Esperança que vem do mel

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Cada vez mais a criação de abelhas se apresenta como uma nova alternativa para a complementação da renda familiar. Foi apostando nessa alternativa que o seu João Soares Teixeira, mais conhecido como Vôim, começou a correr atrás de informação para montar o seu próprio apiário. Morador do povoado Palmeirinha, distante da cidade de Castelo do Piauí cerca de 40 quilômetros, seu João tem uma fazenda, a Fazenda Caatinga, que adquiriu assim que casou com a dona Raimunda Soares Tavares Teixeira, sua esposa. Pedaço de terra que era da família do seu avô, um dos fundadores do povoado. Nesse pedaço de chão, o Vôim tem uma plantação de sequeiro com o cultivo de milho, feijão e mandioca, além de árvores frutíferas como caju e cajá e a criação de bode, que são usados para sustentação da família. Ele conta que antigamente a dificuldade era conseguir água para beber, cozinhar e plantar, pois a água do poço no local é salgada e imprópria para o consumo. Esse problema foi resolvido com a chegada da cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) que levou água potável para o consumo da família e com a construção da cisterna calçadão (52 mil litros) do projeto demonstrativo do Programa Uma Terra e Duas águas, o P1+2. Seu João e sua família também gostam de um bom mel, e como na região tem muitas abelhas, é um produto fácil de encontrar. Para ele, o mel que é tirado no mato é totalmente natural, nutritivo e mais gostoso que os outros, por isso bastante valorizado na cidade. Presidente da Associação de Moradores da Palmeirinha, seu João sempre gostou de ir atrás de informações e de participar de reuniões. Quando soube que havia pessoas que utilizavam o conhecimento para criar abelhas e produzir o mel que ele tanto gostava, aí que ele foi atrás mesmo de mais informação. Ao saber que as abelhas poderiam produzir mel em caixas, ele começou a improvisar caixas feitas de toco de pau, bem rústicas mesmo. E foi através da associação de moradores que conseguiu um curso de confecção de caixas de talo de carnaúba para a comunidade. A caixa de carnaúba é bem mais barata que a de madeira. Piauí Ano 1 | nº 01 | julho | 2008 Castelo do Piauí - PI Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Esperança que vem do mel A insistência do seu João em busca de dias melhores para a família 1 Vôim prepara a caixa de talo de carnaúba Caixa já com as abelhas Projeto Piloto

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Page 1: Esperança que vem do mel

Cada vez mais a criação de abelhas se apresenta c o m o u m a n o v a a l t e r n a t i v a p a r a a complementação da renda familiar. Foi apostando nessa alternativa que o seu João Soares Teixeira, mais conhecido como Vôim, começou a correr atrás de informação para montar o seu próprio apiário.

Morador do povoado Palmeirinha, distante da cidade de Castelo do Piauí cerca de 40 quilômetros, seu João tem uma fazenda, a Fazenda Caatinga, que adquiriu assim que casou com a dona Raimunda Soares Tavares Teixeira, sua esposa. Pedaço de terra que era da família do seu avô, um dos fundadores do povoado.

Nesse pedaço de chão, o Vôim tem uma plantação de sequeiro com o cultivo de milho, feijão e mandioca, além de árvores frutíferas como caju e cajá e a criação de bode, que são usados para sustentação da família. Ele conta que antigamente a dificuldade era conseguir água para beber, cozinhar e plantar, pois a água do poço no local é salgada e imprópria para o consumo. Esse problema foi resolvido com a chegada da cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC) que levou água potável para o consumo da família e com a construção da cisterna calçadão (52 mil litros) do projeto demonstrativo do Programa Uma Terra e Duas águas, o P1+2.

Seu João e sua família também gostam de um bom mel, e como na região tem muitas abelhas, é um produto fácil de encontrar. Para ele, o mel que é tirado no mato é totalmente natural, nutritivo e mais gostoso que os outros, por isso bastante valorizado na cidade.

