Estágio Clínico Oficial

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER Daiana de Almeida Silva AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA Antunes 2014

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ESTÁGIO CLÍNICO DE PSICOPEDAGOGIA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

Daiana de Almeida Silva

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA

Antunes

2014

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Daiana de Almeida Silva

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA

Relatório de Estágio apresentado como requisito parcial para obtenção do título de

especialista no curso de pós-graduação em Psicopedagogia Clínica e Institucional,

na modalidade à distância, do Centro Universitário Internacional UNINTER.

Profa. Me. Regiane Banzzatto Bergamo

Antunes

2014

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO 4

2-DESENVOLVIMENTO 5

2.1. Identificação e Caracterização da Instituição 5

2.2 Dados do Avaliando 5

2.3. Registro da Queixa 6

2.4- Registros Descritivos dos Encontros 6

2.4.1. Visitas à Escola 24

2.4.2. Observação do Sujeito no Recreio 24

2.4.3. Observação em Sala de Aula 24

2.4.4. Entrevista Com a Professora 25

2.4.5. Histórico Escolar 26

2.4.6. Anamnese 27

2.4.11. Área Funcional 32

2.4.12. Habilidades Acadêmicas 33

2.5. Informe Psicopedagógico 33

2.6. Propostas de intervenção 39

2.7 Devolutiva aos pais 40

2.9 Devolutiva à escola 41

CONSIDERAÇÕES FINAIS 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42

ANEXOS 43

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1-INTRODUÇÃO

O Estágio Clínico, sendo uma disciplina de caráter obrigatório para conclusão

do curso, tem em vista proporcionar ao aluno estagiário a execução de tarefas

específicas em âmbito clínico na área psicopedagógica.

O estágio clínico propicia ao aluno estagiário apreciar uma experiência

terapêutica, tendo a oportunidade de realizar um processo diagnóstico e interventivo,

percebendo a interligação do sujeito com seu processo e dificuldade de

aprendizagem, sua história pessoal buscando alternativas para a superação dos

sintomas.

Este trabalho teve o seu objetivo realizado em consonância com a

importância da psicopedagogia enquanto mediadora de tais dificuldades de

aprendizagem, tal qual, está relacionada à intervenção de modo direto com o aluno,

efetivando se no auxílio e dando assistência ao mesmo.

Conforme afirma Fernandez (1990), o diagnóstico para o terapeuta deve ter a

mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará

suporte ao psicopedagogo para que faça o encaminhamento necessário. Assim

posto, cabe ao psicopedagogo criar e elaborar um diagnóstico que contenha

habilidades e competência, que possa solucionar o problema diagnosticado. Cujo,

neste trabalho o mesmo foi realizado via investigações, levantamento de hipóteses

provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do estágio, aplicando isso

através dos conhecimentos práticos e teóricos adquirido durante o curso.

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2-DESENVOLVIMENTO

2.1. Identificação e Caracterização da Instituição

A E.M.R.N., integrante da rede municipal de ensino está situada à Rua dos

Paulistas, 230, telefone (37) 3247-1011, distrito de Antunes, município de Igaratinga,

Minas gerais.

Ela foi construída em 2008, está situada em um local de fácil acesso, quanto

a sua estrutura física, há nela 11 salas de aula, 6 banheiros (sendo 2 deles para

alunos especiais), uma sala ambiente voltada para oficinas pedagógicas. Nela

estudam 240 alunos; o turno de funcionamento é matutino e vespertino, o nível

escolar é o Ensino Fundamental, o regime jurídico da mesma é municipal.

Sua proposta pedagógica está sempre em consonância com a socialização

do cidadão para que tenha uma formação autônoma, buscando também atender os

parâmetros dessa sociedade capitalista. A linha teórica metodológica é voltada para

a metodologia sociointeracionista, não há uma só linha teórica padronizada,

específica, ela é traçada de acordo com a necessidade dos alunos, o professor junto

à escola adotará um método seja ele histórico-crítica e ou construtivista, com intuito

de suprir a necessidade dos mesmos. A avaliação é somativa, passando pelo

processo diagnóstico e sendo também contínua.

São dois os tipos de planejamento dos conteúdos, sendo o primeiro feito uma

vez por ano com uma (macro) previsão dos conteúdos separados por bimestre, no

qual dentro deles fazem um (micro) planejamento como atividades, avaliações,

projetos. A escola está inserida em uma comunidade participativa, tem um bom

envolvimento nas práticas pedagógicas, valorizam os educadores. O grupo social

que frequenta a escola é consideravelmente diversificado, pois tem alunos da zona

rural e municípios vizinhos, porém a maioria concentra-se na própria comunidade.

2.2 Dados do Avaliando

Nome: H.F.S.A

Data do Nascimento: 23 de Março de 2005

Sexo: Masculino

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Filiação: V.D.C.A e D.S.A

Ano: 4º Ano do Ciclo Intermediário

Repetente: Não

Observação: aluno já havia sido encaminhado à terapeuta ocupacional e

fonoaudióloga, porém nenhum estudo de caso sobre o mesmo fora feito.

2.3. Registro da Queixa

Escola: Foi relatada a estagiária de psicopedagogia a seguinte queixa: “O

aluno apresenta muitas dificuldades de aprendizagem na escrita, leitura e

interpretação e encontra-se no nível silábico-alfabético”.

Familiar: “Ele não aprende, desde quando começou estudar na Educação

Infantil tem dificuldade, não lê e não consegue escrever as palavras de forma

correta”.

Aluno: “Não sei ler e nem escrever as palavras, e quando leio alguma coisa

não sei do que está falando”.

2.4- Registros Descritivos dos Encontros

1ª sessão 14/11/2014

Na primeira sessão foi realizado com o aluno a EOCA. Foi feito algumas

perguntas a ele relacionadas a fatores escolares e pessoais. Posteriormente

mostrei-lhe os materiais sobre a mesa pedindo que o mesmo descrevesse cada um,

o mesmo o fez de forma correta. Mas, algo me chamou a atenção, com relação às

folhas chamex branca ele só identifica como sendo para desenhar e as coloridas

disse não saber para que serviam.

Foi dada a consigna: “Usando estes materiais, gostaria que você me

mostrasse o que você sabe fazer, o que você aprendeu e o que te ensinaram a

fazer”.

H.F.S.A observou os materiais e perguntou: “posso escolher qualquer coisa?” Pegou

a folha em branco, e fez várias perguntas: “mas o que eu vou fazer? De lápis ou de

caneta? Posso apontar o lápis?” “pode, claro.” Ele abriu cautelosamente a caixa que

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estava o lápis e o apontador, ao pegá-los ele seguiu ao lixo sem que eu

manifestasse algo. Pegou uma folha em branco, e insistiu por várias vezes na

pergunta “o que vou fazer, escolhe o que quer que eu faça.” Disse a ele que poderia

fazer algo sobre o que lhe interessasse e ou gostasse, enquanto eu não disse que

gostava de um personagem ele não realizou a consigna proposta; fazendo assim

somente quando mencionei o meu gosto. Começou a fazer um desenho de um Pica-

Pau, fez com capricho, pintou dentro do limite do desenho, com suavidade,

calmamente. Conversa sozinho em tom muito baixo, quando questionado sobre o

que disse, diz não ter falado nada. Permanece atencioso durante a realização do

desenho, evita o uso de caneta (talvez por medo de errar, já que utiliza muito a

borracha.).

Quando terminou pedi que continuasse me mostrando o que sabe fazer, “vou

ter que fazer um monte de desenhos?” “Não! Você pode ler, escrever...” “Eu não

consigo fazer isso muito bem.” “Agora queria que você, usando os materiais que

desejar faça outra coisa diferente para mim, diferente do que você já fez”.

“É mesmo, vou usar o livro” (mas usou o para fazer cópia de um desenho que havia

na capa final do livro, ele sequer leu o título ou folheou o mesmo.) Perguntei a ele

que o estava fazendo, ele disse que era copiando um Duende, “para que está

copiando este Duende?” “para fazer um livro deste”, “como ele chama?” ele disse

que não sabia (ele usa muito essa frase). Quando terminou perguntou se estava

bonito, se parecia com o livro; recortou e dobrou-o para que ficasse com o mesmo

formato de um livro.

2ª sessão 17/11/2014 Observação Lúdica

Ele chegou pontualmente no horário marcado, realizamos uma sessão lúdica,

com um quebra-cabeça contendo 30 peças, o objetivo seria analisar o seu raciocínio

lógico, orientação espacial e lateral de acordo com os formatos de encaixe das

peças. Este recurso fora usado para averiguar se a dificuldade de posicionamento

de letras e na organização espacial refletiria na dificuldade de ordenação das letras

para formação de palavras.

