ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática...
Transcript of ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática...
![Page 1: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/1.jpg)
Universidade de Brasília
CÉLIA MARIA COELHO VIEIRA DE OLIVEIRA
ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de melhoria na
qualidade de vida.
NATAL
2007
![Page 2: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/2.jpg)
2
CÉLIA MARIA COELHO VIEIRA DE OLIVEIRA
ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de melhoria na
qualidade de vida.
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª Esp. Antonia Adalgisa Maia de Sá
NATAL/RN
![Page 3: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/3.jpg)
3
CÉLIA MARIA COELHO VIEIRA DE OLIVEIRA
ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de melhoria na
qualidade de vida.
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
![Page 4: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/4.jpg)
4
Aos meus filhos, Laís e Éder razão de toda a minha dedicação e compromisso.
![Page 5: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/5.jpg)
5
Agradecimentos
À minha família – que abdicou de nossa presença; À orientadora, Professora Antonia Adalgisa Maia – que me forneceu orientações guiando meu trabalho; Aos meus colegas, diretores, professores e alunos pela colaboração.
![Page 6: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/6.jpg)
6
Qualidade de vida é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações.
WHOQOL GROUP, 1994
![Page 7: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/7.jpg)
7
RESUMO
O presente estudo tem como tema Esporte na educação física: uma perspectiva de melhoria na qualidade de vida. Reflete sobre o esporte e sua relação com a educação física buscando alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo. Faz uma abordagem em torno do esporte em seus aspectos históricos. Aborda o esporte como qualidade de vida e de inclusão social. Apresenta a escola como local de excelência para sistematizar a socialização e integração do indivíduo através de práticas esportivas, de atividades físicas, enfatizando que esse é um meio eficaz também para a melhoria do processo de aprendizagem. Sugere algumas diretrizes para a elaboração de uma proposta pedagógica de educação física onde o esporte escolar esteja norteado pelo princípio da inclusão e que favoreça ao aluno múltiplas experiências. Palavras-chave: Esporte – Qualidade de vida – Inclusão social – Escola
![Page 8: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/8.jpg)
8
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................. 1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 2.1 O esporte: algumas reflexões....................................................................... 2.2 O esporte como qualidade de vida e inclusão social....................................
3 O PLANEJAMENTO DO ENSINO DO ESPORTE NA ESCOLA.................... 3.1 A metodologia do ensino do esporte.............................................................
4 O ESPORTE ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO.................
4.1 Uma perspectiva de identidade no exercício da cidadania...........................
5 METODOLOGIA DO ESTUDO.........................................................................
CONSIDERAÇÕES.............................................................................................
REFERÊNCIAS....................................................................................................
070912121823252929333436
![Page 9: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/9.jpg)
9
1 INTRODUÇÃO
O esporte, em suas diferentes formas, tem sido um tema que sempre
gera certa polêmica. Idéias divergentes surgem para tentar explicar e melhor
entender o fenômeno, algumas considerações são questionáveis outras parecem
ser unânimes em seus ideais. Vantagens e desvantagens são postas na balança
com a intenção de avaliar se a prática do esporte é positiva ou não.
O esporte é muitas vezes confundido com a Educação Física, porém o
esporte pertence à Educação Física que é a disciplina aonde ele é tratado. A
educação física é um componente curricular legal do sistema de ensino, definido
no art. 26 da Lei de Diretrizes e Bases nº. 9394/96 de 20 de dezembro de 1996 e
o esporte escolar é um complemento das atividades escolares, complemento de
fundamental importância no desenvolvimento humano e na formação da
cidadania.
Entretanto, a prática desportiva na escola rompeu com os verdadeiros
valores de oportunidades iguais entre os homens, uma vez que a competição
como fim privilegia aqueles com habilidades e talentos natos deixando a margem
os menos habilidosos. Isso nos leva a refletir sobre algumas questões: Como a
escola hoje vê a prática Esportiva? Como a escola pode contribuir com a
organização e sistematização do esporte no interior da escola a fim de garantir a
inclusão de todos? Como a prática esportiva pode melhorar a qualidade de vida
do indivíduo?
![Page 10: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/10.jpg)
10
Mediante essas inquietações o presente projeto de pesquisa teve como
preocupação básica refletir sobre o esporte praticado hoje nas escolas e quais as
conseqüências da prática educativa na vida do ser humano, pois sabemos que o
ser humano nasceu para aprender, diferente de outros seres vivos que só
precisam se adaptar ao nosso ambiente para sobreviver. O homem vive em
permanente construção do conhecimento que é realizado através do trabalho
educativo e este acontece dentro e fora da escola.
Portanto, refletir sobre o esporte e sua relação com a educação física é
buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade
de vida, bem como na formação do indivíduo. Olhar o esporte como atividade
essencial em nossas vidas, como se alimentar ou tomar banho, e que mereça
prioridade nas políticas públicas, como a saúde e a educação, é uma tarefa de
todos.
Em todas as dimensões da atividade esportiva e de lazer deve estar
contida a preocupação com a inclusão, pois o esporte pode e deve se tornar um
instrumento democrático para todos, sem discriminações, proporcionando
experiências e novas possibilidades.
O estudo buscou respostas para as seguintes indagações: Como a
escola hoje vê a prática Esportiva? Como a escola pode contribuir com a
organização e sistematização do esporte no interior da escola a fim de garantir a
inclusão de todos? Como a prática esportiva pode melhorar a qualidade de vida
do indivíduo?
A partir desses questionamentos o objeto da pesquisa foi a prática
esportiva como um direito de todos numa perspectiva de melhoria da qualidade
de vida dos alunos de escolas públicas da cidade do Natal, buscando nos
![Page 11: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/11.jpg)
11
referenciais teóricos, alternativas para uma proposta pedagógica que atenda aos
objetivos propostos no referido trabalho.
O objetivo maior desse trabalho foi o de analisar como a prática
esportiva pode contribuir para a melhoria da qualidade vida e para a inclusão
social.
Foram estabelecidos para esse trabalho, alguns objetivos específicos
tais como: Resgatar a história do esporte; Analisar uma prática esportiva na
escola centrada na qualidade de vida e na inclusão social; Identificar uma prática
esportiva na escola que favoreça experiências múltiplas ao aluno. Elaborar uma
proposta pedagógica em esporte escolar norteada pelo princípio da inclusão de
todos que favoreça experiências múltiplas ao aluno, inclusive nas relações
interpessoais.
