EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt...

61
LAURA HELENA FRANÇA DE BARROS BITTENCOURT EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES ATENDIDAS NO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE DOS MUNICÍPIOS DE PALOTINA E JESUÍTAS, PARANÁ, BRASIL. LONDRINA 2011

Transcript of EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt...

Page 1: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

LAURA HELENA FRANÇA DE BARROS BITTENCOURT

EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES ATENDIDAS NO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE DOS MUNICÍPIOS DE PALOTINA E JESUÍTAS, PARANÁ,

BRASIL.

LONDRINA 2011

Page 2: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

LAURA HELENA FRANÇA DE BARROS BITTENCOURT

EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES ATENDIDAS NO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE DOS MUNICÍPIOS DE PALOTINA E JESUÍTAS, PARANÁ,

BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (Área de Concentração em Sanidade Animal) da Universidade Estadual de Londrina como requisito para obtenção do título de mestre. Orientador: Prof. Dr. Italmar Teodorico Navarro

LONDRINA 2011

Page 3: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

Catalogação elaborada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da

Universidade Estadual de Londrina.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

B624e Bittencourt, Laura Helena França de Barros.

Epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviço público

de saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil / Laura Helena

França de Barros Bittencourt. – Londrina, 2011.

59 f. : il.

Orientador: Italmar Teodorico Navarro.

Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade Estadual de Londrina,

Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal,

2011.

Inclui bibliografia.

1. Toxoplasma gondii – Teses. 2. Toxoplasmose – Gravidez – Teses. 3. Doenças

parasitárias em gestantes – Teses. 4. Toxoplasmose – Epidemiologia – Teses.

5. Doenças congênitas – Teses. I. Navarro, Italmar Teodorico. II. Universidade

Estadual de Londrina. Centro de Ciências Agrárias. Programa de Pós-Graduação

em Ciência Animal. III.Título.

CDU 616.993.192.1

Page 4: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

LAURA HELENA FRANÇA DE BARROS BITTENCOURT

EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES ATENDIDAS NO SERVIÇO PÚBLICO DE SAÚDE DOS MUNICÍPIOS

DE PALOTINA E JESUÍTAS, PARANÁ, BRASIL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (Área de Concentração em Sanidade Animal) da Universidade Estadual de Londrina como requisito para obtenção do título de mestre.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dr. Italmar Teodorico Navarro Universidade Estadual de Londrina

____________________________________ Profa. Dra. Marivone Valentim Zabott

Universidade Federal do Paraná Campus Palotina

____________________________________ Profa. Dra. Fabiana Maria Ruiz Lopes-Mori

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 06 de Abril de 2011.

Page 5: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Zoonoses e Saúde Pública do

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva, Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Estadual de Londrina, no Laboratório Parzianello de Cascavel, no

CISCOPAR/Laboratório 20ª Secretaria Regional de Saúde de Toledo, no Laboratório

São Camilo de Maringá, e nas Secretarias de Saúde dos municípios de Palotina e

Jesuítas, como requisito parcial para a obtenção do titulo de Mestre pelo Programa

de Pós-Graduação em Ciência Animal – Área de Concentração Sanidade Animal,

sob orientação do Prof. Dr. Italmar Teodorico Navarro.

OS RECURSOS FINANCEIROS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO

FORAM OBTIDOS JUNTO AS AGÊNCIAS E ÓRGÃOS DE FOMENTO A

PESQUISA:

1. PROPPG: PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA

2. SETI: SECRETARIA DE ESTADO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E ENSINO

SUPERIOR

3. SESA: SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

4. FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

5. CAPES: COORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL DE NÍVEL

SUPERIOR

6. SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE PALOTINA - PR

7. SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE JESUÍTAS – PR

Page 6: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

A Deus, criador de toda vida.

Ao Alexandre, esposo e companheiro.

Ao meu filho amado Cauã, minha grande inspiração.

A todas as gestantes que participaram da pesquisa.

Page 7: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

AGRADECIMENTOS

A Deus e meu Senhor Jesus Cristo, por abençoar cada etapa desse projeto.

Ao orientador e mestre Dr. Italmar Teodorico Navarro, pela confiança, amizade, motivação e

ensinamentos.

Ao Alexandre, pelo amor, apoio, compreensão e dedicação para comigo e com o nosso

pequeno Cauã, principalmente nos dias que estive viajando.

Ao Cauã, pelo seu amor e pelos momentos de alegrias e descontração .

Aos meus pais, Ana e Pedro, pelo amor e incentivo em todos os momentos dessa trajetória.

Às vovós, Ana e Neli, por cuidarem do Cauã com amor e carinho na minha ausência.

À minha querida amiga Rita, por me receber sempre com carinho e atenção.

A mestra profª. Dra. Marivone Valentim Zabott, pela amizade, incentivo, conselhos e auxílio

na realização desse trabalho.

À amiga Dra. Fabiana Maria Ruiz Lopes-Mori, pela disposição em ajudar, hospedagem,

orientação, auxílio na realização do projeto e sugestões na correção desse trabalho.

À profª. Dra. Regina Mitsuka-Breganó, pela amizade, esclarecimento de dúvidas, auxílio na

realização do projeto e correção deste trabalho.

Á Profª. Dra. Roberta Lemos Freire, pela amizade, pelas conversas, pelas sugestões e auxílio

na correção deste trabalho.

Aos professores do programa de pós-graduação da UEL, pelos ensinamentos.

Aos colegas de curso, pelo apoio e trocas de conhecimentos.

Page 8: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

Aos Secretários de Saúde Marcos Fernandes Câmara, de Jesuítas, e Nissandra Karsten,de

Palotina, por acreditarem e implantarem o Programa de Vigilância da Toxoplasmose

Adquirida na Gestação e Congênita.

Às equipes das Secretarias de Saúde de Palotina e Jesuítas, por contribuírem na execução

desse projeto. Em especial às enfermeiras Letícia, Michele, Caren, Jéssica, Vanessa e ao

enfermeiro Luiz, pela dedicação e auxílio na aplicação dos questionários epidemiológicos.

Ao Dr. Eurico Camargo Neto, do Centro de Triagem Neonatal de Porto Alegre, pela atenção

e a realização da triagem neonatal.

Às gestantes, de Palotina e Jesuítas, que forneceram informações para esse estudo.

A todos que contribuíram para a realização desse trabalho.

Page 9: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

BITTENCOURT, L. H. F. B. Epidemiologia da Toxoplasmose em Gestantes Atendidas no Serviço Público de Saúde dos Municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil. 2011. 59 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

RESUMO

A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, sendo os felídeos os

hospedeiros definitivos e o homem, outros mamíferos e aves, os hospedeiros intermediários.

A infecção é comum no homem e nos animais, mas as manifestações clínicas dependem de

alguns fatores como a resposta imune do hospedeiro, a virulência da cepa e quantidade do

inóculo. Em indivíduos imunocompetentes a infecção é assintomática na maioria dos casos,

mas em indivíduos imunodeprimidos e nos fetos pode ser altamente patogênica. Apesar da

infecção estar disseminada em grande parte do mundo, há variações na prevalência da

infecção em humanos e animais de acordo com a região estudada. Em gestantes, também é

observada uma grande variação na prevalência da toxoplasmose, seja de um país para o outro

ou dentro do próprio país. O objetivo deste estudo foi determinar as características

epidemiológicas em gestantes atendidas pelo Serviço Público de Saúde a partir da

implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e Congênita

nos municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil. Foram analisadas 356 amostras de soro

no município de Palotina por meio da pesquisa de anticorpos IgG anti-T. gondii pela técnica

de ensaio imunoenzimático (ELISA) (Dia.Pro®) e a pesquisa de anticorpos IgM anti-T. gondii

foi realizada pela técnica de ELISA de captura (Dia.Pro®

) no período de julho de 2009 a

outubro de 2010. Em Jesuítas a pesquisa de anticorpos IgG e IgM anti-T. gondii foi realizada

por meio da técnica enzimaimunoensaio por micropartículas (MEIA) (Abbott®), onde foram

avaliadas as amostras de soro de todas as gestantes (n=66) atendidas pelo Serviço Público de

Saúde do município durante o período de setembro de 2009 a outubro de 2010. Todas as

gestantes que aceitaram participar do estudo assinaram o termo de consentimento livre e

esclarecido e responderam a um questionário epidemiológico, para análise dos fatores

associados ao risco da infecção toxoplásmica. Em Jesuítas também foi realizado a pesquisa de

IgM anti-T. gondii em 27 amostras de neonatos coletadas em papel filtro pela técnica de

fluorometria (NeoToxo IgM®). No inicio do pré-natal todas as gestantes receberam orientação

sobre a toxoplasmose e como evitá-la. As gestantes inicialmente soronegativas repetiram a

sorologia no segundo e terceiro trimestre de gestação. A prevalência de anticorpos IgG anti-

T. gondii nas gestantes de Palotina foi de 59,8% e IgM 1,1%, em Jesuítas foi 60,6% de IgG e

não foi detectado anticorpos IgM. Duas gestantes de Palotina foram submetidas ao teste de

avidez-IgG (Vidas Toxo IgG®), e apresentaram forte avidez indicando infecção crônica. Na

cidade de Palotina, entre as variáveis analisadas, houve associação significativa com o nível

de escolaridade e número de gestações. Não foi encontrada associação com a faixa etária,

procedência, renda per capita, presença de gato, ingestão de carne crua, ingestão de vegetais

crus, hábito de manusear terra/areia, presença de horta na casa. Em Jesuítas não foi observada

associação estatística com nenhuma das variáveis estudadas, e nenhum neonato apresentou

soropositividade para toxoplasmose. Não ocorreu soroconversão em nenhuma das gestantes

dos dois municípios, fato que pode ser atribuído às medidas de educação em saúde realizadas.

Palavras-chaves: Toxoplasmose, congênita, Toxoplasma gondii, prevalência, fatores de risco

Page 10: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1 – Formas de transmissão do Toxoplasma gondii ....................................... 15

Quadro 1 – Prevalência de anticorpos IgG da toxoplasmose em gestantes de várias

regiões do Brasil ....................................................................................................... 17

Quadro 2 – Prevalência de anticorpos IgG em gestantes no mundo ..................... 18

Quadro 3 – Condutas a serem seguidas de acordo com a sorologia da gestante ... 23

Page 11: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Resultado da positividade dos anticorpos IgG e IgM anti- T. gondii ....... 42

Tabela 2 – Resultados da análise das variáveis sociodemográficas associadas a

soropositividade de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii em gestantes atendidas

nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná,

Brasil, 2009-2010 ...................................................................................................... 43

Tabela 3 – Resultados da análise das variáveis hábitos alimentares e de

comportamento associadas a soropositividade de anticorpos IgG anti-Toxoplasma

gondii em gestantes atendidas nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios de

Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil, 2009-2010......................................................... 44

Page 12: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

SUMÁRIO

1 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 12

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

1.2 HISTÓRICO DO TOXOPLASMA GONDII ....................................................................... 13

1.3 BIOLOGIA DO PARASITA .......................................................................................... 14

1.4 EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE ........................................................................ 15

1.4.1 Aspectos Gerais ............................................................................................... 15

1.4.2 Prevalência da Toxoplasmose Gestacional ...................................................... 16

1.4.3 Fatores Associados à Infecção ........................................................................ 18

1.5 TRANSMISSÃO VERTICAL ......................................................................................... 19

1.6 DIAGNÓSTICO MATERNO DA TOXOPLASMOSE ............................................................ 21

1.7 DIAGNÓSTICO FETAL DA TOXOPLASMOSE .................................................................. 23

1.8 TRATAMENTO DA TOXOPLASMOSE ADQUIRIDA NA GESTAÇÃO ...................................... 24

1.9 PREVENÇÃO DA TOXOPLASMOSE ............................................................................. 25

1.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 26

1.11 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 27

2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 35

2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................... 35

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 35

3 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO ............................................................................. 36

3.1 RESUMO ......................................................................................................... 36

3.2 ABSTRACT ......................................................................................................... 37

3.3 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 38

3.4 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 39

3.5 RESULTADOS ......................................................................................................... 41

3.6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 44

3.7 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 48

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 52

Page 13: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

APÊNDICES ............................................................................................................. 53

APÊNDICE A – Questionário Epidemiológico ........................................................... 54

ANEXOS ................................................................................................................... 57

ANEXO A – Aprovação do Comitê de Ética .............................................................. 58

Page 14: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

12

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 INTRODUÇÃO

A toxoplasmose é uma zoonose mundialmente distribuída causada por um

protozoário intracelular, o Toxoplasma gondii , que é capaz de infectar o homem, aves e

mamíferos (FAYER, 1981; JACOBS; LUNDE, 1957).

Apesar da infecção ser comum, as manifestações clínicas dependem de uma

série de fatores, como por exemplo, a resposta imune do hospedeiro e a virulência da cepa

(AMENDOEIRA; COSTA; SPALDING, 1999). Em indivíduos imunocompetentes, na

maioria dos casos, a doença é assintomática, sendo que ocasionalmente podem-se observar

alguns sintomas leves como, linfadenopatia, febre e mal-estar (ELMORE et al., 2010;

TENTER et al., 2000). Já nos indivíduos imunodeprimidos e nos fetos a infecção pode ser

muito grave, causando danos irreparáveis e até a morte (LUFT; REMINGTON, 1992). Mais

de 95% dos casos de encefalite toxoplásmica em pacientes com o vírus da imunodeficiência

humana (HIV) ocorre devido à reativação da infecção latente por T. gondii (FERNANDES et

al., 2009).

A toxoplasmose congênita ocorre quando a gestante adquire a

primoinfecção durante a gravidez e transmite via transplacentária ao feto. O recém-nascido

pode apresentar hidrocefalia, coriorretinite, calcificação intracraniana, hepatoesplenomegalia,

trombocitopenia, microcefalia, convulsões, febre, baixo peso e déficit auditivo, mas na

maioria das vezes, apresentam-se assintomáticos ao nascimento podendo apresentar sequelas

no decorrer da vida (ANDRADE et al., 2008; LIU et al., 2009). A toxoplasmose ocular

apresenta-se como coriorretinite, podendo ocorrer na infecção adquirida ou congênita

(GILBERT et al., 2008; PHAN et al., 2008; TENTER et al., 2000). Porém o envolvimento

retinocoroidal é observado em 85% dos indivíduos infectados e não tratados antes de chegar

na fase adulta. Essa infecção parece ser mais comum e mais severa no Brasil do que na

Europa e América do Norte (GILBERT et al., 2008; VASCONCELOS–SANTOS et al.,

2009).

Page 15: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

13

1.2 HISTÓRICO DO TOXOPLASMA GONDII

O Toxoplasma gondii foi descoberto em 1908 quase que simultaneamente

por Splendore em coelhos no Brasil e por Nicolle e Manceaux em roedores na África do

Norte (NICOLLE; MANCEAUX, 1908; SPLENDORE, 1908). O nome Toxoplasma gondii

foi proposto por Nicolle e Manceaux em 1909, baseado na forma do taquizoíta (toxon = arco;

plasma = vida) e gondii pelo fato do parasita ter sido encontrado em roedor da espécie

Ctenodactylus gundi (NICOLLE; MANCEAUX , 1909).