O quebra-cabeça estava ainda na embalagem, ele teve iniciativa de abrir e

desmontá-lo para separar todas as peças. Misturamos todas as peças. Como havia

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dois ele disse que iria escolher o que parecesse mais fácil. Antes de iniciar ele disse:

“acho que não consigo, é meio difícil, mas vou tentar”.

O quebra-cabeça escolhido era do Tarzan, desta forma ele poderia ter se

orientado pela junção dos pedaços do corpo, como mãos junto dos braços, pés junto

às pernas... Ele utiliza mais o formato de encaixe da peça do que os detalhes e as

cores, não tem muita noção de que as peças sem ponta devem ficar nos cantos,

tentando assim, por diversas vezes encaixá-las no meio.

Ele demorou praticamente o tempo todo para realizar esta tarefa, ao terminar

perguntei o que sentiu ele disse que havia achado bom, “por quê?” “porque eu

consegui.” Ele perguntou como escrevia Tarzan, soletrando em seguida “TAZA” está

certo ou errado? Disse que faltava uma letra, mas sozinho ele não conseguiu

identificar foi preciso que eu pronunciasse por duas ou três vezes a palavra para que

ele notasse a ausência do “R”. Diante do interesse dele pelo quebra-cabeça, disse

que o daria na última sessão.

3ª sessão 19/11/2014 Prova Operatória

Nesta sessão foi feita a aplicação da Prova Operatória de Conservação de

Pequenos Conjuntos Discretos de Elementos. Foram colocadas sobre a mesa dez

ficha vermelhas e dez fichas azuis.

Foi dada a consigna:

- O que você pode dizer-me sobre essas fichas?

“Que são redondas e tem duas cores.”

-Escolha uma cor que você goste mais.

“Azul”.

- Colocando apenas sete fichas lado a lado pedi que fizesse o mesmo com as

dele. Em seguida questionei se tínhamos a mesma quantidade.

“Sim.”

- Você tem certeza?

“Deixa eu ver, olha, você tirou 3 e eu também”.

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Primeira modificação: distanciei as minhas fichas separando-as de forma que

ficassem mais largas.

- E agora? Eu tenho mais, menos ou a mesma quantidade de fichas que você?

“Igual.”

- Como sabe? Pode explicar-me?

“É fácil de explicar, você só esticou as suas fichas.”

- Mas esta linha está mais comprida, será que não tem mais fichas?

“Não. Espera aí que vou colocar a minha do mesmo tamanho para você ver que não

tenho menos que você”.

Após realizar o retorno empírico faz se a segunda modificação: as fichas dele

separadas.

- E agora? Temos igual quantidade ou um tem mais e o outro menos?

“Mesma quantidade”.

- Como sabe?

“É igual à outra vez, você só esticou as fichas”.

- Mas, um menino da sua idade me disse que aqui havia menos. Será que ele

estava certo ou não?

“Não. A quantidade é a mesma.”

Retorno empírico: termo a termo.

- E agora? Temos igual quantidade ou uma tem mais e a outra tem menos?

“Igual”.

Pergunta de quoticidade: cubro minhas fichas.

- Você pode contar suas fichas? Quantas fichas você acha que eu tenho debaixo da

minha mão?

“Sim. Tem sete”.

- Como sabe?

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Ele rapidamente responde: “porque eram 14, você não tirou nenhuma só escondeu,

a metade de 14 são 7 ”.

Retorno empírico: frente a frente.

- Conte quantas fichas sobraram com você (escondendo as minhas na mão).

Quantas eu tenho na mão? Responda sem contar.

“Eu já falei esse número uma vez, é três”.

- Como sabe?

“eram 10, você tirou 7 e ficou 3”.

Terceira modificação: as sete fichas são colocadas em círculo.

- Coloque as suas ao redor das minhas com a mesma quantidade.

- E agora? Minhas fichas têm mais, menos ou a mesma quantidade que as suas?

“Mesma quantidade”.

- Como sabe?

“Não tiramos nenhuma”.

- Se as fichas fossem caramelos e você comesse todas as suas balas e eu comesse

todas as minhas, comeríamos a mesma quantidade ou um comeria mais e o outro

menos?

“Comeríamos iguais”.

- Você não acha que estas fichas de dentro possuem menos quantidade que estas

de fora? Explique-me?

“Mesma quantidade. Não mudamos nada, só o lugar”.

O aluno apresenta condutas conservadoras nível 3 conserva-se o comprimento em

todas as situações e as explicações são pertinentes utilizando argumentos de

identidade, reversibilidade e compensação.

4ª sessão 21/11/2014 Prova operatória

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Realização da Prova Operatória Conservação de Quantidade de Líquido, sobre a

mesa havia sete copos de vidro apenas um era de um vidro menos consistente, em

tamanhos diferentes, e dois litros pets contendo água colorida. Pedi que ele mesmo

colocasse com fita adesiva a letra e numeração nos copos, ele o fez com muita boa

vontade e satisfação.

- O que você pode dizer sobre esse material?

“São copos, tem de vidro e um de plástico, tem um mais escuro que o outro e eles

são diferentes”.

Posto os copos A1 e A2 sobre a mesa foi feita a consigna:

- Estes copos são do mesmo tamanho ou são diferentes?

Depois de analisá-los e compará-los ele afirma: “são iguais”.

- Depois de colocar o líquido vermelho em um dos copos pedi que colocasse a

mesma quantidade de líquido amarelo no outro copo, nem mais e nem menos.

- Se eu beber neste copo e você beber neste outro, nós beberemos igual ou um

beberá mais e outro menos?

“Igual”.

- Como sabe?

“Tem a mesma quantidade, está alinhado”.

Primeira modificação: passar o líquido amarelo para o copo alto e fino “B”.

- E agora? Como temos em quantidade de líquido, este (alto B) tem mais, menos ou

a mesma quantidade que este?

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“Tem a mesma quantidade”.

- Explique-me porque razão acha isto.

“Porque ele é maior, mas não mudou nada”.

- Veja, você não acha que neste copo (B) tem mais quantidade de líquido? Olhe

como está mais alto.

“Posso te mostrar?” ele mesmo faz o retorne empírico.

Segunda modificação: passagem do líquido para o vaso experimental (C) baixo e

largo.

- O que lhe parece? Vamos ter neste copo (baixo C) a mesma quantidade que tem

neste A?

“A mesma coisa, ele só é mais largo”.

- Como sabe?

“É só voltar este líquido para o copo “A” quer ver?”

- Ele mesmo realiza o retorno empírico.

Terceira modificação: despejar o líquido para os quatros copinhos pequeno (D1, D2,

D3, D4).

- E agora? Se eu beber o líquido destes copinhos (D1, D2, D3, D4) e você beber o

líquido deste outro (A), será que nós beberemos a mesma quantidade de líquido ou

um beberá mais e outro menos?

“Vamos beber o mesmo tanto”.

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- Como sabe?

“Porque tínhamos a mesma quantidade no copo “A”, você só dividiu nos copinhos

“D”“.

- Você se lembra daquele menino que me respondeu o mesmo teste que você no

outro dia?

“Aquele menino que errou?” “sim, ele mesmo”, “lembro sim”.

- Então, ele também me disse que iria beber mais o líquido dos copinhos porque

eles eram quatro copos. Você acha que ele estava certo ou errado?

“Errado. Porque é o mesmo tanto”.

Nível 3 – (conservador), faz uso de um ou mais argumentos (identidade,

compensação ou reversibilidade). Conserva em todas as modificações.

5ª sessão 24/11/2014 Prova Operatória

Aplicação da última Prova Operatória, Mudança de Critério (Dicotomia), o qual a

escolha desta, ocorreu devido o fato do H.F.S.A ter os pais separados, então o

objetivo maior é ver até que ponto isto interfere em sua vida.

Encontramos crianças, filhos de pais separados e com novos casamentos dos pais, que só não obtinham êxito na prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra-argumentação do terapeuta, e passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a operação que já são capazes de fazer. (WEISS, 2003, p. 111)

Para esta prova havia sobre a mesa:

- 5 círculos vermelhos de 2,5cm de diâmetro

- 5 círculos vermelhos de 5 cm de diâmetro.

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- 5 quadrados vermelhos de 2,5cm de lado.

- 5 quadrados vermelhos de 5 cm de lado.

5 círculos azuis de 2,5cm de diâmetro.

5 círculos azuis de 5 cm de diâmetro.

- 5 quadrados azuis de 2,5cm de lado.

- 5 quadrados azuis de 5 cm de lado.

- 2 caixas planas.