Para uma melhor compreensão do leitor o presente trabalho foi assim
estruturado: o primeiro capítulo apresenta uma visão geral do trabalho como a
problemática, a relevância do tema, os objetivos; no segundo capítulo é feita uma
fundamentação teórica, abordando algumas reflexões sobre o esporte, apontando
o esporte como qualidade de vida e de inclusão social; o terceiro capítulo analisa
o planejamento do ensino do esporte na escola dando ênfase a metodologia do
ensino do esporte e como está sendo trabalhada na escola; o quarto capítulo trata
do esporte e o projeto político pedagógico da escola numa perspectiva de
identidade no exercício da cidadania e por último é feita as considerações finais.
Espera-se que as idéias contidas nesse trabalho, se lidas e refletidas
possam transformar a realidade do esporte no âmbito escolar.
![Page 12: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/12.jpg)
12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O ESPORTE: Algumas reflexões
O esporte é um fenômeno social que exerce em homens e mulheres
uma forte atração, independentemente de raça, sexo ou ideologia. Desde a
antigüidade, sua prática está atrelada a “tempo livre” dos homens e mulheres,
onde o lazer era um privilégio de poucos abastados, e não dos trabalhadores, do
campo ou da cidade, estabelecendo sutilmente a distinção de classes. Pois que
utilizar o “tempo livre” para a prática de esportes significa ter, além de um tempo
livre, condições financeiras para tal.
No desenrolar da história e com o processo de industrialização,
ocorreu uma valorização do trabalho produtivo em detrimento do lúdico. Segundo
Bruhns(1993:15)
Paralelamente ao surgimento e crescimento da ideologia da utilidade e produtividade, um fenômeno surge e ganha força com rápida expansão: o esporte moderno. Este passa a ser mais coerente com a nova ordem voltada ao trabalho, que via no corpo um meio de exploração e domesticação necessárias ao crescimento econômico. O lúdico não sendo disciplinador é incompatível, de certa forma, como reposição de força de trabalho, que é a função do lazer no espaço-tempo em que o trabalho se constitui como valor marcante.
É neste período que surgem na Inglaterra alguns dos esportes
mundiais tão disputados na atualidade, como futebol, tênis, natação e outros. A
partir daí, popularizaram-se e difundiram-se pelo mundo, mas sua prática continua
elitista, por não possibilitar à grande maioria da população vivenciá-la.
No Brasil, para surpresa de muitos, a primeira manifestação
esportiva não foi o futebol, Segundo Marinho (1983, p.50) “tudo leva a crer que a
![Page 13: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/13.jpg)
13
primeira prática esportiva introduzida no Brasil foi o remo em1566”. O futebol,
importado da Inglaterra, foi introduzido no Brasil após a Proclamação da
República, em 1894, sendo seguido pela natação (1896), o tênis e o basquete
(em 1898).
Na década de 30, o futebol, que inicialmente se restringe a uma
classe privilegiada da sociedade, populariza-se e transforma-se neste fenômeno
social que hoje conhecemos. Segundo Gonçalves (1994, p.161)
Sendo um complexo fenômeno social, um produto específico da sociedade industrial, o esporte competitivo participa de suas contradições e ambigüidades, tornando-se um fator político de propaganda a serviço das classes dominantes.
Ainda no período citado, o esporte competitivo de alto nível ou de
rendimento vai se estabelecendo e abrindo espaço dentro da sociedade e
influenciando fortemente a Educação Física.
No período de 1964 a 1968, o esporte é utilizado com o objetivo de
desarticular os movimentos estudantis, que faziam uma forte oposição ao regime
militar que se instaurara no país. Outro objetivo era o de projetar, através do
esporte, o país no cenário político internacional, com o intuito de ajudar a legitimar
o regime vigente, além de desviar a atenção do que dele se originava.
A partir da década de 70, tornou-se mais forte o caráter ideológico
imputado ao esporte: podemos citar a copa de 70, com o slogan publicitário “90
milhões em ação, pra frente Brasil salve a seleção”, como se realmente todos os
brasileiros estivessem participando ativamente do evento, enquanto os brasileiros
passivamente sofriam com a repressão arbitrária do governo militar.
![Page 14: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/14.jpg)
14
Outro fato que mobilizou o país foi o Esporte para Todos, cujo
objetivo de acordo com Dieckert (1994), era o da conscientização geral de que o
esporte não se limita à competição entre excelentes atletas, mas que representa
uma oportunidade e também uma tarefa a realizar por qualquer um; de que a
prática de esporte é uma questão pessoal, de que pode ser realizado
independentemente de normas e regras genuínas do esporte de competição de
alto nível, podendo ser praticado quase em qualquer lugar e a qualquer hora, por
qualquer um, homem ou mulher, jovem ou velho, e com este slogan “ingênuo”
mascarava as desigualdades sociais, pois colocavam patrões e empregados em
igualdade de condições no jogo, mas não na vida real. Além disso, ocupava o
tempo livre de outras camadas da população que não se envolviam com o esporte
de performance.
Mediante estes fatos históricos e os interesses que os originaram,
pode-se compreender o porquê da Educação Física Escolar hoje estar muito mais
voltada para o treinamento esportivo, a busca de talentos, justificando o valor
educativo do esporte, através da aptidão física dos alunos e a iniciação
desportiva, decorrência do Decreto nº 69.450/71, § 1º do artigo 03, que orientava
a Educação Física nos estabelecimentos de ensino a uma ação desportiva e
recreativa.
Na década de 80, com o início do processo de abertura política,
abriu-se também um espaço para a educação. Voltam para o Brasil educadores
que foram exilados pelo golpe de 1964. Os livros que haviam sido proibidos pela
censura voltam a ser publicados e os educadores, aos poucos, começam a falar
em educação e política sem o receio de serem acusados de subversão. A
Educação Física é enriquecida pelo aparecimento dos seus primeiros mestres
![Page 15: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/15.jpg)
15
nesta área no Brasil (1977, primeiro curso de Mestrado da Escola de Educação
Física da USP), contribuindo significativamente para o seu processo de discussão
e reflexão enquanto educação e área do conhecimento.
Consequentemente, passa-se a rediscutir também o valor educativo
do esporte, ou o que dele está presente na escola. A Educação Física tem
preponderantemente conduzido o esporte escolar à luz do esporte de rendimento,
sustentado a partir dos referenciais do treinamento esportivo. Assim sendo, ela
não se diferencia, de forma significativa, dos clubes e das instituições esportivas,
pelo menos em intencionalidade (embora materialmente seja bastante desigual),
pois tanto a instituição escolar quanto as demais seguem a orientação dos
códigos e princípios do esporte instuticionalizado. Tais instituições são
representadas e organizadas pelas Confederações e Federações Esportivas que
padronizam o esporte mundial, exacerbando a competição e a busca de recordes.
