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Estratégias de comunicação e design que promovem uma moda democrática e mantem a originalidade do mercado brasileiro Nadima Chalup Ribas [email protected] MBA Marketing Instituto de Pós Graduação Resumo Este artigo apresenta uma parte da problemática existente no mercado de moda brasileira: a falta de originalidade. Muitas vezes, produtos de moda exclusivos são replicados em nome da democracia da moda, que, na verdade, se trata de algo diferente e será apresentada ao longo deste estudo. Para aprofundar mais no assunto, uma pesquisa de campo foi feita com leitores de blogs de moda, logo consumidores também, relacionando o uso de cópias. O resultado é uma previsão para um futuro próximo com um consumo ainda mais consciente e exigente, já que a informação de moda é cada vez mais acessível. Palavras-chave: Moda; Luxo; Cópias; Democratização; Originalidade. 1. Introdução Este artigo faz um breve levantamento do comportamento e consumo de moda, considerando questões divergentes como a exclusividade e a democracia da moda. Tudo que é novo mexe com a cabeça dos consumidores. Quando o conceito é bem trabalhado durante o lançamento, o produto se torna objeto de desejo, geralmente exclusivo, resultando em um custo elevado. Muitas pessoas querem, mas poucas têm acesso. É quando surge uma oportunidade de mercado: produzir peças parecidas, tema que divide opiniões e que não valoriza a capacidade criativa de designers de moda e comunicadores. O objetivo deste estudo é apontar alternativas para uma moda mais democrática, sem o uso de falsificação de produtos, que acabam empobrecendo a evolução do mercado de moda no Brasil. Ações simples, criativas e ao mesmo tempo óbvias que envolvem ferramentas como o marketing e o design de moda. A pesquisa é feita com base em livros que abordam a história da moda, comportamento de consumo, marketing e notícias presentes em grandes portais de moda. O estudo também conta com uma pesquisa qualitativa de campo feita com leitores de blogs de moda e também consumidores. 2. Moda, comportamento e consumo Se formos analisar a moda a partir de uma comparação, podemos usar a mesma escolhida por Pollini (2007): o iceberg. A pequena extremidade que fica do lado de fora representa apenas a vestimenta, ou seja, a parte visual da moda. Submerso ao mar, com proporções bem maiores estão as influências sociais, comportamento e valores que dão forma a esse fenômeno inconstante (TREPTOW, 2007). A moda surgiu como um fator de diferenciação social, afirma Palomino (2003). O cenário era o final da Idade Média, século XV. Em meio ao desenvolvimento das cidades, os burgueses começavam a se enriquecer com o comércio e desejavam o mesmo estilo de vida dos nobres, o que incluía as vestimentas. A maneira mais próxima era copiar os nobres, que logo tratavam de inventar uma nova “moda”, dando início ao ciclo que conhecemos hoje. Miranda (2008) afirma que a moda é o fenômeno que demonstra melhor a capacidade e necessidade de mudanças da sociedade, o que é refletido no processo de consumo. Se moda diz respeito a comportamento, o do ser humano sempre passa por uma nova transformação, é um processo saudável. As escolhas de cada um refletem na maneira com que se vestem

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Este artigo apresenta uma parte da problemática existente no mercado de moda brasileira: a falta de originalidade. Muitas vezes, produtos de moda exclusivos são replicados em nome da democracia da moda, que, na verdade, se trata de algo diferente e será apresentada ao longo deste estudo. Para aprofundar mais no assunto, uma pesquisa de campo foi feita com leitores de blogs de moda, logo consumidores também, relacionando o uso de cópias. O resultado é uma previsão para um futuro próximo com um consumo ainda mais consciente e exigente, já que a informação de moda é cada vez mais acessível.

