Enlinh@ nº 5

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enlinh@ Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico de Adolfo Portela A ESAP DÁ INÍCIO A MAIS UM PROJETO INOVADOR NA ÁREA DA INFORMÁTICA E ELETRÓNICA PALÁCIOS DO PODER - Na continuidade da sua vocação histórica, alguns palácios continuam a ser residências oficiais da monarquia ou dos governos. MUSEU DA FUNDAÇÃO DIONÍSIO PINHEIRO - Um museu é como um romance… POR QUE É QUE OS POEMAS NUNCA ACABAM? Duas vozes sobre um tema

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Revista da Escola Secundaria Adolfo Portela

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enlinh@

Revista Digital da Escola Secundária com 3º Ciclo do Ensino Básico

de Adolfo Portela

A ESAP DÁ INÍCIO A MAIS UM PROJETO INOVADOR NA ÁREA DA INFORMÁTICA E ELETRÓNICA

PALÁCIOS DO PODER - Na continuidade da sua vocação histórica, alguns palácios continuam a ser residências oficiais da monarquia ou dos governos.

MUSEU DA FUNDAÇÃO DIONÍSIO PINHEIRO - Um museu é como um romance…

POR QUE É QUE OS POEMAS NUNCA ACABAM? Duas vozes sobre um tema

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"Assim como lavamos o corpo devíamos lavar o destino" (Fernando Pessoa, Livro do Desassossego)

Estamos finalmente em 2012, ano fatídico segundo as profecias do calendário maia. Muito se tem especulado a este respeito, numa lógica fortemente favorecida pela divulgação sensacionalista de tempestades solares de grande intensidade, terramotos devastadores, cheias, secas, tufões, alterações climáticas… Seja qual for a origem destes fenómenos, não podemos contornar o facto de a vida se basear sobretudo em probabilidades, muito pouco em certezas. E, porventura, assim a deveríamos aceitar. Além disso, não haverá nessas ditas catástrofes naturais uma grande parte de responsabilidade humana?

Posto isto, a verdade é que não faltam razões para pensar que o fim do mundo, tal como o conhecemos, já terá começado. A população mundial atingiu os sete mil milhões de pessoas, na sua maioria movidas pelo objetivo comum de um consumo que o planeta não consegue sustentar. A devastação a que sujeitamos a Terra poderá torná-la, mais depressa do que imaginamos, um local inabitável. Poderá conduzir ao tão temido “fim do mundo”.

A sociedade global, controlada pela lógica do mercado, não dá sinais significativos de querer inverter o crescimento irresponsável e

destruidor, gerador de desigualdades gritantes, de pobreza e sofrimento evitáveis. Esta tendência não será de agora, mas acelerou-se dramaticamente nas últimas décadas. Os poucos que estão bem não reparam, ou não querem reparar, os outros estão porventura demasiado vulneráveis ou alheados para se manifestarem.

Por tudo isto e por tanto que fica por dizer (e que está gasto de tanto repetido), é urgente procurar novos modelos, políticas demográficas eficazes, alternativas responsáveis e não necessariamente menos satisfatórias. No campo da educação e do saber, parece igualmente importante recuperar uma cultura humanista universal,

que tem vindo a perder o seu valor perante os imperativos da produção e do mercado, acautelando que, na corrida da especialização do saber, não se perca a perspetiva do todo.

Façamos de 2012 o ano da recuperação improvável. Façamos dele o ano da renovação, em que a ambição desmedida pelo ter e pelo poder seja substituída pela valorização de modos de vida mais simples, mais compassivos, solidários e justos, comprometidos com as próximas gerações e com as outras espécies. E, sobretudo, acautelemos que essa mudança não aconteça por causa das profecias maias, mas porque a desejamos, porque a nossa consciência a exige.

Professora Luísa Alcântara

ÍNDICE

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Cultura de Escola

CITAI – Centro de Inovação Tecnológica e Assistência Informática

Línguas e cidadania: os palácios do poder

Curso avançado: “Ciências Sociais dos Fenómenos Culturais”

Museu de Águeda: um património a descobrir

Por que é que os poemas nunca acabam?

Será melhor ser uma pessoa infeliz do que um porco feliz?

Egoísmo psicológico

Moralidade e Religião

Sobre o filme “Os grandes oradores”

Testemunhos: família

FICHA TÉCNICA Edição: 5 Data de publicação: março 2012 Coordenadores: Alda Rita, Luísa Alcântara Publicação da Escola ES/3 de Adolfo Portela Rua Joaquim Valente de Almeida 3750-154 ÁGUEDA / Tel. 234.623.808

Todas as formas de colaboração dos leitores (alunos, encarregados de educação, professores, funcionários)

devem ser enviadas para: [email protected]

PRAZO DE RECEÇÃO DE MATERIAIS PARA A

PRÓXIMA EDIÇÃO: JUNHO 2012

Editorial

Magritte, The big family

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CULTURA DE ESCOLA A cultura não é algo que se impõe na pirâmide da organização, mas sim algo que se constrói e se desenvolve durante o percurso da interação social (Santos Guerra, 2002).

Muitas são as definições de cultura de escola. Definições que têm contributos e olhares diferentes da sociologia, da pedagogia, da gestão, da antropologia…

Mas na cultura de escola entra sempre a cooperação entre os professores, entre estes e o pessoal não docente, entre os adultos e os alunos… Na cultura de escola entra sempre o rigor, o respeito, a tolerância, a solidariedade…

Na cultura de escola entra o sucesso académico e profissional dos alunos (sem esquecer a pessoa por trás desse sucesso) …

Na cultura de escola entram os pais e encarregados de educação…

Na cultura de escola entra a relação e a cooperação que se estabelece com a comunidade envolvente, com as diferentes instituições e com todas as pessoas…

Na cultura de escola entra a vontade de andar à frente…

Na cultura de escola entra o ouvir, refletir e agir…

Na cultura de escola entra o espaço físico… como ele é olhado, usado, valorizado, respeitado…

Na cultura de escola entram os professores

aposentados que continuam presentes

e os ex-alunos que voltam para nos falar

dos caminhos percorridos e para recordar bons tempos…

tempo que passou tão depressa… esse tempo que faz da noite

um instante (para os amantes) …

Pela cultura da nossa escola muitos quiseram

ficar, muitos quiseram vir. E não a vamos perder… aconteça o que acontecer…

O Diretor

Escola

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A ESAP dá início a mais um projeto inovador na área

da Informática e Eletrónica: a criação do Centro de

Inovação Tecnológica e Assistência Informática

(CITAI). Este é um projeto pensado há muito pela

Escola e que agora se materializa num espaço e

recursos adequados aos seus objetivos.

A ESAP é reconhecida pela qualidade de ensino na

área das novas tecnologias desde os anteriores

cursos tecnológicos de informática aos atuais cursos

profissionais de informática e eletrónica. Prova disto

é a satisfação das empresas e instituições que

anualmente recebem os alunos-estagiários desses

cursos e comprovam os seus conhecimentos

técnicos e educacionais adquiridos na escola. Com

este Centro pretende-se dar mais um passo na

qualidade de ensino destas áreas, permitindo aos

alunos desenvolver competências e experiências

reais no sentido de os preparar para o mercado de

trabalho ou incentivando-os a desenvolverem os

seus projetos nesta área.

