Especial - Eleições em São Paulo - 2012

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www.brasildefato.com.br Uma visão popular do Brasil e do mundo Circulação Nacional O povo paulistano vive diariamente o drama da falta de moradia, o descaso com a saúde pública, a falta de investimentos em educação e o problema dos transpor- tes públicos. Essa realidade precisa mudar. São Paulo para quem? V elhos problemas e a necessária mudança O POVO DE SÃO PAULO convi- ve diariamente com problemas ligados à falta de prioridade para melhorar a vida dos mais pobres. Diante disso, é preciso reagir. É preciso mudar. E a mudança co- meça por derrotar as candidaturas que defendem os interesses da elite, dos que tiram vantagem do sofrimento dos mais pobres. No dia 7 de outubro, o paulis- tano irá às urnas escolher o novo prefeito e seus vereadores. Para contribuir com o debate, o Bra- sil de Fato traz, nesta edição especial, reportagens sobre os problemas e desafios que o próxi- mo prefeito terá de enfrentar. A educação de má qualidade e a falta de vagas nas creches, no ensino médio e nas escolas técni- cas não são problemas de todos, mas de quem não pode pagar. As grandes dificuldades na área da saúde também são diferentes para quem pode pagar um plano privado e para quem tem de espe- rar meses e meses para fazer um simples exame. A falta de programas de mora- dia favorece a especulação imobi- liária, que faz com que a popula- ção tenha de morar cada vez mais longe em busca de aluguéis mais baixos ou tenha de comprometer grande parte do seu salário pa- gando caro pelo aluguel. O histórico problema da falta de transporte público de qualidade estimula a compra de mais carros, o que causa enormes congestiona- mentos. Isso é agravado por um modelo de organização urbana que jogou os pobres para os bair- ros distantes e concentrou o em- prego no centro expandido. A cidade conhecida como “cora- ção econômico” do país, que tem um orçamento anual maior do que todos os outros estados, é um ter- ritório de desigualdade social. Na mesma cidade moram milhões de pobres e as famílias mais ricas do país, donas dos bancos e das gran- des empresas, que ignoram a rea- lidade do povo. As saídas para os problemas que atingem a maioria da população não virão dos ricos. É preciso mudar As forças políticas que sus- tentam as candidaturas de José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB) representam os setores que não querem essa mudança. Por isso, vendem o que não têm. Não podem dar o que o povo de São Paulo precisa: mudar a polí- tica da cidade. Serra é o candidato das forças políticas que aplicaram o neoli- beralismo no Brasil, gerando de- semprego, privatizações, baixos salários e aumento das desigual- dades sociais. Russomano é um velho conheci- do, aparece como popular por ter origem em um programa de tele- visão, mas tem propostas soltas, vagas e isoladas. Tem como prin- cipal proposta o fortalecimento do aparato repressivo. Ou seja, está longe de querer enfrentar as causas dos problemas do povo. A população precisa de uma prefeitura que enfrente as ques- tões que aparecem no dia a dia. Para isso, não basta eleger um “síndico de prédio” aventureiro. É preciso resolver os problemas olhando para frente, com plane- jamento de médio e longo prazo para construir uma cidade que corresponda às necessidades de sua população. Os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras, dos pequenos comerciantes, pequenos empresá- rios e, sobretudo, dos mais pobres não serão resolvidos por candi- datos que representam os ricos e poderosos. Tampouco serão resol- vidos por candidatos com um bom “palavreado”, mas que no fundo representam as piores práticas políticas do nosso país. Esse tipo de político, mesmo quando são eleitos com bandeiras populares, governam para os ricos. Por isso, só o povo organizado, consciente e com disposição de luta poderá impor as mudanças e garantir direitos, por meio da pressão sobre os governos. As eleições são momentos para se refletir sobre os problemas e se fa- zer opções. A eleição de prefeitos e vereadores compromissados com uma gestão democrática, com prioridade para as demandas dos mais necessitados, faz a diferença. Pense nisso! A eleição de prefeitos e vereadores compromissados com uma gestão democrática, com prioridade para as demandas dos mais necessitados, faz a diferença editorial Ano 10 • Número 501 Outubro de 2012 EDIÇÃO ESPECIAL – ELEIÇÕES SÃO PAULO 145 mil crianças fora das creches Fábio Arantes/Secom Danilo Verpa/Folhapress

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São Paulo para quem?

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www.brasildefato.com.br

Uma visão popular do Brasil e do mundoCirculação Nacional

O povo paulistano vive diariamente o drama da falta de moradia, o descaso com a saúde pública, a falta de investimentos em educação e o problema dos transpor-

tes públicos. Essa realidade precisa mudar.

São Paulo para quem?

