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ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA 1º TEN ART LUCAS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA O USO DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO NO ADESTRAMENTO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA Rio de Janeiro 2020

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ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA

1º TEN ART LUCAS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA

O USO DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA DO EXÉRCITO

BRASILEIRO NO ADESTRAMENTO DA ARTILHARIA ANTIAÉREA

Rio de Janeiro 2020

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ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA

1º TEN ART LUCAS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA

O USO DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO NO ADESTRAMENTO DA ARTILHARIA ANTIÉREA

Rio de Janeiro 2020

Trabalho acadêmico à Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, como requisito para a Pós-Graduação lato sensu em especialização em operações militares, com ênfase em Defesa Antiaérea e Defesa do Litoral.

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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DETMil

ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA (Centro de Instrução de Artilharia de Costa / 1934)

DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

FOLHA DE APROVAÇÃO

Autor: 1º Ten Art LUCAS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA

Título: O USO DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA DO EXÉRCITO BRASILEIRO NO ADESTRAMENTO DA ARTILHARIA ANTIÉREA

Trabalho acadêmico apresentado à Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, como requisito para a Pós-Graduação lato sensu em especialização em operações militares, com ênfase em Defesa Antiaérea e Defesa do Litoral.

BANCA EXAMINADORA

Membro Menção Atribuída

AUGUSTO CESAR RODRIGUES FORTES – Maj Presidente da Comissão

RODRIGO DE BRITTO FALCI - Cap 1º Membro

FELIPE SOARES DA ROCHA CHAVES - Cap 2º Membro e Orientador

LUCAS CONCEIÇÃO DE ALMEIDA – 1º Ten Art Aluno

APROVADO EM ___________/__________/__________ CONCEITO: _______

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O USO DO SISTEMA DE SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA DO EXÉRCITO

BRASILEIRO NO ADESTRAMENTO DA DEFESA ANTIAÉREA.

1º Ten Lucas Conceição de Almeida1

RESUMO

A simulação trata-se de uma importante ferramenta de avaliação e adestramento e

vem cada vez mais ganhando seu espaço no tocante ao adestramento de pessoal. As

ocasiões em que os militares conseguem aprimorar suas técnicas individuais para a

execução de sua função devem ser o máximo aproveitadas, sendo que o sistema de

simulação também deve ser constantemente aperfeiçoado para proporcionar ao

usuário a máxima efetividade em seu adestramento. É realizada uma abordagem

sobre a inserção do sistema artilharia antiaérea nos exercícios de simulação

construtiva realizados pelos centros de adestramento, com o intuito de subsidiar a

pesquisa e atingir a meta, que consiste em aperfeiçoar o sistema de simulação para

uma melhor participação da defesa antiaérea no contexto dos exercícios. Promover o

desenvolvimento da capacidade decisória nas questões que envolvem proteção

antiaérea é fundamental para o estudo de situação do comandante e de seu estado

maior, uma vez que os meios de artilharia antiaérea promovem a segurança de pontos

sensíveis e instalações vitais, contra vetores aéreos inimigos. Para alcançar o objetivo

citado foi realizada uma pesquisa bibliográfica buscando esmerilar propostas para a

melhor implementação do sistema artilharia antiaérea nos exercícios de “jogos de

guerra” realizados nos centros de adestramento.

Palavras-chave: Simulação, Defesa Antiaérea, Adestramento, Capacidade decisória.

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RESUMEN

La simulación es una importante herramienta de evaluación y graduación y está

progresando cada vez más en términos de formación de los militares. Las ocasiones

en que los militares son capaces de mejorar sus técnicas individuales para el

desempeño de su función deben aprovecharse al máximo, y el sistema de simulación

también debe mejorarse constantemente para brindar al usuario la máxima efectividad

en el entrenamiento. Se aborda la inserción del sistema de artillería antiaérea en los

ejercicios de simulación constructiva que realizan los centros de formación, con el fin

de subsidiar la investigación y lograr el objetivo, que es mejorar el sistema de

simulación para una mejor participación de la defensa antiaérea en la contexto de los

ejercicios. Promover el desarrollo de la capacidad de decisión en materias de

protección antiaérea es fundamental para el estudio de la situación del comandante y

su estado mayor, ya que la artillería antiaérea significa promover la seguridad de

puntos sensibles e instalaciones vitales frente a vectores aéreos enemigos. Para

lograr el objetivo mencionado, se realizó una búsqueda bibliográfica buscando afinar

propuestas para la mejor implementación del sistema de artillería antiaérea en los

ejercicios de “juegos de guerra” que se realizan en los centros de entrenamiento.