Presidente da Associação de Moradores da Palmeirinha, seu João sempre gostou de ir atrás de informações e de participar de reuniões. Quando soube que havia pessoas que utilizavam o conhecimento para criar abelhas e produzir o mel que ele tanto gostava, aí que ele foi atrás mesmo de mais informação.

Ao saber que as abelhas poderiam produzir mel em caixas, ele começou a improvisar caixas feitas de toco de pau, bem rústicas mesmo. E foi através da associação de moradores que conseguiu um curso de confecção de caixas de talo de carnaúba para a comunidade. A caixa de carnaúba é bem mais barata que a de madeira.

Piauí

Ano 1 | nº 01 | julho | 2008Castelo do Piauí - PI

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Esperança que vem do melA insistência do seu João em busca de dias

melhores para a família

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Vôim prepara a caixa de talo de carnaúba

Caixa já com as abelhas

Projeto Piloto

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O Vôim e os outros participantes do curso também fizeram caixas de madeira. No começo eles fizeram uma parceria com o comércio para comprar a madeira pela metade do preço, mas com a desistência dos outros participantes em criar abelhas, o preço subiu de novo e uma colméia com a melgueira chega a custar 90 reais hoje.

Seu João conta que a melhor coisa que inventaram foi a colméia de talo de carnaúba, pois os custos chegam a ser menos da metade de uma feita de madeira. Ele diz que na localidade tem muita carnaúba que é desperdiçada, um material que a natureza dá de graça pra todo mundo. Quando as palhas de carnaúba começam a cair ele vai lá e tira e, em um dia, chega a colher 500 talos o que dá pra fazer umas cinco caixas. O que antes gastavam quase cem reais para uma caixa, hoje se gasta menos de 25 reais em cada uma delas.

As abelhas do seu João são colocadas no apiário, embaixo das árvores para proteger do sol e para que as abelhas aproveitem bem a florada nativa existente, produzindo assim um mel de alta qualidade. Mas ele diz que ainda há dificuldade na apicultura pela falta de estrutura, equipamento e informação. Segundo ele, o SEBRAE prometeu o equipamento para apicultura como os macacões, mas nada foi entregue. Ele só tem um macacão porque conseguiu com seu irmão que também é apicultor em um assentamento vizinho.

Essa falta de incentivo tem feito com que os moradores da comunidade perdessem o interesse pela produção do mel. Esperançoso, seu João não desistiu do mel e tem procurado incentivar a criação na comunidade. Para ele muita gente não gosta de criar ou plantar pela dificuldade e por causa do resultado que demora a vir. Mas ele é otimista e acha que pra tudo na vida precisa ter paciência e acreditar no que se faz para que dê certo.

Ele conta que por enquanto prefere não mexer para que as abelhas não vão embora e produzam muito mel no próximo ano. A esperança desse pequeno apicultor é que ele possa ter o mais breve possível a sua casa do mel com todos os equipamentos para produzir muito mel e vender para o mercado local e para o estrangeiro e fazer disso mais uma opção de renda para a família. Enquanto ele ainda não tem equipamentos suficientes e nem a casa do mel, ele cuida das abelhas sozinho. A idéia é envolver toda a família na produção quando tiver condições melhores para a exploração do mel.

Com seu esforço em querer aprender sempre mais, participando e coletando informações e repassando para os outros, o Vôim acredita que todo o seu trabalho e insistência em fazer as coisas farão com que no futuro eles encontrem dias melhores através da produção de mel.

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Caixas colocadas em baixo das árvores em mata nativa

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O PROJETO PILOTO DO P1+2 ESTÁ SENDO DESENVOLVIDO COM OS SEGUINTES APOIOS:

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e Combate à Fome

Secretaria de Segurança Alimentar

e Nutricional

CENTRO REGIONAL DE ASSESSORIA E CAPACITAÇÃO

Vôim sua esposa, o filho, o neto e a neta