Esta prática está cristalizada em nossas instituições escolares, sem
a devida reflexão – consciência do porque se age desta forma, servindo para
fortalecer as desigualdades, promovendo experiências de sucesso para uma
minoria e experiências de fracasso para uma grande maioria, tendo como
conseqüência a exclusão, e, o que é muito mais grave, a auto-exclusão de um
número significativo de nossos educandos das aulas de Educação Física. Desta
forma, a instituição escolar, no caso da Educação Física, é submetida aos valores
de outras instituições, descaracterizando sua finalidade e possibilidade educativa.
O esporte institucionalizado está apoiado na competição e
concorrência, sendo orientado pelos princípios da sobrepujança os quais partem
do entendimento de que se deve vencer o adversário de qualquer forma, e nele
está muito forte a opção de competição, bem como o discurso ideológico de que
![Page 16: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/16.jpg)
16
“quem vence no jogo é também um vencedor na vida”, dando a idéia de que o
esporte é exclusivamente a comparação de desempenho e que só os melhores
vencerão, desconsiderando completamente as diferentes realidades em que
vivem os competidores.
O esporte escolar tem um fim educativo. Portanto, é necessário que
sejamos críticos ao trabalhar a produção de seus valores, tais como: enfatizar
sempre que não se deve jogar contra, mas jogar com; que vitória e derrota são
fatores interdependentes. Se buscamos uma sociedade igualitária, produzida no
coletivo, deveremos trabalhar a questão do vencer, e do perder, e não o princípio
de apenas sobrepujar.
Outro princípio é o das comparações objetivas: neste, os
competidores e competições são colocados em igualdade de condições a partir
da determinação dos espaços e locais das realizações das disputas esportivas e
de suas normas (regras), que devem seguir o mesmo padrão, passando a ser
universais. Estes princípios trazem como conseqüência os processos de Seleção,
Especialização e a Instrumentalização do esporte.
Seleção – Ocorre através de forma implícita e explícita, onde os
alunos são classificados por suas habilidades esportivas, sexo, biótipo e idade.
Pela simples observação do biótipo, as crianças são conduzidas a praticarem esta
ou aquela atividade desportiva e vão além, discriminando os gordos, os baixos e
todos aqueles que não se enquadram em algum padrão corporal esportivo
exigido.
Especialização – Leva o aluno à prática de apenas uma modalidade
esportiva, tendo como objetivo atingir o máximo rendimento físico. Para
Gonçalves (1994, p. 36) a valorização excessiva do rendimento absorve o
![Page 17: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/17.jpg)
17
professor com medidas e avaliações e privilegia aqueles alunos que possuem
melhores aptidões esportivas, incentivando a competição e a formação de elites.
Impondo a produtividade como objetivo prioritário, a Educação Física torna-se um
veículo de transmissão ideológica do sistema dominante. Esse processo de
especialização limita as possibilidades de movimentos que as diferentes
modalidades esportivas podem oferecer, ligando-se diretamente ao tipo de
modalidade esportiva predominante em cada momento histórico.
Instrumentalização – Visa o desenvolvimento do gesto puramente
técnico, utilizando métodos e técnicas que padronizam o movimento humano,
privilegiando a performance esportiva em detrimento do movimento como forma
de expressão criativa. Segundo Gonçalves (1994, p. 37):
A busca do desenvolvimento de capacidades físicas e habilidades motoras, de forma unilateral, utilizando unicamente critérios de desempenho e produtividade, ignorando a globalidade do homem, geram uma Educação Física alienada, que ajuda a acentuar a visão dicotômica de corpo e espírito do homem contemporâneo
Percebe-se que tais processos sustentados pela teoria do
treinamento esportivo, aliado à medicina dos esportes, nos levam a compreender
como no esporte ocorrem as normatizações e padronizações do movimento
humano e também a organização de espaços físicos e materiais para a sua
prática. Esta normatização e padronização levam alunos e professores a
limitarem a produção e exploração de movimentos expressivos, reproduzindo-os
de forma automatizada, impedindo uma prática pedagógica que atenda aos
diversos interesses e intencionalidades.
Existe um interesse muito grande por parte das instituições
esportivas de utilizar a Educação Física Escolar com o objetivo de buscar talentos
![Page 18: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/18.jpg)
18
para o esporte de rendimento. Segundo Bracht (1992, p. 22) A escola é a base da
pirâmide esportiva. É o local onde o talento esportivo vai ser descoberto. Este fato
nos mostra que a instituição esportiva depende da Educação Física Escolar, não
só pela sua condição de fornecedora de talentos, mas também pelo fato de que,
através dela, poderá ter apoio financeiro oficial. Para tanto, se utiliza do
argumento de que o esporte é cultura, é saúde, é educação, e a ele atribuem-se
valores educativos que o justificam nos currículos escolares.
Uma das formas que a Educação Física tem encontrado para
justificar o esporte na escola é a socialização, subentendendo-se participação,
cooperação, integração e solidariedade, uma vez que o ser humano não vive
isoladamente no mundo; ele necessita do outro para viver, pois o convívio social
projeta valores de como deve ser este viver.
2.2 O esporte como qualidade de vida e de inclusão social
O esporte além de lenitivo terapêutico, lazer e fator de saúde é também
manifestação de cultura e elemento disciplinador.
No que diz respeito à sociedade em geral, as notícias na mídia são
pródigas em informar o desenvolvimento de programas e mesmo de atitudes
esparsas conduzidas por sociedades civis e religiosas, dando conta de que a
oferta de equipamentos destinados à prática desportiva e a orientação de políticas
públicas e programas bem conduzidos concorrem para disciplinar, afastar das
drogas, diminuir atos de vandalismo, e reduzir ações predatórias sobre os
![Page 19: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/19.jpg)
19
próprios públicos etc. enfim levando à sociabilização das crianças, jovens e
adultos e ao pleno exercício da cidadania.
Percebe-se, pois que o esporte, além do fator saúde, ao melhorar a
função corpórea e reduzir o estresse, (este que é o grande mal da sociedade
urbana moderna), tem também por objetivos: Ensinar a viver em sociedade;
educar para viver junto; perceber a importância de aceitar os desiguais; fazer
aprender a ganhar e a perder; reconhecer o melhor e o mais apto; e ainda mostrar
ser necessário respeitar o mais fraco e o inábil.
