ESBOÇO DA FORMAÇÃO ECONÔMICA BRASILEIRA

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Para termos uma melhor concepção de como se iniciou o processo de formação da economia brasileira e sua interação com o mundo capitalista atual, precisamos retorna as suas origem (“descobrimento”) e acompanhar seu desenrolar ao longo do tempo. A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. A historia da América está intimamente ligada ao processo de desenvolvimento econômico europeu. O expansionismo que levou os europeus à dominação da América estava baseado em interesses comerciais, ou seja, foi uma das formas de superar as crises dos séculos XIV e XV. Interesses econômicos, como a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas e principalmente romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo que contribuía para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando viável a expansão marítima. Avanços técnicos na arte náutica o aprimoramento dos conhecimentos geográficos; o desenvolvimento de instrumentos náuticos e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, possibilitou esta empreitada. Portugal foi à primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é explicado pela sua centralização política que, era condição primordial para as Grandes Navegações. O início da ocupação econômica do território brasileiro é em boa medida uma conseqüência da pressão política exercida sobre Portugal pelas demais nações européias. Para tornar mais efetiva a defesa de seu quinhão, foi-lhe necessário reduzir o perímetro deste. Demais, fez-se indispensável criar colônias de povoamento de reduzida importância econômica com fins de abastecimento e de defesa. Coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização econômica das terras americanas. Somente assim seria possível cobrir os gastos de defesa dessas terras. Das medidas políticas que então foram tomadas resultou o início da exploração agrícola das terras brasileiras, acontecimento de enorme importância na história americana. Para melhor organizar a colônia, o rei resolveu dividir o Brasil em capitanias hereditárias. O território foi dividido em 12(doze) faixas de terras doadas aos donatários. Estes podiam explorar os recursos da terra, mas ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar. O açúcar era um produto de grande aceitação na Europa onde alcançava grande valor. Após as experiências positivas de cultivo na Região Nordeste do Brasil, já que a cana se adaptou bem ao clima e ao solo, teve início o plantio em larga escala. Seria uma forma de Portugal lucrar com o comércio do açúcar, além de começar o povoamento do Brasil. Para extrair lucro máximo na atividade açucareira, Portugal favoreceu a criação de plantations destinadas ao cultivo de açúcar. Essas plantations consistiam em grandes expansões de terras (latifúndios) controladas por um único proprietário (senhor-de-

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UM ESBOÇO DE COMO SE INICIOU A ECONOMIA BRASILEIRA.

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  • Para termos uma melhor concepo de como se iniciou o processo de formao

    da economia brasileira e sua interao com o mundo capitalista atual, precisamos

    retorna as suas origem (descobrimento) e acompanhar seu desenrolar ao longo do tempo.

    A ocupao econmica das terras americanas constitui um episdio da

    expanso comercial da Europa. A historia da Amrica est intimamente ligada ao

    processo de desenvolvimento econmico europeu. O expansionismo que levou os

    europeus dominao da Amrica estava baseado em interesses comerciais, ou seja, foi

    uma das formas de superar as crises dos sculos XIV e XV. Interesses econmicos,

    como a necessidade de ampliar a produo de alimentos, em virtude da retomada do

    crescimento demogrfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de

    moedas e principalmente romper o monoplio exercido pelas cidades italianas no

    Mediterrneo que contribua para o encarecimento das mercadorias vindas do Oriente.

    A aliana rei-burguesia possibilitou o alcance destes objetivos tornando vivel a

    expanso martima.

    Avanos tcnicos na arte nutica o aprimoramento dos conhecimentos

    geogrficos; o desenvolvimento de instrumentos nuticos e a construo de

    embarcaes capazes de realizar viagens a longa distncia, possibilitou esta empreitada.

    Portugal foi primeira nao a realizar a expanso martima. Alm da posio

    geogrfica, de uma situao de paz interna e da presena de uma forte burguesia

    mercantil; o pioneirismo portugus explicado pela sua centralizao poltica que, era

    condio primordial para as Grandes Navegaes.

    O incio da ocupao econmica do territrio brasileiro em boa medida uma

    conseqncia da presso poltica exercida sobre Portugal pelas demais naes

    europias. Para tornar mais efetiva a defesa de seu quinho, foi-lhe necessrio reduzir o

    permetro deste. Demais, fez-se indispensvel criar colnias de povoamento de reduzida

    importncia econmica com fins de abastecimento e de defesa. Coube a Portugal a

    tarefa de encontrar uma forma de utilizao econmica das terras americanas. Somente

    assim seria possvel cobrir os gastos de defesa dessas terras. Das medidas polticas que

    ento foram tomadas resultou o incio da explorao agrcola das terras brasileiras,

    acontecimento de enorme importncia na histria americana. Para melhor organizar a

    colnia, o rei resolveu dividir o Brasil em capitanias hereditrias. O territrio foi

    dividido em 12(doze) faixas de terras doadas aos donatrios. Estes podiam explorar os

    recursos da terra, mas ficavam encarregados de povoar, proteger e estabelecer o cultivo

    da cana-de-acar.