No ano de 1939, nos Estados Unidos, foi relatado o primeiro caso

comprovado de toxoplasmose congênita, o recém-nascido morreu com 30 dias de vida e

apresentava encefalite, mielite e meningite (WOLF; COWEN; PAIGE, 1939). Em 1942,

Sabin descreveu os sinais clínicos típicos da toxoplasmose congênita (hidrocefalia,

microcefalia, coriorretinite e calcificação intracraniana), conhecidos como tétrade de Sabin

(SABIN, 1942).

A toxoplasmose adquirida foi evidenciada por Pinkerton e Weinman, nos

Estados Unidos em 1940, quando isolaram o parasita em adultos (PINKERTON; WEINMAN,

1940). E em 1941, foi relatado o primeiro caso de toxoplasmose adquirida em criança

(SABIN, 1941).

Em 1950, o T.gondii foi conhecido como causa de doença séria em humanos

devido à transmissão congênita. Com o avanço das técnicas de diagnóstico, e dos testes

sorológicos foi comprovado que a infecção era muito comum em homens e animais em todo o

mundo (DUBEY; JONES, 2008; FERGUSON, 2009). Em 1954, Weinman e Chandler

sugeriram que a transmissão ocorria através da ingestão da carne crua ou mal cozida e

Desmonts e colaboradores (1965) testaram e comprovaram essa hipótese (DUBEY, 2009;

FERGUSON, 2009).

A transmissão pelo carnivorismo e via congênita estava definida, mas ainda

faltava esclarecer como ocorria a transmissão aos herbívoros e vegetarianos. Baseado no

relato de Hutchison (1965) sobre a transmissão fecal-oral em gatos, vários grupos de pesquisa

encontraram oocistos de T. gondii nas fezes de gatos e, em 1970, Frenkel e colaboradores

descreveram o ciclo completo de vida desse parasita, sendo o gato o hospedeiro definitivo e

todos os animais de sangue quente hospedeiro intermediário (BOOTHROYD, 2009;

FERGUSON, 2009; FRENKEL; DUBEY; MILLER, 1970).

No período de 1983 a 2008 grandes descobertas e avanços ocorreram em

relação ao T. gondii, como a biologia básica do parasita, biologia molecular, uso da sorologia

Page 16: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

14

para distinguir infecção crônica e aguda, perspectivas de vacinas atenuadas e outros como

mudança de comportamento do hospedeiro devido a infecção com o parasita (BOOTHROYD,

2009).

1.3 BIOLOGIA DO PARASITA

O parasita pertence ao filo Apicomplexa, classe Sporozoasida, ordem

Eucoccidiorida, família Sarcocystidae, gênero Toxoplasma Nicolle e Manceaux, 1908 e

espécie única, Toxoplasma gondii Nicolle e Manceaux , 1909 (FORTES, 2004).

Esse parasita apresenta três formas infectantes: esporozoítas, taquizoítas e

bradizoítas. Os felídeos durante a primoinfecção eliminam milhões de oocistos juntos com as

fezes, por um período de sete a 21 dias, após o ciclo sexuado que ocorre no epitélio intestinal

desses animais (FRENKEL, 1971). A esporulação ocorre de um a cinco dias após a

eliminação dos oocistos no ambiente, dependendo das condições de temperatura, umidade e

oxigenação. O oocisto infectante apresenta dois esporocistos, e esses apresentam quatro

esporozoítas cada um. No solo podem permanecer viáveis por mais de um ano em local

sombreado e úmido (DUBEY; BEATTIE, 1988). Os oocistos esporulados presentes no

ambiente podem contaminar a água e os alimentos sendo importante via de transmissão da

infecção para o homem, outros mamíferos e aves (AMENDOEIRA; COSTA; SPALDING,

1999; FRENKEL; NELSON; ARIAS-STELLA, 1975).

Os taquizoítas são o estágio de multiplicação rápida e estão presentes na

forma aguda da infecção ocasionando intensa parasitemia. Apresentam mecanismos que

permitem a adesão e penetração nas células hospedeiras por processo ativo. No interior das

células há formação do vacúolo parasitóforo, multiplicação por endodiogenia e

posteriormente, saída do parasita provocando a ruptura dessa célula. Nessa fase ocorre

disseminação do parasita para diferentes tecidos, inclusive a passagem de barreiras teciduais

como a transplacentária, hematoencefálica e hematoretiniana (DUBEY, 2010). Os taquizoítas

podem ser transmitidos pela ingestão do leite de cabra não pasteurizado e para lactentes pelo

leite materno (BONAMETTI et al., 1997), pela via transplacentária, transfusão com papa de

leucócitos, transplante de órgãos e acidentes laboratoriais (DUBEY, 2010).

A formação de bradizoítas ocorre na fase crônica da infecção, sendo

encontrados dentro dos cistos teciduais. Nesse estágio há multiplicação lenta do parasita, o

tamanho do cisto é variável, mas geralmente cisto antigo contém mais bradizoítas e são

Page 17: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

15

maiores (DUBEY; FRENKEL, 1972). Os cistos são comumente formados no cérebro, retina,

músculo esquelético e cardíaco; mas também podem ser encontrados em outros órgãos. Esses

cistos são capazes de permanecer viáveis por toda a vida do hospedeiro e, dessa forma,

transmitir o parasita quando ingeridos em carnes cruas ou mal cozidas (DUBEY, 2010). Após

a ingestão os bradizoítas provocam imediatamente a fase sexuada no intestino do gato

(DUBEY; LINDSAY; SPEER, 1998). A Figura 1 demonstra as formas de transmissão do T.

gondii nas diferentes espécies animais e no homem.

Figura 1 – Formas de transmissão do Toxoplasma gondii

Fonte: MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010

1.4 EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE

1.4.1 Aspectos Gerais

Apesar da toxoplasmose estar disseminada em grande parte do mundo,

apresenta prevalência variada em humanos e animais de acordo com a região considerada

(MILLAR et al., 2008). O T. gondii, ao contrário de muitos parasitas, não se limita apenas às

regiões tropicais e subtropicais, podendo habitar desde regiões mais frias como o Alaska,

Estados Unidos da América, até as mais quentes como o Amazonas, no Brasil. Porém a

infecção é especialmente prevalente na Europa, América do Sul e África (LAGO, 2006;

Page 18: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

16

PETERSON, 2007). A variabilidade da frequência da infecção em diferentes regiões é

atribuída a diversos fatores, como os padrões culturais da população, hábitos alimentares,

idade, local de residência (rural ou urbana) (AMENDOEIRA; COSTA; SPALDING, 1999).

No Brasil já foram observados alguns surtos de toxoplasmose, dentre eles o

ocorrido em Santa Isabel do Ivaí, Paraná, em 2001. Este foi considerado o maior surto de

toxoplasmose. A fonte de infecção foi o reservatório municipal de água resultando em

centenas de casos, incluindo infecção congênita (MOURA et al., 2006). No município de

Guarujá, São Paulo, em 2006, ocorreu um surto pelo do consumo de “steak tartar” (prato

alemão à base de carne moída crua). Entre as dez pessoas que comeram o prato suspeito, seis

adoeceram, sendo uma delas gestante (EDUARDO et al., 2007). No inicio de 2006, na cidade

de Anápolis, Goiás, foi relatado um surto de toxoplasmose envolvendo 61 pessoas, sendo

duas gestantes. Os doentes se infectaram possivelmente por meio da ingestão de quibe cru

comprado num açougue. No mesmo dia esse açougue vendeu quibe cru para uma festa em

Goiânia, Goiás, onde também foi relatado um surto de toxoplasmose (SVS, 2007). Outros

surtos devido a ingestão de quibe cru já haviam sido relatados no Brasil, como o surto que

ocorreu na cidade de Bandeirantes, Paraná, envolvendo 17 pessoas que participaram de uma

festa árabe e consumiram quibe cru de carne de carneiro (BONAMETTI et al., 1997).

1.4.2 Prevalência da Toxoplasmose Gestacional

A prevalência da toxoplasmose no grupo de gestante varia muito de um país

para o outro, inclusive dentro do próprio país. No Brasil, e em outros países, estudos foram

realizados para determinar a prevalência da toxoplasmose em gestantes e como se pode

observar nos Quadros 1 e 2, os resultados são bastante variáveis.

Page 19: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

17

Região Número de

gestantes

analisadas

Prevalência

de IgG (%)

Ano Referências

Natal -RN 190 66,3 2007 BARBOSA; HOLANDA;

ANDRADE-NETO, 2009

Recife - PE 503 74,7 2004-2005 PORTO; AMORIM; SANTOS,

2008

Sergipe - SE 9.550 69 2007 ALVES et al., 2009

Bahia - BA 5.946 64,9 1998-2000 NASCIMENTO et al., 2002

Goiânia –GO 2.242 65,8 1997-1999 AVELINO et al., 2004

Vitória – ES 1.153 73,5 2006 AREAL; MIRANDA, 2008

Miracema – RJ 832 75,1 2003-2006 RIBEIRO; MUTIS;

FERNANDES, 2008

Mato Grosso do

Sul - MS

32.512 91,6 2002-2003 FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005

Noroeste

Paulista

232 57,3 2005-2006 GALISTEU et al., 2007

Curitiba – PR 16.479 53,0 2003-2004 VAZ, 2006

Londrina – PR 5.839 56,6 2003-2004 MANDAI; LOPES; MITSUKA-

BREGANÓ, 2007

Londrina –PR 492 49,2 2006 LOPES et al., 2009

Londrina –PR 634 50,5 2007 MITSUKA- BREGANÓ, 2009

Rolândia –PR 593 55,1 2007-2008 DIAS, 2009

Cambé –PR 576 46,4 2007-2008 LOPES- MORI, 2010

Cascavel –PR 421 53,0 2008-2009 LOPES- MORI, 2010

Caxias do Sul-

RS

458 31,0 2004 DETANICO; BASSO, 2006

Alto Uruguai –

RS

2.126 74,5 1997-1998 SPALDING et al., 2005

Porto Alegre –

RS

10.468 61,1 1998-2003 REIS; TESSARO;

D’AZEVEDO, 2006 Quadro 1- Prevalência de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii em gestantes de várias regiões do

Brasil.

A variação da prevalência encontrada nos diferentes estudos pode ser devida

a diferentes hábitos alimentares das regiões, as variações climáticas e as condições sócio-

demográficas. No Brasil, nos estudos apresentados no Quadro 1, a prevalência variou de 31,%

(Caxias do Sul, Rio Grande do Sul) a 91,6% (Mato Grosso do Sul) (DETANICO; BASSO,

2006; FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005) .

Page 20: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

18

País Número de

gestantes

analisadas

Prevalência

de IgG (%)

Ano Referências

Estados Unidos 2.221 14,9 1999 JONES et al.,2001

Durango -México 343 6,1 2005-2006 ALVARADO-

ESQUIVEL et al., 2006

Durango - México

(área rural)

439 8,2 2007-2008 ALVARADO-

ESQUIVEL et al., 2009

Changchun - China 235 10,6 2006 LIU et al., 2009

Iran 553 44,8 - ABDI et al., 2008

Noruega 35.940 10,9 1992 JENUM et al., 1998

França 13.459 54,3 1995 ANCELLE et al., 1996

Áustria - 36,0 2002 ASPOCK, 2003

Ilha de Creta -

Grécia

5.532 29,4 1998-2003 ANTONIOU et al., 2004

Kent - Reino Unido 1.897 9,1 1999-2001 NASH et al., 2005

República

Democrática de

São Tomé e

Príncipe - Guiné

499 75,2 2003-2004 HUNG et al., 2007

Quadro 2 - Prevalência de anticorpos IgG em gestantes no mundo.

O Quadro 2 mostra que infecção está disseminada por várias regiões do

mundo e que há grande variação da prevalência de anticorpos IgG anti-T. gondii em gestantes,

desde 6,1% em Durango – México (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2006) até 75,2% na

República Democrática de São Tomé e Príncipe – Guiné (HUNG et al., 2007).

1.4.3 Fatores Associados à Infecção

De uma forma geral, o risco da mulher adquirir toxoplasmose durante a

gestação está relacionado a prevalência e número de contatos com uma fonte de infecção

(KASPER, 2002).

No Rio Grande do Sul, segundo Spalding et al. (2005), em gestantes da área

urbana, os fatores associados que influenciaram na ocorrência da toxoplasmose foram:

contato com o solo, contato com gatos, ingestão de carne mal cozida, ingestão de linguiça

caseira, e presença de roedores na casa. Já na área rural, os fatores associados foram o contato

com o solo, ingestão de carne mal cozida, contato com roedores, ingestão de linguiça caseira e

contato com gatos. Nesse estudo foi observado que mulheres da zona rural apresentaram

maior risco da infecção, fato também relacionado a falta de água tratada e de coleta de lixo.

Page 21: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

19

Na cidade de Vitória, Espírito Santo, os fatores associados à aquisição de

toxoplasmose nas gestantes atendidas na rede Municipal de Saúde foram: consumo de carnes

provenientes de feiras livres e menor escolaridade (AREAL; MIRANDA, 2008).

Segundo Lopes et al. (2009), em um estudo realizado em 2006 em gestantes

de Londrina, Paraná, os fatores associados à infecção pelo T. gondii foram: maior faixa etária,

baixa renda per capita, baixo nível de escolaridade, presença de gatos na casa e ingestão de

vegetais crus. Em Rolândia, Paraná, observou que residência em área rural, renda per capita,

baixo nível de escolaridade, consumo de água não tratada, faixa etária, mais de uma gestação

e o hábito de manipular terra ou areia estavam associados ao risco de infecção pelo T. gondii

(DIAS, 2009). Em Cambé e Cascavel, Paraná, a renda per capita foi associada à infecção, já o

baixo nível de escolaridade foi significativo apenas em Cambé e o número de gestações e a

faixa etária em Cascavel (LOPES- MORI, 2010).

Na República Democrática de São Tomé e Príncipe e em Kent, Reino

Unido, foi observado que a idade igual ou superior a 35 anos foi significamente relacionada

com a maior soropositividade à toxoplasmose nas gestantes (HUNG et al., 2007; NASH et al.,

2005). Essa constatação é semelhante a outros estudos realizados (BARBOSA; HOLANDA;

ANDRADE-NETO, 2009; CADEMARTORI; FARIAS; BROD, 2008; DIAS, 2009; LOPES-

MORI, 2010; SPALDING et al., 2005;) e, pode ser devido ao maior tempo de exposição da

gestante aos fatores de risco para a toxoplasmose (HUNG, et al., 2007).

Cook et al. (2000) realizaram um grande estudo de caso-controle em seis

cidades européias (Nápoles, Lausanne, Oslo, Bruxelas, Milão e Copenhague). Para cada

gestante com infecção aguda confirmada (caso) foram incluídas na pesquisa as próximas

quatro gestantes soronegativas (controle). Os fatores associados à infecção toxoplásmica

foram consumo de carne mal cozida de cordeiro, de bovino e carne de caça, contato com o

solo e viagens realizadas para fora da Europa.

1.5 TRANSMISSÃO VERTICAL

Na infecção aguda a gestante apresenta parasitemia temporária, podendo

desenvolver lesões focais na placenta e infectar o feto. A patogenicidade da toxoplasmose

congênita depende da idade gestacional em que a gestante adquiriu a primoinfecção, da

capacidade da resposta imune da mãe e da virulência da cepa do parasita (DESMONTS;

COUVREUR, 1974; FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005).

Page 22: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

20

A transmissão vertical é menos comum em mulheres imunocompetentes

com infecção crônica (DUBEY, 2010). Mas gestantes imunocomprometidas, como as

infectadas pelo vírus HIV, pode ocorrer reativação da infecção crônica com risco de transmitir

o parasita para o concepto (FERNANDES et al., 2009).