O esporte como ciência e disciplina constituem uma verdadeira
“ferramenta” a ser usada no esforço para a inserção social do indivíduo excluído.
A Inclusão, como processo social amplo, vem acontecendo em todo o mundo, fato
que vem se efetivando a partir da década de 50. De acordo som Sassaki (1997) a
inclusão é a modificação da sociedade como pré-requisito para que pessoa seja
ela com necessidades especiais ou não possa buscar seu desenvolvimento e
exercer a cidadania. Segundo o autor, a inclusão é um processo amplo, com
transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos e na mentalidade de
todas as pessoas, inclusive da própria pessoa com necessidades especiais. Para
promover uma sociedade que aceite e valorize as diferenças individuais, aprenda
a conviver dentro da diversidade humana, através da compreensão e da
cooperação (CIDADE E FREITAS, 1997).
De acordo com o Documento de Trabalho da Mesa Redonda de
Ministros e principais responsáveis pela Educação Física e Esportes dos países
realizada pela UNESCO (2002), a Educação Física e o Desporto constituem uma
parte importante da educação ao favorecer o desenvolvimento e as aptidões das
crianças. A atividade física, ainda conforme o Documento citado acima, deve ser
![Page 20: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/20.jpg)
20
praticada e servir como um meio de plena realização do aluno, um método de
integração e socialização e que a escola seja o lugar por excelência da
socialização sistemática para jovens de ambos os sexos.
Pesquisas têm mostrado que as horas dedicadas a atividade física no
ambiente e/ou programas escolares tem apresentado uma melhora no rendimento
dos alunos e na aquisição de conhecimentos intelectuais.
Segundo o item I dos princípios da Carta Brasileira do Esporte Escolar
(2003), toda pessoa humana inserida no processo de educação formal tem o
direito de praticar e conhecer o esporte no interior de sua escola, devendo ter a
possibilidade de acesso garantido, no qual deverão ser inseridos mecanismos de
qualidade crescente.
Desse modo, entendemos que o processo de socialização no convívio
escolar deve ser incentivado e conforme a Carta Brasileira do Esporte Escolar
incrementado os laços de solidariedade e amizade.
Sendo a escola o lugar por excelência para sistematizar essa
socialização, ela tem por objetivo fazer com que a Educação física seja utilizada
no âmbito escolar na luta contra a discriminação e a exclusão social de qualquer
tipo, buscando democratizar as oportunidades de participação dos alunos, das
pessoas da comunidade, com infra-estruturas e condições favoráveis e
acessíveis.
Uma das formas de conduzir o indivíduo à atividade, a auto-expressão
e a socialização são através da participação em atividades esportivas. Não se
trata apenas de uma forma de entretenimento para gastar energia, mas um modo
de contribuir e enriquecer o desenvolvimento corporal, cognitivo e social do
indivíduo. Queremos responder se o esporte, forma cultural, que ritualiza
![Page 21: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/21.jpg)
21
elementos fundamentais da sociedade capitalista como a competição, a
concorrência e o rendimento, podem participar de um projeto político pedagógico
emancipatório. Analisa-se como pode o professor de educação física contribuir
para que a prática esportiva seja democrática.
De acordo com Paes (apud SANTOS, 2003), O esporte na escola, pode
ser importante por várias razões: ser um dos conteúdos da educação física, de
ser a escola uma agência de promoção e difusão da cultura e até mesmo por uma
questão de justiça social, uma vez que em outras agências o acesso ao esporte
será restrito a um número reduzido de crianças e de jovens clientes de academias
e/ou de escolas de esportes.
Por muito tempo o esporte foi considerado como a “panacéia” para
todos os males. O esporte era sinônimo de saúde, sociabilizava crianças e jovens,
ensinava valores morais e sociais, o esporte era a esperança de uma vida melhor,
entre outras vantagens que lhe era alegado. Na década de 80 com o surgimento
das teorias críticas o quadro se altera. No ambiente escolar o esporte pode seguir
diferentes abordagens, se organizar de diversas maneiras e ainda buscar
diferentes objetivos com a prática.
Fonseca (apud DORANTE, 2001) propõe uma nova práxis para o
ensino do esporte na escola que permita retomar o sentido da aula enquanto
espaço de aprendizagem, onde o aprender possa ser realmente, um direito de
todos; onde os alunos possam conceber suas hipóteses motrizes para chegarem
ao gesto técnico de forma criativa, globalizada, cooperativa e prazerosa; onde as
regras possam ser forjadas a partir de um processo dialogicamente construído;
em que a aprendizagem e a prática esportiva vá além do objeto de conhecimento,
envolvendo aprendizagens de socialização, onde se rompa com o auto-
![Page 22: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/22.jpg)
22
treinamento ou aula ”faz-de-conta”, que coloca o esporte como um dogma, onde a
técnica dos movimentos e as jogadas táticas chegam prontas e devem ser
rigidamente reproduzidas e repetidas até a automatização; onde se resgate o
caráter lúdico, do jogo pelo prazer, em detrimento da exacerbação do espírito
competitivo da busca da vitória a qualquer custo.
Dorante (2001) salienta que o esporte escolar deve ser importante
ferramenta para a socialização e para a inclusão social. O esporte escolar deve
ser uma oportunidade de aprendizado da cultura de grupo, permitindo que a
juventude adquira as capacidades que possibilitarão a sua participação na
sociedade, como membros efetivos. Educar é preparar para a participação social.
Educar é propor mudanças positivas na conduta dos cidadãos. Por isso a escola
deve assumir toda a sua importância e deve oferecer o esporte como instrumento
e não como fim; um instrumento para alcançar um fim: a formação útil à
sociedade.
Assim, a escola deve proporcionar a todos os que fazem parte dela, um
planejamento adequado, participativo, ou seja, elaborar o projeto político
pedagógico da escola contemplando em seu currículo programas, projetos e
ações de Educação Física, esporte e lazer como forma de melhorar a qualidade
de vida do educando e minimizar as diferenças existentes no âmbito escolar
![Page 23: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/23.jpg)
23
3 O PLANEJAMENTO DO ENSINO DO ESPORTE NA ESCOLA
A ausência de uma proposta pedagógica para o esporte na escola
dificulta o direcionamento de todas as questões relacionadas ao ensino, como
objetivos, conteúdos, procedimentos metodológicos, avaliações a serem seguidos
pelo profissional, em direção a um modelo pedagógico de formação esportiva,
favorecendo a tomada de decisões pessoais arbitrárias, baseadas exclusivamente
em suas experiências pessoais.
