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Periódico do Curso de Relações Internacionais | Centro de Produção em RI | unibh.br/relacoesinternacionais | Agosto, 2014 Primeira Guerra Mundial: Conflito de Interesses Por Marcello Vinícius de Oliveira Thomas Hobbes escreveu, em sua obra‐prima, O Leviatã, a respeito das três principais causas de discórdia entre os homens – a competição, a desconfiança, e a glória. Esses fatores levariam o homem a atacar o outro na busca de lucro, segurança, e reputação, respectivamente. A Primeira Guerra Mundial ilustra muito bem essa máxima hobbesiana. Seu estopim foi o resultado de interesses e competições presentes no cenário europeu. Suas sementes, há muito lançadas, rendeu à humanidade u m a destruição nunca vista antes, em proporções inimagináveis para todas as guerras já travadas. Suas origens remontam ainda ao século XIX, com a derrota e o ressentimento francês pela Guerra Franco‐ Prussiana (1870‐1871), e a consequente perda da Alsácia‐ Lorena para o II Reich. A expansão Austro‐Húngara pelos Bálcãs também foi um fator relevante. Nesse quadro, os sentimentos nacionalistas dos habitantes foram inflamados. Observou‐se, por conseguinte, a promoção do pan‐eslavismo pela Rússia Czarista e sua competição com os otomanos pelo acesso ao Mediterrâneo e pelo estreito de Dardanelos. Ademais, houve a busca tardia da Alemanha e da Itália por colônias ultramarinas, atrasadas pela sua demorada unificação; e, já no século XX, a ameaça que a poderosa Alemanha suscitava aos ingleses, dada sua crescente hegemonia na Europa Continental, o desenvolvimento de sua marinha, e sua robustez econômica. Ademais, havia também o interesse pelos territórios otomanos no Oriente Médio, onde se encontrou petróleo em abundância. A política de alianças era uma prática que contribuiu para o agravamento da crise. A Entente Cordiale remonta a 1904, com alianças entre França e Grã‐ Bretanha, e consolidou‐se em 1907 como Tríplice Entente, com a entrada da Rússia. Já Alemanha, Áustria‐Hungria e Itália possuíam acordos de cooperação desde 1882, sendo que, em 1889, uma aliança defensiva foi formada entre o Reich Alemão e o Império Austro‐Húngaro, aderida pela Itália, em 1892. Os acordos firmados secretamente também não contribuíam para uma boa ordem mundial, e foram compreendidos pelo presidente estadunidense Woodrow Wilson como uma prática proibida ao final do conflito. A guerra que se desenrolou entre 1914 e 1918 foi devastadora. Deixou um saldo entre 9 e 11 milhões de mortos e trouxe diversas consequências que seriam cruciais para o desenrolar da história nos anos seguintes. Entre estas elas, podemos citar a criação da Liga das Nações, o fim dos impérios Austro‐Húngaro, Alemão, Russo e Otomano, e o surgimento de diversos novos Estados na Europa, como Finlândia, Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, Hungria, Iugoslávia, Turquia, Repúblicas Bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia) e União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS) – o primeiro país socialista da história. Houve, também, o rompimento do isolacionismo norte‐ americano e, em muitos países, a mulher passou a ter uma participação crucial no mercado de trabalho com a ausência de mão de obra masculina. Por fim, o controverso tratado de Versalhes, com suas duras resoluções, facilitou o surgimento de um campo fértil para as doutrinas fascistas e extremistas que culminaram com o conflito mais violento que o mundo já viu – a Segunda Guerra Mundial. Fontes: MAGNOLI, D. História das Guerras. Disponível em http://scholar.google.com.br/schola r ? h l = p t BR&q=demetrio+magnoli+historia+ das+guerras&btnG=&lr=; SCHIMDT, M. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2008 ESPAÇO DO ESTUDANTE Para o mês de setembro 3_quarta UniBH ‐ último dia para regularizar a matrícula 6_sábado RIUniBH ‐ Mesas‐Redondas do RI Up2Date 9_terça RIUniBH ‐ cerimônia de colação de grau de RI 20_sábado RIUniBH ‐ Exame de Atualidades do RI Up2Date (13h30 às 16h30) As datas podem sofrer alterações. Fique atento ao blog do curso.