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Estratégias de comunicação e design que promovem uma moda

democrática e mantem a originalidade do mercado brasileiro

Nadima Chalup Ribas [email protected]

MBA Marketing – Instituto de Pós Graduação

Resumo

Este artigo apresenta uma parte da problemática existente no mercado de moda brasileira: a

falta de originalidade. Muitas vezes, produtos de moda exclusivos são replicados em nome da

democracia da moda, que, na verdade, se trata de algo diferente e será apresentada ao longo

deste estudo. Para aprofundar mais no assunto, uma pesquisa de campo foi feita com leitores

de blogs de moda, logo consumidores também, relacionando o uso de cópias. O resultado é

uma previsão para um futuro próximo com um consumo ainda mais consciente e exigente, já

que a informação de moda é cada vez mais acessível.

Palavras-chave: Moda; Luxo; Cópias; Democratização; Originalidade.

1. Introdução

Este artigo faz um breve levantamento do comportamento e consumo de moda, considerando

questões divergentes como a exclusividade e a democracia da moda. Tudo que é novo mexe

com a cabeça dos consumidores. Quando o conceito é bem trabalhado durante o lançamento,

o produto se torna objeto de desejo, geralmente exclusivo, resultando em um custo elevado.

Muitas pessoas querem, mas poucas têm acesso. É quando surge uma oportunidade de

mercado: produzir peças parecidas, tema que divide opiniões e que não valoriza a capacidade

criativa de designers de moda e comunicadores.

O objetivo deste estudo é apontar alternativas para uma moda mais democrática, sem o uso de

falsificação de produtos, que acabam empobrecendo a evolução do mercado de moda no

Brasil. Ações simples, criativas e ao mesmo tempo óbvias que envolvem ferramentas como o

marketing e o design de moda. A pesquisa é feita com base em livros que abordam a história

da moda, comportamento de consumo, marketing e notícias presentes em grandes portais de

moda. O estudo também conta com uma pesquisa qualitativa de campo feita com leitores de

blogs de moda e também consumidores.

2. Moda, comportamento e consumo

Se formos analisar a moda a partir de uma comparação, podemos usar a mesma escolhida por

Pollini (2007): o iceberg. A pequena extremidade que fica do lado de fora representa apenas a

vestimenta, ou seja, a parte visual da moda. Submerso ao mar, com proporções bem maiores

estão as influências sociais, comportamento e valores que dão forma a esse fenômeno

inconstante (TREPTOW, 2007).

A moda surgiu como um fator de diferenciação social, afirma Palomino (2003). O cenário era

o final da Idade Média, século XV. Em meio ao desenvolvimento das cidades, os burgueses

começavam a se enriquecer com o comércio e desejavam o mesmo estilo de vida dos nobres,

o que incluía as vestimentas. A maneira mais próxima era copiar os nobres, que logo tratavam

de inventar uma nova “moda”, dando início ao ciclo que conhecemos hoje.

Miranda (2008) afirma que a moda é o fenômeno que demonstra melhor a capacidade e

necessidade de mudanças da sociedade, o que é refletido no processo de consumo. Se moda

diz respeito a comportamento, o do ser humano sempre passa por uma nova transformação, é

um processo saudável. As escolhas de cada um refletem na maneira com que se vestem

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diariamente. Considerando a diversidade de pessoas, a moda tem a função de ser plural,

atender a todos.

"Pode-se presumir que sempre haverá alguma necessidade de vender. Mas a meta do

marketing é tornar a venda supérflua, é conhecer e entender tão bem o consumidor que o

produto ou o serviço se adapte a ele e se venda sozinho". (PETER DRUCKERS).

A conhecida afirmação de Peter Drucker também pode ser moldada à moda. Destacando a

importância de aliar o marketing ao desenvolvimento de produtos de moda, afim de conhecer,

entender e comunicar melhor ao público a ser explorado. Cada público tem uma motivação

para consumir e é, segundo Damazio, Lima e Meyer (2008), uma questão cultural. Como se

fosse criado um rótulo para o indivíduo de acordo com tudo que ele consome.

“Isso nos leva a compreender o consumo como processo cultural ativo, o consumo é visto

como uma forma material de construir identidades: nós nos tornamos o que nós consumimos.

(MIRANDA, 2008).

