ENFERMAGEM MÉDICA VETERINÁRIA NA ESPÉCIE Mustela putorius furo
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Instituto Politécnico de Castelo Branco Escola Superior de Agrária
ENFERMAGEM MÉDICA VETERINÁRIA NA ESPÉCIE Mustela putorius furo
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
Relatório apresentada ao Instituto Politécnico de Castelo Branco para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Licenciatura em Enfermagem Veterinária, realizada sob a orientação interna do Doutor Hugo Brancal, Professor Assistente Convidado da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Castelo Branco, e sob orientação externa do Doutor Joel Ferraz e da Doutora Rute Almeida, Médicos Veterinários no Centro Veterinário de Exóticos do Porto.
2011
ii
iii
Agradecimentos
À minha mãe, Manuela Sousa, por sempre acreditar em mim e por todo o apoio, a super-mulher
sem a qual nada no meu mundo seria possível. Obrigada, coração.
Aos meus irmãos, Marco e Davide, por me ajudarem a crescer e pelo amor incondicional.
Ao meu pai, Luis Costa, a quem devo mais que a vida. E que apesar de tudo, é o melhor pai do
mundo.
Aos amigos, por me encherem a vida, pela compreensão, paciência, motivação e bons conselhos.
Isaura, Mário, Sara, Miguel, Claudio, André e ao gang VB. Sofia, Júlio, Andy, Raf, Pina, sempre
comigo. Luis, obrigada. José, adeus eterno.
Aos colegas da soberba Escola Agrária de Castelo Branco e todos os outros colegas de trabalho,
pela solidariedade.
Á Real República Rás-Teparta, que é eterna. E a Coimbra, o cemitério de sonhos com mais
encanto.
À Ichi, por ter sido a minha princesinha perfeita. E a todos os meus bichinhos, porque o amor
animal não conhece limites e é perfeito na sua essência. Bazuka, Roscoe, Zoe, Lupus, Sookie,
Panda, Jurassica, autênticos impulsionadores na escolha desta licenciatura.
Dr. Joel Ferraz, Dra. Rute Almeida, Dra. Francisca Gonçalves, Dra. Inês Cardoso, Vanessa
Morais, Ana Ferreira e a todo o staff do CVEP, por me receberem de braços abertos à boa
maneira do norte, pela confiança depositada, e pela aprendizagem intensa e constante, pela
imensa paciência. São maravilhosos e a vossa dedicação é inspiradora. Adorei o meu estágio.
A todos os meus queridos professores, com os seus métodos originais, que sempre me
estimularam ao conhecimento. Com agradecimento especial à Dra. Raquel Venâncio, ao Dr.
Manuel Vicente Martins, ao Eng. João Várzea Rodrigues, Dr. Luis Figueira, por terem
acompanhado o meu percurso académico com especial dedicação e mostrando-se sempre
disponíveis para me auxiliar. E, ao Dr. Hugo Brancal, um muito obrigada pelo apoio académico
na redacção deste trabalho, pela amabilidade de orientar-me nesta etapa final do meu percurso.
A Vila do Bispo, sempre! A Castelo Branco, bem haja! E ao Porto, grata!
iv
Palavras chave
Enfermagem Veterinária, Mustela putorius furo, Furão, Animais Exóticos, Maneio,
Nutrição, Contenção, Profilaxia, Imagiologia, Anestesiologia
Resumo
Este trabalho final encontra-se dividido em três partes, sendo que na primeira parte é
enunciada a casuística geral de espécies exóticas no local de estágio, sob uma abordagem
estatística.
Na segunda parte deste trabalho, são tratados temas da Enfermagem Médica Veterinária
na espécie do Mustela putorius furo, o furão. Tratando-se de um animal exótico de popularidade
crescente, com particularidades médico-veterinárias específicas, é efectuada uma
caracterização da espécie e das práticas fundamentais ao bom desempenho das funções do
Enfermeiro Veterinário, como sendo, conhecimentos de maneio, contenção, nutrição, profilaxia,
imagiologia, anestesiologia, entre outras.
Adicionalmente, cabe ao Enfermeiro Veterinário reconhecer na visita do animal ao
centro veterinário uma oportunidade importante para que sejam realizadas uma série de
medidas profiláticas e, fundamentalmente, como uma oportunidade para educar e ajustar as
medidas de maneio aplicadas pelos proprietários, promovendo a saúde dos animais.
Para finalizar, na última parte deste trabalho, são apresentados 7 casos clínicos de
furões.
Keywords
Veterinary Technician, Mustela putorius furo, Ferret, Exotic Animals, Husbandry,
Nutrition, Restraint, Prophylaxis, Imagiology, Anesthesiology
Abstract
This final paper is divided into three parts, being stated in the first part the general
casuistic of exotic species in the training base, under a statistical approach.
In the second part of this paper, topics of Veterinary Medical Technology in the species
of Mustela putorius furo, the ferret, are addressed. Since it is an exotic animal of increasing
popularity, with specific veterinary medical particularities, it is made a characterization of the
species, and of the fundamental practices to the good performance of the duties of the
Veterinary Technician, as such, skills in husbandry, restraint, nutrition, prophylaxis, imagiology,
anesthesiology, and others.
In addition, it is up to the Veterinary Technician to acknowledge the animal visit to the
veterinary center, as an important opportunity to carry out a series of prophylactic measures,
and primarily as an opportunity to educate and adjust the husbandry measures applied by the
owners, promoting animal health.
Finally, in last part of this paper, seven clinical cases of ferrets are displayed.
v
Índice geral
Agradecimentos .................................................................................................................................III Resumo .............................................................................................................................................. IV Abstract ............................................................................................................................................. IV Índice Geral ........................................................................................................................................ V Índice de Figuras ............................................................................................................................... VI Índice de Gráficos ............................................................................................................................. VII Índice de Tabelas .............................................................................................................................. VII Lista de Abreviaturas ....................................................................................................................... VIII
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
CAPÍTULO I – CASUÍSTICA GERAL DE ESTÁGIO CURRICULAR NO CVEP .......................................... 1
1. APRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO...............................................................................................1 2. ESTÁGIO .........................................................................................................................................1 3. CLASSES E ESPÉCIES ANIMAIS ............................................................................................................2 4. CASUÍSTICA DE CLASSES ANIMAIS ......................................................................................................4
CAPÍTULO II – MUSTELA PUTORIUS FURO .................................................................................. 6
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO PROCESSO DE DOMESTICAÇÃO E LEGALIZAÇÃO ..............................................6 2. ANATOMIA, FISIOLOGIA E REPRODUÇÃO ............................................................................................7
2.1 Anatomia e Fisiologia ...........................................................................................................7 2.2 Reprodução ...........................................................................................................................9
3. MANEIO GERAL E NUTRIÇÃO .............................................................................................................9 3.1 Maneio Geral ........................................................................................................................9 3.2 Nutrição ............................................................................................................................. 10
4. PROCEDIMENTOS CLÍNICOS ............................................................................................................ 10 4.1 Contenção ......................................................................................................................... 10 4.2 Exame Físico ...................................................................................................................... 11 4.3 Valores de Referência ........................................................................................................ 11 4.4 Venipunctura ..................................................................................................................... 12 4.5 Fluidoterapia ..................................................................................................................... 12 4.6 Administrações Farmacológicas ....................................................................................... 13
5. PROFILAXIA ................................................................................................................................. 14 5.1 Vacinação .......................................................................................................................... 14 5.2 Desparasitação .................................................................................................................. 15
6. ANESTESIOLOGIA ......................................................................................................................... 15 6.1 Preparação Pré-anestésica e Indução .............................................................................. 15 6.2 Monitorização Perianestésica e Recuperação .................................................................. 16
7. IMAGIOLOGIA RADIOGRÁFICA ........................................................................................................ 17
CAPÍTULO III – CASUÍSTICA DO MUSTELA PUTORIUS FURO ........................................................ 20
CASO CLÍNICO “SNIF”: LESÃO NO CÓRTEX CEREBRAL ESQUERDO ............................................................ 20 CASO CLÍNICO “KIKA”: APATIA .......................................................................................................... 23 CASO CLÍNICO “TÓ”: DUAS URGÊNCIAS .............................................................................................. 24 CASO CLÍNICO “ROSINHA”: DIARREIA CRÓNICA ................................................................................... 25 CASO CLÍNICO “GIGI”: PATOLOGIA REPRODUTIVA ................................................................................. 26 CASO CLÍNICO “LIA” : PATOLOGIA REPRODUTIVA .................................................................................. 27 CASO CLÍNICO “MARIA”: ACONSELHAMENTO E PROFILAXIA .................................................................. 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 28
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 29
ANEXOS .................................................................................................................................. 31
vi
Índice de Figuras
Figura 1 – O Esqueleto Ósseo do Furão .................................................................................. 8
Figura 2 – Método de Contenção para Venipunctura da Veia Cefálica .................................................. 12
Figura 3- Método de Entubação Endotraqueal no Furão ................................................................ 15