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Periódico do Curso de Relações Internacionais | Centro de Produção em RI | unibh.br/relacoesinternacionais | Agosto, 2014

Primeira Guerra Mundial: Conflito de Interesses

Por Marcello Vinícius de Oliveira

Thomas Hobbes escreveu, em sua obra‐prima, O Leviatã, a respeito das três principais causas de discórdia entre os homens – a competição, a desconfiança, e a glória. Esses fatores levariam o homem a atacar o outro na busca de lucro, s e g u r a n ç a , e r e p u t a ç ã o , respectivamente.

A Primeira Guerra Mundial ilustra muito bem essa máxima hobbesiana. Seu estopim foi o resu l tado de interesses e competições presentes no cenário europeu. Suas sementes, há muito lançadas, rendeu à humanidade u m a d e s t r u i ç ã o n u n c a v i s t a a n t e s , e m p r o p o r ç õ e s inimagináveis para todas as g u e r r a s j á travadas.

Suas origens r e m o n t a m ainda ao século X I X , c o m a derrota e o ressentimento francês pela Guerra Franco‐Prussiana (1870‐1871), e a consequente perda da Alsácia‐Lorena para o I I Re ich . A expansão Austro‐Húngara pelos Bálcãs também foi um fator relevante. Nesse quadro, os sentimentos nacionalistas dos habitantes foram inflamados. Observou‐se, por conseguinte, a promoção do pan‐eslavismo pela

Rússia Czarista e sua competição com os otomanos pelo acesso ao Mediterrâneo e pelo estreito de Dardanelos. Ademais, houve a busca tardia da Alemanha e da Itália por colônias ultramarinas, atrasadas pela sua demorada unificação; e, já no século XX, a a m e a ç a q u e a p o d e r o s a Alemanha suscitava aos ingleses, dada sua crescente hegemonia n a E u ro p a C o nt i n e nta l , o desenvolvimento de sua marinha, e sua robustez econômica. A d e m a i s , h a v i a também o interesse p e l o s t e r r i t ó r i o s otomanos no Oriente M é d i o , o n d e s e

e n c o n t r o u p e t r ó l e o e m abundância.

A política de alianças era uma prática que contribuiu para o agravamento da crise. A Entente Cordiale remonta a 1904, com alianças entre França e Grã‐Bretanha, e consolidou‐se em 1907 como Tríplice Entente, com

a entrada da R ú s s i a . J á A l e m a n h a , Áustria‐Hungria e Itália possuíam acordos de cooperação desde 1882, sendo que, em 1889, uma aliança defensiva foi formada entre o Reich Alemão e o Império Austro‐Húngaro, aderida pela Itália, em 1892. Os acordos firmados secretamente também não contribuíam para uma boa

o r d e m m u n d i a l , e f o r a m compreendidos pelo presidente estadunidense Woodrow Wilson como uma prática proibida ao final do conflito.

A guerra que se desenrolou e n t r e 1 9 1 4 e 1 9 1 8 f o i devastadora. Deixou um saldo entre 9 e 11 milhões de mortos e

trouxe diversas consequências que seriam cruciais para o desenrolar da história nos anos seguintes. Entre estas elas, podemos citar a criação da Liga das Nações, o fim dos impérios Austro‐Húngaro, Alemão, Russo e Otomano, e o surgimento de diversos novos Estados na Europa, como Finlândia, Polônia,

Tchecoslováquia, Áustria, H u n g r i a , I u g o s l á v i a , Tu r q u i a , R e p ú b l i c a s Bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia) e União das Republicas Social istas Soviéticas (U RS S) – o primeiro país socialista da história. Houve, também, o r o m p i m e n t o d o i s o l a c i o n i s m o n o r te ‐americano e, em muitos países, a mulher passou a ter uma part ic ipação crucial no mercado de

trabalho com a ausência de mão de obra masculina. Por fim, o c o n t r o v e r s o t r a t a d o d e Versalhes, com suas duras r e s o l u ç õ e s , f a c i l i t o u o surgimento de um campo fértil para as doutrinas fascistas e extremistas que culminaram com o conflito mais violento que o mundo já viu – a Segunda Guerra Mundial.