O ser humano tem a necessidade de expressar a sua individualidade. E a moda é uma ótima

ferramenta para o feito. Por ser um elemento visual, transmite a mensagem para a sociedade

com mais eficiência.

A relação de uma pessoa com um produto pode passar da linha de necessidade básica e ir

além, atingindo a linha dos sentimentos, dentre eles, o mais nobre, o amor. É o que afirma

Russo e Hekkert (2008). Seguindo o raciocínio dos autores, dentre as características que

aproximam as pessoas dos produtos, uma delas é o significado simbólico. As pessoas

adquirem algo para se diferenciar e afirmar a sua auto-identidade perante a sociedade. Em

outras palavras, adquirir status. Consumir marcas conceituadas (e caras) é também adquirir o

mesmo ideal e pertencer a um grupo. Quanto mais seleto, melhor.

Cobra (2008) defende que existem quatro estereótipos de consumidores de produtos de luxo:

os exibidos, que compram para chamar atenção; os utilitários, que pagam mais caro em troca

de durabilidade e qualidade; os desfrutadores, que presenteiam a si mesmos e que adoram

curtir cada momento da vida; e os auto-indulgentes, que se sentem compensados e felizes por

adquirir o que está na moda e é luxo.

Mas para prosseguir este estudo, vamos aprofundar no primeiro perfil: os exibidos. Eles

consomem moda para afirmar o rico estilo de vida e sentem prazer em ostentar. Se

considerarmos o mesmo sentimento que impulsiona pessoas desse perfil a consumir para

pessoas que não possuem condições de adquirir produtos de luxo, podemos observar o

surgimento de um novo mercado: o dos produtos similares.

“A cópia de uma forma geral não é algo legal, mas ao mesmo tempo é uma forma de se

consumir "moda" sem ter que pagar muito, muito mais caro.” (Depoimento de uma leitora de

blog de moda).

Percebendo a necessidade de uma porcentagem de consumidores que não podem consumir

marcas caras em pertencer a um grupo social específico, Strehlau (2004) afirma que muitas

marcas desvirtuam ou nem buscam encontrar a sua própria identidade para copiar o design de

marcas que até então ditam tendência. Ainda segundo a autora, isso pode ser considerado

imitação e oportunismo.

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3. Cópia e inspiração

Para entender cópia e inspiração, é importante aprofundar um pouco no ciclo da moda,

conhecendo todas as etapas de vida de um produto, que, segundo Cobra (2008), é dividido em

cinco estágios:

Introdução: o esforço maior é feito para vender mais o conceito que o produto. O custo é

mais alto, o que não é tão ruim considerando que os consumidores inovadores são os

menos sensíveis a preços. O investimento em marketing também é alto.

Crescimento: nesta fase começa a entrada da concorrência, geralmente com cópias.

Portanto, mais investimento em propaganda para orientar o cliente quanto ao diferencial do

produto. O preço também reduz um pouco, já que a escala de produção aumenta.

Desenvolvimento: o mercado permanece aquecido, a concorrência aumenta e é o período

com maior lucratividade. Enquanto isso, para não ficar para trás, a pesquisa para novos

produtos já é iniciada.

Maturidade: a oferta começa a ficar maior que a demanda e o produto já não é encarado

mais como novidade. A diferenciação é menor, baseada em prazos maiores, promoções e

descontos. É o momento em que a empresa deve lançar no mercado uma nova coleção.

Declínio: o investimento na comunicação e também o preço do produto é reduzido. É o

período em que os itens menos rentáveis começam a sair do mercado.

Palomino (2002) acredita que a atitude que os brasileiros têm de valorizar e copiar somente o

que é de fora, seja na moda ou no comportamento, é explicado pela colonização. A autora cita

bizarrices da Belle Époque como capas de pele em pleno verão carioca, usadas sob uma

justificativa de ser moda na França. Uma mulher elegante tinha que ter tudo importado de

Paris.

