, os barramentos

onde os níveis de tensão se aproximam dos limites pré-estabelecidos (sendo

estes 0,95 pu e 1,05 pu) são apresentados e analisados ao longo deste

capítulo.

A análise das curvas PV permite aperfeiçoar o estudo de expansão

desse sistema possibilitando tomadas de decisões no que diz respeito à

alocação das futuras gerações, de preferência renováveis, disponível na ilha

Santiago e instalação de novas linhas, bem como, de banco de capacitores.

As unidades geradoras que deverão ser instaladas nos próximos anos,

cuja necessidade é proveniente das análises de fluxo de carga continuado,

foram alocadas em certos barramentos da rede elétrica e novas simulações

foram realizadas com o intuito de verificar o impacto dessas novas unidades

geradoras no perfil de tensão dos barramentos do sistema. A melhor alocação

destes foi decidida através da análise dos resultados fornecidos após a

alocação desses geradores nos pontos considerados estratégicos. Os pontos

estratégicos foram considerados aqueles em que os barramentos se situam

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próximos ao centro de consumo e próximos da principal região de geração de

energia elétrica, no caso, a barra (1), conforme ilustra a figura 17. Isso se

justifica pelo fato de que a distâncias longas é preciso transporte de toda

potência gerada até o centro de consumo através de um sistema de

transmissão, tornando a expansão do sistema bem menos econômica, devido a

perdas de transmissão e principalmente a construção de novas linhas e

subestações. Nesse sistema, além disso, o que mais pesou foi à decisão da

concessionária de energia, Electra S.A, de concentrar toda geração numa

única central, a de Palmarejo, este barramento (no caso, barra (1), como

ilustrado na figura 17) acabou sendo o ponto estratégico de maior relevância.

5.1 Análise do sistema integrado de Santiago para o ano de 2012

Foram realizadas simulações de fluxo de potência continuado para

avaliar, em termos de estabilidade de tensão nas barras, o SEP de Santiago no

ano de 2012, considerando as cargas mínimas e máximas previstas para esse

ano.

Os procedimentos para os cálculos do fluxo de potência continuado

através do ANAREDE estão disponíveis no manual do programa, disponível no

site da CEPEL, ver referência (4).

As análises foram realizadas para vários casos considerados críticos.

Nesse sistema onde se predominam gerações térmicas, solar e eólica, o caso

considerado mais crítico foi:

• Geração térmica a 100% da capacidade dos geradores a diesel;

• Geração alternativa solar a 0% da capacidade do parque fotovoltaico;

• Geração alternativa eólica a 25% da capacidade do parque eólico;

Os resultados estão apresentados nas figuras 18 e 19, barra (1) e (21)

respectivamente. Essas duas barras são consideradas importantes por duas

razões: a barra (1) é a da central de Palmarejo onde estão concentradas a

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maior parte das unidades geradoras do sistema e a barra (21) é aquela que se

encontra mais distante de qualquer barra de geração.

Figura 18 - Potência na barra 1 em função do carregamento do SEP de Santiago 2012.

A capacidade de geração máxima dessa barra é de 46 MW em 2012.

Como se observa na figura 18, mesmo na condição considerada crítica (ou

seja, de maior carregamento esperado para o ano de 2012) a barra consegue

atender a demanda máxima prevista para 2012 de 44,5 MW. A barra (1) gera

39,5 MW, apresentado uma folga de 6,5 MW.

Figura 19 - Curva PV da barra (21) – 2012

A figura 19 mostra como varia a tensão na barra (21) para o

carregamento máximo previsto para 2012. A faixa de tensão considerada

aceitável, fornecimento com qualidade, varia entre 0,95 – 1,05 pu. Pela curva

se observa que o nível de tensão da barra (21) permanece entre esse limite

inferior e superior para toda a variação esperada para o ano de 2012.

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Resumindo, as análises realizadas para o sistema interligado de

Santiago, previsto para 2012, através do cálculo de fluxo de potência

continuado avaliando o nível de tensão nas barras apresentaram as seguintes

conclusões:

� O sistema interligado Santiago previsto consegue sob ponto de vista de

estabilidade de tensão atender a demanda máxima prevista para o ano

de 2012;

� Esse sistema opera quase no limite (lembrando que a capacidade

máxima de geração é de 65 MW, valor este consideravelmente próximo

ao carregamento máximo para 2012) para carga máxima prevista para

2012. Isso implica que em 2013 investimentos devem ser feitos nesse

sistema para continuação de atendimento de qualidade e a preços mais

reduzidos.