Velhos problemas e a necessária mudançaO POVO DE SÃO PAULO convi-ve diariamente com problemas ligados à falta de prioridade para melhorar a vida dos mais pobres. Diante disso, é preciso reagir. É preciso mudar. E a mudança co-meça por derrotar as candidaturas que defendem os interesses da elite, dos que tiram vantagem do sofrimento dos mais pobres.

No dia 7 de outubro, o paulis-tano irá às urnas escolher o novo prefeito e seus vereadores. Para contribuir com o debate, o Bra-sil de Fato traz, nesta edição especial, reportagens sobre os problemas e desafios que o próxi-mo prefeito terá de enfrentar.

A educação de má qualidade e a falta de vagas nas creches, no ensino médio e nas escolas técni-cas não são problemas de todos, mas de quem não pode pagar. As grandes dificuldades na área da saúde também são diferentes para quem pode pagar um plano privado e para quem tem de espe-rar meses e meses para fazer um simples exame.

A falta de programas de mora-dia favorece a especulação imobi-liária, que faz com que a popula-ção tenha de morar cada vez mais longe em busca de aluguéis mais baixos ou tenha de comprometer grande parte do seu salário pa-gando caro pelo aluguel.

O histórico problema da falta de transporte público de qualidade estimula a compra de mais carros, o que causa enormes congestiona-mentos. Isso é agravado por um modelo de organização urbana que jogou os pobres para os bair-ros distantes e concentrou o em-prego no centro expandido.

A cidade conhecida como “cora-ção econômico” do país, que tem um orçamento anual maior do que todos os outros estados, é um ter-ritório de desigualdade social. Na mesma cidade moram milhões de pobres e as famílias mais ricas do país, donas dos bancos e das gran-des empresas, que ignoram a rea-lidade do povo. As saídas para os problemas que atingem a maioria da população não virão dos ricos.

É preciso mudar As forças políticas que sus-

tentam as candidaturas de José Serra (PSDB) e Celso Russomano (PRB) representam os setores

que não querem essa mudança. Por isso, vendem o que não têm. Não podem dar o que o povo de São Paulo precisa: mudar a polí-tica da cidade.

Serra é o candidato das forças políticas que aplicaram o neoli-beralismo no Brasil, gerando de-semprego, privatizações, baixos salários e aumento das desigual-dades sociais.

Russomano é um velho conheci-do, aparece como popular por ter origem em um programa de tele-visão, mas tem propostas soltas, vagas e isoladas. Tem como prin-cipal proposta o fortalecimento do aparato repressivo. Ou seja, está longe de querer enfrentar as causas dos problemas do povo.

A população precisa de uma prefeitura que enfrente as ques-tões que aparecem no dia a dia. Para isso, não basta eleger um “síndico de prédio” aventureiro. É preciso resolver os problemas olhando para frente, com plane-jamento de médio e longo prazo para construir uma cidade que

corresponda às necessidades desua população.

Os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras, dos pequenos comerciantes, pequenos empresá-rios e, sobretudo, dos mais pobres não serão resolvidos por candi-datos que representam os ricos e poderosos. Tampouco serão resol-vidos por candidatos com um bom “palavreado”, mas que no fundo representam as piores práticas políticas do nosso país. Esse tipo de político, mesmo quando são eleitos com bandeiras populares, governam para os ricos.

Por isso, só o povo organizado, consciente e com disposição de luta poderá impor as mudanças e garantir direitos, por meio da pressão sobre os governos. As eleições são momentos para se refletir sobre os problemas e se fa-zer opções. A eleição de prefeitos e vereadores compromissados com uma gestão democrática, com prioridade para as demandas dos mais necessitados, faz a diferença. Pense nisso!

A eleição de prefeitos e vereadores compromissados com uma gestão democrática, com prioridade para as demandas dos mais necessitados, faz a diferença

editorial

Ano 10 • Número 501

Outubro de 2012

EDIÇÃO ESPECIAL – ELEIÇÕES SÃO PAULO

145 mil criançasfora das creches

Fábio Arantes/Secom

Danilo Verpa/Folhapress

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eleições são paulooutubro de 20122

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Cristiano Navarro, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Aline Scarso, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Pedro Carrano (Curitiba – PR) • Correspondentes internacionais:

Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela), Marcio Zonta (Peru) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (inmemoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (Campinas – SP), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustradores: Latuff, Márcio Baraldi, Maringoni • Editora de Arte – Pré-Impressão: Helena Sant’Ana • Revisão: Jade Percassi • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Programação: Equipe de sistemas • Assinaturas: Francisco Szermeta • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca: Folha Gráfi ca • Conselho Editorial: Angélica Fernandes, Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Camila Dinat, Cleyton W. Borges, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser,José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcela Dias Moreira, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, Pedro Ivo Batista, René Vicente dos Santos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sávio Bones, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected] • Para anunciar: (11) 2131-0800

Eduardo Sales de Lima da Redação

O QUE NÃO podia acontecer virou roti-na. Demora no agendamento de consul-tas e corredores repletos de macas jus-tapostas disputadas por pacientes porta-dores de diversos tipos de enfermidades. Eis o retrato da saúde pública no muni-cípio mais rico do Brasil.

