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Escolha Racional Anotações de aula e Tsebelis: Individualismo metodológico; analise de escopo reduzido, não analisa movimentos/dinâmica; ex-post (depois do ocorrido) não permite fazer muitas previsões. Racionalidade: correspondência ótima entre fins e meios. É sempre uma tentativa de maximizar os ganhos. Atores racionais: coerentes, agem segundo cálculo de probabilidade de que aquele meio ira proporcionar o objetivo pretendido, interagem segundo a regra do jogo. Para isso necessita adquirir informações, conhecer o risco, o que implica manejar os custos disso X os benefícios pretendidos e a certeza deles. Essa definição impõe que os atores sejam coerentes em suas crenças e preferencias, elas não devem ser contraditórias e nem intransitivas e devem estar de acordo com a realidade; que eles decidam de acordo com as regras do calculo de probabilidades e do risco/incerteza, que eles interajam com outros atores de acordo com as prescrições da teoria dos jogos. É pouco possível que todas essas afirmações compreendam a realidade, mas se for o caso, diz-se que as estratégias das ações dos atores são mutuamente ótimas e estao em equilíbrio. Quando não é possível, diz-se que são sub-otimas [dilema do encarcerado], que refletem a segunda preferencia ou a segunda melhor opção/menos onerosa. A escolha racional é conveniente para analisar situações em que a identidade e os objetivos dos atores são estabelecidos, as regras da interação são precisas e conhecidas pelos atores. Argumentos dos motivos pelos quais os indivíduos adotam comportamento racional: É prefereivel se adequar do que pagar um preço, dado a relevância das informações e da incerteza; Aprendizado por tentativa e erro se aprimora o comportamento ótimo;

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Escolha Racional

Anotações de aula e Tsebelis:

Individualismo metodológico; analise de escopo reduzido, não analisa movimentos/dinâmica; ex-post (depois do ocorrido) não permite fazer muitas previsões.

Racionalidade: correspondência ótima entre fins e meios. É sempre uma tentativa de maximizar os ganhos.

Atores racionais: coerentes, agem segundo cálculo de probabilidade de que aquele meio ira proporcionar o objetivo pretendido, interagem segundo a regra do jogo. Para isso necessita adquirir informações, conhecer o risco, o que implica manejar os custos disso X os benefícios pretendidos e a certeza deles.

Essa definição impõe que os atores sejam coerentes em suas crenças e preferencias, elas não devem ser contraditórias e nem intransitivas e devem estar de acordo com a realidade; que eles decidam de acordo com as regras do calculo de probabilidades e do risco/incerteza, que eles interajam com outros atores de acordo com as prescrições da teoria dos jogos.

É pouco possível que todas essas afirmações compreendam a realidade, mas se for o caso, diz-se que as estratégias das ações dos atores são mutuamente ótimas e estao em equilíbrio. Quando não é possível, diz-se que são sub-otimas [dilema do encarcerado], que refletem a segunda preferencia ou a segunda melhor opção/menos onerosa.

A escolha racional é conveniente para analisar situações em que a identidade e os objetivos dos atores são estabelecidos, as regras da interação são precisas e conhecidas pelos atores.

Argumentos dos motivos pelos quais os indivíduos adotam comportamento racional:

É prefereivel se adequar do que pagar um preço, dado a relevância das informações e da incerteza;

Aprendizado por tentativa e erro se aprimora o comportamento ótimo;

Pela heterogeneidade dos indivíduos o equivlibrio é alcançado com poucos;

Selecao natural ocorre dos comportamentos mais bem sucedidos.

Jogos ocultos: impacto de fatores contextuais ou institucionais nas ações que parecem não racionais a primeira vista. O analista tem de desvendar o contexto, compreender a hierarquia de preferencias para encontrar qual a orientação da ação do individuo que deve ser sim racional.

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Foca então o individuo, o poder de escolha que ele tem mediante o calculo de risco, de informação de custo e beneficio ainda que sofra influencia das regras institucionais. Ele não é simplesmente coagido, trata-se de um manejo das condições. É racional.

Quanto maior o acesso a informação, mais racional é a ação! Possibilita mais calculo.

Downs:

Analise das eleições, quais os fins dos atores que dela participam.

Para os partidos o objetivo é vencer as eleições; para os eleitores o objetivo é ter melhorada sua condição de vida/seu bem estar.