Foram colocados sobre a mesa os materiais (círculos e quadrados) de forma

desordenada e dada a consigna:

- O que você pode dizer sobre este material?

“São de tamanhos diferentes”.

- Gostaria que você juntasse as figuras que combinam.

Fez um montinho com os quadrados grandes (vermelhos e azuis), precisou de

intervenção para perceber que os círculos combinavam.

- Você pode me explicar por que colocou desta forma?

“Porque quadrado combina com quadrado e círculo combina com círculo”.

- Gostaria agora que você utilizasse estas caixas e fizesse dois montes, um em cada

caixa, colocando junto as que se parecem.

Ele seguiu o mesmo critério, alegando que só mudava as cores.

- Por que você colocou estas figuras juntas?

“Porque são iguais”.

- E estas?

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“Porque são iguais”.

- Como poderia chamar este monte?

“Círculos”.

- E este?

“Quadrados”

- Retirei as fichas da caixa e coloquei-as todas misturadas na mesa.

- Agora, volte a separa, mas de outra maneira, pondo junta a que se parecem. Você

irá fazer dois montes, um em cada caixa.

Ele apenas repetiu a separação anterior.

- Você já separou desse modo, poderia descobrir outra maneira de separar em dois

grupos?

Ele não conseguiu, foi preciso que eu começasse a separar de outra forma para que

ele concluísse esta etapa.

- Que nome dará a este monte?

“Azul”.

- E este?

“Vermelho”.

- Poderia separar de outra maneira?

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“Não consigo, já tentei demais”.

Apesar de reconhecer a diferença dos três critérios, o educando encontra-se no

Nível 2 (intermediário): há início de classificação. Faz as colocações justapostas

sem ligação entre eles. Faz o grupo dos vermelhos, dos azuis, dos grandes, dos

pequenos, dos círculos, dos quadrados. (Este nível corresponde à idade aproximada

de 5/6 anos). Mas, considero e relaciono esta dificuldade conforme o estudo de

Weiss, a separação dos pais; que acaba dificultando a realização desta prova uma

vez que, envolve o processo de separar, juntar, separar novamente e tentar juntar

de novo os semelhantes. Sendo por fim, diagnosticado nesta prova que se relaciona

ao nível pré-operatório intuitivo articulado.

6ª sessão 26/11/2014 Prova Pedagógica

Teste de Compreensão Oral, este pode ser usado com criança acima de sete

anos e, como o próprio nome diz, tem como objetivo observar se a criança consegue

compreender bem o que está sendo dito.

- Você terá que dizer sim ou não e por quê.

-  As batatas são cozidas na água fria.

“Não. Porque a água fria não cozinha”.

- Muitas pessoas gostam de passear a noite, pois o sol está muito alto e claro.

“Não. De noite tem é lua”.

-  Depois que chove muito, o chão fica todo molhado.

“Sim. A chuva molha o chão”.

- Quando vão ao circo, as crianças adoram brincar de carregar elefantes.       

“Não. Porque não dão conta”.

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- O trem de carga carrega muitos passageiros e só anda nos trilhos.

“Não. Trem não anda na cidade”.

 - O avião é mais rápido que rápido que o navio porque voa e o navio não.              

“Sim. Porque o avião voa”.

- O homem diz ao seu cachorro: - Lulu fique de guarda, vou viajar! Lulu responde:

Pode ir patrão, que tomarei conta da casa.

“Sim. Porque há uns cachorros que responde, outros não. Mas nesta fiquei com

dúvida”.

- Os pintinhos nascem sempre dos ovos e os gatinhos nascem da barriga da mãe.

“Sim. Porque os pintinhos nascem dos ovos”.

- Eu gosto de ir ao cinema porque lá estudamos muito.

“Não. Lá é lugar de ver filme”.

-  Mamãe quando faz bolo, assa-o na geladeira.

“Não. Não porque a geladeira é fria e bolo assa no forno quente”.

- Um boi ia à frente de três bois. Olhou para trás e contou: um, dois, três.

“Sim. Porque ele contou com ele”.

- Estava passeando na cidade. O céu estava azul, sem nenhuma nuvem. De

repente, começou a chover e eu corri para casa.

“Sim. Por que como que eu ia ficar na chuva?”

-  Meu pai é mais velho que eu, mas meu avô é mais velho que meu pai.

 “Sim. Por que como o filho ia ser mais velho”?

- Os alimentos, para não estragar, são guardados na geladeira.

“Não. São guardados no armário”.

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- Os cavalos que moram no chiqueiro e os porcos que moram na cocheira

pertencem ao fazendeiro.

“Sim. Porque o fazendeiro que é o dono”.

- Os animais mais engraçados que vemos no circo são os macacos e os mais fortes

são os elefantes.

“Sim. Porque os macacos fazem macaquice e os elefantes são fortes da natureza,

puxam até caminhão”.

- Quando vou viajar, eu arrumo as minhas roupas e coloco-as no fogão.

“Não. Coloco na mala”.

- Um carro ia andando pela estrada. De repente, parou porque acabou a gasolina. O

motorista pegou um balde, encheu de água e colocou no carro. Este andou e

continuou a viagem.

“Não. Gasolina é gasolina, água é água”.

- Carlinhos saiu de casa. O céu estava azulzinho. De repente, gritou para o amigo:

Veja que lindo arco-íris está no céu!

“Não. Não tem arco-íris porque não choveu. Só se choveu antes, aí eu já não sei”.

- Três amigos se encontraram. Um deles disse:

- Eu sou maquinista e dirijo o trem; o outro disse:

- Eu sou motorista e dirijo o carro; o outro disse:

- Eu sou piloto e dirijo o avião.

“Não. Porque maquinista vem de máquinas”.

Avaliação do teste: H. ouviu bem e respondeu corretamente a maioria das

perguntas, pedindo que repetisse apenas duas. As crianças com Déficit de atenção

normalmente apresentam prejuízos neste teste. O que não é o caso do avaliando.

Ainda que em sala de aula, conforme relato da professora ele perde detalhes por

não prestar atenção. Isto está relacionado à falta de interesse do mesmo.

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7ª sessão 28/11/2014 Provas Pedagógicas: Avaliação da Consciência Fonológica

Como a suspeita é de um quadro de dislexia, está avaliação é de grande

importância para ajudar neste diagnóstico. Os estudos mostram que pessoas com

dislexia possui prejuízo na identificação de rimas, manipulação de fonemas o que

acaba caracterizando um déficit na consciência fonológica, a isso denota-se a

dificuldade de leitura, ainda que seu nível de inteligência seja normal.

Foram postos sobre a mesa cartões com figuras que terminavam com o

mesmo som (ão, eta, aço), seguindo, pedi que, nomeasse todas as figuras, lembrou

de todos menos a corneta mas, sabia que se tratava de um instrumento musical.

Agora você irá escolher duas figuras e escreva o nome delas na folha.

Ao pedir o lápis ele me perguntou por que eu quebrava as pontas do lápis, respondi

que não fazia isso, ele insistiu dizendo que já havia reparado isso, já que ele o deixa

com ponta todos os dias e sempre ele aparece com ponta quebrada. “Está bom, se

não é você ele deve estar caindo e quebrando.”

Neste momento quero que junte todas as figuras que começam com o mesmo som,

sílaba. Ele disse: “vamos ver quem ganha? Porque acho que nenhum vai juntar.”

Depois de muito pensar, repetir o nome das figuras e com auxílio ele conseguiu

montar os pares. Quando terminou ele contou os que ficaram sozinhos e disse que

eu havia ganhado. Em seguida ele escreveu em sequência as palavras que rimavam

no final. Ele omitiu e fez trocas de diversas letras. Mas em algumas palavras quando

era interrogado conseguia fazer a correção ortográfica.

Finalizamos com uma brincadeira, na qual eu falaria uma palavra ele

completaria com outra que rimasse:

Madeira = cadeira, gato = mato; rua = (?), raiz = (?); canção = pião, toca = (?); sala =

(?), foto = (?); braço = (?), foto = (?); ovelha = (?), janela = panela.

Fica evidente sua dificuldade em criar palavras que possam combinar com as

que foram ditas, o que corrobora cada vez mais para a confirmação da hipótese

levantada.

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8ª sessão 01/12/2014 Provas Projetivas – Vínculo escolar

Inicia-se esta sessão com a consigna: gostaria que você desenhasse a planta

da sua sala de aula. Ele se recusa a fazer o que lhe fora proposto, porque segundo

ele seria difícil, iria demorar muito e que não gosta. Diante desta problemática pedi

que o mesmo fizesse duas pessoas, uma que aprende e a outra que ensina (Par

Educativo). Ele pegou o lápis e a folha em branco fez um desenho bem rápido e

simples tendo os corpos o formato de palitos. Nega pintar o desenho.