No sentido de servir a comunidade escolar (alunos,

professores e funcionários), este Centro vai dispor

de um “Help Desk” para apoio técnico ao nível de

hardware e software. O CITAI está localizado numa

sala do 1º andar do Pavilhão A. Nesta fase inicial,

conta com dois estagiários - Diogo Gomes, da ESAP,

estagiário do Curso Profissional de Técnico de

Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, e

Carlos Crespo, da ESTGA, estagiário do Curso de

Especialização Tecnológica em Instalação e

Manutenção de Redes e Sistemas Informáticos.

Professor Hugo Rosa

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LÍNGUAS E CIDADANIA: OS PALÁCIOS DO PODER

A educação para a cidadania, associada ao ensino e à aprendizagem das línguas estrangeiras (LE), tem como objetivo contribuir para que os nossos alunos cresçam, em saber linguístico e cultura, como cidadãos informados e participativos, capazes de refletir criticamente sobre aspetos e questões do mundo atual e sobre aspetos de cultura e de vivência de outros povos. De facto, as línguas afirmam-se importantes veículos de cultura. Pelas línguas temos acesso a conhecimentos históricos, civilizacionais, sociais, políticos,... das respetivas comunidades de falantes, que facilitam a compreensão e a comunicação com o “outro”. As LE assumem, pois, um papel fundamental na educação dos jovens, habitantes de um espaço europeu, sujeitos à mobilidade por razões diversas, e que vão ser potenciais utilizadores de uma ou mais LE. Assim, saber comunicar em LE prende-se, também, com a necessidade de conhecermos a nossa própria cultura e a cultura dos outros. Por isso, línguas e cidadania caminham de mãos dadas, porque através do painel de conhecimentos que estas proporcionam, confrontamos semelhanças e diferenças, aprendemos a conhecermo-nos melhor e a compreender melhor o que é dos outros, desenvolvemos atitudes positivas de relacionamento e aprendemos a interagir com as diferenças... o que favorece a integração e o sucesso no espaço europeu e global.

Vamos deter-nos, brevemente, sobre um vasto património histórico que se inscreve na cultura dos países europeus: os Palácios. Moradias luxuosas, símbolos máximos de riqueza e de poder, os palácios encerram histórias e vivências normalmente associadas à realeza, mas também à nobreza ou a classes financeiramente poderosas. Além de habitação privada, os palácios serviam também finalidades “diplomáticas”. Era aí que os reis recebiam as embaixadas de outros países, organizavam receções faustosas, banquetes e festas famosas. Por isso a habitação do rei – palácio – tinha que refletir o ideal máximo de beleza, desde a decoração interior, (pinturas, tapeçarias, móveis, esculturas,...) à decoração exterior (estátuas, grandes jardins, lagos, pavilhões de caça,...). Estas obras máximas de arquitetura foram também inspiração para residências de nobres ou de senhores poderosos, porque detentores de grandes fortunas.

Hoje, na continuidade da sua vocação histórica, alguns palácios continuam a ser residências oficiais da monarquia ou dos governos.

Portugal, cujo sistema político é uma república, não é exceção! O Chefe do Estado português tem a sua residência oficial no Palácio de Belém. É aqui que o Presidente da República (Aníbal Cavaco Silva) trabalha e cumpre todas as obrigações oficiais.

O Palácio Nacional de Belém fica situado na zona

sudoeste de Lisboa, em Belém. Foi construído em 1559, pelo fidalgo D. Manuel de Portugal. No séc. XVIII foi comprado por D. João V, que lhe fez grandes alterações, acrescentando-lhe uma escola de equitação, cujas cavalariças são, hoje, o Museu dos Coches. Em 1886, torna-se residência dos Príncipes Reais D. Carlos, Duque de Bragança e D. Amélia de Orleães. Após a subida ao trono de D. Carlos, a família real muda-se para o Palácio das Necessidades, porque o Palácio de Belém não tinha as dimensões de residência oficial da coroa. Este passa a ser residência dos convidados estrangeiros. Já depois da implantação da República, o Palácio de Belém foi designado Residência Oficial do Presidente da República Portuguesa, em 1912.

O Palácio de S. Bento, normalmente associado à residência do Primeiro Ministro de Portugal (Pedro Passos Coelho), nasceu no séc. XVI como mosteiro beneditino (Mosteiro de S. Bento da Saúde). Com a extinção das ordens religiosas em Portugal, passou a ser propriedade do Estado e tornou-se sede das Cortes Gerais da Nação, passando a ser denominado Palácio das Cortes. Acompanhando as mudanças políticas, o palácio teve também vários nomes, ficando a designação de Palácio de S. Bento, em memória do antigo convento. Em 1976, passou a sede da Assembleia da República. Nas traseiras deste grande edifício, situa-se um Palacete – Palacete de S. Bento – mandado construir para residência particular, em 1877. É adquirido pelo Estado em 1937 e inaugurado como residência oficial do Primeiro Ministro em 1939, o que se mantém até à atualidade.

Palácio de Belém

Residência oficial do Primeiro Ministro

Mundo

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Outro país com o mesmo regime político – República – é a França. Também aqui, a residência oficial do Presidente da República Francesa é um palácio – o Palácio do Eliseu (Palais de L’Élysée). É neste local que o Presidente da

República (Nicolas Sarkozy) tem o seu gabinete de trabalho, reúne com os seus ministros e cumpre todas as obrigações oficiais. O Palácio do Eliseu fica situado na zona oeste de Paris, na rua Faubourg Saint-Honoré. Foi construído para residência do Conde d’Évreux, em 1722. Depois da sua morte, foi comprado pelo Rei Louis XV, diz-se, para residência da sua amante, Madame de Pompadour. Teve, depois, vários donos e cada um foi fazendo modificações a seu grado, aumentando alas, jardins, escadarias,... Foi residência de vários convidados (Czar Alexandre III, Sultão da Turquia, Imperador da Áustria, Reis, Embaixadores,...). Em 1816, foi comprado pelo Rei Louis XVIII e entra, então, definitivamente para os bens do Estado. Aquando da implementação da República (1870), foi aí que se instalou o primeiro Presidente da República, passando definitivamente a residência oficial de todos os Presidentes da República, a partir de 1874.

A residência oficial do Primeiro Ministro Francês (François Fillon) é o Palácio de Matignon. Situado na rua Varenne, foi mandado construir pelo príncipe de Tingry, em 1722,

que teve que o vender antes de estar acabado por não ter dinheiro para sustentar as obras. Comprou-o Jacques III de Goyon-Matignon. Depois da sua morte, o seu filho torna-se, pelo casamento, príncipe do Mónaco e o palácio

passa para os seus descendentes. Este palácio possui o maior jardim privado de Paris. Foi aí que o Conde de Paris organizou uma sumptuosa festa, em 1886, para celebrar o noivado da sua filha, Princesa Amélia de Orleães com o Príncipe herdeiro de Portugal, D. Carlos. Torna-se residência oficial do Primeiro Ministro depois da segunda Guerra Mundial.

A Monarquia é o regime político dos outros dois países, cujas línguas têm expressão na nossa escola: Grã-Bretanha (Rainha Elizabeth II) e Espanha (Rei D. Juan Carlos).

