ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE DA AMILASE EM DETERGENTE EM PÓ E EM SALIVA
-
Upload
felipe-pimentel-paixao -
Category
Documents
-
view
1.727 -
download
0
description
Transcript of ESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE DA AMILASE EM DETERGENTE EM PÓ E EM SALIVA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE – UFSCENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FISIOLOGIALABORATÓRIO DE BIOQUÍMICA
RELATÓRIOESTUDO COMPARATIVO DA ATIVIDADE DA AMILASE EM
DETERGENTE EM PÓ E EM SALIVA
ALUNOS: FELIPE PIMENTEL E THIAGO HENRIQUECURSO: FARMÁCIATURMA: C1PROFESSOR: Dr. HUMBERTO REIS MATOS
SÃO CRISTÓVÃO – SEMAIO 2010
OBJETIVOS:
o Verificar a atividade enzimática da amilase do detergente em pó
(ASSIM) de uso comum usando amido solúvel como substrato .
o Verificar a atividade enzimática das amilases da saliva usando
amido solúvel como substrato.
o Fazer o uso do espectrofotômetro para a obtenção das
absorbâncias que comprovam a atividade enzimática.
o Observar as temperaturas e pHs adequados para se atingir uma
atividade ótima.
INTRODUÇÃO:
As enzimas, catalisadoras de sistemas biológicos, são notáveis
dispositivos moleculares que determinam o perfi l de transformações
químicas. As características mais impressionantes das enzimas são o seu
poder catalít ico e a sua especificidade. A catálise ocorre em um local
particular na enzima, chamada de centro ou sít io ativo.
Assim quase todas as funções biológicas são sustentadas por
reações químicas catalisadas por enzimas, os catalisadores biológicos.
Um metabolismo eficiente é controlado por vias metabólicas ordenadas
seqüencial e ramificadamente. A maioria das enzimas aceleram as
reações químicas sob condições fisiológicas, temperatura de 37°C e pH
neutro. No entanto uma enzima não pode alterar o equil íbrio da reação,
mas somente acelerar sua velocidade, diminuindo sua energia de
ativação. As enzimas são envolvidas na maioria das formas de
metabolismo e a regulação de suas atividades permite ao metabolismo
uma adaptação a condições em rápida alteração.
Os princípios básicos de uma reação catalisada por uma enzima são
os mesmos de uma reação química. Quando ocorre uma reação química
o substrato deve ganhar uma energia de ativação até atingir o ponto
denominado estado de transição da reação no qual o nível de energia é
o máximo. Como o estado de transição da reação catalisada pela enzima
tem uma energia menor do que aquela da reação não-catalisada, a
reação pode ocorrer mais rapidamente.
A maior parte das enzimas são proteínas, com exceção da molécula
de RNA que possui propriedades catalít icas.
As propriedades enzimáticas são também aproveitáveis na área da
biotecnologia industrial, essas são largamente aplicadas em produtos de
uso comum na l impeza doméstica como sabão em pó e detergentes lava-
louça.
Fatores que influenciam as reações enzimáticas
Efeito da temperatura:
Em catalisadores inorgânicos, a velocidade da reação aumenta com
o aumento da temperatura do sistema. No caso das enzimas a
temperatura ideal de atuação é a temperatura corporal, porém como
muitas enzimas podem ter atuação extra corpórea essas exibem uma
temperatura ótima in vitro, pois a estrutura tridimensional de uma
proteína envolve l igações fracas como pontes de hidrogênio, que pode
ser rompidas em temperaturas muito elevadas.
Efeito do pH:
Da mesma forma as enzimas apresentam um pH ótimo, uma vez que
o pH do organismo encontra-se entre 6,8 e 7,4, muitas enzimas
funcionam otimamente nessa faixa. Existem algumas enzimas com
propriedades específicas, com um pH ótimo entre 1,5 e 2,0, como a
pepsina, secretada pelas células gástricas e com funções nos sucos
gástricos. As modificações no pH interferem com as cargas iônicas das
cadeias laterais dos aminoácidos das enzimas, podendo resultar em um
efeito drástico na atividade catalít ica da enzima.