Os traços dos desenhos são bem primitivos, infantis, com poucos detalhes

para a idade. Os nomes de cada um não foram escritos pelo aluno, apenas falados

por ele.

Após o desenho perguntei a idade dos que estavam ali disse que não fazia a

mínima idade de sua professora, e disse a sua. O que se passa neste desenho?

“não sei”, queria que desse um título para esse desenho, “não sei, você escolhe”.

Análise (baseada no livro “Técnicas Projetivas” de Jorge Visca):

Tamanhos muito pequenos do desenho: vínculo negativo com a

aprendizagem, quanto ao tamanho dos personagens eles são pequenos indicando

que o vínculo não é importante, demonstrando a desvalorização. O tamanho do

docente está praticamente igualado ao discente, o que quer dizer que, o vínculo com

aquele que ensina está confuso, não há discriminação. O fato de a posição deles

estarem lado a lado quer dizer que regula o vínculo de aprendizagem. Como a

distância entre eles é pequena isto significa que o conhecimento está sendo

supervalorizado no momento da transmissão. O local no âmbito escolar da cena

retrata melhor vínculo com a aprendizagem sistemática, podendo ser positiva ou

negativa.

9ª sessão 03/12/2014 Anamnese

Nesta sessão realizei com a mãe de H.F.S.A a Anamnese a fim de esclarecer alguns

pontos e concluir o diagnóstico. (Mais detalhes sobre esta encontra-se no item 2.4.6)

10ª sessão 05/12/2014 Provas Projetivas – Vínculo Familiar e Consigo Mesmo.

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Quando foi lançada consigna de que realizasse a planta de sua casa a

criança recusou-se. Não tendo outra escolha tive que pedir que representasse a

Família Educativa ainda que, não seja adequado para sua idade. O objetivo deste,

investigar o vínculo de aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos membros

da família.

Gostaria que você desenhasse sua família, fazendo o que cada um sabe

fazer.

Após o desenho perguntei quem eram aquelas pessoas, ele respondeu: “este

próximo ao fogão pode ser meu pai ou o marido da minha mãe; esta aqui é minha

mãe, ela e meu pai sabem cozinhar. E estes dois são meus irmãos, que só sabem

fazer bagunças”. Eles ensinam o que sabem fazer para alguém? “não precisa

ensinar todos já sabem bagunçar”.

Um fato curioso e interessante foi ele não ter se desenhado. Talvez ele sinta

excluído do grupo familiar. Provavelmente isto se encaixa na parte “Fora do

Processo” o que implica na necessidade de modelos significativos de identificação

que podem ser buscados fora do núcleo familiar. Os personagens: mãe e os dois

irmãos estão no ar, sem chão para pisar, não escreveu nome dos irmãos, na mãe

não a nomeou assim, escreveu a abreviação do nome da mesma. E identificou o

“PAI”, este foi o único que teve as pernas quase no chão e ocupou maior espaço na

folha, sendo o primeiro a ser desenhado. Isto pode estar relacionado ao vazio que a

ausência paterna causou-lhe e ao mesmo tempo evidencia a necessidade da

presença paterna em sua vida.

Vínculo Consigo Mesmo: O Dia do Meu Aniversário

Como o aprendente sempre brinca e ou faz algum comentário com relação ao

seu aniversário solicitei que representasse este dia. Não desenhou nenhum

convidado, nem se quer o aniversariante. Decidi realizar esta prova com ele o qual,

foco principal é conhecer e entender o que ele representa para ele mesmo.

Ele não quis escrever nada, fez um bolo enorme ocupando mais de 50% da

folha, e quatro docinhos. De acordo com a análise tem se que, o seu vínculo com a

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aprendizagem é negativo; o fato de não ter nenhum convidado pode demonstrar a

desvalorização, quanto ao espaço geográfico diz que podia ser em qualquer lugar.

Assim sendo diz-se que, talvez esteja compensando os sentimentos de frustrações

com baixa tolerância.

11ª sessão 08/12/2014: Provas Pedagógicas: Teste de Compreensão do Texto e

Análise da Leitura, Síntese Oral e Ortográfica.

Foi entregue-lhe uma fábula pequena, adequada para o seu nível de

aprendizagem. Pedi que lesse ela silenciosamente ele se recusou dizendo que não

conseguia. Então propus que eu iria marcando com o dedo e ele faria a leitura em

voz alta. “Mas eu não sei ler”. “Sabe sim, eu vou te ajudar”, “ mas quando leio não

consigo entender o que fala no texto”.

A fábula era “O Rato da cidade e o Rato do campo”, composta por apenas um

parágrafo divido em oito linhas com a moral. Ele gastou cerca de 09min 46s para

realizar a leitura. De acordo com o gráfico de velocidade na leitura (Dr. Simon) ele

leu 32 palavras em 5min o que mostra que esta abaixo do previsto para uma criança

entre 7 a 8 anos de idade (50 a 60 palavras lidas). Para a sua idade ele deveria ter

lido de 85 a 110 palavras. Gastando praticamente o dobro do tempo previsto para

chegar até o fim da fábula.

Análise:

Leitura: não lê com boa fluência, seu ritmo é muito lento, troca muito o “O” por

“A”, e omite o “M” e “N”, não consegue relacionar o que leu.

Síntese Oral: não conseguiu fazer o reconto, não obedece aos critérios de

início, meio e fim, omite as partes que existe e acrescenta que não existem. “O Rato

da cidade vai morar com o do campo, mas dá tudo errado, porque chegou fiscal ” .

Síntese escrita: pedi que escrevesse o que havia entendido da fábula, como

ele se recusa a escrever ele diz que não se lembra do que aconteceu na história.

Depois de muito estímulo ele escreve o título e repete o mesmo como sendo parte

da fábula.

Interpretação: os dois ratos já se conheciam? “sim, eram primos” (isso não se

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23

passa na fábula). O que você entendeu desta fábula? Que o rato da cidade chama o

rato do campo para ir morar com ele. E quanto a moral o que podemos aprender

com ela? “Melhor viver no mato do que com uma mesa cheia de fartura”. Mas não

soube explicar o que esta moral quis dizer.

12ª sessão 10/12/2014 Testes complementares: Orientação Temporal, Teste de

Snellen (“E” mágico); Amostra da Linguagem Oral; Jogo online e Teste de

Audibilização.

Foram feitas a ele perguntas relacionadas a dias, mês, ano, estações do ano,

datas comemorativas dentre outras, ele conhece os integrantes que compõe alguns

do que fora citado, porém não consegue memorizar a sequência em que os mesmos

se encontram.

No teste de Snellen, serve para medir a aciduidade visual em ambos os olhos.

A seis metros de distância a criança com um dos olhos tampados deverá mostrar ou

falar para qual lado a letra “E” está virada. Algumas observações foram feitas

durante a avaliação. Sendo elas: a inclinação da cabeça por duas vezes ao tentar

ver com o olho esquerdo, no fim da prova houve início de lacrimejação, franziu a

testa por diversas vezes, apertou os olhos por duas vezes, no fim da prova piscou

muito e disse que seu olho direito estava ardendo um pouco. Deve se a este o fato

do pedido de uma avaliação com oftalmologista.

Com a amostra da Linguagem Oral, percebi pela maneira que o observava

que, ele demonstrava bastante interesse em mexer com computador, apesar de

nunca ter falado. Desta forma solicitei que escolhesse um tema/imagem a qual eu a

colocaria no computador para que pudesse contar-me uma história sobre o mesmo.

Ele escolheu caminhão. Escolha o caminhão que você mais gostou e me conte uma

história sobre ele.

Selecionei um jogo online da memória com vinte com 20 figuras, ele o

realizou em menos de três minutos. Isso mostra quão boa é a sua memória visual.

“Caminhão de Guincho” (título). Ele serve para guinchar carros, têm dois tipos

de guincho, este serve para levar um carro 95. Aí o carro 95 ia apostar corrida e

acabou batendo em outro.”

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24

Análise quantitativa: A história não tem semântica; nem sequência lógica

temporal, há relação entre o fato e a gravura; existem fantasias no relato. Sendo o

vocabulário pobre, limitado, repetitivo o qual não está adequado para a idade e ao

meio.

E por fim o Teste de Audibilização, eu vou falar seis frases e gostaria que

você repetisse o que lembrar, direi apenas uma vez, preste atenção:

- Esta noite irei dormir dentro da geladeira.

- Vou comer o bolo inteiro do meu aniversário.

- Vou dirigir este caminhão.

- Meu amigo é legal.