A família real Inglesa ocupa, em Londres, o Palácio de Buckingham, como residência oficial (desde os tempos da Rainha Vitória, em 1837) e também como residência privada durante uma parte do ano. O Palácio de

Buckingham começou por ser a Casa de Buckingham, uma moradia citadina, construída pelo Duque de Buckingham em 1703 e adquirida pelo Rei Jorge III, em 1762, para

residência privada. Ganha, nesta altura, o nome de The Queen’s House. Sofreu reformas e aumentos durante 75 anos, mas sempre a pensar numa residência particular e privada para a Família Real. Durante a segunda guerra mundial foi bombardeado várias vezes. É um dos edifícios do mundo mais conhecidos. Algumas das suas dependências estão abertas ao público.

Já o Primeiro Ministro Britânico (David Cameron) habita oficialmente o famoso nº 10 de Downing Street. Situado em Westminster (perto do Palácio de Westminster, a Casa do Parlamento), Londres, o nº 10 é o centro nevrálgico do governo do Reino Unido – residência oficial e local de trabalho do Primeiro Ministro, de secretários, assistentes, assessores,... Este edifício não é parte integrante de nenhum palácio, mas congrega um conjunto de três casas citadinas: o nº 10, A Casa dos

Palais de L’Elysée

Palais de Matignon

Buckingham Palace

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Fundos e uma outra pequena casa. O Rei Jorge II ofereceu a 10 Downing Street e a Casa dos Fundos a Robert Walpole, em 1732, como reconhecimento do seu valor e dos seus serviços prestados à nação. Este aceitou com a condição de que ela seria um presente para todo aquele que desempenhasse o cargo de Primeiro Lorde. As casas foram, então, unidas e resultaram no 10 Downing Street.

Em Espanha, o Rei tem como residência privada o Palácio da Zarzuela, mas é no Palácio Real que se desenrolam todos os atos oficiais ou de Estado a que preside. O Palácio Real é, assim, a residência oficial do Rei de Espanha. O Palácio Real ou Palácio do Oriente, situado em Madrid, é o maior palácio real da Europa. Começou a ser construído em 1738, por ordem de Filipe V, e está edificado num lugar onde anteriormente tinha existido outro palácio que fora destruído por um incêndio. Grande parte deste palácio está aberta ao público. Está sob a administração do Património Nacional de Espanha. O último monarca a habitá-lo como residência privada foi o Rei Afonso XIII.

Finalmente, outro palácio para outro Primeiro Ministro: Palácio da Moncloa. Situado na zona oeste da cidade universitária de Madrid, este palácio é a residência oficial

do Presidente do Governo Espanhol (Mariano Rajoy) desde 1977. Foi construído em 1642 e pertenceu ao 3º Conde da Moncloa. Foi comprado em 1802 pelo Rei Carlos IV para a sua esposa, depois da morte da sua proprietária. Praticamente destruído durante a Guerra Civil Espanhola, a sua reconstrução começou em finais da década de 40. É também um ponto turístico de Madrid.

Professora Corália Almeida

10 Downing Street

Palácio da Moncloa 7

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CURSO AVANÇADO “CIÊNCIAS SOCIAIS DOS FENÓMENOS CULTURAIS” O Curso Avançado “Ciências Sociais dos Fenómenos Culturais”, a decorrer na Escola Secundária Adolfo Portela, promovido pelo Instituto de Educação e Cidadania da Mamarrosa, já teve várias sessões, quer na nossa escola (ministradas pela professora Inês Matos), quer noutras instituições. Este curso pretende alargar e aprofundar os conhecimentos de alunos das áreas das línguas e humanidades, artes, design, sociologia e economia e que desejem prosseguir esses cursos a nível universitário. Assim, no âmbito do tema “Estudos de género e estudos femininos: Problemas em debate na sociedade contemporânea”, realizou-se, no dia 11 de fevereiro, uma visita de estudo à Universidade de Coimbra, em que os alunos, no Departamento de Línguas, Literaturas e Cultura da Faculdade de Letras, assistiram a uma sessão dinamizada pelas professoras investigadoras em Estudos Feministas, Adriana Bebiano e Isabel Caldeira, entre outras. Os objetivos foram plenamente atingidos, dado que a visita/ sessão permitiu sensibilizar os alunos para diversos tipos de problemas relacionados com a mulher, ao longo dos séculos, nomeadamente a violência doméstica, o impacto diferenciado das políticas públicas para homens e mulheres e ainda ampliar o seu universo cultural. Acrescente-se que, para alguns alunos, foi o primeiro contacto com a universidade. É de realçar a forma cordial e simpática como fomos recebidos pela equipa de professoras do referido departamento, assim como o excelente trabalho desenvolvido pela professora Inês Matos.

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Saber

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INÊS CARVALHO MATOS A PROFESSORA DO CURSO DAS QUARTAS-FEIRAS À TARDE QUEM SOU E POR QUE VIM PARAR À VOSSA ESCOLA

A minha formação de base é técnico-artística e considero que os três anos passados na Escola António Arroio foram muito formadores da minha personalidade e do meu método de trabalho. Sou licenciada em História da Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa – a análise dos fenómenos culturais como parte integrante da sociedade nasceu daí.

Pretendia tornar-me professora “a sério”, mas a reformulação administrativa de 2007 na admissão de habilitações para o concurso de professores trocou-me as voltas. Uma vez que já não podia concorrer ao concurso público procurei Escolas Privadas ou Academias. Aprendi a maior parte de pedagogia em constante interação com quase duzentos alunos nesses dois anos, pois, naturalmente, por mais que um aspirante a professor leia e estude, é na sala de aula que um professor nasce. Pelo menos senti que isso se passou comigo. Trabalhava também como voluntária no Museu Nacional de Arte Antiga fazendo visitas guiadas, mais uma vez ligada portanto à explicação de conteúdos e ao processo de aprendizagem e fruição cultural.

Por isso, quando vim para Coimbra, por opção de vida e para fazer o meu doutoramento, procurei continuar esta atividade. O setor do ensino esteve menos recetivo às minhas propostas, mas encontrei no Instituto Educação e Cidadania um lugar para criar. Aceitaram a experiência de um Curso de História da Arte direcionado para adultos, mas sem pré-requisitos e com uma orientação mais por temas do que por cronologia estilística. Esse curso era de sessões semanais e funcionou ao longo de um ano letivo, em três blocos sequenciais de 3 meses cada. A recetividade do IEC continuou a superar as minhas expetativas quando lhes apresentei um programa mais arrojado, desta vez direcionado para um modelo de curso muito mais exigente a nível intelectual, com patamares equivalentes a um 1º ou mesmo 2º ano universitário. O tema era também mais específico. E foi assim que surgiu um Curso para dar uma Introdução àqueles que, sendo escolarizados pelo menos até ao 9º ano, quisessem ficar com uma formação sólida sobre quais são as Ciências Sociais que tratam dos Fenómenos Culturais e como é que essa investigação se realiza. Inicialmente não pensei no curso para ser dado exclusivamente a alunos do ensino secundário, mas o IEC tinha já em funcionamento um programa de Estudos Avançados que era direcionado para estes e para os seus professores, portanto adaptei os conteúdos e dividi as matérias por 10 sessões para que se adequasse à matriz.

Este é um curso que não poupa os alunos. Considero que quando se exige muito e se dá muito em troca o resultado é sempre melhor do que quando se colocam as expectativas por baixo. Confio no potencial dos jovens do ensino secundário, já testemunhei a sua criatividade, curiosidade e capacidade de trabalho e por isso não fiz concessões à qualidade neste curso. Nem à dos

conteúdos que eu dou nem ao que espero dos alunos. Na verdade podia-me dar a esse luxo visto que apenas se inscreveriam os alunos que estivessem comprometidos a aceitar entrar nesta experiência inovadora.