É assim que se encontra, por exemplo, o Hospital Municipal do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, administrado pela Prefeitura. Além da falta de leitos e mé-dicos, a UTI pediátrica do Hospital está fechada há quase dois anos.

De acordo com dados colhidos em 2011 pelo Ministério da Saúde, esse é o hospital mais lotado da cidade. A ta-xa de ocupação alcançou 111,5% no ano passado. Em segundo lugar está o hos-pital Jardim Iva, também na zona sul, com 96,9%.

Aliás, a qualidade do atendimento em postos e hospitais públicos é hoje o maior motivo de insatisfação na capital, acima até mesmo de outras áreas co-mo educação e limpeza urbana. A saú-de é apontada como o principal proble-ma da rede de serviços municipais por 26% dos eleitores. Os números são do Datafolha.

Mais especifi camente a insatisfação é grande com a demora em relação ao agendamento e realização de consultas. A população deu uma nota de 3,7 para esse sub-item, segundo pesquisa realiza-da pelo IBOPE Inteligência e pela Rede Nossa São Paulo, em junho deste ano.

Ataque ao SUSAlém desses problemas crônicos, a

gestão Serra-Kassab aumentou o repas-se dos serviços públicos de saúde ao po-der privado. Depois das Assistência Mé-dica Ambulatorial (AMA’s), Unidades Básicas de Saúde, Programas de Saúde

Ataque ao SUS, lotação e demoraSAÚDE Gestão da Saúde no município é marcada pelas péssimas condições de atendimento e por abertura ao poder privado

da Família e hospitais, a última investida foi contra os Centros de Atenção Psico-social (Caps), dedicados ao atendimen-tos de pacientes com transtornos men-tais. Sobretudo as unidades abertas a partir de 2006 foram entregues às OSs (Organizações Sociais).

Ocorre que as organizações sociais as-sinam contrato de concessão com o po-der público e passam a administrar um serviço, recebendo uma verba pública correspondente, sem que tenham passa-do por licitação. Somado a isso, os con-

tratos não são acessíveis aos conselhei-ros e os critérios de contratação não são transparentes.

Possuem metas contratuais, o que faz com que o atendimento médico tenha a qualidade comprometida, uma vez que a preocupação é quantidade, não a quali-dade. Sob essa privatização mais sutil, o município busca não se responsabilizar pelos serviços públicos básicos.

“As OSs roubam dinheiro público”, já destacava em 2008 o presidente do Sin-dicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsau-de), Benedito Augusto de Oliveira.

Anti-democrático No âmbito estadual, na gestão tuca-

na dos anos de 2000 e 2007, os gas-tos proporcionais com as OSs cresce-ram 114,14%, saltando de 9,76% para 20,90% dos recursos gastos com saúde, segundo dados do Sistema de Informa-ções Gerenciais da Execução Orçamen-tária (SIGEO), ligado à Secretaria da Fa-zenda do Estado de São Paulo.

A experiência com as OSs incentivou José Serra a abrir outra frente de bata-

da Redação

Com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em quase R$ 390 bilhões, a ci-dade de São Paulo teria potencial para ser a 40ª economia do mundo, caso fos-se um país. A constatação foi feita pela Federação do Comércio de Bens, Servi-ços e Turismo (Fecomercio), no início de 2012. Ainda assim, a capital paulista fi -cou abaixo da média nacional na última avaliação do Índice de Desenvolvimen-to da Educação Básica (Ideb). As escolas de 1ª a 4ª série mantidas pela Prefeitura atingiram 4,8 pontos, frente aos 5,0 con-quistados pelas instituições em geral.

Se as condições de ensino são desfa-voráveis para quem já ingressou na re-de educacional, certamente estão piores para quem ainda não conseguiu uma va-ga. Esse grupo reúne desde crianças que vivem a primeira infância até adultos que tentam recuperar o tempo perdido. A avaliação é de Laura Cymbalista, inte-grante do grupo de oposição na diretoria do Sindicato dos Profi ssionais em Edu-cação no Ensino Municipal de São Pau-lo (Sinpeem).

“A gente tem duas pontas do atendi-mento que estão sendo excluídas da es-cola, inclusive pela política pública da Prefeitura: as crianças pequenas de ze-ro a três anos e as pessoas mais velhas que não puderam se alfabetizar. A gen-te tem uma dívida principalmente com essas pessoas, trabalhadores e trabalha-doras que não puderam estudar na ida-de considerada adequada”.