As análises para o cenário de expansão de 2013 a 2017 estão

apresentados na seção 5.2, a seguir.

5.2 Análises do sistema interligado de Santiago par a cenário de expansão

2013 a 2017

Depois de analisar o sistema de Santiago previsto para 2012 e

constatar que esse sistema estará operando na sua capacidade máxima

quando atingir a máxima carga prevista nesse ano, novas análises foram

realizadas, mas desta vez para avaliar o crescimento desse sistema num

horizonte de cinco anos, de 2013 a 2017. Essa nova análise prevê um

crescimento anual da demanda na cidade da Praia de 15% e no interior da ilha

de 7%. Os crescimentos anuais previsto para esses anos se encontram no

anexo F.

As análises da estabilidade de tensão de regime permanente para o

cenário de crescimento no horizonte de cinco anos foram divididas em duas

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etapas. A primeira considera a possibilidade de alocação das futuras gerações

em qualquer barra do sistema. A segunda etapa, por sua vez, considera a

barra (1) (central de Palmarejo), como a única barra a receber futuras gerações

desde que o sistema funcione dentro de esperado. Isso se justifica pelo fato de

a Electra ter definido esse barramento como o principal barramento para a

instalação das futuras unidades geradoras de energia.

5.2.1 Análises considerando as futuras unidades ger adoras em qualquer

barra do sistema.

O sistema integrado de Santiago conforme visto na seção 5 não

conseguirá atender a demanda de carga prevista para 2013. Por conta disso,

investimentos deverão ser realizados no início desse ano. As próximas análises

consideraram a interligação da barra 16, Santa Cruz, com a barra 20, São

Miguel (ver figura 17). Para atender a demanda de 2013 de aproximadamente

58,34 MW uma unidade geradora com capacidade de 8,5 MW foi solicitada

também na barra (1). Os resultados estão mostrados abaixo nas figuras 20, 21.

Figura 20 - Potência da barra (1) em função da demanda prevista para 2013.

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Figura 21 - Nível da tensão no barramento (21) em função do carregamento – 2013.

Como se observa nas figuras 20 e 21, com a interligação da barra (16)

a barra (20) e a inclusão de uma unidade geradora adicional de 8,5 MW, o

sistema integrado de Santiago atende perfeitamente as demandas previstas

para 2013. Esta análise foi realizada a condição considerada com sendo a mais

crítica do sistema (ou seja, a condição em que a o parque eólico esteja

operando com 25% da sua capacidade nominal e o parque solar não esteja

produzindo energia elétrica).

Para atender com a demanda prevista para o ano de 2014 (sendo esta

de aproximadamente 67 MW) será necessário a instalação de um Banco de um

(1) Mvar na barra (21), de modo a manter a tensão de tal barra num valor

aceitável de operação. Será também preciso a instalação de uma unidade

geradora adicional na barra (1) com capacidade de aproximadamente 11 MW.

Considerando que esse novo gerador consegue gerar 7.5 Mvar, será

necessário mais um banco de capacitores com capacidade de 5.5 Mvar na

barra (1). Os resultados dessa análise estão apresentados nas figuras 22 e 23.

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Figura 22 - potência na barra (1) em função da demanda prevista para 2014.

Figura 23 - Nível de tensão na barra (21) em função do carregamento – 2014.

A seguir será analisada a situação do sistema para a demanda máxima

prevista para o ano 2015 (76 MW) através das figuras 24, 25 e 26.

Figura 24 - Potência na barra (1) em função da demanda prevista para 2015.

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Será necessário a instalação de uma geração adicional na barra (1) de

aproximadamente 5 MW. Além desse investimento, outro a ser realizado será a

instalação de uma unidade geradora com capacidade de 10 MW na barra (9).

Essa nova geração deverá ser capaz de gerar até 7 Mvar de potência reativa.

O nível de tensão na barra (21) se mantém dentro da faixa considerada

aceitável.

Figura 25 - Nível de tensão na barra (21) em função do carregamento -2015

Para o ano de 2016 (Pmáx = 87 MW) uma unidade geradora de 5 MW

deverá ser instalado no barramento (21). Deverá também ser instalado bancos

de capacitores de 8 Mvar na barra (9) e 4 Mvar na barra (1).

Figura 26 - Potência na barra (1) em função do carregamento previsto para 2016

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Uma unidade geradora adicional na barra (1) de 10 MW deverá ser

instalada para atender as demandas previstas para 2016.