Essa situação apresentada da hierarquização de conteúdo, que
interfere consideravelmente no resultado final do processo pedagógico, acentua-
se quando analisamos as bases teóricas que oferecem suporte para o
planejamento de ensino na escola. Carvalho (2003) sugere uma prática
pedagógica voltada para a concepção de mundo, reconhecendo nela seus
aspectos filosóficos, morais, éticos, assim incorporando valores que busquem a
conscientização de uma prática humanizável. Concordamos com o autor quando
incentiva o professor a voltar-se para uma postura pedagógica do ensino mais
humanista, favorecendo uma postura que desenvolva os aspectos físicos,
psíquicos e sociais do indivíduo.
Ao interpretar a avaliação, Korsakas (2002) estabelece que o
reconhecimento e a avaliação devam estar intimamente ligados, por estarem
relacionados ao mesmo aspecto, destacando os critérios utilizados pelo educador
para avaliação das crianças. Nesse sentido, a atividade esportiva educativa deve
atender a dois princípios: no primeiro, deve respeitar as limitações de seus
![Page 24: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/24.jpg)
24
praticantes; no segundo, deve estimular o desenvolvimento de suas
potencialidades.
Dessa forma, acrescenta a autora, para viabilizar essa conduta com
uma referência individual, devem-se estabelecer metas individuais condizentes
com o nível de desenvolvimento em que os educandos se encontram. Nesse
processo, a maior atenção deve-se à aprendizagem, e não simplesmente para
seu resultado; a auto-superação, o auto-conhecimento e o desenvolvimento da
auto-estima valoriza o respeito e a solidariedade diante do outro e do grupo como
um todo.
Ao comentar o processo de avaliação na aprendizagem, motora,
Schmidt e Wrisberg (2001) indicam aspectos importantes relacionados à
avaliação do progresso na aprendizagem do movimento. Ao sintetizar o
pensamento dos autores, Guerra (2001, p. 101) afirma que ““... Para se construir
um processo de avaliação coerente, é necessário que se tenha claramente
determinado a meta da aprendizagem e quais os aspectos do desempenho ou do
comportamento devem ser avaliados, para que se possa determinar o progresso
do aprendiz.
Diante disto, verificamos um panorama que reflete uma avaliação
somativa, com base no desempenho. Para Magill apud Guerra (2002, p. 101),
desempeno é todo “comportamento observável”. Nesse sentido, afirma que “(...) o
termo desempenho se refere à execução de uma habilidade num determinado
instante e a uma determinada situação”. Isso indica que os processos não estão
todos equivocados para a avaliação, mas que a aprendizagem se constituirá de
maneira mais concisa se os indicadores do desempenho e/ou comportamento
![Page 25: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/25.jpg)
25
fossem efetivados constantemente de maneira formativa e clara quanto as suas
metas, não em um determinado momento se tornassem um fim.
3.1 A metodologia do ensino do esporte
A participação de crianças em programas esportivos, para Ferraz
(2002), tem sido tema constante na produção científica. Estudos sobre o
desenvolvimento humano, particularmente nos domínios cognitivo-moral, sócio-
afetivo e motor têm apontado diretrizes para a estruturação de programas
esportivos condizentes às necessidades das crianças e adolescentes. Tais
pesquisas voltam-se para indicar parâmetros gerais de adequação, abordando
temas como a prontidão para a competição, iniciação esportiva, razões de prática
e abandono, gêneses e desenvolvimento de regras/estratégias de jogo e
especificidade em detrimento da variabilidade das modalidades esportivas.
Ao abordar o tema da influência que os adultos exercem sobre a
criança, Priszkulnik (2002, p. 21) afirma que, “pensar sobre a criança implica
necessariamente o adulto com suas concepções ou com seus preconceitos em
relação à infância. (...) o adulto idealiza a criança sem perceber que também está
construindo um ideal para ele; pode ser um ideal de pai ou de mãe, de professor
(a), de trabalhador (a), de atleta, etc.”. O que se materializa quando submetem as
crianças a atividades não condizentes com a sua formação favorecendo traumas
de ordem física, psíquica e social.
Entendemos que o treinamento do gesto técnico-esportivo pode - e
deve – estar presente no processo de iniciação de uma modalidade. Entretanto
![Page 26: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/26.jpg)
26
essa ação deve estar orientada na vivência prazerosa do movimento, de modo a
estimular e permitir a construção de um plano motor orientado pela criança, e não
na busca da execução perfeita de um movimento definido pelo adulto, muitas
vezes sem significado para a criança.
Assim, encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN
(Brasil, 1998) a indicação de que o construtivismo se fundamenta na busca da
formação integral do indivíduo sobre os aspectos afetivos, cognitivos e
psicomotores, por meio da construção do conhecimento a partir da integração do
sujeito com o mundo, e que o modelo desenvolvimentista é fundamentado na
visão interacionista de explicação do crescimento e desenvolvimento humano, em
Greco e Benda (1998) a indicação de que a iniciação esportiva universal se
fundamenta na variedade de experiências motoras, utilizando o jogo como
elemento fundamental no processo de formação esportiva, estruturado a partir “do
que fazer”, referindo-se ao comportamento tático e “do como fazer” referindo-se
ao comportamento técnico, e em Paes (2002) a indicação de que a pedagogia do
esporte fundamenta-se em desenvolver os aspectos técnicos da modalidade, e o
intervir no educando sobre os aspectos relativos a valores e modos de
comportamento, baseado nos referenciais metodológicos e sócio-educativos.
Ao discutirem o processo de formação esportiva, Greco e Benda
(1998), abordando aspectos relativos à iniciação, destacam que movimentos
baseados na repetição dos gestos próprios dos fundamentos do esporte têm
pouca visão pedagógica, metodológica, educativa e formativa. Assim,
entendemos que os movimentos puramente repetitivos restringem os movimentos
diversificados, livres e criativos, privando o educando de se expressar em busca
de novos desafios e superações pessoais.
![Page 27: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/27.jpg)
27
As competições esportivas estão presentes em nosso meio, como
forma de manifestações culturais próprias da vida social. Nesse cenário, as
competições infanto-juvenis, conforme De Rose Jr. (2002), são estabelecidas
pelos adultos que, em sua maioria, desconsideram as possibilidades e
necessidades dos participantes. Assim, muitas competições seguem os moldes e
normas apresentadas pelos adultos, não considerando a faixa etária e outras
variáveis importantes, como o sexo, o estágio de desenvolvimento e o nível de
habilidade dos praticantes, entre outras. Nesse sentido, as discussões em torno
do momento ideal para a inserção da criança em competições orientadas por De
Rose Jr. (2002), competem as exigências de ordem sociais, que tornam o
estresse da competição diretamente proporcional ao nível de formalidade.