O meio para os partidos alcançarem o seu fim é justamente o de corresponder as expectativas dos eleitores atraves de politicas. Dessa forma, o interesse individual do governante, ao mobilizar os meios, atende os fins dos eleitores que também atuarão para atender os fins do governante (dar votos para que vença).

A racionalidade para ele esta no peso de acesso as informações, no calculo de que adquiri-las é ou não viável com base nas possíveis consequências disso. Assim, o conhecimento do erro não implica necessariamente no abando da ação se isso acarretar um custo maior do que a consequência.

Maior racionalidade quando maior for o acesso as informações e mais estável for a ordem politica.

Olson:

As explicações sempre partem do individuo; a ação coletiva é baseada na ação individual.

Grupos pequenos: são mais ativos, seus membros tem maior visibilidade e tendem assim a agir mais pelo grupo; terá garantia de algum beneficio próprio para isso; baixo custo e prestigio.

Grupos grandes: envolvem um numero muito grande de pessoas, a ação individual não é voltada para o bem do grupo voluntariamente. Ela depende ou de coerção ou de incentivo pq o retorno não é certo. As pessoas acreditam que sua atitude individual (deixar de votar por ex) não vai ter impacto no grupo como um todo (o resto vai votar por vc). Os custos, ou riscos, são superiores aos possíveis benefícios.

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A ação coletiva deriva da expectativa de que a ação individual tenha influencia sobre todo o coletivo.

TSEBELIS – CAP.02: EM DEFESA DO ENFOQUE DA ESCOLHA RACIONAL

A racionalidade, como a defini no Capítulo 1, nada mais é que uma correspondência ótima entre fins e meios. (33)

~Não é algo trivial e nem comum a todo tipo de analise da politica (embora se pressuponha que meios/fins são características inerentes a ela)~

Especificamente, os atores racionais devem ser coerentes(não possuir crenças ou desejos contraditórios), decidir de acordo com as regrasdo cálculo de probabilidades e interagir com outros atores de acordo com asprescrições da teoria dos jogos. Em conseqüência, a questão sensata passa a sernão se as pessoas sempre se desviam da racionalidade, mas se as pessoas se lheamoldam.

Indico quehá boas razões pelas quais os atores políticos devem ser racionais (um enfoquenormativo)' e razões adicionais pelas quais os atores políticos podem ser estudados utilizando o enfoque da escolha racional (um enfoque positivo) ~critica as objeções feitas quanto a racionalidade dos atores como certa.

O QUE O ENFOQUE Da ESCOLHA RACIONAL NAo É

Podem-se distinguir duas amplas categorias de teorias que não assumemqualquer correspondência entre meios e fins. (34)

( I) Teorias sem atores. Análises sistêmicas (Easton 1957), estruturalismo(Holt 1967), funcionalismo da direita (Parsons 1951) ou da esquerda (Hollowaye Picciotto 1978) e teorias da modernização (Apter 1965) são representantesproeminentes dessa abordagem. Explicações dos fenômenos sociais ou políticos são fornecidas em termos holísticos, em referência ao sistema como um todo.

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Embora a existência de atores racionais não seja negada, o estudo de seus processos de tomada de decisão é considerado secundário ou desimportante. Explicações válidas são causais ou funcionais.

Tais exemplos indicam que existe uma tradução entre o nível individuale o agregado. Um exame mais atento do processo de tomada de decisão do atorpode indicar por que situações com condições antecedentes similares evoluemde maneira diferente, e demonstrar ainda o caráter fecundo de tal tradução. Existem casos, porém, em que essas traduções especificas entre programas de pesquisa não são possíveis.

Refiro-me a uma explicação tipo "atalho" ou "caixa-preta" sempre quepode ser feita uma tradução de teorias que não levam em conta o ator para o enfoque da escolha racional.(35)

Onde uma tal tradução é impossível, não é possíveléncontrar quaisquer micromecanismos compatíveis com os resultados agregados observados, dandoa entender que nenhum processo causal pode explicar o fenômeno. Assim, defrontamo-nos com um caso do que é conhecido como correlação espúria.

A razão pela qual tal tradução entre programas de pesquisa é importante sedeve ao princípio individualismo metodológico, que estabelece que todos osfenômenos sociais podem e devem ser explicados em termos das ações dos indivíduos que operam sob determinadas coerções.