    O acar era um produto de grande aceitao na Europa onde alcanava grande

    valor. Aps as experincias positivas de cultivo na Regio Nordeste do Brasil, j que a

    cana se adaptou bem ao clima e ao solo, teve incio o plantio em larga escala. Seria uma

    forma de Portugal lucrar com o comrcio do acar, alm de comear o povoamento do

    Brasil.

    Para extrair lucro mximo na atividade aucareira, Portugal favoreceu a criao

    de plantations destinadas ao cultivo de acar. Essas plantations consistiam em grandes

    expanses de terras (latifndios) controladas por um nico proprietrio (senhor-de-

  • engenho). Esse modelo de economia agrcola, orientado pelo interesse metropolitano,

    acabou impedindo a ascenso de outras atividades para fora dos interesses da economia

    portuguesa.

    Porm estas capitanias, criadas por D. Joo III, enfrentaram vrios problemas

    os colonos passaram por grande dificuldade, pois a cana-de-acar exigiu muita mo-

    de-obra, a soluo inicial foi escravido indgena, expedies conhecidas como

    bandeiras foram realizadas a fim de buscar os ndios em fuga nos mais longnquos

    territrios, isso acabou contribuindo para alargamento dos limites das possesses

    portuguesas. Porm, o ndio se mostrou um "mau trabalhador", at os jesutas acabaram

    se opondo escravido dos indgenas. Portugal precisou ento, do brao africano. Os

    negros vinham nos navios "negreiros", tambm chamados de "tumbeiros", dada a

    quantidade de pessoas que morriam durante a travessia do atlntico, devido s ms

    condies de higiene, fome, sede, doenas, e superlotao dos pores dos navios. Com

    isso seu custo acabava saindo alto.

    Com as grandes propriedades aucareiras estabelecidas na colnia seu

    elemento central o engenho, que era a fbrica onde se rene as instalaes para a

    manipulao e o preparo do acar, porm este termo passa a englobar toda a

    propriedade aucareira. A sede administrativa do engenho fixava-se na casa-grande,

    local onde o senhor-de-engenho, sua famlia e demais agregados moravam. A senzala

    era local destinado ao precrio abrigo da mo-de-obra escrava. As terras eram em

    grande parte utilizadas na formao de plantations, tendo uma pequena parte destinada a

    uma restrita policultura de subsistncia e extrao de madeiras.

    Alcanando a segunda metade do sculo XVII, vemos que o triunfo alcanado

    pelo acar j no era mais o mesmo. Nessa poca, os holandeses foram expulsos da

    regio Nordeste principal plo de fabricao do acar brasileiro para empreender o

    cultivo de cana-de-acar nas Antilhas. Nesse contexto, Portugal no conseguiu fazer

    frente ao preo e qualidade mais competitiva do acar antilhano. De tal modo, a

    produo aucareira entrara em crise.

    Apesar de Portugal conseguir manter grande parte de domnios conquistados,

    no suporta essa situao por muito tempo, e seu sistema colonial que tem como base o

    pacto colonial comea a entrar em declnio. Isso por grande presso do capitalismo

    industrial que vem substituindo o antigo capitalismo comercial.

    O monoplio comercial favorecia apenas as metrpoles que lucravam

    duplamente revendendo os produtos coloniais Europa e as manufaturas europias s

    suas colnias. Esta poltica monopolista, entretanto, prejudicava tanto a burguesia

    quanto as elites coloniais, e, assim, o desenvolvimento do moderno capitalismo

    industrial acelerou a crise do antigo sistema colonial mercantilista.

  • E a quebra do pacto colonial e sua substituio pelo livre comrcio s poderia se fazer

    atravs da independncia das colnias em relao s antigas metrpoles.

    No Brasil esse processo ocorreu de forma peculiar, em janeiro de 1808,

    Portugal estava preste a ser invadido pelas tropas francesas comandadas por Napoleo

    Bonaparte. Sem condies militares para enfrentar os franceses, o prncipe regente de

    Portugal, D. Joo, resolveu transferir a corte portuguesa para sua mais importante

    colnia, o Brasil.

    Contou, neste empreendimento, com a ajuda dos aliados ingleses. Depois da

    chegada da famlia real duas medidas de Dom Joo deram rpido impulso economia

    brasileira: a abertura dos portos e a permisso de montar indstrias que haviam sido

    proibidas por Portugal anteriormente.

    Abriram-se fbricas, manufaturas de tecidos comearam a surgir, mas no

    progrediram por causa da concorrncia dos tecidos ingleses. Bom resultado teve, porm,

    a produo de ferro com a criao da Usina de Ipanema nas provncias de So Paulo e

    Minas Gerais.

