Entrevista Com o Paciente

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A ENTREVISTA COM O PACIENTE Cap. 8 – Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, 2ªEd. – Paulo Dalgalarrondo.

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A Entrevista com o Paciente

A Entrevista com o PacienteCap. 8 Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, 2Ed. Paulo Dalgalarrondo.1Harry Stack Sullivan (1983) afirmava que o domnio da tcnica de realizar entrevistas o que qualifica especificamente o profissional habilidoso. Nesse sentido ele define o psiquiatra (psiclogo clnico, enfermeiro em sade mental, etc) como um perito do campo das relaes interpessoais, ou seja, um expert em realizar entrevistas que sejam realmente teis, pelas informaes que fornecem e pelos efeitos teraputicos que exercem sobre os pacientes. OUVIR ESCUTA ATIVA

fundamental que o profissional possa estar em condies de acolher o paciente em seu sofrimento, de ouvi-lo realmente, escutando-o em suas dificuldades e idiossincrasias.s vezes uma entrevista bem conduzida aquela na qual o profissional fala muito pouco e ouve pacientemente o enfermo. Outras vezes, o paciente e a situao exigem que o entrevistador seja mais ativo. Isso varia em funo: do paciente (personalidade, estado mental e emocional no momento, cognio, etc); do contexto institucional, dos objetivos da entrevista, da personalidade do entrevistador.Algumas atitudes so, na maior parte das vezes, inadequadas e improdutivas. O profissional deve evitar:

Posturas rgidas, estereotipadas;Atitude excessivamente neutra ou fria; Reaes exageradamente emotivas;Comentrios valorativas ou julgamentos; Reaes emocionais intensas de pena ou compaixo;Responder com hostilidade ou agresso;Entrevistas excessivamente prolixas;Fazer muitas anotaes durante a entrevista.A(s) Primeira(s) Entrevista(s) considerada um momento crucial no diagnstico e no tratamento em sade mental.Os primeiros minutos da entrevista so extremamente significativos, sendo muitas vezes teis tanto para identificao do perfil dominante de sintomas do paciente como para a formulao da hiptese diagnstica final.Aspecto Global do PacienteUm aspecto importante nas fases iniciais da avaliao notar e descrever o aspecto global do paciente, expresso pelo corpo e pela postura corporal, indumentria (roupas, sapatos), acessrios, maquiagem, marcas corporais, perfumes, etc.Apresentao conveniente que o profissional se apresente, dizendo seu nome, se necessrio sua profisso e especialidade e se for o caso, a razo da entrevista.Esclarecer a relao de sigilo e discrio.Ressaltar a necessidade de colaborao mtua entre profissional e paciente.O entrevistador deve lembrar que, nas fases mais iniciais da entrevista, o paciente pode estar muito ansioso e usar manobras e mecanismos defensivos como riso, silncio, perguntas inadequadas, comentrios circunstanciais sobre o profissional.Alguns procedimentos podem facilitar a entrevista no momento em que o entrevistador lida com o silncio do pacienteO entrevistador deve fazer perguntas e colocaes breves que assinalem a sua presena efetiva e mostrem ao paciente que ele est atento e tranquilo para ouvi-lo.

O entrevistador deve evitar perguntas muito direcionadas, fechadas, que possam ser respondidas com um sim ou no, assim como perguntas longas e complexas. sempre melhor intervenes do tipo como foi isso?, explique melhor, conte um pouco mais sobre isso que questes como por qu? ou qual a causa.

O entrevistador deve buscar para cada paciente em particular o tipo de interveno que facilite a continuidade de sua fala.

Transferncia e ContratransfernciaA transferncia compreende atitudes e sentimentos cuja origem so basicamente inconscientes para o paciente. Tais sentimentos so uma repetio inconsciente do passado.A contratransferncia a transferncia que o profissional estabelece com seus pacientes. Avaliao Psiquitrica Como Um TodoEntrevista inicial anamnese;Exame psquico; Exame fsico geral e neurolgico; Exames complementares testes de personalidade e da cognio;Exames complementares exames laboratoriais, neuroimagem e neurofisiolgicos.Entrevista e Dados Fornecidos Por Um Informante Muitas vezes faz-se necessria a informao de familiares, amigos, conhecidos e outros. Os dados fornecidos pelo informante tambm padecem de um certo subjetivismo que o entrevistador deve levar em conta.Confiabilidade dos Dados Obtidos: Simulao e DissimulaoO profissional com alguma experincia em psicopatologia aprende prontamente que os dados obtidos em uma entrevista podem estar subestimados ou superestimados.Denomina-se dissimulao o ato de esconder ou negar voluntariamente a presena de sinais e sintomas psicopatolgicos.J a simulao a tentativa do paciente de criar voluntariamente um sintoma, sinal ou vivncia que de fato no tem (Turner, 1997).

Perspectiva Transversal x LongitudinalA avaliao psiquitrica possui uma dimenso longitudinal (histrica, temporal) e outra transversal (momentnea, atual) da vida do paciente. Ao se colher a dimenso longitudinal, deve-se buscar descrever relaes temporais de forma clara e observar como o paciente relata, sente e reage aos eventos passados. Sem a dimenso longitudinal, a transversal fica incompleta.