Situadas entre as teorias do ator racional e aquelas que não levam em contao ator estão aquelas teorias que derivam os resultados políticos das ações deagregados sociais informais: classes ou grupos. Esses agregados são considerados racionais (no sentido de meios/fins que defini no início deste capítulo), mas a sua própria existência permanece inexplicada em termos de racionalidade

~cita o modelo seguido pela analise marxista: ~ Observemos que, segundo esse enfoque, tanto o trabalho quanto o capital sãoconsiderados atores unitários e que a competição entre capitalistas por mercados ou entre trabalhadores por empregos é descartada pelo modelo em sua formamais simplificada", Também está ausente o conflito entre ramos da indústria.

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(2) Teorias com atores não-racionais. A fonte da não-racionalidade nãopode ser os objetivos do ator Os objetivospodem ser egoístas ou altruístas, idealistas ou materialistas. A única fonte denão-racionalidade deve ser uma ruptura na relação entre meios e fins em nossa definição de racionalidade (36).

Tal ruptura pode ocorrer de duas maneiras: ou por uma ação impulsiva, ouatravés de uma fonte mais profunda de irracional idade.

A primeira classe inclui teorias queexplicam as ações resultantes de motivações afetivas ou impulsivas [...]Nessa classe de teorias, comportamentos em desacordo com os cálculos racionais podem ser observados e explicados pelo observador externo e aceitos pelo próprio ator. Contudo, tal comportamento não pode ser sistemático oumesmo frequente.

Na segunda classe, o motivo para um comportamento irracional é umconstructo teórico, que pode ser inacessível tanto ao observador quanto ao ator.Tais teorias incluem o "instinto de imitação" (Gabriel Tarde), a "falsa consciência" (Friedrich Engels), as "pulsões inconscientes" (Sigrnund Freud), o "hábitus" (Pierre Bourdieu), a "cultura nacional" (Gabriel Almond e Sidney Verba),ou forças como "resistência à mudança" ou "inércia'"

Mais uma vez, talvez seja possível traduzir essas teorias para um enfoque de escolha racional. Conforme sustenta este livro, certas ações podemparecer irracionais pelo fato de o quadro de referência não ser apropriado.

Em outros casos, o enfoque da escolha racional traduz as variáveis independentes dos estudos existentes em variáveis dependentes e explica as conclusões de outros estudiosos. (37)

Conseqüentemente,as descrições de eventos históricos ou explicações de escolha não-racionalpodem ser traduzidas para o esquema apropriado de escolha racional (38)

Recapitulando, o enfoque da escolha racional não é o único possível naabordagem dos fenômenos políticos; enfoques alternativos ou estudam fenômenos sociais e políticos uti lizando atores que não tentam otimizar o alcance de seusobjetivos, ou simplesmente excluem os atores como unidades de análise

Se for possível, embora não seja realizada, uma tradu-ção de alguma agenda de pesquisas para uma abordagem da escolha racional,será feita uma referência a uma explicação tipo atalho (ou caixa-preta). Se

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forimpossível, como no caso de Coser, o resultado será uma correlação espúria.

O QUE O ENFOQUE DA ESCOLHA RACIONAL É

Faço uma distinção entre dois tiposdiferentes de exigências para a racionalidade: exigências fracas de racionalidade e exigências fortes de racionalidade. O primeiro tipo assegura a coerência interna entre preferências e crenças; o segundo introduz exigências de validação externa (a correspondência das crenças com a realidade).

1. Exigências Fracas de Racionalidade

Discuto as seguintes exigências de racionalidade: (1) a impossibilidadede crenças ou preferências contraditórias, (2) a impossibilidade de preferênciasintransitivas, e (3) obediência aos axiomas do cálculo de probabilidades. As primeiras duas referem-se ao comportamento do ator racional sob condições decerteza; a terceira regula o comportamento do ator racional sob situação derisco.

Nas demonstrações que seguem. utilizo o dinheiro para demonstrar conseqüências indesejáveis ou catastróficas. Avantagem de utilizar dinheiro para medir a desejabilidade das conseqüênciasé a compreensão imediata de que as escolhas possuem conseqüências "objetivas" para a prosperidade dos indivíduos. (39)

~(l) A impossibilidade de crenças ou preferências contraditórias: [fala da logica formal~não entendi nada] Se umaproposição é uma crença, essas duas leis da lógica indicam que qualquer coisa decorre de crenças contraditórias. Portanto, se um ator tem crenças contraditórias, ele não pode raciocinar". Se uma proposição é uma preferência; acombinação das duas leis indica que qualquer coisa decorre de preferênciascontraditórias [...]A impossibilidade de crenças ou preferências contraditórias não exclui nem a mudança de crenças ou preferências ao longo do tempo nem a manutenção de uma preferência num contexto e de outra num contexto diferente.