Fontes: M A G N O L I , D. H i s tó r i a d a s

G u e r r a s . D i s p o n í v e l e m http://scholar.google.com.br/scholar ? h l = p t ‐BR&q=demetrio+magnoli+historia+das+guerras&btnG=&lr=;

S C H I M DT, M. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 2008

ESPAÇO DO ESTUDANTE

Para o mês de setembro3_quarta UniBH ‐ último dia para regularizar a matrícula6_sábado RIUniBH ‐ Mesas‐Redondas do RI Up2Date

9_terça RIUniBH ‐ cerimônia de colação de grau de RI20_sábado RIUniBH ‐ Exame de Atualidades do RI Up2Date

(13h30 às 16h30)

As datas podem sofrer alterações. Fique atento ao blog do curso.

LivrosQ u e d a d e

Gigantes ‐ O Livro retrata a história de cinco famílias d e d i f e r e n t e s países na virada do século XIX para o século XX. Todas

essas famílias tiveram suas vidas a feta d a s p e lo s ma rca ntes acontecimentos do início do século XIX, como a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Russa . Fornece uma ide ia bastante clara sobre como foram os fronts da Grande Guerra, tanto na frente ocidental na França e nos Países Baixos, como na frente russa.

Os Sonâmbulos ‐ como Eclodiu a Primeira Guerra Mundial ‐ O livro do professor da

Universidade de Cambridge, Christopher Clark, explora as origens da eclosão do primeiro grande conflito mundial, os interesses envolvidos e os conflitos de forças. Clark baseia‐s e e m p e s q u i s a s s o b r e

documentos da época.

Adeus às Armas ‐ É um dos mais famosos l ivros sobre a Primeira Guerra Mundial. E l e r e t r a t a a

história de um americano que se alista no exército italiano como motorista de ambulâncias e se apaixona por uma enfermeira inglesa. Durante o romance, são retratados os fronts de batalhas e as condições dos soldados. O l i v ro é p rat i ca mente u ma autobiografia do próprio autor, Ernest Hemingway, que serviu na

Primeira Guerra como motorista d e a m b u l â n c i a n a I t á l i a . Discutiremos sobre ele no Clube do Livro desse semestre!

Filmes The Red Baron ‐

O filme retrata a v ida do p i loto a l e m ã o B a r ã o ManfredvonRichth o f e n , á s d a aviação alemã.

Descreve, além da biografia deste destemido piloto, as batalhas aéreas durante a Primeira Guerra e a vida dos pilotos, nesse que foi o primeiro

conflito com uso de aviões.

C a v a l o d e Guerra ‐ O filme r e t r a t a a trajetória de um cavalo durante o

andamento da guerra. O cavalo foi usado tanto pelo exercito francês, como o alemão e o inglês. Exibe os fronts de batalha ocidentais, o cotidiano da vida nas trincheiras, o uso dos cavalos nos exércitos, e os territórios entre trincheiras conhecidos

como Terras de Ninguém.

Gallipoli ‐ Dois amigos se alistam e m 1 9 1 5 p a r a l u t a r e m n a Primeira Guerra,

que já estava em andamento d e s d e 1 9 1 4 . E l e s n ã o imaginavam o horror que iriam vivenciar. O filme tem como cenário a luta contra os turcos do Império Otomano e se passa no sul da Europa. Nele, é retratada a famosa batalha de Gallipoli.

A República de Malta é um arquipélago formado por sete ilhas, localizada no centro do Mediterrâneo, ao sul da Itália. Dessas , somente t rês são h a b i t a d a s , e a população maltesa inteira soma menos de quinhentas mil pessoas. Malta é u m p a í s i n d e p e n d e n t e d e s d e 1 9 6 4 , quando obteve sua liberdade da Grã‐Bretanha, passando a ser um Estado‐M e m b r o d a s Nações Unidas no mesmo ano. Em 2004, passou a integrar a União Europeia, e, em 2008, a zona do Euro.