As Escolas Secundárias têm estado desde anos recentes a tentar reconciliar-se com a sociedade civil, com o mercado de trabalho e com os contextos socioculturais em que se inserem, e reconheço o enorme trabalho (e muitas vezes não devidamente elogiado) que os professores têm ao pretender ajudar este jovens a serem não só bons alunos mas também a crescerem como seres humanos. Por isso acreditei que alguma escola haveria de compreender o meu projeto, apesar de ser inédito em Portugal: um investigador universitário ir dar sessões regulares a um grupo de alunos do secundário e gerir visitas de estudo e sessões de formação dadas por outros investigadores, no sentido de mostrar a realidade pós-universitária e de trabalho.

Apercebi-me que os alunos só projetam o seu percurso académico até um “curso” e eventualmente pensam depois numa “profissão”. Ora essa visão está totalmente desadequada da realidade. Já estava desadequada quando eu terminei o meu curso, em 2007, e mais ainda agora com a reestruturação necessária do mercado de trabalho e da produção de conhecimento a nível mundial. Creio que os alunos não devem pensar só no que ser e no que fazer com os conhecimentos universitários no momento em que lá chegam. Se esse processo não começar logo na Escola Secundária, conduzindo os alunos finalistas à decisão de escolher o seu percurso de vida plenamente informados do funcionamento do meio intelectual e profissional, então não será eficiente. Creio que devem ter o maior conhecimento possível de linhas de investigação, de orientações teórico-metodológicas, do processo de conduzir uma investigação ou de trabalhar num organismo (público ou privado) e mesmo alguma formação inicial ao nível das áreas de saber propriamente ditas, para que superem a tendência de ver o conhecimento como algo estanque e separado por disciplinas (como acontece nas disciplinas dadas na Escola). O mundo lá fora, e depois da escola, não é feito de português+ matemática+ economia+ etc. É feito de tudo isso a um nível de complexidade muito maior precisamente por estar implicado em situações e problemas concretos. Aprender a pensar os problemas a partir da desconstrução das suas componentes e aprender o essencial das áreas do saber que colaboram para compreender os Fenómenos Culturais leva os alunos a ver que as Ciências Sociais são mais uma plataforma onde se conjugam diversas especialidades do que um determinado tipo de “matéria”. Assim, espero estar a ajudar estes adolescentes a entrar verdadeiramente na fase seguinte das suas vidas e a tornarem-se, pouco a pouco, nos adultos que o nosso país precisa.

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MUSEU DE ÁGUEDA – UM PATRIMÓNIO A DESCOBRIR O Grupo de História da Escola Secundária Adolfo Portela convida-vos a visitar um espaço, na cidade de Águeda, que tem estado “esquecido” mas que é de todos e para todos – o Museu da Fundação Dionísio Pinheiro.

Este espaço reúne um espólio diversificado e valioso dos séculos XVI a XX, incluindo peças de mobiliário, escultura, pratas, tapeçaria, porcelanas e pintura, o que preenche seis salas com exposição permanente. Possui, também, uma sala de exposições temporárias, onde se realizam exposições, seminários e concertos.

No Museu, o objeto não perde as funções anteriores, antes ganha a capacidade de representar, contando uma história. O objeto museológico pode ser transformado pela ação da humanidade e da natureza, que lhe conferirá novos atributos estéticos e de funcionalidade. Um crucifixo manterá o valor de culto, no entanto, ganha o valor de exposição, permitindo, assim, o estudo entre a humanidade e a realidade.

Sendo assim, os objetos comunicam, tal como outro bem cultural ou natural, estabelecendo relações díspares por entre o público que o admira, o examina, o ama, o deseja, o cultiva, o ignora. Por essa razão, e ainda porque o objeto é também facto social, memória, imagem e reflexo, pertença de um património, é essencial uma extraordinária delicadeza ao manusear os objetos.

O nosso Património é um conjunto vasto de bens herdados, preservados, conservados e expostos, uma noção que assenta nas pessoas e no que uma dada geração considera dever ser deixado para o futuro.

Um Museu é como um romance, onde os objetos são narradores e funcionam como agentes ativos de memória de um qualquer quotidiano. Assim, o lúdico, o pedagógico, o cultural, o social, o coletivo e o individual conjugam-se num único verbo e num único espaço: musealizar e museu. Daí que o Museu seja necessário para que o homem se torne capaz de conhecer as suas raízes e memórias, mas, sobretudo, compreender o mundo.

Convidamos-vos a visitar este nosso Museu!

Sala 2 do Museu

Sala com vista da Papeleira (património nacional)

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Acácio Lino, Chô! Passarada!

QUEM FORAM DIONÍSIO PINHEIRO E ALICE CARDOSO PINHEIRO Dionísio Pinheiro nasceu em Águeda, a 24 de setembro de 1891, e faleceu a 7 de outubro de 1968, no Porto. De origem bastante humilde, desde muito jovem começou a trabalhar, tendo ido para o Porto aos 11 anos de idade, para trabalhar como marçano nos Armazéns Cunha. Aí revelou as suas capacidades intelectuais e laborais, que o levaram mais tarde a ser convidado para sócio dos Armazéns. Frequentou o Curso noturno da Escola Industrial e posteriormente fundou uma fábrica de tecidos em Rebordões, Santo Tirso. Teve uma intensa atividade comercial e industrial que, aliada a uma enorme sensibilidade, o conduziu a um grande enriquecimento material e cultural.

Os frutos da sua vida permitiram-lhe desenvolver ações caritativas na sua terra natal e constituir um valioso património artístico.

Alice Cardoso Pinheiro nasceu a 28 de maio de 1900, nas Caldas da Rainha, e faleceu no dia 27 de dezembro de

1974, no Porto. Casou com Dionísio Pinheiro em 1920, no Porto. Nutrindo uma sensibilidade muito própria, Alice Cardoso Pinheiro ajudou o marido na escolha e aquisição do espólio artístico que podemos apreciar e estudar no Museu. Este integra, igualmente, objetos que percorriam o seu quotidiano na casa de habitação do Porto, e, aqui em Águeda, na sua casa da Rua do Adro.

Por testamento, Dionísio Pinheiro instituiu uma Fundação, sendo as disposições testamentárias de que a sede seria em Águeda, para albergar e divulgar a sua coleção de Arte e tendo como finalidades a Cultura e a Educação. O edifício começou a ser construído em 1974 e ficou concluído em 1982. Localiza-se na Quinta de São Pedro, propriedade de Dionísio Pinheiro, e o projeto foi da responsabilidade do arquiteto Agostinho Rica.

A Fundação é composta essencialmente por: museu, com 6 salas de exposição permanente; sala de exposições temporárias e multiusos: biblioteca; auditório; área técnica (gabinete de museologia, gabinete de conservação e restauro e acervos).

O Grupo de História

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POR QUE É QUE OS POEMAS NUNCA ACABAM?

Por vezes vivemos apenas (n)a espuma dos dias, amputados e esquecidos do que melhor há em nós, indisponíveis para o encontro e para o novo. Felizmente, volta e meia aparece alguém que nos lembra que se são as ações más e as ações boas que causam efeitos, são as convicções que causam as ações1. Volta e meia aparece alguém que nos desafia e nos obriga a abandonar, nem que por momentos, esse desvario inconsequente de uns dias que se sucedem a outros, cada vez mais iguais uns aos outros, e nos lembra que não estamos sós nas convicções e que elas podem fazer a diferença.