O prefeito Gilberto Kassab (PSD) en-cerra o seu mandato em dezembro de 2012. Considerando que 145 mil crian-ças menores de três anos e onze meses estão fora da creche, difi cilmente será cumprida uma das principais promes-sas de campanha do então candidato nas eleições de 2008. Kassab anunciava que acabaria com o défi cit de vagas em cre-ches na cidade de São Paulo ao fi nal de quatro anos.

Entre as crianças da referida faixa etá-ria, apenas 50% são atendidas atual-mente. No entanto, Cymbalista chama atenção para uma política que ela con-sidera equivocada. Na tentativa de aten-der à demanda a qualquer custo, a Pre-feitura criou convênios e transferiu res-ponsabilidades para entidades que não têm condições de promover os serviços educacionais essenciais. “As entidades conveniadas muitas vezes não têm pro-fi ssionais qualifi cados. São profi ssionais que têm uma jornada super extensa, re-cebem muito mal, não têm estrutura. E as casas que abrigam as unidades não têm condições de receber as crianças”.

Ainda de acordo com a educadora, em algumas regiões da cidade, como Guaia-nazes, na zona leste, o número de cre-ches conveniadas é cinco vezes maior que o da rede direta.

“A gente quer zerar essa fi la de espe-ra, mas não por atividade conveniada. Acontece uma barbaridade em São Pau-lo. A Prefeitura dá prédio público pa-ra entidade conveniada. Há uma trans-ferência enorme de recurso público pa-ra as entidades. E tem a questão do jo-go político também. A gente sabe que depois cada creche elege o seu vereador. Tem o favor e o clientelismo vinculado a isso”, denuncia.

IrresponsabilidadeRecentemente, a gestão Kassab per-

deu a oportunidade de receber conside-ráveis recursos que poderiam ser des-tinados à construção de creches. No fi -nal do ano passado, o governo fede-ral liberou R$ 240 milhões para essefi m, mas a verba não pode ser utiliza-da porque a Prefeitura deixou de apre-sentar um projeto que atendesse às re-comendações do Ministério da Educa-ção (MEC).

A intenção de zerar o défi cit de vagasnas creches foi adiada para 2020, se-gundo consta na lista de metas estabe-lecidas pela atual gestão no Plano Mu-nicipal de Educação. O projeto está emanálise na Câmara dos Vereadores des-de o último dia 26 de setembro, masdeveria ter sido encaminhado pelo go-verno municipal em 2010. Para que is-so ocorresse, foi necessária a interven-ção do Ministério Público estadual, de-pois intensa pressão feita por organiza-ções sociais.

Segundo a ONG Ação Educativa, “em2010, mais de duas mil atividades fo-ram realizadas em escolas, comunida-des e organizações para discutir propos-tas para o novo Plano. As ações culmi-naram na realização da Conferência de Educação da Cidade de São Paulo, em junho de 2010, no Anhembi, com mais de 1500 representantes”. O documentoteve supervisão do poder público, mas foi elaborado com a participação de sin-dicados, movimentos e organizações so-ciais, estudantes e familiares.

145 mil crianças estão fora da crecheEDUCAÇÃO Não será cumprida uma das principais promessas de campanha do prefeito Gilberto Kassab

da Redação

O fracasso da ação do Estado na Cra-colândia refl etiu a opção pela repressão policial às ações de agentes de saúde. Segundo dados da Secretaria de Segu-rança Pública, desde janeiro ocorreram489 prisões, mais de 6 mil encaminha-mentos para serviços de saúde e 775 in-ternações, além de 66 quilos de drogasapreendidos.

Seis meses depois das ações repressi-vas da PM, a região, que abrange os bair-ros de Campos Elíseos e da Luz, continua com massiva presença de dependentes de crack. A pretendida “limpeza” da área pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), em parceria com a administração Gil-berto Kassab (PSD), não deu certo. (ESL, com informações da Rede Brasil Atual)

Cracolândia, mais policiais que agentes de saúde

Estratégia de “limpeza social” não deu certo

A saúde é apontada como o principal problema da rede de

serviços municipais por

26%dos eleitores

lha: minar a participação popular no Sis-tema Único de Saúde (SUS).

Em dezembro de 2007, o governador José Serra ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), com pedi-do de liminar no Supremo Tribunal Fe-deral (STF), para derrubar a lei estadual que criou os Conselhos Gestores de Saú-de no SUS. Os conselhos gestores têm a função de avaliar e fi scalizar os serviços de saúde prestados à população.

Sindicatos e movimentos de trabalha-dores da saúde consideram esse mode-lo de gestão das OSs inconstitucional e que fere os princípios básicos do Siste-ma Único de Saúde, pois não contrata novos profi ssionais qualifi cados e con-cursados, precariza as relações de traba-lho, não garante a integralidade e qua-lidade do atendimento médico, além de jogar por terra o controle social.