Contrasenãs: Simulacion, Defensa Antiaérea, Entrenamiento, Capacidad de decisión.

1 Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), ano de 2017.

Pós-graduado (lato sensu) em Ciências Militares com ênfase na especialização em Artilharia Antiaérea pela Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea (EsACosAAe), 2020

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1 INTRODUÇÃO

A evolução do mundo para a era digital, proporcionou diversas

transformações para as áreas do conhecimento principalmente pela inserção de

novas tecnologias que geraram novas compreensões e aperfeiçoaram tácnicas de

aprendizado. Um grande exemplo disto é a utilização de simuladores que atualmente

vem ganhando grande espaço na educação. Nas Forças Armadas sua utilização se

faz cada vez mais essencial, visto que as vantagens da utilização de simuladores é

algo que proporciona beneficios e economia de diversos meios.

Existem cinco funções para a simulação, são elas: ferramenta de pesquisa,

instrumento de ensino, método de planejamento, ferramenta de suporte á decisão e

método de seleção de pessoal (KLEIBOER, 1997), sendo que este estudo se

concentra na função “ferramenta de suporte à decisão”, cujo objetivo é utilizar os

problemas simulados dos exercícios de simulação para adestrar o pessoal de modo a

aperfeiçoar a capacidade decisória destes, no intuito de melhor prepará-los para uma

situação real.

Neste contexto, o Exército Brasileiro (EB) é um amplo explorador desta

tecnologia e busca cada vez mais aperfeiçoá-la internamente, uma vez que o uso do

simulador permite a repetição de determinadas tarefas por diversas vezes antes de

empregar o verdadeiro material, garantindo assim a preservação do equipamento e

custos com manutenção, evita também a ocorrência de acidentes por se tratar de um

ambiente virtual e controlado onde a inexperiência dos usuários não acarreta em

perdas ou degradações; e a economia de munição ou combustível que propicia mais

horas de uso por um custo significamente menor.

A Artilharia continua a ser um meio nobre e um poderoso fator para a

decisão do combate, e a Defesa Antiaérea (DA Ae) é uma peça fundamental no que

diz respeito à Batalha Aérea, sendo primordial para a proteção de pontos sensíveis.

Assim, este artigo visa realizar uma análise acerca da inserção da Artilharia

Antiérea (AAAe) nos exercícios de simulação construtiva do EB, em que se busca

adestrar os comandantes de Unidade e seus Estados – Maiores.

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1.1 PROBLEMA

Esta pesquisa direciona-se para a elaboração de linhas de métodos que

auxiliem e incrementem os processos de adestramento por via da simulação,

particularmente a simulação construtiva, aquela que se dirige para o adestramento

de comandantes e seus estados-maiores.

Dessa forma visa-se ampliar o alcance dos benefícios que os exercícios

de adestramento geram para seus usuários, uma vez que o sistema Artilharia

Antiaérea possui vários níveis hierárquicos e que basicamente atuam

independentes, busca-se então otimizar os sistemas de simulação virtual

empregando também outros escalões, além do nível operacional.

Face a isto, pode-se gerar o seguinte questionamento: Quais soluções

podem ser empregadas para que os exercícios de simulação virtual, onde hajam

escalões de defesa antiaérea, abranjam outros níveis de comando no intuito de

melhorar o adestramento do sistema defesa antiaérea e que englobe a capacitação

de vários outros militares além dos comandantes e estados-maiores?

1.2 OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

- Verificar as vantagens que o emprego da simulação construtiva gera para o

adestramento da D AAe.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Apresentar as oportunidades de melhorias nos sistemas de simulação construtiva; - Traçar métodos de simulação para vários níveis.