Figura 4 – Anatomia Torácica e Abdominal Radiográfica Normal de Fêmea Esterilizada em Projeção LL ................ 18
Figura 5 - Anatomia Torácica e Abdominal Radiográfica Normal de Fêmea Esterilizada em Projeção VD ................ 18
Figura 6 – Ecografia de Glândula Adrenal Esquerda do Snif, em 2009 .................................................. 20
Figura 7 – Rx Projeções LL e VD do Snif a 17/06/2011 ................................................................. 21
Figura 8 - TAC Cerebral do Snif ....................................................................................... 22
Figura 9 – Tricotomia do Snif ......................................................................................... 22
Figura 10 - Imagem Cirúrgica do Snif, Abertura de Janela Óssea ....................................................... 23
Figura 11 - Kika, sob Anestesia Geral, Venipunctura Via Veia Cava Cranial ............................................. 24
Figura 12 – Rx Tó Projecções LL e VD ................................................................................. 24
Figura 13 - Imagem Microscópica com Ampliação 40x de Amostra Fecal do Tó ......................................... 25
Figura 14 - Rx LL e DV da Rosinha ..................................................................................... 25
Figura 15 – Imagem Microscópica do Esfregaço Coprológico da Rosinha, Ampliação 40x ............................... 26
Figura 16 – Gigi no Pos-partum e Neonatos ........................................................................... 26
Figura 17 - Rx Abdominal projecção DV Gigi .......................................................................... 26
Figura 18 - Imagem Microscópica Esfregaço Sanguíneo da Lia, Ampliação 100x ........................................ 27
Figura 19 – Tosquia terapêutica a Oryctolagus cuniculus .............................................................. 31
Figura 20 – Cavia porcellus ........................................................................................... 31
Figura 21 – Chinchilla laniger em Tapete Térmico ..................................................................... 31
Figura 22 – Centese Abdominal a Phodopus sp. sob Anestesia .......................................................... 31
Figura 23 – Mesocricetus auratus ..................................................................................... 31
Figura 24 - Rattus norvegicus sob Anestesia ........................................................................... 31
Figura 25 - Trachemys scripta elegans ................................................................................ 32
Figura 26 – Graptemys pseudogeografica ............................................................................. 32
Figura 27 - Geochelone pardalis ...................................................................................... 32
Figura 28 – Pseudemys rubiventris .................................................................................... 32
Figura 29 – Iguana iguana ............................................................................................. 32
Figura 30 – Pogona vitticeps .......................................................................................... 32
Figura 31 – Necrópsia a Morelia spilota ............................................................................... 33
Figura 32 – Endoscopia a Morelia viridis .............................................................................. 33
Figura 33 – Massa Aural, Serinus canaria .............................................................................. 33
Figura 34 – Fluidoterapia IV, Psithacus ................................................................................ 33
Figura 35 - Amazona spp ............................................................................................. 33
Figura 36 - Melopsittacus undulatus .................................................................................. 33
Figura 37 – Agapornis sp. ............................................................................................. 34
Figura 38 - Nymphicus hollandicus .................................................................................... 34
Figura 39 – Contenção do Furão ....................................................................................... 34
vii
Figura 40 – Venipunctura da Veia Jugular ............................................................................. 34
Figura 41 e 42 - Monitorização da Temperatura Corporal e Frequência Cardíaca a Furão sob Anestesia ................. 34
Figura 43 - Parésia Ipsilateral do Snif ................................................................................. 37
Figura 44 - Monitorização Pós-cirurgica do Snif ........................................................................ 37
Figura 45 - Tó com Corpo Estranho no Pénis .......................................................................... 37
Figura 46 - Corrimento Vaginal da Gigi no Post-partum e Neonato .................................................... 37
Índice de Gráficos
GRÁFICO 1 - HORAS DE ESTÁGIO EFECTUADAS POR SEMANA, NO PERÍODO DE ESTÁGIO, PELA DISCENTE............... 2
GRÁFICO 2 - DIFERENTES CLASSES DE ANIMAIS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO. ................................... 2
GRÁFICO 3 - ESPÉCIES DE MAMÍFEROS RECEBIDAS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO. ................................ 3
GRÁFICO 4 - ESPÉCIES DE RÉPTEIS RECEBIDAS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO. ................................... 3
GRÁFICO 5 - ESPÉCIES DE AVES RECEBIDAS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO. ....................................... 4
GRÁFICO 6 – CASUÍSTICA DE MAMÍFEROS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO ......................................... 5
GRÁFICO 7 – CASUÍSTICA DE REPTÉIS NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO .............................................. 5
GRÁFICO 8 - CASUÍSTICA DE AVES NO CVEP, NO PERÍODO DE ESTÁGIO ................................................ 6
Índice de Tabelas
TABELA 1 - FLUIDOTERAPIA E NUTRIÇÃO DE SUPORTE PARA FURÕES ............................................... 13
TABELA 2 - DESINFECTANTES E ANTISSÉPTICOS COMUMMENTE UTILIZADOS EM FURÕES E NO SEU AMBIENTE ........ 35
TABELA 3 - DOSES DE SEDATIVOS, ANALGÉSICOS, PRÉ-ANESTÉSICOS, ANESTÉSICOS E ANTAGONISTAS UTILIZADOS EM
FURÕES .............................................................................................................. 35
TABELA 4 – PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS NORMAIS DO FURÃO .................................................... 36
TABELA 5 - BIOQUÍMICA SÉRICA DO FURÃO .......................................................................... 36
viii
Lista de abreviaturas
a.C. – Antes de Cristo
AFN - Autoridade Florestal Nacional
ALT/GPT- Alanina Aminotransferase
BID - Bis in die
Cm - Centímetros
CVEP – Centro Veterinário de Exóticos do Porto
EV – Enfermeiro Veterinário
FA - Fosfatase Alcalina
FSH –Hormona folículo-estimulante
g - Grama
GnRH - Hormona Libertadora de Gonadotrofina
ICNB – Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade
i.e. - id est, isto é
IM – Intramuscular
Kg – Kilograma
kV - Kilovolts
L – Litro
LH – Hormona luteinizante
LL – Latero-lateral
mA – Miliamperes
mAs – Miliamperes/segundo
MA – Membro(s) Anterior(es)
MAD – Membro Anterior Direito
mL - Mililitros
MP – Membro(s) Posterior(es)
MPD – Membro Posterior Direito
MV – Médico Veterinário
PAAF - Punção aspirativa de agulha fina
PO – Per os
Rx – Radiografia
SC - Subcutânea
TAC - Tomografia axial computorizada
TID – Ter in die
UI – Unidade Internacional
VD – Ventro-dorsal
º C. – Graus Celsius
% - Por cento
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
1
Introdução
A temática escolhida de enfermagem veterinária na espécie do furão, foi uma sequência
natural de aprofundamento de estudos da discente, tendo a mesma apresentado dois trabalhos
disciplinares sobre a espécie, nomeadamente, para as disciplinas de Reprodução e Obstetrícia, e
Enfermagem Médica Veterinária de Exóticos. Paralelamente, o aumento casuístico ocorrido no
local de estágio e previsão do aumento geral a nível nacional, na sequência da sua recente
legalização como animal doméstico, incitam ao aprofundamento de conhecimentos técnicos
sobre as particularidades médico-veterinárias do Mustela putorius furo.
Adicionalmente, pretende-se com este trabalho, cumprir uma breve abordagem à
casuística geral na clínica de exóticos, demonstrando sucintamente o trabalho realizado pela
discente no período de estágio.
Capítulo I – Casuística Geral de Estágio Curricular no CVEP
1. Apresentação do Local de Estágio
O Centro Veterinário de Exóticos do Porto (CVEP) possui um conjunto de serviços
veterinários, humanos e técnicos para um amplo e variadíssimo conjunto de espécies animais
exceptuando Canis lupus familiares e Felis silvestris catus. Portanto, como conduta normativa, é
um centro veterinário que dá as boas-vindas a répteis, anfíbios, aves, coelhos, roedores e todos
os animais que não sejam nem cães, nem gatos, sendo um centro de referência vocacionado para
consultas de aconselhamento, profilaxia e tratamento de patologias dos animais domésticos
exóticos e autóctones.
Tem como localização geográfica a cidade do Porto e o seu corpo clínico consiste numa
equipa de 3 MV, nomeadamente, Dr. Joel Ferraz, Dra. Rute Almeida e Dra. Francisca Gonçalves.
Esta equipa é complementada com 1 EV e 2 MV colaboradores.
2. Estágio
No âmbito de adquirir competências na área da Enfermagem Veterinária de Animais de
Companhia Exóticos, foi realizado um estágio curricular de 611 horas, com início no dia 13 de
Junho e término no dia 11 de Setembro de 2011, como se observa na Figura 1.
A aprendizagem e orientação científica da discente ficaram a cargo do Dr. Joel Ferraz e
da Dra. Rute Almeida.
Nos cuidados de enfermagem prestados durante o estágio, a todas as classes de animais
referidas no subcapítulo seguinte, foram efectuados os seguintes actos: fluidoterapia e nutrição,
parenteral e enteral; administrações de fármacos diversos, como sendo antibióticos, anti-
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
2
inflamatórios, desparasitantes e outros, principalmente através das vias PO, IM e SC; exame
físico e monitorização de parâmetros vitais; aconselhamento e atendimento ao cliente;
assistência às cirurgias; limpeza, desinfecção e esterilização de material e instalações;
realização de meios complementares de diagnóstico, como sendo a realização de Rx e respectiva
revelação, esfregaços sanguíneos, análises parasitológicas fecais e colorações romanowsky.
Gráfico 1 - Horas de Estágio efectuadas por semana, no período de estágio, pela discente.
3. Classes e Espécies Animais
No período de estágio, foram assistidos um total de 601 animais no CVEP. Como
abordagem estatística pertinente à casuística de estágio e, para salientar a aprendizagem
enriquecedora decorrida no mesmo, com o maneio e acompanhamento de um elevado número de
casos clínicos de variadas espécies animais, é apresentada neste capítulo uma série de gráficos
circulares percentuais. Primeiramente, e por se tratar de um centro veterinário de animais
exóticos, é referida no Gráfico 2 a percentagem de animais recebidos por classes.
Gráfico 2 - Diferentes Classes de Animais no CVEP, no período de estágio.
61
20
51
1321
7161 61
80
49
25
5246
57,40%16,64%
25,79%
0,17%
Classes de Animais
Mammalia
Reptilia
Aves
Outros
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
3
No Gráfico 2, verifica-se que os mamíferos foram a classe animal mais abundante,
perfazendo 57,40% do total de animais atendidos, seguidos das aves e répteis, com valores
bastante significativos de 25,79% e 16,64%.