“As entidades conveniadas muitas vezes não têm profi ssionais qualifi cados. São profi ssionais que têm uma jornada super extensa, recebem muito mal, não têm estrutura”

Hoje, 145 mil crianças menores de três anos e onze meses estão fora da creche

UBS em São Miguel Paulista: aumento de repasses dos serviços públicos de saúde ao poder privado

Fábio Arantes/Secom

João Luiz G. Silva/Secom

Page 3: Especial - Eleições em São Paulo - 2012

eleições são paulo 3outubro de 2012

da Redação

A CIDADE de São Paulo tem capacida-de de atender todas as famílias que atu-almente não têm onde morar, de acor-do com dados ofi ciais. Segundo o Cen-so de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística), a capital pau-lista tem 290 mil imóveis não habitados e, conforme informa a Secretaria Muni-cipal de Habitação, são 130 mil famílias sem moradia.

Somente na região central, onde há maior oferta de trabalho, escolas, hos-pitais e cultura, existem 40 mil domicí-lios vazios, segundo Osmar Borges, co-ordenador da Frente de Luta Por Mora-dia (FLM), que organiza 12 mil famílias de baixa renda que reivindicam a garan-tia do direito à moradia.

Para Osmar, uma saída viável seria a reforma e adaptação dos prédios vazios para acolher essa população – que, na sua maioria, ganha de um a três salários mínimos (R$ 622 a R$ 1866) e já traba-lha no centro da cidade – a partir de uma ação conjunta entre os governos munici-pal, estadual e federal. “Para o poder pú-blico é vantajoso garantir moradia na área central porque o custo fi nal da uni-dade é muito mais barato que na perife-ria, onde precisa construir serviços es-senciais como escolas, creches, transpor-tes, hospitais”.

Imóveis abandonados e 130 mil famílias sem moradiaMORADIA Somente na região central, onde há escolas, hospitais e cultura, há 40 mil domicílios vazios, que poderiam ter destinação social

No entanto, está cada vez mais difí-cil ao trabalhador permanecer na região central da cidade. Uma pesquisa realiza-da pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e a ZAP Imóveis re-velou que, entre janeiro de 2008 e no-vembro de 2011, o preço médio do me-tro quadrado valorizou 119,3% no bairro da Sé, 128,8% no Bom Retiro, 129,2% na República, 133,9% na Santa Efi gênia.

Nesses locais o preço médio do me-tro quadrado de um apartamento custa de R$ 3 mil a R$ 4 mil. O aluguel de um apartamento de 40 metros não sai por menos de R$ 1.200. O valor de um quar-to em um cortiço custa em torno de R$ 500. “Para uns, o centro é local de traba-lho e um meio de vida, para outras pes-soas, um meio de extração de lucro e ren-da. O capital imobiliário não convive com núcleos de pobreza, esses núcleos impac-tam no preço”, argumenta a urbanista da USP, Ermínia Maricato.

Operações urbanas e remoções De acordo com informações do Ob-

servatório de Remoções da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo, há na ci-dade 486 favelas com alto risco de se-rem removidas. Isso porque localizam-se em áreas onde estão previstas inter-venções urbanas da Prefeitura – como o Projeto Manancial e a construção de parques lineares.

“O único valor envolvido na política de moradia em São Paulo é o valor do mercado, o que é absolutamente errado do ponto de vista de uma política de es-tado. É preciso entender que é um direi-to as pessoas permanecerem onde estão e terem uma moradia adequada. E is-so tem que ser respeitado por qualquer governante”, aponta Raquel Rolnik, re-latora especial da Organização das Na-ções Unidas (ONU) para o direito à mo-radia adequada.

Favelas incendiadas

A falta de moradia tem sido agrava-da com os últimos incêndios de favelas na cidade. Apenas esse ano foram 69 fa-velas incendiadas, segundo o Corpo de Bombeiros, e 530 desde 2008. Apesar de não haver provas de que as ocorrências tenham sido criminosas, estudos apon-tam que elas ocorrem principalmente em favelas localizadas em áreas valorizadas desde 2008. A relação tem sido alvo de investigações do Ministério Público.

“O que nos chama atenção é que exis-te uma coincidência muito grande de in-cêndios acontecendo em lugares onde o mercado imobiliário tem forte interesse”, destaca o Promotor de Justiça de Habi-tação e Urbanismo da Capital José Car-los de Freitas.

O confronto de dados entre as últimas ocorrências e o estudo da Fipe/ZAP Imó-veis coloca essa coincidência em núme-ros. Vejamos: as favelas Alba e Buraco Quente estão no bairro Jabaquara, que valorizou 128,4% entre 2008 e 2011; a fa-vela do Piolho está em Campo Belo, com valorização de 113%; a Comunidade Vi-la Prudente é vizinha do bairro Sacomã, encarecido em 149%; a favela do Moinho está no Campos Elíseos, que registrou valorização de 182,9%. E por aí vai.