Para o ano de 2017 (Pmáx = 99 MW), uma linha de transmissão de 20

kV interligando a barra (1) a barra (2) deverá ser construída. Com isso a

demanda prevista para esse ano será atendido sem necessidade de novos

investimentos.

5.2.2 Análises considerando alocação das futuras ge rações na barra (1).

Essa análise é realizada considerando as restrições impostas pela

Electra S.A. A empresa pretende transformar a central de Palmarejo numa

central única de Santiago, ou seja, todas as futuras gerações estariam

alocadas nesse barramento.

As análises para o ano de 2013 e 2014 se mantêm as mesmas da

seção 5.2.1. Para o ano de 2015 não mais será instalado um gerado de 10 MW

na barra (9), mas sim uma linha de transmissão interligando a barra (1) a barra

(2). Uma unidade geradora adicional de 7,5 MW deverá ser instalada na barra

(1), conforme pode ser observado nas figuras 27 e 28.

Figura 27 - Potência na barra (1) em função do carregamento previsto para 2015.2

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Figura 28 - Nível de tensão na barra (21) em função do carregamento -2015.2

No ano 2016 será necessário ampliar linhas de transmissão e geração

na barra (1). Três linhas de transmissão deverão ser instaladas. Uma

interligando a barra (1) a barra (2) e a duas linhas paralelas interligando a barra

(2) a barra (9). Uma unidade geradora adicional de 13 MW deverá ser instalada

na barra (1) capaz de gerar também 9 Mvar. As figuras (29) e (30) apresentam

esses resultados.

Figura 29 - Potência na barra (1) em função do carregamento previsto para 2016.2

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Figura 30 - Nível de tensão na barra (21) em função do carregamento -2016.2

Finalmente para atender a demanda prevista para 2017, uma linha

interligando a barra (1) a barra (2) será necessário. Uma geração de 5 MW na

barra (21) também deverá ser instalado. Assim como uma instalação adicional

com capacidade 10 MW e 7 Mvar e um banco de capacitor de 4 Mvar na barra

(1).

5.3 Análises dos Resultados

Após analisar o sistema integrado de Santiago, em termos de

estabilidade de tensão, prevista para 2012, chegou-se a conclusão que esse

sistema, da forma como foi estruturado e dimensionado, atende perfeitamente

a demanda máxima prevista para esse ano.

5.3.1 Resultados das análises considerando as futur as unidades

geradoras em qualquer barra do sistema.

As análises da segunda etapa avaliam o cenário de expansão de cinco

anos, de 2013 a 2017, e os resultados dos investimentos para cada ano estão

apresentados a seguir:

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• 2013: interligação da BARRA (16) com a BARRA (20); unidade geradora

adicional de 8,5 MW na BARRA (1).

• 2014: unidade geradora adicional de 11 MW na BARRA (1); banco de

capacitor de 5,5 Mvar na BARRA (1); banco de capacitor de (1) Mvar na

BARRA (21).

• 2015: unidades geradoras adicionais de 5 MW na BARRA (1) e de 10

MW na BARRA (9).

• 2016: unidade geradora de 5 MW na BARRA (21); banco de capacitores

de 8 Mvar na BARRA (9) e 4 Mvar na BARRA (1); unidade geradora

adicional de 10 MW na BARRA (1).

• 2017: uma (1) linha de transmissão interligando as BARRAS (1) e (2).

A figura 31 mostra o sistema acima descrito.

Figura 31 – Diagrama unifilar do SEP de Santiago cenário (2013 – 2017)

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5.3.2 Resultados das análises considerando as futur as unidades geradoras preferencialmente na barra (1) do sistema .

Os resultados para esta etapa (com futuras unidades geradoras

instaladas exclusivamente na barra (1)) estão apresentados abaixo (para os

anos 2013 e 2014 os resultados são mesmos da seção 5.3.1):

• 2015: uma (1) linha de transmissão interligando as BARRAS (1) e (2);

unidade geradora adicional de 7,5 MW na BARRA (1).

• 2016: unidade geradora de 13 MW na barra (1); uma (1) linha de

transmissão interligando a barra (1) a barra (2); duas (2) linhas de

transmissão paralelas interligando a barra (2) a barra (9).

• 2017: uma (1) linha de transmissão interligando a barra (1) a barra (2).