Efectuada a análise percentual do total de animais recebidos no CVEP por classes, e para
uma percepção mais pormenorizada deste amplo universo amostral, segue-se a apresentação dos
gráficos referentes às espécies com maior representatividade em cada uma das classes animais.
Gráfico 3 - Espécies de Mamíferos recebidas no CVEP, no período de estágio.
Com a visualização do Gráfico 3, facilmente se infere que as espécies mais comuns na
clínica de exóticos são a Oryctolagus cuniculus e Cavia porcellus, sendo que a espécie Mustela
putorius furo representa uma fatia de 4% do total de mamíferos atendidos.
Gráfico 4 - Espécies de Répteis recebidas no CVEP, no período de estágio.
No que respeita à classe Reptilia, Gráfico 4, salienta-se que as espécies com maior
representação pertencem à ordem Chelonioidea, nomeadamente tartarugas das espécies
44%
32%
7%
4%4% 3% 2% 4%
Mammalia
Oryctolagus cuniculus
Cavia porcellus
Chinchilla laniger
Phodopus spp
Mustela putorius furo
Rattus norvegicus
Mesocricetus auratus
Outros
22%
15%
14%8%
6%
6%
5%
24%
Reptilia
Trachemys scripta elegans
Pseudemys spp
Graptemys spp
Iguana iguana
Python regius
Pogona vitticeps
Geochelone pardalis
Outros
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
4
Trachemys scripta elegans, Pseudemys spp, Graptemys spp, Geochelone pardalis, Ocadia
sinensis, Kinixys belliana, Chinemys reevesii e Testudo spp.
Salienta-se também a percentagem significativa de animais da ordem Squamata, sub-
ordem das Serpentes, e Lacertilia, dentro das quais se destacam as espécies Iguana iguana e
Pogona vitticeps, com uma representação na ordem dos 15% e 6%, respectivamente, de répteis
recebidos no CVEP no referido período.
Relativamente às Aves que mais se deslocaram ao CVEP, Gráfico 5, salientam-se os
passeriformes da espécie Serinus canaria, grandes psitacídeos do género Amazona e Psittacus
erithacus, e pequenos psitacídeos como Melopsittacus undulatus, Agapornis spp e Nymphicus
hollandicus.
Gráfico 5 - Espécies de Aves recebidas no CVEP, no período de estágio.
4. Casuística de Classes Animais
No que concerne à casuística observada, de uma maneira geral, a maioria dos animais
recorre ao CVEP para efeitos de profilaxia, nomeadamente, vacinação e desparasitação (Gráficos
6, 7 e 8).
No que se refere aos mamíferos, Gráfico 8, para além de actos profiláticos como a
vacinação contra a mixomatose e doença hemorrágica vírica, em Oryctolagus cuniculus e
desparasitações nas várias espécies, verificou-se que os actos de estomatologia são a principal
casuística nos leporídeos e pequenos roedores, como Cavia porcellus e Chinchilla laniger. Estes
animais, caracterizam-se por possuírem dentição de crescimento contínuo, como tal, na
sequência de erros de maneio alimentares ou, por etiologia genética, é comum ocorrer
sobrecrescimento dentário, que se traduz em trauma da mucosa bucal e língua, com a formação
de úlceras e abcessos. Este processo afecta todo o tracto gastrointestinal, provocando a sua
hipomotilidade, reflecte-se nos sinais clínicos de anorexia, siálorreia, presença de cecotrofos no
períneo e pode culminar em situações de urgência, como prostração severa e morte. O
tratamento dentário é um procedimento complexo da competência do MV, sendo que ao EV
19%
14%
14%12%9%
4%
28%
Aves
Serinus canaria
Psittacus erithacus
Amazona spp
Melopsittacus undulatus
Agapornis sp
Nymphicus hollandicus
Outros
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
5
compete assistir ao procedimento, prestando o apoio, acompanhamento do animal na
recuperação anestésica, sua monitorização e, aconselhamento para alterações alimentares
necessárias à prevenção de recidivas. Para além do referido, destacam-se ainda com
considerável prevalência as situações de urgência, que contemplam sinais clínicos de apatia,
prostração severa, dispneia e, outras casuísticas como sendo as patologias dermatológicas.
Gráfico 6 – Casuística de Mamíferos no CVEP, no período de estágio.
Relativamente à casuística dos répteis e das aves, verificou-se uma maior predominância
de situações de urgência, profilaxia, dermatologia e traumatologia.
Gráfico 7 – Casuística de Répteis no CVEP, no período de estágio.
A maior percentagem de casuística nos répteis, tal como foi referido anteriormente e se
verifica no Gráfico 7, são as situações de urgência que derivam de hipovitaminose A ou outras
carências nutricionais relacionadas com mau maneio, casos em que os animais apresentam sinais
clínicos severos de apatia, anorexia, fraqueza generalizada e por vezes, caquéxia. Nestes casos,
para além de ser prestado o suporte adequado ao animal, é essencial uma re-educação dos
proprietários quanto aos hábitos de maneio praticados.
0102030405060708090
87
63 58
3525 23 19 17
8 6 4
05
101520
20 1814 14
11 107 6
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
6
Para além da casuística de urgência, e de profilaxia, destaca-se a incidência ligeiramente
elevada de patologias dermatológicas, nomeadamente, dermatites ulcerativas da carapaça e
traumatologia.
Relativamente às aves, Gráfico 8, como urgências, foram observados animais com
prostração, dispneia, convulsões, vómito, diarreia e infecções. A nível de traumatologia,
revelou-se bastante comum a sua susceptibilidade a acidentes.
Em todos estes casos, salienta-se a função do EV como educador, a par da mesma função
prestada pelo MV, aconselhando os proprietários a hábitos profiláticos e na melhoria do maneio
prestado ao seu animal.
Gráfico 8 – Casuística de Aves no CVEP, no período de estágio.
Capítulo II – Mustela putorius furo 1. Contexto Histórico do Processo de Domesticação e Legalização
Os furões, Mustela putorius furo, pertencem à ordem dos carnívoros e à família dos
mustelídeos. Presume-se que descendam do Mustela putorius (Lewington, 2005), nome comum
de toirão, turão ou furão-bravo.
Ainda que seja difícil apresentar evidências arqueológicas do longo processo de
domesticação ocorrido até aos dias de hoje, uma vez que o seu pequeno esqueleto se deteriora
facilmente (Quesenberry, 2003), encontra-se bem documentada a sua utilização para controlo de
roedores e caça ao coelho ao longo dos séculos, remontando a primeira referência à data de 350
a.C. por Aristóteles, onde se lê relativamente à extraordinária capacidade reprodutiva dos ratos,
“Também as raposas lhes dão caça e os furões lhes dão sumiço quando lhes caem em cima”
(Aristóteles, 2006).
Estes eficientes pequenos predadores, foram primeiramente domesticados para a caça
ao coelho e controlo de roedores, como referido anteriormente, sendo que o ferreting, i. e., a
0
5
10
15
20
25
30
3534
31
26
16
11 10 107 7
3
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
7
libertação do furão numa área povoada por leporídeos, para exploração das tocas e promover a
expulsão dos mesmos, sendo apanhados em redes, por cães ou abatidos a tiro por caçadores,
permanece um desporto comum, principalmente no Reino Unido, assim como um pouco por toda
a Europa. Porém, os motivos que levaram à domesticação do furão são mais vastos,
contemplando actividades como a sua criação para obtenção de pele, transporte de cabos por
condutas, pesquisa biomédica e, como animal de estimação (Quesenberry, 2003), cuja
popularidade tem aumentado consideravelmente nas últimas décadas um pouco por todo o
mundo.
No caso português, esta tendência de popularidade tem sido adiada com a ilegalidade do
furão como animal de estimação, fixada por um lado na Lei de Bases Gerais da Caça do Ministério
da Agricultura, que proibia a sua detenção e utilização na actividade cinegética e, por outro
lado, pela ambiguidade criada nas espécies incluídas pela Convenção de Berna e, segundo a qual,
o Ministério do Ambiente se rege. Porém, a situação actual reverteu-se, e o registo dos furões no
ICNB, passou a ser uma possibilidade, ao abrigo do D/L 211/2009 de 3 de Setembro, pela Portaria
7/2010.
O furão é actualmente considerado pelo Ministério da Agricultura Português como um
animal de companhia de posse permitida, desde que não se encontre em zona de caça, tendo
que respeitar, nesse caso, a legislação cinegética, presumindo-se nessa circunstância que se
encontra em infracção a menos que tenha a respectiva autorização para caçar atribuída pela
AFN. Cumprindo assim também este Ministério o Regulamento 998/2003 da Comunidade Europeia
e o n.º 16 da Portaria 7/2010.
Na sequência da recente legalização do furão como animal doméstico em Portugal,
pressupõe-se um aumento da afluência deste animal aos centros veterinários e como tal, é
necessária a preparação científica de MV e EV sobre a especificidade médica veterinária da
espécie.
2. Anatomia, Fisiologia e Reprodução
2.1 Anatomia e Fisiologia
Estes pequenos mamíferos dormem 12 a 16 horas diárias (Fisher, 2006) e são bastante
activos no período de vigília. Possuem um corpo tubular longo com membros curtos, medindo em
média 44 a 46 cm (Mitchell, 2009). A sua coluna vertebral é muito flexível e o pescoço tem o
diâmetro aproximado da área da mandíbula, característica anatómica que dificulta o uso de
colares (Quesenberry, 2003).
A fórmula vertebral é C7, T15, L5(6), S3, Cd 18 e o crânio é característico de carnívoro,
i. e. a apófise zigomática do osso frontal não alcança o osso zigomático (Lewington, 2005).
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Figura 1 – O Esqueleto Ósseo do Furão. Fonte: Lewington, 2007.