Michelle Amaralda Redação

Superlotação, falta de conforto, lon-gos períodos de espera para embarcar, falta de prioridade por parte do poder público e o trânsito fazem com que o transporte coletivo de São Paulo seja apontado como o quinto maior proble-ma da cidade pelos paulistanos. O dado é da pesquisa Dia Mundial Sem Carro 2012, realizada pelo Ibope a pedido da Rede Nossa São Paulo e divulgada no dia 17 de setembro.

De acordo com o estudo, 78% dos mo-radores da capital paulista destacam a necessidade de mais investimentos no setor para a melhoria da oferta de trans-porte. Com a diminuição no tempo de espera, mais linhas de ônibus e corre-dores exclusivos, tarifas menores e mais conforto, 16% dos paulistanos apontam que deixariam de utilizar o carro e pas-sariam a se locomover com o transporte coletivo, segundo a pesquisa.

PriorizaçãoO trânsito é um dos principais entra-

ves para a fl uidez do sistema de trans-porte público municipal. Na lista dos problemas da cidade, ele aparece em quarto lugar e é avaliado negativamen-te por 80% dos paulistanos.

O motivo, segundo especialistas, é a política de priorização do transporte individual em detrimento do coletivo pela administração pública que, em su-cessivas gestões, optou pela ampliação da malha viária ao invés de investir no transporte público.

Para o consultor de tráfego Horácio Augusto Figueira, não adianta os gover-nos proporem grandes obras viárias co-mo solução para os problemas de deslo-camento da população, porque não vai resolver. “Quanto mais espaço se ofertar para os carros, mais eles o ocuparão”, alerta. Segundo ele, a solução é a priori-zação do transporte coletivo, que atende a maior parte da população.

Os mais de 11 milhões de habitan-tes de São Paulo contam com uma fro-ta de ônibus municipais de 15 mil ve-ículos e apenas 126 km de corredores exclusivos para a circulação dos coleti-vos. Os ônibus, de modo geral, utilizam cerca de 4,5 mil quilômetros do siste-ma viário da cidade que, no total, tem 17.300 km de extensão. O restante das vias públicas é ocupado pela frota ati-va de automóveis, de mais de 5 milhões de carros.

São Paulo vive o caos no transporte público

Figueira avalia que São Paulo preci-saria, atualmente, de 400 km de corre-dores de ônibus para solucionar o pro-blema de circulação nas principais vias. Segundo ele, a conta é simples: “cada faixa para ônibus transporta um núme-ro de passageiros equivalente a dez fai-xas para automóveis”.

MOBILIDADE Paulistanos apontam o serviço como um dos principais problemas da cidade

da Redação

A cidade de São Paulo tem a maior ta-rifa de ônibus municipal do país. O últi-mo reajuste ocorreu em 5 de janeiro de 2011, o valor da passagem passou de R$ 2,7 para R$ 3. Desde então, o Movimen-to Passe Livre (MPL) realizou diversos protestos contra o aumento, buscando a sua revogação. No entanto, além de não serem ouvidos pela administração mu-nicipal, os militantes do MPL sofreram forte repressão durante as manifesta-ções. A última delas ocorreu no dia 29 de setembro deste ano, na reinauguração da praça Roosevelt, quando manifestan-tes tentaram entregar a Gilberto Kassab (PSD) o Troféu Catraca, saudando-o co-mo o prefeito que mais aumentou as ta-rifas de ônibus na cidade. Um menor de idade foi agredido pelos seguranças do prefeito e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) e preso sob alegação de tentativa de agressão. O jovem fi cou detido por al-gumas horas e acabou indiciado com ba-se no artigo 40 da lei de contravenções penais, que proíbe manifestações em ce-rimônias públicas. (MA)

da Redação

No início de 2011, a Secretaria Municipal de Transportes (SMT) anunciou que até o fi nal de 2012 seriam construídos 66 km de corredores de ônibus. Seis meses após o anúncio, o secretário de Transportes, Marcelo Cardinale Branco, voltou atrás e disse que a administração municipal con-seguiria cumprir apenas um terço da meta. No en-tanto, a três meses do fi nal da gestão de Gilberto Kassab (PSD), nenhum corredor novo começou a ser construído.

A prefeitura não cumpriu nem a metade das promessas de mobilidade urbana previstas no plano de metas Agenda 2012. Entre elas, esta-vam a construção de noves terminais urbanos, a requalifi cação de outros dez existentes, reparos em 38 km de corredores exclusivos, o término do Expresso Tiradentes e a revitalização de 46% dos pontos de ônibus.