1.3 JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES

- O presente artigo visa incrementar o processo de adestramento através da

simulação, buscando aperfeiçoar os exercícios, de forma, a buscar um aumento na

produtividade;

- Fornecerá métodos de simulação que abranja outros níveis além do operacional;

- Apresentará propostas de exercícios que irão melhor capacitar os escalões

responsáveis pela defesa antiaérea.

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2 METODOLOGIA

Buscar-se-á realizar uma pesquisa analítica/bibliográfica, com a busca em

manuais outros estudos científicos e pesquisas documentais, realizando uma leitura

analítica. Utilizar-se-á também um breve questionário de onde será extraído

oportunidades de melhorias e propostas para a adequação dos exercícios de

simulação construtiva. Após estes será realizado um fichamento com a extração de

dados para que seja feita uma conclusão.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

Os aspectos positivos que a utilização da simulação do combate

apresenta são de fato motivadores para seu largo emprego, principalmente aquele

que diz respeito à economia de recursos, a utilização da simulação como ferramenta

efetiva no treinamento das tropas integrantes do Exército Brasileiro ganha cada vez

mais projeção, proporcionando, como Peres apresenta em seu trabalho (2017, p.

14), um adestramento capaz de atender todos os níveis de capacitação, abrangendo

a instrução individual, a capacitação de equipes e, também, a capacitação de

comandantes.

A simulação militar é dividida em Simulação Viva, Virtual e Construtiva. No

tocante Simulação viva, são envolvidos elementos reais, operando armamentos reais

que, com o apoio de sensores, permitem simular os efeitos dos engajamentos. Na

Simulação Virtual, são envolvidos agentes reais, operando sistemas de armas,

veículos ou aeronaves através do uso de simuladores. Já a Simulação Construtiva,

envolve o emprego de tropas simuladas. Esta modalidade é também conhecida pela

designação de “jogos de guerra” e seu emprego principal é no adestramento de

comandantes e estados-maiores, particularmente no processo de tomada de decisão

(BRASIL, 2014).

Neste contexto a simulação construtiva, alvo da pesquisa, é utilizada para

o adestramento de comandantes e seus estados-maiores, utilizando unidades

simuladas com determinado nível de inteligência artificial em ambiente controlado,

um dos maiores fatores motivadores para a realização deste tipo de exercício é a

economia de meios para a obtenção de certo nível de adestramento.

2.2 COLETA DE DADOS

Para obter-se dados seguros referente a utilização da simulação

construtiva, foi utilizado um questionário direcionado aos militares do CA – LESTE.

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IDENTIFICAÇÃO

QUESTIONAMENTOS: RESPONDER “SIM”, “NÃO” ou “EM PARTE”

ENTREVISTA COM MILITARES DO CA – LESTE (Simulação Construtiva)

O presente instrumento é parte integrante do artigo científico do 1º Ten Art Lucas

Conceição de Almeida, cujo tema é O uso do sistema de simulação construtiva do Exército Brasileiro no adestramento da Artilharia Antiaérea. Pretende-se, através da compilação dos dados coletados, fornecer subsídio para um direcionamento mais preciso do avanço tecnológico e doutrinário de que necessita o Exército Brasileiro (EB) para o seu emprego nos próximos anos.

A fim de conhecer as necessidades operacionais dos militares, o senhor foi selecionado, dentro de um amplo universo, para responder as perguntas deste questionário. Solicito-vos a gentileza de respondê- lo o mais completamente possível.

A experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa, colaborando nos estudos referentes ao desenvolvimento e distribuição de materiais de emprego militar que aumentem a eficiência das pequenas frações do EB. Será muito importante, ainda, que o senhor complemente, quando assim o desejar, suas opiniões a respeito do tema e do problema.

Desde já agradeço a colaboração e coloco-me à disposição para esclarecimentos através dos seguintes contatos:

Lucas Conceição de Almeida (1º Tenente Artilharia – AMAN 2017) Celular: (21) 96848-9057 E-mail: [email protected]

1. Posto/graduação e Nome-de-guerra, Experiências profissionais na área de

simulação e Cursos e Estágios inerentes à área de estudo (sfc).

2. Nos exercícios dos “Jogos de Guerra” que são realizados pelo CA – LESTE

existe a previsão de defesas antiaéreas para pontos sensíveis e tropas

estacionadas ou em movimento?