Em outubro de 2010, o blog Coisas de Dorotte observou uma semelhança entre um vestido da

rede espanhola Zara e da marca goiana Jean Darrot. O fato passou despercebido pela Zara. A

Jean Darrot apenas incluiu o vestido no meio das outras peças que faziam parte da coleção e

que até então eram de design próprio, transmitindo a ideia de que o vestido foi desenvolvido

pela equipe de criação da marca.

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Figura 1 – Vestido Zara da coleção Primavera Verão 2010. Fonte: <http://www.paramulher.com.pt/wp-

content/uploads/MODA/ZARA/Spring10/Zara.Spring10.377.jpg>

Figura 2 – Vestido Jean Darrot da coleção Primavera Verão 2011. Fonte: <

http://2.bp.blogspot.com/_dmYqfAcrGmM/TJgcZ4cQKzI/AAAAAAAAAIE/_65RDJNmpmY/s1600/97AF1DA

Ed01.jpg>

Em janeiro de 2011, a marca paulistana 284 foi proibida de comercializar a sua versão feita de

moletom do modelo de bolsas Birkin, graças a uma liminar concedida à Hermès. As bolsas

fazem parte da linha intitulada como I’m Not The Original, na tradução literal: eu não sou a

original. Segundo as empresárias e herdeiras da Daslu Helena Bordon, Luciana e Marceclla

Tranchesi, as bolsas tratavam apenas de uma forma divertida de homenagear grandes ícones

da moda. A peça foi considerada pelo juiz João Omar Marçura, da 24ª vara Cível, como uma

réplica da bolsa da francesa Hermès, fabricada desde 1984. A diferença estava no material

usado: moletom.

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Figura 3 – Bolsa Birkin Hermès e Bolsa de moletom da 284. Fonte: <

http://2.bp.blogspot.com/_dmYqfAcrGmM/TJgcZ4cQKzI/AAAAAAAAAIE/_65RDJNmpmY/s1600/97AF1DA

Ed01.jpg>

Ao copiar um design criativo distintivo e fazer referências à bolsa ‘Birkin’

original, beneficia-se a autora reconvinda [a 284] do design e dos

investimentos feito pela ré reconvinte [Hermès] na divulgação da bolsa, e

prejudica-se a reputação da ré reconvinte [Hermès] de fornecer um produto

exclusivo, voltado para um segmento de mercado altamente especializado.

(DESPACHO DO MAGISTRADO, PROCESSO N°

583.00.2010.187707-5, 2011)

Segundo o site Chic, caso a 284 não cumprisse a ordem, teria de pagar uma multa diária no

valor de R$ 10 mil, limitada a R$1 milhão.

Em abril do mesmo ano, o portal Moda Spot noticiou mais um caso semelhante. O designer

francês Christian Louboutin, famoso por usar solas vermelhas em suas criações, acusava

Carmem Steffens por produzir calçados parecidos. A questão envolveu uma polêmica maior,

pois segundo a estilista da marca, não é possível reservar os direitos de uma cor em especial.

As reclamações de Louboutin foram dirigidas apenas ao mercado francês, território que a

Carmem Steffens também atua. A marca brasileira ainda afirmou que os solados não tinham o

mesmo tom, que vários calçados eram fabricados com solados de diversas cores, incluindo o

vermelho, o que poderia ser observado no catálogo. O site Moda Spot realizou uma pequena

enquete com os leitores com a seguinte pergunta: Christian Louboutin está certo em processar

outras marcas que usam solados vermelhos? 69% afirmaram que não, enquanto 31%

responderam que sim.

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Figura 4 – Sapato Christian Louboutin e Carmen Steffens. Fonte: < http://2.bp.blogspot.com/-

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Fatos envolvendo cópias acontecem frequentemente com marcas brasileiras e não são

novidades. Paulo Borges (2003) conta que qualquer pessoa que falasse a língua portuguesa

era vista com desconfiança na fila dos eventos de moda, a exemplo da Kenzo, que proibia a

entrada dos brasileiros em seus desfiles internacionais, na década de 80. Na época, não existia

internet e os modelos eram fotografados de todos os ângulos possíveis.