- Gosto muito de você.

Ele lembrou se de todas as frases e na mesma sequência que foram ditas.

Perguntei se havia alguma que era uma coisa absurda de acontecer, respondeu que

somente a primeira frase.

2.4.1. Visitas à Escola

No dia 10/11/2014 foi marcado uma visita na E.M.R.N para uma entrevista

com a Diretora, o qual iria solicitar o pedido de realização de estágio clínico do curso

de psicopedagogia. A mesma me recebeu de forma animada, já que, a escola não

oferece esse tipo de atendimento. Ela relatou a queixa e a preocupação com o

desempenho cognitivo do aluno H.F.S.A, me apresentou a mãe e a professora que

me forneceu informações de grande valia.

2.4.2. Observação do Sujeito no Recreio

Socializa se de formar satisfatória, tendo bom convívio com os demais alunos.

Sabe respeitar as regras e lida bem com as derrotas.

2.4.3. Observação em Sala de Aula

O aluno permanece em silêncio e quieto durante quase todo período da aula.

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25

Os seus materiais são organizados dentro da mochila; Os cadernos são individuais,

um para cada conteúdo. A organização do caderno de português é regular, usa o

espaço da folha corretamente, respeitando os limites de linha. Faz pequenas cópias

com letra legível, respeitando espaços de parágrafo.

Em matemática; organiza os numerais e arma corretamente as operações. A

professora sempre que possível trabalha com ele em grupo e de forma

individualizada, o qual passa as atividades em seu caderno e o auxilia na resolução.

2.4.4. Entrevista Com a Professora

Mediante esta entrevista pode se avaliar os aspectos psicopedagógicos do

aluno.

- No aspecto sócio-afetivo, quais são os pontos favoráveis e quais necessitam

melhorar no que se refere ao relacionamento com a escola, professor (a) e colegas?

R.: Dentro da sala ele é cooperativo, solidário, calado e fala muito baixo apenas

quando precisa de algo.

- Como você avalia o desempenho do aluno?

R.: Às vezes ele se mostra interessado, mas seu desempenho não tem sido

satisfatório.

- Quanto à organização de em sala de aula?

R.: Ele é organizado, cuida direitinho do material, quando termina a aula coloca tudo

na mochila para depois sair.

- Quanto à responsabilidade?

R.: Não sei. Mas acho que pela idade ele é até bem responsável.

- Quanto à atenção que ele presta durante as explicações dos conteúdos escolares?

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R.: Às vezes ele é bem desatento, outras já é bem atento. Principalmente quando é

algo do seu interesse.

- O que tem a dizer com base na motivação que ele tem?

R.: É um aluno com pouca motivação. Só tem motivação se for atividade lúdica.

- Como você classifica o ritmo de trabalho dele?

R.: Lento, quase parando. Para ele concluir alguma atividade, tem que propor trocas,

tipos: “se não terminar agora, terá que terminar no recreio”.

- Em quais áreas ou disciplinas apresenta dificuldade?

R.: Em Português e as demais ligadas à escrita e leitura.

Demais informações que julgar necessário:

O aluno não consegue prestar muita atenção a detalhes, cometendo diversos

erros por descuido nas atividades escolares, parece não estar ouvindo quando se

fala diretamente com ele; às vezes não segue as instruções até o fim, não

terminando as atividades e tarefas. Evita, não gosta ou se envolve contra sua

vontade em atividades que exijam esforços mentais prolongados; distrai-se demais

com estímulos externos. Ele não tem dificuldade em socializar-se com os demais

alunos. Às vezes corrige os alunos com relação a algo que eu já tenha explicado o

que acaba por demonstrar que tem boa memória quando ele se esforça.

2.4.5. Histórico Escolar

Criança frequenta escola desde os 3 anos de idade, porém por ser uma

criança tida como tendo bom comportamento a mãe quase não ia a escola não

relatando queixas na Educação Infantil, apesar de perceber isto ao comparar com

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27

crianças com mesma idade que a sua. Isto ocorreu somente quando ele estava no

Ensino Fundamental no Ciclo da Alfabetização, ao ver que a criança não tinha o

mesmo desenvolvimento esperado pela idade escolar. Mas nada além de

encaminhá-lo a oficina pedagógica foi feito. Não foi reprovado nenhuma vez, devido

à política adotada pela Secretaria de Educação do município. Como estamos

encerrando o ano letivo foi possível saber que este ano também não irão o reter.

Sendo assim, o aluno irá para o 5º ano do Ensino Fundamental Ciclo Complementar

sem sequer ter consolidado e concluído cognitivamente os Ciclos anteriores

(Alfabetização e Intermediário).

2.4.6. Anamnese

Neste dia foi realizada a Anamnese com a mãe de H.F.S.A, que tem 33 anos,

três filhos com as seguintes idades nove o avaliando, doze o do meio e 13 o mais

velho, é separada há nove anos, há dois anos tem outro marido mais novo que ela

14 anos, residem na mesma casa que os filhos. Disse-me que na época em que

engravidou de H. tinha 24 anos e o pai 34. Teve duas gestações anteriores o qual

somente a primeira foi desejada. Sofreu um aborto natural há três meses. Realizou

corretamente as consultas de pré-natais. Não sofreu nenhum tipo de acidente,

doenças durante a gravidez; tomou remédio para enjoo e teve exposição a raios-X,

devido o fato de um dos seus filhos ter caído.

Durante a gestação seu estado psicológico esteve mais ou menos, até

mesmo por não desejar a gravidez. Parou de beber e fumar neste período. Como

seu útero era só a metade ela teve que colocar uma telinha na outra parte para que

pudesse segurar o bebê. Sendo assim, teve que se submeter a uma cesáreo três

semanas antes da data prevista para o nascimento de H. relata que ele nasceu

esbranquiçado, não chorou apenas deu um grito, pesou 4,280kg e media 0,53cm

não sabe informar se tomou medicamento. Amamentou-o até aproximadamente dois

anos, depois ele aceitou bem a alimentação pastosa e sólida; atualmente come bem,

mastiga bem, nem sempre almoça. Prefere arroz, feijão e batata frita. Na família não

há nem um caso de retardo mental, síndromes, doenças nervosa, epilepsia. Na

infância H. teve catapora, otite, alergia a poeira, febre muito forte levando a desmaio.

Há dois meses o seu sono está agitado, principalmente quando está ansioso e

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28

preocupado; range os dentes, é sonâmbulo, soniloquismo (fala durante o sono), o

único hábito que tem ao dormir é de cobrir a cabeça independente do clima, dorme

no quarto com os dois irmãos; dormiu com a mãe até os sete anos de idade,

somente quando ela arrumou outro marido que construiu um quarto para os filhos

dormirem separados.

Quanto ao desenvolvimento psicomotor do filho ela diz que não se lembra de

quando sustentou a cabeça, sentou com 4 meses, engatinhou normalmente e andou

com dez meses e duas semanas, não caía muito. Não deixa cair às coisas com

frequência, tropeça muito e é destro, não apresenta dificuldade motora. A criança

conseguia controlar o esfíncter tanto vesical quanto anal, diz que não foi difícil retirar

suas fraldas.

O seu desenvolvimento na linguagem demorou cerca de dois anos, antes só

balbuciava. Só depois desta idade que começou a pronunciar palavras, ela e o pai

ficaram um pouco preocupados levando-o ao médico. Depois disto não mais

apresentou problema na fala.

Entrou para a escola entre os três/quatro anos, adaptou-se bem, nesta

permaneceu por três anos indo para outra escola que continha Ensino Fundamental.

Ambas trabalham com o método da perspectiva construtivista e histórico-crítica.

Atualmente estuda no turno matutino com a professora Vera, com mais vinte e três

alunos. As atividades para casa ele não consegue realizar sozinho, sempre tem

auxílio da mãe e do padrasto. Quando indagada se houve algum fato importante na

vida escolar de seu filho ela respondeu: “Levei ele em um médico que mesmo sem

exames físicos ou neurológicos passou remédio para ele, neste momento ele se

interessou pelos estudos, recebia elogios da professora, com o passar dos meses já

não tinha êxito, assim sendo a professora não o elogiava mais; isto causou

desmotivação nele o qual permanece do mesmo jeito até hoje”. Relata que as

queixas mais frequentes é que o H. não faz quase nada na sala de aula; tem

dificuldade para ler, escrever, lembrar o que aprendeu na aula; troca letras ao ler e

escrever. Ele conhece números, cores, dinheiro e sabe todos os dias do ano, mês,

semana, porém não sabe sua ordem cronológica. Não tem tiques, sabe segurar no

lápis e recortar; dependendo do que faz usa o lápis com muita força.