Os textos que se seguem resultaram de um desafio: escrever a duas vozes sobre um único tema. E o tema, que tardava em chegar, veio da forma mais inesperada e pela mão da poesia: Por que é que os poemas nunca acabam?

Não é demais citar Cesariny, que não se cansou de citar Rimbaud:

“a poesia não mais ritmará a ação porque caminhará adiante dela”.

Professora Paula Bastos

1 Cf. David Mitchel, Atlas das Nuvens, Dom Quixote,613

Ensaios

Henri Matisse, Ícaro

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POR QUE É QUE OS POEMAS NUNCA TERMINAM?

Dizia, no outro dia, o Pedro Mexia que a poesia é ridícula, como ridícula é toda a tentativa de tornar possível o impossível. O poeta é, talvez, o mais ridículo dos homens – esgota-se na tentativa (que sabe à partida frustrada) de dizer o indizível, de fazer caber na linguagem o absoluto da morte e do amor. Talvez toda a poesia de todos os tempos não seja, de facto, mais do que isso – uma vã, mas irresistível tentativa de dizer a vida e a morte, vencendo o tempo. Por isso, os poemas nunca terminam.

O ridículo da poesia é inconformismo: aquele que vive marcado pela finitude exige o absoluto, reivindica a totalidade porque nunca a poderá viver. Esta é a marca do humano e, por isso, do poeta que é Sísifo e persiste em carregar a pedra ao longo da montanha, sabendo à partida que todo o seu esforço será em vão e que, alcançado o cume, a pedra rolará uma vez e outra em direção ao precipício. A pedra não deixará de ser carregada até ao cimo da montanha e não deixará de rolar até ao mais fundo abismo. Por isso é preciso continuar a descer ao inferno para a trazer de volta e tornar o mundo habitável. A pedra continuará a ser transportada e continuará a rolar descontrolada. Por isso, os poemas nunca terminam.

O ridículo da poesia é a sua perfeita inutilidade. Percurso sempre retomado sem qualquer possibilidade de ser terminado. O fim da poesia seria o fim disto que é querer ser humano: exigir o impossível. O poema terminado seria a desistência assumida, a esperança apagada. Por isso, os poemas nunca terminam.

Só a morte cala o poeta. Corrijo, porque a morte cala- nos a todos, poetas ou não, vivos e mortos: só a morte trava o dizer poético. Mas nem a morte trava os caminhos que os poemas paridos percorrem, multiplicando esse dizer original, (re)vestindo-o de sempre novos sentidos. O poema lido é poema re-lido, re-escrito, re-construído, re-vivido. Repetidas subidas à montanha e descidas ao abismo. Por isso, os poemas nunca terminam.

A poesia é a humana tentativa de vencer a morte, dizendo-a. Dizer a morte é ter poder sobre ela, resgatando-a ao desconhecido. É certo que todas as batalhas têm sido perdidas, mas os poemas, esses nunca terminam…

Professora Paula Bastos

POR QUE É QUE OS POEMAS NUNCA ACABAM? O que é a poesia? A minha resposta é que a poesia não é uma, mas várias coisas. E é assim não porque existam muitas respostas possíveis para a pergunta ou porque exista uma grande variedade de práticas discursivas. É assim apenas porque as características supostamente definidoras da poesia mudam com os tempos. Com o tempo muda não só o modo como se faz poesia, mas também o que é valorizado na e como poesia. Por isso, a pergunta confronta-nos com uma resposta paradoxal: talvez não exista, nunca tenha existido algo que possamos considerar essencialmente «poesia», embora ninguém tenha dúvidas em reconhecer um poema.

É natural que muitos achem esta resposta insuficiente ou até deficiente, sobretudo porque ignoram ou preferem ignorar que dizer o que a poesia é envolve sempre decisões ideológicas. Mas ficarão seguramente mais tranquilos se disser que a poesia, em sentido estrito e artístico, não é um mero sentimento poético, mais ou menos partilhado pelas pessoas, mas a própria operação desse sentimento que afirma, ao ganhar concretude numa folha em branco, paixão, beleza e poder, e materializa e ilustra, dessa forma, visões particulares do que é e do que deve ser. Se disser que a poesia contém tudo o que o universo contém ou pode conter e que os seus fins são o prazer e a exaltação; que é o que está entre a natureza e a convenção, entre a barbárie e a civilização, mantendo viva a fruição do mundo externo e interno; que é paixão pela verdade, porque busca incessantemente as impressões mais profundas e que procura a elas adequar-se; que é paixão pela beleza, porque a beleza é a forma mais elevada de prazer; que é paixão pelo poder, porque o poder é a impressão triunfante sobre o poeta, tal como ele o deseja, e sobre o leitor, na medida em que é afetado pelo poeta. Ou se disser, finalmente, que a poesia começa onde acaba a matéria de facto e a ciência, para exibir uma verdade mais profunda e misteriosa. Sim, podemos dizer tudo isso, mas não estaremos, ainda assim, a dizer o que realmente interessa. Talvez seja mais interessante dizer que a poesia é um produto da(s) escrita(s) [do poeta] e um produto da(s) leitura(s) [do leitor]. Um produto natural de uma escrita livre e libertadora, que revela uma profunda e intensa experiência pessoal, cognitiva e emocional. Mas sobretudo um produto de uma leitura livre de constrangimentos que se pode, que se deve repetir e que, em cada repetição, ao apropriar-se das palavras e do seu ritmo, se liberta, cria diferenças, reinventa-se e ganha vida própria! Se assim é [e é assim!], como poderiam os poemas acabar? Não poderiam. Nunca. Talvez por o poeta ser, provavelmente, o elemento menos importante da poesia. Talvez por os poemas nada e tudo dizerem. Talvez por dizerem sempre e sempre mais e, ainda assim, sempre ficarem aquém. Talvez por repetirem uma e outra vez o mesmo esforço ufano e, por isso, pueril e inconsequente, de tentar vencer o ponto de vista de um universo indiferente, cruelmente indiferente ao destino humano.

Professor Vítor Oliveira

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SERÁ MELHOR SER UMA PESSOA INFELIZ DO QUE UM PORCO FELIZ?

A felicidade é algo que o dinheiro não compra, mas sim um sentimento que deve fazer parte da nossa vida... da vida de qualquer ser senciente (quer seja um ser racional, quer seja irracional). Com isto pretendo responder apenas a uma pergunta: “Será melhor ser uma pessoa infeliz ou um porco feliz?”.

É certo que ser feliz é o desejo de qualquer um de nós, o sonho que todos pretendemos realizar. No entanto, viver não se resume apenas à felicidade e menos ainda ao prazer. É algo mais complexo, que está para além daquilo que desejamos ou planeamos para nós.

Ser uma pessoa infeliz não é, de todo, a melhor maneira de viver e aproveitar o nosso tempo. Mas será isso suficiente para se afirmar que é melhor ser um porco feliz?