Para justifi car, a administração municipal disse estar contribuindo com o governo estadual com R$ 1 bilhão na expansão da rede de metrô. No en-tanto, o engenheiro Lúcio Gregori enfatiza que o metrô tem de ser visto juntamente com os outros sistemas de transporte, porque se a expansão não for realizada de forma integrada, os resultados para a mobilidade serão pobres. “Tem que se ter transporte abundante de todo tipo, de vários mo-dos e muito barato”, pondera. (MA)

Apenas esse ano foram

69favelas incendiadas, segundo o

Corpo de Bombeiros, e

530desde 2008

78%dos moradores da capital

paulista destacam a necessidade de mais

investimentos para a melhoria de transporte

Passagem de ônibus é a mais cara do país

Kassab não fez nenhum corredor de ônibus

16%dos paulistanos apontam que deixariam de utilizar o carro e passariam a se locomover com

o transporte coletivo

Segundo pesquisa, o transporte coletivo é apontado como o quinto maior problema pelos paulistanos

Manifestação em prédio ocupado no centro de São Paulo

Caio Guatelli/Folha Imagem

Alessandro Shinoda/Folhapress

Page 4: Especial - Eleições em São Paulo - 2012

Personalidades querem mudar São Paulo

“O futuro de São Paulo está em saber olhar para a periferia e saber organizar ela de tal maneira que faça a vida circular lá mesmo. Por que a cid ade trava todo dia de manhã? Porque o cara que mora em Interlagos tem que vir pra San-tana. Boa parte dos problemas de São Paulo vão se resolver quando o governo olhar para a periferia e deixar de entender São Paulo como esse miolo cheio de prédio. Esse miolo cheio de prédio é uma engre-nagem e o óleo que faz essa engre-nagem girar são essas pessoas que vem do lado de cá.”Emicida, rapper

“Os problemas de São Paulo são proporcionais ao seu tamanho. É necessário que a próxima adminis-tração faça uma gestão que distribua com efi ciência recursos humanos e materiais, facilitando o acesso da po-pulação que mais necessita do ser-viço público de saúde. Além disso, alguns segmentos precisam receber um olhar especial do poder público, como as mulheres. É necessário que a saúde pública intensifi que os pro-gramas voltados para as mulheres e, em especial, para a população femi-nina da periferia.”Leci Brandão, sambista e deputada

estadual (PCdoB)

“O maior desafi o do próximo prefeito de São Paulo é resolver o problema de transporte e trânsito da cidade, que tem sido um fator de deseconomia e de perda de qualida-de de vida dos paulistanos”,

Luiza Erundina de Sousa, Deputa-da Federal (PSB/SP)

“A grande questão que São Paulo tem que resolver é a da educação pública. Não voto no José Serra porque conheço o José Serra. E não voto no Russomanno porque não conheço o Russomanno.”Fernando Morais, escritor

“Vocês que estão matando os pretos, vocês que estão matando os MCs de funk, vocês que estão fa-zendo campanha na porta da favela tirando a força e a autoconfi ança do meu povo: nesta eleição nós vamos derrubar vocês, e vocês não vão vol-tar nunca mais!”Mano Brown, rapper

eleições são paulooutubro de 20124

Renato Godoy de Toledoda Redação

DESDE 2005, com a posse de Serra-Kas-sab, São Paulo assiste a uma ascensão da maneira conservadora de se gover-nar. Em detrimento de políticas sociais, priorizam-se as demandas dos mais ri-cos, a repressão a manifestações artísti-cas, políticas e de solidariedade. E a ex-plosão imobiliária, que encarece o pre-ço dos imóveis, afasta os mais pobres do centro da cidade. Esta é a avaliação de in-telectuais, que apontam a necessidade de frear esse processo em curso.

Ainda segundo essa análise, os espa-ços públicos de convivência têm sido re-duzidos e o acesso da população ao cen-tro da cidade, onde se concentram os empregos e as opções de lazer, é cada vez menor. “O modelo é contra os po-bres, que estão longe de constituírem minoria em nossa sociedade. O mode-lo quer os pobres fora do centro de São Paulo. Isso é óbvio. O que não parece ser óbvio é que, em última instância, a determinação disso tudo é econômica”, afi rma a urbanista da USP, Ermínia Ma-ricato, em artigo sobre o projeto urba-nístico em vigor na cidade.

Política higienistaAo invés de investir em políticas socio-

assistenciais para população em situação de rua, a gestão Serra-Kassab priorizou a repressão a esses paulistanos. Um exem-plo da maneira como o PSDB e o DEM têm tratado essa população é a Ofi cina Boracea, na Barra Funda. Inaugurado em 2003, o albergue foi considerado um exemplo mundial de atendimento a de-sabrigados. Ao assumir a prefeitura em 2005, Serra abandonou o projeto da ges-tão anterior e transformou o albergue em um “depósito de gente”. Segundo o pa-dre Júlio Lancelloti, da Pastoral da Rua, o ambiente no Boracea hoje é “depressi-vo, indigno e desumano”.