3. Existe a Organização para o Combate aos escalões nível: Bateria de AAe e

Seção de AAe para o reforço à elementos desprovidos de DAAe ?

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4. Baseado numa FTC o escalão de Apoio Logístico planeja suprimento e

manutenção aos escalões de AAe, visto que tais apoios a estes elementos são

de caráter especializado?

5. Quando estabelecido um Teatro de Operações, existe a previsão de defesas

AAe para os PC dos exercícios?

6. Nas ocasiões de Operações Ofensivas do exercício, existe a atribuição de

meios antiaéreos para os elementos de manobra?

7. Há a simulação de ataque de eletrônico aos meios de AAAe? Caso positivo,

existem meios disponíveis para o combate aos referidos ataques?

8. Baseado numa FTC, existe a simulação de coordenação entre os escalões

de AAAe do EB e os meios de defesa aérea da FAB para atuação em conjunto

visando a manutenção da superioridade aérea?

9. O Sr. possui alguma sugestão ou oportunidade de melhoria relacionados ao

emprego da Defesa Antiaérea nos Jogos de Guerra?

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3 DISCUSSÃO E RESULTADOS

3.1 DISCUSSÃO

O tema central do presente trabalho é verificar se os exercícios de

simulação construtiva realizados no âmbito do EB, geram o efeito de adestramento

desejado no que tange ao sistema Artilharia Antiaérea.

Quanto à natureza, o artigo caracteriza-se como uma pesquisa do tipo

aplicada, pois o objetivo é gerar conhecimentos para a aplicação prática sendo

possível utilizar como suporte e fonte de dados, por ter como base principal as

percepções sobre o tema e a realização de algumas entrevistas com militares

diretamente ligados ao objetivo.

Trata-se de estudo quali-quanti, uma vez que tem como base principal o

método de leitura seletiva do material pesquisado, assim como as percepções sobre

o tema e a realização de algumas entrevistas com militares diretamente ligados ao

objetivo. Tudo isto, com o intuito de formar uma nova literatura atualizada e relevante

sobre o tema.

As principais fontes de pesquisa utilizadas no presente trabalho foram, em

sua maioria, documentos digitais disponíveis na rede internacional, sendo de domínio

público. Foram priorizadas fontes de militares, livros (também disponíveis em fontes

livres na rede), manuais militares e mídia aberta em geral. Os principais instrumentos

de coletas de dados foram as entrevistas e os registros instituicionais.

3.1.1 EMPREGO DA SIMULAÇÃO

Diante das constantes evoluções mundiais pós 2ª Guerra Mundial,

relacionadas ao meio militar, nota-se uma grande preocupação por parte das nações

em estarem cada vez mais aprimorando os métodos de adestramento e preparo de

seus exércitos.

As exigências do combate forçam a contínua modificação de doutrinas e

métodos de combate, que por sua vez, requer a experimentação prática para

certificação e aprovação. Uma alternativa é uso da simulação como meio de avaliação

das táticas, técnica e procedimentos (TTP) a serem adotados.

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Por ser um meio que agrega um custo-benefício considerável, vem

ganhando notabilidade na área de atuação militar.

Apesar de não ser algo tão novo, pois tem-se registros de utilização da

simulação datados do século XIX, somente a partir da década de 90 os meios de

simulação foram sendo aprimorados.

O Exército Brasileiro define a simulação por meio da PORTARIA Nº 249-

EME, DE 20 DE OUTUBRO DE 2014, trazendo o seguinte conceito:

a) Um simulador é um aparelho/programa de computador capaz de reproduzir e simular o comportamento de algum sistema.

b) Os simuladores reproduzem fenômenos e sensações que na realidade não estão ocorrendo. Buscam reproduzir tanto as sensações físicas (velocidade, aceleração, percepção de paisagens) como o comportamento dos MEM ou situações de decisão que se pretende simular, com o objetivo de compor o treinamento de recursos humanos. (BRASIL, 2014, p. 36).