Assim, destaca quatro fatores que devem ser evidenciados em uma
competição: 1) Confronto – entre dois ou mais indivíduos, ou pessoal; 2)
Demonstração – oportunidade de apresentar suas capacidades; 3) Comparação –
a um padrão próprio ou estabelecido com modelos externos; 4) Avaliação –
podendo configurar-se em qualitativa, por suas qualidades subjetivas, ou
quantitativas, por considerar o produto a partir de normas de referência numérica
baseadas em algum critério bem definido. Tais fatores devem influenciar o
comportamento dos jovens de acordo com as variações de seus níveis de
prontidão que, para o mesmo autor (p. 71), tratando-se de Prontidão Esportiva
“(...) é o equilíbrio entre o nível de crescimento, de desenvolvimento e de
maturação e o nível de demanda competitiva”. Assim ficam definidas as razões
pelas quais a competição precoce afeta o indivíduo que não se apresenta com as
características próprias da prontidão esportiva.
![Page 28: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/28.jpg)
28
Nos processos didáticos básicos para a aprendizagem, é tarefa
principal de o professor garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem,
que corresponde a duas facetas de um mesmo processo segundo Libâneo
(1994). Desse modo, entende que aprendizagem consiste em como as pessoas
aprendem, quais as condições externas e internas que as influenciam. Assim toda
e qualquer atividade humana praticada no ambiente pode levar à aprendizagem,
que pode apresentar-se de duas formas: aprendizagem casual e aprendizagem
organizada. Esta última consiste na previsão metódica de uma ação e sua
racionalização dos meios para atingir os fins. E o ensino caracteriza-se como a
organização dos conteúdos para transmissão dos mesmos, com a finalidade de
ajudar os indivíduos a conhecerem suas possibilidades de aprender e agir de
forma autônoma, como o de dirigir e controlar a atividade docente para os
objetivos da aprendizagem. Assim, entende-se que o ensino e aprendizagem é
uma relação recíproca entre professor e aluno, no qual se destacam o papel
dirigente do professor e a atividade do aluno. Nessa perspectiva, entendemos que
o planejamento visa preparar um conjunto de decisões consciente, na intenção de
agir para atingir determinados objetivos.
![Page 29: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/29.jpg)
29
4 O ESPORTE ESCOLAR E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
4.1 Uma perspectiva de identidade no exercício da cidadania
Mediante o exposto nos capítulos anteriores pretendemos neste,
mostrar como a construção de um projeto político pedagógico que contemple a
educação física e o esporte escolar, pode contribuir para estabelecer novos
paradigmas de gestão e de práticas pedagógicas que levem a instituição escolar
a corresponder às necessidades e aos anseios de todos os que participam do
cotidiano escolar. Qual o papel social da escola? Qual a melhor forma de
organização do trabalho pedagógico? A escola é responsável pela promoção do
desenvolvimento do cidadão, no sentido pleno da palavra. Então, cabe a ela
definir-se pelo tipo de cidadão que deseja formar, de acordo com a sua visão de
sociedade. Cabe-lhe também a incumbência de definir as mudanças que julga
necessário fazer nessa sociedade, através das mãos do cidadão que irá formar.
Definida a sua postura, a escola vai trabalhar no sentido de formar cidadãos
conscientes, capazes de compreender e criticar a realidade, atuando na busca da
superação das desigualdades e do respeito ao ser humano.
Quando a escola assume a responsabilidade de atuar na
transformação e na busca do desenvolvimento social, seus agentes devem
empenhar-se na elaboração de uma proposta para a realização desse objetivo.
Essa proposta ganha força na construção de um projeto político pedagógico. Um
projeto político pedagógico ultrapassa a mera elaboração de planos, que só se
prestam a cumprir exigências burocráticas:
![Page 30: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/30.jpg)
30
O projeto político pedagógico busca um rumo, uma direção”. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola, é também, um projeto político pode estar intimamente articulado ao compromisso sócio-político e com os interesses reais e coletivos da população majoritária. (...)_ Na dimensão pedagógica reside à possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. “Pedagógico, no sentido de se definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade. (VEIGA, 1995).
Segundo Veiga (1995, p. 13), para que se cumpram de forma
democrática as orientações dos encaminhamentos a fim de assegurar o
direcionamento contínuo desse propósito, a autora coloca cinco princípios
norteadores do projeto político pedagógico, são eles: a) Igualdade – condições de
acesso e permanência na escola, e igualdade de oportunidades; b) Qualidade
para todos, que implica consciência crítica e capacidade de ação, saber e mudar;
c) Gestão Democrática – abrange as dimensões pedagógica, administrativa e
financeira; d) Liberdade – como princípio constitucional; e) Valorização do
Magistério – ligada à formação continuada. O projeto político pedagógico é o fruto
da interação entre os objetivos e prioridades estabelecidas pela coletividade, que
estabelece, através da reflexão, as ações necessárias à construção de uma nova
realidade. É, antes de tudo, um trabalho que exige comprometimento de todos os
envolvidos no processo educativo: gestor, professores, equipe técnica, alunos,
seus pais e a comunidade como um todo. Essa prática de construção de um
projeto deve estar amparada por concepções teóricas sólidas e supõe o
aperfeiçoamento e a formação de seus agentes. Só assim serão rompidas as
resistências em relação a novas práticas educativas. Os agentes educativos
devem sentir-se atraídos por essa proposta, pois só assim terão uma postura
![Page 31: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/31.jpg)
31
comprometida e responsável. Trata-se, portanto, da conquista coletiva de um
espaço para o exercício da autonomia.
Para que a escola seja realmente um espaço democrático e não se
limite a reproduzir a realidade sócio-econômica em que está inserida, cumprindo
ordens e normas a ela impostas por órgãos centrais de educação, deve-se criar
um espaço para a participação e reflexão coletiva sobre o seu papel junto à
comunidade:
Assim, torna-se importante reforçar a compreensão cada vez mais ampliada de projeto educativo como instrumento de autonomia e domínio do trabalho docente pelos profissionais da educação, com vistas à alteração de uma prática conservadora vigente no sistema público de ensino. É essa concepção de projeto político pedagógico como espaço conquistado que deve construir o elemento diferencial para o aparente consenso sobre as atuais formas de orientação da prática pedagógica. (PINHEIRO, 1998).
