Era assim todo fim de tarde Depois de estudar, a criançada ... · Depois de estudar, a ... Mas em...
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Era assim todo fim de tarde... Depois de estudar, a criançada saía toda pra rua
para brincar e se divertir muito.
Virava uma bagunça só. Os meninos jogavam bola na rua.
As meninas... umas brincavam nas calçadas com suas bonecas e outras faziam
brincadeiras de roda, e ficavam ali girando e cantando musiquinhas por muuuuito
tempo. Ouvia-se dizer que aquela era a rua mais animada do bairro.
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Mas em toda rua tem que ter um que se acha o rei da cocada preta, né? Acho até
que ele queria ser o reizinho mandão... O nome desse reizinho era Luquinhas, e sempre
que aparecia, todas as crianças da rua ficavam muito amedrontadas. Queria mandar nas
brincadeiras e só brincava quem ele queria que brincasse. Adorava brincar de xerife, e
quando ele queria... todo mundo tinha que brincar também.
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Nesta rua movimentada, na varanda de uma casa com cores bem vivas e bonitas,
sempre se sentava um menino chamado Dinho. Ele ficava ali escutando tudo o que
acontecia lá na rua.
Isso mesmo! Dinho só escutava, porque o menino não enxergava. O garoto dizia
para sua mãe que um dia queria brincar também, mas as outras crianças nem ligavam
para ele. O menino Ficava muito triste por não poder estar lá, e como se não bastasse,
ainda, o sapeca do Luquinhas, vivia chamando Dinho de “ceguinho”.
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Mesmo quando Dinho não estava na varanda, o Luquinhas passava na frente da
casa dele cantando:
-Lélo, lélo, lélo o ceguinho não me pega...
O reizinho da cocada preta era muito peralta, e fazia as outras crianças zoarem
com Dinho também.
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Certa vez, todos saíram como de costume no fim da tarde para brincar. Mas
tinha algo diferente naquele dia. De repente todos pararam de brincar por um
momento... Luquinhas que estava mais uma vez zoando com o Dinho, foi o primeiro a
notar que havia uma nova coleguinha e já foi logo perguntando:
- Quem é você?
- Meu nome é Joaninha, e vim jogar bola com vocês.
- Mas meninas não jogam bola! E por isso não vou deixar não.
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Joaninha que adorava jogar bola, vivia montando timinho com seus outros
amiguinhos da rua em que ela morava. Ficou muito muito zangada com Luquinhas e
deu uma “bicuda” tão forte, mas tão forte na bola, que ela foi parar direto na varanda do
Dinho.
Joaninha, mais que depressa, correu até lá e pediu:
-Me devolva a bola por favor?
Luquinhas que duvidava que Dinho poderia brincar, disse:
-Ele não vai conseguir te dar a bola porque não sabe brincar, ele é ceguinho!
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Dinho pediu para que Joaninha falasse com ele, e seguindo o som da voz
dela atirou a bola. Todos ficaram admirados, pois a bola foi parar direto nas mãos de
Joaninha.
-Ei garotinho! Você quer brincar comigo? Disse Joaninha.
-Quero sim. Respondeu Dinho.
Joaninha segurou nas mãos do Dinho, e os dois saíram brincando com a
bola. Luquinhas não acreditava no que estava vendo. O garotinho que não enxergava,
chutava mais forte do que ele.
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Todas as crianças da rua acharam muito legal o Dinho jogando bola, e lá
foram todos brincar com Dinho e Joaninha. O Luquinhas ficou sozinho, sem nenhum de
seus amigos.
Dinho era o melhor na brincadeira da cabra-cega, pegava todo mundo. E
no telefone-sem-fio, não errava uma, pois Dinho por não enxergar escutava muito bem.
Imaginem só! Agora não havia mais brincadeiras na rua sem antes chamarem Dinho e
Joaninha.