Outras formas de transmissão congênita são pela reagudização da infecção

ou reinfecção com o T. gondii. Segundo Andrade e colaboradores (2010), uma mulher com

infecção crônica, que tratou toxoplasmose ocular dez anos antes da concepção, apresentou

quadro clínico de reativação de coriorretinite toxoplásmica no olho esquerdo durante a

gestação, e transmitiu o parasita ao bebê. Durante a gestação, os resultados dos exames

sorológicos da mãe revelaram baixos níveis de IgG e ausência de IgM.

Elbez-Rubinstein et al. (2009) relataram um caso de transmissão congênita

de uma paciente reinfectada, provavelmente, devido ao consumo de carne equina crua

importada. O T. gondii foi isolado do sangue periférico do recém-nascido, pela inoculação em

camundongo, oito dias após o nascimento. A cepa isolada revelou um genótipo muito raro na

Europa, porém descrito na América do Sul. A hipótese de reinfecção por genótipos diferentes

foi testada e, o resultado demonstrou que a imunidade adquirida contra as cepas européias não

confere proteção contra cepas atípicas.

Embora a infecção nas gestantes, na maioria das vezes, se apresente de

forma assintomática, a transmissão ao feto pode ocorrer em 40 a 50% dos casos

(CARELLOS; ANDRADE; AGUIAR, 2008). A idade gestacional durante a infecção

materna influencia na transmissão de taquizoítas para o concepto, conforme mostrado em um

estudo realizado com 603 gestantes com toxoplasmose aguda, o qual se estabeleceu o risco de

transmissão vertical de 6% até 13 semanas de gestação, 40% até 26 semanas, e 72% até 36

semanas de gestação. A transmissão vertical é menor no primeiro trimestre, porém é maior a

chance de sequelas graves no feto (DUNN et al., 1999).

A infecção materna no primeiro trimestre de gestação pode ocasionar a

morte fetal e, no segundo e terceiro trimestre podem resultar em nascimento prematuro,

hidrocefalia, deficiência mental, calcificação intracraniana e coriorretinite (DUNN et al.,

1999; FRENKEL, 2004; SABIN, 1942). A perda auditiva também tem sido relatada como

consequência dessa infecção, com o déficit que pode ser de 20% nos casos de crianças não

tratadas (ANDRADE et al., 2008). É comum, ao nascimento, as crianças com infecção

congênita serem assintomáticas podendo apresentar tardiamente coriorretinite e sequelas

neurológicas (BEVERLEY, 1973).

Page 23: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

21

1.6 DIAGNÓSTICO MATERNO DA TOXOPLASMOSE

Devido à grande maioria das gestantes (mais de 90%) que adquirem

toxoplasmose durante a gestação apresentarem-se clinicamente assintomáticas, devem ser

realizados exames sorológicos para detectar anticorpos anti- T. gondii e assim confirmar a

presença ou ausência da infecção. Porém a interpretação desses testes não é tão simples, pois

os anticorpos podem persistir por anos nos indivíduos (MONTOYA; ROSSO, 2005).

A triagem pré-natal é realizada por meio de exames sorológicos durante a

gestação e algumas regiões brasileiras realizam apenas um exame durante todo período

gestacional. Alguns municípios, por iniciativa própria, implantaram o “Programa de

Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e Congênita”, que estabelece um teste

sorológico a cada trimestre nas gestantes suscetíveis, como por exemplo, os municípios de

Londrina, Rolândia, Cambé, Cascavel, todos do Estado do Paraná (LOPES-MORI, 2010).

Em alguns países como a Áustria, França, Bélgica e Noruega há um

programa de triagem pré-natal, com acompanhamento sorológico das suscetíveis e tratamento

em caso de soroconversão (CARELLOS; ANDRADE; AGUIAR, 2008; REIS; TESSARO;

D`AZEVEDO, 2006).

Os testes sorológicos detectam anticorpos IgG, IgM , IgE e IgA produzidos

pelas gestantes após a exposição ao parasita. Geralmente, após uma ou duas semanas da

infecção pelo T. gondii, surgem os anticorpos IgG que, depois de atingirem um pico, dentre

quatro ou oito semanas, os níveis declinam e permanecem positivos por toda vida do

indivíduo. Já os anticorpos IgM podem aparecer antes dos IgG e apresentar um declínio mais

rápido. Em alguns casos, os níveis de IgM podem ser mantidos por até 18 meses após a

infecção, sendo chamados anticorpos residuais. Por isso a presença desse anticorpo não

significa, necessariamente, infecção recente com se interpretava até o início de 1990. Devido

a esses anticorpos residuais, a interpretação do teste tonou-se mais complexa (FIGUEIRÓ-

FILHO et al., 2005; LEITE et al., 2008; MONTOYA, 2002).

Os anticorpos IgA podem ser encontrados na fase aguda da infecção, mas

devido a sua permanência por meses, esses anticorpos não são utilizados para diagnosticar

infecção aguda em adultos. Porém em recém-nascidos com ausência de IgM, a detecção de

IgA associado à presença de IgG confirmam infecção pelo T. gondii (MONTOYA, 2002).

Atualmente, em mulheres grávidas com IgG e IgM reagentes, para ajudar a

diferenciar infecções recentes das antigas, é utilizado o teste de avidez de anticorpos IgG.

Essa técnica mede a força da ligação da IgG com o antígeno. No entanto, seu maior valor

Page 24: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

22

diagnóstico está em amostras sorológicas das mulheres que se encontram no primeiro

trimestre de gestação. O teste VIDAS® Toxo IgG é um método útil para confirmação de

infecção até 16 semanas de gestação, no qual, um resultado maior que 0,3 significa avidez

forte, portanto infecção há mais de quatro meses; mas se o resultado for menor que 0,2 a

avidez é fraca tratando-se de infecção aguda; resultados entre 0,2 e 0,3 a avidez é

intermediária e a infecção pode ter ocorrido nos últimos seis meses (MERONI; GENCO,

2008; MONTOYA et al., 2002; REMINGTON, 2003).

A finalidade do teste de avidez é confirmar se ocorreu ou não a infecção

aguda, evitando tratamentos desnecessários e o desgaste emocional das pacientes que

apresentem avidez alta nas primeiras 12 a 16 semanas de gestação (FIGUEIRÓ-FILHO et al.,

2005; LAGO, 2007). Mas deve-se ter cuidado ao utilizar essa técnica, pois alguns autores

relataram que a ausência da maturação da IgG pode ser um problema no teste de avidez, a

causa pode estar relacionada a imunossupressão e ao tratamento antiparasitário. Por isso o

teste de avidez deve ser realizada apenas em amostras de gestantes imunocompetentes

(CANDOLFI et al., 2007).

Os resultados normalmente encontrados em testes sorológicos das gestantes,

bem como a sua classificação e conduta a ser seguida pelos profissionais de saúde, segundo

Mitsuka-Breganó, Lopes-Mori e Navarro (2010), podem ser observados no Quadro 3.

O diagnóstico precoce da infecção aguda nas mulheres grávidas permite seu

tratamento com possibilidades de prevenção da infecção fetal ou minimização das sequelas

(CARELLOS; ANDRADE; AGUIAR, 2008; MARGONATO et al., 2007). Os métodos

recomendados para pesquisa de IgG são a imunofluorescência indireta (IFI),

enzimaimunoensaio (ELISA), quimioluminescência, enzimaimunoensaio por micropartículas

(MEIA), enzimaimunoensaio por fluorescência (ELFA) e reação de aglutinação por

imunoabsorção (ISAGA-IgG); e para pesquisa de IgM são ELISA-captura, MEIA, ISAGA-

IgM e ELFA (MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010).

Page 25: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

23

Resultado da sorologia da gestante Classificação da gestante e conduta a ser

seguida pelos profissionais de saúde

IgG e IgM não reagentes Gestante não infectada. Orientar sobre

medidas de prevenção da toxoplasmose por

escrito e verbalmente (relembrar em todas as

consultas). Repetir sorologia no segundo e no

terceiro trimestre.

IgG reagente e IgM não reagente Gestante com infecção pregressa. Investigar

a presença de doenças ou tratamentos que

acarretem imunodeficiência. Se criança

nascer com sinais e sintomas sugestivos de

toxoplasmose congênita, esta não deve ser

descartada devido à possibilidade de re-

infecção ou reagudização.

IgG reagente e IgM reagente Gestante com possível infecção recente.

Realizar teste de avidez-IgG e/ou pesquisa de

IgA na mesma amostra de soro. A

interpretação dependerá da idade gestacional

no momento da coleta da amostra.

IgG não reagente e IgM reagente Gestante possivelmente na fase inicial da

infecção. Deve ser confirmado com nova

sorologia, após 15 dias, para descartar IgM

falso positivo. Quadro 3 – Condutas a serem seguidas de acordo com a sorologia da gestante.

Fonte: Adaptado de MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010.

1.7 DIAGNÓSTICO FETAL DA TOXOPLASMOSE

A importância de fazer o diagnóstico pré-natal da toxoplasmose congênita

consiste na identificação dos fetos infectados e no inicio do tratamento adequado, de acordo

com o período gestacional, para tentar reduzir a frequência e a gravidade da infecção

(COUTO; LEITE, 2004; VIDIGAL et al., 2002).

O diagnóstico fetal pode ser feito por meio da identificação do DNA do

parasita por reação em cadeia da polimerase (PCR) no liquido amniótico, esse teste apresenta

boa sensibilidade e alta especificidade (HOHFELD, 1994). Alguns estudos realizados

revelaram variação sensibilidade para teste de PCR no liquido amniótico de 62,5 a 90% e,

especificidade de 97,4% a 100% (BESSIÈRES et al., 2002; ROMAND et al., 2001;

VIDIGAL et al., 2002; ). Romand et al (2001), verificaram maior sensibilidade da PCR nas

infecções maternas adquiridas entre 17 e 21 semanas de gestação. Mas no Brasil esse teste

ainda não está padronizado.

Page 26: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

24

Para a avaliação do prognóstico fetal é necessário o acompanhamento

ultrassonográfico, o qual permite identificar fetos sem alterações, prognóstico favorável, e

fetos com alterações ultrassonográficas, prognóstico dependente das lesões detectadas. Em

uma pesquisa com 12 gestantes que apresentaram infecção congênita, oito fetos

demonstraram lesões no exame ultrassonográfico, as lesões mais observadas foram em ordem

decrescente: lesões cerebrais (dilatação ventricular e calcificação intracraniana), alterações

placentárias (espessamento da placenta), alterações hepáticas (hepatomegalia e calcificação

hepática) (COUTO; LEITE, 2004). No entanto, déficit auditivo e lesões oculares não são

visualizados na ultra-sonografia.

Outra forma de realizar o diagnóstico fetal é através do ensaio biológico, no

qual a amostra do liquido amniótico é inoculada em camundongos ou em cultivo celular. Mas

é uma técnica trabalhosa que exige tempo, custo elevado, sendo empregada mais em

pesquisas do que na rotina (MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010).

1.8 TRATAMENTO DA TOXOPLASMOSE ADQUIRIDA NA GESTAÇÃO

Estudos sugerem que o tratamento da gestante com infecção aguda diminui

significativamente o risco da infecção fetal e suas sequelas (REMINGTON, 2003). Devido a

dificuldade de realizar um estudo de ensaio clínico, alguns pesquisadores questionam a

redução da transmissão da toxoplasmose congênita, quando realizado o tratamento pré-natal

(GILBERT, et al., 2001; WALLON et al., 1999).

O tratamento é uma forma de prevenção secundária, na tentativa de evitar a

transmissão congênita. Quando confirmada a soroconversão da gestante, imediatamente deve

ser iniciado o tratamento com espiramicina até realização exames complementares para a

confirmação da infecção fetal. Se for comprovado que não houve infecção do feto,

recomenda-se continuar com espiramicina até o final da gestação (BOYER et al., 2005;

REMINGTON, 2003). Mas se for confirmada a infecção fetal é recomendado trocar a

medicação para pirimetamina e sulfadiazina (GRAS et al., 2001).

A espiramicina é indicada no primeiro trimestre de gestação por não

atravessar a barreira placentária e não oferecer risco ao concepto. Já a pirimetamina é

teratogênica, devendo ser evitada no primeiro trimestre de gestação. A associação de

pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico é indicada somente a partir da décima oitava

semana de gestação (MITSUKA-BREGANÓ; LOPES; NAVARRO, 2010).

Page 27: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

25

Segundo Couto e Leite (2004), a avaliação ultrassonográfica realizada após

15 dias do início do tratamento em gestantes com infecção congênita, revelou regressão da

hepatomegalia, do derrame pericárdio, do espessamento placentário e, normalização do

líquido amniótico.

1.9 PREVENÇÃO DA TOXOPLASMOSE

A toxoplasmose congênita é uma doença prevenível, durante o período

gestacional pode ser evitada utilizando medidas de prevenção primária, secundária e terciária.

A prevenção primária é a promoção da saúde e consiste em limitar os riscos de infecção das

gestantes suscetíveis fornecendo orientações de como evitar a doença (BUFFOLANO, 2008;

HENDERSON et al., 1984). Segundo Gollub et al. (2008), abordagens educacionais podem

ajudar a reduzir os riscos dessa infecção durante a gestação. As recomendações para evitar a

infecção pelo T. gondii são: ingerir carne cozida a 67⁰C durante dez minutos, nunca

experimentar carnes cruas, congelar produtos cárneos a -18⁰C durante sete dias, cozer bem

embutidos frescais antes de consumi-los, usar água e sabão para lavar utensílios utilizados no

preparo de carnes, lavar as mãos com água e sabão após manipular carnes, larvar bem frutas e

verduras em água corrente, manter alimentos protegidos de moscas e baratas, consumir

apenas água tratada ou fervida, consumir leite de cabra fervido ou pasteurizado, usar luvas

durante a jardinagem, sempre larvar as mãos após manipular na terra ou areia, não alimentar

gatos com carnes cruas ou mal cozidas e remover as fezes dos gatos diariamente (gestantes

devem evitar essa tarefa) (HILL; DUBEY, 2008; MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI;

NAVARRO, 2010).

A prevenção secundária é realizada pelo diagnóstico precoce da doença por

meio de programas de triagem pré-natal e, tratamento materno adequado quando ocorrer

infecção aguda para tentar impedir a transmissão transplacentária do parasita ao feto

(BUFFOLANO, 2008). Por isso, é importante realizar sorologia para toxoplasmose em todas

as gestantes no inicio do pré-natal, e realizar acompanhamento sorológico nas suscetíveis

(LAGO, 2006).

A prevenção terciária consiste no tratamento do feto ou da criança infectada

a fim de prevenir ou minimizar as sequelas tardias (AMBROISE-THOMAS, 2003; LAGO,

2006; WONG; REMINGTON, 1994).

Page 28: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

26

1.10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primoinfecção pelo T. gondii durante a gestação, geralmente

assintomática na mãe, pode resultar em infecção fetal e ocasionar diversos danos que

comprometerão toda a vida da criança. Por isso é importante conhecer a prevalência da

toxoplasmose nas gestantes de cada localidade e adotar medidas preventivas contra essa

infecção. As medidas preventivas consistem na orientação sobre a toxoplasmose e na triagem

sorológica no pré-natal de todas as gestantes, com monitoramento das suscetíveis. Essas

estratégias podem ajudar a salvar muitas vidas.