Caso atinjam a maturidade sexual antes de serem castrados, os machos atingem
normalmente o dobro do tamanho corporal de uma fêmea, uma discrepância dimórfica presente
na família dos mustelídeos. As fêmeas adultas oscilam entre os 0,6 a 1 Kg e os machos entre 1 a
2 Kg, mas caso sejam esterilizados antes de atingirem a maturidade sexual a sua amplitude de
peso oscilará entre os 0,8 a 1,2 Kg e não desenvolverão a forte musculatura do pescoço e ombros
(Quesenberry, 2003). De referir que ocorre uma alteração sazonal na gordura corporal destes
animais de 40%, diminuindo o seu peso no verão e aumentando no inverno.
Segundo Lewington, a esperança média de vida dos furões é de 6 a 10 anos, por outro
lado, de acordo com Mitchell, têm como esperança média de vida os 5 a 8 anos.
Existe uma variedade da coloração nos furões, como silver, chocolate, albino, cinamon,
sendo a mais comum denominada sable (Judah, 2008).
O cheiro característico da espécie provém da presença de um vasto número de glândulas
sebáceas na pele. Não possuem glândulas sudoríparas pelo que são incapazes de suar (Bensignor,
2010).
Possuem uma maior capacidade pulmonar do que animais de tamanho semelhante,
parede traqueobronquial semelhante à dos humanos e passíveis de contrair a Influenza humana,
sendo, por estes motivos, um bom modelo de estudo para efeitos de investigação científica sobre
esta matéria (Lewington, 2007).
O trato gastrointestinal curto caracteriza-se pela ausência de cecum e válvula íleocecal
(Fisher, 2006).
As glândulas adrenais encontram-se medialmente associadas aos rins, sendo que a
glândula esquerda relaciona-se medialmente ao pólo cranial do rim esquerdo, e a direita
relaciona-se caudalmente ao lobo caudato do fígado e aderente à veia cava caudal,
característica anatómica que dificulta a adrenalectomia total (Mitchell, 2009).
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2.2 Reprodução
A genitália do macho assemelha-se à do cão, um osso peniano com uma extremidade
curva que dificulta a algaliação (Quesenberry, 2003). O prepúcio está localizado no abdómen
ventral e caudalmente pode ser palpado o osso peniano. A próstata circunda a uretra adjacente
à abertura da bexiga urinária, deste modo, o aumento prostático pode restringir o fluxo de urina.
A vulva, por outro lado, situa-se na região perianal. Em anestro é uma pequena fenda,
enquanto que em fêmeas hormonalmente activas encontra-se edemaciada (Mitchell, 2009).
A actividade hormonal é fortemente influenciada por ciclos circadianos endógenos, que
são influenciados por factores externos como a quantidade de luz diária, temperatura, pressão
atmosférica e hormonas, dos quais a luz é o factor mais importante (Mitchell, 2009). Os níveis de
melatonina diminuem com o aumento dos dias e é libertada GnRH, provocando a libertação de
LH e FSH, que estimulam, por sua vez, a libertação de estrogénio e testerosterona, aumentando
o interesse e actividade sexual. Assim sendo, o estro pode ocorrer fora do período natural, que
corresponde ao intervalo entre Março e Agosto no hemisfério norte, se tivermos em conta a
exposição a uma quantidade elevada de luz artifical diária (Lewington, 2007).
Estes animais atingem a maturidade sexual entre os 6 a 9 meses de idade (Lewington,
2005).
Para além de serem animais fotoperiódicos, a ovulação é induzida pelo coito, caso tal
não aconteça, o estro prolonga-se provocando toxicidade da medula óssea na sequência de
elevados níveis crónicos de estrogénio (Mitchell, 2009). Desta forma, a denominada anemia pós-
estro pode ser fatal.
A orquiectomia é um procedimento cirúrgico comum, porém a vasectomia é um
procedimento mais delicado mas que permitirá que o macho induza a ovulação na fêmea em cio,
sem recurso à administração de hormonas. Neste caso, ocorre uma pseudogravidez com a
duração de 41 a 43 dias (Lewington, 2005).
A gestação dura cerca de 42 dias e os neonatos têm um peso de 8 a 12 g, sendo o
tamanho da ninhada de 4 a 14 crias. O desmame ocorre às 6-8 semanas, a audição aos 32 dias e
os olhos abrem às 4-5 semanas (Lewington, 2007).
3. Maneio Geral e Nutrição
3.1 Maneio Geral
A zona de conforto térmico dos furões situa-se entre os 15-21º C (Lewington, 2007),
devendo por isso ser protegidos de temperaturas extremas, principalmente acima dos 32º C e de
quaisquer temperaturas negativas (Mitchell, 2009).
A gaiola, de tamanho médio 80x40x60cm, deve ser de material não poroso, permitindo
uma boa desinfecção (Lewington, 2007). Devido aos seus hábitos excretórios, podem ser
treinados a usar uma caixa de areia (Fisher, 2006).
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Para além de um espaço escuro e pequeno para dormir, necessitam de enriquecimento
ambiental, com brinquedos e túneis, no entanto, são evitáveis materiais passíveis de ingestão
que provoquem obstrução gastrointestinal. Nos momentos de lazer e interacção fora da gaiola,
deve haver especial atenção para evitar fugas e traumas (Lewington, 2007).
3.2 Nutrição
Os furões são carnívoros e necessitam de uma dieta adequada, elevada em proteína
animal (30 a 40%), gordura (18 a 30%) e baixa em hidratos de carbono e fibra.
A absorção de calorias derivadas de hidratos de carbono é ineficaz devido à ausência de
enzimas digestivas especializadas. Outro factor contribuinte para a sensível assimilação de
nutrientes prende-se com o seu curto trânsito gastrointestinal, cuja média é de 182 minutos
(Fisher, 2006). Para além do referido, a ingestão de proteínas de origem vegetal pode provocar
cálculos urinários (Mitchell, 2009).
As suas necessidades nutricionais diárias variam entre 200-300 kcal/Kg de peso vivo, 42-
49 g/Kg de alimento seco (Fisher, 2006) ou 140-190 g/Kg de alimento húmido, sendo o consumo
de água médio de 75-100 mL por animal (Lewington, 2007).
A dieta e água devem estar disponíveis ad libitum, para que o animal consiga ter
múltiplas refeições ao longo do dia (Fisher, 2006). Encontram-se disponíveis no mercado diversas
marcas de dieta própria para furão.
Para evitar a desnutrição de animais hospitalizados, a alimentação enteral de alimento
com nutrientes essenciais e energia metabolizável, específica para carnívoros, pode ser realizada
com o auxílio de uma seringa.
4. Procedimentos Clínicos
4.1 Contenção
O animal, quando dócil e habituado a ser regularmente manuseado, pode ser contido
com uma mão apoiada em redor do tórax, ventralmente, sob as axilas e outra mão apoiando o
peso do animal.
Podem ainda ser sustentados com uma mão pela prega de pele nucal e zona
interescapular, apoiando o corpo com a outra mão, revelando-se este método mais eficaz em
animais temperamentais, para a realização do exame físico e outros procedimentos. O apoio do
peso do animal é fundamental para prevenir lesões na coluna vertebral e danos nos fetos das
gestantes (Ballard, 2009).
Para efeitos de exames complementares, como sendo a obtenção de Rx, a contenção
química é mais adequada para obtenção de uma imagem radiográfica com a melhor qualidade
possível (Silverman, 2005).
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4.2 Exame Físico
No exame físico deve ser observado o animal e feita a anamnese em diálogo com o
proprietário. Um furão saudável demonstra curiosidade pelo novo ambiente, enquanto que o
furão com uma patologia subjacente pode apresentar apatia, prostração ou diminuição de
actividade. Deve verificar-se o peso, e a temperatura, observar-se a aparência dos olhos,
orelhas, nariz e cavidade oral, procurando-se anormalidades, assimetrias, corrimentos. As
mucosas devem ser húmidas, de coloração rosada e o tempo de repleção capilar inferior a 2
segundos.
É comum observarem-se caninos partidos, o que não é considerado problemático, a não
ser que haja evidência de dor, infecção, anorexia ou diminuição de apetite. A acumulação de
tártaro é igualmente comum, e deve ser removida para prevenir gengivites.
Deve proceder-se à palpação dos gânglios linfáticos submandibulares, progredindo
caudalmente até aos gânglios poplíteos, para despiste de estados infecciosos e oncológicos.
Na palpação abdominal cranial deve encontrar-se o baço no lado esquerdo, examinando-
se o seu tamanho, forma e massas. No intestino pode verificar-se a presença de gás ou
engrossamento das ansas intestinais. As glândulas adrenais não são passíveis de palpação no
furão saudável.
No abdómen caudal, pode ser palpada a bexiga urinária, sendo este procedimento
doloroso em furões com obstrução uretral ou cálculos urinários.
A nível genital, deve ser observado o prepúcio e os testículos, assim como a vulva nas
fêmeas, procurando a ocorrência de edema e corrimentos.
A pele e pêlo devem ser explorados para identificação de parasitas, alopécia e
anormalidades.
O coração pode ser auscultado ao nível do 6º e 8º espaços intercostais e, sempre que se
verifiquem ruídos cardíacos anormais, acompanhados dos sinais clínicos de anorexia, perda de
peso ou dispneia, deve proceder-se a um exame cardíaco completo (Mitchell, 2009).
4.3 Valores de Referência
Os valores de referência de maior relevância para o EV na monitorização do furão, a
serem mensurados nas situações de internamento, cirurgia e aquando do exame físico em
consulta são a temperatura rectal, frequência cardíaca e respiratória. A temperatura rectal
normal é de 37,8 a 40º C, a frequência cardíaca é de 180 a 250 batimentos/minuto e a
respiratória de 33 a 36 respirações/minuto (Mitchell, 2009).
Para além destes, importa saber que a média da pressão arterial sistólica é de 133 mmHg
na fêmea e 161 mmHg no macho. Sob anestesia, estes valores passam a 110–125 mmHg. O
volume total de sangue é geralmente 5–7% do peso corporal. Possuem um elevado hematócrito
comparado com outras espécies, de 46–61%.