Seu comportamento varia, às vezes está muito calmo às vezes muito

nervoso. Prefere brincar sempre em grupos; não estranha diferente ambiente,

Page 29: Estágio Clínico Oficial

29

adaptando fácil ao meio, exceto para dormir, não tem horário para realizar atividades

diárias. Gosta de ser líder, as coisas tem que ser do seu jeito, mas quando joga ou

brinca aceita regra imposta e combinadas durante o jogo. Ele só aceita as ordens da

mãe quando esta é dada coletivamente. Pratica esporte como andar de bicicleta e

jogar futebol; consegue perceber mudanças de lugares dos objetos; às vezes é

agressivo com os irmãos, e teima muito. Suas brincadeiras preferidas são jogar bola

e videogame. Relata que sozinho ele tem o comportamento de melhor filho do

mundo, já quando tem mais alguém faz de tudo para ser o centro das atenções. Ele

gosta de ficar com a mãe e a avó materna, detesta ficar com seu pai. A família se

encontra em diversos momentos do dia, em todas as refeições. A perda mais forte

que sofreu foi à separação dos pais, quando o mesmo só tinha nove meses.

Presencia conflitos constantes entre a mãe e o pai, entre a mãe e a avó.

A criança já teve curiosidade relacionada à sexualidade, devido o fato de

encontrar uma “camisinha”, mediante atitude a mãe levou-o ao médico para que o

mesmo tivesse esclarecimento sobre o assunto, já que alega não saber explicar.

Segundo a mãe ele é uma criança independente, sabe se vestir, tomar banho,

amarrar cadarço, escovar os dentes, pentear o cabelo, laçar sozinho.

Quanto a seus sentidos, não teve problema de visão, sua audição é normal,

porém quando criança tinha muita infecção no ouvido, teve que realizar uma

audiometria, mas não passou disso; às vezes finge não ouvir chamados.

Seu principal hábito é roer unha. Quanto a seu relacionamento com os

demais, diz se que é ótimo e que tem amigos; boa relação com professores, colegas

de classe, com a mãe, com o pai não; com os irmãos brigam muito, mas não

permanecem brigados por muito tempo. Seu comportamento emocional é sempre

frágil, chora com muita facilidade, ainda que se recupere rápido.

Ao ser questionada de como vê o problema do filho, ela diz que deveriam ter

tratado dela antes dele, que parte dos problemas de H, ela é que tem uma grande

parcela de culpa. Diz ser autoritária com ele, apesar de não resolver, relata que ele

não tem limites já que não obedece e ela evita bater, senão irá machucá-lo demais.

Às vezes o pune com castigo, mas o mesmo não cumpre e acaba ficando por isso

mesmo.

Sem mais perguntas encerramos a Anamnese, ela agradece muito pelo

auxílio destinado ao filho e diz que vai se esforçar mais para ajudá-lo.

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2.4.7. Observação Exploratória (observação lúdica e EOCA)

De acordo com Visca (1987, p. 73), o que deve nos interessar na EOCA são

“... seus conhecimentos, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de

expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc.”.

Assim sendo, para que o aluno fosse avaliado antes que ele chegasse foram

postos sobre a mesa os materiais para a realização da EOCA: folha com e sem

pauta, lápis novo (sem ponta), apontador, borracha, caneta, lápis de cor na

embalagem, cola, tesoura, giz de cera, massinha de modelar, revistas para recortar,

papéis colorido e branco (chamex), livro de histórias, régua.

No momento em que chegou apresentei-me a ele, deixei que ele se

apresentasse, em seguida perguntei se sabia o motivo o qual estava ali, o que

achava que tinha ido fazer lá, ele respondeu que não sabia, expliquei o motivo e

perguntei o que achava, ele disse que achava bom. Realizei algumas perguntas

relacionadas a fatores escolares e pessoais, tipo: qual disciplina gosta, qual não

gosta; quantos anos têm, se é repetente; se pudesse falar com o professor para

ensinar crianças com dificuldades em aprender o que você falaria, o que gostaria de

ser quando crescesse... Posteriormente mostrei-lhe os materiais sobre a mesa

pedindo que o mesmo descrevesse cada um, o mesmo o fez de forma correta. Mas,

algo me chamou a atenção, com relação às folhas chamex branca ele só identifica

como sendo para desenhar e as coloridas disse não saber para que servia.

Foi dada a consigna: “Usando estes materiais, gostaria que você me

mostrasse o que você sabe fazer, o que você aprendeu e o que te ensinaram a

fazer”.

H.F.S.A observou os materiais e perguntou: “posso escolher qualquer coisa?” Pegou

a folha em branco, e fez várias perguntas: “mas o que eu vou fazer? De lápis ou de

caneta? Posso apontar o lápis?” “pode, claro.” Ele abriu cautelosamente a caixa que

estava o lápis e o apontador, ao pegá-los ele seguiu ao lixo sem que eu

manifestasse algo. Pegou uma folha em branco, e insistiu por várias vezes na

pergunta “o que vou fazer, escolhe o que quer que eu faça.” Disse a ele que poderia

fazer algo sobre o que lhe interessasse e ou gostasse, enquanto eu não disse que

gostava de um personagem ele não realizou a consigna proposta; fazendo-a assim

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que mencionei o meu gosto. Começou a fazer um desenho de um Pica-Pau, Fez

com capricho, pintou dentro do limite do desenho, com suavidade, calmamente.

Conversa sozinho em tom muito baixo, quando questionado sobre o que disse, diz

não ter falado nada. Permanece atencioso durante a realização do desenha, evita o

uso de caneta (talvez por medo de errar, já que utiliza muito a borracha.)

Quando terminou pedi que continuasse me mostrando o que sabia fazer, “vou

ter que fazer um monte de desenhos?” “Não! Você pode ler, escrever...” “Eu não

consigo fazer isso muito bem.” “Agora queria que você, usando os materiais que

desejar faça outra coisa diferente para mim, diferente do que você já fez”.

“É mesmo, vou usar o livro” (mas usou o para fazer cópia de um desenho que havia

na capa final do livro, ele sequer leu o título ou folheou o mesmo.) Perguntei a ele

que o estava fazendo, ele disse que era copiando um Duende, “para que está

copiando este Duende?” “para fazer um livro deste”, “como ele chama?” ele disse

que não sabia (ele usa muito essa frase). Quando terminou perguntou se estava

bonito, se parecia com o livro; recortou e dobrou-o para que ficasse com o mesmo

formato de um livro.

De acordo com a realização da EOCA pode-se observar que, sua modalidade

de aprendizagem é Hipoassimilativa e Hiperacomodativa: sendo a primeira pelo fato

de quase não falar, não explorar os objetos expostos na mesa e querer permanecer

na mesma atividade; a segunda, a dificuldade de criar algo novo, prefere copiar ou

reproduzir (como fez com o Duende), repete o que aprende sem questionar, sem

investigar, é obediente aceitando o que lhe é imposto.

2.4.8. Elaboração Do Primeiro Sistema De Hipóteses

Com relação as informação pessoal, social e EOCA, pontua-se a investigação

da queixa de dislexia. com as seguintes hipóteses:

2.4.9. Área Cognitiva

Seu nível cognitivo encontra-se em transição final do pré-operatório para o

operatório concreto. Uma vez que, a criança respondeu com bom nível cognitivo às

tarefas por ele realizadas. A fase operatória concreta tem como característica a

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32

capacidade de solucionar um problema proposto através da ação mental e a fase

pré-operatória a resolução de problemas acontece mediante a ação física. Em

alguns dos momentos, H.F.S.A utiliza a operação mental e em outros precisa do

material concreto para resolver as atividades e testes a ele proposto.

2.4.10. Área Emocional

Não parece muito satisfeito com o jeito que é a formação de sua família, isso

se percebe por meio da avaliação dos desenhos por ele feito, tal qual ele relata que

tanto faz se no desenho da família educativa estivesse representado o pai ou o

padrasto. Alem deste, nota-se também a recusa em fazer a planta de sua casa,

quando solicitado que fizesse o desenho da Família educativa, relata que os irmãos

só sabem fazer bagunça e só sabiam que brigavam muito. Não se desenhou e disse

que a mãe só sabe cozinhar. Estes fatores com certeza têm interferido em sua vida

educacional.

2.4.11. Área Funcional

Dificuldade com a escrita: rejeita o máximo que pode usá-la, nível silábico-

alfabético. Às vezes não associa a letra ao fonema correspondente. Segura e faz

uso do lápis de forma correta e suave ao fazer um desenho, já para escrever coloca

um pouco mais de força, podendo este detalhe reforçar a hipótese de labor para

aprender à escrita e de certa forma desconsolo por não conseguir escrever as

palavras corretamente. Percebe e sente a cobrança por parte da escola e da família

para que aprenda e sente o fracasso de não conseguir. Suspeita-se ser um caso de

dislexia, demanda-se a realização de testes e atividades em diferentes âmbitos.