Page 29: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

27

1.11 REFERÊNCIAS

ABDI, J.; SHOJAEE, S.; MIRZAEE, A.; KESHAVARZ, H. Soroprevalence of toxoplasmosis

in pregnant women in Ilam Province, Iran. Iranian Journal Parasitology, v.3, n.2, p.34-37,

2008.

ALVARADO-ESQUIVEL, C.; SIFUENTES-ÁLVAREZ, A.; NARRO-DUARTE, S. G.;

ESTRADA-MARTINEZ, S.; DÍAZ-GARCÍA, J. H.; LIESENFELD, O.; MARTÍNEZ-

GARCIA, S. A.; CANALES-MOLINA, A. Soroepidemiology of Toxoplasma gondii infection

in pregnant womem in a public hospital in northern México. BioMed Central Infectious

Diseases, 6:113, 2006.

ALVARADO-ESQUIVEL, C.; TORRES-CASTORENA, A.; LIESENFELD, O.; GARCIA-

LOPEZ, C. R.; ESTRADA-MARTINEZ, S.; SIFUENTES-ÁLVAREZ, A.; MARSAL-

HERNÁNDEZ, J. F.; ESQUIVEL-CRUZ, R.; SANDOVAL-HERRERA, F.; CASTAÑEDA,

J. A.; DUBEY, J. P. Soroepidemiology of Toxoplasma gondii infection in pregnant womem

in rural Durango, México. Journal Parasitology, v.95, n.2, p.271-274, 2009.

ALVES, J. A. B.; OLIVEIRA, L. A. R.; OLIVEIRA, M. F. B.; ARAÚJO, R. M.; SANTOS,

R. C. S.; ABUD, A. C. F.; INAGAKI, A. D. M. Prevalência de anticorpos anti-Toxoplasma

gondii em mulheres grávidas. Revista de Enfermagem da UFRJ, v.17, n.1, p.107-110, 2009.

AMBROISE-THOMAS, P. Toxoplasmose congénitale: les différentes stratégies préventives.

Archives of Pediatrics, v. 10, p. 12-14, 2003.

AMENDOEIRA, M. R. R.; COSTA, T.; SPALDING, S. M. Toxoplasma gondii Nicolle e

Maneaux, 1909 (Apicomplexa: Sarcocystidae) e a Toxoplasmose. Revista Souza Marques,

Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.15-29, 1999.

ANCELLE, T.; GOULET, V.; TIRARD-FLEURY, V.; BARIL, L.; DU MAZAUBRUN, C.;

THULLIEZ, P. La toxoplasmose chez La femme enceinte em France em 1995. Bulletin

Épidémiologique Hebdomadaire, v. 51, 1996.

ANDRADE, G. M. Q.; RESENDE, L. M.; GOULART, E. M. A.; SIQUEIRA, A. L.; VITOR,

R. W. A.; JANUARIO, J. N. Deficiência auditiva na toxoplasmose congênita detectada pela

triagem neonatal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v.74, n.1, p.21-28, 2008.

ANDRADE, G. M. Q.; VASCONCELOS-SANTOS, D. V.; CARELLOS, E. V. M.;

ROMANELLI, R. M. C.; VITOR, R. W. A.; CARNEIRO, A. C. A. V.; JANUARIO, J. N.

Congenital toxoplasmosis from a chronically infected woman with reactivation of

retinochoroiditis during pregnancy. Jornal de Pediatria, v. 86, n. 1, p. 85-88, 2010.

ANTONIOU, M.; TZOUVALI, H.; SIFAKIS, S.; GALANAKIS, E.; GEORGOPOULOU, E.;

LIAKOUC, V.; GIANNAKOPOULOU, C.; KOUMANTAKIS, E.; TSELENTIS, Y.

Incidence of toxoplasmosis in 5532 pregnant women in Crete, Greece: management of 185

cases at risk. European Journal of Obstetrics & Gynecology and Reproductive Biology,

v. 117, p. 138–143, 2004.

AREAL, K. R.; MIRANDA, A. E. Soroprevalência de toxoplasmose em gestantes atendidas

na rede básica de saúde de Vitória, ES. NewsLab, ed. 87, p. 122-129, 2008.

Page 30: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

28

ASPOCK, H. Prevention of congenital toxoplasmosis in Austria. Archives de Pédiatrie, v.

10, Suppl. 1, p. 19-17, 2003.

AVELINO, M. M.; CAMPOS-JÚNIOR, D.; PARADA, J. B.; CASTRO, A. M.Risk factors

for Toxoplasma gondii infection in women of childbearing age. The Brazilian Journal of

Infections Diseases, v. 8, p. 164-174, 2004.

BARBOSA, I. R.; HOLANDA, C. M. C. X.; ANDRADE-NETO, V. F. Toxoplasmosis

screening and risk factors amongst pregnant females in Natal, northeastern Brazil. Society of

Tropical Medicine and Hygiene, 103, p.377-382, 2009.

BESSIÈRIS, M. H.; CASSAING, S.; BERREBI, A.; SÉGUÉLA, J. P. Apport des techniques

de biologie moléculaire dans le diagnostic prénatal de la toxoplasmose congénitale. Immuno-

analyse & Biologie spécialisée v. 17, p.358–362, 2002.

BEVERLEY, J. K. A. A new look at infectious diseases. Toxoplasmosis. Britich Medical

Journal, v. 2, n. 5864, p. 475-478. 1973.

BONAMETTI, A.M.; PASSOS, J.N.; DA SILVA, E.M.K.; BORTOLIERO, A.L. Surto de

toxoplasmose aguda transmitida através de ingestão de carne crua de gado ovino. Revista da

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, São Paulo, v.30, p. 21-25, 1997.

BOOTHROYD, J. C. Toxoplasma gondii: 25 years and 25 major advances for the field.

International Journal for Parasitology, v. 39, p.935-946, 2009.

BOYER, K. M.; HOLFELS, E.; ROIZEN, N.; SWISHER, C.; MACK, D.; REMINGTON, J;

WITHERS, S.; MEIER, P.; MCLEOD, R. Risk factors for Toxoplasma gondii infection in

mothers of infants with congenital toxoplasmosis: implications for prenatal management and

screening. American Journal of Obstetrics and Gynecology, n. 192, p.564-571, 2005.

BONAMETTI, A. M. et al. Probable transmission of acute toxoplasmosis through breast

feeding. Journal of Tropical Pediatric, v. 43, n. 2, p. 116. 1997.

BUFFOLANO, W. Congenital Toxoplasmosis: The State of the Art. Parassitologia, n. 50, p.

37-43, 2008.

CADEMARTORI, B. G.; FARIAS, N. A. R.; BROD, C. S. Soroprevalência e fatores de risco

à infecção por Toxoplasma gondii em gestantes de Pelotas, Sul do Brasil. Revista

Panamericana de Infectologia, v. 10, n. 4, p. 30-35, 2008.

CANDOLFI, E.; PASTOR, R.; HUBER, R.; FILISETTI, D.; VILLARD, O. IgG avidity assay

firms up the diagnosis of acute toxoplasmosis on the first serum sample in immunocompetent

pregnant women. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease v. 58, p. 83–88, 2007.

CARELLOS, E. V. M.; ANDRADE, G. M. Q.; AGUIAR, R. A. L. P. Avaliação da aplicação

do protocolo de triagem pré-natal para toxoplasmose em Belo Horizonte, Minas Gerais,

Brasil: estudo transversal em puérperas de duas maternidades. Caderno de Saúde Pública,

v.24, n.2, p.391-401, 2008.

COOK, A.J. C.; GILBERT, R. E.; BUFFOLANO, W.; ZUFFEREY, J.; PETERSEN, E.;

JENUM, P.A.; FOULON, W.; SEMPRINI,A.E.; DUNN, D.T. Sources of Toxoplasma

Page 31: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

29

infection in pregnant women: European multicentre case­control study. Britich Medical

Journal, v. 321, p.142-147, 2000.

COUTO, J. C. F.; LEITE, J.M.; Sinais Ultra-sonográficos em Fetos Portadores de

Toxoplasmose Congênita. Revista Brasileira de Obstetrícia e Ginecologia, v.26, n.5, p.377-

382, 2004.

DETANICO, L.; BASSO, R. M. C. Toxoplasmose: perfil sorológico de mulheres em idade

fértil e gestantes. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 38, n. 1, p. 15-18, 2006.

DESMONTS, G.; COUVREUR, J. Congenital Toxoplasmosis. A prospective study of 378

pregnancies. The New England Journal of Medicine, v. 290, p. 1110-1116, 1974.

DIAS, R. Fatores associados à infecção por Toxoplasma gondii em gestantes atendidas

nas unidades básicas de saúde do município de Rolândia, Paraná. Londrina, 2009. 59 p.

Dissertação ( Mestrado em Ciência Animal), Universidade Estadual de Londrina.

DUBEY, J. P.; FRENKEL, J. K.; Cyst-induced toxoplasmosis in cats. Journal of

Protozoology, v.19, n. 1, p. 155-177. 1972.

DUBEY, J. P.; BEATTIE, C. P. Toxoplasma of animals and man. Boca Raton: CRC Press,

1988.

DUBEY, J.P; LINDSAY, D.S.; SPEER, C.A. Structures of Toxoplasma gondii tachyzoites,

bradyzoites, and sporozoites and biology and development of tissue cysts. Clinical

Microbiology Reviews. v.11, p.267-99, 1998.

DUBEY, J. L., JONES, J. L. Toxoplasma gondii in humans and animals in the United States.

International Journal for Parasitology, v. 38, p.1257-1278, 2008.

DUBEY, J. L. History of the discovery of the life cycle of Toxoplasma gondii. International

Journal for Parasitology, v. 39, p.877-882, 2009.

DUBEY, J. P. Toxoplasmosis of animals and humans, 2ª ed. New York: CRC Press, 2010.

p. 338.

DUNN, D.; PEYRON, F.; PETERSEN, E.; PECKHAM, C.; GILBERT, R. Mother-to-child

transmission of toxoplasmosis: Risk estimates for clinical counseling. Lancet, v. 353, p.

1829-1833, 1999.

EDUARDO, M. B. P.; KATSUYA, E. M.; RAMOS, S. R. T. S.; PAVANELLO E. I.;

PAIVA, O. R.; BRITO, S. N.; MADALOSSO, G. Investigação do surto de toxoplasmose

associado ao consumo de prato à base de carne crua (“steak tartar”), nos municípios de São

Paulo e Guarujá, SP – Novembro de 2006. Boletim Epidemiológico Paulista, v.4, n.41, p.2-

6, 2007.

ELBEZ-RUBINSTEIN, A.; AJZENBERG, D.; DARDÉ, M. –L.; COHEN, R.; DUMÈTRE,

A.; HÉLÈNE YERA, H. GONDON, E.; JANAUD, J. –C.; PHILIPPE THULLIEZ, P.

Congenital Toxoplasmosis and Reinfection during Pregnancy: Case Report, Strain

Characterization, Experimental Model of Reinfection, and Review. Journal of Infectious

Diseases, 2009.

Page 32: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

30

ELMORE, S. A.; JONES, J. L.; CONRAD, P. A.; PATTON, S.; LINDSAY, D. S.; DUBEY,

J. P. Toxoplasma gondii: epidemiology, feline clinical aspects, and prevention. Trends in

Parasitology, v. 30, n. 10, p. 1-7, 2010.

FAYER, R. Toxoplasmosis update and public health implications. Canadian Veterinary

Journal, v. 22, p.344-352, 1981.

FERNANDES, R. C. S. C.; VASCONCELLOS, V. P.; ARAÚJO, L. C.; MEDINA-

ACOSTA, E. Vertical Transmission of HIV and Toxoplasma by Reactivation in a Chronically

Infected Woman. Brazilian Journal of Infectious Diseases, v. 13, n.1, p. 70-71, 2009.

FERGUSON, D. J. P. Identification of faecal transmission of Toxoplasma gondii: Small

science, large characters. International Journal for Parasitology, v.39, p.871-875, 2009.

FIGUEIRÓ-FILHO, A. E; LOPES, A. H. A.; SEFONTE, F. R. A.; SOUZA JÚNIOR, V. G.;

BOTELHO, C. A.; FIGUEIREDO, M. S.; DUARTE, G. Toxoplasmose aguda: estudo da

frequência, taxa de transmissão vertical e relação entre os testes diagnósticos materno-fetais

em gestantes em estado da Região Centro-Oeste do Brasil. Revista Brasileira de

Ginecologia e Obstetrícia, v.27, n.8, p.442-449, 2005.

FORTES, E. Protozoologia. In:______. Parasitologia Veterinária. 4.ed. São Paulo: Ícone,

2004. p.47-137.

FRENKEL, J.K.; DUBEY, J.P.; MILLER, N.L. Toxoplasma gondii in cats: fecal stages

identified as coccidian oocysts. Science v.167, p.893–896, 1970.

FRENKEL, J. K. Toxoplasmosis. Mechanisms of infection, laboratory diagnosis and

management. Current Topics in Pathology, v. 54, p. 28–75. 1971.

FRENKEL, J.K.; NELSON, B.; ARIAS-STELLA, J. Immunosupressions and toxoplásmico

encephalitis: clinical ande experimental aspects. Human Pathology, v.6, p. 99-111, 1975.

FRENKEL, J. K. Toxoplasmose. In: VERONESI, R. FOCACCIA. R. Tratado de

Infectologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 1310-1325.

GALISTEU, K. J.; MATTOS, C. B.; LELIS, A. G.; OLIVEIRA, P. M.; SPERJORIM, F. L.;

JORDÃO, P.; ZAGO, A. P.; CURY, P. M.; MATTOS, L. C.; ROSSIT, A. R. B.; CAVASINI,

E. C.; MACHADO, R. L. D. Prevalência e fatores de risco asociados à toxoplasmose em

grávidas e suas crianças no Noroeste Paulista, Brasil. Revista Panamericana Infectologia, v.

9, n. 4, p. 24-29, 2007.

GILBERT, R. E.; GRAS, L.; WALLON, M.; PEYRON, F.; ADES, A. E.; DUNN, D. T.

Effect of prenatal treatment on mother to child transmission of Toxoplasma gondii:

retrospective cohort study of 554 mother-child pairs in Lyon, France. International Journal

of Epidemiology, v. 30, p. 1303-1308, 2001.

GILBERT, R. E.; FREEMAN, K.; LAGO, E. G.; BAHIA-OLIVEIRA, L. M. G.; TAN, H. K.;

WALLON, M.; BUFFOLANO, W.; STANFORD, M. R.; PETERSEN, E.; Ocular Sequelae

of Congenital Toxoplasmosis in Brazil Compared with Europe. PLOS Neglected Tropical

Diseases, v.2, 2008.

Page 33: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

31

GOLLUB, E.L.; LEROY, V.; GILBERT, R.; CHÊNE, G.; WALLON, M. Effectiveness of

health education on Toxoplasma- related knowledge, behaviour, and risk of seroconversión in

pregnancy. European Journal of Obstetrics & Ginecology, v. 136, p. 137-145, 2008.

GRAS, I.; GILBERT, R., E.; ADES, A. E.; DUNN, D., T. Effect of prenatal treatement on the

risk of intracranial and ocular lesions in children with congenital toxoplasmosis.

International Journal of Epidemiology, v.30, p.1309-1313, 2001.