(2) A impossibilidade de preferências intransitivas (que não passam, não mudam): Isso é demonstrado como segue: suponhamos que uma pessoapretira a a b, b a c e c a a. Se ela detém a, alguém poderia persuadi-la a

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trocá-lo por c, desde que ela pague uma quantia (digamos um dólar). Alguém poderiapersuadi-la também a trocar' c por. b, mediante o pagamento de outra quantia(digamos outro dólar). Depois, alguém poderia persuadi-Ia a trocar b por a, comum pagamento adicional (outro dólar). Observe-se que ela está exatamente namesma situação inicial (ela detém a); só que está três dólares mais pobre. Emcada transação, ela melhorou suas posses de acordo com as suas preferências.Devido à intransitividade de suas preferências, porém, encontra-se monetariamente pior do que antes.

(3) Obediência aos axiomas do cálculo de probabilidade: Essa proposi-ção é a mais contra-intuitiva e a mais difícil de sustentar, a prova é apresentada no apêndice deste capítulo. É preciso introduzir a função objetiva que umator racional maximiza. Neste livro, assumo que os atores racionais maximizam a sua utilidade e~ada, isto é, o produto da utilidade que derivam de umevento, multiplicada pela probabilidade de que esse evento ocorra.

Nos casos anteriores, os indivíduos foram penalizados por desvios dasregras de coerência. Algumas dessas regras, de não-contradição e de transitividade, por exemplo, podem parecer intuitivamente agradáveis e claras. Outras, como a obediência aos axiomas do cálculo de probabilidades, podem parecer contra-intuitivas e/ou irrealistas.

2. Exigências fortes de racionalidade

As exigências fortes de racionalidade estabelecem uma correspondênciaentre crenças ou cornportamcntoe o mundo real. (41)

1.As estratégias são mutuamente ótimas em equilíbrio ou, em equilíbrio, osjogadores obedecem às prescrições da teoria dos jogos.2. Em equilíbrio, as probabilidades aproximam-se das freqüências objetivas.3. Em equilíbrio, as crenças aproximam-se da realidade.

Em primeiro lugar, é preciso atentar para o qualificativo "em equilíbrio" que está presente nas três exigências. Há duas razões para essa qualificação. A primeira é negativa: a teoria da escolha racional não pode descrever atos dinâmicos; não pode

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explicar os caminhos que os atores irão seguir para chegar aos equilíbrios prescritos'", A segunda é positiva: o equilíbrio é definido como uma situação da qualnenhum ator tem incentivo para desviar-se.

Logo, não importa de que modo oequilíbrio é atingido, os atores racionais permanecerão nele.

(I) Obediência às prescrições da teoria dos jogos: Os jogadores utilizam estratégias mutuamente ótimas em equilíbrio: realizam uma combinaçãoestratégica da qual ninguém tem incentivo para desviar-se. Segundo essa definição, pode havermais de um equilíbrio num jogo. O problema passa a ser ode escolher o mais razoável [...] Se a coordenação falhar, cada jogador escolherá uma estratégia de equilíbrio, mas essas estratégias corresponderão a equilíbrios diferentes: o resultado não será um equilíbrio [...]Em ambos os casos, odesvio do equilíbrio podegerar uma série de ajustes mútuos, levando ao equilíbrio anterior ou a um outro equilíbrio de Nash.

(II) As probabilidades subjetivas aproximar-se-iam das freqüências objetivas?: cada jogador uti liza damelhor maneira as estimativas prévias de probabilidade e a nova informaçãoque ele consegue obter do ambiente. Se as probabilidades estimadas não seaproximarem das freqüências objetivas, os atores racionais terão condições demelhorar os seus resultados a longo prazo, revisando as suas estimativas deprobabilidade [...] depois que ficar evidente quc as perdas são mais freqüentes do que os ganhos, o jogador irá rcver a sua estimativa de probabilidade e alterar suas apostas.

