Epilepsia e crise convulsiva

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�Relatos de epilepsia datam de 2000 a.C. em textos de origem babilônica. O termo EPILEPSIA, de termo grego, significa literalmente “fulminar”, “abater com surpresa”. O povo usava-o por acreditar que as crises eram causadas por um demônio e assim a epilepsia tornou-se uma doença sagrada. Esta é a base para os mitos e medos (com vestígios nos dias de hoje) que a cercam e que influenciam as atitudes populares no sentido de dificultar ainda mais o alcance de uma vida normal para os portadores da mesma.

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A epilepsia fora muito bem identificada por Hipócrates (400 a.C.) considerado o pai da medicina e, mais tarde, por Galeno (175 d.C.). Estes pensadores foram os primeiros da antiguidade a deduzirem que a epilepsia tinha origem em anomalias decorrentes do cérebro, ainda assim, não foram capazes de alterar o pensamento popular daquela época e durante a idade média, mais precisamente entre os séculos XV e XVI, a Santa Inquisição perseguiu e condenou à morte muitos epiléticos considerados loucos e hereges.

Hipócrates

Galeno

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A epilepsia não tem barreiras sociais, étnicas, geográficas, etárias ou sexuais e é o transtorno neurológico crônico grave mais comum. Ela também apresenta problemas sociais e econômicos, tornando-se assim um problema de saúde pública.

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Crises Convulsiva:

Ocorrência de sinais e/ou sintomas transitórios decorrentes de atividade neuronal excessiva ou síncrona no cérebro. Esses sinais ou sintomas incluem fenômenos anormais súbitos e transitórios tais como alterações da consciência, ou eventos motores, sensitivos/sensoriais, autonômicos ou psíquicos involuntários percebidos pelo paciente ou por um observador.

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Epilepsia:

É um distúrbio cerebral caracterizado pela predisposição persistente em gerar crises epilépticas e pelas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais desta condição. A definição de epilepsia requer a ocorrência de pelo menos uma crise epiléptica (ILAE 2005).

Porém, uma crise isolada não é sinônimo de epilepsia.

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Estima-se que acometa 60 milhões de pessoas no mundo e que a cada ano somem-se aproximadamente 3 milhões de novos casos.

Existem entre 1.1 a 1.7 vezes mais homens do que mulheres com epilepsia.

1 em cada 20 pessoas pode ter um ataque epiléptico uma vez na vida.

Crianças e idosos apresentam maior taxa de incidência. 1% da população dos países desenvolvidos são acometidos

pela epilepsia. Nos países em desenvolvimento 2% da população é

acometida pela epilepsia

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A etiologia é muito variada, incluindo causas genéticas e adquiridas

Segundo sua etiologia as epilepsias se classificam em:

Epilepsias Idiopáticas: problemas de carga genética

Epilepsias Sintomáticas: associadas a enfermidades e patologias adquiridas

Epilepsia Criptogênica: sem causa identificável

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Epilepsias Idiopáticas: Herança poligênica em síndromes

generalizadas de ocorrência frequente

Herança monogênica em síndrome focais de rara ocorrência

Epilepsias Sintomáticas: Malformações, enfermidades

cerebrovascular, trauma encefálico, tumores cerebrais, infecções do SNC, degenerativas, outras

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Descargas neuronais excessivas e síncronas em determinada população neuronal

Alteração das correntes iônicas a nível neuronal

Entrada de sódio e cálcio: despolarização neuronal e aumento da excitabilidade

Saída de potássio: hiperpolarização dos dendritos com diminuição da excitabilidade

Alteração dos receptores de neurotransmissores, por sua vez associada a canais iônicos (Glutamato, GABA)

Ocorre excitação excessiva pelo Glutamato ou falta de inibição do GABA

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GLUTAMATO - ácido L-glutamato

Importante neurotransmissor excitatório do cérebro. Atua tanto através dos receptores acoplados aos canais iónicos (receptores ionotrópicos: AMPA, NMDA e Cainato) como a receptores acoplados a proteína G (receptores metabotrópicos)

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GABA - ácido gama-aminobutírico:

Principal neurotransmissor inibitório do cérebro. ▪ GABAA - receptor do GABA, que ao ser ativado permite

o influxo de cloreto pela membrana

celular.