HENDERSON, J. B.; BEATTIE, C. P.; HALE, E. G.; WRIGHT, T. The evaluation of new

services: possibilities for preventing congenital toxoplasmosis. International Journal of

Epidemiology, v.13, p.65-72, 1984.

HILL, D.; DUBEY, J.P. Toxoplasma gondii: transmission, diagnosis and prevention. Clinical

Microbiology & Infection, v.8,n.10, p.634-640, 2002.

HOHFELD, P.; DAFFOS. F.; COSTA, J.; THULLIEZ, P.; FORESTIER, F.; VIDAUD, M.

Prenatal diagnosis of congenital toxoplasmosis with a polymerase chain reaction test on

amniotic fluid. The New England Journal of Medicine. v.331, p.695-699, 1994.

HUNG, C. -C.; FAN, C. -K.; SU, K. -E.; SUNG, F. -C.; CHIOU, H.- Y.; GIL, V.;

FERREIRA, M. C. R.; CARVALHO, J. M.; CRUZ, C.; LIN, Y. -K.; , TSENG, L.- F.; SAO,

K. -Y.; CHANG, W. -C.; LAN, H. -S.; CHOU, S. -H. Serological screening and

toxoplasmosis exposure factors among pregnant women in the Democratic Republic of Sao

Tome and Principe. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene,

v. 101, p. 134-139, 2007.

JACOBS, L.; LUNDE, F. The interrelation of toxoplasmosis in swine, cattle, dogs and man.

Public Health Reports, Washitongton, v.72, n.10, p.872-882, 1957.

JONES, J. L.; KRUSZON-MORAN, D.; WILSON, M.; MCQUILLAN, G.; NAVIN, T.;

MCAULEY, J.B. Congenital Toxoplasmosis: A Review. Obstetrical and Gynecological

Survey, v. 56, n. 5, p. 296-305, 2001.

JENUM, P. A.; STRAY-PEDERSEN, B.; MELBY, K. K.; KAPPERUD, G.; WHITELAW,

A.; ESKILD, A.; ENG, J. Incidence of Toxoplasma gondii Infection in 35,940 pregnant

women in Norway and pregnancy outcome for infected women. Journal of Clinical

Microbiology, v. 36, p. 2900-2906, 1998.

KASPER, L. H. Infecção por toxoplasma. In: BRAUNWAULD, E.; FAUCI, A. S.; KASPER,

D. L.; HAUSER, S. L.; LOMGO, D. L.; JAMESON, J. L. Medicina interna. 15 ed. Rio de

janeiro: McGraw-Hill, 2002, p. 1294-1298.

LAGO, E. G. Estratégias de controle da toxoplasmose congênita. Porto Alegre, 2006. Tese

(Doutorado em Medicina/Pediatria e Saúde da Criança) – Pontifícia Universidade Católica do

Rio Grande do Sul.

LAGO E.G. Teste de avidez de IgG anti-Toxoplasma gondii e programa de controle de

toxoplasmose congênita. Scientia Medica, v.17, n.2, p.54-56, 2007.

LEITE, M.; SICILIANO, S.; ROCHA, L. S. A.; JUSTA, M. T. R.; CÉSAR, K. R.;

GRANATO, C. F. H. Correlation between specific igm levels and percentage igg-class

Page 34: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

32

antibody avidity to Toxoplasma gondii. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São

Paulo, São Paulo, v. 50, n. 4, p. 237-242, 2008.

LIU, Q.; WEI F.; GAO S.; JIANG L.; LIAN H.; YUAN B.; YUAN Z.; XIA Z.; LIU B.; XU

X.; ZHU, X-Q. Toxoplasma gondii infection in pregnant women in China. Transactions of

the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 103, p. 162-166, 2009.

LOPES, F. M. R.; MITSUKA-BREGANÓ, R.; GONÇALVES, D. D.; FREIRE, R. L.;

KARIGYO, C. J. T.; WEDY, G. F.; MATSUO, T.; REICHE, E. M. V.; MORIMOTO, H. K.;

CAPOBIANGO, J. D.; INOUE, I. T.; GARCIA, J. L.; NAVARRO, I. T. Factors associated

with seropositivity for anti-Toxoplasma gondii antibodies in pregnant women of Londrina,

Paraná, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 104, p. 378-382, 2009.

LOPES-MORI, F. M. R. Epidemiologia da toxoplasmose gestacional em cinco municípios

do estado do Paraná. Londrina, 2010. 81p. Tese (Doutorado em Ciência Animal) –

Universidade Estadual de Londrina.

LUFT, B. J.; REMINGTON, J. S. Toxoplasmic encephalitis in AIDS. Clinical Infectious

Disease, Chicago, v. 24, n. 6, p. 75-107, 1992.

MANDAI, O. N.; LOPES, F. M. R.; MITSUKA-BREGANÓ, R. Prevalência de anticorpos

IgG e IgM anti-Toxoplasma gondii em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do

município de Londrina – Paraná, no período de 2003 e 2004. Revista Brasileira de Análises

Clínicas, v. 39, n.4, p.247-249, 2007.

MARGONATO, F. B.; SILVA, A. M. R.; SOARES, D. A.; AMARAL, D. A.; PETRIS, A. J.

Toxoplasmose na gestação: diagnóstico e importância de protocolo clínico. Revista

Brasileira da Saúde Materno Infantil, v.7, n.4, p.381-386, 2007.

MERONI, V.; GENCO, F. Toxoplasmosis in pregnancy: evaluation of diagnostic methods.

Parassitologia, v. 50, p. 51-53, 2008.

MILLAR,P. R.; SOBREIRO, G. L.; BONNA, I. C. F.; AMENDOEIRA, M. R. R. A

importância dos animais de produção na infecção por Toxoplasma gondii no Brasil. Semina,

v.29, n.3, p. 693-706, 2008.

MITSUKA-BREGANÓ; R. Programa de Vigilância em Saúde da Toxoplasmose

Gestacional e Congênita: Elaboração, Implantação e Avaliação no Município de

Londrina, Paraná. Londrina, 2009. 114 p. Tese (Doutorado em Ciência Animal),

Universidade Estadual de Londrina.

MITSUKA-BREGANÓ; R.; LOPES-MORI, F. M. R.; NAVARRO, I. T. Toxoplasmose

Adquirida na gestação e Congênita: Manual de Vigilância em Saúde, Diagnóstico, Tratamento

e Condutas, EDUEL- ISBN: 978-85-7216-519-8, Londrina, p.62, 2010.

MOURA, L.; BAHIA-OLIVEIRA, L. M. G.; WADA, M. Y.; JONES, J. L.; TUBOI, S. H.;

CARMO, E.H.; RAMALHO, W. M.; CAMARGO, N. J.; TREVISAN, R.; GRAÇA, R. M. T.;

SILVA, A. J.; MOURA, I.; DUBEY, J. P.; GARRET, D. O. Waterborne Toxoplasmosis,

Brazil, from field to gene. Emerging Infectious Diseases, v.12, n.2, p. 326-329, 2006.

MONTOYA, J. G. Laboratory diagnosis of Toxoplasma gondii infection and toxoplasmosis.

Journal Infectious Diseases, n. 185[Suppl 1], p. 73-82, 2002.

Page 35: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

33

MONTOYA, J. G.; LIESENFELD, O.; KINNEY, S.; PRESS, C.; REMINGTON, J. S.

VIDAS Test for Avidity of Toxoplasma-Specific Immunoglobulin G for Confirmatory

Testing of Pregnant Women. Journal of Clinical Microbiology, v. 40, n. 7, p. 2504–2508,

2002.

MONTOYA, J. G.; ROSSO, F. Diagnosis and Management of Toxoplasmosis, Clinics in

Perinatology, v. 32, p. 705– 726, 2005.

NASCIMENTO, I.; CARVALHO, S.; CARDOZO, N.; ASFORA, S.; CAMPOS, A.;

MENEZES, S.; SIMÕES, J.; SCHAER, R. E.; MEYER, R. Estudo da prevalência de

anticorpos anti-Toxoplasma gondii em mulheres grávidas no Estado da Bahia. Ciência

Médica e Biológica, v.1, n.1, p.12-15, 2002.

NASH, J. Q.; CHISSEL, S.; JONES, J.; WARBURTON, F.; VERLANDER, N. Q. Risk

factors for toxoplasmosis in pregnant women in Kent, United Kingdom. Epidemiology and

Infection, v. 133, p. 475-483, 2005.

NICOLLE, C.; MANCEAUX, L. Sur une infection a corps de Leishman (ou organismes

voisons) du gondi. Compets Rendus de L´Academie des Sciences, v.147, p.736, 1908.

NICOLLE, C.; MANCEAUX, L. Sur un protozoaire nouveau du gondi. Compets Rendus de

L´Academie des Sciences, v.148, p.369, 1909.

PETERSON, E. Toxoplasmosis. Fetal & Neonatal Medicine, v. 12, p. 214-223, 2007.

PHAN, L.; KASZA, K.; JALBRZIKOWSKI, J.; NOBLE, A. G.;LATKANY, P.; KUO, A.;

MIELER, W.; MEYERS, S.; RABIAH, P.; BOYER, K.; SWISHER, C.; METS, M.;

ROIZEN, N.; CEZAR, S.; SAUTTER, M.; REMINGTON, J.; MEIER, P.; MCLEOD, R.

Longitudinal Study of New Eye Lesions in Children with Toxoplasmosis Who Were Not

Treated During the First Year of Life. American Journal Of Ophthalmology, p.375-384,

2008.

PINKERTON, H.; WEINMAN, D. Toxoplasma infection in man. Archives of Pathology,

v.30, p.374–392, 1940.

PORTO, A. M. F.; AMORIM, M. M. R.; SANTOS, I. C. N. C. Perfil sorológico para

toxoplasmose em gestantes atendidas em maternidade. Revista da Associação Médica

Brasileira, São Paulo, v.54, n.3, p., 2008.

REIS, M. M.; TESSARO, M., M.; D`AZEVEDO, P. A. Perfil sorológico para toxoplasmose

em gestantes de um hospital público de Porto Alegre. Revista Brasileira de Ginecologia e

Obstetrícia, v.28, n.3, p.158-164, 2006.

REMINGTON, J. Toxoplasmose. Boletim Informativo da Seção de Neonatologia da

Sociedade Portuguesa de Pediatria, n. 20, 2003.

RIBEIRO, A.C.; MUTIS, M. S.; FERNANDES, O. Association of the presence of residual

anti-Toxoplasma gondii IgM in pregnant women and their respective family groups in

Miracema, Northwest Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 103,

n. 6, p. 591-594, 2008.

Page 36: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

34

ROMAND, S.; WALLON, M.; FRANCK, J.; THULLIEZ, P.; PEYRON, F.; DUMON, H.

Prenatal Diagnosis Using Polymerase Chain Reaction on Amniotic Fluid for Congenital

Toxoplasmosis, Obstetrics & Gynecology, v. 97, n. 2, p. 296-300, 2001.

SABIN, A. B. 1941. Toxoplasmic encephalitis in children. Journal of the American

Medical Association, v.116, p. 801–807, 1941.

SABIN, A. B. Toxoplasmosis: recently recognized disease. Advances in Pediatrics, v. 1, p.

1-54, 1942.

SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, BRASIL. Surto de toxoplasmose adquirida,

Anápolis-GO, fevereiro de 2006.Boletim eletrônico epidemiológico, ano 07, n.08, 2007.

SPALDING, S. M.; AMENDOEIRA, M. R. R.; KLEIN, C. H.; RIBEIRO, L. C. Serological

screening and toxoplasmosis exposure factors among pregnant women in south of Brazil,

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, n. 2, p. 173-177, 2005.

SPLENDORE, A. Un nuovo protozoa parassita deconigli incontrato nelle lesioni anatomiche

d’une malattia che ricorda in molti punti il Kala-azar dell’uoma. Nota preliminare pel. Revista

Society Science. São Paulo, v.3, p.109–112, 1908.

TENTER, A. M.; Heckeroth, A. R.; Weiss, L. M. Toxoplasma gondii: from animals to

humans. International Journal for Parasitology, v. 30, p.1217-1258, 2000.

VASCONCELOS-SANTOS, D. V.; AZEVEDO, D. O. M.; CAMPOS, W. R.; ORÉFICE, F.;

QUEIROZ-ANDRADE,G. M.; CARELLOS, E. V. M.; ROMANELLI, R. M. C.;

JANUÁRIO, J. N.; RESENDE,L. M.; MARTINS-FILHO, O. A.; CARNEIRO, A. C. A. V.;

VITOR, A.; CAIAFFA, W. T. Congenital toxoplasmosisin southeastern Brazil: results of

early ophthalmologic examination of a large cohort of neonates. Ophtalmology, v. 116, n. 11,

p. 2199-2205, 2009.

VAZ, R. S. Diagnóstico sorológico, isolamento e caracterização molecular de Toxoplasma

gondii (Nicole & Manceaux, 1909) em mulheres gestantes atendidas pelo serviço público

na cidade de Curitiba. Curitiba, 2006. 211p. Tese (Doutorado em Processos

Biotecnológicos), Universidade Federal do Paraná.

VIDIGAL, P. V. T.; SANTOS, D. V. V.; CASTRO, F. C.; COUTO, J. C. F.; VITOR, R. W.

A.; FILHO, G. B. Prenatal toxoplasmosis diagnosis from amniotic fluid by PCR, Revista da

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 35, n. 1, p. 1-6, 2002.

WALLON, M.; LIOU, C.; GARNER, P.; PEYRON, F. Congenital toxoplasmosis: systematic

review of evidence of efficacy of treatment in pregnancy. Bristish Medical Journal, v. 318,

p. 1511-1514, 1999.

WOLF, A.; COWEN, D.; PAIGE, B. Human toxoplasmosis: occurrence in infants as an

encephalomyelitis verification by transmission to animals. Science, v. 89, p.226–227, 1939.

WONG, S. Y.; REMINGTON, J. S. Toxoplasmosis in pregnancy. Clinical Infectious

Diseases, v.18, p.853-862, 1994.

Page 37: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

35

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

─ Determinar as características epidemiológicas da toxoplasmose em

gestantes atendidas no Serviço Público de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas – PR, a

partir da implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e

Congênita.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

─ Determinar a prevalência da infecção pelo T. gondii em gestantes nos

municípios de Palotina e Jesuítas;

─ Associar a presença de anticorpos IgG anti- T. gondii às variáveis

sociodemográficas, hábitos alimentares e de comportamento;

─ Apoiar a implantação do diagnóstico neonatal da toxoplasmose no

município de Jesuítas;

─ Apoiar as Secretarias de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas na

implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e

Congênita.