Na minha opinião, o que está em causa não é a felicidade, mas sim a nossa maneira de ver o mundo e a própria essência da vida. Ser um porco feliz (ou qualquer outro animal irracional) não é muito difícil, até porque, para eles, qualquer coisa será mais do que suficiente, já que só lhes interessa ter comida e um sítio abrigado onde ficar. Claro que os animais também precisam de amor e cuidados, não digo que não (até porque adoro animais e, para mim, só o facto de poder estar com eles e vê-los bem traz-me um enorme conforto). O que estou verdadeiramente a tentar dizer com isto tudo é que é sempre melhor ser uma pessoa, por mais infeliz que seja, do que um animal feliz, porque o que nos torna mais valiosos que os animais não humanos é o facto de pensarmos, refletirmos, podermos escolher livremente e até termos consciência das nossas escolhas e das suas consequências. Essa, sim, é a razão que nos torna no que somos - humanos. Essa é a maior diferença que podemos encontrar entre um ser irracional e um racional. Um animal está programado e tudo o que faz já nasce com ele, faz parte da sua própria natureza. Ele aprende e sente como nós (regra geral) mas não tem a capacidade de procurar uma vida melhor, isto é, vive com o dado, e é incapaz de procurar algo melhor para si ou para os outros da sua espécie. O ser humano, ao contrário, tem essa capacidade, a capacidade de tentar arranjar conforto e alcançar uma vida melhor para e si e para o coletivo, mesmo que isso implique algumas lutas que se sabem, sempre e à partida, perdidas. Mas o Homem sonha e, enquanto sonha, tem esperança, esperança que as batalhas não estejam, afinal, perdidas. E essa é a verdadeira essência humana: não saber o que o futuro nos reserva, mas ter consciência dele e consciência de nós como seres capazes de o modificar.

Não valerá a pena? Não valerá a pena ter a consciência da nossa infelicidade e mesmo assim sermos felizes? Sim, acredito que sim, que valerá. Enquanto o Homem sonhar, sonhar mais além da satisfação de um porco, valerá sempre a pena.

Patrícia Jesus, 10ºF

Será melhor ser uma pessoa infeliz do que um porco feliz? Esta é, sem dúvida, uma questão que nos faz pensar, uma questão que me tem ocupado a mente desde que a ouvi e que acabou por se transformar numa enorme preocupação. Acredito que, para que seja possível dar uma resposta válida, temos de considerar a questão de saber o que significa ser uma pessoa infeliz. Bom, podemos dizer que se tratará sempre de alguém que, de algum modo, não sente algum tipo de prazer ou então sente diminuição do seu bem-estar. Como dizem os adolescentes, uma pessoa estará infeliz porque, por exemplo, perdeu o/ namorado/a ou então porque não conseguiu comprar aquelas sapatilhas que tanto queria e que estavam na moda. Mas, do meu ponto de vista, uma pessoa infeliz será aquela que se sente angustiada, que se sente incapaz de realizar algo ou que perdeu alguém importante. Ou então será alguém que, por qualquer razão, não sorri ou não quer sorrir. Alguém que poderá, de certo modo, querer chamar a atenção sobre si ou que quer apenas chorar para limpar a alma.

É claro que esta será uma resposta subjetiva e que dependerá, por isso, do que cada um acha ou acredita. Mas existe ainda uma outra questão que merece resposta e que é “o que será um porco feliz?”. À primeira vista, esta questão será apenas muito estranha. Primeiro, porque será sempre difícil para qualquer um de nós olhar para o animal, ouvi-lo e perceber o que verdadeiramente se passará com ele. Quando e como poderemos saber que um porco está feliz?! A expressão do animal é quase sempre a mesma e, para além disso, obriga-nos a fazer comparações entre um animal e um humano, o que será sempre muto arriscado. Ainda assim, atrevo-me: terá esta questão algum fundamento? Sabemos que homem é capaz de sentir prazeres corporais e mentais. Mas como será com o porco? Parece-me que apenas poderá sentir prazer corporal, o que torna a própria questão um pouco inútil. Mas, ainda assim, não vou terminar o meu texto sem procurar dar uma resposta clara à questão.

Diria que preferia ser uma pessoa infeliz do que um porco feliz - não apenas porque os porcos felizes rapidamente se podem transformar em salsichas, mas porque uma pessoa infeliz pode sempre acordar na manhã seguinte e estar feliz. Já o porco não é sequer capaz de saber quando está ou não feliz, por isso, seria bastante estranho responder que preferia ser um porco feliz. Um porco, qualquer porco, coitado, dorme na pocilga e come restos e eu não sei até que ponto isso me poderia trazer felicidade. Por isso, sim, do meu ponto de vista, é sempre melhor ser uma pessoa infeliz.

Carla Melo, 10º H

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EGOÍSMO PSICOLÓGICO

A teoria do egoísmo psicológico defende que ninguém é totalmente altruísta e que todas as ações humanas são motivadas pelo egoísmo. Por outras palavras, o ser humano age unicamente em seu proveito e o altruísmo é ilusório.

Porém, existem pessoas egoístas, mas também altruístas, e, assim sendo, o egoísmo psicológico não é uma teoria plausível. Alguns comportamentos que, à partida, parecem altruístas, são na verdade um meio para beneficiar ou agradar ao próprio agente. Um exemplo disso seria o de Madre Teresa de Calcutá, reconhecida pelo seu altruísmo, mas que, na verdade, seria egoísta, pois acreditava que seria recompensada no Céu.

O exemplo anterior integra a “técnica de reinterpretação de motivos” que levam os indivíduos a agir aparentemente de forma altruísta. Esse comportamento está relacionado com o desejo de se ter uma vida mais significativa, ser-se reconhecido publicamente, sentir-se satisfeito ou ser-se recompensado, motivos estes que podem ser aplicados genericamente.

Thomas Hobbes, filósofo inglês do séc. XVI, catalogou dois tipos de motivos: a caridade como o prazer do ser humano em demonstrar os seus poderes ou em exibir a sua condição superior; e a piedade que consiste em o Homem ficar incomodado com as desgraças dos outros, enquanto se imagina no seu lugar. Mas esta catalogação de Hobbes apenas demonstra o egoísmo psicológico como uma teoria possível.

Eis dois argumentos a favor do egoísmo psicológico: fazemos sempre o que mais desejamos fazer e fazemos o que nos faz sentir bem. O primeiro apresenta duas falhas. Alega que as pessoas fazem voluntariamente o que desejam fazer, o que não é verdade, pois fazemos coisas que não queremos, como meio de atingir o fim pretendido; e há coisas que fazemos não porque desejamos, mas porque sentimos o dever de fazê-las, como cumprir uma promessa.

A segunda falha consiste na classificação de um indivíduo como egoísta. Se o desejo do agente for ver a felicidade dos outros, tendo até perigos para si mesmo, então não pode ser classificado como tal.

O segundo argumento defende que o desejo do agente em obter satisfação é a motivação para agir altruisticamente. Contudo, um indivíduo poderá obter satisfação ao auxiliar os outros sem que vise o interesse próprio. Terá, primeiro, de querer ajudá-los e só posteriormente obterá satisfação, e esses sentimentos de benevolência não são marcas de egoísmo.

Visto tudo isto, as motivações que levam os humanos a agir têm origens diversas, como o ódio, o amor, o ciúme ou a preocupação, mas uma coisa é certa: o ser humano é egoísta, mas também é generoso. Deste modo, o egoísmo psicológico não é uma boa teoria, pois não é difícil encontrar exemplos genuínos de atitudes altruístas e sem interesse para o agente, assim como ações supererrogatórias, nas quais o agente jamais poderá ser considerado egoísta.

