Estudo das Religiões
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Estudo das Religiões
1. Finalidade e Relevância do Estudo
2. Conceito e Origem das Religiões3. Classificação das Religiões4. Avaliando o Fenômeno Religioso
1. Finalidade e Relevância do Estudo
A matéria Estudo das Religiões se propõe a uma análise do fenômeno religioso em seu caráter geral e em suas manifestações particulares, na tentativa de compreendê-las.
A religião esteve sempre presente na vida humana, afetando-a em seus mais diversos relacionamentos, por isso pode ser estudada sob diferentes aspectos ou enfoques (histórico, teológico, comparativo, etc.).
A importância deste estudo está em permitir um conhecimento mais apropriado das características de cada religião (evitando generalizações) e de como influenciaram os povos na formação de diferentes visões do mundo material e espiritual.
2. Conceito e Origem das Religiões
Etimologicamente, religião (lat. religio) pode significar “fidelidade ao dever”, “o ato de retomar um compromisso”, “religar-se a uma obrigação”.
Em termos gerais, pode-se definir como uma relação estabelecida entre o homem e uma realidade superior, transcendente, suprema (Deus?) através de uma obrigação.
“Conjunto de relações teóricas e práticas estabelecidas entre os homens e uma potência superior, à qual se rende culto, individual ou coletivo, por seu caráter divino e sagrado.”
(Enciclopédia Britânica)
Universalidade da Religião O sentimento religioso é um fenômeno universal,
sendo encontrado em todas as sociedades humanas de que há registro na história.
Trata-se de um elemento inerente à consciência humana, que “desperta” e se desenvolve ora pelo convívio com a comunidade, ora por uma experiência pessoal com o sagrado.
Os Fatos Religiosos Embora seja um fenômeno universal, a experiência
religiosa manifesta-se de formas variadas e específicas, devendo ser estudada em seus próprios termos.
Contudo, podemos identificar certos elementos essenciais comuns a toda religião, chamados de fatos religiosos, os quais resumem a experiência religiosa:
Ser Supremo A noção de uma realidade superior, absoluta, transcendente, sagrada, divina
Conhecimento O corpo intelectual ou filosófico, constituído de mitos e símbolos
Rito Cerimônias, devoções e código de ética, que proporcionam ao fiel, na vida em comunidade ou individual, a experiência ou o contato com o sagrado
Origem das Religiões Desde o século XIX, teorias evolucionistas afirmavam
que, por meio de um processo longo e gradativo, o homem teria adquirido sua consciência religiosa, a princípio com idéias simples que evoluíram para sistemas religiosos mais complexos.
Animismo Mitologia astral Culto ancestral
Politeísmo
Monoteísmo
Animismo: atribui uma realidade espiritual à natureza (animais, plantas, etc.)Mitologia astral: atribui divindade aos astros (sol, lua, estrelas)Culto ancestral: presta homenagem e culto aos antepassadosPoliteísmo: crê na existência individual de vários deusesMonoteísmo: crê na existência de um único Deus
Em oposição às teorias evolucionistas sobre a origem das religiões, formulou-se a teoria do monoteísmo primitivo.
Entre povos de cultura “primitiva”, existem traços da crença num ser supremo com atributos exclusivos de Criador, Pai, Juiz, Legislador e Soberano, que ouve
orações e não pode ser representado visivelmente.
Essa crença convive lado a lado com formas religiosas supostamente mais antigas (animismo, etc.).
Os dados fornecidos pela antropologia, arqueologia e outras ciências que estudam as culturas primitivas se explicam melhor sob esta visão.
Monoteísmo
Monoteísmo
Animismo Politeísmo
Essa teoria se conforma com o testemunho bíblico, de que o homem recebeu um conhecimento original sobre o Deus único e verdadeiro, que após a queda se degenerou no animismo, politeísmo, etc.
“... vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo ... O qual nos tempos passados deixou andar todas as gentes em seus próprios caminhos. E contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho ...” (Atos 14.15-17)
“... tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus ... antes em seus discursos se
desvaneceram ... e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança de homem corruptível ... Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador” (Rm 1.21-25)
3. Classificação das Religiões
As religiões podem ser classificadas de acordo com a possibilidade de se comparar suas diferenças de interpretação em torno de um tema comum.
Para o nosso estudo, seguiremos uma classificação histórica (cronológica) e cultural, de acordo com a sua permanência e influência sobre a história humana (a civilização):
Primitivas
Antigas
Vivas/Mundiais
Religiões Primitivas:
tradicionais de povos nativos da África, América, Ásia, ilhas da Oceania (algumas já extintas)
restritas a tribos, famílias ou clãs
pré-letradas (dependem da tradição oral)
animistas (totemismo, xamanismo, magia, etc.)
Religiões Antigas:
cresceram e se extinguiram com os povos em que surgiram: babilônios, egípcios, gregos, romanos,
fenícios, cananeus, persas, árabes, etc.assimilavam elementos de outras religiões e
culturas (sincretismo), mas não faziam adeptos (proselitismo)
exaltavam a nação e a prosperidade de seu povoconhecimento ritual e mitológicocultuavam vários deuses (politeísmo)
Religiões Vivas ou Mundiais:
no contexto da história mundial, contribuíram para o desenvolvimento moral e intelectual da civilização
agrupam-se de acordo com uma continuidade histórica e identidade existente entre si:
Indianas
Orientais
Abraâmicas
Judaísmo Cristianismo Islamismo
Iraniana
Surgidas no Oriente Próximo, monoteístas
Hinduísmo Budismo Jainismo
Têm em comum os conceitos de darma e karma
Sikhismo
Confucionismo Taoísmo Xintoísmo
Nativas do Leste Asiático, fazem uso do conceito de Tao
Zoroastrismo
Incluem elementos das religiões abraâmicas e indianas
Bahaísmo
4. Avaliando o Fenômeno Religioso
Ante a necessidade de atender ao propósito para o qual foi criado (Gn 1.26; At 17.26), a busca religiosa do homem é legítima.
A diversidade (e até mesmo a incompatibilidade) das religiões se explica pelas circunstâncias históricas, geográficas e culturais específicas, além das limitações humanas naturais em que ocorre a experiência religiosa.
Pode-se dizer, então, que todas as religiões apresentam elementos de verdade, remanescentes de uma revelação original que, devido à condição decaída do homem, foi aos poucos distorcida (Rm 1.21-25).
Portanto, faz-se necessária uma revelação, por ato soberano de Deus, pelo qual Ele se revele e instrua o homem quanto ao modo correto de relacionar-se conSigo (Gn 4.4-7; Hb 11.4).
O Evangelho constitui a revelação de Deus suficiente e definitiva para atender às demandas religiosas de todo ser humano (Rm 1.16).
Contudo, o conhecimento imparcial das religiões possibilita a abordagem adequada e o levantamento dos problemas que permitirá uma apresentação convincente e compreensível da revelação de Deus em Cristo Jesus (At 17.22-23):
“Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse pois que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.”