Page 38: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

36

3 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO

BITTENCOURT, L. H. F. B. Epidemiologia da Toxoplasmose em Gestantes Atendidas no Serviço Público de Saúde dos Municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

3.1 RESUMO

O objetivo deste trabalho foi determinar as características epidemiológicas da toxoplasmose

em gestantes atendidas no Serviço Público de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas,

Paraná, Brasil, a partir da implantação do Programa de Vigilância da Toxoplasmose

Adquirida na Gestação e Congênita. Foram avaliadas 356 gestantes no município de Palotina

por meio da pesquisa de anticorpos IgG anti-T. gondii pela técnica de ensaio imunoenzimático

(ELISA), e a pesquisa de anticorpos IgM anti-T. gondii foi realizada pela técnica de ELISA de

captura no período de julho de 2009 a outubro de 2010. No município de Jesuítas a pesquisa

de anticorpos IgG e IgM anti-T. gondii foi realizada pela técnica enzimaimunoensaio por

micropartículas (MEIA), foram avaliadas todas as gestantes (n=66) atendidas pelo Serviço

Público de Saúde entre setembro de 2009 e outubro de 2010. Nos dois municípios, as

gestantes soronegativas repetiram a sorologia no segundo e terceiro trimestre de gestação. Em

Jesuítas também foi realizada a triagem neonatal em 27 recém-nascidos por meio da detecção

de IgM anti-T. gondii em papel filtro pela técnica de fluorometria. Todas as gestantes que

participaram do estudo responderam a um questionário epidemiológico, para análise dos

fatores associados ao risco da infecção pelo T. gondii. A prevalência de anticorpos IgG anti-T.

gondii nas gestantes de Palotina foi de 59,8% e em Jesuítas 60,6%. Apenas em Palotina o

baixo nível de escolaridade e mais de uma gestação apresentaram associação estatisticamente

significativa com a presença anticorpos IgG anti-T. gondii. Não houve associação com os

outros fatores estudados como a ingestão de carnes cruas ou mal cozidas, ingestão de vegetais

crus, ingestão de salames coloniais, manipulação de terra ou areia, presença de horta em casa,

presença de gatos em casa e contato com cães. Em Jesuítas não foi observada associação

estatística com nenhuma das variáveis estudadas. Não foi confirmado nenhum caso de

infecção aguda nem de soroconversão em ambos os municípios. Nenhum dos recém-nascidos

avaliados apresentaram positividade para toxoplasmose. A pesquisa demonstrou que a

infecção é comum nas gestantes atendidas pelo Serviço Público de Saúde de Palotina e

Jesuítas, sendo importante persistir com as medidas preventivas preconizadas pelo programa

implantado.

Palavras-chave: T.gondii, prevalência, gravidez, diagnóstico, vigilância

Page 39: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

37

BITTENCOURT, L. H. F. B. Epidemiology of Toxoplasmosis in Pregnant Women Attended in the Public Health Service the Municipalities of Palotina and Jesuitas, Parana, Brazil. Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

3.2 ABSTRACT

The aim of this study was to determine the epidemiological characteristics of toxoplasmosis in

pregnant women assessed (attended) in the Public Health Service from the cities of Palotina

and Jesuitas, Paraná, Brazil, since the implementation of the “Surveillance Program of

Toxoplasmosis Acquired in Pregnancy and Congenital”. 356 pregnant women were analyzed

in the city of Palotina by Enzyme-linked Immunosorbent Assay (ELISA) to detect IgG anti-

Toxoplasma gondii antibodies, and capture ELISA to detect IgM anti-T. gondii antibodies,

from July 2009 to October 2010. In the city of Jesuítas all pregnant women (n = 66) assessed

by the Public Health System were analyzed by Microparticle Enzyme Immunoassay (MEIA)

to detect IgG and IgM anti-T. gondii antibodies, from September 2009 to October 2010. In

both cities, seronegative pregnant women repeated the serology in the second and third

trimester of pregnancy. In Jesuítas was also performed neonatal screening in 27 newborns by

Fluorometry test to detect IgM anti-T. gondii. All pregnant women who participated in the

study answered an epidemiological questionnaire to analyze the factors associated to the risk

of infection by T. gondii. The prevalence of IgG anti-T. gondii in pregnant women in Palotina

was 59.8% and in Jesuítas was 60.6%. Only in Palotina the low education strata and more

than one pregnancy showed statistical significative association with the presence of IgG anti-

T. gondii. There was no association with other factors studied such as consumption of raw or

undercooked meat, consumption of raw vegetables, consumption of colonial salami handling

soil or sand, the presence of vegetable garden at home, presence of cats at home and contact

with dogs. In Jesuits there was no statistical association with the variables studied. In both

cities no case of acute infection was confirmed and no seroconversion. None of the infants

evaluated were positive for toxoplasmosis. The research showed that the infection is common

in pregnant women attended in Public Health Service from Palotina and Jesuítas, and it is

important to persist with the preventive measures recommended by the program implemented.

Key words: T.gondii, prevalence, pregnancy, diagnosis, monitoring

Page 40: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

38

3.3 INTRODUÇÃO

A toxoplasmose é uma importante zoonose causada pelo protozoário

Toxoplasma gondii (NICOLE; MANCEAUX, 1909). A infecção é comum no homem e nos

animais, mas a manifestação dos sinais clínicos depende de alguns fatores como a resposta

imune do hospedeiro e a virulência da amostra (AMENDOEIRA; COSTA; SPALDING,

1999). Mais de 90% das gestantes que adquirem toxoplasmose durante a gestação são

assintomáticas, desta forma, testes sorológicos devem ser realizados para detectar anticorpos

anti-T. gondii e confirmar a presença ou ausência da infecção (MONTOYA; ROSSO, 2005).

As mulheres que adquirem a primoinfecção da toxoplasmose durante a

gestação apresentam parasitemia temporária, podendo desenvolver lesões focais na placenta e

cerca de 40 a 50% podem transmitir o parasita ao feto pela via transplacentária (DUNN et al.,

1999; DESMONTS; COUVREUR, 1974). A taxa de transmissão vertical depende da idade

gestacional em que a mãe adquire a infecção, variando de 6% com 13 semanas de gestação,

podendo resultar em morte fetal; 40% com 26 semanas, e 72% com 36 semanas podendo

ocasionar nascimento prematuro, hidrocefalia, deficiência mental, calcificação intracraniana e

coriorretinite (DUNN et al., 1999; FRENKEL, 2004; SABIN, 1942). Também tem sido

observado déficit auditivo, em torno de 20%, nos casos de crianças não tratadas (ANDRADE

et al., 2008). É comum as crianças com infecção congênita serem assintomáticas ao

nascimento, podendo apresentar tardiamente coriorretinite e sequelas neurológicas

(BEVERLEY, 1973).A transmissão congênita é rara em mulheres imunocompetentes com

infecção crônica (DUBEY, 2010).

A prevalência e a incidência da toxoplasmose em gestante variam muito de

um país para o outro, inclusive dentro do próprio país (COUTO et al., 2003; LAGO et al.,

2007). Por isso é importante conhecer as características epidemiológicas de cada região, e a

partir dessas informações é possível planejar um programa de prevenção e assistência pré-

natal e neonatal da toxoplasmose (ALVES et al., 2009; MARTIN, 2004; NÓBREGA;

KARNIKOWSKI, 2005).

No Brasil, estudos foram realizados para determinar a prevalência da

toxoplasmose em gestantes em diferentes regiões variando de 31,0% em Caxias do Sul, Rio

Grande do Sul, até 91,6% no Mato Grosso do Sul (DETANICO; BASSO, 2006; FIGUEIRÓ-

FILHO et al., 2005). No estado do Paraná a prevalência da toxoplasmose em gestantes foi

estudada em Cambé, Cascavel, Curitiba, Londrina, Rolândia e foi em torno de 50%. Nesses

municípios, foi implantada a triagem pré-natal para as gestantes atendidas pelo sistema

Page 41: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

39

público de saúde, com a triagem sorológica no pré-natal e repetição de sorologia a cada

trimestre de gestação nas suscetíveis (DIAS, 2009; LOPES et al., 2009; LOPES-MORI, 2010;

MITSUKA-BREGANÓ, 2009; VAZ, 2006).

O presente trabalho teve como objetivo determinar as características

epidemiológicas da toxoplasmose em gestantes atendidas no Serviço Público de Saúde dos

municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil.

3.4 MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi realizada em Palotina e Jesuítas, municípios da região oeste

do estado do Paraná, Brasil. Palotina possui uma população de 28.609 habitantes (IBGE,

2010), com média, 400 gestantes são atendidas anualmente pelo Serviço Público de Saúde

neste município. O município de Jesuítas possui 8.988 habitantes (IBGE, 2010). O número de

atendimento no Serviço Público de Saúde é cerca de 60 gestantes por ano.

O “Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e

Congênita” (MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010) foi implantado em

julho de 2009 na cidade de Palotina e setembro de 2009 em Jesuítas. Em março de 2009,

foram realizadas oficinas de capacitação para treinamento das equipes das secretarias de

saúde dos dois municípios sobre as ações do programa. Esse programa preconiza a pesquisa

de IgG e IgM anti- T. gondii na primeira consulta do pré-natal, orientações sobre a prevenção

em todas as consultas, monitoramento sorológico trimestral das gestantes suscetíveis,

acompanhamento de gestantes e crianças com infecção aguda e notificação de casos. No

município de Jesuítas, além da triagem sorológica materna foi realizada a pesquisa de

anticorpos IgM em papel filtro nos recém-nascidos. As amostras foram submetidas ao teste

de fluorometria (NeoToxo IgM ®, Labsystems FEIA, Helsinki, Finlândia).

Em Palotina, no primeiro e terceiro trimestre de gestação, as avaliações de

anticorpos IgG e IgM anti-T. gondii foram realizadas por meio das técnicas de ensaio

imunoenzimático (ELISA – Dia.Pro®, Diagnostic Bioprobes, Milano, Italy) e ELISA de

captura (Dia.Pro®), respectivamente. No segundo trimestre foi utilizada a técnica

enzimaimunoensaio por micropartículas (MEIA-Abbott®, Laboratories, Illinois, U.S.A). Em

Jesuítas a técnica MEIA (Abbott®) foi utilizada para determinar os níveis de anticorpos IgG e

IgM nos três trimestres de gestação. As amostras que apresentaram anticorpos IgG e IgM anti-

T. gondii cuja gestante estava em período gestacional inferior a 16 semanas, foram submetidas

Page 42: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

40

ao teste de avidez de IgG (Vidas Toxo IgG Avidity - Biomerieux®). Mulheres IgG e IgM

soropositivas com idade gestacional superior a 16 semanas foram tratadas conforme

preconizado pelo Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e

Congênita (MITSUKA-BREGANÓ; LOPES-MORI; NAVARRO, 2010).

Após aceitarem participar da pesquisa e assinarem o termo de

consentimento livre e esclarecido, as gestantes responderam a um questionário

epidemiológico. No questionário (apêndice A) foram avaliadas as variáveis: local de

residência (urbana ou rural), faixa etária, início do pré-natal, número de gestações, renda per

capita, nível de escolaridade, consumo de água tratada, presença de horta na residência,

presença de gatos na residência, contato com cães, hábito de manipular terra ou areia, ingestão

de carne crua ou mal cozida, ingestão de salame colonial, ingestão de frutas e hortaliças cruas.

Todas as gestantes, no inicio do pré-natal, receberam orientação sobre a

toxoplasmose e como evitá-la, informações que foram reforçadas com palestras nas reuniões

do grupo de gestantes. Como material de apoio foram utilizados cartazes, folhetos e um vídeo

animação sobre a toxoplasmose.

O tamanho ideal da amostra foi calculado por meio do programa EpiInfo

3.5.1 (DEAN et al., 1994) utilizando-se a prevalência esperada de 50,0%, o erro padrão de 5%

e o nível de significância de 5%. Em Palotina o número ideal foi de 226 amostras e em

Jesuítas foi de 52 amostras.

Para análise estatística foi considerada a variável dependente presença de

IgG anti-T. gondii e as variáveis independentes contidas no questionário epidemiológico.

Todas as informações obtidas foram analisadas no programa EpiInfo 3.5.1 (DEAN et al.,

1994). Para verificar a significância estatística foi utilizando o teste de qui-quadrado, com

correção de Yates ou exato de Fischer. A razão de chances (Odds Ratio/OR) foi utilizada

como medida de associação entre a infecção pelo T. gondii e as variáveis pesquisadas, com

intervalo de confiança (IC) de 95%. Adotou-se o nível de significância de 5%.

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo

Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina/ Hospital Universitário Regional Norte

do Paraná, Parecer N⁰ 159/09 (Anexo1).

Page 43: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

41

3.5 RESULTADOS

Foram avaliadas 356 gestantes de Palotina que aceitaram participar da

pesquisa, no período de julho de 2009 a outubro de 2010, e 66 gestantes de Jesuítas entre

setembro de 2009 e outubro de 2010. A idade das gestantes em Palotina variou entre 14,4 a

42,8 anos, com média de 24,3 anos ( 5,8) e, em Jesuítas variou de 16,8 a 38,4 anos, sendo a

média 25,3 anos ( 6,1).

A prevalência de anticorpos IgG e IgM anti-T. gondii nas gestantes do

município de Palotina foi de 59,8% (213/356) e 1,1% (4/356) respectivamente. Duas gestantes

foram submetidas ao teste de avidez-IgG e apresentaram forte avidez, indicando infecção

antes da gestação. No município de Jesuítas a prevalência foi de 60,6% (40/66) para

anticorpos IgG e nenhuma amostra IgM reagente. Na Tabela 1 estão os resultados da

positividade dos anticorpos IgG e IgM anti- T. gondii.

Tabela 1. Resultado da positividade dos anticorpos IgG e IgM anti- T. gondii.

Anticorpos

Palotina Jesuítas

reagentes /total (%) reagentes /total (%)

IgG+ IgM- 209/(58,7) 40/(60,6)

IgG+ IgM+ 4/(1,1) 0/(0,0)

IgG- IgM- 143/(40,2) 26/(39,4)

Total 356/(100,0) 66/(100,0)

Os resultados da análise das variáveis sociodemográficas associadas à

presença de anticorpos IgG anti-T. gondii estão apresentados na Tabela 2. No município de

Palotina, o número de gestações apresentou valor de p 0,004 e o nível de escolaridade valor

de p 0.012, esses valores são estatisticamente significativos à infecção pelo T. gondii. As

variáveis residência, faixa etária, renda per capita, início do pré-natal e consumo de água

tratada não apresentaram associação à infecção pelo parasita. Em Jesuítas, as variáveis

sociodemográficas não apresentaram associação com a infecção toxoplásmica. A análise das

variáveis relacionadas a hábitos alimentares e de comportamento associadas à presença de

anticorpos IgG anti-T. gondii estão apresentados na Tabela 3.

Page 44: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

42

Tabela 2. Análise das variáveis sociodemográficas associadas a soropositividade de

anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii em gestantes atendidas no Serviço Público de Saúde

dos municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil, 2009-2010.