Mas também já aconteceu o contrário. Em janeiro de 2011, o site Chic fez uma matéria

contando que o departamento jurídico da marca brasileira Melissa estava atrás da loja de

departamento norte-americana Macy’s. Tudo porque a mesma sandália conhecida como Zig

Zag, criada pelos Irmãos Campana para a Melissa, foi reproduzida para a linha Material Girl

feita em parceria com a cantora Madonna. Não houve mais novidades sobre o caso.

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Figura 5 – Sandália Melissa e sandália Macy’s. Fonte: <

http://chic.ig.com.br/system/assets/2011/1/26/81367/gallery/melissacampana.jpg>

Outro item que pertence ao Brasil e é bastante copiado é a moda praia. Na reportagem para o

site Piauí, o sociólogo Dario Caldas afirma que o sucesso da moda praia é devido ao produto

ser um dos mais “verdadeiros” produzidos pelos estilistas. Ele ainda afirma que os brasileiros

aprenderam a fazer bem a moda praia por causa da necessidade, demanda e o produto fazer

parte do cotidiano, da cultura de praia que existe no Brasil.

Cópia ou inspiração? O questionamento foi tema de uma reportagem do site da revista Istoé,

em fevereiro de 2011. Antes de discorrer sobre a matéria, é importante relembrar o

significado das duas palavras, pois há uma tênue distinção entre elas. Segundo o dicionário

on-line Aulete, a cópia pode ser a reprodução de original de obra de arte, texto, gravura,

fotografia, gravação musical, etc. Também é falsificação, contrafação, plágio e o oposto de

original. Já inspiração se remete ao estímulo de pensar, pode ser também uma impressão forte,

marcante, pessoa, coisa ou objeto que desperta em alguém novas ideias ou vontade de criar.

Em entrevista para a Istoé, o advogado Jacques Labrunie, que é professor de direito da

Pontífica Universidade de São Paulo (PUC-SP), explica que o produto pirata é aquele que se

faz passar pelo original. As cópias declaradas, ou imitações e homenagens são consideradas

por ele menos ‘cara de pau’. Suzane Strehlau, que é professora o curso de marketing de luxo

da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), recorre ao início da moda para

comentar a reportagem sobre o assunto. “As tendências de vestuário são passadas dos líderes

para a massa em um processo de difusão, que inclui versões e imitações. Sem essa

popularização, não haveria a moda.”

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4. O que os consumidores pensam sobre o assunto

Os diálogos apresentados neste tópico foram retirados de uma pesquisa de campo qualitativa

feita com 44 pessoas, leitores de blog de moda. O formulário ficou disponível no período de

uma semana no blog Pérolas ao Chocolate, aberto para participações espontâneas de pessoas

que se enquadrassem no perfil da pesquisa, que no caso, são consumidores de moda. 95% das

pessoas que responderam ao questionário são mulheres. A média salarial familiar da maioria

(41%) é de quatro a dez salários mínimos, 25% na média de dois a quatro salários mínimos,

18% na média de dez a 20 salários mínimos e 14% acima de 20 salários mínimos.

A pergunta introdutória ao assunto na pesquisa era a seguinte: você tem alguma peça que é

considerada inspired, cópia ou réplica de alguma grife famosa? 64% responderam que não, o

que corresponde a 28 pessoas, enquanto 36% ou 16 pessoas que afirmaram que sim. Poderia

ser óbvio pensar que pessoas pertencentes a uma classe social mais alta não teriam em casa

uma peça considerada cópia, por ter condições de adquirir a original, enquanto pessoas com

baixo ou médio poder aquisitivo fossem adeptas às cópias. Mas baseando-se na pesquisa, a

relação dinheiro x uso de cópias não tem fundamento, levando a crer que, na maioria das

vezes, as pessoas consomem ou deixam de consumir por uma questão cultural, e não

necessariamente por causa do dinheiro.

Com base na pesquisa, observa-se três comportamentos diferentes em relação às cópias,

inspirações e réplicas.

a) Muitas vezes, o consumidor não está ciente que o produto que está comprando é inspirado

ou copiado de uma marca famosa. E mesmo quando está ciente (até porque o consumidor não

é obrigado a saber, mas sim a marca informar) o que importa ali são outros atributos como

beleza, preço e qualidade.