Figura 32: Diagrama unifilar do SEP de Santiago (2013 – 2017)

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6 Conclusão

Ao longo dos cincos capítulos precedentes foram abordados diversos tópicos descrevendo através de conceitos teóricos e análises de estabilidade de tensão de regime permanente o sistema elétrico de potência interligado de Santiago prevista para 2012 e para o cenário de expansão no horizonte de cinco anos, de 2013 a 2017.

O sistema elétrico integrado de Santiago proposto para 2012 foi avaliado, de acordo com as análises de tensão de regime permanente, como um sistema capaz de fornecer energia elétrica com qualidade à população dessa ilha.

As futuras unidades geradoras desse sistema que serão instalados na barra (1) e na barra (21) (barras sugeridas após as análises), nos anos de 2013 a 2017, são preferencialmente unidades que utilizam fontes de energia renovável. Sugere-se que a unidade a ser instalada na barra (21) de 5 MW seja uma unidade de geração que usa como combustível o óleo da purgueira. Para a barra (1) futuras unidades geradoras sugeridas são os parques solares, parques eólicos e geradores que utilizam como combustível o óleo diesel provenientes da purgueira. Na barra (1) por ser a barra onde quase 95% das gerações do sistema estão concentrados, sugere-se que parte das futuras unidades geradoras seja unidades térmicos a diesel.

Contribuição do trabalho

De uma forma geral, o trabalho contribui com conteúdos importantes sobre o SEP de Santiago, principalmente o sistema elétrico integrado de Santiago, fornecendo informações desse sistema em termos de estabilidade de tensão de regime permanente para 2012 e para o cenário de expansão no horizonte de tempo de cinco anos, de 2013 a 2017. É um incentivo a continuidade do estudo de expansão do sistema elétrico, principalmente o de Cabo Verde. É mais uma alternativa como solução de projeto de expansão do SEP de Santiago.

Sugestões para trabalhos futuros

É importante a continuidade da investigação e avaliação do sistema elétrico integrado de Santiago aqui apresentado sob ponto de vista de expansão, pois só com planejamento a qualidade de fornecimento da energia elétrica pode ser garantida a um custo mínimo possível.

Recomendo que esse estudo expansão do SEP de Santiago se estenda para outros critérios de avaliação de um SEP como estabilidade dinâmica do sistema, análise econômica de expansão, expansão das linhas de transmissão, entre outros.

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REFERÊNCIAS

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[4] CEPEL. Centro de Pesquisas de Energia Elétrica. www.cepel.br

[5] Delgado ,Jair José Lopes. Tese: Sistema de Informação de Apoio à Detecção de Perdas de Energia Elétrica – O Caso da Electra, 2010. Disponível emhttp://bdigital.unipiaget.cv:8080/jspui/bitstream/123456789/143/1/SISTEMA%20DE%20INFORMA%C3%87%C3%83O%20DE%20APOIO%20A%20DETEC%C3%87%C3%83O%20DE%20PERDAS%20DE%20ENERGIA%20EL%C3%89CTRICA%20-%20O%20CASO%20DA%20ELECTRA.pdf. Acessado aos 25/03/2011.

[6] Electra S.A. Empresa Pública de Eletricidade e Água. www.electra.cv

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[11] GREEN, M. A. et al. Solar cell efficiency tables: version 16. Progress in Photovoltaics: Research and Ap-plications, Sydney, v. 8, 2000.

[12] H. Fonseca. Contribuição para o estudo do aproveitamento racional da energia do vento no território nacional. Memória do SMA, 1964.

[13] INE C V. Instituto Nacional de estatística de Cabo Verde. www.ine.cv

[14] Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Cabo Verde (INMG). www.meteo.pt

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[16] Linnaeus, C. Species plantarum. Jatropha 1006-1007. Impensis Laurentii Salvii,Stockholm, 1753.

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[18] Parente, E. J. S. Biodiesel: uma aventura tecnológica num país engraçado. Ed Paraizo, 2005.

[19] Peixoto, A. R. Plantas oleaginosas arbóreas. São Paulo: Nobel, 1973.

[20] Tominaga, N., Kakida, J. e Eduardo K. Y. Cultivo de pinhão - manso para produção de biodiesel. CPT, Série Agro indústria, 2007.

[21] UFPR. Normas para Apresentação de Documentos Científicos, 2.ed, 2007.

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[23] Zocollotti, Daniela et al. Projeto Final de Graduação: Desenvolvimento de software didático para cálculo de fluxo de potência, 2002. Disponível emhttp://www.daelt.ct.utfpr.edu.br/engenharia/tcc/monografia_simulador_fluxo_potencia_2002.pdf. Acessado aos 22/04/2011.