Variáveis

Palotina Jesuítas

IgG reagente

/total de

respostas(%)

Valor de pa

OR

(95%) b

IgG reagente

/total de

respostas(%)

Valor de pa

OR

(95%)

b

Residência

Zona urbana 180/301

(59,8)

0,903

0,99 (0,5-1,7)

34/53 (64,2) 0,382

2,08 (0,6-7,1)

Zona rural 33/55 (60,0) 6/13 (46,2)

Faixa etária

< 20 anosc 65/114 (57,0) 1,0 8/17 (47,1) 1,0

anos 121/195 30 ׀– 20

(62,1)

0,452

0,81 (0,4-1,3)

23/34 (67,6) 0,264

0,43 (0,1-1,6)

> 30 anos 27/46 (58,7)* 0,985

0,93 (0,4-1,9)

8/14 (57,1)* 0,843

0,67 (0,1-3,4)

Renda per capita

< R$ 150,00c 22/36 (61,1) 1,0 4/6 (66,7) 1,0

R$ 151,00 –119/192 350,00 ׀

(62,0)

0,929

0,96 (0,4-2,1)

24/35 (68,6) 1,000

0,92 (0,1-8,6)

> R$ 350,00 68/124(54,8)* 0,633

1,29 (0,5-2,9)

12/25 (48,0) 0,653

2,33(0,2-22,7)

Inicio do pré-natal

1⁰ trimestrec 92/165 (55,8) 1,0 33/49 (67,3) 1,0

2⁰ trimestre 80/127 (63,0) 0,260

0,74 (0,4-1,2)

6/11 (54,5) 0,492

1,72 (0,3-7,7)

3⁰ trimestre 39/61 (63,9)* 0,340

0,71 (0,3-1,3)

1/5 (20,0)* 0,056

8,25(0,7-

210,9)

Número de gestações

Multíparas 132/198

(66,7)

0,004

1,9 (1,2-2,9)

28/41 (68,3) 0,168

2,33 (0,8-6,4)

Primigesta 81/158 (51,3) 12/25 (48,0)

Nível de escolaridade

≤ 8 anos de estudo 77/110 (70,0) 18/28 (64,3)

≥ 9 anos de estudo 136/246(55,3) 0,012

1,89 (1,1-3,1)

22/38 (57,9) 0,786

1,31 (0,4-4,0)

Consumo de água

tratada

Sim 196/329

(59,6)

0,887

0,86 (0,3-1,9)

33/54 (61,1) 0,552

1,12 (0,3-4,0)

Não 17/27 (63,0) 7/12 (58,3) a - Qui-quadrado de Yates ou Teste exato de Fisher; b – intervalo de confiança; c – categoria de

referência.

* diferença do número total devido a recusa de resposta

Page 45: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

43

Tabela 3. Análise das variáveis hábitos alimentares e de comportamento associadas a

soropositividade de anticorpos IgG anti-Toxoplasma gondii em gestantes atendidas no Serviço

Público de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas, Paraná, Brasil, 2009-2010.

Variáveis

Palotina Jesuítas

IgG reagente

/total de

respostas(%)

Valor de pa

OR (95%)

b

IgG reagente

/total de

respostas(%)

Valor de pa

OR (95%)

b

Ingestão de carne crua ou

mal cozida

Sim 4/6 (66,7) 0,939

1,34 (0,2-7,4)

2/2 (100,0) 0,363

Não 209/350

(59,7)

38/64 (59,4)

Ingestão de salame

colonial

Sim 116/185

(62,7)

0,218

1,33 (0,8-2,0)

5/8 (62,5) 0,574

1,18(0,2-5,4)

Não 93/167

(55,7)*

31/53 (58,5)*

Ingestão de vegetais crus

Sim 201/335

(60,0)

0,976

1,12 (0,4-2,7)

30/49 (61,2) 0,909

1,10(0,3-3,4)

Não 12/21 (57,1) 10/17 (58,8)

Presença de horta na

residência

Sim 67/112 (59,8) 0,920

0,99 (0,6-1,5)

10/21 (47,6) 0,186

0,42(0,1-1,2) Não 145/242

(59,9)*

30/44

(68,2)*

Manuseio de terra e areia

Sim 35/49 (71,4) 0,103

1,81 (0,9-3,5)

5/8 (62,5) 0,612

1,09(0,2-5,0) Não 178/307

(58,0)

35/58 (60,3)

Presença de gatos na

residência

Sim 36/51 (70,6) 0,123

1,73 (0,9-3,3)

7/8 (87,5) 0,097

5,3(0,6-45,9) Não 177/305

(58,0)

33/58 (56,9)

Contato com cães

Sim 117/203

(57,6)

0,337

0,77 (0,4-1,2)

18/35 (51,4) 0,204

0,45(0,1-1,2)

Não 82/129

(63,6)*

21/30

(70,0)* a - Qui-quadrado de Yates ou Teste exato de Fisher; b – Intervalo de confiança

* diferença do número total devido a recusa de resposta

Não houve associação significativa à infecção pelo T. gondii nas variáveis

hábitos alimentares e de comportamento, em ambos os municípios.

Page 46: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

44

3.6 DISCUSSÃO

Os dois municípios estudados apresentaram prevalência semelhante, sendo

59,8% em Palotina e de 60,6% em Jesuítas. Pela proximidade destes dois municípios (64 km),

as condições ambientais provavelmente não interferiram na prevalência da toxoplasmose.

Quando ocorre diferença na prevalência pode estar relacionada com as características

climáticas, fatores culturais e hábitos alimentares da população (COUTO et al., 2003;

VARELLA et al., 2003). Com relação às características socioeconômicas e culturais, Palotina

possui colonização italiana e alemã, índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,83 (o

sétimo melhor do estado), o produto interno bruto (PIB) é 822.245,310 milhões de reais e o

PIB per capita 28.658,65 mil (IBGE, 2008). Em Jesuítas a colonização é de italianos,

japoneses, portugueses e espanhóis, o IDH é 0,76 (1210 do estado), o PIB é de 100.331,151

milhões e o PIB per capita é 11.121,69 mil (IBGE, 2008). As diferenças étnicas, culturais e

econômicas dos municípios não interferiram na prevalência da toxoplasmose. Todas as

gestantes que participaram do estudo foram atendidas pelo Sistema Público de Saúde,

apresentando características econômicas, sociais e culturais similares, o que possivelmente

contribuiu na semelhança da prevalência dos anticorpos IgG anti-T. gondii nas duas cidades.

No Paraná foram observadas prevalências semelhantes, ao desse estudo,

como 53,0% em Cascavel, no oeste do estado (LOPES-MORI, 2010), 53,0% em Curitiba,

leste do estado (VAZ, 2006), 55,1% em Rolândia (DIAS, 2009) e 56,6% e Londrina, no norte

do estado (MANDAI; LOPES; MITSUKA-BREGANÓ, 2007). Prevalência inferior foi

observada em Cambé (norte do estado), 46,4% (LOPES-MORI, 2010). No entanto,

prevalência maior foi encontrada em outros estados como 64,9% na Bahia (NASCIMENTO et

al., 2002), 67,3% em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (LAGO et al., 2009); 73,5% em

Vitória, Espírito Santo (AREAL; MIRANDA, 2008), 74,5% em Alto Uruguai, Rio Grande do

Sul (SPALDING et al., 2005), 75,1% em Miracema, Rio de Janeiro (RIBEIRO; MUTIS;

FERNANDES, 2008) e 91,6 % no Mato Grosso do Sul (FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005).

Alguns autores relataram que a prevalência da toxoplasmose é variável dentro de um mesmo

país; e no Brasil, devido a grande extensão territorial e a diversidade cultural, esse fato é mais

relevante.

A prevalência de anticorpos IgM anti-T. gondii em Palotina foi de 1,1%,

esse resultado é superior ao do estudo realizado com gestantes no Mato Grosso do Sul

(FIGUEIRÓ-FILHO et al., 2005) que relatou prevalência de 0,4%. Mas é inferior a outras

cidades do estado do Paraná, como em Londrina, Cambé, Rolândia, Cascavel e Curitiba que

Page 47: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

45

apresentaram uma média de 2,0% (DIAS, 2009; LOPES-MORI, 2010; VAZ, 2006). No

estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre foi de 2,6% (REIS; TESSARO;

D’AZEVEDO, 2006) e em Caxias do Sul foi de 2,8% (DETANICO; BASSO, 2006). Já no

município de Jesuítas não foram detectados anticorpos IgM anti- T. gondii.

Em Palotina duas gestantes realizaram o teste de avidez de IgG no primeiro

trimestre de gestação e apresentaram resultado de forte avidez, indicando infecção crônica.

Outras duas gestantes que iniciaram o pré natal após 16 semanas de gestação e, apresentaram

anticorpos IgG e IgM anti- T. gondii, foram tratadas inicialmente com espiramicina e

encaminhadas ao Hospital de Referência para acompanhamento. Os bebês dessas gestantes

foram submetidos a testes sorológicos e o resultado foi IgG positivo e IgM negativo, mas para

exclusão da infecção nas crianças, o monitoramento sorológico deverá continuar até a

negativação do IgG ou até completarem um ano de vida.

No município de Jesuítas foi o implantada a triagem neonatal associada à

triagem pré-natal da toxoplasmose. Durante o período de estudo nenhum dos 27 recém-

nascidos no município apresentou reatividade, no entanto Lago et al. (2007) realizaram um

trabalho em Porto Alegre com triagem neonatal, onde seis dos 10.000 recém-nascidos

analisados foram IgM positivos no “teste do pezinho” para toxoplasmose pelo técnica da

fluorometria, sendo que quatro dos seis neonatos eram filhos de gestantes que fizeram a

triagem pré-natal. A infecção dessas gestantes foi provavelmente nas últimas semanas de

gravidez e após a última sorologia. Isso demonstra a importância da associação da triagem

pré-natal com a neonatal para identificar a infecção no feto e no recém-nascido e instituir o

tratamento precoce.

Nos municípios de Palotina e Jesuítas, com relação ao local de moradia

(zona urbana ou rural) não houve associação com a infecção. Resultado diferente foi

encontrado por outros pesquisadores, como Dias (2009) em Rolândia, Lopes-Mori (2010) em

Londrina, Avelino et al. (2004) em Goiânia, Goiás, Spalding et al. (2005) na região do Alto

Uruguai no Rio Grande do Sul. Nesses estudos as gestantes procedentes da área rural

apresentaram maior prevalência da infecção em relação às da área urbana.

Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa com relação à

faixa etária das gestantes, embora a soropositividade seja maior em gestantes acima de 21

anos em os ambos municípios. Porto, Amorim e Santos (2008) em um estudo com 503

mulheres grávidas em Recife, também não encontraram diferenças estatísticas em relação à

idade e prevalência da toxoplasmose. Resultados diferentes foram observados em Rolândia,

Cascavel e Caxias do Sul (DETANICO; BASSO, 2006; DIAS, 2009; LOPES-MORI, 2010)

Page 48: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

46

onde gestantes com maior faixa etária apresentaram maior prevalência da toxoplasmose, isso

pode ser atribuído à maior exposição ao parasita no decorrer dos anos.

Avelino et al. (2003) realizaram um estudo em Goiânia com 522 grávidas e

592 não grávidas, foi observado que as gestantes tinham 2,2 vezes mais a chance de se

infectar com o parasita do que as não grávidas. Sendo assim os pesquisadores sugeriram que a

gestação pode ser considerada um fator de risco para a toxoplasmose. Alguns autores

teorizam que a maior vulnerabilidade ao parasita pelas gestantes, pode ser atribuída a

imunodepressão e alterações hormonais que ocorrem na gestação. Sendo assim o maior

número de gestações pode estar associado ao maior o risco de infecção. As gestantes

multíparas de Palotina apresentaram maior chance de infecção pelo T. gondii em relação as

primigestas, sendo que o risco foi calculado em 1,9 vezes mais chance de adquirir a infecção.

Em Jesuítas não foi encontrada associação significativa entre o número de gestações e a

infecção pelo T. gondii.

Quanto a renda per capita, vários autores demonstraram associação

significativa em relação à infecção pelo T. gondii, fato não observado nesse estudo em ambos

os municípios (AVELINO et. al., 2004; BARBOSA; HOLANDA; ANDRADE-NETO, 2009;

DIAS, 2009; LOPES-MORI, 2010). Areal e Miranda (2008) também não observaram

associação entre a renda per capita e a infecção, em uma pesquisa realizada com gestantes

atendidas pelo Sistema Público de Saúde em Vitória.

O nível de escolaridade apresentou associação significativa à infecção

apenas em Palotina. Gestantes com até oito anos de escolaridade apresentaram risco 1,89

vezes maior de infectarem que as demais. Portanto o maior grau de instrução é um fator de

proteção para a infecção pelo T. gondii, demonstrando a importância de investimento em

educação. Esse resultado corrobora com estudos anteriores, como em Londrina, Cambé,

Rolândia, Vitória, Recife, Natal (Rio Grande do Norte), Goiânia, Porto Alegre (AREAL;

MIRANDA, 2008; AVELINO et al., 2004; BARBOSA; HOLANDA; ANDRADE-NETO,

2009; DIAS, 2009; LOPES-MORI, 2010; PORTO; AMORIM; SANTOS, 2008; VARELLA

et al., 2003). Torna-se evidente que a educação é um fator importante para a prevenção da

infecção e promoção da saúde.

Não houve soroconversão nas gestantes dos dois municípios, fato que pode

ser atribuído às medidas de educação em saúde realizadas durante o período gestacional.

Em ambos os municípios, não foi encontrada associação entre a

toxoplasmose e os diferentes hábitos de comportamento analisados como: ingestão de carnes

Page 49: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

47

cruas ou mal cozidas, ingestão de vegetais crus, ingestão de salames coloniais, manipulação

de terra ou areia, presença de horta em casa, presença de gatos em casa e contato com cães.

Palotina e Jesuítas não possuíam uma rotina de triagem sorológica trimestral

no pré-natal das gestantes suscetíveis, estes procedimentos só foram alcançados após a

implantação do “Programa de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida na Gestação e

Congênita”, auxiliados por especialistas da Universidade Estadual de Londrina. Em Jesuítas

também foi implantado o teste do pezinho, sendo um dos poucos municípios brasileiros que

realizam a triagem pré-natal e a neonatal. A partir dos dados obtidos das gestantes

participantes do programa, foi possível conhecer alguns fatores relacionados à epidemiologia

desta importante infecção congênita. Esses dados serão úteis para a avaliação da eficácia do

programa implantado e para o redirecionamento de futuras ações.

Os resultados permitem concluir que a infecção pelo T.gondii é comum nos

dois municípios avaliados, no entanto cerca de 40% das gestantes são soronegativas e

apresentam risco para transmissão fetal. Assim as medidas preventivas adotadas no serviço

público de saúde devem ser mantidas nestes municípios.

Page 50: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

48

3.7 REFERÊNCIAS

ALVES, J. A. B.; OLIVEIRA, L. A. R.; OLIVEIRA, M. F. B.; ARAÚJO, R. M.; SANTOS,

R. C. S.; ABUD, A. C. F.; INAGAKI, A. D. M. Prevalência de anticorpos anti-Toxoplasma

gondii em mulheres grávidas. Revista de Enfermagem UFRJ, v.17, n.1, p.107-110, 2009.

AMENDOEIRA, M. R. R.; COSTA, T.; SPALDING, S. M. Toxoplasma gondii Nicolle e

Maneaux, 1909 (Apicomplexa: Sarcocystidae) e a Toxoplasmose. Revista Souza Marques,

Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.15-29, 1999.

ANDRADE, G. M. Q.; RESENDE, L. M.; GOULART, E. M. A.; SIQUEIRA, A. L.; VITOR,

R. W. A.; JANUARIO, J. N. Deficiência auditiva na toxoplasmose congênita detectada pela

triagem neonatal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v.74, n.1, p.21-28, 2008.

AREAL, K. R.; MIRANDA, A. E. Soroprevalência de toxoplasmose em gestantes atendidas

na rede básica de saúde de Vitória, ES. NewsLab, ed. 87, p. 122-129, 2008.

AVELINO, M. M.; CAMPOS JUNIOR., D.; PARADA, J. C. B.; CASTRO, A. M. Pregnancy

as a risk factor for acute toxoplasmosis seroconversion. European Journal of Obstetrics &

Gynecology and Reproductive Biology, v. 108, p. 19-24, 2003.

AVELINO, M. M.; CAMPOS-JÚNIOR, D.; PARADA, J. B.; CASTRO, A. M.Risk factors for

Toxoplasma gondii infection in women of childbearing age. The Brazilian Journal of

Infections Diseases, v. 8, p. 164-174, 2004.