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33

2.4.12 Habilidades Acadêmicas:

Tem como habilidades acadêmicas a resolução rápida de cálculos

matemáticos, tem ótima percepção, memória visual e auditiva.

2.5. Informe Psicopedagógico

I. Dados pessoais

Nome: H.F.S.A

Data do Nascimento: 23 de Março de 2005

Idade: Nove anos

Sexo: Masculino

Filiação: V.D.C.A. e D.S.A.

Ano: 4º Ano do Ensino fundamental/Ciclo Intermediário

E.M.R.N

II. Motivo da Avaliação

A escola e a família queixa a dificuldade do aluno/filho em interiorizar a prática

e o uso convencional da leitura e da escrita.

III. Período da Avaliação

Foram realizadas 12 sessões com o aluno, as quais ocorreram no período de

14/11/2014 a 10/12/2014.

10/11/2014- Conversa com a diretora da Escola

10/11/2014- Entrevista com a professora e registro da queixa (com a presença da

mãe).

1ª Sessão: 14/11/2014- com educando – informação social e EOCA.

2ª Sessão: 17/11/2014- sessão lúdica (quebra cabeça)

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3ª Sessão: 19/11/2014- Provas Operatórias

4ª Sessão: 21/11/2014- Provas Operatórias

5ª Sessão: 24/11/2014- Provas Operatórias

6ª Sessão: 26/11/2014- Provas Pedagógicas

7ª Sessão: 28/11/2014- Provas Pedagógicas

8ª Sessão: 01/12/2014- Provas Projetivas

9ª Sessão: 03/12/2014- Anamnese

10ª Sessão: 05/12/2014- Provas Projetivas

11ª Sessão: 08/12/2014- Provas Pedagógicas

12ª Sessão: 10/12/2014- Testes Complementares

19/11/2014- Devolutiva

IV. Instrumentos utilizados

- EOCA

- Anamnese

- Informação social

- Jogos de computador (jogo da memória, raciocínio e lógica).

- Provas operatórias (provas de classificação, mudança de critério (dicotomia),

quantificação de inclusão de classes, conservação de pequenos conjuntos discretos

de elementos, conservação de quantidade de líquidos).

- Provas projetivas (par educativo, família educativa, o dia do meu aniversário).

- Entrevista com a professora do aluno, observações em sala e no intervalo.

- Outros Testes ( Consciência fonológica, fichas com imagens, leitura de fábula,

Tabela de Snellen, jogos, teste de audibilização).

- Análise do material escolar.

V. Análise dos Resultados.

Analisando os dados descritos no decorrer das observações e aplicação das

provas afirma se que as sessões foram bem produtivas, atendendo os objetivos

propostos.

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35

Área Pedagógica:

Conforme consta nas queixas prestadas pela escola/família H.F.S.A.

apresenta dificuldade na leitura escrita, tendo habilidades na resolução de

determinados cálculos mentais e problemas matemáticos.

Área Afetiva:

O educando sente a ausência paterna e a falta imposição de limites maternos,

já que faz o que bem entende, quando entende. Para atestar o que fora dito, relato a

falta do mesmo em uma das sessões, tal qual, saiu de casa sozinho para ir à escola

e no caminho encontrou com um colega e permaneceu em sua casa por pelo menos

5 horas sem que alguém da família soubesse de seu paradeiro. Em contato com a

avó, ela relatou-me que ao indagar a filha o paradeiro do neto ela disse que ele

estava em casa dormindo, a própria criança desmentiu o fato.

Área Cognitiva:

O aprendente possui um bom nível intelectual, o seu desenvolvimento

cognitivo tem características de pensamento praticamente operatório concreto, isso

pode ser confirmado mediante o alcance do nível 3 nas realizações das Provas

Operatórias Piagetianas. Porém, a sua aprendizagem é lenta, fazendo com que seu

nível de alfabetização esteja aquém do esperado pela sua faixa estaria. Podemos

constatar ausência da família no que se refere à vida pessoal e escolar da criança.

Quando se trata de escrever ou ler demonstra se resistente.

Mediante a realização da EOCA relata-se com base a Temática que no

decorrer da sessão esteve tranquilo, verbalizando apenas quando indagado pela

estagiária, não apresenta dificuldade para expressar se verbalmente, não gosta de

falar de suas vontades, diz não fazer ideia do que almeja para seu futuro, às vezes

vive em mundo surreal, se perdendo no que é real e o que é imaginário (na

realização de um teste complementar ele disse que existem alguns cachorros que

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36

falam e outros não); conversa com a estagiária sem constrangimento.

Com relação à Dinâmica diz que, o tom de voz é bem baixo, não gesticula

muito ao falar; permanece sentado do início ao fim da sessão; na grande maioria

das vezes ele manteve a atenção e concentração necessária para a realização das

atividades. Não costuma pensar muito como irá fazer algo, apenas encontra se

indeciso no que fazer. Sabe lhe dar com certas frustrações, não tem muita

persistência e paciência para realizar atividades que tem dificuldade; realiza as

atividades que lhe interessa com capricho, mostra-se organizado e cuidadoso com

os materiais que utiliza e sabe bem para que eles servem, sempre que termina a

atividade guarda os no devido lugar; as vezes faz brincadeiras simbólicas, não

possui leitura adequada para idade escolar que encontra-se, algumas vezes, com

mediação interpreta oralmente pequenos textos.

Quanto ao Produto, desenha e nunca gosta de escrever o que representa,

seus desenhos têm formas e são possíveis de compreender; não consegue criar

uma história coerente para seus registros, descreve suas produções apenas com

muita insistência da estagiária; sente prazer ao terminar e mostrar o trabalho que

fora realizado. Demonstra o tempo todo insatisfação com seus feitios enchendo de

defeitos. De vez em quando, sente se incapaz para executar a tarefa proposta a ele;

os desenhos estão no nível da idade do entrevistado. A única matéria que gosta é a

que lhe possibilita realizar cálculos. Fica preso no papel e no lápis, não variando

muito as suas atividades, executa com tranquilidade todas as tarefas no decorrer

das sessões. Não demonstra agressividades em seus desenhos. Dificilmente usa a

criatividade para fazer atividades que envolva papel, lápis dentre outros.

Análise dos aspectos:

Área cognitiva:

O aluno apresenta noções conservativas de massa, quantidade comprimento,

volume, combinações, reversibilidade e tem bom raciocínio.

Área Pedagógica: leitura e escrita

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37

O aluno nem sempre associa as letras aos fonemas impossibilitando-o de

formar palavras corretamente tanto para ler quanto para escrever. Lê sem ritmo,

fluência e não faz uso das adequações e correções ortográficas. Ora escreve seu

nome com “H”, ora sem (quando questionado diz que a letra H serve só de enfeite).

Às vezes escreve com segmentação.

Matemática: Tem facilidade para fazer adições, subtrações e pequenos cálculos

mentais.

Área Social:

Não sabe o endereço, sabe o nome completo, a data de nascimento ele fica

indeciso. Não sabe o nome do pai e da mãe completo e nem sabe a idade deles.

Tem apenas irmãos os quais relata brigar muito. Tem bom convívio com os colegas

de sala e vizinhos. Gosta de jogar futebol. Não tem sonhos e nem objetivos para

quando crescer. 

Área Psicomotora:

O aluno apresenta bom desenvolvimento motor, segura o lápis de maneira

correta, tem um bom traçado da letra, noções de lateralidade e distância. Colore os

desenhos sem sair do limite, escreve obedecendo as linhas e espaços do caderno.

O tamanho da escrita é convencional.

VI. Parecer Diagnóstico

Ao realizar este estágio, subvencionada de acordo com levantamento de

dados escolares do aprendente, mediante entrevista com a professora regente e a

aplicação dos instrumentos investigativos através de diversas provas, depreende-se

que o educando, na área cognitiva apresenta bom nível de desempenho; no afetivo,

ausência de um referencial paterno e afetivo materno; no social, tem facilidade em

se relacionar com demais crianças e adultos que o cerca. As provas piagetianas têm

como objetivo indicar o grau de aquisição de algumas noções importantes para o

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desenvolvimento cognitivo, determinando o nível de pensamento alcançado e ainda

o nível de estrutura com que opera. Estando ele na fase do pensamento Operatório-

formal.