O pH normal da urina é de 6.0–7.5. Os níveis de ureia e creatina aumentam apenas em
situações em que o rim já esteja 75% danificado (Longley, 2008).
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4.4 Venipunctura
A recolha de sangue pode ser efectuada usando como via as veias cefálica, jugular,
safena lateral, cava cranial e da artéria ventral da cauda com uma agulha de 22 a 27 gauge.
Para obter 0,5-1 mL sangue da veia cefálica, o furão é contido com uma mão no pescoço
e a outra mão imobilizando o MA, como demonstrado na Figura 2 (Bixler, 2004).
Figura 2 – Método de Contenção para Venipunctura da Veia Cefálica Fonte: Bixler 2004
Relativamente à veia jugular, a contenção é semelhante à de um gato, com os MA
extendidos e o pescoço colocado em hiperextensão (Rosenthal, 2008).
O coração está obliquo entre as 6ª e 8ª costelas, com o ápice à esquerda. Esta posição
caudal cardíaca torna a punção da veia cava cranial uma técnica segura (Figura 11). Para a
realização da venipunctura por esta via, o animal deve encontrar-se sob anestesia e em decúbito
dorsal e insere-se uma agulha de 25 gauge num ângulo de 30–45° no tórax, entre o manúbrio e a
1ª costela, direccionando a agulha para o MP contrário (Longley, 2008).
4.5 Fluidoterapia
Durante a hospitalização é importante manter a hidratação (Longley, 2008). Na Tabela 1
podemos identificar os principais fluidos administrados a furões, via, dose, frequência e algumas
observações de interesse clínico.
A manutenção de fluidos diária é de 75 a 100 ml/kg, podendo ser administrados fluidos
adicionais para suprir perdas ocorridas. A via de administração mais comum é SC, com frequência
BID ou TID, no entanto, animais severamente debilitados podem necessitar de fluidoterapia
administrada continuamente pelas vias IV ou IO, sendo que para este efeito, pode utilizar-se uma
bomba de infusão (Mitchell, 2009). Para a fluidoterapia IO, procede-se à colocação de um
catéter na fossa trocantérica do fémur, sendo esta local o mais comum para este procedimento
(Rosenthal, 2008).
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A nível de transfusões sanguíneas, os furões não possuem antigénios detectáveis de
diferentes grupos sanguíneos, não sendo necessária a verificação de compatibilidades. O sangue
do doador deve ser administrado a uma temperatura de 37º C. (Lewington, 2007).
O excesso de fluidoterapia deve ser prevenido, o qual provoca dispneia, ruídos atípicos
respiratórios ou cardíacos (Mitchell, 2009).
Tabela 1 - Fluidoterapia e Nutrição de Suporte para Furões Fonte: Longley, 2008.
4.6 Administrações Farmacológicas
Uma das tarefas mais importantes que o EV realiza é a administração de fármacos, que
pode ter consequências importantes no prognóstico do animal, sendo imperativo o conhecimento
de diversos fármacos utilizados na medicina veterinária. Deve ter uma compreensão dos motivos
para a sua utilização (indicações), e para a sua não utilização (contra-indicações), ou seja,
farmacoterapêutica. Deve saber o que sucede após o fármaco entrar no organismo
(farmacocinética), os seus efeitos (farmacodinâmica), e como se manifestam as reacções
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adversas, ou seja, a sua toxicidade (Wanamaker, 2009). Desta forma, os conhecimentos
farmacológicos são essenciais ao EV.
É seguro utilizar muitos dos fármacos convencionados para cães e gato, sendo que as
mesmas precauções para o seu uso devem ser tidas em consideração. Para obter as doses
medicamentosas correctas, é importante obter o peso exacto do animal (Mitchell, 2009).
Encontram-se publicadas as doses médicas específicas para furões, como sendo a publicada por
Carpenter.
As vias de administração preferenciais de antibióticos e inflamatórios são PO e SC
(Longley, 2008). As medicações orais devem ser administradas na forma líquida, caso só estejam
disponíveis na forma de comprimido, devem ser esmagadas e camufladas no alimento ou numa
suspensão líquida. As injecções SC devem ser administradas na prega de pele da zona
interescapular, enquanto que as IM são adminitradas nos músculos semimembranoso e
semitendinoso do MP ou nos músculos epaxiais costais, sendo que o volume da administração
deve ser limitado devido à relativamente pouca massa muscular do furão (Bixler, 2004).
5. Profilaxia
5.1 Vacinação
Os furões nos Estados Unidos da América são vacinados rotineiramente contra os vírus da
esgana e da raiva, para os quais apresentam uma elevada susceptibilidade e uma taxa de
mortalidade de 100% (Mitchell, 2009). Na Europa, embora o procedimento seja idêntico, não
existem vacinas licenciadas para furões. Alternativamente, são administradas vacinas para
canídeos.
O programa de vacinação recomendado é: a primeira dose às 6-8 semanas, a segunda
dose às 10-12 semanas e a terceira dose às 14-16 semanas. A vacina da raiva deve ser
administrada simultaneamente com a última vacina da esgana. Posteriormente, recomenda-se
que sejam efectuados reforços anuais de ambas as vacinas. Animais com 16 semanas de idade
que nunca receberam vacinação, devem receber duas doses de vacina contra a esgana em
intervalos de 2 ou 3 meses. Salienta-se por fim que a administração de vacinas pode ser via SC ou
IM (Mitchell, 2009).
Note-se que furões vacinados correctamente têm uma probabilidade muito remota de
contraírem as infecções referidas (Rosenthal, 2008).
Após a vacinação, o EV deve monitorizar o animal durante 30 minutos no que respeita a
reacções adversas, e o proprietário aconselhado a vigiar o animal durante 24 horas. Em caso de
reacção anafilática, os sinais clinicos são: vómito, diarreia, hematosquezia, hiperémia
generalizada, hipersalivação e piréxia. O tratamento da reacção à vacina consiste na
administração SC e PO de glicocorticóides, anti-histamínicos e catecolaminas. Em situação de
dispneia, pode recorrer-se adicionalmente à oxigenoterapia (Mitchell, 2009).
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5.2 Desparasitação
O parasitismo intestinal é invulgar nos furões mantidos dentro de casa, no entanto, é
aconselhável a desparasitação semestral acompanhada de exame coprológico, na sequência da
sua elevada susceptibilidade a uma variedade de distúrbios gastrointestinais (Mitchell, 2009).
A desparasitação deve promover o controlo eficaz de endo e ectoparasitas (Carpenter,
2001).
Relativamente a parasitas cardíacos, ainda que a incidência de dirofilariose seja
incomum, a prevenção do parasita Dirofilaria immitis é eficaz com a administração mensal de
ivermectina. Para além disto, manter os furões dentro de casa limita a exposição a vectores
biológicos e diminui a probabilidade de contracção de parasitoses (Rosenthal, 2008).
6. Anestesiologia
6.1 Preparação Pré-anestésica e Indução
A preparação pré-anestésica consiste na sedação, tricotomia, entubação endotraqueal e
monitorização inicial dos parâmetros vitais do animal.
A sedação pode ser induzida administrando medetomidina, e revertida com atipamezole.
Pode alcançar-se uma boa sedação também com acepromazina (Longley, 2008).
A língua longa do furão pode ser puxada rostralmente para expor a glote para entubação
endotraqueal (Lewington, 2005). Tubos endotraqueais de 2-4mm podem ser utilizados, consoante
o tamanho do animal. A técnica é semelhante à utilizada em gatos, podendo ser utilizada
anestesia local na glote (Longley, 2008).
Figura 3 - Método de Entubação Endotraqueal no Furão Fonte:CVEP
Após a sedação, pode utilizar-se como anestésico injectável o propofol ou um protocolo
de ketamina e medetomidina. Como agentes voláteis, é comum o uso de isoflurano a 4% e a
anestesia mantida com isoflurano a 2%, ainda que este método possa alterar os valores
hematológicos, nomeadamente, com a diminuição do hematócrito, concentração de hemoglobina
(Mitchell, 2009) e possa provocar o sequestro de eritrócitos a nível esplénico (Longley, 2008), é
uma escolha considerada segura em furões saudáveis ou com patologia e ideal para a
imobilização química do furão, de acordo com Mitchell.
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Para a indução, pode recorrer-se a uma máscara ou uma câmara de gás. A profundidade
anestésica pode ser facilmente ajustada com a alteração da concentração do anestésico.
O sistema anestésico deve ser verificado sistematicamente, quanto à existência de
oxigénio e gases voláteis em quantidade suficiente, fugas no circuito e nos tubos endotraqueais,
sendo que estas verificações permitem reduzir o tempo de anestesia (Longley, 2008).
6.2 Monitorização Perianestésica e Recuperação
A mortalidade anestésica pode ter como causas a overdose, problemas com o
equipamento, hipotermia ou paragem cardio-respiratória. Uma monitorização eficaz e
identificação rápida dos parâmetros vitais básicos do animal aumentam a probabilidade de que
as acções tomadas permitam evitar fatalidades.
A mesa cirúrgica deve ter uma fonte de aquecimento, visto que durante a anestesia e até
que o animal recupere, a sua capacidade de termorregulação está comprometida. Uma situação
de hipotermia interfere com o metabolismo, aumentando a profundidade anestésica, e
prolongando o tempo de recuperação (Longley, 2008). Portanto, a temperatura corporal é um
parâmetro que deve ser monitorizado a nível rectal com um termómetro e as condições
ambientais adequadas aos resultados obtidos.
A frequência cardíaca normal é demasiado elevada para ser monitorizada com o auxílio
de um estetoscópio, no entanto, este instrumento é suficiente para monitorizar a frequência
respiratória, sendo esta última, um bom indicador da profundidade anestésica. Outra forma de
averiguar a profundidade anestésica é beliscar a pele interdigital de um membro em extensão,
verificando-se que, num plano anestésico superficial, o animal recolhe o membro, emite
vocalizações ou ocorre contracção muscular (Longley, 2008).