A simulação porporciona diversas vantagens algumas delas são indicadas

por Ferreira:

a) Permitir um aumento da quantidade e qualidade do ensino, instrução e treino, sem desgastar os equipamentos reais.

b) Acesso a um leque alargado de tarefas, cenários e situações disponíveis, algumas delas em condições extremas, o que permite a gradação dos objetivos da formação.

c) Permitir guardar os resultados do desempenho para serem posteriormente revistos, de forma a identificar e quantificar erros e, assim, introduzir as necessárias correções.

d) Permitir tirar um melhor aproveitamento das ações de treino real, quer pela aprendizagem e mecanização das rotinas que permitem uma melhor concentração da atenção naquilo que é essencial, quer pela melhor capacidade de avaliação dos erros.

e) Reduzir o tempo necessário às ações de formação. Reduzir o tempo de emprego de áreas de manobras, exercícios de tiro, etc.

f) Reduzir o desgaste prematuro dos equipamentos reais, consumo de combustíveis e munições e ainda evitar encargos suplementares com manutenção.

g) Desenvolver inicialmente maior número de capacidades nos formandos, de molde que a operação em condições reais se processe com maior eficácia.

h) Permitir colher lições quanto ao emprego de sistemas de armas, unidades e respectivos apoios e procedimentos doutrinários, que estejam em uso. (FERREIRA, 2000).

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3.1.2 SIMULAÇÃO MILITAR

Diante do apresentado, este trabalho tem como escopo verificar a hipótese

dos exercícios de simulação construtiva do Exército Brasileiro, através do

COMBATER, ser uma ferramenta útil para o adestramento da DAAe.

O Exército Brasileiro preza pela manutenção do preparo de seus militares

e busca cada vez mais aprimorar os meios utilizados para este fim. A economia de

recursos finaceiros é um fator que tem sido limitador para diversas áreas de

planejamento e diante deste problema a utilização de softwares de simulação ganhou

espaço nos exercícios de capacitação utilizados para simulação de combate.

A simulação militar pode ser dividida em três tipos:

4.2.3.1 Simulação Viva: modalidade na qual são envolvidos agentes reais, operando sistemas reais (armamentos, equipamentos, viaturas e aeronaves de dotação), no mundo real, com o apoio de sensores, dispositivos apontadores laser e outros instrumentos que permitam acompanhar as ações destes agentes e simular os efeitos dos engajamentos em que eles se envolverem.

4.2.3.2 Simulação Virtual: modalidade na qual são envolvidas agentes reais, operando sistemas simulados, em cenários gerados em computador.

4.2.3.2.1 A Simulação Virtual substitui sistemas de armas, veículos, aeronaves e outros equipamentos cuja operação exige elevado grau de adestramento, ou envolve riscos e/ou custos elevados para sua operação. 4.2.3.2.2 Sua principal aplicação é no desenvolvimento de técnicas e habilidades individuais que permitam explorar os limites do operador e do equipamento.

4.2.3.3 Simulação Construtiva: modalidade que envolve tropas e elementos simulados, operando sistemas simulados, controlados por agentes reais, normalmente em uma situação de comandos constituídos. É também conhecida pela designação de “jogos de guerra”. A ênfase desta modalidade é a interação entre agentes, divididos em forças oponentes, que se enfrentam sob o controle de uma direção de exercício. Seu emprego principal é no adestramento de comandantes e EM, no processo de tomada de decisão, e nas ações para o funcionamento de postos de comando e sistemas de comando e controle. (BRASIL, 2015, p. 4-24-3 EB70-CI-11.410).

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Figura 1: Tipos de Simulação Militar

Fonte: DEFESANET, 2020

Figura 2: Tipos de Simulação Adequado aos Níveis Militares

Fonte: DEFESANET, 2020

O objetivo de cada uma das modalidades é adequar ao grau hierárquico

empregado e proporcionar a maior fidelidade no treinamento relacionado a cada

escalão. O uso de um simulador permite a repetição de determinada tarefa por

diversas vezes antes de empregar o verdadeiro material.

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Para cada diferente tipo de simulação tem-se um determinado fator de

objetivo para avaliação, que se encontra diretamente ligado ao próposito do

aprendizado. Incluso ao processo da aprendizagem está a avaliação, que consiste em

coletar e examinar um conjunto de informações, padrões e grau de desempenho dos

discentes (BRASIL, 2014).