Em junho de 2012, a prefeitura che-gou a anunciar a proibição da distribui-ção do chamado “sopão” aos morado-res de rua, alegando que a prática su-java as ruas da cidade. Após o protes-to das entidades que realizam essa dis-tribuição e críticas da sociedade, a pre-feitura voltou atrás. Em setembro, a Guarda Civil Metropolitana proibiu uma ONG de distribuir 8 mil livros a moradores de rua.

Logo no primeiro ano de gestão, em 2005, a administração Serra criou o prin-cipal símbolo da sua política de “higieni-zação” das áreas centrais, a rampa “anti-mendigo” na passagem subterrânea que liga a Avenida Paulista à Doutor Arnaldo. A obra foi idealizada pelo então subpre-feito da Sé, Andrea Matarazzo, homem de confi ança de Serra, que ocupou diver-sos cargos na administração municipal desde 2005. A rampa, construída com material áspero e chapiscado, afastou a população que dormia no local.

Matarazzo, aliás, em recente declara-ção a moradores dos Jardins, afi rmou que, se eleito vereador, pretende legis-lar para os bairros nobres, já que, segun-do o tucano, ninguém os defende na Câ-mara Municipal.

IrregularidadesA política urbanista de Serra-Kassab

privilegiou as grandes construtoras e as legalizações sistemáticas de grandes em-preendimentos imobiliários, que impul-sionaram uma valorização de 150% do preço dos imóveis nos últimos 4 anos.

Há sérios indícios de irregularidades na concessão de autorizações da prefei-tura para a construção de imóveis. O di-retor do Departamento de Aprovação de Edifi cações (Aprov), Hussain Aref, com renda mensal declarada de R$ 20 mil, adquiriu 106 imóveis desde que foi no-meado por Serra em 2005. O patrimônio de Aref, hoje investigado pelo Ministério Público, chegou a R$ 50 milhões.

Conservadorismo e explosão imobiliáriaADMINISTRAÇÃO Gestão Serra-Kassab é marcada por política de proibições e especulação imobiliária

Repressão a manifestações artísticas, políticas e de solidariedade e a explosão imobiliária, que encarece o preço dos imóveis e afasta os mais pobres do centro da cidade

da Redação

PERSONALIDADES como Oscar Niemeyer, Fernando Morais, José de Abreu, Hildegard Angel, Antonio Gras-si, Antonio Pitanga, Eugenio Staub, Luís Carlos Barreto, entre outros, assinaram uma Carta Aberta ao Povo Bra-sileiro, defendendo a presunção de inocência e conde-nando a transformação em espetáculo do julgamento do mensalão. Veja a carta na íntegra:

Carta aberta ao povo brasileiroDesde o dia 2 de agosto o Supremo Tribunal Federal

julga a ação penal 470, também conhecida como proces-so do mensalão. Parte da cobertura na mídia e até mes-mo reações públicas que atribuem aos ministros o papel de heróis nos causam preocupação.

Somos contra a transformação do julgamento em es-petáculo, sob o risco de se exigir – e alcançar - condena-ções por uma falsa e forçada exemplaridade. Repudia-mos o linchamento público e defendemos a presunção da inocência.

A defesa da legalidade é primordial. Nós, abaixo assi-nados, confi amos que os Senhores Ministros, membros do Supremo Tribunal Federal, saberão conduzir esse julgamento até o fi m sob o crivo do contraditório e à luz suprema da Constituição.

(Este documento está assinado por mais de 280 personalidades. A relação dos nomes encontra-se

em: www.brasildefato.com.br/cartaaberta)

Assine o Brasil de FatoDesde a edição 444, o jornal Brasil de Fato passou a ter quatro páginas a mais. Ou seja, agora são 16 pági-nas de informação e formação. Com isso, podemos le-var para você mais reportagens, jornalismo inteligente e comprometido com as lutas da classe trabalhadora. Assim, acreditamos contribuir ainda mais para elevar o nível de consciência do povo, para que lute por mu-danças e por uma sociedade justa. Quem ganha com isso é você, leitor.

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Russomano quer liberar porte de arma para parlamentares

da Redação

A proposta do candidato Celso Russomano para a segurança pública é fortalecer a lógica da segu-rança privada, com a integração 300 mil vigilantes noturnos à segurança do município. Ele é ligado à indústria bélica, que doou em 2010 R$ 100 mil para sua campanha ao governo paulista por meio da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições. Russomano apresentou um projeto de lei para liberar o porte de arma para deputados e senadores quando exerceu o mandato de deputa-do federal. Esse projeto não foi aprovado.

Carta condena “espetáculo” do STF

MENSALÃO

Parte da cobertura na mídia e até mesmo reações públicas que atribuem aos ministros o papel de heróis nos causam preocupação

Nelson Antoine/Folhapress

Passeata no centro de São Paulo contra a exclusão social

Janaina Castelo Branco

Divulgação

Alexandra Martins/Agência Câmara

Leandro Müller/CC

TV Brasil/CC