A verificação da cor das mucosas dá uma ideia algo incerta da oxigenação sanguínea,
sendo a utilização de oxímetro uma técnica de maior sensibilidade (Longley, 2008).
Relativamente à posição do animal, a cabeça e pescoço devem estar em extensão para
prevenir que ocorra obstrução da laringe e deve evitar-se compressão abdominal dos pulmões
mantendo a cabeça e tórax elevados.
Outro aspecto a ter em consideração durante um procedimento cirúrgico é a manutenção
da lubrificação ocular para prevenção de danos oculares.
Em caso de paragem cardio-respiratória não se deve comprimir o tórax porque estes
animais dependem mais do movimento diafragmático para ventilação sob anestesia do que do
movimento costal. Se ocorrer apneia, a ressuscitação cardiopulmonar pode ser instigada
segurando-o pelas pernas e agitando-o na direcção cranio-caudal para estimular a respiração
diafragmática (Lewington, 2005). Por outro lado, Lewington sugere que a compressão torácica
deve ser efectuada até se obter uma frequência cardíaca de 100 batidas/minuto. Este autor
acrescenta que a nível respiratório, a técnica de soprar no nariz do animal pode ser eficaz.
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Caso não se verifique a reanimação do animal no período de 30 a 60 segundos, protocolos
de reanimação devem ser utilizados, nomeadamente, administração de epinefrina e doxapram.
Quando se verificar bradicardia, deve administrar-se atropina (Lewington, 2007).
No que respeita à recuperação anestésica, deve ser retirado o tubo endotraqueal assim
que o animal mostrar sinais de superficialização anestésica, como sendo o reflexo de deglutição.
O período pós-operatório é tão importante quanto o período de anestesia, devendo ser
prestado auxílio pós-operatório até estabilização do animal e alta hospitalar (Longley, 2008).
Terminado o procedimento, todo o material cirúrgico deve ser desligado, limpo,
desinfectado e esterilizado, com particular atenção aos tubos endotraqueais (Longley, 2008).
7. Imagiologia Radiográfica
O recurso à imagiologia serve o propósito de auxiliar o MV na detecção de alterações
radiográficas compatíveis com certas patologias, sendo considerado um método complementar
de diagnóstico que pode ser realizado pelo EV. A imagem radiográfica é vantajosa na
identificação inicial de doenças comuns relacionadas com o coração, baço, trato gastrointestinal,
genital, urinário e esqueleto ósseo.
Os factores de exposição de raio-x que interferem com a qualidade de imagem obtida são
o tempo de exposição, em microsegundos, a kilovoltagem e a miliamperagem.
Se os kV forem demasiado baixos, é produzida uma imagem subexposta com tons pálidos
por insuficiente penetração dos tecidos. Portanto, a kilovoltagem deve ser suficientemente alta
para promover uma boa penetração nos tecidos, mas não tão alto que comprometa o contraste
entre as estruturas. Isto é especialmente importante na radiografia abdominal, visto que a
densidade entre os tecidos moles e a gordura é pequena. Por outro lado, na radiografia torácica
existe um elevado contraste natural entre os pulmões cheios de ar, as margens ósseas e
estruturas de tecido mole como o coração e o abdómen cranial (Moore, 2000).
O aumento de amperagem escurece a imagem, mas não interfere no contraste entre
tecidos (Moore, 2000).
Para um furão de cerca de 1,2 Kg, as constantes que se devem utilizar são 5 a 6 mAs e 44
a 52 kV, de acordo com a projecção pretendida, nomeadamente, os valores mais baixos para
radiografias torácicas e abdominais e os valores mais elevados para radiografias dos membros e
cabeça (Silverman, 2005).
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Figura 4 – Anatomia Torácica e Abdominal Radiográfica Normal de Fêmea Esterilizada em Projeção LL
Legenda: 1-Traqueia 2-Pulmões 3- Vasculatura Pulmonar 4- Brônquios 5- Tronco Pulmonar 6- Estômago
7- Rim 8- Baço 9- Cólon 10- Tecido Adiposo Intratorácico 11- Silhueta Cardíaca 12- Fígado
13- Intestino Delgado 14- Bexiga Urinária Fonte: Silverman
Figura 5 - Anatomia Torácica e Abdominal Radiográfica Normal de Fêmea Esterilizada em Projeção VD
Legenda: 1 - Traqueia 2- Pulmão 3- Mediastino Cranial 4- Brônquio Principal Esquerdo 5- Silhueta Cardíaca
6- Fígado 7 – Estômago 8 – Baço 9 – Rim Esquerdo 10 – Bexiga Urinária 11-Brônquio Principal Direito
12 – Intestino Delgado 13 – Rim Direito Fonte: Silverman
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Para a obtenção de Rx, a contenção física do animal é possível, sendo no entanto
preferível a contenção química.
No que respeita ao posicionamento, é importante centrar o animal sob o feixe de raio-x
com uma distância focal de 100-120 cm e efectuar uma correcta colimação do feixe. O animal
deve estar paralelo à cassete. Na técnica de posicionamento para o estudo radiográfico LL, deve
colocar-se o animal em decúbito lateral sobre a cassete, e os membros afastados, para evitar
sobreposição de tecidos, sendo que para o estudo radiográfico VD, utiliza-se o decúbito dorsal
(Silverman, 2005).
Relativamente à radiografia de contraste, e caso não haja suspeita de úlcera gástrica ou
perfuração intestinal, é recomendada a dose PO de 4 a 6 mL de bário. Devido ao trânsito
gastrointestinal curto destes animais, o Rx deve ser tirado a cada 30 minutos para obter uma
avaliação completa do tracto gastroinstestinal (Mitchell, 2009).
A revelação manual, como praticada no CVEP, é efectuada na câmara escura, que deve
servir apenas o propósito indicado. Deve ser um espaço passível de isolamento absoluto de luz
exterior, contendo uma luz de segurança que deve estar ligada durante o processo de revelação,
permitindo algum grau de visualização. Quando se verificar dificuldade na adaptação visual ao
espectro de luz emitido pela luz vermelha, deve focar-se um ponto escuro durante uns segundos.
Ao entrar na câmara escura, o EV deve retirar a película da cassete e introduzi-la
correctamente na moldura de revelação.
As películas utilizadas na clínica de exóticos são películas de mamografia, caracterizadas
por possuírem uma maior sensibilidade relativamente às películas radiográficas convencionais.
O tanque de revelação deve encontrar-se à esquerda dos restantes recipientes e é o
primeiro tanque onde a película deve ser inserida. O revelador e o fixador são líquidos
geralmente adquiridos em forma concentrada, pelo que devem ser diluídos, de acordo com as
indicações do fabricante. Neste processo, o halogenato de prata da película sofre uma
oxirredução em prata metálica, tornando a imagem latente visível. O tempo de revelação
dependerá de factores como a concentração do líquido revelador, a sua temperatura e o grau de
exaustão do mesmo, tendo que haver uma renovação no mínimo a cada 3 meses.
Convencionalmente, o tempo de revelação será de 2 a 4 minutos, durante o qual se deve agitar a
moldura de revelação a cada 10 segundos, promovendo uma homogeneização do liquido para
prevenção de manchas de revelação. Findo este tempo, a película é colocada no segundo
tanque, correspondente ao banho de paragem, que tem como função parar o processo de
revelação e evitar a exaustão precoce do líquido fixador. O banho de paragem, cuja composição
é exclusivamente água, é efectuado durante 10 a 30 segundos, agitando sempre a película. Por
fim, a película é colocada 4 a 10 minutos no último tanque, o fixador, cujas funções são remover
os sais de prata restantes e endurecer a camada superficial do filme, fixando a imagem. Nesta
fase, a cassete é carregada com uma película nova, havendo o cuidado de fechar eficazmente a
caixa de películas manuseada. O Rx é lavado em água corrente, seco, ficando pronto para a
interpretação radiográfica (Moore, 2000).
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20
Capítulo III - Casuística do Mustela putorius furo
Neste capítulo serão abordados casos clínicos de furões acompanhados no CVEP no
período de estágio. A descrição destes casos clínicos inclui a informação relevante para a sua
compreensão tais como, anamnese, exame físico, sinais clínicos, diagnóstico e terapêutica
instituída pelo MV, monitorizações e resultados obtidos, analogamente ao corpo de trabalho
onde as temáticas fundamentais ao desempenho do EV já foram mencionadas.
Caso Clínico “Snif”: Lesão no Córtex Cerebral Esquerdo
No que respeita a anamnese, este macho com 6 anos, previamente sujeito a
orquiectomia inguinal, apresentava sinais clínicos evidentes de doença adrenal, nomeadamente,
alopécia simétrica do tronco e cauda e polaquiúria, estando esta patologia diagnosticada pelo MV
desde 2009.
Como suporte do diagnóstico efectuado, em Maio de 2009 foi realizada uma ecografia ao
animal que revelou a glândula adrenal esquerda alterada (hipoecoica e globosa) e os rins
ecograficamente alterados (Figura 6).
Figura 6 – Ecografia de Glândula Adrenal Esquerda do Snif, em 2009. Fonte: CVEP.
Adicionalmente, em 2009, verificou-se um ligeiro aumento de ureia e creatinina séricas.
O controlo desta patologia passou a efectuar-se com acetato de leuprorrelina IM, após o que,
passou a apresentar progressivamente um perfil hormonal normal e regressão quase total dos
sinais clínicos de doença adrenal. Paralelamente, a nível nutricional alterou-se a sua dieta para
renal.
A 17 de Junho de 2011, o Snif compareceu à consulta com sinais clínicos de apatia,
prostração, história de parésia do MPD e massa abdominal à palpação. O animal ficou internado
para recolha de sangue e Rx sob anestesia.