    Outras medidas de Dom Joo estimularam as atividades econmicas do Brasil

    como: construo de estradas; os portos foram melhorados; foram introduzidas no pas

    novas espcies vegetais, como o ch; promoveu a vinda de colonos europeus; a

    produo agrcola voltou a crescer. O acar e do algodo, passaram a ser primeiro e

    segundo lugar nas exportaes, no incio do sculo XIX.

    Assim diferente das outras colnias na Amrica que lutaram pala ruptura do

    pacto colonial com sua metrpole, o Brasil deixa de ser colnia com a transferncia da

    corte portuguesa e eleva-se a Reino Unido a Portugal e Algarves. Neste perodo surgiu o caf, novo produto, que logo passou do terceiro lugar

    para o primeiro lugar nas exportaes brasileiras. A exportao brasileira do caf

    comeou a crescer a partir de 1816. Na dcada de 1830-1840, o produto assumiu a

    liderana das exportaes do pas, com mais de 40% do total; o Brasil tornou-se, em

    1840, o maior produtor mundial de caf. Na dcada 1870-1880, o caf passou a

    representar at 56% do valor das exportaes. Comeou ento o perodo ureo do

    chamado ciclo do caf que durou at 1930; no final do sc. XIX, o caf representava

    65% do valor das exportaes do pas, chegando a 70% na dcada de 1920.

    O chamado "ciclo do caf" teve repercusses econmicas e sociais importantes

    no Brasil. A expanso da lavoura levou ampliao das vias frreas, principalmente em

    So Paulo; os portos do Rio de Janeiro e de Santos foram modernizados para sua

    exportao; a necessidade de mo-de-obra trouxe imigrantes europeus, principalmente

    depois da Abolio dos escravos; o caf foi o primeiro produto de exportao

    controlado principalmente por brasileiros, possibilitando o acmulo de capitais no pais.

    Em conseqncia, criou-se um mercado interno importante, principalmente no Centro-

    Sul, que foi o suporte para um desenvolvimento sem precedentes das atividades

    industriais, comerciais e financeiras. O caf, sobretudo, consolidou a hegemonia poltica

    e econmica do Centro-Sul, transformando-o na regio brasileira onde o

    desenvolvimento capitalista foi pioneiro e mais acentuado.

    A crise internacional de 1929 exerceu imediatamente um duplo efeito na

    economia brasileira: ao mesmo tempo em que reduziu a demanda internacional pelo

    caf brasileiro, pressionando seus preos para baixo, impossibilitou ao governo

    brasileiro tomar emprstimos externos para absorver os estoques excedentes de caf,

    devido ao colapso do mercado financeiro internacional. Todavia, o governo no poderia

    deixar os produtores de caf a sua prpria sorte e vulnerveis os efeitos da grande crise;

    o custo poltico de uma atitude como essa seria impensvel para um governo que ainda

  • estava se consolidando no poder. Por isso, a partir deste perodo, o Estado brasileiro

    passou a desempenhar um papel ativo na economia nacional.

    A ruptura, ocasionada pela Revoluo de 1930, com o Estado tipicamente

    oligrquico brasileiro assinala o impulso para a reestruturao das relaes entre o

    Estado que se instala propriamente burgus, e a sociedade. Comea-se a criar, a partir

    desse momento, as condies para a conformao de um novo sistema em termos

    polticos, econmicos, sociais e culturais, que representasse os contedos e interesses da

    burguesia emergente.

    Porm, as polticas econmicas desse perodo sempre variavam, ora no sentido

    nacionalista, ora segundo as determinaes da dependncia. Pode-se dizer que a poltica econmica governamental dos anos 1945-50 serviu principalmente aos

    interesses mais imediatos da empresa privada, nacional e estrangeira.

    A partir da instalao do regime militar em 1964, observa-se o fortalecimento

    do Poder Executivo, a interferncia crescente do poder pblico em praticamente todos

    os setores do sistema econmico nacional e a expanso da tecnoestrutura estatal,

    consubstanciada na grande elaborao de planos, programas, criao de rgos pblicos

    e de fundos de financiamento, isso implica na formao de novos grupos sociais, como

    por exemplo, os tecnocratas.

    O incio dos anos 80 marca o fim de um ciclo de crescimento da economia

    brasileira que vinha desde meados dos anos 50, o Estado nacional desenvolvimentista

    foi, ao longo da dcada de 80, perdendo sua eficcia e seu poder de rbitro dos

    interesses pblicos e privados, fato fundamental para a crise do padro de

    desenvolvimento que levou o pas a um prolongado perodo de crescimento e

    industrializao, e tambm para o ingresso numa era em que as polticas so orientadas

    pelo capitalismo internacional.

    Assim temos um quadro da formao da economia brasileira, tendo uma melhor

    concepo dos fatos que ajudaram a compor nossa economia, que continuar sofrendo

    transformaes ao longo da existncia da sociedade.