Retomando cada uma das dimensões cognitivas (classificação, dicotomia,

inclusão de classes, conservação de pequenos conjuntos e quantidade de líquidos)

pode-se notar que em diferentes situações ele conseguiu ter sucesso, somente na

dicotomia que precisou ser incentivado através de estímulos positivos e mediações

como a repetição da pergunta e indicativos de caminhos mentais para operar. (esta

ocorrência pode estar relacionada com a separação dos pais).

Os conteúdos escolares investigados foram cálculo mental, adição e

subtração oral, produção escrita e leitura e interpretação.  Um indicativo que se

repete em todos os conteúdos é a negação em ler e escrever, necessitando de

constante intervenção para que consiga executar as atividades propostas.

Pelas características apresentadas pelo educando como a timidez, conservar-

se no nível silábico-alfabético aos nove anos de idade sendo que, frequenta a

escola pelo menos cinco anos, pelos testes com ele realizado com relação à leitura

e escrita, Apresenta dificuldades em captar o sentido a partir da leitura de textos.

Seu rendimento na leitura é surpreendente menos do que o esperado para sua

escolarização e o fato dele não conseguir avançar na alfabetização, diz-se que,

existem indícios de tratar se de um caso de dislexia. Devendo considerar a

marcação de uma consulta junto de um especialista para confirmação ou anulação

desta hipótese.

Em súmula conclui-se que a hipótese diagnóstica denota dificuldades que diz

respeito à falta de ciência em conteúdos relacionados à leitura e escrita, que permita

ao aprendente novas elaborações do saber. E acaba por, revelar obstáculos

relacionados à associação afetiva que se estabelece com as situações de

aprendizagem, apresentando de diversas maneiras e motivações do sujeito. A

criança apresenta uma peculiaridade de aprendizagem em desequilíbrio em se

tratando dos movimentos de assimilação e acomodação com sintomas

caracterizados pela hiperacomodação.

Desta forma, quanto às recomendações necessárias ao desenvolvimento

desta criança considera-se de suma importância o acompanhamento da mesma com

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profissionais especializados e destinados a solução deste problema que fora

supracitado.

Os vínculos demonstrados com a aprendizagem sistemática (escolar) são

negativos,  deposita no professor a responsabilidade do seu cognitivo e a

capacidade de aprender, afastando de si o saber. Sente-se inferiorizado, incapaz de

produzir o que lhe é requerido na escola.

       

VII. Prognóstico

Sabe se que, a continuação dos tratamentos e acompanhamentos que aqui

fora indicado um se sobressai, o tratamento vinculado à família envolvida. Todas as

indicações são de extrema necessidade, contudo a família deverá ter persistência a

partir da escolha feita, poupando o aprendente às demais frustrações que possa vir

a sofrer, caso a mesma não faça as escolhas adequadas e necessárias e ou venha

a desistir do tratamento o qual deverá oferecer a ele o melhor suporte possível.

VIII. Recomendações e Indicações

Avaliação Neurológica

Avaliação Oftalmológica

Avaliação Psicológica

Intervenção Psicopedagógica

2.6. Propostas de intervenção

Conforme proposta e estudos de Emília Ferreiro (2001), ela relata que é a

partir das reflexões e conflitos que a criança avança no conhecimento o que é que

conseguirá atingir o nível alfabético. Como fora dito o aprendente encontra-se no

nível silábico alfabético, isso quer dizer que, ora a criança utiliza sílabas completas,

ora utiliza sílabas incompletas. Tornando-se então, necessária à intervenção e

mediação do professor cujo foco principal seja o avanço na construção do

conhecimento do aluno. Segue abaixo algumas sugestões de atividades a ser

realizada em sala de aula/oficina pedagógica:

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- Atividades contextualizadas de escrita e leitura com personagens que a

criança goste, para que a construção das hipóteses linguísticas possa ser elaborada

com segurança de maneira eficaz;

- Jogo de bingo e dominó silábico para o aluno que está com dificuldade para

identificar as letras, que tem como objetivo unir a figura a escrita.

- Trabalho pedagógico que considere a realidade de vida da criança,

valorizando seu conhecimento de mundo, realizado a partir de um planejamento

flexível, com objetivos claros e estratégia metodológica criativa e desafiadora que

combine os diferentes estilos de aprendizagem: Visual e Auditivo.

- Ensinar-lhe sintetizar por meio de desenhos o que foi ensinado.

- Incentivá-lo, destacar suas conquistas, motivando quando cometer erros.

- Adequar o material pedagógico a fim de que, atenda as suas especificidades

e valorize os seus aspectos.

2.7 Devolutiva aos pais

Propõe aos familiares, em especial a mãe, um envolvimento maior e melhor

na participação nos aspectos sociais, morais e escolar no processo de vida e

desenvolvimento do filho, dando-lhe mais afeto, carinho, já que, houve uma grande

debilidade do vínculo paterno e familiar durante sua infância, bem como carências

quanto ao suprimento de suas necessidades básicas no que diz respeito a seu

estado psicoafetivo, para que o mesmo possa compreender seu esforço para

aprender. Diante de sua dificuldade na leitura e escrita, a qual não se dá por falta de

interesse, pois, ele fez todas as atividades propostas com capricho e quer melhorar

e se esforça, mas precisa da ajuda de outros profissionais. Para que isso se efetive

deverá ser oferecido a ele um meio familiar e social que possibilite construções

enriquecedoras visando assim, sua melhoria e a possível superação destes

problemas o qual fora citado no decorrer destes relatos.

2.8 Devolutiva ao aluno

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Nestes dias em que eu estava orientando e observando você, pude notar que

é um garoto inteligente e esforçado. Existem diversas pessoas que possuem

dificuldades para realizar determinadas atividades, tarefas, mas elas não se rendem,

não desiste, estão sempre fazendo e tentando novamente porque sabem que um dia

irá consegui vencer aquela dificuldade. Saiba que poderá sempre contar com sua

família, escola, comigo. Assim como você, eu também não sabia muitas coisas e

aprendi, então não desista, porque ainda há muitas coisas que você irá aprender.

2.9 Devolutiva à escola

Encaminhamento a uma equipe para diagnóstico: psicopedagoga, psicólogo,

neurologista e oftalmologista; realizar acompanhamento individualizado em sala com

atividades diferenciadas do restante da turma (na proposta de intervenção há

diversas sugestões), promover dinâmicas de autoestima, jogos educativos. Sempre

buscando a aplicação de novas técnicas e conhecimentos com a intenção de

eliminar as fragmentações de aprendizagem. É importante proporcionar orientações

e instrumentos de trabalho aos professores, para que sejam capazes de modificar o

conflito gerador da ineficiência da aprendizagem que o aluno apresenta;

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visto quão importante se faz o papel desempenhado pelo psicopedagogo

clínico, percebe-se que intervir na vida do aprendente que apresenta algum tipo de

dificuldade de aprendizagem, motivando e incentivando-o a superar suas limitações

e trazendo de volta sua autoestima, é algo magnífico, que nos trás satisfação e

gosto pelo que fazemos.   Os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso

foram imprescindíveis para a realização das etapas do estágio clínico. Além de

auxiliarem a autora na prática psicopedagógica, nortearam-na sobre como conduzir

as intervenções com crianças que apresentam dificuldade de aprendizagem, de

modo que esta resultasse em um aprendizado eficaz para a mesma que foi avaliada.

Ao fim deste, pode se dizer que mediante o estágio clínico foi possível o

aprendizado por meio da imersão na prática, nas atividades, nas observações, na

aplicação das provas e no ato de ensinar ao aprendente a lhe dar com suas

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limitações, a ponto de conhecer a fundo a natureza da profissão ser psicopedagogo.

Os saberes pedagógicos adquiridos ao longo do curso promoveram deveras uma

ação teórica na prática, definindo de maneira clara e objetiva como se dá a

aprendizagem e como o aluno aprende, levando em consideração as habilidades e

necessidades de cada sujeito.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSSA, Nadia. A. A psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir da prática.

Porto Alegre: Artes Médicas, 2000._____________. Dificuldades de Aprendizagem. O que são? Como Tratá-las? Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

FERNANDES, Alícia. A inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes médicas, 1991.

FERREIRO, Emília. Reflexões sobre a alfabetização. 24. Ed. São Paulo: Cortez, 2001.

PAIM, Sara. Diagnóstico dos problemas de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 1992 (EOCA).

SAMPAIO, Simaia. Manual  prático do diagnóstico psicopedagógico clínico. Rio de Janeiro: WAK, 2010.

VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

VISCA, Jorge. Técnicas Projetivas Psicopedagógicas e pautas gráficas para sua interpretação. 2008.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnostica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

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ANEXOS

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