BARBOSA, I. R.; HOLANDA, C. M. C. X.; ANDRADE-NETO, V. F. Toxoplasmosis

screening and risk factors amongst pregants females in Natal, northeastern Brazil.

Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v. 103, n. 4, p. 377-

382, 2009.

BEVERLEY, J. K. A. A new look at infectious diseases. Toxoplasmosis. Britich Medical

Journal, v. 2, n. 5864, p. 475-478. 1973.

COUTO,J. C.F.; MELO, R. N.; RODRIGUES, M. V.; LEITE, J. M. Diagnóstico pré-natal e

tratamento da toxoplasmose na gestação. Femina, v.31, n.1, p.85-90, 2003.

DEAN, A. G.; DEAN, J. A.; COULOMERIER, D.; BRENDEL, K. A.; SMITH, D. C.;

BURTON, A. H.; DICKER, R. C.; SULIVAN, K. M.; FAGAN, R. F.; ARNER, T. G. Epi

Info, Version 6: a word processing, data bases, and statistic program for epidemiology on

microcomputers. Center for Diseases Control and Prevention, Atlanta - Georgia, U.S.A.,

1994.

DETANICO, L.; BASSO, R. M. C. Toxoplasmose: perfil sorológico de mulheres em idade

fértil e gestantes. Revista Brasileira de Análises Clínicas, v. 38, n. 1, p. 15-18, 2006.

DESMONTS, G.; COUVREUR, J. Congenital Toxoplasmosis. A prospective study of 378

pregnancies. The New England Journal of Medicine, v. 290, p. 1110-1116, 1974.

Page 51: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

49

DIAS, R. Fatores associados à infecção por Toxoplasma gondii em gestantes atendidas

nas unidades básicas de saúde do município de Rolândia, Paraná. Londrina, 2009. 59 p.

Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Universidade Estadual de Londrina.

DUBEY, J. P. Toxoplasmosis of animals and humans, 2ª ed. New York: CRC Press, 2010.

p. 338.

DUNN, D.; PEYRON, F.; PETERSEN, E.; PECKHAM, C.; GILBERT, R. Mother-to-child

transmission of toxoplasmosis: Risk estimates for clinical counseling. Lancet, v. 353, p. 1829-

1833, 1999.

FIGUEIRÓ-FILHO, A. E; LOPES, A. H. A.; SEFONTE, F. R. A.; SOUZA JÚNIOR, V. G.;

BOTELHO, C. A.; FIGUEIREDO, M. S.; DUARTE, G. Toxoplasmose aguda: estudo da

freqüência, taxa de transmissão vertical e relação entre os testes diagnósticos materno-fetais

em gestantes em estado da Região Centro-Oeste do Brasil. Revista Brasileira de Ginecologia

e Obstetrícia, v.27, n.8, p.442-449, 2005.

FRENKEL, J. K. Toxoplasmose. In: VERONESI, R. FOCACCIA. R. Tratado de

Infectologia. 2.ed. São Paulo: Atheneu, 2004. p. 1310-1325.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Primeiros resultados do Censo 2010.

Acesso em: 08 dez 2010.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produto Interno Bruto dos Municípios

2004-2008. Acesso em: 08 dez 2010.

LAGO, E. G.; NETO, E. C.; MELAMED, J.; RUCKS, A. P.; PRESOTTO, C.; COELHO, J.

C.; PARISE, C.; VARGAS, P. R.; GOLDBECK, A. S.; FIORI, R. M. Congenital

toxoplasmosis: late pregnancy infections detected by neonatal screening and maternal

serological testing at delivery. Paediatric and Perinatal Epidemiology, v. 21, p. 525-531,

2007.

LAGO, E.; CARVALHO R. L.; JUNGBLUT, R.; SILVA, V. B.; FIORI, R. M. Screening for

Toxoplasma gondii antibodies in 2,513 consecutive parturient women and evaluation of

newborn infants at risk for congenital toxoplasmosis. Scientia Medica, v. 19, n. 1, p. 27-34,

2009.

LOPES, F. M. R.; MITSUKA-BREGANÓ, R.; GONÇALVES, D. D.; FREIRE, R. L.;

KARIGYO, C. J. T.; WEDY, G. F.; MATSUO, T.; REICHE, E. M. V.; MORIMOTO, H. K.;

CAPOBIANGO, J. D.; INOUE, I. T.; GARCIA, J. L.; NAVARRO, I. T. Factors associated

with seropositivity for anti-Toxoplasma gondii antibodies in pregnant women of Londrina,

Paraná, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 104, p. 378-382, 2009.

LOPES-MORI, F. M. R. Epidemiologia da toxoplasmose gestacional em cinco municípios

do estado do Paraná. Londrina, 2010. 81p. Tese (Doutorado em Ciência Animal) –

Universidade Estadual de Londrina.

MANDAI, O. N.; LOPES, F. M. R.; MITSUKA-BREGANÓ, R. Prevalência de anticorpos

IgG e IgM anti-Toxoplasma gondii em gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde do

município de Londrina – Paraná, no período de 2003 e 2004, Revista Brasileira de Análises

Clínicas, v. 39, n.4, p.247-249, 2007.

Page 52: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

50

MARTIN, F. C. Toxoplasmosis congênita. Uma enfermidad com demasiados interrogantes.

Anales de Pediatría, v. 61, n. 2, p. 115-117, 2004.

MITSUKA-BREGANÓ; R. Programa de Vigilância em Saúde da Toxoplasmose

Gestacional e Congênita: Elaboração, Implantação e Avaliação no Município de

Londrina, Paraná. Londrina, 2009. 114 p. Tese (Doutorado em Ciência Animal),

Universidade Estadual de Londrina.

MITSUKA-BREGANÓ; R.; LOPES-MORI, F. M. R.; NAVARRO, I. T. Toxoplasmose

Adquirida na gestação e Congênita: Manual de Vigilância em Saúde, Diagnóstico,

Tratamento e Condutas, EDUEL- ISBN: 978-85-7216-519-8, Londrina, p.62, 2010.

MONTOYA, J. G.; ROSSO, F. Diagnosis and Management of Toxoplasmosis, Clinics in

Perinatology, v. 32, p. 705– 726, 2005.

NASCIMENTO, I.; CARVALHO, S.; CARDOZO, N.; ASFORA, S.; CAMPOS, A.;

MENEZES, S.; SIMÕES, J.; SCHAER, R. E.; MEYER, R. Estudo da prevalência de

anticorpos anti-Toxoplasma gondii em mulheres grávidas no Estado da Bahia. Ciência Médica

e Biológica, v.1, n.1, p.12-15, 2002.

NICOLLE, C.; MANCEAUX, L. Sur un protozoaire nouveau du gondi. Compets Rendus de

L´Academie des Sciences, v.148, p.369, 1909

NÓBREGA, O. T.; KARNIKOWSKI, M. G. O. An estimation of the frequency of gestational

toxoplasmosis in the Brazilian Federal District. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical, v.38, n.4, p.358-360, 2005.

PORTO, A. M. F.; AMORIM, M. M. R.; SANTOS, I. C. N. C. Perfil sorológico para

toxoplasmose em gestantes atendidas em maternidade. Revista da Associação Médica

Brasileira, São Paulo, v.54, n.3, p., 2008.

REIS, M. M.; TESSARO, M., M.; D`AZEVEDO, P. A. Perfil sorológico para toxoplasmose

em gestantes de um hospital público de Porto Alegre. Revista Brasileira de Ginecologia e

Obstetrícia, v.28, n.3, p.158-164, 2006.

RIBEIRO, A.C.; MUTIS, M. S.; FERNANDES, O. Association of the presence of residual

anti-Toxoplasma gondii IgM in pregnant women and their respective family groups in

Miracema, Northwest Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 103,

n. 6, p. 591-594, 2008.

SABIN, A. B. Toxoplasmosis: recently recognized disease. Advances in Pediatrics, v. 1, p. 1-

54, 1942.

SPALDING, S. M.; AMENDOEIRA, M. R. R.; KLEIN, C. H.; RIBEIRO, L. C. Serological

screening and toxoplasmosis exposure factors among pregnant women in south of Brazil,

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 38, n. 2, p. 173-177, 2005.

VARELLA, I. S.; WAGNER, M. B.; DARELA, A. C.; NUNES, L. M.; MÜLLER, R. W.

Prevalência de soropositividade para toxoplasmose em gestantes. The Journal of Pediatrics,

v. 79, n. 1, p. 69-74, 2003.

Page 53: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

51

VAZ, R. S. Diagnóstico sorológico, isolamento e caracterização molecular de Toxoplasma

gondii (Nicole & Manceaux, 1909) em mulheres gestantes atendidas pelo serviço público

na cidade de Curitiba. Curitiba, 2006. 211p. Tese (Doutorado em Processos

Biotecnológicos), Universidade Federal do Paraná.

Page 54: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

52

CONCLUSÃO

A prevalência de anticorpos IgG anti-T. gondii encontrada em Palotina foi

de 59,8% e de 60,6 % em Jesuítas. Em Palotina foi detectado a presença de anticorpos IgM

anti T. gondii em 1,1% das gestantes, as de Jesuítas não apresentaram soropositividade a esses

anticorpos.

No município de Palotina, os fatores associados à infecção foram: o nível de

escolaridade e número de gestações. Em Jesuítas, entre as variáveis estudadas, não foram

encontrados fatores associados com a infecção pelo T. gondii.

Em Palotina, 40,2% das gestantes eram suscetíveis a infecção pelo T.

gondii. Enquanto que na cidade de Jesuítas 39,4% das gestantes eram soronegativas. Em

ambos os municípios não ocorreu soroconversão. Esses resultados reforçam a importância da

realização da educação em saúde associada a triagem pré-natal e neonatal.

Jesuítas é um dos primeiros municípios, no Brasil, a realizar a triagem pré-

natal associada neonatal. Dos 27 recém-nascidos que foram submetidos ao teste do pezinho

para toxoplasmose, nenhum foi reagente.

Os gestores das Secretarias de Saúde dos municípios de Palotina e Jesuítas

foram conscientizados da necessidade de fazer a prevenção da toxoplasmose na gestação e

congênita, por isso implantaram o programa “Programa de Vigilância da Toxoplasmose

Adquirida na Gestação e Congênita”. A partir dessa implantação, todas as gestantes passaram

a receber orientações sobre a toxoplasmose e as soronegativas passaram a ser monitoradas

com triagem sorológica trimestral. As medidas preventivas preconizadas por esse programa

são ferramentas necessárias para evitar a infecção congênita e, podem ser implementadas em

qualquer região que disponha de atendimento público de saúde.

Page 55: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

53

APÊNDICES

Page 56: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

54

APÊNDICE A

Questionário Epidemiológico

Page 57: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

55

QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

PERFIL SANITÁRIO DE GESTANTES ATENDIDAS NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

COM ÊNFASE EM TOXOPLASMOSE CONGÊNITA

N° PRONTUÁRIO: _________________

UBS:___________________________________________________DATA:____/____/____

NOME DO ENTREVISTADOR:_______________________________________________

NOME DA GESTANTE:________________________________________________________

NOME DA MÃE DA GESTANTE:________________________________________________

DATA DE NASCIMENTO: _____/______/_____

ESTADO CIVIL: 1 Solteira ( ) 2 Casada ( ) 3 Mora junto ( ) 4 Viúva ( ) 5 Separada ( )

RUA:______________________________________________________________n°________

BAIRRO:______________________________CIDADE:_______________________________

TELEFONE: _____________________________________

ZONA URBANA ( ) ZONA RURAL ( )

1.DADOS DA GESTANTE

1.1 Nº de gestações: ___________ Nº de filhos (sem contar a gestação atual): ____________

1.2 Idade gestacional (em semanas):___________________________

1.3 Data provável do parto:_____________________

1.4 Você já abortou? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

1.5 Você já fez transfusão de sangue? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

2. GRAU DE INSTRUÇÃO: 2.1 Fundamental completo ( ) 2.2 Fundamental incompleto ( )

2.3 Médio completo ( ) 2.4 Médio incompleto ( )

2.5 Superior completo( ) 2.6 Superior incompleto ( )

3. TRABALHA FORA? 1. Sim ( ) 2. Não ( ) Qual a atividade?______________________

4. RENDA FAMILIAR (somar a renda de todos os moradores):

4.1 Até 1 salário mínimo ( ) 4.2 de 1 a 3 salários mínimos ( )

4.3 De 3 a 5 salários mínimos ( ) 4.4 Mais de 5 salário mínimos ( )

5. RESIDÊNCIA: 5.1 Têm horta em casa? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

6. ANIMAIS:

6.1 Possui gato? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

6.1.1 Quantos gatos você possui? 1. Um ( ) 2. Dois ( ) 3. Mais que dois ( )

Page 58: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

56

6.1.2 Possui gato com até um ano de idade? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

6.1.3 Onde ele defeca? 1. Horta ( ) 2. Quintal/jardim ( ) 3. Rua ( )

4. Caixa higiênica ( )

6.1.5 O animal é alimentado com carnes cruas ou mal passadas? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

6.2 Não tem gato, mas aparecem outros gatos de fora no quintal? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

6.3 Tem contato com cães? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

7. SANEAMENTO:

7.1 A sua casa é servida de água tratada? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

7.2 Qual o destino do esgoto? 1. Rede pública ( ) 2. Fossa ( ) 3. Céu aberto ( )

4. Rio/córregos ( )

7.3 Na sua rua tem coleta pública de lixo? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8. HÁBITOS DE COMPORTAMENTO:

8.1 Você mexe em areia/ terra? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.2 Você come fora de casa? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.3 É você que cozinha em casa? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.4 Qual o tipo de água que você bebe em casa? 1. Torneira ( ) 2. Fervida ( )

3. Filtrada ( ) 4. Mineral ( )

8.5 Você come carne? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.5.1Come carne crua ou mal passada? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.5.2 Qual o tipo de carne do item anterior? 1. Boi ( ) 2. Porco ( ) 3. Carneiro ( )

4. Frango ( )

8.5.3 Você come: 1. Kibe cru ( ) 2. Churrasco mal passado ( )

3. Lingüiça frescal ( ) 4. Salame colonial ( ) 5. Não ( )

8.6 Você come frutas? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.7 Você come verduras e legumes crus? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.8 Você lava as frutas e as verduras antes de consumi-las? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.9 Depois de cortar carne como você limpa a tábua para depois cortar uma verdura?

1. Lava com água ( ) 2. Lava com água e sabão ( ) 3. Não lava ( )

8.10 Você toma leite do sítio? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.10.1 Ferve este leite? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

8.10.2 Qual a origem deste leite? 1. Vaca ( ) 2. Cabra ( )

9. TOXOPLASMOSE

9.1 Você recebeu alguma orientação para prevenção da toxoplasmose?

1. Sim ( ) 2. Não ( )

RESULTADO EXAME SOROLÓGICO

IgG 1. positivo ( ) 2. negativo ( )

IgM 1. positivo ( ) 2. negativo ( )

NÃO ESQUECER DE SOLICITAR A ASSINATURA NO TERMO DE CONSENTIMENTO

Page 59: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

57

ANEXOS

Page 60: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

58

ANEXO A

Aprovação do Comitê de Ética

Page 61: EPIDEMIOLOGIA DA TOXOPLASMOSE EM GESTANTES … · laura helena franÇa de barros bittencourt epidemiologia da toxoplasmose em gestantes atendidas no serviÇo pÚblico de saÚde dos

59