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
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O Rx foi efectuado com projecções VD e LL, Figura 7, não se verificando alterações a
nível da coluna vertebral e verificando-se uma massa abdominal cranial compatível com o baço
de dimensões aumentadas.
Figura 7 – Rx Projeções LL e VD do Snif a 17/06/2011 Fonte: CVEP
Como resultados alterados das análises clínicas obtiveram-se os parâmetros diminuídos
da ALT/GPT com 62 UI/L, e da FA a 19 UI/L.
A ecografia revelou esplenomegalia, possivelmente secundária a processo crónico activo
e não tumoral, de acordo com o relatório do ecografista. Foi efectuada análise citológica do
baço por PAAF, que revelou hematopoiese extramedular e leve hiperplasia linfóide inespecífica.
Na ecografia, foi ainda verificado o aumento da glândula adrenal esquerda e a estrutura renal
alterada, apesar dos valores da bioquímica indicativos da função renal estarem normais.
Adicionalmente, a actividade das enzimas hepáticas encontrava-se baixa, eventualmente por
hepatopatia crónica de acordo com o MV.
Considerou-se o risco de ruptura decorrente da esplenomegalia e iniciou-se tratamento
anti-inflamatório e antibiótico, nomeadamente, Meloxicam e Enrofloxacina. Foi dada alta ao
animal e procedeu-se a uma monitorização telefónica da sua reacção passados 5 dias. Sendo que
a situação não melhorou significativamente, no dia 28 de Junho repetiram-se as análises clínicas,
mantendo-se os parâmetros diminuídos da ALT/GPT com 69 UI/L, e da FA a 15 UI/L. A
adrenelectomia e esplenectomia foram postas de parte por não se revelarem críticas face aos
sinais clínicos mais severos e urgentes de atáxia central com parésia ipsilateral direita.
No exame neurológico, observou-se hemiparésia com défices posturais nos MPD e MAD, os
reflexos espinais sem alterações nos MP e MA, sem alterações nos nervos cranianos.
A 29 de Junho foi realizado um TAC no Centro de Imagiologia Veterinária de Gondomar,
com incidência abdominal em modo helicoidal com cortes de 2mm de espessura e avanços de
3mm, tendo sido observada esplenomegalia, fígado com dimensões normais, vesícula biliar com a
presença de pequeno cálculo, rins com boa visualização sem imagens aparentes de patologia,
não se tendo conseguido visualizar neste exame as glândulas adrenais, o que sugere a ausência
de alterações muito significativas das mesmas. A nível cerebral, o TAC foi realizado através de
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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uma aquisição em modo sequencial com cortes de 2mm de espessura e avanços de 3mm dirigidos
à parte cerebral (Figura 8).
Figura 8 - TAC Cerebral do Snif. Fonte: CVEP.
De acordo com o relatório emitido desta técnica imagiológica, não se observaram
imagens sugestivas de lesões isquémicas, hemorrágicas, os seios perinasais encontravam-se
permeáveis e no hemisfério cerebral esquerdo observou-se uma imagem com características
hipodensas, de densidade líquida e com uma dimensão de cerca de 0,8 cm de diâmetro,
constando a conclusão do relatório num quisto sub-aracnóideo volumoso no hemisfério cerebral
esquerdo.
A 3 de Julho, o animal ficou em internamento e a terapêutica instituída constou na
administração de Dexametasona e Furosemida, não ocorrendo reacção e com agravamento da
atáxia ipsilateral e da apatia, avançou-se para cirurgia intracraniana no dia 8 de Julho, com
intuito de drenagem de líquido quístico, para alívio de pressão intracraniana.
Foi realizada tricotomia cranial (Figura 9). Como medicações perioperatórias adicionais,
administrou-se Tramadol e Metoclopramida.
Figura 9 – Tricotomia do Snif Fonte:CVEP
A cirurgia consistiu na abertura de uma janela óssea no crânio, ecografia através das
meninges e drenagem ecoguiada de conteúdo sanguinolento. O animal foi sujeito a entubação
endotraqueal para suporte e monitorização respiratória (Figura 3).
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Figura 10 - Imagem Cirúrgica do Snif, Abertura de Janela Óssea Fonte:CVEP
O animal não resistiu ao procedimento, revelando alterações neurológicas graves na fase
de recuperação anestésica e falecendo 4 horas pós-cirurgia. Procedeu-se a necrópsia com
posterior estudo histopatológico. A nível macroscópico, o baço e o cérebro estavam sem
alterações notórias. O diâmetro da glândula adrenal esquerda estava aumentado cerca de 1cm. E
a cápsula renal encontrava-se ligeiramente alterada.
Histopatologicamente, confirmou-se carcinoma adrenocortical da glândula adrenal
esquerda, lipidose hepática com congestão aguda moderada, a nível esplénico, hemosiderose
moderada dos macrófagos e hematopoiese extramedular de baixo grau. A nível renal,
glomerulonefrite membranosa leve a moderada, nefrite intersticial leve com fibrose,
mineralização tubular leve, lesões consideradas incidentais pelo seu baixo grau histológico. Por
fim, o córtex cerebral sem evidentes sinais de atipia, nem malignidade, infecção ou hematoma,
sendo mais provável a existência de um processo crónico reactivo, de acordo com o relatório
emitido.
Caso Clínico “Kika”: Apatia
A 13 de Junho, esta fêmea com cerca de 2 anos, apresentando como sinal clínico apatia, foi
encaminhada para o CVEP para a realização de estudo hematológico.
Procedeu-se à anestesia inalatória durante a qual o animal regurgitou, pelo que se
interrompeu o procedimento. Solicitou-se à proprietária que regressasse com o animal em jejum,
para a realização das respectivas análises clínicas.
Posteriormente, regressou em jejum, tendo-se efectuado a recolha de sangue via veia cava
cranial sob anestesia geral.
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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Figura 11 - Kika, sob Anestesia Geral, Venipunctura Via Veia Cava Cranial Fonte: CVEP.
Caso clínico “Tó”: Duas Urgências
Os furões, dada a sua natureza curiosa, destemida e características fisiológicas, são
animais que facilmente se colocam em situações de perigo para a sua própria integridade, por
outras palavras, são animais muito propensos a acidentes, motivo pelo qual é vantajoso que os
proprietários supervisionem o seu animal, sempre que este se encontre fora da gaiola.
No dia 23 de Junho, o Tó, de idade indeterminada, compareceu com um corpo estranho
no pénis (Figura 45). Foi efectuada a remoção com sucesso e administrado anti-inflamatório
Meloxicam PO.
No dia 12 de Julho, surge com diarreia após ter sofrido uma queda do 3º andar e fugir de
casa durante uma semana.
Figura 12 – Rx Tó Projecções LL e VD Fonte: CVEP
No exame físico efectuado não se verificaram quaisquer anormalidades. Foi realizado um
Rx torácico e abdominal com projecções LL e VD, demonstrando-se suficiente a contenção física
do animal para tal. Não se verificaram alterações radiográficas (Figura 12).
A nível de parasitologia, foi realizada uma técnica de flutuação fecal e coloração
romanowsky da citologia de fezes que não relevou parasitas intestinais (Figura 13). Procedeu-se
à sua desparasitação profiláctica.
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Figura 13 - Imagem Microscópica com Ampliação 40x de Amostra Fecal do Tó. Fonte: CVEP
Caso clínico “Rosinha”: Diarreia Crónica
Anamnese, fêmea, idade indeterminada, regularmente desparasitada com Fenbendazole e
Ivermectina, tendo-lhe sido administrado em Dezembro de 2010 uma dose de acetato de
leuprorrelina, para evitar o estro.
A 12 de Julho foi diagnosticada diarreia crónica, tendo sido previamente medicada com um
protector da mucosa gástrica, sem resultado. Ao exame físico revelou diminuição do peso
corporal, sem alterações significativas à palpação abdominal.
Procedeu-se a anestesia geral para venipunctura e realização de Rx, sem alterações visíveis
(Figura 14).
Figura 14 - Rx LL e DV da Rosinha Fonte:CVEP
O exame coprológico por método de flutuação não revelou a presença de parasitas
intestinais. A citologia de fezes revelou estruturas semelhantes a hifas com 3-4 segmentos,
ficando pendente a realização de cultura de fezes.
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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Figura 15 – Imagem Microscópica do Esfregaço Coprológico da Rosinha, Ampliação 40x. Fonte: CVEP
Caso clínico “Gigi”: Patologia Reprodutiva
A 13 de Agosto, a Gigi surge no CVEP com anorexia, apatia e corrimento vaginal
sanguinolento cerca de 24 horas pós parto, tendo até então ocorrido a morte da maioria dos
neonatos. Verificou-se que a Gigi não alimentava, nem prestava quaisquer cuidados maternais
aos neonatos.
Figura 16 – Gigi no Pos-partum e Neonatos Fonte:CVEP
Foi efectuado o internamento para suporte com cristalóides SC e realização de meios de
exame complementares, como sendo Rx, não se tendo verificado quaisquer anomalias (Figura
17).
Figura 17 - Rx Abdominal projecção DV Gigi Fonte:CVEP
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Para além do suporte com cristalóides, implementou-se um regime de alimentação
forçada via enteral, com o auxílio de uma seringa, leite de substituição aos neonatos e
alimentação específica para carnívoros à Gigi.
O animal teve ainda como terapêutica a administração de Cálcio, Ocitocina e
Enrofloxacina. Os neonatos faleceram, mas a condição do animal evoluiu positivamente.
Caso clínico “Lia”: Patologia Reprodutiva
Esta fêmea com um ano de idade apresenta os seguintes dados na constituição da sua
anamnese: desparasitada, temperatura corporal normal, exames físicos tipicamente normais
excepto a presença de corrimentos vaginais, que se verificaram desde os 3 meses de idade,
poliéstrica e múltiplas administrações de Acetato de leuprorrelina IM.