Os textos abaixo foram retirados das entrevistas para ilustrar essa situação:

Acho bacana pra quem não pode comprar uma original. Não vejo mal algum, pois

geralmente as cópias são de grifes famosas e não acho que atrapalhe a economia

dessas grifes, fora que uma bolsa, por exemplo, é feita pra carregar coisas e acho uma

pena tanta gente usá-las com ostentação, querendo "aparecer". Se eu acho uma coisa

bonita, não existe motivos pra não comprar, mesmo que seja inspired.

(DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

“Acho legal, porque às vezes o modelo ou estilo é o que importa. E como muitas peças são

vendidas a preços exorbitantes, só pela marca, as inspired são uma ótima opção.”

(DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

“São uma forma mais acessível de estarmos na moda, afinal, moda não é só para quem tem

dinheiro!” (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

b) Já alguns consumidores conseguem identificar e fazem questão de explicar a diferença

entre uma peça falsificada, aquela que se passa pela original e peças que carregam apenas

referências de outro produto existente. Em todos os casos, existe um repúdio a falsificação.

Os textos abaixo foram retirados das entrevistas para ilustrar essa situação:

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Na situação que nos encontramos hoje, onde principalmente devido aos blogs que

foram crescendo desenfreadamente e, em minha opinião, passaram de um diário onde

a pessoa expõe sua opinião sobre um determinado assunto para um folhetim de

propaganda, como aqueles de supermercado que tem propaganda de todo tipo de

produto e as promoções que favorecem a própria loja, temos uma moda "ditada" onde

é erroneamente associado o que é caro ao que é bonito, ou seja, a réplica nada mais é

que uma forma de tentar se destacar em mundo de futilidade. Enganando os outros e a

si mesmo, como se estivesse status usando uma peça cara. Pois eu não conheço

nenhuma inspired de uma bolsa de marca vendida na Marisa, por exemplo. Acredito

que a inspired é válida quando a achamos realmente muito bonita, mas a usamos

como ela realmente é, como uma referência a original, sem o intuito de se passar por

uma verdadeira. (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

Não compraria réplicas, mas compraria inspired sim, pois elas, na minha visão, nada

mais são do que uma NOVA peça baseada em uma já existente a que nem sempre

aqueles que aspiram por ela têm acesso. Réplica já é algo que não curto mesmo já que

é o fingir que é original, se eu não tenho o dinheiro para comprar original não compro

a réplica porque além de ilegal (com o perdão do trocadilho) não é legal, é uma

imitação para enganar que você tem algo que não tem. Prefiro assumir uma bela

inspired porque gosto do modelo, mas não tenho o suficiente para comprar do que

"fazer a rica" com uma réplica. (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE

MODA)

Não gosto de réplicas. Já usei, mas hoje em dia não uso mais. O inspired eu até encaro pois

acho que a partir de um elemento comum pode ser desenvolvida uma outra peça

completamente diferente e original. (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE

MODA)

“Inspired não me incomoda, mas replica não compro.” (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE

BLOG DE MODA)

“Nada contra, desde que mesmo sendo inspired, tenha algo que possa diferenciar do original.

Não falo do material, pois com certeza vai ser diferente, mas sim de um detalhe específico.”

(DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

c) Também foram identificados na pesquisa consumidores que consideram falsificações e

produtos inspirados em outros já existentes a mesma coisa e não usam. Design original,

qualidade e preço fazem parte de suas preferências. Defendem que nem sempre a peça precisa

ser de grife para ser bonita e acessível. Têm a personalidade forte e, independente de estar na

moda ou não, o que importa é se o produto vai agradá-los. Muitas vezes, sentem-se lesados

quando pagam caro por um produto que não é 100% original.