Além destes, várias moléculas, inclusive substratos, produtos
intermediários e moléculas reguladoras também interferem com a
atividade das reações enzimáticas. Alguns compostos que podem
diminuir a atividade da enzima são chamados de inibidores enzimáticos.
A inibição pode ser reversível ( inibição competitiva, não competitiva e
incompetitiva) ou irreversível (envenenada).
A especificidade enzimática:
A maioria das enzimas são altamente específicas tanto para os tipos
de reação catalisada quanto para a natureza do substrato. A
especificidade da reação e a reação que a enzima catalisa são
determinadas quimicamente pelos resíduos de aminoácidos no centro
catalít ico da enzima. De modo geral, o sít io ativo da enzima é composto
por sít io catalít ico e pelo sít io de l igação do substrato. A especificidade
do substrato é determinada pela estrutura, pelas cargas, pela polaridade
e pela hidrofi l ia do sít io de l igação do substrato. Isto se dá pelo fato de
que o substrato deve se l igar ao sít io ativo como primeiro passo da
reação, preparando a catálise. Enzimas altamente específicas, como a
catalase e a uréase, que degradam o H 2O2 e a uréia, respectivamente,
catalisam apenas um tipo de reação; entretanto, existem algumas
enzimas com uma especificidade mais ampla pelos substratos e as
serinas-proteases são um exemplo típico deste grupo de enzimas.
Utilização de enzimas em produtos industriais:
A aplicação industrial mais larga das enzimas é a da produção de
detergentes. Elas substituem os produtos cáusticos, ácidos, solventes e
tóxicos tendo ainda a vantagem de serem biodegradáveis.
As enzimas usadas com maior freqüência são as proteases
(degradam ligações peptídicas), l ipases (decompõem lipídeos), celulases
(degradam celulose e atuam nas f ibras do tecido) e as amilases
(degradam o amido e outros glucídios de outros carboidratos).
O substrato amido:
O amido é um polissacarídeo de reserva em maior quantidade nas
plantas de duas formas: a α-amilose e a amilopectina em uma proporção
aproximada de 4:1. Na digestão o amido é decomposto pelas enzimas
amilases presentes na saliva e no suco pancreático por meio de hidrólise
em carboidratos menores. O rompimento das l igações gl icosídicas α-1,4
da amilose origina uma mistura de maltose, amilopectina e gl icose. Essa
amilopectina também é rompida formando polissacarídeos chamados de
dextrinas. O amido é encontrado na forma de grãos nas sementes,
caules, raízes, entre outros, de algumas plantas como trigo, fei jão,
arroz, milho, mandioca e outras.
Espectrofotômetro e análise especrtofotométrica:
Os espectrofotômetros são instrumentos que permitem selecionar
o comprimento de onda (lâmbda) da radiação adequado à análise de um
determinado componente e medir a intensidade I do feixe emergente
que corresponde a um determinado feixe incidente Io, convertendo o
sinal recebido no detector em medida de absorbância para o
comprimento de onda da análise e desse modo determinar a
concentração de uma espécie em solução a partir do gráfico da variação
de absorbância (ou transmitância) em função da concentração de várias
soluções-padrão.
Este tipo de análise baseia-se nos princípios da espectroscopia de
absorção, na qual a concentração de uma solução é determinada a partir
do número de moléculas presentes capazes de absorver luz em um
determinado comprimento de onda. O equipamento uti l izado para essa
determinação é o espectrofotômetro que é capaz de fazer medições nas
regiões ultravioleta e visível, obtendo os valores das absorbâncias.
A precisão dos comprimentos de onda para análise é chamada de
banda de passagem, mais comum na ordem de 10nm. O espectro da
análise mais comum é de 360nm a 1000nm para a faixa visível.
METODOLOGIA:
MATERIAIS UTILIZADOS:
Cubeta;
Pipetas de 2 e 10 mL graduadas;
Erlenmeyer de 100 mL;
Bastão de vidro;
Bomba de sucção (pêra);
Tubos de ensaio;
Estante;
Espectrofotômetro a 550 nm;
Banho Maria a 42°C e a 96°C;
Solução de detergente enzimático (ASSIM) a 2%;
Tampão fosfato a 0,1M, pH = 7,0;
Amido solúvel;
Água desti lada;
Reagente DNS;
Amostra de saliva.