Ana Luísa Martins, 10º H

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MORALIDADE E RELIGIÃO

Com este ensaio pretendo responder ao problema “Dependerá a moralidade da religião?” e concluir se estão ou não reunidas as condições necessárias e suficientes para responder positiva ou negativamente à questão.

Primeiro, apresentarei e discutirei as teses centrais do problema filosófico mencionado anteriormente, avaliando os argumentos que as suportam. Concluirei o meu ensaio assumindo uma posição pessoal e crítica acerca daquilo de que depende a moralidade.

Nas três principais religiões teístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, acredita-se que Deus estabeleceu regras para nós obedecermos. A essas regras chamámos mandamentos divinos e, embora não sejamos obrigados a obedecer-lhes, fazemo-lo porque somos crentes e queremos fazer o que está correto. Esta conceção de que devemos fazer o que Deus nos ordenou que fizéssemos traduziu-se numa teoria sobre a natureza do bem e do mal conhecida como teoria dos mandamentos divinos, que defende essencialmente que Deus decide e ordena o que é certo ou “ordenado por Deus” e o que é errado ou “proibido por Deus”. Esta teoria torna-se atraente no sentido em que parece resolver o problema da objetividade da ética: certo e errado deixam de ser subjetivos ou relativos, passando a ser referentes a uma só entidade objetiva, Deus. Segundo esta teoria, a motivação para se ser moral é o facto de termos de prestar contas no dia do juízo final.

Esta teoria enfrenta, no entanto, duas objeções que nos obrigam a separar a moralidade da religião. Primeiro, a teoria dos mandamentos divinos pode querer dizer que a conduta é correta porque Deus ordena, logo agimos porque Deus ordenou. O problema é que esta entidade pode ordenar-nos qualquer coisa que ache correta, o que nos leva a considerar que certo e errado são arbitrários: Deus podia ordenar-nos que disséssemos sempre a verdade ou que mentíssemos sempre, porque achava correto. Por outro lado, esta teoria pode querer dizer que Deus nos ordena que façamos certas coisas porque são corretas, o que põe em causa a ideia de que os mandamentos divinos são arbitrários, mas dá força ao pensamento de que esta entidade tem um sábio discernimento para decidir o que é melhor. Mas aceitar que Deus sabe o que é melhor não será equivalente a admitir que certo e errado não partem dele e que há, portanto, um padrão de bem e de mal independente da sua vontade? Numa ótica religiosa, aceitar que os mandamentos de Deus são arbitrários ou fruto de um padrão moral põe em causa a religião, por isso, será necessário separá-la da moralidade.

Na história do cristianismo, a teoria ética mais focada não é a dos mandamentos divinos, mas a teoria da lei natural, que se divide em três partes principais. A primeira defende que tudo na natureza tem uma finalidade, que Deus criou o mundo para nele colocar vida, a chuva para as plantas crescerem para depois alimentarem os animais que por sua vez alimentam os homens… O problema é que se mistura o “ser” com o “dever ser”: a moralidade é encarada como se fosse uma lei da natureza em que as coisas são como devem ser quando servem as suas finalidades naturais. A segunda parte da teoria defende que as regras morais são interpretadas com base nas leis da natureza: se o homem foi concebido por Deus para amar o próximo, então deve amar todas as pessoas. Sabemos que isto não acontece, até porque não gostamos de todas as pessoas, ou não gostamos de todas da mesma forma. Embora a religião apoie esta falácia naturalista, a ciência moderna apoia-se apenas em leis científicas para explicar os factos e conclui que os valores não são factos, logo “ser” e “dever ser” não se confundem.

A última parte coloca-nos a questão do conhecimento moral: as “leis naturais” dizem-nos que regulamentam o que devemos ou não fazer. São leis da razão que todos somos capazes de entender, porque Deus nos deu a capacidade de sermos racionais, logo podemos entendê-las. Mas se Deus deu a todos a mesma capacidade para entender os seus mandamentos, então por que é que nem todos (crentes e não crentes) os seguem? Por que é que alguns não crentes os seguem? Esta parte prova que a moralidade é alheia à religião, pois a última não afeta o cálculo do que é mais aceitável.

Outra confusão que nos leva a misturar estes dois conceitos é o facto de aceitarmos o que está escrito na Bíblia como solução de problemas modernos que esta não integra. Quando afirmamos que as nossas convicções morais estão assentes na Bíblia, o que fazemos frequentemente é primeiro tomar decisões sobre questões morais e só depois incluir os preceitos desse documento nas mesmas. Por vezes, quando justificamos a moralidade com base na religião, o que estamos a fazer é apenas reinterpretar passagens da Bíblia adequando o seu contexto e suprimindo algumas partes de modo a que pensemos que a religião defende aquilo que este documento nem sequer contempla. Até que ponto estamos a ser crentes ao reinterpretar um “documento oficial”? O facto de a Igreja continuar muito conservadora, continuando a defender posições que a ciência já provou estarem erradas, leva-nos a sentir na obrigatoriedade de apoiar o que esta defende para sermos “bons crentes”.

Concluo então que moralidade e religião são conceitos muito distintos e considero que a Igreja é um dos principais fatores que nos leva a confundi-los, na medida em que reinterpreta passagens bíblicas e continua desatualizada, mantendo os princípios iniciais da Bíblia, usados para resolver alguns problemas com os quais já não nos debatemos na atualidade.

Outra questão é que crentes e não crentes podem defender os mesmos princípios de certo e errado, mas poderemos considerar que ambos ouviram as mensagens de Deus? Por outro lado, não me parece consistente para um crente aceitar que o discernimento de Deus tem origem num padrão moral ou que o seu conhecimento da moralidade é arbitrário, logo, para que não nos tornemos todos ateus ou agnósticos, o melhor será separar a moralidade da religião.

Marta Marques, 10º H

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SOBRE O FILME

OS GRANDES ORADORES

Um filme ímpar, de nome “The Great Debaters”, foi a ocupação de duas aulas de Português. Qualquer pessoa pode pensar que foi uma prenda pelo nosso bom comportamento. Bem, poderia ter sido, mas não foi. Foi uma atividade extremamente enriquecedora que não implicou apenas diversão, mas também uma reflexão bastante árdua sobre o lado negro dos Brancos.

O filme foi exatamente sobre a segregação racial de Negros e Brancos que aconteceu nos Estados Unidos, no século XX. Uma segregação é já por si injusta, mas esta demonstrou ser ainda mais monstruosa, como pudemos fielmente visualizar neste brilhante filme. Ter de ver a real injustiça de que foram alvo os Negros durante o século XX não só nos fez pensar sobre o Racismo, como nos fez mudar de atitude perante aquele nosso amigo Negro.

Foi-nos relatada a jornada de quatro estudantes que mudaram um pouco do mundo, através do dom da palavra, tornando-se estes, Grandes Oradores Negros, capazes de fazer frente ao maior Branco. No entanto, como trabalho posterior à concentrada visualização do filme, foi-me pedido que escrevesse uma reflexão sobre este. Uma reflexão que construí da seguinte maneira:

“Racismo é algo que me passava bastante à margem, apesar de quotidiano e presente mesmo ao meu redor. A importância que lhe dava era quase nula, talvez por não ser alvo de racismo. Demasiado egoísta? Sim. No entanto, a minha ignorante insensibilidade tornou-se num inconformismo da minha parte em relação a este grave problema. Num filme deveras sensibilizador, que permitiu à minha pessoa perceber que sim, o racismo é real, existiu, foi grave e ainda existe. Mas mais do que isso percebi que está enganado quem diz que eu não posso mudar o Mundo. Posso, nem que seja através da palavra, mas posso e vou mudar! O filme transmitiu-me confiança e uma sensação de poder à minha fraca pessoa, a fraca pessoa que, tal como os negros, nada iria mudar. Se eles mudaram, se eles conseguiram, nós também conseguiremos. E esta foi a principal mensagem do filme”

Bárbara de Figueiredo, 10ºB

Nas últimas duas aulas de Português, tivemos a oportunidade de visualizar um filme, intitulado “The Great Debaters”, ou seja, “Os Grandes Oradores”.