Essa é a necessidade de conquistar a autonomia, para estabelecer
uma identidade própria da escola, na superação dos problemas da comunidade a
que pertence e conhece bem, mais do que o próprio sistema de ensino. Essa
autonomia, porém, não deve ser confundido com apologia a um trabalho isolado,
marcado por uma liberdade ilimitada, que transforme a escola numa ilha de
procedimentos sem fundamentação nas considerações legais de todo o sistema
de ensino, perdendo, assim a perspectiva da sociedade como um todo. Deve-se,
portanto, estar atento ao perigo do descaso político, que confunde autonomia com
descompromisso do poder público, dando margem a este eximir-se de suas
obrigações. A autonomia implica também responsabilidade e também
comprometimento com as instituições que representam à comunidade (conselhos
de escola, associações de pais e mestres, grêmios estudantis, entre outras), para
que haja participação e compromisso de todos.
![Page 32: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/32.jpg)
32
Concluindo as reflexões, acreditamos que é este o papel social da
escola, atuando frente às profundas desigualdades sócio-econômicas, que
excluem da escola uma parcela da população, marginalizada pelas concepções e
práticas de caráter conservador, inspiradas no neoliberalismo. Devemos nos
mobilizar pela garantia do acesso e da permanência do aluno na escola. Não
basta esperar por soluções que venham verticalmente dos sistemas educacionais.
Urge criar propostas que resultem de fato na construção de uma escola
democrática e com qualidade social, fazendo com que os órgãos dirigentes do
sistema educacional, possam reconhecê-la como prioritária e criem dispositivos
legais que sejam coerentes e justos, disponibilizando os recursos necessários à
realização dos projetos em cada escola. Do contrário, a escola não estará
efetivamente cumprindo o seu papel, socializando o conhecimento e investindo na
qualidade do ensino. A escola tem um papel bem mais amplo do que passar
conteúdos. Porém deve modificar a sua própria prática, muitas vezes fragmentada
e individualista, reflexo da divisão social em que está inserida.
![Page 33: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/33.jpg)
33
5 METODOLOGIA DO ESTUDO
A metodologia adotada neste estudo aponta para a pesquisa
bibliográfica como fonte de informações secundárias. Assim na construção desse
estudo foram utilizadas publicações como tese; monografia; livros teóricos;
resenhas; Leis e os módulos do curso.
A escolha pela pesquisa bibliográfica deu-se em face de que
precisava conhecer sobre “esporte na educação física: uma perspectiva de
melhoria na qualidade de vida”, a fim de estabelecer relações em um contexto
amplo, que fosse além dos sistemas educacionais e além desse tempo em que
estamos vivendo.
Lüdke (1986, p. 38) considera Caulley (1981) para enfatizar que a
análise documental busca identificar informações factuais nos documentos a partir
de questões ou hipóteses de informações. Sobre esse aspecto a análise
documental considera qualquer material escrito que possam ser utilizados como
fontes de informações, sejam leis, regulamentos, autobiografias, jornais, revistas,
e estatísticas, entre outros.
Os sujeitos desenvolvidos à pesquisa bibliográfica estão pautados a
partir dos teóricos que subsidiarão a trajetória dialética, da análise histórico-crítica
do referido estudo.
Este estudo, como momento de um processo de produção de
conhecimento, deve ser visto, tanto quanto possível num levantamento
bibliográfico sobre o esporte na educação física sem ter a pretensão de
apresentar aspectos conclusivos e definitivos sobre o mesmo.
![Page 34: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/34.jpg)
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer desse estudo compreendemos que o esporte deve estar
a disposição da sociedade de uma forma ampla e democrática, integrado a uma
política educacional e social. O esporte na sociedade deve ser considerado de
forma intensa, global, com o apoio de uma política educacional em que a
atividade esportiva esteja a serviço da cidadania e da inclusão social.
Entendemos que o esporte é um dos melhores caminhos para a construção de
uma sociedade saudável em todos os sentidos, pois agrega valores de
convivência, de respeito ao próximo e de integração.
Os inúmeros problemas educacionais e o verdadeiro papel da
educação formal são motivos de ampla discussão na sociedade moderna. É
necessário um esforço coletivo para vencer as barreiras e entraves que
inviabilizam a construção de uma escola pública que eduque de fato para o
exercício pleno da cidadania e seja instrumento real de transformação social,
espaço em que se aprenda a aprender, a conviver e a ser com e para os outros,
contrapondo-se ao atual modelo gerador de desigualdades e exclusão social que
impera nas políticas educacionais de inspiração neoliberal.
A escola por ser o local de excelência para sistematizar a
socialização dos educandos e proporcionar o desenvolvimento integral dos
mesmos deverá inserir uma política de valorização da educação física e do
esporte através de projetos, ações, campanhas efetivas de promoção das
![Page 35: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/35.jpg)
35
atividades físicas em todos os anos de escolaridade, de acordo com suas
especificidades.
O esporte é pedagógico, é uma forma de educação que trabalha
corpo e a mente; ajuda no processo do crescimento individual, da descoberta, da
superação e de conscientização do indivíduo, ajuda a fortalecer a identidade do
desportista, enquanto mexe com a auto-estima (que é baixa no início do processo
e quando o educando é oriundo de comunidades carentes e que vai do conflito à
superação); ajuda a exercitar o protagonismo juvenil, enquanto faz o jovem ter
atitudes e ser sujeito da construção da sua própria história. O esporte ajuda na
formação da consciência social do desportista e pode orientar para a correta
intervenção na sua realidade - da percepção à ação até a participação social - e
influenciar positivamente a outros jovens e as demais forças da comunidade.
Temos consciência de que a escola não é, por si só, a alavanca da
transformação da sociedade e muito menos um fator de redução das
desigualdades. Mas, entendemos que a transformação da sociedade não ocorrerá
sem uma escola e seu projeto político pedagógico, contemplando além dos
conteúdos das disciplinas da base comum o campo da educação física e do
esporte.
Entendemos que o esporte é considerado conteúdo da educação
física como complemento curricular, pela semelhança dos objetivos, pelos meios
e possibilidades de utilização ao longo da vida do indivíduo. Desse modo, a
escola e seus professores devem na elaboração de seus projetos e ações
repensar a didática e o lazer na perspectiva de transformação social. Que aja uma
preocupação com a qualidade do ensino de forma global, buscando sempre a
inserção social.