A 25 de Junho, a Lia apresenta a vulva edemaciada com novo episódio de corrimento
vaginal sanguinolento, temperatura normal, mucosas normais e bom estado geral. É lhe
administrada Acetato de leuprorrelina IM, ficando pendente a realização de ovariohisterectomia,
quando o animal se encontrar em anestro.
A 25 de Julho foram realizadas análises sanguíneas pré-cirúrgicas, verificando-se
aumento de ureia e creatinina, diminuição de albumina e enzimas hepáticas e hematócrito
baixo. Por estes motivos adiou-se a ovariohisterectomia até à realização de novas análises com
valores compatíveis com anestesia e cirurgia mais seguras.
Figura 18 - Imagem Microscópica Esfregaço Sanguíneo da Lia, Ampliação 100x Fonte:CVEP
Caso clínico “Maria”: Aconselhamento e Profilaxia
A 20 de Agosto, a Maria, fêmea com idade inferior a um ano, compareceu a consulta de
aconselhamento e profilaxia. O atendimento foi iniciado pela discente, procedendo a mesma à
anamnese, exame geral e aconselhamento aos proprietários sobre cuidados específicos da
espécie e maneio geral.
O animal apresentava um bom estado geral, uma temperatura normal de 40º C e alopécia
fisiológica. O caso clínico foi comunicado ao MV, e procedeu-se aos actos profiláticos da
vacinação e desparasitação interna e externa.
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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Considerações Finais
É fundamental que o enfermeiro veterinário esteja dotado de conhecimentos práticos e
teóricos acerca das espécies com que trabalha, nomeadamente, conhecendo os diversos
parâmetros vitais e na identificação de sinais clínicos, que se revelam fundamentais para a
concretização das suas funções profissionais. Caso contrário, não lhe será possível efectuar a
triagem de prioridades, e encaminhamento com diferentes graus de emergência para o MV, à
semelhança do que sucede na enfermagem humana. Adicionalmente, este conhecimento também
se revela importante para uma monitorização eficaz no internamento, cirurgia e pós-operatório.
O EV deve ainda estar habilitado a realizar a anamnese e exame físico do animal, sendo o
diagnóstico e indicações terapêuticas, responsabilidades do MV. Deste modo, ao longo do
presente trabalho, e com especial relevo no capítulo referente aos casos clínicos da espécie
Mustela putorius furo, foram referidos sinais clínicos apresentados pelos animais, na sequência
de exames físicos praticados por EV e confirmados, quando necessário, pelo MV, assim como os
respectivos diagnósticos efectuados pelo MV, pelo que estes dados são essenciais para o
acompanhamento e monitorização dos animais, por parte do EV.
A matéria adquirida ao longo da licenciatura, nas diferentes disciplinas, serviu o
propósito de dotar a discente de capacidades teóricas e práticas para exercer as suas funções
como EV. Ainda que a área de animais exóticos seja particularmente distinta, considera-se que
tenha ocorrido uma boa adaptação e que tenham sido cumpridos os objectivos do estágio
curricular em Enfermagem Veterinária, no CVEP.
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
29
Bibliografia Aristóteles, 2006. História dos Animais I, tradução de Maria de Fátima Sousa e Silva, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa. Aspinall, V., 2003. Clinical Procedures in Veterinary Nursing, Elsevier. Ballard, B. & Rockett, J., 2009. Restraint and Handling for Veterinary Technicians and Assistants, Delmar. Bensignor, E., 2010. “Carnívoros domésticos. El hurón” in: Dermatología de los NAC – Nuevos Animales de Compañia, Esteve Veterinaria. Bixler, H.& Ellis, C., 2004. ”Ferret care and husbandry” in: Vet Clin Exot Anim 7 , 227–255, Elsevier Saunders. Capello, V. & Lennox, A. M. 2008. “The Basics of Radiology” and “Ferret” in: Clinical Radiology of Exotic Companion Mammals, Wiley-Blackwell, pp. 2-51 and 358-408. Carpenter, J. W., 2001. ”Ferrets” in: Exotic Animal Formulary, Elsevier Saunders, pp.447-472. Fish, R. E. & al, 2008. Anesthesia and Analgesia in Laboratory Animals, Second Edition, American College of Laboratory, Animal Medicine Series, Second Edition. Fisher, P. G., 2006. “Ferret Behavior” in: Bays, T. B. & al, Exotic Pet Behavior: Birds, Reptiles and Small Mammals, Saunders. Fudge, A. M., 2000. “Rabbit and Ferret Laboratory Medicine” in: Laboratory Medicine – Avian and Exotic Pets, pp.265-291. Johnson-Delaney C., 1996. Exotic Companion Medicine Handbook, Wingers Publishing. Judah, V. & Nutall, K., 2008. Exotic Animal Care and Management, Thomson Delmar Learning. Lewington, J. H., 2007. Ferret Husbandry, Medicine and Surgery, Second Edition, Saunders Elsevier. Longley, L., 2008. Anaesthesia of Exotic Pets, Saunders Elsevier. Pp. 85-93. Mitchell, M. A. & Tully, T. N., 2009. “Ferrets” in: Manual of Exotic Pet Practice, Saunders Elsevier, pp.345- 373. Moore, M., & all, 2000. BSAVA Manual of Veterinary Nursing, BLACKWELL. Oglesbee, B. L., 2006. “Ferret” in: The 5-Minute Veterinary Consult – Ferret and Rabbit, Blackwell Publishing, pp. 2-174. O’Malley B., 2005. “Ferrets” by Lewington, J. H. in: Clinical Anatomy and Physiology of Exotic Species, Elsevier Saunders, pp-257-258. O’Malley B., 2007. “Hurones” in: Anatomía Y Fisiología Clínica de Animales Exóticos, Servet, pp. 295-318. Paterson, S., 2006. “Skin Diseases and Treatment of Ferret”, by Meredith A. in: Skin Diseases of Exotic Pets, Blackwell Publishing, pp.204-219. Quesenberry, K. E. & Carpenter, J. W., 2003. Ferrets, Rabbits and Rodents, Clinical Medicine and Surgery, Second Edition, Saunders. Rosenthal, K. L., 1998. “Bacterial Infections and Antibiotic Therapy in Small Mammals” in: Antimicrobial Therapy in Exotics, Vol. 20, No. 3(A), Bayer.
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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Rosenthal, K. L., 2008. Rapid Review of Exotic animal medicine and husbandry, Manson Publishing, London. Silverman, S. & Tell, L. A. 2005. “Radiology Equipment and Positioning Techniques” and “Domestic Ferret (Mustela putorius)” in: Radiology of Rodents, Rabbits, and Ferrets – An Atlas of Normal Anatomy and Positioning, Elsevier Mosby, pp. 2-8 and 232-289. Soto, J. C., 2008. “Mustélidos” in: Atlas Visual de Patologías Dentales y Orales, Servet, pp-431-438. Wanamaker, B. P. & Massey, K. L., 2009. Applied pharmacology for Veterinary Technicians, forth edition, Saunders.
Enfermagem Médica Veterinária na espécie Mustela putorius furo
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Anexos
Figura 19 – Tosquia terapêutica a Oryctolagus cuniculus Fonte: CVEP Figura 20 – Cavia porcellus Fonte: CVEP
Figura 21 – Chinchilla laniger em Tapete Térmico Fonte: CVEP Figura 22 – Centese Abdominal a Phodopus
sp. sob Anestesia Fonte: CVEP
Figura 23 – Mesocricetus auratus Fonte: O’Malley, 2005 Figura 24 - Rattus norvegicus sob Anestesia
Fonte: CVEP
Lisa D’Alva Sousa Nascimento Costa
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Figura 25 - Trachemys scripta elegans Fonte: CVEP
Figura 26 – Graptemys pseudogeografica Fonte: CVEP
Figura 27 - Geochelone pardalis Fonte: CVEP Figura 28 – Pseudemys rubiventris Fonte: National Marine Life
Center in http://nmlc.org/
Figura 29 – Iguana iguana Fonte: CVEP Figura 30 – Pogona vitticeps Fonte: CVEP
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Figura 31 – Necrópsia a Morelia spilota Fonte: CVEP Figura 32 – Endoscopia a Morelia viridis Fonte: CVEP
Figura 33 – Massa Aural, Serinus canaria Fonte: CVEP Figura 34 – Fluidoterapia IV, Psittacus Fonte: CVEP
Figura 36 - Melopsittacus undulatus Fonte: O’Malley, 2005
Figura 35 - Amazona spp Fonte: CVEP
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Figura 37 – Agapornis sp. Fonte: CVEP Figura 38 - Nymphicus hollandicus Fonte: CVEP
Figura 39 – Contenção do Furão Fonte: Quesenberry, 2003 Figura 40 – Venipunctura da Veia Jugular Fonte:
O’Malley, 2005
Figura 41 e 42 – Monitorização da Temperatura Corporal e Frequência Cardíaca a Furão sob Anestesia Fonte: CVEP
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Tabela 2 – Desinfectantes e Antissépticos comummente utilizados em Furões e no seu Ambiente. Fonte: Mitchell, 2009.
Tabela 3 – Doses de Sedativos, Analgésicos, Pré-anestésicos, Anestésicos e Antagonistas utilizados em Furões. Fonte:
Mitchell, 2009.
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Tabela 4 – Parâmetros Hematológicos Normais do Furão Fonte: Mitchell, 2009.
Tabela 5 - Bioquímica Sérica do Furão Fonte: Mitchell, 2009.
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Figura 43 – Parésia Ipsilateral do Snif Fonte: CVEP Figura 44 – Monitorização Pós-cirurgica do Snif Fonte: CVEP
Figura 45 - Tó com Corpo Estranho no Pénis Fonte: CVEP Figura 46 - Corrimento Vaginal da Gigi no Post-partum e
Neonato Fonte: CVEP