MÉTODOS:
o Preparar uma solução de detergente em pó (ASSIM) a 2%;
o Preparar soluções de saliva enzimática substituindo-se o detergente pela sal iva nas soluções;
o Montar tubos de ensaio conforme as tabela seguintes:
Reagentes Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3 Tubo 4 Tubo 5Detergente 2% 1 mL 1 mL 1 mL 1 mL 1 mLTampão fosfato a 0,1M 3 mL 3 mL 3 mL 3 mL 3 mLAmido solúvel 2 mL 2 mL 2 mL 2 mL 2 mLIncubação a 42°C 0 min. 5 min. 10 min. 20 min. 30 min.Reagente DNS 1,5 mL 1,5 mL 1,5 mL 1,5 mL 1,5 mLIncubação a 96°C 5 min. 5 min. 5 min. 5 min. 5 min.Resfriamento Resfriar Resfriar Resfriar Resfriar ResfriarÁgua desti lada (H 2O) 14 mL 14 mL 14 mL 14 mL 14 mLT A B E L A D A S S O L U Ç Õ E S C O M O D E T E R G E N T E .
o Foram feitas as leituras da amostra (3 mL) em 550 nm após adições, os tempos de incubação e a diluição das amostras;
o Obtém-se uma amostra de saliva;
o D e s t a v e z p r e p a r a m - s e t u b o s d e e n s a i o c o n t e n d o s a l i v a a o i n v é s d o d e t e r g e n t e .
Reagentes Tubo 1 Tubo 2 Tubo 3Amostra de saliva 1 mL 1 mL 1 mLTampão fosfato a 0,1M 3 mL 3 mL 3 mLAmido solúvel 2 mL 2 mL 2 mLIncubação a 42°C 5 min. 10 min. 30 min.Reagente DNS 1,5 mL 1,5 mL 1,5 mLIncubação a 96°C 5 min. 5 min. 5 min.Resfriamento Resfriar Resfriar ResfriarÁgua desti lada (H 2O) 14 mL 14 mL 14 mLT A B E L A D A S S O L U Ç Õ E S C O M A S A L I V A .
o Fazer as leituras da amostra (3 mL) em 550 nm após as adições, os tempos de incubação e a diluição das amostras.
RESULTADOS E DISCUSSÕES:
No dado experimento verif icou-se a ação da enzima amilase sobre o
substrato amido, produzindo uma mistura de maltose, amilopectina,
gl icose e uma mistura de polissacarídeos denominados dextrinas. Sendo
as enzimas biocatalizadores com grande especificidade tanto com
relação ao substrato quanto ao pH e a temperatura, foram reproduzidas
as mais próximas possíveis, as condições de manutenção da integridade
da enzima em análise. Tais condições foram proporcionadas pelo uso do
tampão fosfato de pH 7,0 e um banho-maria na temperatura de 42°C.
Ao sair do aquecimento a 42°C foi adicionado ao tubo de ensaio o
reagente DNS que proporcionou a coloração alaranjada na solução
essencial na determinação espectrofotométrica, visto que não há
absorção alguma de luz em substâncias incolores. A segunda etapa de
incubação tinha como objetivos paralisar a ação da enzima por meio de
desnaturação protéica e f ixar a cor nos produtos da reação favorecendo
assim a identif icação no aparelho da espécie que se quer determinar.
O d e t e r g e n t e e m p ó u t i l i z a d o q u e c o n t i n h a a a m i l a s e f o i o d a m a r c a A S S I M q u e a p ó s a s f a s e s
d o t e s t e a p r e s e n t o u o s r e s u l t a d o s q u e f o r a m o b t i d o s a t r a v é s d o e s p e c t r o f o t ô m e t r o e r e p r e s e n t a a
a v a l i a ç ã o d a a t i v i d a d e d a a m i l a s e e m f u n ç ã o d o t e m p o d e c o n t a t o c o m o s u b s t r a t o a m i d o s o l ú v e l
g e l a t i n i z a d o . ( T A B E L A 1 ) E ( G R Á F I C O 1 )
Absorbâncias dos produtos resultantes da ação da amilase medidas no espectrofotômetro
Tubo Tempo de incubação a 42°C Absorbância a 550 nm1 0 minutos 0,0912 5 minutos 0,0903 10 minutos 0,0304 20 minutos 0,0465 30 minutos 0,021
T A B E L A 1 : R E S U L T A D O S D A A B S O R B Â N C I A C O M A U T I L I Z A Ç Ã O D O D E T E R G E N T E A S S I M E M F U N Ç Ã O D O
T E M P O O B T I D O S C O M A U X Í L I O D O E S P E C T R O F O T Ô M E T R O .