Os textos abaixo foram retirados das entrevistas para ilustrar essa situação:

São desnecessárias para mim, porque não compro nem as originais. Elas servem

apenas para satisfazer quem gostaria de ostentar um perfil que não tem condições de

manter. As pessoas gostam de se sentir "parte de algo" e então consomem esse tipo de

produto. Na real, não ligo pra marcas, eu só compro se realmente gostar e não importa

a marca e sim se o preço é justo ao que o produto se propõe. Senão prefiro eu mesma

costurar minhas roupas. (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE

MODA)

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Não gosto de cópias. Sinto-me enganada pela equipe de criação da empresa. Parece

que fazem a peça só para garantir vendas. Infelizmente o público brasileiro é muito

habituado às cópias. Sofremos o mal do status e dos resquícios da logomania, na qual

o importante é ser "grifado". Eu ainda prefiro o design autêntico, em que sinto que

estou pagando aos designers criadores. É preciso ser novo para merecer o meu suado

dinheirinho. (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

“Compro coisa muito bonita e original sem ser inspired no mesmo preço ou até mais barato

do que essas falsifica... ops, inspired.” (DEPOIMENTO DE UMA LEITORA DE BLOG DE MODA)

5. Democratizando a moda

De acordo com o dicionário on-line Aulete, democrático é o que denota sentimento de

igualitarismo. Fazendo um paralelo com o comportamento que originou a moda, que tem a

ver com exclusividade, unir democracia e moda parece ser algo irreal.

“Embora a noção de luxo seja em parte uma percepção individual e subjetiva, tem na

interação social seu lado mais importante. O produto de luxo deve ser objeto do desejo

de muitos, embora seja obtido apenas por alguns, que receberão reconhecimento

social.” (SUZANE STREHLAU)

Muitas vezes, entende-se que para estar na moda, é preciso consumir grifes, pois muitas

vezes, são as primeiras a lançar uma tendência. Mas também não são as únicas. Segundo

Treptow (2007), existem duas maneiras de explicar uma tendência: o efeito trickle down, em

que as grandes marcas lançam uma ideia que leva um bom tempo até popularizar, e o efeito

bubble up que é a moda que nasce das ruas, populariza e inspira grandes criadores, a exemplo

da mini-saia. Ou seja, ter o que está usando no momento, artigos que são tendência, não

significa necessariamente gastar muito dinheiro ou investir em um produto de luxo.

"Minha ideia era fazer moda para as mulheres que gostam de moda, mas que não têm dinheiro

para comprar o que desejam". É o que afirmava Aenne Burda ao lançar a revista Burda

Moden, em 1950, que passou a vir com moldes em 1952. A reportagem do site Deutsche

Welle Brasil conta a história da mulher que revolucionou e colaborou para uma moda

democrática. Com a revista, as mulheres podiam cortar os moldes e depois de horas de

trabalho na máquina de costura, vestir então sua própria roupa, a um custo acessível.

A revista Veja cita em sua reportagem sobre os 50 anos de Brasília o lançamento da revista

Manequim, da Editora Abril, que era então a primeira revista de moda do Brasil, com a

proposta parecida com a Burda, propiciando a difusão da informação de moda e a

popularização dos moldes. Essa tradição é preservada até hoje, mas sempre perdendo bastante

força para lojas que vendem roupas prontas, devido à praticidade. Por se tratar de uma

produção em série, o preço das peças acaba diminuindo.

Em novembro de 2011 a Riachuelo lançou o projeto Five Fashion, cinco coleções criadas por

designers famosos com um preço acessível: André Lima, Maria Garcia, Huis Clos, Juliana

Jabour e Martha Medeiros. Segundo a entrevista da gerente de marketing da Riachuelo

Marcella Martins de Carvalho concedida ao portal FFW, existem três tipos de consumidores

para este produto: aquele que tem alto poder aquisitivo e quer consumir moda; o de baixo

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poder aquisitivo que consome roupa; e por último o grupo que tem pouco poder aquisitivo,

mas é bem informado e quer consumir moda.