▪ GABAB - receptor do GABA,

que é ligado por meio da

proteína G aos canais de

potássio. também impede a

abertura dos canais de sódio.

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Existem basicamente dois tipos de epilepsia:

I. Crises Parciais (Focais)

II. Crises Generalizadas

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Nas epilepsias parciais, os impulsos atingem um grupo específico de neurônios e sua manifestação depende do local atingido. Se for na área motora, o paciente apresentará, durante a crise, movimentos convulsivos dos membros. Caso a parte atingida seja a região visual, ele verá pontos luminosos. Mas existem ainda crises parciais, quando o paciente apresenta ausências momentâneas de consciência.

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Nas epilepsias generalizadas o cérebro sofre uma espécie de curto-circuito geral, e o paciente costuma ter convulsões.

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I. Crises Parciais (Focais) a - Parciais Simples

b - Parciais Complexas

c - Secundariamente Generalizada

II. Crises Generalizadas a - Ausência (pequeno mal)

b - Mioclônicas

c - Clônicas

d - Tônicas

e - Tônico - Clônicas (grande mal)

f - Atônicas

III. Crises Não Classificadas

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I. Crises Parciais (Focais)

a - Parciais Simples

b - Parciais Complexas

c - Secundariamente Generalizada

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Sem comprometimento da consciência Atinge uma parte do cérebro

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Com sintomas: Motores - incluindo jacksoniana, versiva e postural

Sensitivos - somatossensitivo, visual, auditivo e olfativo

Autonômicos

Psíquicos - incluindo disfasia, alucinatórios e alterações afetivas

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Com comprometimento parcial ou total da consciência:

Início como parcial simples seguida por comprometimento da consciência

Com comprometimento da consciência desde o início

Com automatismos

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De parcial simples para secundariamente generalizada De parcial complexa para secundariamente generalizada De parcial simples evoluindo para uma crise parcial complexa

e depois para uma generalização secundária

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Antes do começo de uma crise algumas pessoas experimentam uma sensação chamada “AURA”. Ela pode ocorrer com antecedência que possibilite à pessoa tomar medidas preventivas quanto a possíveis lesões provocadas pelas crises.

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O tipo de aura varia entre as pessoas. Algumas sentem uma mudança na temperatura corporal, outros ouvem um som, um gosto estranho ou curioso odor. Se a pessoa consegue fazer uma boa descrição de sua aura isso pode ajudar o médico a descobrir em que região do cérebro ocorre a descarga inicial.

Uma aura pode ocorrer sem ser seguida por uma crise e, em alguns casos, ela mesma pode ser classificada como sendo um tipo de “crise parcial simples”.

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Experiências relacionadas a memória como a sensação de “já visto”

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II. Crises Generalizadas

a - Ausência (pequeno mal)

b - Mioclônicas

c - Clônicas

d - Tônicas

e - Tônico - Clônicas (grande mal)

f - Atônicas

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Origem em ambos os hemisférios cerebrais ao mesmo tempo Sem qualquer início focal detectável

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Infância e adolescência Lapso súbitos e breves da consciência - 10 a 30 segundos Pode ocorrer várias vezes ao dia Pode ser imperceptível à criança e aos pais Manifestações motoras discretas com automatismo orais,

manuais, piscamento, aumento ou diminuição do tono muscular

Remissão espontânea na adolescência em 60% a 70% Não há alterações neurológicas

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Ausência atípica:

Perda da consciência mais demorada

Início e fim menos bruscos

Automatismo mais evidentes

Associado à alterações neurológicas

Respondem menos a anticonvulsivantes

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Contração muscular súbita e breve semelhantes a choque Uma parte ou todo o corpo Aparecem de forma isolada ou repetida Ocorrem após privação do sono, ao despertar e ao

adormecer Associada a:

Distúrbios metabólicos

Doenças degenerativas do SNC

Lesão cerebral anóxica

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Abalos clônicos repetitivos comprometendo a consciência

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Contração muscular mantida com duração de poucos segundos a minutos

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Tipo de crise mais frequente, em 10% dos epilépticos Perda abrupta da consciência Contração tônica e depois clônica dos quatro membros Sialorréia, liberação esfincteriana, apnéia e mordedura de

língua “Grito epiléptico”: ar expulso pela glote fechada Período pós-crítico: confusão mental e sonolência

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Fases:

Tônica: contração tônica de todo o corpo. Dura de 10-20s (“grito epiléptico”, cianóse, mordedura da língua)

Clônica: períodos de relaxamento que aumentam progressivamente. Dura 1 min

Recuperação: volta ao estado de alerta. 10-30 min (flacidez muscular, salivação excessiva, confusão mental e recuperação gradual da consciência)

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Fases:

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Há perda súbita do tono muscular postural. Dura 1-2s Breve perda da consciência Crise:

Breve: queda da cabeça

Prolongada: queda lenta se o indivíduo estiver em pé

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III. Crises Não Classificadas

Se incluem neste grupo todas as crises que por dados incompletos ou inadequados as impossibilite de classificar em alguma das categorias descritas anteriormente

Especialmente na infância

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Febre Suspensão abrupta das DAE's (Drogas Antiepilépticas) Fadiga física Ingestão de álcool Privação de sono Hiperventilação (respiração forçada) Emoções (relacionadas à preocupação, alegria, tristeza,

irritação e outras).

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I. Epilepsias e síndromes relacionadas com a localização

I.1. Idiopáticas (com início relacionado a idade) ▪ Epilepsia benigna da infância com paroxismos centro-temporais

▪ Epilepsia benigna da infância com paroxismos occipitais

▪ Epilepsia primária da leitura

I.2. Sintomáticas ▪ Epilepsias do lobo temporal, frontal, parietal e occipital

▪ Epilepsia parcial contínua crônica progressiva da infância

▪ Síndrome com crises com fatores precipitantes

I.3. Criptogênicas

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II. Epilepsias e síndromes generalizadas

II.1. Idiopáticas (com início relacionado a idade) ▪ Convulsão neonatal benigna (familiares ou não)

▪ Epilepsia mioclônica benigna do lactente

▪ Epilepsia infantil ou juvenil com ausência

▪ Epilepsia mioclônica juvenil

▪ Epilepsia com crises tônico-clônica ao despertar

▪ Outras epilepsias generalizadas idiopáticas

▪ Epilepsia com crises precipitadas por modos específicos de ativação

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II. Epilepsias e síndromes generalizadas

II.2. Criptogênicas ou Sintomáticas ▪ Síndrome de West (espasmos infantis)

▪ Síndrome de Lennox-Gastaut

▪ Epilepsia com crises mioclônico-astáticas

▪ Epilepsia com ausências mioclônicas

II.3. Sintomáticas ▪ Encefalopatia mioclônica precoce

▪ Encefalopatia epiléptica precoce com auto-supressão

▪ Crises decorrentes de outros estados patológicos

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III. Epilepsias e síndromes indeterminadas, focais ou generalizadas Crises neonatal

Epilepsia mioclônica grave do lactente

Epilepsia com ponta-onda contínua durante o sono lento

Epilepsia afasia adquirida

outras epilepsia indeterminadas

IV. Síndromes especiais (crises relacionadas com a situação) Convulsões febris

Crises isoladas ou estado de mal-epilético isolado

Crises que resultam apenas de perturbações metabólicas ou

tóxicas agudas (ex: álcool, fármacos)

*ILAE International League Against Epilepsy (1989)

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O diagnóstico de epilepsia é fundamentalmente clínico

Por isso é muito importante a descrição detalhada das crises

Dão suporte e permitem confirmar o diagnóstico:

Estudo eletrofisiológico (EEG e vídeo-EEG)

Imagens cerebrais (tomografia e ressonância magnética)

Estudo de laboratório

Estudo genético

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Tratamento Clínico

Tem por finalidade evitar as crises e assegurar ao paciente as condições de uma vida social a mais próxima possível da normal. Baseia-se em medicamentos que não estão desprovidos de efeitos secundários, devendo ser adaptados à forma da epilepsia, sua gravidade e sua tolerância individual.