G R Á F I C O 1 : R E S U L T A D O S D A S A B S O R B Â N C I A S C O M A S R E S P E C T I V A S M A R G E N S D E E R R O .
O ideal seria se os valores das absorbâncias assumissem uma ordem
crescente juntamente com o passar do tempo (em relação à incubação a
42°C – atividade ótima) o que indica um maior aproveitamento da ação
enzimática. Os maiores tempos de permanência na incubação a 42°C
proporcionam uma coloração mais intensa por motivos já vistos, o que
reflete na adição do reagente DNS e posteriormente na incubação a 96°C
a qual vai desnaturar as proteínas, ou seja, quanto maior o
aproveitamento enzimático mais produtos serão formados e
conseqüentemente mais intensa a coloração ao desnaturar.
No gráfico foi feita uma regressão l inear para a obtenção da reta
que mais se adaptava aos pontos que estão deslocados e não mantinham
uma constância de crescimento.
A incoerência dos dados obtidos podem ter sido decorrentes de
alguns erros na execução do experimento, como pipetagem e a
imprecisão das temperaturas do banho-maria. Além de problemas
menores, como a não solubil ização total dos reagentes.
N o s t u b o s o n d e a f o n t e d e e n z i m a ( a m i l a s e ) p a s s a a s e r a s a l i v a o b t e v e - s e r e s u l t a d o s
e s p e r a d o s , o u s e j a , c o n s t a n t e c r e s c i m e n t o c o m p r o v a n d o a a ç ã o e n z i m á t i c a e s p e r a d a . ( T A B E L A 2 ) E
( G R Á F I C O 2 ) .
Absorbâncias dos produtos resultantes da ação da amilase da saliva medidas no espectrofotômetro
Tubo Tempo de incubação a 42°C Absorbância a 550 nm1 5 minutos 0,1102 20 minutos 0,2083 30 minutos 0,295
T A B E L A 2 : R E S U L T A D O D A A B S O R B Â N C I A D A S A L I V A E M F U N Ç Ã O D O T E M P O .
G R Á F I C O 2 : R E S U L T A D O D A S A B S O R B Â N C I A S S E M N E C E S S I D A D E D A S M A R G E N S D E E R R O P E L A O B T E N Ç Ã O D E U M R E S U L T A D O P R E C I S A M E N T E L I N E A R .
CONCLUSÃO:
A partir do experimento pode-se constatar a indispensabil idade de
enzimas nas atividades biológicas, além de avaliar a veracidade de
informações contidas nos rótulos das embalagens dos detergentes
comercial izados, garantindo assim, a presença das enzimas indicadas.
Pode-se confirmar também a presença de enzimas na saliva, a
partir dos resultados obtidos com o experimento, percebendo uma
maior ação enzimática em relação ao detergente em pó devido a uma
maior concentração de enzimas na saliva que formaram mais produtos e,
conseqüentemente, após a medição no espectrofotômetro verif icamos
que os valores das absorbâncias assumiram valores maiores que os
valores das absorbâncias dos tubos com detergente em pó.
BIBLIOGRAFIA:
LEHNINGER, Albert L. Lehninger princípios de bioquímica. 4ª Ed. –
São Paulo – SAVIER, 2006;
MARZZOCO, Anita e TORRES, B. Baptista; Bioquímica básica, 2ª Ed.;
Editora Guanabara Koogan – Rio de Janeiro, 1999;
BAYNES, John; DOMINICZAK, Marek H. Bioquímica Médica. 1ª Edição
brasi leira: Editora Manole