(III) As crenças aproximar-se-iam da realidade: Todas as crenças dos jogadores racionais numa conduta de equilíbrio são atualizadas de acordo coma regra de Bayes, Assim, o ator pode escolher em qualquer ponto a sua estratégia ótima ernconforrnidade com suas crenças. A otimidade mútua das estratégias c)c)sjogadc)res (dadas as suas crenças) fornece a cada um deles informa-ção sobre as crenças de seu oponente. Se no processo do jogo um participantenão atualiza a sua informação, ele pode ficar vulnerável e o seu oponente então pode explorar esse fato: o oponente pode se dar conta de que a sua situa-ção pode ser melhorada dadas as crenças equivocadas do

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primeiro ator. Em talsituação, ou um dos jogadores modificaria as suas crenças, ou o outro mudariaa sua estratégia. De modo que uma tal situação não é um equilíbrio

Em conseqüência, de acordo com as exigências fortes de racionalidade,as crenças e o comportamento não apenas têm de ser compatíveis como têmtambém de corresponder ao mundo real (em equilíbrio).A penalidade para desvios da racionaiidade forte será um nível reduzido de bem-estar"

Todos os argumentos concernentes seja à racionalidade fraca seja à forte são normativos. Sustentam que o comportamento deve retletir as prescriçõesda utilidade esperada ou da teoria dos jogos; em caso contrário, o ator pagaráum preço.

É REALISTA O ENFOQUE DA ESCOLHA RACIONAL?

Uma resposta freqüente a questão acima não importa; as pessoas agem'como se' fossem racionais". ~ele vai criticar isso!!!!~

O primeiro exemplo é sobre os hábeis jogadores de bilhar, que executamsuas tacadas "como se" soubessem as complicadas fórmulas matemáticas quedescrevem a trajetória ótima das bolas. [Paul samuelson] [...]O terceiro concerneàs folhas de uma árvore; Friedman (1953, 19) sugere "a hipótese de que asfolhas se posicionam como se cada uma procurasse deliberadamente maximizara quantidade de luz solar que recebe"

Nozick (1974) desenvolveu esse conceito em sua discussão da "explicação potencial fundamental". Ele afirma queuma explicação potencial fundamental é importante mesmo que não seja verdadeira, porque revela importantes mecanismos que influenciam o fenômeno que pode estaser sendo examinado. De acordocom esses argumentos, uma explicação pode ser importante mesmo que suas premissas não sejam verdadeiras. Desse modo, torna-

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se irrelevante a questão da verdade do pressuposto de umateoria.

O argumento "como se" sustenta que o pressuposto de racionalidade,independentemente de sua precisao, e um mero de moldar o comportamento humano. Uma tal posição epistemológica da racionalidade-como-modelo não apeInas é parcial e insatisfatÓria.?, como também é responsável em alto grau pela seguinte situação: de um lado, várias explicações de escolha racional utilizam o argumento "como se" para justificar pressupostos exageradamente irrealistas.; de outro, os cientistas empíricos não confiam nas explicações de escolha racional pelo fato de serem irrelevantes para o mundo real.

No que diz respeito à abordagem da escolha racional, é incoerente utilizar falsos pressupostos como base para as explicaçõesdepois de ter agumentado, como fiz, que de falsos pressupostos pode-se derivar qualquer coisa.

Proponho uma resposta. diferente para a questão do realismo. No lugar do conceito de racionalidade como um modelo de comportamento humano, proponho o conceito de racionalidade como um subconjunto do comportamento humano. A mudança de perspectiva é importante: não afirmo que a escolha racional pode explicar qualquer fenômeno e que não há lugar para outras explicações, mas sustento que a escolha racional é uma abordagem melhor parasituações em que a identidade e os objetivos dos atores são estabelecidos, e asregras da interação são precisas e conhecidas pelos atores em interação. À medida que os objetivos dos atores tornam-se confusos, ou à medida que as regrasda interação tornam-se mais fluidas e imprecisas, as explicações de escolharacional irão tornar-se menos aplicáveis.

Admito que os jogos politicos (ou a maioria deles) estruturam igualmente a situação, e que o estudo dos atores políticos sob o pressuposto da racionalidade á uma aproximação legitima das situações, motivações, cálculos e comportamentos reais.