Os simuladores são uma ótima forma de avaliar o preparo profissional

militar, apesar de não expressar toda a situação real do combate, permite a repetição

de tarefas e da margem aos erros, além de exigir um maior desempenho, já que a

maioria dos simulaores requer a utilização das técnicas procedimentais, permitindo

assim o auto-aperfeiçoamento, uma vez que, é relatado em APA (Análise Pós Ação)

a ação que não foi executada de forma correta ou qual fator foi motivador para que

não se atingisse o objetivo.

3.1.3 SIMULADORES NO PROCESSO DE CAPACITAÇÃO DO EB

Em meados da década de noventa deu-se início a intensificação para

implementação da simulação de combate dentro da Força Terrestre num trabalho

conjunto entre a Escola de Comando e Estado Maior (ECEME) e o Comando de

Operações Terrestres (COTER), desenvolvendo softwares para o adestramento de

Grandes Unidades. Diante de todas as vantagens proporcionadas pelos simuladores

e pelos efeitos obtidos na capacitação dos militares, o emprego de simuladores de

diversos tipos se difundiu no âmbito da Força Terrestre e, atualmente, a simulação é

utilizada nas mais diversas áreas operacionais da atividade militar.

Diante de todos os benefícios que tornam a simulação de combate tão

necessária e eficaz nos dias de hoje, podemos ressaltar vários que influenciam

diretamente na melhoria da capacitação militar, tais como: maior eficácia no emprego

das tropas em situações reais, proximidade com as situações de combate e

otimização do tempo investido na instrução. A busca de uma melhor qualificação dos

recursos humanos, exige cada vez mais a melhoria no processo de utilização da

simulação para o treinamento militar, o que impõe para as Forças Armadas uma

atenção cada vez maior para o investimento e busca de processos de melhoria nesta

área, visando maximiar a prontidão e minimizar gastos.

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Observa-se que o emprego de qualquer um dos tipos de simulação, seja

ela Viva, Virtual ou Construtiva, vem sendo uma alternativa para o EB de buscar a

redução de custos, sem prejuízo da capacitação e da prontidão para o combate.

Buscando aprimorar a utilização e o processamento dos softwares de simulação, a

proximidade com a realidade ficará cada vez maior e os benefícios decorrentes das

atividades com essas ferramentas serão diretamente proporcionais as exigências do

combate no que tange a prontidão e o adestramento militar. Entretanto, é sabido que

por maior que seja a evolução das simulações e estas sejam consideradas mais

econômicas e menos perigosas, o treinamento vivo nunca poderá ser totalmente

substituído.

Neste contexto a simulação de combate se torna uma ferramenta essencial

para o apoio à capacitação da atuação de tropas e na eficiência do exercimento do

comando por parte de comandantes e seus estados maiores.

O emprego da simulação é uma atividade presente na maioria dos exércitos

mundiais e sua utilização tem sido satisfátoria diante dos benefícios proporcionados.

3.1.4 SIMULAÇÃO CONSTRUTIVA NO EB

A simulação construtiva tem como objetivo principal capacitar os comandos

e os estados-maiores das Unidades e Grande Unidades que realizam os exercícios.

O processo de tomada de decisão é aperfeiçoado por meio de programas que simulam

o combate como um todo e possibilitam o emprego dos elementos subordinados de

maneira a proporcionar a liberdade de ação daqueles que realizam o exercício. Nesta

modalidade os operadores inserem as decisões no sistema e informam aos

comandantes os resultados obtidos, gerando um novo ciclo de tomada de decisões e

um planejamento para ações futuras.

O Exercício do tipo Simulação Construtiva, também é conhecido pelo termo

"Jogos de Guerra”, tendo sua finalidade já definida anteriormente. O termo “Jogos de

Guerra” refere-se a um exercício tático envolvendo um derteminado efetivo militar e

todo o material bélico de dotação. A operação dos sistemas simulados se dá por

militares designados para tal função, denomidados operadores, que estão divididos

normalmente por comandos constituídos.