Logo nos primeiros minutos, fomos confrontados com a dura realidade que se vivia no século passado, com a imensa tensão sentida entre as diferentes raças, ou, mais especificamente, entre os “brancos” e os “negros”.

Perante tal injustiça, um grupo de jovens africanos de uma universidade no Texas decidiu fazer-se ouvir, constituindo uma equipa de oradores que, contra todas as expetativas, conseguiram debater contra os “brancos” da muito conceituada universidade de Harvard, onde, devido ao poder das palavras e da verdade dura e crua, venceram a taça.

Ao longo de todo o filme, é-nos mostrada a complexidade, a estratégia e sobretudo o suor que a preparação de um discurso realmente bom (bom o suficiente para tocar todo o país) exige. Também vimos que falar para uma plateia não é fácil, sendo por isso necessário treinar a voz e a dicção o melhor possível. Contudo, apesar destas lições serem fundamentais, o que mais me chamou a atenção foi o facto de que sem emoção, se não sentirmos o que dizemos, o discurso, ainda que muito bom, não vale metade do que valeria.

Concluindo, gostei do filme e principalmente dos valores que defende, mas também das lições que transmite, que, com certeza, serão muito úteis, tanto para as aulas de Português, como para a nossa vida.

Maria João Simões, 10ºA

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Testemunhos: família

AVÔ Foste importante, ou melhor, ainda o és. És importante na minha vida, pelas lições, pelas conversas e pelas memórias, meu querido avô. A tua personalidade, a tua face, jamais as esquecerei.

Eras decidido, eras capaz de fazer tudo o que querias, mesmo que todos dissessem que não… Tu nunca desistias, nunca voltavas atrás. Forte, corajoso, mas também amoroso e generoso. Eras a pessoa que eu mais admirava! Tinhas defeitos, claro, toda a gente tem, mas tentavas combatê-los. Tentavas ouvir as pessoas que não tinham a mesma opinião que tu e não “berrar” com elas. Querias ser uma pessoa melhor, apesar de que, para mim, já eras.

Gostava de te ter conhecido quando eras novo: nas fotos parecias lindo! Mas mesmo velho o eras… Esse teu cabelo branco, aqueles teus óculos enormes e as poucas rugas davam-te um ar mais novo… O teu andar vagaroso mas com passos largos demonstrava a tua personalidade. Confesso que, passado tanto tempo, já não me lembro de alguns traços teus, mas nunca me poderei esquecer de ti. Deste-me mil e uma razões para te admirar: ensinaste-me a ser uma pessoa melhor, mostraste-me que toda a situação tem um lado positivo e, pelo teu percurso de vida, deixaste claro que desistir é para os fracos.

Sendo assim, a tua vida foi uma inspiração e as tuas conversas um mar de emoções, sempre com uma moral…

A única coisa que tenho para te dizer neste momento é: “Obrigada por aquilo que foste e por aquilo que representas.”

Helena Almeida, 9ºC

PAI Na vida, há pessoas que nos marcam muito e que nós admiramos. O meu pai é para mim especial.

Chama-se Cláudio. É de estatura mediana e os seus quarenta anos deixaram-no calvo. É uma pessoa muito carinhosa e extremamente bondosa. Tem um coração enorme. É muito trabalhador e empenhado, dando tudo aquilo que tem e o que não tem para alcançar os seus objetivos.

Esforçou-se e sofreu muito para chegar onde chegou quer a nível profissional, quer a nível familiar. Além de ser um excelente pai, é também um ótimo amigo, em quem eu posso confiar, uma pessoa que todos os dias me tenta ensinar o caminho certo. É ele que me dá sempre o apoio que necessito nos momentos mais difíceis e que me acompanha nos momentos mais felizes.

Além do meu pai, existem também outras pessoas que admiro muito como a minha mãe, o meu irmão, os meus avós, os meus tios e a minha prima. São todos muito importantes para mim e fazem parte da minha vida. Sem eles não seria a mesma pessoa!

Porém a figura paterna é aquela com quem mais me identifico. Para mim, é inigualável e duvido que no mundo existam pessoas como ele. É muito forte, é um guerreiro.

O meu pai é o meu ídolo e eu amo-o muito. Gostaria de um dia ser como ele.

Lucas, 9ºC

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MÃE Na vida, é importante termos amor e, efetivamente, a família é bastante importante. É ela que nos acolhe desde o primeiro dia até ao momento em que saímos de casa para formarmos nós uma família. Os meus pais são muito importantes para mim, pois estão sempre lá para ajudar. Porém, a minha Mãe é especial.

É uma pessoa fantástica! Tem cabelos lisos, castanhos e com algumas madeixas. Tem olhos verdes, cara redonda e corpo alto e curvo.

A minha Mãe é simpática, humilde, gentil, educada, meiga, inteligente e uma confidente. É um suporte na minha vida que me protege e está sempre comigo nos bons e maus momentos. Eu amo-a. Mas, apesar de tudo, como qualquer Mãe, tem defeitos. Às vezes é enfadonha e stressante! É demasiado perfecionista, ambiciosa, tem a mania das arrumações e trabalha demasiado. É imperfeita, eu sei, mas isso todos o somos!

Concluindo, admiro muito a minha Mãe, pois ela é extremamente afetuosa, ajuda os outros sem pedir nada em troca e ensina-me a mim e ao meu irmão a ser generosos, ambiciosos q.b e humildes.

Filipa Falcão, 9ºC

TIA Como toda a gente, tenho alguém que admiro e que me é importante. Chama-se Joana, é irmã da minha mãe, tem 13 anos a mais que eu, e é precisamente sobre ela que vou falar.

Baixa, magra e morena, cabelo comprido, olhos meigos e sinceros, é a pessoa em quem mais confio. Estamos constantemente a discordar uma da outra, discutimos e somos bastante aborrecidas! Ela é impertinente, teimosa, tontinha, mas também é compreensiva, querida, sensível, simpática, … Talvez por ter tantas qualidades nem reparo nos seus defeitos.

Além de familiares, somos amigas, e isso é realmente bom, porque não tenho qualquer tipo de constrangimento quando lhe falo sobre as minhas intimidades. Confio e sei que posso sempre contar com ela. Vivemos da cumplicidade e temos o feitio completamente igual, daí estarmos, ora a discutir, ora a rir. Talvez por isso, sabemos lidar tão bem uma com a outra.

Conhece-me desde sempre e sabe-me com o olhar. Guardo comigo grandes recordações de momentos únicos e inesquecíveis que passámos juntas. Nem sei como lhe agradecer, apenas sei que não posso, e nem quero, viver sem ela.

É por me ajudar, me compreender melhor que ninguém, e por ser simplesmente ela, que a admiro. Enfrentava o mundo inteiro só com uma mão, se a estivesse a agarrar com a outra.

Bianca, 9ºC

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