Argumento 1: Relevância das questões e da informação

Segundo as propriedades normativas do enfoque da escolha racional, as pessoas preferemadequar-se ao comportamento descrito .pela teoria (caso contrário,

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podem ter de pagar um preço) [...]Além disso, se a informação estiver disponível, as pessoas estarão maisaptas a aproximar-se dos cálculos requeridos pela escolha racional do que seos payoffs não forem bem conhecidos ou apenas aproximados". Com efeito, algumas das mais bem-sucedidas aplicações do enfoque da escolha racional dizem respeito a instituições, normas e comportamentos do Congresso e da burocracia dos Estados Unidos (ou seja, o estudo de situações bem estruturadas).

Argumento 2. Aprendizado

As propriedades normativas do modelo deescolha racional sugerem que as pessoas envolvidas em atividades repetidasaproximam-se do comportamento ótimo pelo método de tentativa e erro. De fato,probabilidades subjetivas convergirão para freqüências objetivas à medida quea informação adicional se tornar disponível pela iteração. Por conseguinte, quasenão se pode mais distinguir o resultado final dos calculos de escolha racional [EX do jogadores de bilhar que não fazem os cálculos matemáticos mas ‘aprendem a calcular’ as jogadas].

O aprendizado da relevância dasquestões e da informação. Poder-se-ia esperar uma correlação entre a velocidade do aprendizadoe a relevância da questão, conforme indica o argumento I. Além disso, a convergência para o comportamento ótimo é mais rápida à medida que aumenta a freqüência do problema da tomada de decisões. O aprendizado é uma atividade consciente; pressupõe que aquele que toma a decisão seja capaz de detectar erros do 'passado

Argumento 3. A heterogeneidade dos indivíduos.

adotemos pressuposto mais realista de que a maioria dos indivíduos não é sofisticada, embora uma pequena proporção seja capaz deefetuar semelhantes cálculos [...]Para simplificar ainda mais as coisas, suponhamos que urna série de indivíduos tenha de escolher percursos em sua carreira. Suponhamos que amaioria deles tenha uma percepção bastante simplista da realidade e expectativas incorretas, mas uma pequena porcentagem seja capaz de cálculos deescolha racional. Embora os indivíduos não sofisticados tomem decisões não informadas (e subótimas), os mais informados anteciparão esse comportamento e compensá-lo-ão com um comportamento concebido da maneira exatamente oposta.

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Desse modo, o resultado social irá aproximar-se do equilibio que iria prevalecer se todo, os atores fossem sofisticados.

Argumento 4. Seleção natural.

Suponhamos que haja "populações" diferentes de pessoas definidas por suas reaçõesdiversas quando se defrontam com a mesma situação. Além disso, suponhamosque, quando as decisões são tomadas e as recompensas ou penalidades são distribuídas, os indivíduos menos bem-sucedidos sejam eliminados. A longo prazo, os mais bem sucedidos são reforçados, e o resultado se Yaproxima da escolha ótima sem qualquer cálculo consciente de meios e fins porparte das pessoas envolvidas"

Da exemplo dos políticos que tentam maximizar seus votos, eles terão maior taxa de sobrevivencia do que aqueles que não o fazem.

ELE CRITICA ESSE ARGUMENTO!

Esse enfoque evolucionista adota os pressupostos mais frágeis sobre asmotivações e cálculos dos indivíduos. Na verdade; atribui toda a explicação afatores ambientais.

Argumento 5. Estatística.

Para tornar as coisas mais concretas, suponhamos que a racionalidade seja um componente pegueno mas sistemático de qualquer individuo, e que todas asoutras influências sejam distribuídas aleatoriamente. O componente sistemático possui uma magnitude x, e o elemento aleatório é normalmente distribuídocom uma variância [faz uma conta lá, com uma margem de erro de ação e coisa e tal].

[...]Isso pode ser comprovado por propriedades estatísticas da média: adecisão racional que admitimos ser apenas um "componente pequeno mas sistemático" aproximou-se, pelo indivíduo médio de nossa amostra, a um fator de mil vezes, da do indivíduo aleatório. Portanto, a analise da escolha racional pode ser totalmente imprecisa no que se refere a indivíduos específicos, mas bastante exata no que concerne à média individual"

~ Há duas objeções a esse argumento! Mas ele refuta as duas ~ [...] Em segundo lugar, a confiabilidade da abordagem da escolha racional não reside somente no argumento reside nos cinco argumentos apresentados. Cada argumento é mais

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geral porém mais fraco do que o anterior. Todavia, tomados em conjunto, delineiam o leque de casos em que é legítima a abordagem da escolha racional.