![Page 36: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/36.jpg)
36
REFERÊNCIAS ASSIS DE OLIVEIRA, Sávio Reinventando o esporte: possibilidade da prática pedagógica. Coleção Educação Física e Esportes. São Paulo: Autores Associados,2001 BECKER JR., B., Benefícios e riscos do esporte para crianças. [on line] Disponível na Internet. URL: < http://www.cenesp.eef.ufmg.br/forum/Anais/Resumos.html>disponível em 15 julho 2006. BENTO, J. O., O outro lado do desporto: vivências e reflexões pedagógicas. Porto: ed. Campo das Letras, 1995. BETTI, Mauro . Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento,1991 BOURDIEU, Pierre. Como é possível ser esportivo? In: Questões de Sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983. BRACHT,V., Sociologia crítica do esporte: uma introdução. Vitória: CEFD/UFES, 1997. ___________,Educação física e aprendizagem social. Porto Alegre: Magister, 1992. ___________,Educação física e ciência: cenas de um casamento (in) feliz. Ijuí: ed.Unijuí, 1999. BRASIL, Ministério da Educação e Cultura. Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: MEC. 1996. ___________, Ministério da Educação e Cultura. Parâmetros Curriculares Nacionais: educação física. Brasília: MEC/SEF, 1997. BREGOLATO, Roseli Aparecida. Cultura corporal do esporte. São Paulo; Ieone, 2003. COLETIVO DE AUTORES . Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez,1992 DE ROSE JR, D., O esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre – RS: Artmed, 2002. DORANTE, L. B. Esporte e abrangências sócio-culturais: visão da Educação Física Escolar. 2001. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2001.
![Page 37: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/37.jpg)
37
ELIAS, Nobert & DUNNING, Eric. Desporto y ocio en el processo de la civilización. México: Fondo de Cultura Económica, 1992. FARIA FILHO, Escolarização, culturas e práticas escolares no Brasil: elementos teórico-metodológicos de um programa de pesquisa. Impresso, 2000. FERRAZ,O. L, O esporte, a criança e o adolescente: consensos e divergências ROSE Jr, D. et al., O esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre – RS : Artmed, 2002. GADOTTI, Moacir, ROMÃO, José E. (orgs.). Autonomia da Escola:. São Paulo: Cortez, 1997. GRECO, P. J., BENDA, R. N., Iniciação Esportiva Universal – Da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: UFMG, 1998. JÚNIOR, Dante de Rose. Esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002. KORSAKAS, P., O esporte infantil: as possibilidades de uma prática educativa. In: ROSE Jr, D. et al., O esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre – RS : Artmed, 2002. KREBS, R. J., Teoria da especialização motora. KINESIS, UFSM, nº 9, julho/92, Santa Maria: UFRS, 1992. KUNZ, Eleonor. “A educação física: mudanças e concepções”. São Paulo: Revista Brasileira de Ciências do Esporte vol.10, 1988. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994 LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do Trabalho Científico: Procedimentos básicos, pesquisa Bibliográfica, Projeto e Relatório, Publicações e Trabalhos Científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. LIBÂNEO, J.C., Didática. São Paulo: Cortez, 1994. (Coleção Magistério. 2º Grau. Série formação do professor). LUCENA, Ricardo de F. / SOUZA, Edilson Fernandes(org). Educação Física Esporte e Sociedade. João Pessoa : Editora Universitária/UFPB,2003 LÚDKE, Menga, ANDRÉ, E. D. A. Marli. Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. NISTA-PICCOLO, V. L. (Org.), Pedagogia dos esportes. Campinas, SP: Papirus, 1999.
![Page 38: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/38.jpg)
38
PAES, R. R., A aprendizagem e competição precoce: O Caso do Basquetebol. 3 ed. Campinas – SP: Editora Unicamp, 1997. __________, Esporte Educacional. In: Anais do I Congresso Latino-Americano e II Congresso Brasileiro de Educação Motora. Foz do Iguaçu, PR: Inicamp, 1998. __________, A pedagogia do esporte e os jogos coletivos. In: ROSE Jr, D. et al., O esporte e atividade física na infância e na adolescência: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre – RS : Artmed, 2002 PIMENTA, Selma Garrido. A Construção do Projeto Pedagógico na Escola de 1o. Grau. In: Série Idéias nº8. São Paulo: FDE/ Governo do Estado de São Paulo, 1992. RESENDE, Lúcia Maria Gonçalves de.; VEIGA, Ilma Passos A .( orgs.). Escola: espaço do Projeto Político-Pedagógico. Campinas: Papirus, 1998. RESENDE, Lúcia Maria Gonçalves de ,Paradigma – relação de poder – projeto político-pedagógico: dimensões indissociáveis do fazer educativo. In: VEIGA, Projeto político pedagógico da escola I.P.A, 12ª ed. Campinas – SP: Papirus,1995. RIOS, Terezinha A. Significados e Pressupostos do projeto pedagógico. In: Série Idéias nº 15, São Paulo: FDE, 1993. SALOMON, D. V.,Como fazer uma monografia. 10ºed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SAVIANI, Demerval. Escola e Democracia: Polêmicas do nosso tempo. Campinas: Autores Associados, 1994. SCHMIDT, R. A. e WRISBERG, C. A., Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. Trad. Ricardo Petersen ... [et al]. 2. ed. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. TANI, G. et al, Educação física escolar – Fundamentos de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU, 1988. __________, Aspectos básicos do esporte e a educação motora. In : Anais do I Congresso Latino-Americano e II Congresso Brasileiro de Educação Motora. Foz do Iguaçu, PR: Unicamp, 1998. TUBINO, Manoel José Gomes. Dimensões Sociais do Esporte. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 2001.
![Page 39: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/39.jpg)
39
VAGO, Tarcísio Mauro.”O ‘esporte na escola’ e o ‘esporte da escola’ da negação radical para uma relação de tenção permanente – Um diálogo com Valter Bracht”. Porto Alegre:Movimento ,1996 VARGAS, Angelo Luiz (coordenador). Desporto e Tramas Sociais. Rio de Janeiro: Sprint ,2001 VEIGA, Ilma Passos A. (org.). Projeto político-pedagógico da escola. Campinas: Papirus, 1995. VYGOSTKY, L.S., A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
![Page 40: ESPORTE NA EDUCAÇÃO FÍSICA: Uma perspectiva de … · buscar alternativas para que a prática esportiva possa contribuir para a qualidade de vida, bem como na formação do indivíduo.](https://reader033.fdocumentos.tips/reader033/viewer/2022052920/5bf3b2a409d3f25b6f8bd1f4/html5/thumbnails/40.jpg)
40