Figura 6 – Coleção Fashion 5 da Riachuelo. Fonte:

<http://todaela.uol.com.br/images/assets/pictures/000/007/764/content_7764.jpg?1322135413>

Ainda na reportagem do portal FFW, uma das designers participantes do projeto, Clô Orozco,

comenta sobre a sua expectativa:

Que mais pessoas tenham contato com nossas marcas. Teremos a Huis Clos e Maria

Garcia em território nacional, seja para pessoas que não conhecem a marca e passarão

a ter contato, como para admiradores que não conseguem comprar em nossas lojas por

pertencermos a um segmento de luxo. A ideia de democratização da nossa história é o

que mais gostamos nessa parceria. (CLÔ OROZCO)

Esse não é o primeiro projeto da Riachuelo nesse sentindo. O pioneiro foi em outubro de 2010

em parceria com Oskar Metsavah, e logo depois com Cris Barros e Pedro Lourenço. O

resultado deu tão certo que as peças esgotaram rapidamente nas araras, como afirma a

reportagem “O luxo é pop”, da Istoé. A mesma reportagem ainda destaca outra rede de varejo

que também leva o conceito de moda democrática: a C&A, que exibe um portfólio com

grandes marcas, a exemplo de Maria Bonita Extra, Isabela Capeto, Amir Slama, Gloria

Coelho, Espaço Fashion e a inglesa Stella McCartney.

A primeira ação que teve destaque na mídia foi em 2004, entre a sueca H&M e o designer da

Chanel Karl Lagerfeld. Ele afirmou que apesar do sucesso da coleção, não faria o trabalho

novamente. Já que questões como a pequena quantidade de peças produzidas não poderiam

atender a demanda que esperava ansiosamente por elas, muitos se decepcionaram por não

conseguir comprar. As peças acabaram se tornando exclusivas, que era justamente o oposto da

proposta, noticiou o site da Vogue inglesa.

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Figura 7 - Coleção Karl Lagerfeld para H&M. Fonte: <

http://www.moda.ru/files/user/02/84/54/content/17463/800x800x85_b095785a99286fd56397f13aeb99c9a9.jpg>

Após o acontecido, vieram novas coleções com a colaboração de grandes nomes da moda e

uma estratégia já mais madura da H&M, mas não menos concorrida. Longas filas se

formavam e cada cliente só podia levar uma peça de cada modelo da coleção da Lanvin, de

Paris, e em poucas horas tudo estava esgotado. Stella McCartney, Jimmy Choo, Comme des

Garçons, Roberto Cavalli também já desenvolveram roupas e acessórios para a loja, de acordo

com a reportagem da Istoé.

Figura 8 - Fila na porta da loja H&M para o lançamento da coleção da Lanvin. Fonte: <

http://www.fashionspace.ru/news/img/596_big.jpg>

Tudo aponta para novas parcerias e uma roupa com informação de moda a um preço

acessível. Se as pessoas passam a ter cada vez mais informação de moda, como afirma o

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diretor de marketing da C&A, Elio França, logo também se tornam mais exigentes, e quem

tem que se adequar a isso é o mercado, com propostas originais e inovadoras.

5. Conclusão

Fazendo uma breve previsão para o futuro da moda com base no estudo apresentado, podemos

imaginar um consumidor ainda mais bem informado sobre moda, graças ao fácil acesso a

revistas, sites e blogs de moda. O resultado disso é um público cada vez mais exigente,

independente da classe social.

Moda é comportamento e com a informação cada vez mais veloz, ele poderá sofrer mudanças

em períodos mais curtos. Pode chegar um tempo em que cópias de produtos de grifes poderão

não mais satisfazer o consumidor que tem a tendência a se cansar cada vez mais rápido.

Caso o mercado continue a investir em design e comunicação baseados no sucesso de outras

grifes, não praticando o exercício da criatividade e originalidade, poderão ser engolidas por

grandes redes de varejo, as mesmas que abrem espaço para contribuições de grandes estilistas,

a fim de criar moda a um valor acessível. Existirá um tempo em que a grande vantagem, a

grande diferenciação será pela criatividade ao se vestir e não tanto pelo valor gasto na

produção.

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