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O principal foco desta modalidade é o enfretamento entre agentes,

divididos em forças oponentes que se enfrentam, normalmente a direção do exercício

(DIREX) atua como força oponente, ambas reagindo a problemas militares simulados

apresentando suas soluções e seus planejamentos. Seu emprego principal dentro do

Exército Brasileiro se dá no adestramento de comandantes e estados-maiores,

aprimorando o processo de tomada de decisão, e possibilitando a melhor forma para

o funcionamento de postos de comando e de sistemas de comando e controle,

utilizando o software do Sistema COMBATER.

No quesito simulação construtiva a Força Terrestre atualmente utiliza o

programa COMBATER, um sistema de simulação que foi desenvolvido a partir do

software francês “Sword” pela empresa RustCon.

Este sistema permite a utilização por parte dos escalões nível Unidade,

Brigada e Divisão possibilitando o emprego dos meios disponíveis e o controle

operacional da respectiva área. O aplicativo é programado para que cada elemento

possua determinada independência acerca de ações em níves menores, possuindo

assim uma leve inteligência artificial visando executar missões operacionais de forma

autônomas, garantindo fluidez ao exercício.

A questão doutrinária influencia diretamente nesta resposta tendo como

objetivo aproximar o ambiente para aquilo que seria executado ao tomar algumas

decisões e executar algumas ações de acordo com a doutrina ou modo de ação do

exército configurado no sistema.

Outro aspecto que coopera para o adestramento militar é a interação dos

elementos com o terreno virtual, caracaterizado pelas limitações que são

estabelecidas de acordo com o cenário geográfico por onde as tropas estão

posicionadas, isto tem como obejtivo representar situações táticas e cenários nos

quais irão exigir ação de comando dos usuários visando atingir suas metas e objeitvos.

3.2 RESULTADOS

Com o escopo de subsidiar as propostas para o aperfeiçoamento dos

exercícios de jogos de guerra, foi criado um questionário visando a coleta de opinições

de militares que participaram de maneira direta dos citados exercícios simulados,

visando obter maior produtividade nas correções e propostas a serem inseridas.

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Não

Sim

Em parte

Sim Em parte

Dentre os militares que responderam o questionário, 50% indicaram que

existe a previsão de DAAe para o início do exercício de simulação, 16,67% afirmaram

que existe em parte e 33,33% afirmam não terem visto essa capacidade, conforme o

gráfico abaixo.

PREVISÃO DE DAAE

Sobre o questionamento em relação á organização para o combate da

Artilharia Antiaérea, observa-se que 50% dos militares questionados afirmam haver

em parte tal organização, enquanto a outra metade afirma ter observado o aspecto

considerado, conforme gráfico abaixo.

ORGANIZAÇÃO PARA O COMBATE DA AAAE

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Não

Em parte

Sim

Não

Em parte

Sobre o aspecto logístico, 50% dos militares questionados afirmam que há

uma deficiencia no planejmaento das atividades de manutenção e suprimento do

material de AAAe, enquanto 33,33% afirmam que tal demanda é suprida e 16,67%

afirmam não haver tal previsão, conforme gráfico abaixo.

PREVISÃO DE MANUTENÇÃO E SUPRIMENTO ESPECIALIZADO

Acerca do questionamento sobre ataques eletrônicos simulados, tem-se

que 83,33% dos militars questionados afirmam que não há este tipo de simulação,

enquanto 16,67% dos entrevistados alegam que acontecem em parte, conforme

gráfico abaixo.

SIMULAÇÃO DE ATAQUES ELETRÔNICOS

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Não

Em parte

Sim

Em relação à coordenação e integração dos meios aéreos da FAB e os

meios antiaéreos do EB, 33,33% dos entrevistados afirmam que há coordenação entre

as Forças, 16,67% afirmam não haver e 50% alegam que acontece em parte, sendo

um aspecto a ser melhorado. Tais dados são demonstrados no gráfico abaixo.

COORDENAÇÃO ENTRE EB E FAB

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresentado teve como objetivo analisar as capacidades de

adestramento dos militares que compôem o sistema Artilharia Antiaérea, utilizando

como ferramenta a simulação construtiva, e após minuciosa análise da coleta de

dados, propor uma melhor aplicabilidade da Artilharia Antiaérea, para futuros

exercícios simulados.