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Tratamento Cirúrgico

Interrupção das vias nervosas ao longo das quais se espalham os impulsos que transmitem as crises.

Remoção da área cerebral responsável pela produção das crises. ▪ Lobectomia: destina-se a remoção de um dos lobos cerebrais.

▪ Hemisferoctomia: remoção de quase um dos hemisférios do cérebro.

▪ Calosotomia: corta-se a ponte onde passam as fibras que conectam uma metade cerebral com a outra (corpo caloso) impedindo a difusão das crises.

▪ Ressecções subpiais múltiplas: Consiste em praticar pequenas incisões no cérebro impedindo a difusão dos impulsos responsáveis pelas crises.

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Estimulador do Nervo Vagal

É colocado um estimulador elétrico à bateria no subcutâneo do paciente semelhante um marcapasso cardíaco, que a determinados intervalos provoca estimulação do nervo vago do lado esquerdo do pescoço. O procedimento é caro por que o aparelho é importado e necessita de procedimento cirúrgico para sua implantação.

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Dieta Cetogênica

Tem sido utilizada no tratamento de epilepsia refratária na infância. consiste em submeter a criança a uma dieta rica em gorduras e pobre em hidrato de carbono e adequada em proteínas para provocar uma condição chamada de cetose

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Eficácia: Capacidade da droga para controlar as crises Tolerância: Incidência, gravidade e o impacto dos efeitos

adversos das DAE’s Efetividade: Eficácia e tolerância as DAE’s que se reflete na

adesão ao tratamento

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Antiepiléticos de primeira geração:

Fenobarbital, fenitoína, primidona, etosuximida, benzodiazepínicos, carbamazepina, e valproato

Antiepiléticos de segunda geração:

Felbamato, gabapentina, lamotrigina, tiagabina, topiramato, oxcarbazepina, leviracetam, zonisamida , vigabatrina e outras

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Aumento da atividade sináptica inibitória Diminuição da atividade sináptica excitatória

Controle da excitabilidade da membrana neuronal e da

permeabilidade iônica

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Considerações especiais: Dos hormônios femininos, o estrogênio facilita o

aparecimento das crises, enquanto a progesterona diminui. Portanto, nos dias antes da menstruação pode aumentar o risco das mesmas

Gravidez em uma mulher epilética deve ser sempre considerado como gravidez de alto risco

Alguns medicamentos antiepiléticos podem aumentar o risco de malformações na gravidez

Aleitamento materno não é contra-indicado, aconselhando-se a tomar a medicação dividida em doses menores

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Primeiro não se desesperar; depois seguir o passo a passo: A testemunha, amigo ou familiar deve colocar a pessoa

deitada, com algum apoio na cabeça (roupa ou almofada) e com a cabeça virada de lado (para evitar engasgos com saliva ou vômitos);

Não tentar puxar a língua do paciente ou enfiar dedos na boca: no momento da crise, a força e rigidez do paciente pode machucar os dedos de quem tentar fazer isso!

Esperar e tentar arejar o ambiente, pois em geral as crises duram poucos minutos. Se a crises demorar mais do que o Habitual, transportar o paciente em ambulância e levar imediatamente ao hospital.

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EPILEPSIA

Não tem explicação

religiosa

Não é contagiosa

Não é doença

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Lucy França

Tacianna Lins

Renata Tassya

Renata Mirelle

Rafaela Ingridy