Resumindo, a abordagem da escolha racional possui um indiscutívelapelo normativo. Também demonstrei que possui um valor positivo.

afirmo que constitui uma aproximação legitima dos processos reais [...]Além disso, existem razões de aprendizado, de evolução e de estatística pelas quais o pressuposto do comportamento otimizador (racional) éapropriado.

“pressupostos de domínio”: A escolha racional não pode pretender explicar todo o comportamento humano. Somente o comportamento em situações abrangidas pelos meus cinco argumentos pode constituir o domíniodas aplicações sensatas da escolha racional. [por ex o caso de ações tomadas de modo racional mas sem estar numa situação interativa –num jogo].

AS VANTAGENS DO ENFOQUE DA ESCOLHA RACIONAL

Em particular, no que concerne ao tema deste livro, por que se surpreender quando as pessoas fazem escolhas subótimas, etentar explicar tais escolhas por intermédio dos jogos ocultos? Porque não aceitar a irracionalidade ou pressupor até o ultimo ponto a racionalidade?

O cientista social que admite que os atores se comportam de maneiraracional efetua uma redução e ao mesmo tempo formula uma declaração de propósitos. Efetua-uma redução porque substitui uma série de processos, tais como o aprendizado, a cognição, ou mecanismos de seleção social, por seusresultados. Não afirma que os processos reais que as pessoas utilizam para tomar suas.decisões racionais são as fórmulas matemáticas empregadas na teoriada decisão, ou na teoria dos jogos, mas que essas fórmulas conduzem os cientistas, de maneira simples e sistemática, aos mesmos resultados.

A abordagem da escolha racional centra-se nas coerções impostas aos atores racionais - as instituições de uma sociedade. Parece paradoxal que o enfoque da escolha racional nao esteja preocupado com os indivíduos ou atores e centre sua atenção nas instituições políticas e sociais. A razão desse paradoxo é simples:

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assume-se que a ação individual é uma adaptação ótima a um ambiente institucional e se sustenta que a interação entre os indivíduos é uma resposta otimizada na relação recíproca entre ambos. Assim, as instituições predominantes (as regras do jogo) determinam o comportamento dos atores, os quais, por sua vez, produzem resultados políticos ou sociais

Vantagens desse enfoque:

1) Clareza e parcimônia teóricas. Talvez a vantagem comparativa mais óbvia de meu enfoque resida em sua clareza e parcimônia teóricas. As explicações são colocadas em termos institucionais, contrapostas a termos de psicologia ou do processo cognitivo. Os resultados são expostos mais como escolhas deliberadas do que como erros [...]A incongruência entre ateoria e a realidade é atribuída mais à inadequação da teoria que a erros dos atores. Dessa forma, o enfoque da escolha racional presta-se a empíricos mais estritos do que a maioria dos outros enfoques teóricos.

2) Análise de equilibrio. Uma importante conseqüência metodológicada concepção da escolha racional, e que é um tema recorrente ao longo do livro, é a estática comparada. Considera-se que fenômenos sociais ou políticosrecorrente estao em equilibrio, e as propriedades desses equilíbrios são estudadas e comparadas. O comportamento "em equilíbrio" significa que os atores envolvidos num curso de ação recorrente são considerados desprovidos dequaisquer incentivos para desviar-se desse rumo. Tal pressuposto é um corolário direto do pressuposto de racionalidade: se um ator racional tivesse um incentivo para desviar-se (ou seja, melhorar suas condições) de seu comportamento anterior, esse comportamento seria por definição não-ótimo.Os argumentos de equilíbrio são empregados de três formas diferentes. Em primeiro lugar, são empregados para descobrir o comportamento ótimo dos atores.Na segunda forma, os argumentos de equilíbrio são utilizados para responder a questões condicionais e conduzir aa analises testáveis empiricamente. Seum dos parâmetros do modelo mudar-então um ator poderá modificar seu comportamento em resposta a essa mudança; essa mudança de estratégia pode levaro oponente a mudar a sua estratégia; e isso levará o primeiro ator a outras modificações e assim por diante. A análise do equilíbrio ajuda-nos a prever o resultado final desse processo infinito.Em terceiro lugar, os argumentos de equilíbrio são utilizados para eliminar explicações alternativas.

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