Tendo como objetivo principal um adestramento mais eficaz e satisfatório

dos militares em função deste sistema de proteção.

Constatou-se que há uma falha no quesito apoio logístico uma vez que os

materiais de artilharia antiaérea necessitam de manutenção e suprimento de caráter

iminentemente especializado, visto a gama de aparelhos e módulos eletrônicos.

Uma solução para a eventual falha seria inserir dentro da situação tática,

nos exercícios de simulação, a OM responsável por determinado apoio logístico, que

no caso seria um Batalhão de Manutenção e Suprimentos de AAAe para cada Brigada

de Artilharia Antiaérea existente no contexto da manobra simulada.

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Outro aspecto importante é o emprego da guerra eletrônica por parte dos

elementos de AAAe presentes na manobra. O fato de utilizar o espectro

eletromagnético de maneira constante faz com que as medidas (MAGE, MAE e MPE)

sejam frequentes, sendo necessário então, que tais medidas estejam em condições

de atuação, contando com todas as possibilidades e dispositivos de guerra eletrônica,

tanto de ataque como de apoio e proteção. Sendo ainda possível contar com o apoio

de unidades especializadas nestas ações, por exemplo o 1º Batalhão de Guerra

Eletrônica.

Para alcançar e garantir a superioridade aérea é necessário que haja

extrema coordeção entre os meios aéros de defesa e os meios antiaéreos, pois a

atuação dos elementos de AAe está diretamente condicionada à Medidas de

Coordenação e Controle do Espaço Aéreo que são estabelecidas através de

coordeção entre Força Aérea e Força Terrestre. Sendo essencial então, para a

eficiência do adestramento das D AAe, a simulação de tal ordenação, sendo um fator

fundamental a existência de um efetivo de militares da FAB simulando a constituição

de um COAT que é o orgão responsável pela coordenação e estabelecimento de

MCCEA.

A Artilharia Antiaérea se constitue de um meio nobre para o combate, pois

é um elemento fundamental para a proteção de tropas e de pontos sensíveis servindo

também como componente dissuasor para garantir que o espaço aéreo não seja

utilizado pelo inimigo e para que haja extrema eficiência destes elementos no combate

ou em situação de não guerra é necessário que os adestramentos ocorram de forma

eficiente e abrangendo as diversas possibilidades de atuação, tal objetivo se antige

utilizando como ferramenta a simulação contrutiva que paulatinamente se aperfeiçoa

em adestrar os militares.

__________________

COAT: Centro de Operações Aéreas do Teatro

MCCEA: Medidas de Coordenação e Controle do Espaço Aéreo

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5 REFERÊNCIAS

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BRAGA, Mariluci; Realidade Virtual e educação. Revista de Biologia e Ciências da

Terra. Volume I. Sergipe, 2001.

BRASIL. Ministério da Defesa. MD33-M-02: Manual de abreviaturas, Siglas, Símbolos

e Convenções Cartográficas das Forças Armadas. 3ªed. Brasília, DF, 2008.

. . . EB70-MC-10.231: Defesa Antiaérea. 1ªed. Brasília, DF, 2017.

. . . EB70-MC-10.235: Defesa Antiaérea nas Operações.

1ªed. Brasília, DF, 2017.

. . . Portaria Nr 55, de 27 de março de 2014e. Aprova a

Diretriz para o Funcionamento do Sistema de Simulação do Exército Brasileiro - SSEB

(EB20-D-10.016). Brasília, DF.

CASON, Rebecca (2009). Industry on a roll. Double-digit growth predicted for

M&S training over 10 years. Training & Simulation Journal, December2008/January

2009, p. 38-40.

FERREIRA, Rui Manuel Da Silva; A SIMULAÇÃO COMO PARTE DO TREINO

OPERACIONAL. Monografia Apresentada À Secção De Ensino De Táctica Do Curso

De Estado Maior 1998-2000. Instituto De Altos Estudos Militares. Lisboa, 2000.

PIMENTEL, K.; TEIXEIRA, K. VIRTUAL REALITY - THROUGH THE NEW LOOKING

GLASS. 2.ED. NEW YORK, MCGRAW-HILL, 1995.