M a l t a t e m u m a c u l t u r a maravilhosa e exótica. Desde os primórdios de sua história, ela foi co n q u i sta e h a b i ta d a p o r diversos povos, que sempre deixavam algum legado para o povo seguinte. Na Antiguidade, foi uma colônia fenícia e recebeu o nome de Malat, que quer dizer Porto Seguro. Logo depois,

passou ao controle grego e, por fim, romano. Já na Idade Média, esteve sob

poder bizantino, árabe, siciliano e espanhol. Nos períodos mais tardios, foi a vez dos franceses, dos assédios otomanos, dos

italianos, e, por fim, dos ingleses. Todas e s t a s c u l t u r a s p ro d u z i ra m u m a arquitetura, uma culinária e m ú s i c a s e m i g u a i s , transformando Malta em um dos principais destinos turísticos do Mediterrâneo. Até a língua oficial do país, o maltês, é uma mistura de culturas, uma fusão entre o italiano e o árabe. Boa parte da população também fa la o

italiano, e o inglês é a segunda língua oficial.

O território tem área de somente 316 km², carece de á r e a s d i s p o n í v e i s p a r a a agricultura, e também produção d e e n e r g i a . A p o p u l a ç ã o e n c o n t r o u s u a r e n d a n a atividade principal de seus mais antigos moradores, os fenícios, dedicando‐se ao comércio. Muitas cidades de Malta são cercadas de muralhas devido ao

seu turbulento passado, e sua arquitetura impressiona com requintes árabes e greco‐r o m a n o s . A i l h a é majoritariamente cristã, com a igreja tendo um peso enorme dentro Estado. O divórcio e o aborto são proibidos. Ao longo de sua história, Malta já teve

importantes visitantes. Dentre eles vale citar São Paulo, que como descrito em Atos dos Apóstolos, naufragou na costa da ilha e acabou por converter seus moradores. Também, por um tempo, serviu de abrigo a Napoleão Bonaparte.

Sua forma de governo é de uma república parlamentarista e a capital do país é Valeta. Malta mantém até hoje estreitos laços com a Grã‐Bretanha.

Fontes: BIG VIAGEM. Ilha de Malta. http://www.bigviagem.com/ilha‐de‐malta‐mar‐mediterraneo/;

TRANSITANDO PELO MUNDO. Assim é Ilha de Malta. http://transitando‐pelo‐mundo.blogspot.com.br/2011/12/ assim‐e‐ilha‐de‐malta.html;

U N I Ã O E U R O P E I A . M a l t a . h t t p : / / e u r o p a . e u / a b o u t ‐e u / c o u n t r i e s / m e m b e r ‐countries/malta/index_pt.htm

TRIVIA: Ilha de Malta

O professor Rafael Ávila traz para o Soft Power na coluna Diálogos do Além, um pouco da e s t r a t é g i a d e A l f r e d v o n Schlieffen, marechal‐de‐campo alemão e chefe do Estado Maior alemão de 1891 a 1906. Von Schlieffen faleceu em janeiro de 1913, um ano antes do início da Primeira Guerra Mundial. No entanto, o que o tornou célebre foi o plano que elaborou ainda na iminência de uma guerra com a F r a n ç a e R ú s s i a simultaneamente. O plano, conhecido como Plano Schilieffen, foi parcialmente s e g u i d o p e l o chefe do Estado Maior à época da guerra, Helmuth v o n M o l t k e e q u a s e d e u a v i t ó r i a à Alemanha sobre a França.

S o f t P o w e r : S e n h o r V o n Schlieffen, o jornal S o f t P o w e r s e s e n t e m u i t o h o n r a d o e m poder entrevista‐lo. Sabemos que enquanto o senhor ocupou a pasta de chefe do Estado‐Maior do Reich alemão, elaborou um plano estratégico que garantia a vitória alemã sobre a França em um provável cenário de guerra entre estas duas nações. O senhor poderia nos explicar em que consistia esse plano?

Alfred von Schlieffen: O plano consistia em abrir uma frente de batalha veloz e decisiva contra nossos inimigos franceses. O ataque seria composto por ondas de ataque (4 ou 5 delas) cobrindo uma área que iria desde a fronteira nossa (Alemanha) com a França, até trechos na Bélgica e Holanda. Ou seja, f a r í a m o s m o v i m e n t o d e encirculamento até dominarmos todo o terr i tór io f rancês , culminando na capitulação de Paris.

Soft Power: Custa‐nos dizer marechal que infelizmente o seu plano ainda que bem elaborado,

não foi bem sucedido. U m a p a r t e d o s historiadores atribui a

c u l p a d o f ra ca s s o d e s u a estratégia a má condução da guerra e de seu plano por seu sucessor no Estado‐Maior, Helmuth von Moltke. Mas, na opinião do senhor o que poderia causar o fracasso do plano?

Alfred von Schlieffen: O que poderia causar a falha no plano f o i o q u e e f e t i v a m e n t e aconteceu. Meu plano consistia em um ataque programado, com uma força e velocidade bem espec í f i cas e que dever ia

necessariamente atravessar os territórios da Bélgica e da Holanda. Ou seja, tínhamos que ampliar o contorno ao território francês e não poderia ser menor ou mais fraco. Foi exatamente o que aconteceu. Moltke e o governo decidiram por manter a inviolabilidade dos territórios neutros bem como diminuíram a força e m p r e g a d a . Q u a l f o i o resultado? Não conseguimos romper as linhas defensivas e a s s i m o s i n i m i g o s s e recompuseram.

Soft Power: O Plano visava uma p r o v á v e l g u e r r a o n d e a Alemanha lutasse em duas frentes. Naquele período, a Alemanha deveria temer mais a França ou os exércitos do Czar?

Al f red von Sch l ie f fen: O exército alemão não devia e não deve temer nenhum oponente. O exército alemão devia temer são seus próprios medos. Na

Europa, raras são as situações em que uma guerra de duas frentes não seja travada. O problema não são duas frentes, o problema n ã o s ã o o s o p o s i t o re s , o problema está no timing e nas al ianças estabelecidas que podem dar conta ou não da ação opositora. O exército francês era mais moderno, mas arrogante, o e xé r c i t o d o C za r e ra m a l equipado, mal instruído, apesar do tamanho.

S o f t Pow er : Sen h o r Vo n Schlieffen, o senhor acreditava que uma vitória rápida sobre a F r a n ç a

poderia motivar a entrada de outros Estados no conflito, como a Grã‐Bretanha por exemplo? Se entrasse, por que os britânicos assumiriam esse risco?

A l f r e d v o n S c h l i e f f e n : Obviamente que qualquer vitória de uma potência europeia sobre a outra poderia levar às demais a quererem agir para manter o status quo. A grande

questão é que meu p lano consistia em uma vitória tão rápida que não daria tempo das forças de Sua Majestade de se organizar e desembarcar no continente. Assim, aos britânicos c a b e r i a t e r q u e n e g o c i a r conosco, sob nossos auspícios obviamente. Agora lembre‐se que política não cabe a mim, e sim ao meu governante.

Soft Power: A Alemanha desde meados de 1880, mantinha t ratados de cooperação e segurança com o Império Austro‐Húngaro . O senhor acredita que

naquela época os exércitos austríacos seriam crucias para uma vitória sobre o Império Russo?

A l f r e d v o n S c h l i e f f e n : N ã o seriam cruciais, como não foram. A questão, conforme apontei anteriormente, é que o uso de alianças é mais para estabilizar as frentes de batalha a n t e s d o s m o v i m e n t o s d e c i s i v o s .

Precisaríamos de atacar em bloco e com a a juda de outros Estados para p o d e r d e s l o c a r forças para áreas de combate decisivas. Obviamente que o fato de nós termos que lidar com os russos fez com que p e r d ê s s e m o s forças cruciais em outras zonas de guerra.

S o f t P o w e r : Quanto a Itál ia, s e n h o r V o n Schlieffen, é uma peça fundamental

para a Alemanha em um conflito contra a França ?

Alfred von Schlieffen: Prefiro nem comentar a participação pífia italiana. Muitas vezes nos perguntamos se é melhor ter a Itália como inimiga ou aliada. Acho que a história nos dá um bom indício da resposta.

DIÁLOGOS DO ALÉM